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economia_ecologia_e_tecnologia_social_-_um_exemplo-Agostinho Ferreira da Silva Filho

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1 
 
ECONOMIA ECOLÓGICA E TECNOLOGIA SOCIAL: 
UM EXEMPLO. 
 
 
Agostinho Ferreira da Silva Filho1 
 
 
 
RESUMO: O objetivo deste artigo é apresentar a Tecnologia Social – Produção 
Agroecológica Integrada e Sustentável – PAIS como uma prática onde as visões da Economia 
Ecológica possam ser expressas. Para isto, conceituamos tecnologia e tecnologia social 
descrevemos detalhadamente o PAIS, contextualizamos a economia e a economia ecológica e 
descrevemos a atuação da Fundação Banco do Brasil como mola propulsora das tecnologias 
sociais. 
 
ABSTRAT 
 
The main objective of this article is to present the Social Technology known as Agro-ecological, 
Integrated, Sustainable Production (PAIS) in a way which the Ecological Economy can be envisioned. 
To achieve this one described technology and social technology, detailed PAIS, asserted economy 
and ecological economy concepts and described the works of Banco do Brasil Foundation (Fundação 
Banco do Brasil) as a driving spring of social technologies. 
 
 
Palavras-chave: Economia Ecológica, Tecnologia Social, Fundação Banco do Brasil. 
 
 
SUMÁRIO 
 
1. INTRODUÇÃO 
 
2. TECNOLOGIA E TECNOLOGIA SOCIAL 
2.1. PRODUÇÃO AGROECOLÓGICA INTEGRADA E SUSTENTÁVEL – PAIS. 
3. CONTEXTUALIZAÇÃO DA ECONOMIA ECOLÓGICA 
 
4. A FUNDAÇÃO BANCO DO BRASIL COMO MOLA PROPULSORA DAS 
TECNOLOGIAS SOCIAIS. 
 
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS 
 
 
 
 
 
1
 Economista, Mestrando em Gestão Econômica do Meio Ambiente – Centro de Estudos em Economia, 
Meio Ambiente e Agricultura.- CEEMA – Unb. Assessor Técnico da Fundação Banco do Brasil. 
 2 
1 - INTRODUÇÃO 
 
O objetivo deste trabalho é caracterizar a atuação da Fundação Banco do Brasil - FBB 
na reaplicação de uma Tecnologia Social1 à luz da Economia Ecológica 2. Por entender que a 
disseminação das estratégias de atuação da FBB pode contribuir no fomento às reflexões 
acadêmicas na construção e fortalecimento do arcabouço teórico para as proposições da 
Economia Ecológica, pontuaremos a Tecnologia Social PAIS – Produção Agroecológica 
Integrada e Sustentável espelhando os destaques do processo que corroboram na construção 
de instrumentos socioeconômicos que expressem a filosofia da Economia Ecológica.3 
 O motivo da escolha do tema deveu-se a vontade de contribuir para a disseminação da 
atuação da FBB na Tecnologia Social – PAIS – Produção Agroecológica Integrada e 
Sustentável, bem como associar pontos de vistas acadêmicos da economia ecológica ao 
processo de produção proposto pela tecnologia em questão. Neste cenário, valorizam-se 
aspectos objetivos da tecnologia tais como: a contextualização histórica da estratégica dos 
investimentos sociais da FBB, a conceituação e aplicabilidade da tecnologia social, 
publicações produzidas pelos técnicos da Fundação Banco do Brasil e visitas às unidades do 
PAIS. 
 
