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Comissões parlamentares e a Comissão Mista de Orçamento Sérgio Praça sergiopraca0@gmail.com Orcamentoufabc.wordpress.com Temas da aula 1) Para que servem comissões parlamentares? 2) Tipos de comissões parlamentares 3) O funcionamento da CMO: emendas do relator-geral 4) O funcionamento da CMO: as tarefas do relator-geral 5) O funcionamento da CMO: as tarefas dos relatores setoriais 1) Por que comissões existem? • Relembrando a aula passada: • i) Todo deputado quer certas políticas públicas para sua carreira avançar (“comportamento instrumental”); • ii) As políticas públicas desejadas pelos deputados diferem enormemente – bem como a importância atribuída aos diversos temas (“heterogeneidade de preferências”) • iii) Nenhum grupo político é majoritário no parlamento e consegue impor suas preferências unilateralmente (“diversidade política”) 1) Por que comissões existem? • Comissões existem para organizar o processo de formulação e apreciação das políticas públicas no parlamento • Trata-se da divisão do trabalho através de jurisdições/áreas definidas para cada comissão (Shepsle e Boncheck) • Isto aumenta a “capacidade legislativa” e minimiza os “custos de obtenção de informação” para os parlamentares (Adler e Wilkerson) 1) Por que comissões existem? • Comissões, portanto, são agentes do plenário (reunião de todos os deputados) • Relações de delegação: confio a tarefa Y ao meu agente porque ele estará mais bem capacitado para realizar esta tarefa • Monitoro a ação do agente com cuidado para ter certeza de que ele não vai fazer políticas com as quais discordo (“policy drift”); 1) Por que comissões existem? • Para isso, posso: • i) Selecionar composição do agente (membros das comissões); • ii) Escrever contrato detalhado sobre o que agente poderá fazer (definir jurisdição, mas não só isso...); • iii) Requerer que agente submeta suas decisões ao chefe (papel do plenário) • iv) Limitar possibilidade de agente agir de modo independente (outras instâncias organizacionais para observar ação do agente) 2) Tipos de comissões parlaentares • 1) Comissões de admissibilidade e adequação financeira (CCJ e Comissão de Finanças e Orçamento) • Câmara dos Deputados: as proposições somente serão encaminhadas a essas comissões após apreciação pelas comissões de mérito. • Alesp: são as primeiras instâncias a deliberarem sobre a matéria. • 2) Comissões de Mérito de Análise de Políticas Públicas. Analisam os projetos do ponto de vista de seu impacto em termos de políticas sociais, econômicas, de segurança etc. 2) Tipos de comissões: o governismo da CMO Disciplina do Plenário Disciplina da Coalizão Disciplina da CMO 1987-1991 54,24 87,26 66,59 1991-1995 58,39 79,91 69,37 1995-1999 51,50 86,50 71,33 1999-2003 51,96 91,37 72,82 2003-2007 68,93 87,92 67,50 Média 57% 86,5% 69,5% 3) Funcionamento CMO: emendas do relator-geral 1989-1993 1995-2006 Propósito das emendas de RG * Corrupção * Propositura de novos subprojetos * Atendimento de demandas de outros parlamentares Uso freqüente? Sim Não Uso para atender bases eleitorais do RG? Sim, especialmente com João Alves Não 3) Funcionamento CMO: emendas do relator-geral Emenda 955-6 de 1990: Foi aprovada como emenda de relator-geral “face à importância do subprojeto”. Trata de infra-estrutura urbana em Lauro de Freitas, município baiano. A emenda está no item “investimentos” do Ministério da Ação Social, um dos notoriamente corruptos da época. O objetivo é “promover a recuperação e expansão da infra-estrutura básica de centros urbanos”. 3) Funcionamento CMO: emendas do relator-geral • 1995-2006: O relator-geral deixou de utilizar essas emendas para atingir objetivos próprios e passou a usá-las para equacionar as pressões inerentes a este poderoso cargo na Comissão Mista de Orçamento. O artigo 23 da Resolução 2/1995 proíbe as emendas de relator-geral de incluírem subprojetos novos à lei orçamentária. • 2007: pressões para parlamentares incluírem mais dinheiro para obras e projetos que lhes interessam. 4) Funcionamento CMO: o relator-geral 1989-1993 1995-2006 2006 - Estimar receitas? Sim: recursos para demandas corruptas e/ou financiamento das emendas de RG Sim: recursos para atender demandas de parlamentares Não! Existe um “Relator da Receita” Responde ao poder Executivo? Não. Organiza acordos corruptos com parte do Executivo Sim. É, na prática, um agente da coalizão - Tem autonomia para agir? Sim, muita. Resoluções são vagas Sim, mas menos. Resolução 2/1995 é detalhada Pouca. Resolução 1/2006 é muito detalhada Seu parecer preliminar é extenso? Assuntos? Não. Praticamente não fala de macroeconomia. Sim. Fala muito de macroeconomia e demonstra preocupação fiscal - 4) Funcionamento CMO: o relator-geral • Estimativa de receita, 1989-1993 • Em 1990, quando era relator-geral, Alves propôs um acréscimo ao parecer preliminar aprovado pela Comissão Mista de Orçamento, “incluindo, como acréscimo aos programas já existentes, as seguintes dotações, programadas à conta da reestimativa da receita: i) apoio técnico para secretarias municipais de saúde pelo INAMPS; ii) apoio à habitação popular, através do Ministério da Ação Social; iii) assentamento de trabalhadores rurais, através do Incra”18 (grifo meu). • Utilizava o mesmo artifício para financiar suas emendas de relator- geral, como a de número 956-4 em 1990. Esta emenda tratava de investimento no “aproveitamento hidroagrícola de Irece, perímetro de irrigação Paramirim”, constava do Ministério da Agricultura e Reforma Agrária e seria financiada por reestimativa de receitas19. 