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1 
 
 
 
 
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 3 
 
 
 
DIREITO CONSTITUCIONAL 
PROF. GUSTAVO BRÍGIDO 
 
 
 
SUMÁRIO 
 
01 – TEORIA GERAL DOS DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS ........................ 5 
02 – DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS NA CONSTITUIÇÃO DE 1988 ........ 11 
03 – DA SEGURANÇA PÚBLICA .................................................................................... 46 
SÚMULAS VINCULANTES ............................................................................................. 54 
E.C. 91 ............................................................................................................................ 56 
100 QUESTÕES DE CONCURSOS ................................................................................. 57 
 
 
 
 
 4 
 
 
 
 
 5 
 
01 – TEORIA GERAL DOS DIREITOS E 
GARANTIAS FUNDAMENTAIS 
CONSTITUIÇÃO FEDERAL 
 
TÍTULO II 
Dos Direitos e Garantias Fundamentais 
CAPÍTULO I 
DOS DIREITOS E DEVERES INDIVIDUAIS E 
COLETIVOS 
 
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção 
de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos 
estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito 
à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à 
propriedade, nos termos seguintes: 
I - homens e mulheres são iguais em direitos e 
obrigações, nos termos desta Constituição; 
II - ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer 
alguma coisa senão em virtude de lei; 
III - ninguém será submetido a tortura nem a 
tratamento desumano ou degradante; 
IV - é livre a manifestação do pensamento, sendo 
vedado o anonimato; 
V - é assegurado o direito de resposta, proporcional 
ao agravo, além da indenização por dano material, moral 
ou à imagem; 
VI - é inviolável a liberdade de consciência e de 
crença, sendo assegurado o livre exercício dos cultos 
religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção aos 
locais de culto e a suas liturgias; 
VII - é assegurada, nos termos da lei, a prestação de 
assistência religiosa nas entidades civis e militares de 
internação coletiva; 
VIII - ninguém será privado de direitos por motivo de 
crença religiosa ou de convicção filosófica ou política, 
salvo se as invocar para eximir-se de obrigação legal a 
todos imposta e recusar-se a cumprir prestação 
alternativa, fixada em lei; 
IX - é livre a expressão da atividade intelectual, 
artística, científica e de comunicação, independentemente 
de censura ou licença; 
X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a 
honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a 
indenização pelo dano material ou moral decorrente de 
sua violação; 
XI - a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém 
nela podendo penetrar sem consentimento do morador, 
salvo em caso de flagrante delito ou desastre, ou para 
prestar socorro, ou, durante o dia, por determinação 
judicial; 
XII - é inviolável o sigilo da correspondência e das 
comunicações telegráficas, de dados e das comunicações 
telefônicas, salvo, no último caso, por ordem judicial, nas 