1
 Tecnologia Social compreende produtos, técnicas ou metodologias reaplicáveis, desenvolvidas na 
interação com a comunidade e que representem efetivas soluções de transformação social. É um conceito que 
remete para uma proposta inovadora de desenvolvimento, considerando a participação coletiva no processo de 
organização, desenvolvimento e implementação. Está baseado na disseminação de soluções para problemas 
voltados a demandas de alimentação, educação, energia, habitação, renda, recursos hídricos, saúde, meio 
ambiente, dentre outras. Este é conceito adotado pela Fundação Banco do Brasil. Em Lassanger Jr et al (2004) 
encontramos conceito complementar onde as tecnologias sociais representam um conjunto de técnicas e 
procedimentos, associados a formas de organização coletiva, que representam soluções para inclusão social e 
melhoria da qualidade de vida. As tecnologias sob análise são: O Programa de O Sistema PAIS – Produção 
Agroecológica Integrada e Sustentável - é uma Tecnologia Social de apoio à agricultura familiar. 
2
 Segundo Amazonas, a Economia Ecológica funda-se no princípio de que o funcionamento do sistema 
econômico, considerado nas escalas temporal e espacial mais amplas, deve ser compreendido tendo-se em vista 
as condições do mundo biofísico sobre o qual este se realiza, uma vez que é deste que derivam a energia e 
matérias-prima para o próprio funcionamento da economia. Uma vez que o processo econômico é um processo 
também físico, as relações físicas não podem deixar de fazer parte da análise do sistema econômico, o que a 
tornaria incompleta. AMAZONAS, M.C. O Que é Economia Ecológica. Disponível na Internet. 
http://www.ecoeco.org.br. 26/05/09. 
 
3
 Reconhecemos que Economia Ecológica é um embrião de um novo paradigma das ciências 
econômicas. Na atual conjuntura global vivemos momentos onde a forma hegemônica de ver o mundo não gera 
expectativas de sobrevivência com qualidade para a raça humana. Aprofundaremos esta questão. Contudo 
Romeiro (2003) admite a existência de duas correntes principais no debate acadêmico em economia do meio 
ambiente. Uma representada pela economia ambiental e considera que os recursos naturais não representam a 
longo prazo um limite à economia e outra a Economia Ecológica que vê o sistema econômico com um 
subsistema de um todo maior que o contém, impondo restrições absolutas à sua expansão. 
 3 
 Como referencial teórico foram utilizadas bibliografias especializadas em Economia, 
Economia do Meio Ambiente, Economia Ecológica, Economia do Conhecimento, Economia 
Solidária, Ciência e Tecnologia, Tecnologia Social, e outras áreas não explicitadas a priori.1 
 
 Diante do desafio, a metodologia utilizada é qualitativa-descritiva, baseada na revisão 
bibliográfica relacionada anteriormente. Como qualitativa e descritiva entende-se uma 
abordagem que norteie a interpretação de teorias que sirvam de suporte às proposições 
inseridas na tecnologia social associada à economia ecológica. 
 
2 – TECNOLOGIA E TECNOLOGIA SOCIAL 
 
 O conceito de tecnologia remete inexoravelmente às constatações científicas sendo, 
portanto, necessária a distinção simplificada entre ciência e tecnologia para atingirmos o 
propósito deste estudo. 
 
 PRAIA & CACHAPUZ (2005) sugerem oportunamente que a atividade da ciência 
evolui, quase só, no sentido da abstração e da teoria, enquanto que a atividade tecnológica se 
desenvolveu, sobretudo no sentido da concretização de algo e de uma forte ação prática. 
 
Quadro 1. Diferenças entre Ciências e Tecnologia 
Foco Ciência Tecnologia 
� Propósito � Explicação � Fabricação 
� Interesse � Objeto Natural � Objeto Artificial 
� Processo � Analítico � Sintético 
� Procedimento � Simplifica o fenômeno � Aceita a complexidade da 
necessidade 
� Resultado � Conhecimento 
Generalizável 
� Objeto particular 
Extraído de Praia & Cachapuz (2005) – “Foco” adaptação. 
 
 
1
 Dado o nível de abrangência da questão e da proposta da Economia Ecológica adotamos uma visão 
transdisciplinar na abordagem do tema. 
 
