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10 INTRODUÇÃO SENESCÊNCIA é o envelhecimento natural o qual proporciona às pessoas conviverem de forma harmônica com as limitações impostas pelo decorrer dos anos e manter-se ativo até fases tardias da vida. Entretanto, para uma faixa de idosos o envelhecimento se dá de forma anormal ou patológica, sofrendo o indivíduo o efeito negativo das doenças que se manifestam principalmente como uma incapacidade progressiva para a vida ativa. A isto chamamos SENILIDADE. Com o aumento da expectativa de vida nas últimas décadas, não só em nosso país, bem como no mundo inteiro, estas doenças se tornaram “visíveis” e “palpáveis” principalmente para os profissionais de saúde e seus familiares. Dentre estas doenças encontramos a DOENÇA DE ALZHEIMER, uma doença degenerativa que assola uma grande parte da população mundial que envelhece diariamente. Apesar de descrita pela primeira vez há mais de 100 anos, continua sendo foco de pesquisas e estudos no que tange o seu diagnóstico e tratamento.O grande desafio deste incremento populacional é conseguir com que todos tenham, pelo menos, um pouco de qualidade de vida, já que as doenças crônico-degenerativas levam quase sempre a imobilidade e ao isolamento. Com o propósito de realizar um estudo atualizado sobre Alzheimer, foi feita esta revisão bibliográfica pela internet, na qual textos relacionados ao tema foram levantados. Os programas de busca utilizados foram os do PubMed, Medline e Lilacs (palavras-chave: Alzheimer, demência, β amilóide, proteína tau), bem como textos envolvendo dados epidemiológicos, fisiopatologia, diagnóstico, farmacologia e aspectos psicosociais, além de perspectivas futuras sobre a doença. 11 REVISÃO DE LITERATURA HISTÓRICO Alois Alzheimer (1864-1915), um neuropatologista que viveu e trabalhou na Alemanha na virada do século XIX (COLLINS, 1998). Em 1907, publicou o caso clínico de uma paciente de 51 anos de idade que apresentou como primeiro sintoma, desconfiança em relação ao marido, em seguida, perda de memória rapidamente progressiva, desorientação espacial e temporal, delírios, dificuldade na linguagem e leitura bem como possíveis alucinações auditivas. Em seus relatos, a doença durou quatro anos e meio quando, então, a paciente veio a óbito. Na fase terminal, ela estava totalmente embotada, acamada e apresentando incontinência urinária (ALZHEIMER, 1907; VERHEY, 2009; AIMMINGS, MENDEZ, 2005). Alzheimer realizou a autópsia na qual percebeu que o cérebro da paciente encontrava-se difusamente atrofiado. Os cortes realizados com corante de Bielschowsky de prata mostraram alterações neuronais que vieram a ser conhecidas como aglomerados neurofibrilares. Ele também demonstrou numerosos focos miliares que foram chamados de placas senis ou neuríticas (ALZHEIMER, 1907; VERHEY, 2009; AIMMINGS, MENDEZ, 2005). Já em 1910, Kraepelin aplicou o epônimo de doença de Alzheimer (DA) à patologia anteriormente descrita. Diferentemente do que Alzheimer havia enfatizado ser essa demência uma forma pré-senil, em 1962, Corseillis a reconhece na pré-senilidade e na senilidade. Então, com os avanços alcançados pela microscopia eletrônica, Kidd descreve a ultra-estrutura dos entrelaçamentos neurofibrilares. Davies e Maloney relatam, em 1976, haver perda seletiva de neurônios colinérgicos centrais na DA e, em 1983, Coyle, Price, DeLong, propõe que seja um distúrbio da inervação colinérgica cortical. E,em 1984, Hyman, Van Hoesen e Damasio propõem uma hipótese de falta de conexão para a amnésia na DA. Então, em 1985, surgem critérios para o diagnóstico anatomopatológico da doença do Instituto Nacional do Envelhecimento. Forlenza e Gattaz confirmam a influência dos depósitos de β-amilóide e da proteína tau na doença. Com o avanço das pesquisas, em 1993, Strittmater, Roses e colegas descrevem a associação entre apolipoprotreína E4 e DA familiar de início tardio. Em seguida, em 1995, são identificados os genes da pré-senilina 1 e 2 (FORLENZA, GATTAZ, 1988; JUNIOR, DAMASIO, 2000; STRITMATTER et al, 1993; COYLE et al, 1983; 12 DAVIES, MALONEY, 1976; HYMAN et al, 1984; KACHATURIAN, 1985; LEVY- LAHAD et al, 1995). Em 2000, surgem os critérios do DSM-IV-TR para a definição de demência criado pela Associação Americana de Psiquiatria (APA). Continuam, portanto, as pesquisas para elucidação da fisiopatogênese da doença. EPIDEMIOLOGIA A doença de Alzheimer (DA) constitui um problema de saúde pública, principalmente, em decorrência do envelhecimento populacional (APRAHAMIAN et al, 2009). Representa a causa mais comum de síndrome demencial sendo consenso na literatura que é responsável por 50 a 60% dos casos de demência na população idosa (GRATÃO, 2006), sendo seguida pela isquemia cerebrovascular, que causa demência vascular (NITRINI et al, 2005), ambas fazendo parte do grupo de demências não reversíveis. Representa a terceira doença terminal mais comum, depois da doença cardíaca e do câncer em nações desenvolvidas (AIMMINGS, MENDEZ, 2005). A prevalência da doença de Alzheimer nos países desenvolvidos gira em torno de 1,5% em pacientes ao redor de 65 anos e até 30% em pacientes por volta de 80 anos (RITCHIE, LOVESTONE, 2002), mostrando o quanto a idade está implicada como fator de risco para a doença. Nos Estados Unidos, no ano de 2000, existiam 4,5 milhões de pacientes diagnosticados com DA, correlacionando com os números de 1997 onde existiam 2,3 milhões. Isso representa um gasto anual de 100 bilhões de dólares (ERNST, HAY, 1994; EVANS et al, 1991). Há estimativas atuais de um gasto de 50.000 doláres anuais com um único paciente portador da doença em estágio avançado (BIRD, MILLER, 2006), ocasionando, assim, um grande impacto social. Estudos realizados no Brasil apresentam prevalência e incidência semelhantes aos dados de estudos estrangeiros (EVANS et al, 1991; BIRD, MILLER, 2006). Um estudo populacional realizado em Catanduva, estado de São Paulo, onde 25% dos idosos foram avaliados, encontrou-se como etiologia mais freqüente para demência, a doença de Alzheimer, perfazendo no total 51,% dos casos (EVANS et al, 1991). A taxa de incidência anual foi de 7,7 casos por 100.000 habitantes (JORM et al, 1987). A prevalência DA aumenta progressivamente com o avançar da idade. A partir dos 65 anos, a prevalência dobra a cada 5 anos, sendo de 60 a 64 anos de 0,7% chegando a 38,6% em pacientes com 90 anos, mostrando que a incidência parece não diminuir na faixa etária dos muitos idosos (OTT et al, 1998; JORM, JOLLEY, 1998). 