hipóteses e na forma que a lei estabelecer para fins de 
investigação criminal ou instrução processual penal; 
 XIII - é livre o exercício de qualquer trabalho, ofício 
ou profissão, atendidas as qualificações profissionais que 
a lei estabelecer; 
XIV - é assegurado a todos o acesso à informação e 
resguardado o sigilo da fonte, quando necessário ao 
exercício profissional; 
XV - é livre a locomoção no território nacional em 
tempo de paz, podendo qualquer pessoa, nos termos da 
lei, nele entrar, permanecer ou dele sair com seus bens; 
XVI - todos podem reunir-se pacificamente, sem 
armas, em locais abertos ao público, independentemente 
de autorização, desde que não frustrem outra reunião 
anteriormente convocada para o mesmo local, sendo 
apenas exigido prévio aviso à autoridade competente; 
XVII - é plena a liberdade de associação para fins 
lícitos, vedada a de caráter paramilitar; 
XVIII - a criação de associações e, na forma da lei, a 
de cooperativas independem de autorização, sendo 
vedada a interferência estatal em seu funcionamento; 
XIX - as associações só poderão ser 
compulsoriamente dissolvidas ou ter suas atividades 
suspensas por decisão judicial, exigindo-se, no primeiro 
caso, o trânsito em julgado; 
XX - ninguém poderá ser compelido a associar-se ou 
a permanecer associado; 
XXI - as entidades associativas, quando 
expressamente autorizadas, têm legitimidade para 
representar seus filiados judicial ou extrajudicialmente; 
XXII - é garantido o direito de propriedade; 
XXIII - a propriedade atenderá a sua função social; 
XXIV - a lei estabelecerá o procedimento para 
desapropriação por necessidade ou utilidade pública, ou 
por interesse social, mediante justa e prévia indenização 
em dinheiro, ressalvados os casos previstos nesta 
Constituição; 
XXV - no caso de iminente perigo público, a 
autoridade competente poderá usar de propriedade 
particular, assegurada ao proprietário indenização ulterior, 
se houver dano; 
XXVI - a pequena propriedade rural, assim definida 
em lei, desde que trabalhada pela família, não será objeto 
de penhora para pagamento de débitos decorrentes de 
sua atividade produtiva, dispondo a lei sobre os meios de 
financiar o seu desenvolvimento; 
XXVII - aos autores pertence o direito exclusivo de 
utilização, publicação ou reprodução de suas obras, 
transmissível aos herdeiros pelo tempo que a lei fixar; 
XXVIII - são assegurados, nos termos da lei: 
a) a proteção às participações individuais em obras 
coletivas e à reprodução da imagem e voz humanas, 
inclusive nas atividades desportivas; 
b) o direito de fiscalização do aproveitamento 
econômico das obras que criarem ou de que participarem 
aos criadores, aos intérpretes e às respectivas 
representações sindicais e associativas; 
XXIX - a lei assegurará aos autores de inventos 
industriais privilégio temporário para sua utilização, bem 
como proteção às criações industriais, à propriedade das 
marcas, aos nomes de empresas e a outros signos 
distintivos, tendo em vista o interesse social e o 
desenvolvimento tecnológico e econômico do País; 
XXX - é garantido o direito de herança; 
 