 4 
Cabe complementar que alguns admitem a tecnologia como aplicação da ciência e 
outros como precedendo o processo científico. Nosso tratamento admite que ambas, ciência e 
tecnologia, são interativas num processo simbiótico, como propõe PRAIA & CACHAPUZ 
(2005). Isto aproxima a tecnologia sob análise à economia ecológica, uma vez que esta é 
centrada na visão sistêmica conforme ROMEIRO (2003). 
 
 Posto isto, temos que Tecnologia Social1 - TS é um conjunto de instrumentos, técnicas 
e processos, de baixo custo, que podem ser utilizados em qualquer ponto do País, desde que 
haja a participação da comunidade, de fácil reaplicação e impacto comprovado. (CARTILHA 
DO PAIS). Para PENA & MELLO2 (2004) um bom exemplo de TS é o do soro caseiro: um 
pouco desal, açúcar e água fervida podem evitar a desidratação tanto no Nordeste, no Sul ou 
no Sudeste brasileiro quanto na África ou na Ásia. A TS tem a capacitada de solucionar um 
grave problema social se aplicada em larga escala, o mesmo por ser tido do PAIS. 
 
 Para facilitar a contextualização histórica alertamos que as expressões acerca da 
tecnologia evoluíram no decorrer das décadas de 1970 e 1980 (DANIGNO et al 2004) no 
sentido de caracterizar uma diferenciação da Tecnologia Convencional – TC, em função da 
percepção de que esta não tem conseguido resolver, podendo agravar, os problemas sociais e 
ambientais, vasto campo para reflexões da Economia Ecológica. 
 
 Neste contexto surge, entre outras dezenas de nomeclaturas,3 a expressão Tecnologia 
Apropriada – TA que para Danigno et al (2004) significa um conjunto de técnicas de 
produção que utiliza de maneira ótima os recursos disponíveis de certa sociedade 
maximizando, assim, seu bem-estar, aproximando-se do conceito de TS adotado pela 
Fundação Banco do Brasil. Cabe destacar que a maior crítica feita à TA é formulada a partir 
de uma posição fundamentada nas idéias da neutralidade da ciência e do determinismo 
tecnológico4. 
 
 
1
 Conceito consagrado pela Fundação Banco do Brasil. 
2
 Jacques Pena é presidente da FBB e Claiton Mello gerente de comunicação. 
3
 Ver Danigno et al (2004 p. 22). 
4
 O assunto exige maior profundidade no contexto acadêmico, nossa intenção aqui é apenas situar o tema 
no contexto da economia ecológica 
 5 
 DANIGNO (2004) propõe simplificadamente como é ou como deveria ser a 
Tecnologia Social: 
� Adaptada a pequeno tamanho físico e financeiro; 
� Não discriminatória (patrão x empregado); 
� Orientada para o mercado interno de massa; 
� Libertadora do potencial e da criatividade do produtor; 
� Capaz de viabilizar economicamente os empreendimentos autogestionários e as 
pequenas empresas. 
 
2.1. PRODUÇÃO AGROECOLÓGICA INTEGRADA E SUSTENTÁVEL – PAIS. 
 O PAIS é uma iniciativa que representa uma alternativa de trabalho e renda para 
agricultores familiares. Mas pode ser usada por todo produtor que queira melhorar a qualidade 
da própria produção.1 
 No sentido de organizar a análise desta Tecnologia, cabe penetrar mais profundamente 
nas dimensões embutidas no próprio nome: 
� A primeira dimensão é a agroecológica – a produção agrícola do PAIS evita 
qualquer prática de agressão aos recursos naturais e ao meio ambiente, o processo 
produto é sem agrotóxicos, sem queimadas, sem desmatamento. 
� A segunda dimensão é a integração – o processo produtivo associa a criação de 
animais com a agricultura ou produção vegetal e utiliza insumos gerados na 
propriedade. 
� A terceira dimensão é a sustentabilidade2 – expressa no modelo que tem na 
preservação da qualidade do solo e das fontes de água a razão de sua concepção, 
além de incentivar o associativismo dos produtores propõe práticas alternativas de 
comercialização dos produtos, permitindo boas colheitas no presente e no futuro. 
 