13 As alterações genéticas constituem outro fator de risco para a doença (AIMMINGS, MENDEZ, 2005). A doença de Alzheimer de início precoce é autossômica dominante e pode manifestar-se já na terceira década de vida (ASKIN- EDGAS et al, 2006). As mutações do gene da proteína precursora do amilóide no cromossomo 21, dos genes das pré-senilinas 1 e 2 no cromossomos 14 e 1, respectivamente, e da apolipoproteína E (ApoE) no cromossomo 19 representam mutações genéticas que podem aumentar o risco para DA. Essas três mutações representam 2% dos casos de DA (AIMMINGS, MENDEZ, 2005). Existem 3 alelos da apolipoproteína sendo o є4 presente em 15% da população e está muito elevado nos portadores de Alzheimer (FARRER et al, 1997; SOUZA et al, 2003). A ausência desse alelo significa um risco de início tardio de ocorrência de DA em 15%, sendo aumentado para 30 a 50% na presença de uma cópia do alelo e até 60 a 90% quando há 2 cópias (KAMBOH et al, 1995). Além disso, os cromossomos 10 e 12 podem conter polimorfismos que aumentam a suscetibilidade para DA de início tardio (AIMMINGS, MENDEZ, 2005). Outro fator de risco é a história familiar, visto que irmãos de pacientes têm duas vezesmais risco de desenvolver a doença e a concordância de gêmeos idênticos é de 40% aproximadamente, bem maior do que a de gêmeos dizigóticos (ASKIN-EDGAS et al, 2006; NEE et al, 1987). Os portadores de síndrome de Down apresentam expressão elevada do gene da proteína precursora do amilóide localizado no cromossomo 21 (VISSER et al, 2000). Existem outros fatores que podem aumentar o risco para DA, mas ainda são questionados cientificamente como o trauma cranioencefálico, a etnia caucasiana, o alumínio e a aterosclerose (GREEN et al, 2002). O sexo feminino também pode representar um fator de risco independente da maior longevidade das mulheres (BIRD, MILLER, 2006). Vale ressaltar também os fatores protetores como o nível de escolaridade CUMMINGS et al, 1998). Um estudo revela que os indivíduos com oito anos ou mais de escolaridade a prevalência foi de 3,5%, enquanto que nos analfabetos foi de 12,2% (McGEER et al, 1996). Alguns estudos observacionais relatam que os anti-inflamatórios não hormonais (AINES) podem ter associação com maior proteção contra a doença de Alzheimer segundo estudos observacionais (McGEER et al, 1996; Etminan et al, 2003). Outra substância que pode diminuir o risco de DA é o estrógeno (CUMMINGS et al, 1998). Entretanto, alguns trabalhos em mulheres após a menopausa com uso de estrógeno não comprovaram alteração cognitiva ou quaisquer outros benefícios (WANG et al, 2000; HEDERSON et al, 2000). Realizou-se um estudo placebo-controlado, aleatório, no qual foram dadas altas doses de vitamina E a pacientes com DA moderada onde foi revelado melhora clínica e 14 menor institucionalização (McGEER et al, 2006), contudo, um outro trabalho demonstra ser maior a mortalidade entre usuários de vitamina E em altas doses (WANG et al, 2000). As estatinas representam fármacos promissores incluídos no tratamento coadjuvante e profilático da DA, pois estudos epidemiológicos demonstraram efeito protetor contra a mesma (JICK et al, 2000; WOLOZIN et al, 2000). Estudo recente revela menos placas amilóides em pacientes normais usuários do que os não usuários após sua necrópsia (LI et al, 2007). FISIOPATOLOGIA A Doença de Alzheimer (DA) é um distúrbio neurodegenerativo comum, relacionado com a idade, e caracterizado, microscopicamente, por perda neuronal, degeneração sináptica intensa, formação de emaranhados neurofibrilares e deposição extracelular de proteína β-amilóide no cérebro com formação de placas senis. Dentre as alterações macroscópicas pode-se citar: redução do peso do encéfalo, atrofia cortical difusa bilateral e simétrica, caracterizada por estreitamento dos giros e alargamento dos sulcos. Há também redução do volume da substância branca cerebral, bem como da espessura do córtex cerebral, dilatação dos ventrículos laterais e do terceiro ventrículo. Apesar da grande quantidade de pesquisas e estudos, a fisiopatologia dessa doença é pouco compreendida, entretanto muitos esforços são voltados para as principais alterações neuropatológicas da DA que são: degeneração sináptica, perda neuronal e o acúmulo no córtex de placas senis e emaranhados neurofibrilares (ZABAR, 2006; PITTELLA, 2006) Placas senis são lesões de deposito extracelulares cujo principal componente é proteína β-amilóide, que é composta de um polipeptídio insolúvel com cerca de 42 aminoácidos provenientes de uma proteína maior chamada proteína precursora do amilóide (PPA). A PPA constitui-se numa glicoproteína transmembranosa codificada a partir do cromossomo 21 com peso molecular entre 100 e 140 kDa. Ela possui entre 695 e 770 aminoácidos, os quais se dividem em três componentes solúveis: uma pequena parte intracitoplasmática, outra transmembranosa e um segmento maior extracitoplasmático. Secretada para o espaço extracelular pelos neurônios, a PPA possui importantes funções fisiológicas, sobre as quais ainda se sabe pouco, embora exista a hipótese de que ela possa participar da manutenção da integridade e da regulação sináptica. Sua proteólise fisiológica realizada pela enzima α-secretase cliva a PPA ao longo da cadeia da proteína β-amilóide, impedindo a formação de β-amilóide intacto. Os fragmentos resultantes são solúveis, sem ação tóxica para o sistema nervoso central (ZABAR, 2006; PITTELLA, 2006; DUYCKAERTS et al, 2009; SELKOE et al, 2008). 