 
 
 
 6 
XXXI - a sucessão de bens de estrangeiros situados 
no País será regulada pela lei brasileira em benefício do 
cônjuge ou dos filhos brasileiros, sempre que não lhes 
seja mais favorável a lei pessoal do "de cujus"; 
XXXII - o Estado promoverá, na forma da lei, a 
defesa do consumidor; 
XXXIII - todos têm direito a receber dos órgãos 
públicos informações de seu interesse particular, ou de 
interesse coletivo ou geral, que serão prestadas no prazo 
da lei, sob pena de responsabilidade, ressalvadas 
aquelas cujo sigilo seja imprescindível à segurança da 
sociedade e do Estado; 
XXXIV - são a todos assegurados, 
independentemente do pagamento de taxas: 
a) o direito de petição aos Poderes Públicos em 
defesa de direitos ou contra ilegalidade ou abuso de 
poder; 
b) a obtenção de certidões em repartições públicas, 
para defesa de direitos e esclarecimento de situações de 
interesse pessoal; 
XXXV - a lei não excluirá da apreciação do Poder 
Judiciário lesão ou ameaça a direito; 
XXXVI - a lei não prejudicará o direito adquirido, o 
ato jurídico perfeito e a coisa julgada; 
XXXVII - não haverá juízo ou tribunal de exceção; 
XXXVIII - é reconhecida a instituição do júri, com a 
organização que lhe der a lei, assegurados: 
a) a plenitude de defesa; 
b) o sigilo das votações; 
c) a soberania dos veredictos; 
d) a competência para o julgamento dos crimes 
dolosos contra a vida; 
XXXIX - não há crime sem lei anterior que o defina, 
nem pena sem prévia cominação legal; 
XL - a lei penal nãoretroagirá, salvo para beneficiar o 
réu; 
XLI - a lei punirá qualquer discriminação atentatória 
dos direitos e liberdades fundamentais; 
XLII - a prática do racismo constitui crime 
inafiançável e imprescritível, sujeito à pena de reclusão, 
nos termos da lei; 
XLIII - a lei considerará crimes inafiançáveis e 
insuscetíveis de graça ou anistia a prática da tortura , o 
tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, o terrorismo 
e os definidos como crimes hediondos, por eles 
respondendo os mandantes, os executores e os que, 
podendo evitá-los, se omitirem; 
XLIV - constitui crime inafiançável e imprescritível a 
ação de grupos armados, civis ou militares, contra a 
ordem constitucional e o Estado Democrático; 
XLV - nenhuma pena passará da pessoa do 
condenado, podendo a obrigação de reparar o dano e a 
decretação do perdimento de bens ser, nos termos da lei, 
estendidas aos sucessores e contra eles executadas, até 
o limite do valor do patrimônio transferido; 
XLVI - a lei regulará a individualização da pena e 
adotará, entre outras, as seguintes: 
a) privação ou restrição da liberdade; 
b) perda de bens; 
c) multa; 
d) prestação social alternativa; 
e) suspensão ou interdição de direitos; 
XLVII - não haverá penas: 
a) de morte, salvo em caso de guerra declarada, nos 
termos do art. 84, XIX; 
b) de caráter perpétuo; 
c) de trabalhos forçados; 
d) de banimento; 
e) cruéis; 
XLVIII - a pena será cumprida em estabelecimentos 
distintos, de acordo com a natureza do delito, a idade e o 
sexo do apenado; 
XLIX - é assegurado aos presos o respeito à 
integridade física e moral; 
L - às presidiárias serão asseguradas condições para 
que possam permanecer com seus filhos durante o 
período de amamentação; 
LI - nenhum brasileiro será extraditado, salvo o 
naturalizado, em caso de crime comum, praticado antes 
da naturalização, ou de comprovado envolvimento em 
tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, na forma da 
lei; 
LII - não será concedida extradição de estrangeiro 
por crime político ou de opinião; 
LIII - ninguém será processado nem sentenciado 
senão pela autoridade competente; 
LIV - ninguém será privado da liberdade ou de seus 
bens sem o devido processo legal; 
LV - aos litigantes, em processo judicial ou 
administrativo, e aos acusados em geral são assegurados 
o contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos 
a ela inerentes; 
LVI - são inadmissíveis, no processo, as provas 
obtidas por meios ilícitos; 
LVII - ninguém será considerado culpado até o 
trânsito em julgado de sentença penal condenatória; 
LVIII - o civilmente identificado não será submetido a 
identificação criminal, salvo nas hipóteses previstas em 
lei; (Regulamento). 
LIX - será admitida ação privada nos crimes de ação 
pública, se esta não for intentada no prazo legal; 
LX - a lei só poderá restringir a publicidade dos atos 
processuais quando a defesa da intimidade ou o interesse 
social o exigirem; 
LXI - ninguém será preso senão em flagrante delito 
ou por ordem escrita e fundamentada de autoridade 
judiciária competente, salvo nos casos de transgressão 
militar ou crime propriamente militar, definidos em lei; 
LXII - a prisão de qualquer pessoa e o local onde se 
encontre serão comunicados imediatamente ao juiz 
competente e à família do preso ou à pessoa por ele 
indicada; 
LXIII - o preso será informado de seus direitos, entre 
os quais o de permanecer calado, sendo-lhe assegurada 
a assistência da família e de advogado; 
 
 
 