Os participantes do PAIS são prioritariamente os produtores rurais de baixa renda, os 
assentados da reforma agrária, os produtores de áreas remanescentes dos quilombos e os 
participantes de programas sociais do governo federal. 
 
 
1
 Conceito extraído da CARTILHA (2008) 
2
 Não entramos no mérito do conceito, focamos apenas a descrição do projeto. 
 6 
Figura 1 – Integração 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
2.1.1. A IMPLANTAÇÃO DE UMA UNIDADE DO PAIS 
 
 O primeiro passo é a escolha do terreno adequado às especificidades da área na qual 
será implantado. O local deve ser protegido contra ventos fortes, caso não haja uma proteção 
natural é recomendável a plantação de árvores locais de médio porte para suprir esta 
necessidade. 
 
É importante destacar que a implantação é preferencialmente realizada em forma de 
mutirão dos produtores locais. O terreno das hortas circulares e do galinheiro devem ser 
planos, ter presença de luz na maior parte do dia, área de 5.000 quadrados ou 0,5 hectare, 
espaço para expansão dos canteiros circulares, além dos três iniciais, fonte de água próxima, 
que tem de oferecer condições para encher a caixa d’água a fim de fazer funcionar por 
gravidade o sistema de irrigação por gotejamento. 
 
 7 
Figura 2 - PAIS 
 
PAIS no sertão de Alagoas 
 
 A próxima etapa de implantação do PAIS é a demarcação do galinheiro central e dos 
círculos de hortas. Os principais motivos para a adoção deste formato são: 
� Concentra e integra, de forma eficiente, a produção animal e vegetal; 
� Facilita o aproveitamento dos resíduos de ambas as atividades – os estercos do 
galinheiro são usados como adubo das hortas e as sobras dos plantios servem 
de alimento das aves; 
� Torna simples o trabalho do agricultor no transporte de utensílios, adubos, 
mudas e etc, pois matem a mesma distância em relação ao ponto central do 
galinheiro; 
� Permite ao produtor ter melhor visualização do sistema como um todo. Isto 
auxilia na tomada de decisão em relação às tarefas mais urgentes; 
� Assegura o aproveitamento total da área dos canteiros pela inexistência de 
quinas e bordas, uniformizando a qualidade do produto. 
 
 8 
No uso de energia elétrica para acionar a bomba que fará o enchimento da caixa 
d’água pode-se usar, alternativamente, a instalação de placas de energia solar. O sistema de 
irrigação por gotejamento economiza água e energia, além de propiciar aumento de 
produtividade. Na produção de adubos naturais usa-se o sistema de compostagem constituído 
pelo processo de transformação de materiais grosseiros, como palha e esterco, em materiais 
orgânicos utilizáveis na agricultura. Deste processo surgem outros adubos naturais como os 
biofertilizantes. 
 
 Por fim, o PAIS prevê a constituição de um quintal ecológico1e incentiva o 
associativismo, além de viabilizar canais de comercialização por meio de contatos com as 
prefeituras, órgãos públicos federais e estaduais e o comércio local. 
 
 No que diz respeito à viabilidade econômica o PAIS, requer um investimento2 médio 
de menos de R$ 4 mil para gerar 55 produtos na horta e 12 no quintal ecológico. A 
lucratividade mensal é de 60%3, já descontado o consumo familiar. 
 
 Em algumas regiões a produção tem sido comercializada com as prefeituras que 
compra os produtos para utilização na merenda escolar servindo de base para um sociosistema 
mais harmônico pois, além de possibilitar alimentação saudável para as crianças a renda dos 
impostos é revertida diretamente para os empreendimentos da população de mais baixa renda. 
 