15 Na DA, durante a proteólise patológica da PPA, ocorre um processamento alternativo e anormal envolvendo duas reações enzimáticas seqüenciais: a da enzima β- secretase, a qual cliva a parte extracelular da PPA em um fragmento chamado C99 e a da gamma-secretase, um complexo enzimático que inclui a presenilina-1 e presenilina- 2, que clivam o C99 em proteína β-amilóide. Mutações nos genes das presenilinas 1 e 2 (PSEN1, PSEN2) e nos genes da PPA, aumentam a produção da proteína β-amilóide através da alteração da clivagem da PPA e do aumento de depósito de β-amilóide, respectivamente (DUYCKAERTS et al, 2009; SELKOE et al, 2008; LUCATELLI et al, 2009). Esta possui a tendência espontânea a formar filamentos longos, os quais se ligam aos resíduos de neurônios que estão em apoptose, acumulando-se lentamente no meio extracelular e formando placas senis difusas, que não são suficientes para causar demência. Estas evoluem para placas senis neuríticas, formadas por um núcleo central de β-amilóide envolto por diversas outras substâncias, como: proteínas sinápticas, inflamatórias, fibrilas neuríticas, células gliais ativadas, dentre outras (GANDY, 2005; CHAVES, AVERSI-FERREIRA, 2008). As placas senis distribuem-se difusamente, atingindo primeiramente o hipocampo e a porção anterior da base do cérebro, depois, lentamente, o neocórtex e a substância cinzenta subcortical dos lobos temporais, parietais, frontal e occipital. Elas causam disfunção sináptica com subseqüente morte e perda neuronal, que, macroscopicamente, traduzem uma significativa atrofia cerebral (ZABAR, 2006;, CHAVES, AVERSI-FERREIRA, 2008; CARAMELLI , 2005). O principal fator de risco genético para o desenvolvimento de placas senis na DA é a presença da isoforma E4 da apolipoproteína E (ApoE). A ApoE é um componente de algumas lipoproteínas corporais, sendo produzida pelos astrócitos a partir de três alelos (E2, E3, E4) de genes localizados no cromossomo 19. Sua função constitui em manter a estrutura e o metabolismo apropriado das lipoproteínas, participando do transporte, absorção e redistribuição do colesterol entre os tecidos, além de reparar danos neuronais excessivos, remanejando os lipídios dos corpos celulares aos axônios e regenerando as células de Schwann. Dessa forma, ela restabelece as conexões sinápticas (LUCATELLI et al, 2009). Nos portadores do alelo E4, o processo patológico ocorre devido à aparente ineficácia da isoforma E4 na realização do reparo celular, que favorece a formação dos filamentos componentes das placas senis (LUCATELLI et al, 2009; BARROS et al, 2009; BERTRAM et al, 2007; SCHIPPER, 2009). Outro traço patológico característico da DA são os emaranhados neurofibrilares, constituídos por inclusões intraneuronais compostos por agregados de proteína tau, a qual é normalmente associada aos microtúbulos do citoesqueleto celular. Este é formado pelas proteínas tubulinas α e β, cuja estabilidade é mantida graças às pontes de proteína tau. Devido a um processo de hiperfosforilação anormal de causa desconhecida, a proteína tau sofre alteração de conformação espacial e perde afinidade pelos microtúbulos, dissociando-se do citoesqueleto e formando filamentos helicoidais 16 insolúveis que, associados, constituem os emaranhados neurofibrilares. A desestabilização do citoesqueleto provoca distrofia e edema dos microtúbulos, com conseqüente morte neuronal (ZABAR, 2006; CHAVES, AVERSI-FERREIRA, 2008; CARAMELLI , 2005). Em estágios avançadosda DA ocorre uma importante perda neuronal a nível do prosencéfalo basal, região constituída pelo núcleo septal, complexo da banda diagonal e núcleo basal de Meynert, resultando em redução da produção de acetilcolina e conseqüente hipofunção colinérgica. Essas áreas do SNC inervam o hipocampo, amígdala e neocórtex cerebral, que desempenham importante papel na atenção, formação e consolidação da memória, na resposta emocional e nos pensamentos superiores. A deficiência colinérgica contribui com prejuízos nas atividades de vida diária e cognição, além do surgimento de sintomas neuropsiquiátricos, como: alterações do sono, comportamento motor aberrante, alterações de personalidade, agitação, etc. (CHAVES, AVERSI-FERREIRA, 2008; BERTRAM et al, 2007; SCHIPPER, 2009; AVERSI-FERREIRA et al, 2004; AVERSI-FERREIRA et al, 2005; AVERSI- FERREIRA, PENHA-SILVA ,2005). Outro neurotransmissor alterado é o glutamato, cujas concentrações aumentam nas sinapses, além dos seus receptores pós-sinápticos tornarem-se mais sensíveis. Essas alterações induzem a uma despolarização parcial, ativação do receptor N-Metil-D- Aspartato (NMDA) e um influxo aumentado de íons cálcio no neurônio. A hipercalcemia intracelular induz a formação de metabólitos reativos de oxigênio, altera a cromatina nuclear e fragmenta o DNA, o que favorece a morte neuronal. (CHAVES, AVERSI-FERREIRA, 2008). O influxo de cálcio no neurônio também induz a liberação exagerada de neurotransmissores sinápticos, levando a uma depleção desses transmissores e, conseqüentemente, dificultando a transmissão de sinais nervosos. (MEDEIROS, 2007). No hipocampo também podem ser encontrados os corpos de hirano, que são estruturas intracitoplasmáticas claras, eosinofílicas, em bastonete ou circulares, marcados por anticorpos contra proteína actina, tau, neurofilamentos e fragmentos de PPA. São freqüentes na DA, mas pouco específicos (DUYCKAERTS et al, 2009). As alterações microscópicas citadas anteriormente facilitam o entendimento das alterações macroscópicas. A atrofia cortical, localizada principalmente no córtex entorrinal, no hipocampo e nas amígdalas, tem como sua principal causa a morte e perda neuronal provocada pelo acúmulo de emaranhados neurofibrilares de proteína tau. Os giros temporais inferior e superior e o giro frontal médio são severamente afetados, enquanto os giros frontal inferior e o orbitofrontal são poupados. (DUYCKAERTS et al, 2009; HALLIDAY et al, 17 2003) O grau de atrofia pode ser correlacionado diretamente com o estadiamento neuropatológico, bem como a intensidade da disfunção cognitiva. (PITTELLA, 2006). A redução do volume cerebral está associada à redução da espessura e altura corticais, bem como a atrofia dos neurônios da substância cinzenta e dos seus respectivos axônios na substância branca (DUYCKAERTS et al, 2009; LERCH et al, 2008). Devido à redução do volume da substância branca cerebral, observa-se dilatação dos ventrículos laterais e do terceiro ventrículo. (PITTELLA, 2006). Essas alterações nesses vários sistemas de neurotransmissores,principalmente acetilcolina e glutamato, devem ser melhor detalhado para o entendimento da doença de Alzheimer. DIAGNÓSTICO CLINICO A DOENÇA DE ALZHEIMER é definida como sendo uma doença degenerativa do SNC, heterogênea nos seus aspectos etiológico, clínico e neuropatológico. É considerada como a causa mais