 
 7 
LXIV - o preso tem direito à identificação dos 
responsáveis por sua prisão ou por seu interrogatório 
policial; 
LXV - a prisão ilegal será imediatamente relaxada 
pela autoridade judiciária; 
LXVI - ninguém será levado à prisão ou nela 
mantido, quando a lei admitir a liberdade provisória, com 
ou sem fiança; 
LXVII - não haverá prisão civil por dívida, salvo a do 
responsável pelo inadimplemento voluntário e inescusável 
de obrigação alimentícia e a do depositário infiel; 
LXVIII - conceder-se-á habeas corpus sempre que 
alguém sofrer ou se achar ameaçado de sofrer violência 
ou coação em sua liberdade de locomoção, por 
ilegalidade ou abuso de poder; 
LXIX - conceder-se-á mandado de segurança para 
proteger direito líquido e certo, não amparado por habeas 
corpus ou habeas data, quando o responsável pela 
ilegalidade ou abuso de poder for autoridade pública ou 
agente de pessoa jurídica no exercício de atribuições do 
Poder Público; 
LXX - o mandado de segurança coletivo pode ser 
impetrado por: 
a) partido político com representação no Congresso 
Nacional; 
b) organização sindical, entidade de classe ou 
associação legalmente constituída e em funcionamento 
há pelo menos um ano, em defesa dos interesses de seus 
membros ou associados; 
LXXI - conceder-se-á mandado de injunção sempre 
que a falta de norma regulamentadora torne inviável o 
exercício dos direitos e liberdades constitucionais e das 
prerrogativas inerentes à nacionalidade, à soberania e à 
cidadania; 
LXXII - conceder-se-á habeas data: 
a) para assegurar o conhecimento de informações 
relativas à pessoa do impetrante, constantes de registros 
ou bancos de dados de entidades governamentais ou de 
caráter público; 
b) para a retificação de dados, quando não se prefira 
fazê-lo por processo sigiloso, judicial ou administrativo; 
LXXIII - qualquer cidadão é parte legítima para 
propor ação popular que vise a anular ato lesivo ao 
patrimônio público ou de entidade de que o Estado 
participe, à moralidade administrativa, ao meio ambiente e 
ao patrimônio histórico e cultural, ficando o autor, salvo 
comprovada má-fé, isento de custas judiciais e do ônus 
da sucumbência; 
LXXIV - o Estado prestará assistência jurídica 
integral e gratuita aos que comprovarem insuficiência de 
recursos; 
LXXV - o Estado indenizará o condenado por erro 
judiciário, assim como o que ficar preso além do tempo 
fixado na sentença; 
LXXVI - são gratuitos para os reconhecidamente 
pobres, na forma da lei: 
a) o registro civil de nascimento; 
b) a certidão de óbito; 
LXXVII - são gratuitas as ações de habeas corpus e 
habeas data, e, na forma da lei, os atos necessários ao 
exercício da cidadania. 
LXXVIII a todos, no âmbito judicial e administrativo, 
são assegurados a razoável duração do processo e os 
meios que garantam a celeridade de sua tramitação. 
(Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) 
§ 1º As normas definidoras dos direitos e garantias 
fundamentais têm aplicação imediata. 
§ 2º Os direitos e garantias expressos nesta 
Constituição não excluem outros decorrentes do regime e 
dos princípios por ela adotados, ou dos tratados 
internacionais em que a República Federativa do Brasil 
seja parte. 
§ 3º Os tratados e convenções internacionais sobre 
direitos humanos que forem aprovados, em cada Casa do 
Congresso Nacional, em dois turnos, por três quintos dos 
votos dos respectivos membros, serão equivalentes às 
emendas constitucionais. (Incluído pela Emenda 
Constitucional nº 45, de 2004) (Atos aprovados na forma 
deste parágrafo) 
§ 4º O Brasil se submete à jurisdição de Tribunal 
Penal Internacional a cuja criação tenha manifestado 
adesão. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 
2004) 
 