3. A CONTEXTUALIZAÇÃO DA ECONOMIA ECOLÓGICA 
 
SILBERGER (1996) afirma que a economia estuda a maneira pela qual a sociedade 
distribui os recursos limitados para os insaciáveis apetites dos seres humanos. DOPFER 
(1976) declara que a economia sempre esteve em crise desde que rompeu com a filosofia 
social, em fins do século XVIII. Neste contexto o paradigma dominante da economia se 
 
1
 É uma área complementar destinada à produção de frutas, grãos e outras culturas com o objetivo de 
complementar a alimentação familiar e dos animais e melhorar a renda do produtor. 
2
 Todos os dados técnicos foram fornecidos pela Fundação Banco do Brasil. Este estudo abre uma nova 
frente para pesquisas sobre os resultados do PAIS. 
 
3
 Este número difere conforme a localidade, contudo é cabe ressaltar que o objetivo básico do PAIS é a 
garantia da segurança alimentar da família. Uma avaliação de impacto deve ocorrer nos próximos anos. 
 
 
 9 
constitui na teoria neoclássica1 que tem como objetivocentral a investigação das forças de 
“mercado”2, mas nos parece razoável dizer que, como toda ciência, a economia avança e 
busca novas formas de ver o processo de produção e consumo de bens e serviços e na 
sociedade. A economia ecológica se posiciona de forma intensa na construção deste novo 
paradigma para as ciências econômicas. 
 
A partir da década de 60 a escala da economia passou a originar impactos 
preocupantes sobre o meio ambiente (MULLER 2001) despertando algumas correntes do 
pensamento econômico que consideram mais explicitamente a questão ambiental, surge então 
a economia ambiental neoclássica. Para Muller, a economia ambiental neoclássica tem um 
viés de médio prazo e está bem adaptada ao exame de problemas ambientais das economias 
industrializadas, enquanto a economia da sobrevivência3 focaliza o longo prazo, preocupa-se 
principalmente com as crescentes ameaças à sanidade e a estabilidade do meio ambiente 
implícitas na tendência recente da evolução mundial. 
 
 Para ROMEIRO (2003) no debate acadêmico em economia do meio ambiente, as 
opiniões se dividem em duas correntes principais de interpretação: A primeira corrente é 
representada pela chamada economia ambiental e considera que os recursos naturais não 
representam, a longo prazo, um limite absoluto à expansão da economia. A segunda corrente 
é representada pela economia ecológica, que vê o sistema econômico como um subsistema de 
um todo maior que o contém, impondo uma restrição absoluta à sua expansão, na literatura 
esta visão é referida através do conceito de sustentabilidade forte. 
 
 CAVALCANTI (2003) destaca os pontos expoentes da economia ecológica: 
� É multidisciplinar, transdisciplinar, interdisciplinar; 
� A compreensão da economia está assentada em fundamentos biofísicos; 
� Os sistemas interagem: ecossistema (sistema ecológico) e sociedade (sistema 
humano); 
� A produção do ecossistema está em formação contínua de matéria e energia; 
 
1
 Versão moderna e mais estreita da teoria clássica acredita que o livre jogo das forças de mercado, em 
situação de livre competição, será capaz de promover a mais eficiente alocação dos recursos, a mais elevada 
produção, a mais justa distribuição de renda, o mais rápido progresso tecnológico e a mais apropriada utilização 
da natureza CAVALCANTI (2004). Obviamente o autor é um economista defensor da economia ecológica. 
2
 Institucionalmente, mercado é concebido como sendo composto por produtores ou consumidores que 
têm em seu comportamento o pressuposto da maximização de suas satisfações de forma racional (DOPFER 
1976). Este tipo de comportamento nos remete à filosofia do utilitarismo. 
3
 Para o autor constitui-se em um ramo da economia ecológica 
 10
 
Compreendemos que a experiência do PAIS reflete em maior ou menor grau os pontos 
acima explicitados. No contexto PAIS e economia ecológica, encontramos um universo rico 
para pesquisas acadêmicas. 
 