comum de demência, representando, assim, 50 a 60% de todos os casos (MACHADO, 2005). Devido ao seu início insidioso, acredita-se que mais da metade dos pacientes permanecem sem diagnóstico, principalmente na sua fase inicial. Muitos desses pacientes procuram mascarar suas falhas cognitivas a fim de não serem notados. Vemos também, ainda hoje, familiares e até profissionais de saúde que desconsideram os déficits cognitivos apresentados pelos portadores de DA como sendo fatos comuns ao envelhecimento. É necessário, então, um grande empenho por parte de todos os profissionais da área de saúde, especialistas ou não, e dos familiares, a fim de que o reconhecimento precoce dos sintomas possa levar rapidamente a um diagnóstico preciso da doença e, conseqüentemente, um tratamento adequado. O diagnóstico clínico de DA pode ser confirmado somente quando houver evidência de DEMÊNCIA, ou seja, quando existem déficits de múltiplas funções cognitivas que causem declínio significativo nos níveis prévios de cognição. Habitualmente na DA ocorre um déficit de memória (capacidade prejudicada de reter novas informações ou de recordar informações anteriormente aprendidas) e pelo menos um dos seguintes déficits: 1. Agnosia - dificuldades sensoriais; 2. Apraxia – dificuldade para executar atividades motoras, apesar de a função motora estar intacta; 18 3. Afasia – alterações da linguagem ou 4. Transtornos das funções executivas (planejamento, seqüenciamento, organização).(MACHADO,2005; LAKS et al, 2006) Entre os critérios descritos para o diagnóstico da DA os que são mais utilizados são os da quarta edição do MANUAL ESTATÍSTICO E DIAGNÓSTICO DE DESORDENS MENTAIS (DSM-IV) da Associação Americana de Psiquiatria (APA), 1994 ( Quadro 19.2) (APA, 1994) e os da décima versão da Classificação Internacional de Doenças (CID-10) (Quadro 19.3) (WHO,1993). Critérios para o diagnóstico mais detalhado são utilizados por centros de pesquisa e clínicas especializadas principalmente para a finalidade de estudos epidemiológicos e de investigação científica. Os mais conhecidos são os de um grupo de trabalho do Instituto Nacional de Neurologia e da Associação da Doença de Alzheimer e Desordens Relacionadas nos EUA (NINCDS-ADRDA), que classificou a DA como POSSÍVEL, PROVÁVEL e DEFINIDA de acordo com os achados clínicos, patológicos e de exames complementares (Quadro 19.4) (McKHANN et al, 1984). 19 20 Apesar de não haver consenso nem definição uniforme para a subdivisão da DA, a CID-10 propõe que ela seja feita de dois modos: primeiro, observando a idade de início e classificando-se a doença como precoce ou tardia, com um ponto de corte aproximadamente aos 65 anos de idade; segundo, avaliando-se como o indivíduo combina com uma das duas supostas síndromes, dos tipos precoce ou tardio que levam em conta a velocidade de progressão e a configuração dos aspectos clínicos (MACHADO, 2005) O comprometimento das funções cognitivas freqüentemente é acompanhado e, às vezes, antecedido por déficits não-cognitivos, que são conhecidos como os sintomas 21 psicológicos e do comportamento das demências (BSPD – behavioral and psychological symptoms of dementia). Estudos mostram que qualquer desses sintomas pode ocorrer em qualquer estágio da doença, e que quase todos os pacientes portadores de DA irão apresentar alguns desses sintomas em algum momento durante a evolução da doença. (Quadro 19-1) (REISBERG et al, 1989). A DA inicia-se, geralmente, a partir da sétima, da oitava ou da nona década de vida, embora raros casos sejam descritos em pessoas com até 30 anos de idade. A piora progressiva dos sintomas acontece de forma contínua, porém gradual, usualmente num período de 8 a 10 anos. Ocorre grande variabilidade na velocidade de progressão dos sintomas, desde períodos tão curtos quanto dois anos até tão longos quanto 20 anos ou mais. Apesar de os sintomas terem uma ordem de aparecimento previsível, podem ocorrer diversas formas de apresentação clínica e de progressão da doença, com a presença de comprometimentos cognitivos diferentes em cada paciente. REISBERG et al, (1988, 1997) estipularam um modelo detalhado para descrição evolutiva da doença de acordo com o comprometimento funcional dos indivíduos acometidos pela DA denominado FAST (Functional Assessment Stating), que abrange 16 estágios e subestágiosde progressão (Quadro 19.6)(REISBERG, 1988). Na fase inicial, que dura em média dois a três anos, os sintomas são difusos e vagos e se desenvolvem gradualmente. O declínio das funções cognitivas compromete o desempenho das atividades cotidianas, porém não é grave o suficiente para impedir que o paciente tenha uma vida independente na comunidade. A perda de memória freqüentemente é a primeira alteração observada pelos pacientes e familiares. Os déficits mais observados são os da memória recente, proporcionando dificuldades de aprendizado e lembrança de fatos novos. Os pacientes geralmente perdem objetos pessoais, esquecem de conversas recentes e não conseguem repetir um número de telefone extenso. Há diminuição na habilidade de planejamento, organização e julgamento, que se reflete na atuação profissional, na capacidade para executar tarefas complexas e nas atividades instrumentais da vida diária (AVDI), tais como manejo das finanças e compras de supermercado. Dentre os BSPD, os mais encontrados são os sintomas depressivos, refletindo assim as reações emocionais diante da diminuição das habilidades cognitivas e do desempenho funcional, porém pode também encontrar agitação e agressividade (WEINTRAUB, 2009). Na fase intermediária, onde as perdas são moderadas, limitações mais sérias vão surgindo para uma vida independente. A piora dos prejuízos cognitivos exige agora a assistência de terceiros para a realização das AVDI. Com o progresso da doença, as atividades ficam cada vez mais restritas, fazendo-se necessário uma supervisão 22 constante das AVD. Esse período que dura em média 2 a 10 anos, há um declínio mais acentuado da memória e da capacidade de aprendizado, podendo o paciente parecer viver no passado. Com o passar do tempo, a memória remota também pode ficar comprometida. O raciocínio lógico, a capacidade de realizar cálculos, resolver problemas é afetado de maneira singular. Os distúrbios espaciais e a agnosia