DA SEGURANÇA PÚBLICA 
 
Art. 144. A segurança pública, dever do Estado, 
direito e responsabilidade de todos, é exercida para a 
preservação da ordem pública e da incolumidade das 
pessoas e do patrimônio, através dos seguintes órgãos: 
I - polícia federal; 
II - polícia rodoviária federal; 
III - polícia ferroviária federal; 
IV - polícias civis; 
V - polícias militares e corpos de bombeiros militares. 
§ 1º A polícia federal, instituída por lei como órgão 
permanente, organizado e mantido pelaUnião e 
estruturado em carreira, destina-se a:" (Redação dada 
pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998) 
I - apurar infrações penais contra a ordem política e 
social ou em detrimento de bens, serviços e interesses da 
União ou de suas entidades autárquicas e empresas 
públicas, assim como outras infrações cuja prática tenha 
repercussão interestadual ou internacional e exija 
repressão uniforme, segundo se dispuser em lei; 
II - prevenir e reprimir o tráfico ilícito de 
entorpecentes e drogas afins, o contrabando e o 
descaminho, sem prejuízo da ação fazendária e de outros 
órgãos públicos nas respectivas áreas de competência; 
III - exercer as funções de polícia marítima, 
aeroportuária e de fronteiras; (Redação dada pela 
Emenda Constitucional nº 19, de 1998) 
IV - exercer, com exclusividade, as funções de 
polícia judiciária da União. 
§ 2º A polícia rodoviária federal, órgão permanente, 
organizado e mantido pela União e estruturado em 
carreira, destina-se, na forma da lei, ao patrulhamento 
 
 
 
 
 8 
ostensivo das rodovias federais. (Redação dada pela 
Emenda Constitucional nº 19, de 1998) 
§ 3º A polícia ferroviária federal, órgão permanente, 
organizado e mantido pela União e estruturado em 
carreira, destina-se, na forma da lei, ao patrulhamento 
ostensivo das ferrovias federais. (Redação dada pela 
Emenda Constitucional nº 19, de 1998) 
§ 4º Às polícias civis, dirigidas por delegados de 
polícia de carreira, incumbem, ressalvada a competência 
da União, as funções de polícia judiciária e a apuração de 
infrações penais, exceto as militares. 
§ 5º Às polícias militares cabem a polícia ostensiva e 
a preservação da ordem pública; aos corpos de 
bombeiros militares, além das atribuições definidas em lei, 
incumbe a execução de atividades de defesa civil. 
§ 6º As polícias militares e corpos de bombeiros 
militares, forças auxiliares e reserva do Exército, 
subordinam-se, juntamente com as polícias civis, aos 
Governadores dos Estados, do Distrito Federal e dos 
Territórios. 
§ 7º A lei disciplinará a organização e o 
funcionamento dos órgãos responsáveis pela segurança 
pública, de maneira a garantir a eficiência de suas 
atividades. 
§ 8º Os Municípios poderão constituir guardas 
municipais destinadas à proteção de seus bens, serviços 
e instalações, conforme dispuser a lei. 
§ 9º A remuneração dos servidores policiais 
integrantes dos órgãos relacionados neste artigo será 
fixada na forma do § 4º do art. 39. (Incluído pela Emenda 
Constitucional nº 19, de 1998) 
§ 10. A segurança viária, exercida para a 
preservação da ordem pública e da incolumidade das 
pessoas e do seu patrimônio nas vias públicas: (Incluído 
pela Emenda Constitucional nº 82, de 2014) 
I - compreende a educação, engenharia e 
fiscalização de trânsito, além de outras atividades 
previstas em lei, que assegurem ao cidadão o direito à 
mobilidade urbana eficiente; e (Incluído pela Emenda 
Constitucional nº 82, de 2014) 
II - compete, no âmbito dos Estados, do Distrito 
Federal e dos Municípios, aos respectivos órgãos ou 
entidades executivos e seus agentes de trânsito, 
estruturados em Carreira, na forma da lei. (Incluído pela 
Emenda Constitucional nº 82, de 2014) 
 