4) Funcionamento CMO: o relator-geral • Relação com Executivo e macroeconomia (1995-2006) • Em 2008, o RG Delcídio Amaral (PT) preocupava-se com a crise internacional e adotava um tom de austeridade: “Em 70 páginas, o documento vai sugerir que o governo mantenha o superávit primário em 4,3% do PIB, em vez de reduzi-lo para 3,8%. Também haverá menção a cortes de custeio, investimentos fora do PAC e emendas” • “Amaral afirma que os parâmetros que orientaram a elaboração do orçamento baseavam-se em cenário otimista que se modificou à medida que se tornaram mais claros os impactos da desaceleração da economia mundial. Assim, a proposta orçamentária, que chegou R$ 1,664 trilhão, foi ajustada para R$ 1,658 trilhão” 4) Funcionamento CMO: o relator-geral • Autonomia para agir (1989-1993) • Em depoimento à CPI do Orçamento de 1993- 1994, Mansueto de Lavor reclamou de “dificuldades internas à comissão, como a falta de adequados instrumentos normativos e legais que permitam superar o dilema do rodízio e da experiência dos membros da comissão e a indefinição do perfil dos relatores parciais, dos relatores setoriais e, sobretudo, do relator-geral” 5) Funcionamento CMO: os relatores setoriais 1989-1993 1995-2006 2006- Relator Setorial: trabalho pode ser completamente revisto pelo RG? Sim Sim, na prática Não Percentual de estimativa de receita disponível para RG e relatores setoriais é definido? Não Não Sim (RG passou a definir 20% dos recursos, em vez de mais de 70%) 5) Funcionamento CMO: os relatores setoriais • (1995-2006) • RG define: i) recursos derivados de cortes nas despesas correntes; ii) recursos derivados de erros de alocação; iii) recursos derivados das reestimativas de receita • Em 1997, enquanto as relatorias setoriais sóconseguiram mobilizar algo como R$ 1 bilhão com base no que lhes autorizava o parecer preliminar, a Relatoria-Geral trabalhou com R$ 3,3 bilhões, dos quais R$ 1,2 bilhão por ela alocados diretamente e R$ 2,1 bilhões disponibilizados às Relatorias Setoriais, para atender às emendas individuais e parcialmente às emendas coletivas 5) Funcionamento CMO: os relatores setoriais • Depois da Resolução de 1995, se o relator-geral quisesse pegar os relatórios setoriais, jogar no lixo e fazer tudo de novo, ele podia. Simplesmente pegaria tudo que o relator setorial aprovou e mudaria a alocação dos recursos. • Esse foi o motivo pelo qual a Resolução de 2006 tentou ao máximo apertar o parafuso do relator-geral com relação a varios pontos: o percentual de recursos que ele tem para usar, a distribuição de recursos entre os relatores setoriais etc. Tudo isso para não deixar o Relator-Geral simplesmente destruir o relatório setorial. 5) Funcionamento CMO: os relatores setoriais • O Relator-Geral deveria pegar os relatórios setoriais e ajustá-los, decidindo apenas as grandes questões como o salário-mínimo (que impacta a previdência) e parâmetros macroeconômico que perpassam os relatórios setoriais. Mas a maior parte do relatório setorial deveria ser preservada e isso não estava nas resoluções antes de 2006. • A resolução de 2006 serviu bem para definir percentualmente os valores para que o Relator-Geral não pudesse definir sozinho a distribuição de recursos para cada relator setorial. Ligando as discussões: Como controlar a CMO? • i) Selecionar composição do agente (membros das comissões); • ii) Escrever contrato detalhado sobre o que agente poderá fazer (definir jurisdição, mas não só isso...); • iii) Requerer que agente submeta suas decisões ao chefe (papel do plenário) • iv) Limitar possibilidade de agente agir de modo independente (outras instâncias organizacionais para observar ação do agente) Comissões parlamentares e a Comissão Mista de Orçamento Temas da aula 1) Por que comissões existem? 1) Por que comissões existem? 1) Por que comissões existem? 1) Por que comissões existem? 2) Tipos de comissões parlaentares 2) Tipos de comissões: o governismo da CMO 3) Funcionamento CMO: emendas do relator-geral 3) Funcionamento CMO: emendas do relator-geral 3) Funcionamento CMO: emendas do relator-geral 4) Funcionamento CMO: o relator-geral 4) Funcionamento CMO: o relator-geral 4) Funcionamento CMO: o relator-geral 4) Funcionamento CMO: o relator-geral 5) Funcionamento CMO: os relatores setoriais 5) Funcionamento CMO: os relatores setoriais 5) Funcionamento CMO: os relatores setoriais 5) Funcionamento CMO: os relatores setoriais Ligando as discussões: Como controlar a CMO?
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