visual cortical podem se manifestar na dificuldade de reconhecer locais e faces familiares. Os sintomas psicológicos e de comportamento (BSPD) são mais freqüentes a partir dessa fase da doença, em geral ocasionando um maior nível de estresse aos familiares e cuidadores do que ao próprio paciente. Os sintomas psicológicos incluem as idéias delirantes, que acometem mais da metade dos pacientes, as alucinações sobretudo visuais. A apatia está presente em mais de cinco) % dos pacientes me pode ser confundida com depressão (WEINTRAUB, 2009). Na fase avançada ou tardia, há um acentuado comprometimento de toda a cognição. A memória torna-se afetada gravemente, ocasionando completa incapacidade de reter novas informações e perda memória biográfica. Os pacientes passam então a se comunicar somente através de sons incompreensíveis e se tornam cada vez mais incapazes de expressar quaisquer necessidades. Distúrbios de comportamento podem ser uma forma de manifestar que estão com fome, sede, dor, etc. Ao final, eles ficam acamados, com incontinência urinária e fecal. Após uma média de 8 a 12 anos nesse estágio, a morte sobrevém por causa de complicações de imobilidade e infecções paralelas tais como pneumonia, infecção urinária e úlceras de decúbito (WEINTRAUB, 2009). Apesar de a doença ser considerada um diagnóstico de exclusão, uma boa anamnese e a confirmação por parte de familiares próximos bem como a avaliação do estado mental podem alcançar uma precisão de diagnóstico de até 90% dos casos de DA. Na avaliação do seu quadro clínico é importante observar as grandes variações encontradas na apresentação clínica e no avanço dos sintomas de acordo com a idade de início dos sintomas, fatores de risco, comorbidades etc. Os domínios cognitivos e não- cognitivos podem ser afetados de maneira diferente, sendo importante reconhecer as várias formas de apresentação clínica e o ritmo de evolução da mesma. Por haver mais de 60 doenças capazes de causar um quadro de demência, é necessário que depois de estabelecido o diagnóstico, mesmo que haja uma grande suspeita de DA, seja realizada uma investigação a fim de excluir a presença de outras condições. Portanto, na história clínica, é importante indagar a respeito da relação de medicamentos, comorbidades, alimentação, alcoolismo, doenças sistêmicas e intoxicações (WEINTRAUB, 2009). Em minha prática clínica diária, observo uma grande quantidade de pacientes já em fase intermediária ou avançada, devido ao descaso por parte de familiares que consideram esses déficits descritos como parte do processo normal de envelhecimento. Mesmo após 103 anos da primeira descrição de um caso da doença, vemos a grande dificuldade de se estabelecer parâmetros adequados quando estamos diante de quadros considerados limítrofes. 23 DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL Sabendo que os déficits cognitivos da DA são adquiridos, é importante diferenciá-los dos déficits intelectuais preexistentes(p.ex. retardo mental). Devem ser diferenciados dos déficits cognitivos relacionados com o envelhecimento normal, do delirium, do transtorno cognitivo leve e da depressão. É importante que se excluam outras condições que podem causar demência, tais como as relacionadas com o SNC (p.ex. doença cerebrovascular, doença de Parkinson, doença de Huntington, hematoma subdural, hidrocefalia de pressão normal, tumores cerebrais), bem como as doenças sistêmicas (p.ex. hipotireoidismo, deficiências de vitamina B12 e folato, deficiência de niacina, hipercalcemia, neurossífilis, infecção por HIV) e as induzidas por substâncias (MACHADO, 2005). DIAGNÓSTICO ATRAVÉS DA NEUROIMAGEM A imagem estrutural do SNC é avaliada pela tomografia computadorizada (TC) e pela ressonância magnética (RM) de crânio. Nos exames de imagem, como a TC e a RM, existem várias controvérsias, principalmente em protocolos de pesquisas, e no aprofundamento de análise de doenças específicas. Porém esses exames são importantes e de extrema utilidade para o diagnóstico clínico (BOTTINO et al, 2006). As técnicas da TC surgiram na década de 70 e revolucionaram a capacidade dos médicos visualizarem estruturas cerebrais in vivo. A TC é utilizada principalmente na detecção de lesões de massa intracraniana (p.ex. tumores e hematomas cerebrais), sendo importante na investigação de pacientes que apresentam síndrome cerebral orgânica, o que permite excluir causas reversíveis (BURNS, 1993). No idoso normal ocorre um certo grau de ATROFIA CEREBRAL, com perda tanto de substância branca como cinzenta. Ocorre também um aumento de ventrículos e alargamento de sulcos e fissuras cerebrais. Em geral o que diferencia o idoso normal do idoso com demência degenerativa é a intensidade das alterações, em especial a atrofia, que é habitualmente maior no indivíduo doente. Um exame de TC normal não afasta o diagnóstico de demência, porém a TC pode excluir a presença de outras doenças neurológicas, tais como a hidrocefalia de pressão normal, hematoma subdural ou malformações vasculares. Contudo é freqüente um paciente com quadro clínico de demência tenha um exame de TC normal ou sem alterações significativas de análise visual (BOTTINO et al, 2006). 24 Com o aparecimento das técnicas de aquisição de imagem por ressonância magnética (RM), na década de 80, chegou-se ao “padrão-ouro” dos métodos de imagem, que fornecem informações sobre a estrutura do cérebro. A RM é mais sensível que a TC para identificar tumores, infartos, edema cerebral e áreas de desmielinização (BESSON et al, 1990). Vários estudos, utilizando métodos quantitativos de RM, investigaram as alterações cerebrais relacionadas com a idade. Os resultados indicaram que há o surgimento de atrofia cerebral e aumento do líquor com o envelhecimento normal (BOTTINO, 2000). O emprego dos métodos funcionais de neuroimagem no diagnósticodas demências pode hoje ser justificado quando substratos anatômicos ou estruturais não estão presentes para corroborar a etiologia do processo de declínio cognitivo (Warwick, 2004). Um dos problemas maiores com o emprego dos métodos funcionais é a definição de quais particularidades funcionais são mais importantes ou específicas para caracterizar um determinado distúrbio cognitivo. SPECT – Tomografia por emissão de fóton único Dentre os