Anotações 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
TEORIA GERAL DOS DIREITOS E 
GARANTIAS FUNDAMENTAIS 
1 - ORIGEM DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS: 
A origem dos direitos fundamentais está ligada à 
necessidade de se impor limites à atuação do Estado 
absoluto em favor da liberdade do indivíduo, isto é, de 
impor limites à ingerência do Estado na esfera de 
liberdade do indivíduo. 
Surgiram, então, como normas que exigiam uma 
atuação negativa do Estado (não fazer) em favor da 
liberdade do indivíduo. As normas que consagraram os 
primeiros direitos fundamentais eram, portanto, normas 
negativas, que não exigiam uma atuação positiva do 
Estado (um fazer), mas sim uma atuação negativa, uma 
abstenção (um não fazer) em favor da liberdade 
individual. 
 
2 - EVOLUÇÃO DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS: 
Os direitos fundamentais, em razão do caráter 
histórico que lhe é peculiar, foram conquistados e, 
consequentemente, evoluídos ao longo do tempo, em 
virtude dos diversos movimentos sociais e 
revolucionários. 
Da sua origem até os dias de hoje, os direitos 
fundamentais passaram por uma significativa evolução 
nos diferentes ordenamentos constitucionais. As 
constituições modernas, a partir do século XX, passaram 
a reconhecer novos direitos como fundamentais aos 
indivíduos, em face da evolução da própria idéia de 
constitucionalismo. Com essa evolução, os direitos 
fundamentais deixaram de ter como proteção unicamente 
a liberdade do indivíduo (feição negativa), passando a 
exigir, também, uma atuação positiva do Estado (feição 
positiva). Em reconhecimento a essa evolução, a doutrina 
elaborou uma classificação para os direitos fundamentais, 
a partir do critério cronológico, isto é, levando-se em 
conta o momento em que tais direitos foram reconhecidos 
como fundamentais. 
Num primeiro momento, certos direitos foram 
reconhecidos como fundamentais, recebendo, por isso, a 
denominação de direitos fundamentais de primeira 
dimensão (ou primeira geração); num segundo momento, 
novos direitos foram reconhecidos como fundamentais, 
fazendo surgir, então, os direitos fundamentais de 
segunda dimensão (ou segunda geração) - e assim 
sucessivamente. Assim, os direitos fundamentais podem 
ser classificados em quatro dimensões, isto é, direitos 
fundamentais de primeira, segunda, terceira e quarta 
dimensões. Então vejamos as gerações/dimensões dos 
direitos fundamentais: 
 
A) DIREITOS FUNDAMENTAIS DE PRIMEIRA 
GERAÇÃO: Os direitos fundamentais de primeira 
dimensão foram os primeiros reconhecidos pelos 
ordenamentos constitucionais e marcaram a passagem 
de um Estado autoritário para um Estado de Direito e, 
nesse contexto, o respeito às liberdades individuais, em 
uma verdadeira perspectiva de abstenção estatal. O 
reconhecimento desses direitos surgiu, com maior 
evidência, a partir das primeiras constituições escritas. 
Mencionados direitos dizem respeito às liberdades 
públicas, aos direitos políticos, traduzindo um valor de 
LIBERDADE. Em síntese, possuem as seguintes 
 
 
 
