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TEORIA DIALÓGICA DA COMUNICAÇÃO ANDRIELI NUNES MONIQUE ROCHNESKI SILVIA BARBOZA Paulo Freire, nasceu em Recife, no ano de 1921, o autor do livro morreu na cidade de São Paulo em 1997. Foi um pedagogo que teve seu trabalho reconhecido mundialmente. Implantou em uma pequena cidade do Rio Grande do Norte, Angicos, uma escola que alfabetizava não só a crianças, mas também a adultos sem infantilizá-los. O método fazia com que as pessoas tivessem um pensamento crítico. Foi considerado subversivo pelo regime militar e foi exilado no Chile (1968), onde criou sua tese, sendo também nesse ano em que escreveu Pedagogia do Oprimido, faz a análise global do trabalho do agrônomo, segundo Freire, chamado erroneamente “extensionista”, como educador. O livro Extensão ou Comunicação trata basicamente do tipo de comunicação que existe entre as pessoas, uma vez que não há pensamento completamente isolado, pois não existem homens nestas condições. É por essa razão que ele se questiona se o que acontece é extensão (apenas transmissão de uma mensagem que é aceita sem nenhuma barreira) ou se acontece a comunicação (quando há a troca de conhecimentos entre os interlocutores). O autor relata que o certo, e que forma pessoas críticas, é a comunicação e não a extensão. Extensão.: efeito de estender. O primeiro capitulo é uma tentativa do autor em abordar a aproximação semântica do termo extensão, em que o autor apresenta a origem da palavra extensão: estender algo a alguém, e a partir dessa analise vai apresentando toda a proposta de dominação, transmissão, passividade, messianismo, superioridade, inferioridade e invasão cultural que o termo apresenta. Freire ainda apresentando a extensão como antidialogica. É muito interessante notar a preocupação do autor sobre a dialogicidade, a importância da reflexão sobre si mesmo e de sua própria realidade e a necessidade das práxis – a sua prática sendo refletida, para que o sujeito possa sair da DOXA (mera opinião- percepção ingênua das coisas) para o LOGOS (verdadeiro saber). Partindo desses conceitos o autor consegue mostrar que a teoria implícita na ação de estender, ou seja, na extensão é uma teoria antidialogica e desumana. Como tal, incompatível com a verdadeira educação, apresentando-se na realidade como uma invasão cultural, pois invade, existe um invasor (extensionista) e um invadido (camponês). Assim para o autor, não se pode confundir extensão com educação. Comunicação: participação, transmissão; meio de ligação, passagem ou ligação entre dois lugares. O conhecimento é gerado entre os homens em uma relação social, onde existem vários sujeitos que pensam, dialogam e comunicam, os quais através dessas ações constroem o mundo (cultura história) e constroem a si mesmos. Assim, ele destaca a intersubjetividade e a intercomunicação, através da mediação entre os homens que pensam e falam. Para tal reflexão, Freire utiliza a teoria de Nicol sobre as relações constitutivas do conhecimento (a gnosiológica, a lógica, a histórica), destacando a relação dialógica. Pois para o autor, “não há pensamento isolado, na medida que não há homem isolado”. Assim, o mundo humano é um mundo da comunicação, e comunicação se dá através de sujeitos co- participantes que apresentam reciprocidade entre si. Diferentemente da extensão onde há um sujeito que sabe e outro que não sabe (Emissor –ativo e receptor passivo), na comunicação não há sujeitos passivos. Nesse sentido a educação é comunicação. Como comunicação impõe dialogo, é necessário que entre os sujeitos exista um quadro significativo comum (signos, expressões e intangibilidade) para que aconteça um encontro de sujeitos interlocutores que busquem a significação dos significados. Freire faz uma reflexão sobre a educação como uma situação gnosiológica. “O educador, num processo de conscientização (ou não), como homem, tem o direito a suas opções. O que não tem é o direito de impô-las. Se tenta fazê-lo estará prescrevendo suas opções aos demais; ao prescrevê-las, estará manipulando; ao manipular, estará ‘coisificando’ e ao coisificar, estabelecerá uma relação de “domesticação”. A tarefa do educador, então, é a de problematizar aos educandos o conteúdo que os mediatiza, e não a de dissertar sôbre êle, de dá-lo, de estendê-lo, de entregá-lo, como se se tratasse de algo já feito, elaborado, acabado, terminado”. É fácil perceber que o que estudamos ao longo da faculdade pouco tem a ver com comunicação, afinal, os meios de “comunicação” pouco ou nada se importam com o que o seu receptor sabe ou tem a dizer, apenas estendem a informação o mais longe que conseguem. Com o advento da internet esta realidade tende de mudar, pois há um canal de resposta capaz de transformar o receptor passivo em participante no processo de construção do conhecimento, cabe aos comunicadores saber lidar com esta possibilidade de forma construtiva.
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