traçadores mais utilizados, destacam-se os marcadores de fluxo sanguíneos. São compostos que, uma vez na circulação sanguínea, atravessam a barreira hematoencefálica e se concentram na célula nervosa em proporção ao fluxo cerebral regional (‘Rcbf’). Esses compostos constituem, na sua maioria, aminas lipofílicas, que apresentam princípios distintos de concentração neuronal. Apesar desses mecanismos distintos, os compostos mais comumente disponíveis se concentram no tecido nervoso proporcionalmente ao fluxo sanguíneo cerebral. Como acontece na maioria das condições fisiológicas e fisiopatológicas ocorre um acoplamento entre fluxo e metabolismo cerebral, incrementos de fluxo podem representar áreas hiperfuncionantes, e o oposto também é verdadeiro. Dentre os compostos disponíveis, destacam-se o hexametileno-propileno-aminaoxima (HMPAO) e o dímero de etilcisteinato (ECD), ambos marcados com tecnécio-99m (PIEZ & HOLMAN, 1985). Logo que administrados por via endovenosa, ocorre uma rápida extração de primeira passagem nos primeiros dez minutos, e posteriormente ocorre pouca redistribuição do radioindicador, ou nenhum grau de redistribuição. Um fator limitante é o de ordem técnica, pois os tomógrafos disponíveis possuem habitualmente resolução espacial limitada a defeitos da ordem de 1,0 a 1,5 cm. Portanto, é necessário que déficits funcionais sejam extensos o suficiente para serem detectados por esses sistemas. A maior dificuldade quanto ao emprego de métodos funcionais de neuroimagem é determinar os limites de normalidade de funcionamento cerebral. Algumas vezes pode-se observar maior concentração de radiotraçador em um 25 lobo temporal em comparação com o lobo contralateral, e isso pode corresponder à simples variância de normalidade por assimetria volumétrica normal entre os dois lobos. A demência do tipo Alzheimer caracteriza-se por envolver primariamente o córtex entorrinal, com posterior progressão para o giro hipocampal e córtex de associação. O padrão funcional mais específico da doença de Alzheimer é o déficit de fluxo sanguíneo cerebral regional em córtex temporoparietal posterior bilateral (BUCHPIGUEL, 2006). H-MRS – espectroscopia de prótons por ressonância magnética Uma outra técnica que permite estudar in vivo de modo não invasivo a composição de metabólitos do cérebro é a espectroscopia de prótons por ressonância magnética (H-MRS). Fornece dados sobre alterações metabólicas e bioquímicas associadas à disfunções/lesões do tecido nervoso. É baseada nos mesmos princípios físicos de obtenção de imagem por ressonância magnética, diferindo desta na maneira da utilização das informações e apresentação dos dados. Enquanto a RM oferece informações de ordem anatômica (estrutural), a ERM traz informações químicas (funcional) a respeito dos metabólitos, oferecendo dados/medida sobre o metabolismo intermediário do tecido nervoso, obtido a partir de um volume escolhido (voxel) para ser analisado. A distribuição dos neurometabólitos também não é uniforme nas diversas faixas etárias. Estudos comparativos enfocaram as concentrações de N-acetilaspartato, creatina e colina nas substâncias cinzenta e branca, em voluntários normais e idosos. Os níveis de N-acetilaspartato se apresentaram mais elevados na substância cinzenta, porém sem apresentar diferença entre os sujeitos jovens e idosos, mesmo com significativa redução do volume de substância cinzenta nos mais idosos. Considerando que o N-acetilaspartato é um índice de integridade neuronal, a substância cinzenta se apresenta intacta nesses idosos sadios (ENGELHARDT & MOREIRA, 2006). A H-MRS, apesar de ser uma técnica relativamente nova e ainda não utilizada de rotina, já desponta como de grande utilidade clínica, permitindo identificar in vivo e de modo não-invasivo metabólitos constituintes de uma amostra de tecido nervoso examinado. Estes metabólitos observados que pertencem a diversas vias de metabolismo intermediário, são de relevância clínica em condições normais e patológicas (BUCHPIGUEL, 2006). TRATAMENTO FARMACOLÓGICO 26 A DA cursa com redução da função colinérgica central, principalmente em áreas límbicas e temporoparietais. Encontramos degeneração das projeções colinérgicas oriundas do prosencéfalo basal em direção à formação hipocampal, bem como diminuição da atividade da enzima colina-acetiltransferase, responsável pela síntese de acetilcolina. Esta disfunção acomete predominantemente o nível pré-sináptico, com relativa preservação da neurotransmissão pós-sináptica. Essa é a base racional da terapêutica com drogas que aumentam a disponibilidade sináptica de acetilcolina (FORLENZA, 2005). O tratamento pode ser definido em quatro níveis: 1. Terapêutica específica, que tem como objetivo reverter processos fisiopatológicos que conduzem a morte neuronal e a demência; 2. Abordagem profilática, que visa retardar o início da demência e prevenir declínio cognitivo parcial ou provisório; 3. Tratamento sintomático, que visa restaurar, ainda que parcial ou provisório, as capacidades cognitivas, as habilidades funcionais; 4. Terapêutica complementar, que busca o tratamento das manifestações não- cognitivas da demência, como depressão, psicose, agitação psicomotora, distúrbios do sono e agressividade (FORLENZA, 2005). Várias substâncias psicoativas têm sido propostas para preservar ou restabelecer a cognição, o comportamento e as habilidades funcionais do paciente com demência. Entretanto, os efeitos das drogas que estão aprovadas hoje para o tratamento da DA restringem-se ao retardo da evolução natural da doença, permitindo apenas uma melhora temporária do estado funcional do paciente ( FORLENZA, 2005). INIBIDORES DAS COLINESTERASES Os inibidores das colinesterases são as principais drogas hoje licenciadas para o tratamento específico da DA. Seu uso se norteia no pressuposto déficit colinérgico que ocorre na doença, e procura aumentar a disponibilidade sináptica de acetilcolina, através da inibição das suas principais enzimas catalíticas, a ACETIL e a BUTIRILCOLINESTERASE. Possui efeito sintomático discreto sobre a cognição. Podem ser classificados com base na reversibilidade e duração da inibição das colinesterases. (Tabela 1). Tacrina, galantamina e donepezil são inibidores reversíveis da acetilcolinesterase, respectivamente de duração curta, intermediária e longa. Tacrina e rivastigmina inibem também a butirilcolinesterase, o que pode causar um maior número de efeitos colaterais periféricos. 