 
 9 
características: a) surgiram nos finais do século XVIII e 
dominaram todo o século XIX; b) surgiram no Estado 
Liberal, em oposição ao Estado Absoluto; c) estão ligados 
ao ideal de liberdade; d) são direitos negativos, que 
exigem uma abstenção do Estado em favor da esfera de 
liberdade do indivíduo; e) correspondem aos direitos civis 
e políticos (direito de locomoção, direito de manifestação, 
direito de propriedade etc.) 
B) DIREITOS FUNDAMENTAIS DE SEGUNDA 
GERAÇÃO: Num segundo momento, os ordenamentos 
constitucionais começaram a expressar a preocupação 
com os desamparados, com a necessidade de se 
assegurar o mínimo de igualdade entre os homens, 
fazendo nascer a segunda dimensão de direitos 
fundamentais, que têm as seguintes características: a) 
surgiram no início do século XX (note-se que durante todo 
o século XIX tivemos, apenas, os direitos fundamentais 
de primeira dimensão); b) surgiram no Estado social, em 
oposição ao Estado liberal; c) estão ligados ao ideal de 
igualdade; d) são direitos positivos, que passaram a exigir 
uma atuação positiva do Estado, no sentido de assegurar 
o mínimo de igualdade entre os homens (importantíssimo 
este aspecto: os direitos fundamentais passaram a ter 
uma feição positiva a partir da segunda dimensão); e) 
correspondem aos direitos sociais, culturais e econômicos 
(direito a condições mínimas de trabalho, à previdência e 
assistência social, à habitação, ao lazer, a um salário que 
assegure o mínimo de dignidade ao homem, à 
sindicalização e à greve dos trabalhadoresetc.). Mas 
atenção: os direitos fundamentais de segunda dimensão 
são, de fato, direitos tipicamente de caráter positivo, isto 
é, exigem uma atuação positiva do Estado, em favor dos 
desamparados. Entretanto, não se pode afirmar que todos 
os direitos de segunda dimensão são de índole positiva, 
pois temos alguns direitos sociais que são de natureza 
negativa, como o direito de sindicalização e de greve dos 
trabalhadores (CF, artigos 8º e 9º, respectivamente). 
Como se observa, os direitos conquistados com a 2ª 
geração correspondem aos direitos de IGUALDADE. 
C) DIREITOS FUNDAMENTAIS DE 3ª GERAÇÃO: Num 
terceiro momento, foi despertada a preocupação com os 
bens jurídicos da coletividade, com os denominados 
―interesses difusos‖ 
(pertencentes a um grupo indeterminado de pessoas), 
nascendo, então, os direitos fundamentais de terceira 
dimensão, que têm as seguintes características:a) 
surgiram no século XX; b) estão ligados ao ideal de 
fraternidade, de solidariedade que deve nortear o convívio 
dos diferentes povos em defesa dos bens da coletividade 
(aspecto importantíssimo este: na terceira dimensão, a 
preocupação deixa de ser com os bens jurídicos da 
pessoa humana individualmente considerada, e passa a 
ser com os bens coletivos, com os interesses difusos); 
são direitos positivos, a exigir do Estado e dos diferentes 
povos uma firme atuação no tocante à preservação dos 
bens de interesse coletivo; d) correspondem ao direito de 
preservação do meio ambiente, da paz e do progresso da 
humanidade, do patrimônio histórico e cultural etc. Como 
se observa, os direitos conquistas com a 3ª geração 
correspondem aos valores decorrentes à 
FRATERNIDADE. 
Obs.: alguns renomados Juristas sustentam a existência 
da 4ª e 5ª dimensão dos direitos fundamentais. Dentre 
eles, destacamos Paulo Bonavidos e Ingo Sarlet. 
Segundo a orientação desses autores, na 4ª dimensão 
dos direitos fundamentais, destaca-se a proteção da 
evolução científica, principalmente na proteção 
engenharia genética, por colocaram risco a própria 
existência humana, por meio da manipulação do 
patrimônio genético. Já a 5ª dimensão , destaca-se o 
direito à paz. 
A doutrina atual prefere utilizar a expressão 
―dimensões dos direitos fundamentais‖, no sentido de que 
uma ―nova dimensão‖ não abandonaria as conquistas da 
―dimensão‖ anterior. Sobre esse aspecto, um ótimo 
exemplo, é o direito de propriedade, senão vejamos: 
 