É importante acrescentar que o PAIS também pode ser reconhecido como uma 
iniciativa da economia popular e solidária., pois segundo ARROYO & SCHUCH (2006) a 
economia solidária entende “economia” como um conjunto de atividades humanas sistêmicas 
que se relaciona com o desenvolvimento e a organização da sociedade para atender o conjunto 
das demandas humanas individuais e coletivas, envolvendo produção, transformação, 
comercialização e consumo de produtos primários, ou até idéias, artes e confissões religiosas. 
Perfeitamente aderente à economia ecológica. 
 
4. A FUNDAÇÃO BANCO DO BRASIL COMO MOLA PROPULSORA DAS 
TECNOLOGIAS SOCIAIS. 
 
 Fundada em 1988 atuando com projetos do Financiamento à Pesquisa Científica 
(FIPEC) e do Fundo de Desenvolvimento Econômico (FUNDEC), a Fundação Banco do 
Brasil nasce com um traço marcante no apoio a ciência e tecnologia. Em 2001 foi instituído o 
programa Banco de Tecnologias Sociais com o objetivo de tornar conhecidas experiências de 
tecnologias sociais desenvolvidas por outras instituições. 
 
Assim, segundo PENA &MELLO (2004) o Banco de Tecnologia Social é a forma pela 
qual a FBB dissemina soluções geradoras de transformação social, considerando tecnologia 
social (TS) todo processo, método ou instrumento capaz de solucionar algum tipo de 
problema social e que atenda aos quesitos de simplicidade, baixo custo, fácil reaplicabilidade 
e impacto social comprovado. E bom destacar que o site www.tecnologiassociais.com.br 
armazena todas as tecnologias certificadas pelo Banco de Tecnologias Sociais. 
 
Em 2001 a FBB estrategicamente institui o Prêmio Fundação Banco do Brasil de 
Tecnologia Social, foram mobilizadas Universidades, ONG, governos estaduais, prefeituras, 
fundações e institutos do todo o país, o que possibilitou um cadastro de soluções inovadoras 
pra os problemas sociais em áreas diversificadas: o Banco de Tecnologia Sociais. Esta 
iniciativa reafirma a diretriz de disseminação de conhecimento e experiências geradoras de 
 11
transformação social e a coloca, objetivamente, a FBB perseguindo sua missão de mobilizar, 
articular, desenvolver e gerir ações sustentáveis de inclusão e transformação social, 
contribuindo para a promoção da cidadania. 
 
Certificada em 2007, o PAIS foi incluído no programa de geração de trabalho e renda 
da Fundação em parceria como o SEBRAE - Serviço de Apoio às Micro e Pequenas 
empresas, o Ministério da Integração Social e outras entidades. Hoje são 3600 unidades 
implantadas, com uma meta de expansão para 5000 até dezembro de 20091. Estes números 
evidenciam a Fundação Banco do Brasil como uma verdadeira mola propulsora mola 
propulsora para a tecnologia social do PAIS. 
 
 
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS 
 
 CAPRA (1996) inicia o livro intitulado “A teia da Vida” alertando que a obra é uma 
nova compreensão científica da vida em todos os níveis dos sistemas vivos – organismos, 
sistemas sociais e ecossistemas. ALLIER (1996) afirma que a economia ecológica começa 
ridicularizando grande parte do instrumental da economia ortodoxa. Profundo demais. 
 
Este rápido estudo não se destinou a apresentar nenhum paradigma como alternativo 
para equacionar os problemas econômicos da humanidade ou as percepções dos economistas 
a respeito da questão, mas colocar a tecnologia social – PAIS como um exemplo prático para 
os firmamentos teóricos da economia ecológica e, por conseguinte, do desenvolvimento 
sustentável. 
 