27 A resposta aos inibidores de colinesterases é heterogênea, sendo que alguns pacientes beneficiam-se muito, enquanto outros, muito pouco. Dados mostram que, em estudos controlados por placebo, os benefícios são observados a partir de 12 a 18 semanas, e possivelmente, desaparecem após seis a oito semanas da interrupção do tratamento. (JANN, 1998). Segundo estudos que avaliaram a eficácia dos inibidores, a sua administração em pacientes com DA leve ou moderada resulta em benefícios discretos, porém significativos em relação aos grupos não tratados, sobre o comportamento, a cognição e as capacidades funcionais. Devido à ausência de preditores clínicos ou biológicos de eficácia, justifica-se a prescrição de um inibidor de colinesterase para todos os pacientes com DA leve ou moderada, desde que não haja contra-indicaçõespara o seu uso. É importante tomar a decisão de qual o momento interrompê-las. As drogas devem ser descontinuadas nos seguintes casos: (1) Quando o paciente adere mal ao tratamento; (2) se a deterioração cognitiva mantém-se no mesmo ritmo prévio, após três a seis meses de tratamento; (3) quando há uma acelerada deterioração, depois de um período inicial de estabilização; (4) se, após uma interrupção do tratamento, verifica-se que a droga não está mais proporcionando benefícios. (LOVESTONE et al., 1997) Estudos iniciais com tacrina verificaram sua eficácia em pacientes com DA e iniciaram a terapia de reposição colinérgica. Entretanto, logo foi documentado sua hepatotoxicidade, observada em 30 a 50% dos casos. A dificuldade posológica aliada aos seus efeitos colaterais levaram-na ao desuso. Os inibidores das colinesterases de segunda geração (donepezil, rivastigmina e galantamina) possuem propriedades farmacológicas semelhantes. Sua atuação se dá promovendo aumento da disponibilidade sináptica da acetilcolina em uma janela terapêutica de até 30 a 60%. Os efeitos colaterais destas drogas também são semelhantes, apresentando no geral boa tolerabilidade. Dentre eles descrevem-se náuseas, vômitos, diarréia, anorexia, dispepsia e dor abdominal. No sistema cardiovascular temos síncope, arritmia e bradicardia (FORLENZA, 2005). 28 MEMANTINA O uso da memantina na DA se justifica devido ao seu efeito sobre os receptores glutamaérgicos que também estão alterados na doença. O glutamato é o principal neurotransmissor excitatório cerebral, principalmente em regiões associadas à cognição e à memória. A sua segurança clínica foi demonstrada por meio de estudos clínicos controlados por placebos com mais de 500 pacientes portadores de demência leve ou moderada (PANTEV et al., 1993). A memantina bloqueia os receptores NMDA no estado de repouso e, assim como o magnésio, é deslocado de seu sítio de ligação em condições de ativação fisiológica; por outro lado, não se desprende do receptor na vigencia de ativação patológica. Por isso a descrição de ação neuroprotetora da memantina. (MISZTAL et al., 1996). Os efeitos colaterais mais relatados foram diarréia, vertigens e cefaléia . A absorção da droga no trato gastrointestinal leva ao pico de disponibilidade sérica entre três e oito horas. A eliminação é renal e não interfere com as enzimas do citocromo P450 (JARVIS & FIGGIT, 2003). Em pacientes com DA moderada a grave recebendo doses estáveis de inibidores de anticolinesterase, o tratamento combinado com memantina, é seguro e bem tolerado, bem como pode proporcionar desfechos mais favoráveis nos parâmetros funcionais, cognitivos e comportamentais (TARIOT et al., 2004). OUTRAS ABORDAGENS TERAPÊUTICAS ANTIOXIDANTES Vários estudos demonstraram que o estresse oxidativo, através da formação de radicais livres de oxigênio, pode favorecer a patogenia da DA, assim justificando o emprego de substâncias antioxidantes. Apesar de não proporcionarem melhora objetiva da cognição, podem retardar a evolução natural da doença, exercendo um suposto efeito neuroprotetor. No entanto, faltam estudos comprobatórios quanto ao real benefício da vitamina E na DA (SANO et al., 1997). GINKGO-BILOBA O extrato de ginkgo-biloba, Egb 761, contém glicosídeos de ginkgoflavonas e terpenóides, cuja ação combinada favorece o aporte sanguíneo cerebral por 29 vasodilatação e redução da viscosidade do sangue, além de reduzir a densidade de radicais livres de oxigênio nos tecidos nervosos (LUO, 2001). Estudos clínicos em pacientes com mostraram achados inconstantes. Encontra-se em andamento alguns estudos multicêntricos internacionais para avaliar o efeito do Egb 761 na prevenção de demência do tipo DA. PERSPECTIVAS FUTURAS O desenvolvimento de opções terapêuticas mais eficazes consiste em um dos objetivos mais perseguidos no cenário da pesquisa internacional. Mais do que a terapêutica, necessita-se de drogas capazes de modificar a evolução natural da doença, bem como a sua cura. Diante disto, é importante a compreensão dos mecanismos que levam à morte neuronal. Baseado nisto, surgem novas drogas como o fator de crescimento neuronal, os inibidores da hiperfosforilação da tau, a terapia antiamilóide e a imunoterapia (FORLENZA, 2005). FATOR DE CRESCIMENTO NEURONAL Os neurônios dos núcleos colinérgicos do prosencéfalo basal são sensíveis à ação do fator de crescimento neuronal (NGF), sendo este proposto como estratégia de tratamento para a DA. A nível experimental, observou-se melhora nos padrões de fluxo cerebral após administração intraventricular de NGF em três pacientes. Entretanto alguns efeitos colaterais surgiram como dores intensas e perda de peso (NORDBERG, 2003). TERAPÊUTICA ANTIAMILÓIDE As terapêuticas antiamilóide têm como teoria a hipótese da cascata do amilóide. Sabemos que o acúmulo de β amilóide é um evento precoce e obrigatório na patogênese da DA. Há distrofia neuronal após a deposição de formas tóxicas do peptídeo β amilóide e, logo depois, a formação dos emaranhados neurofibrilares. Além disso, ocorrem reações de estresse oxidativo que levam a conversão das placas senis em placas neuríticas (FORLENZA, 2005). 30 As drogas com esta propriedade antiamilóide ainda estão em fase de experimentação e se agrupam assim: 1. Inibidores da fibrilogênese; 2. Inibidores da formação; 3. Promotores da depuração do β amilóide. Entre os inibidores da fibrilogênese do β amilóide podemos citar o clioquinol e o NC- 531. Essas substâncias reduzem a transformação de formas solúveis do β amilóide em polímeros β – pregueados insolúveis(FORLENZA, 2005). IMUNOTERAPIA Quando SCHENK et al., (1999) descreveram em modelos de camundongos transgênicos o clareamento das placas de β amilóide em tecido cerebral mediado por anticorpos, houve um grande interesse em estratégias imunoterapêuticas. Neste estudo foram selecionados quatro lotes de camundongos transgênicos PDAPP. O primeiro lote recebeu um agente imunogênico derivado da proteína β amilóide humana (Aβ-42) sintética, o segundo foi imunizado com peptídeos derivados da sequência primária do componente amilóide –P sérico (SAP), e o terceiro e quarto lotes foram considerados controles, recebendo solução tampão ou nenhuma substância respectivamente. Os camundongos receberam 11 aplicações em um intervalo de 11 meses. A imunização de animais jovens preveniu o desenvolvimento e a formação de placas β amilóide, distrofia neurítica e astrogliose. Dos nove camundongos imunizados com Aβ-42, incluindo um com baixos títulos de anti-Aβ, sete não apresentaram depósitos detectáveis nas análises cerebrais. A imunização com Aβ-42, além de evitar a deposição de β amilóide nos tecidos, também aumentou o clareamento do β amilóide cerebral. Estudos posteriores, de JANUS et al (2000) e MORGAN et al (2000) descreveram que a imunização ativa com peptídeo β amilóide, em camundongos transgênicos também melhorava o desempenho cognitivo, com reversão do comprometimento de aprendizado e memória. Estes e outros trabalhos impulsionaram a realização do estudo imunogenético em humanos. Alguns dos achados clínico- laboratoriais desse estudo foram apresentados na XIX Conferência Internacional sobre Doença de Alzheimer e desordens relacionadas (Filadélfia, 2004). Os resultados dos testes laboratoriais desse estudo revelaram que apenas 20% dos pacientes imunizados apresentaram resposta imunológica positiva (definida por títulos de anticorpos anti β- amilóide acima de 1:2.200). Nesses indivíduos, observou-se redução das concentrações de proteína tau no LCR, porém sem diferenças em relação aos controles quanto aos 31 títulos liquóricos de Aβ-42. Os parâmetros neuropsicológicosprimários também não foram significativamente diferentes entre pacientes responsivos e controles (GILMAN et al., 2004). Em outros estudos clínicos, mostrou-se que a reatividade intrínseca e células T à antígenos próprios β amilóide existe em muitos indivíduos e aumenta quanto maior a idade. Esses achados podem proporcionar uma nova direção para o desenho de novas vacinas. Os laboratórios farmacêuticos Élan/Wyeth, responsáveis pelo desenvolvimento da imunoterapia com a droga NA-1792, iniciaram recentemente estudo de fase I com base na imunização passiva, onde se administra um anticorpo monoclonal anti β- amilóide (AAB-001), suplantando talvez os efeitos e (riscos) oriundos da ativação imunológica excessiva dos pacientes (FORLENZA, 2005). ASPECTOS PSICOSSOCIAIS EM CUIDADORES E PACIENTES COM DEMÊNCIA Sabemos do grande estresse que acomete os cuidadores bem como os familiares dos pacientes demenciados. Muitas vezes a sobrecarga é superior aos seus limites, ocasionando, muitas vezes desagregação na estrutura familiar. As fases intermediária e tardia constituem verdadeiros desafios aos profissionais devido a heterogeneidade da apresentação em cada caso (FERRETI, 2004). De todas as demências, a de ALZHEIMER é a mais comum. As manifestações não-cognitivas, incluindo os distúrbios comportamentais são eventos que podem interferir dramaticamente na execução das AVDs, levando muitas vezes a casos de institucionalização (GARRE- OLMO et al, 2002; SMITH et al, 2001; FERRETI, 2004,1999). A farmacologia, com o uso dos inibidores de colinesterase, possibilitou a melhora desses quadros, mas há consenso sobre a necessidade da intervenção biopsicossocial no contexto das demências(IPA, 2003; AAN, 2000). Alguns trabalhos têm discutido a eficiência dos grupos de informação e suporte para os cuidadores com demência. Esses estudos salientam que a abordagem não- farmacológica ou a terapia combinada (medicação+ suporte) pode se constituir valiosa aliada para a compreensão – pelo cuidador – do que realmente é demência, e, principalmente de maneira adequada de se lidar com comportamentos diferentes, além de permitir maior autonomia cognitiva e funcional desses pacientes por um maior tempo (BOTTINO et al., 2002; GARRIDO et al, 1999; KAUFER et al., 2002; TERI, 2000). A maior parte dos estudos tem, através da educação dos cuidadores, seu principal subsídio para a melhoria na qualidade de vida desses pacientes e suas famílias. 32 A demência gera frequentemente um sentimento de perda a todos que estão envolvidos no cuidado do paciente. Sendo assim, os profissionais envolvidos com esse tipo de paciente devem sempre estar atentos às suas percepções e a seus sentimentos que podem interferir nas observações das necessidades médicas dos mesmos (FERRETI & BOTTINO, 2006). CONSIDERAÇÕES FINAIS Considerando o maior interesse por parte dos profissionais e da população em geral acerca da DOENÇA DE ALZHEIMER no mundo inteiro, o presente trabalho vem contribuir para o conhecimento e atualização desta patologia tão evidente em nosso meio. 33 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS AMERICAN ACADEMY OF NEUROLOGY – Guidelines for the caregivers. 2000. AIMMINGS JL, MENDEZ, MF. Doença de Alzheimer e outros distúrbios da cognição. In: Cecil RL, Goodman L, Ausiello D. Tratado de Medicina Interna. 22a edição. São Paulo: Editora Elsevier, p. 2636. 2005. ALZHEIMER A. A peculiar disease of the cerebral cortex. Allgemeine Zeitschrift. 64: 146-148, 1907. AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION: Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders.4 ed., Washington, DC: American Psychiatric Association, 1994. APRAHAMIAN I, MARTINELLI JE, YASSUDA MS. Doença de Alzheimer: revisão da epidemiologia e diagnóstico. Rev Bras Clin Med. 7: 27-35, 2009. ASKIN-EDGAS S, WHITI KE, CUMMINGS JL. 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