 Objetivamente encontramos vários elementos da teoria da economia ecológica na 
aplicação da tecnologia social - PAIS visto no decorrer do estudo, tais como visão sistêmica 
do processo produtivo e profundo respeito no uso dos recursos naturais. Não obstante, 
acreditamos que a TS apresentada é uma grande contribuição como instrumento 
socioeconômico para o desenvolvimento sustentável do País, podendo ser alvo de novas 
pesquisas. 
 
 
1
 Apenas com o apoio da Fundação. Outras entidades estão apoiando esta tecnologia. 
 12
 Por fim, o grande desafio da Fundação Banco do Brasil é criar as condições para que 
as experiências de Tecnologias Sociais identificados e certificadas sejam transformadas em 
políticas públicas. Este é o caminho do PAIS. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 13
BIBLIOGRAFIA 
 
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AMAZONAS, M.C. O Que é Economia Ecológica. Disponível na Internet. http://www.ecoeco.org.br. 
26/05/09 
 
ARROYO, João Cláudio T. & SCHUCH Flávio Camargo – Economia popular e solidária – A alavanca 
para um desenvolvimento sustentável Ed. Fundação Perseu Abrano (2006).CAVALCANTI, Clóvis – Uma tentativa de caracterização da economia ecológica. Ambiente & 
Sociedade – vol. VII jan/jun (2004). 
 
CAPRA, Fritjof- A teia da vida- Uma nova compreensão científica dos sistemas Editora Cultrix (1996). 
 
DAGNINO, Renato; BRANDÃO, Flávio Cruvinel e NOVAES, Henrique Tahan – Tecnologia Social 
uma estratégia para o desenvolvimento- Sobre o marco analítico-conceitual da tecnologia social. 
(2004) 
 
DAGNINO, Renato; Tecnologia Social: uma estratégia para o desenvolvimento. A tecnologia social e 
seus desafios. (2004) 
 
DOPFER, Kurt- A economia do Futuro – Em busca de um novo paradigma. Zahar Editores Rio de 
Janeiro (1976) 
 
FBB – Cartilha Passo-a-Passo: Mais alimento, trabalho e renda no campo – Saiba como produzir 
alimentos saudáveis e preservar o meio ambiente. Brasília, 2008. (CARTILHA DO PAIS). 
 
FBB – Tecnologia Social – Uma estratégia para o desenvolvimento - Secretaria Executiva da Rede de 
Tecnologia Social. Equipe Editorial: MELLO, Claiton; De PAULO, Antonio; NASCIMENTO FILHO, 
Lenart P. (2004) 
 
LASSANCE Jr, Antonio E; PEDREIRA, Juçara S. Tecnologias sociais e políticas públicas – 
Tecnologia Social: uma estratégia para o desenvolvimento/Fundação Banco do Brasil – Rio de 
Janeiro 2004. 
 
LORANGE, Peter; ROOS, Johan. Alianças Estratégicas – Formação, Implementação e Evolução Ed. 
Atlas (1996) 
 
 14
MAY H. Peter; LUSTOSA, Maria Cecília e VINHA, Valéria – Economia do Meio Ambiente – Teoria e 
Prática Ed. Campus – Sociedade Brasileira de Economia Ecológica. (2003) 
MARTINS, Rafael D`Angelo A importância da Economia Ecológica para o Debate sobre a 
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MULLER, Charles C. - Manual de Economia do Meio Ambiente – Departamento de Economia – 
Núcleo de Estudos e Políticas de Desenvolvimento Agrícola e de Meio Ambiente Unb (2001). 
 
PENA, Jacques de Oliveira e MELLO, Claiton José. Tecnologia Social: a experiência da Fundação 
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SILBERGER, Steven – MBA em 10 lições – Editora Campus 5a. edição (1996).

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