EXEMPLO: (a) o direito de propriedade é típico direito 
fundamental de primeira dimensão, reconhecido como tal 
no Estado liberal, de índole eminentemente individualista, 
privatística; logo, no seu surgimento o direito de 
propriedade tinha uma feição estritamente privada, sem 
nenhuma consideração ou preocupação de ordem social; 
(b) com o surgimento dos direitos fundamentais de 
segunda dimensão, no Estado social, o direito de 
propriedade perdeu a sua feição estritamente privada e 
ganhou contornos sociais, vale dizer, a propriedade 
passou a ser considerada legítima apenas quando 
cumprida a sua função social (a nossa própria 
Constituição Federal de 1988 é exemplo disso, visto que 
estabelece que a propriedade deverá atender a sua 
função social e, no caso do não atendimento dessa 
função social, autoriza a desapropriação – art. 5º, incisos 
XXIII e XXIV); (c) com o surgimento dos direitos 
fundamentais de terceira dimensão, a propriedade, além 
de cumprir com sua função social, deverá levar em conta 
a preservação do meio ambiente, vale dizer, o titular da 
propriedade terá que respeitar as leis de proteção 
ambiental. Anote-se que a cada nova geração o direito de 
propriedade foi passando por uma mudança qualitativa, 
alterando o alcance do seu conteúdo. 
1.3 - CARACTERÍSTICAS DOS DIREITOS 
FUNDAMENTAIS: 
Os direitos fundamentais dotam das seguintes 
características: 
 
a) HISTORICIDADE: possuem caráter histórico, 
passando por diversas revoluções e movimentos 
sociais que batalhavam pela sua concretização, e 
chegando aos dias atuais. Como exemplo que pode 
ilustrar essa característica, temos a conquista do 
direito de voto pelas mulheres, e, mais recentemente, 
a liberação da marcha da maconha. 
b) UNIVERSALIDADE: os direitos fundamentais se 
destinam, sem discriminação, a todos os seres 
humanos, inclusive às pessoas jurídicas, como 
empresas, indústrias etc. A título de exemplo, o artigo 
5º da Constituição Federal observa o caráter 
universal dos direitos fundamentais, mencionando, 
com efeito, que os direitos lá elencados estão 
garantidos a todos, seja brasileiros e aos 
estrangeiros. 
 
 
 
 
 10 
c) RELATIVIDADE: os direitos fundamentais não são 
absolutos, havendo, muitas vezes, no caso concreto, 
confronto, conflito de interesses, que, muitas vezes, 
deverá ser decidido pelo Poder Público, 
principalmente, pelo Poder Judiciário, já que sua 
função típica é solucionar os conflitos. Observe que a 
própria Constituição Federal, em diversos artigos, faz 
menção que os direitos fundamentais lá estampados, 
são relativos. Como exemplo, mencionamos o direito 
à vida, que é excepcionado com a pena de morte, em 
casos de guerra declarada. Outro exemplo é o direito 
de propriedade e a possibilidade do Poder Público 
desapropriar. 
d) IRRENUNCIABILIDADE: os direitos fundamentais, 
por serem inerentes a qualidade da pessoa humana, 
não podem, em regra, ser renunciados. É dizer: o 
indivíduo não dispõe do poder de renunciar, de 
afastar direitos fundamentais que lhe foram 
outorgados pela Constituição. Entretanto, 
excepcionalmente, diante de um caso concreto, 
admite-se a renúncia temporária a direito 
fundamental. Um bom exemplo de situação em que, 
diante de um caso concreto, o indivíduo renuncia 
legitimamente a direito fundamental seu é o que 
ocorre nos programas de televisão conhecidos como 
reality show (caso do BIG BROTHER BRASIL, da 
Rede Globo), nos quais o indivíduo renuncia 
temporariamente ao seu direito de inviolabilidade da 
privacidade/intimidade no intuito de participar da 
competição e abocanhar os prêmios oferecidos. 
e) INALIENABILIDADE/INDISPONIBILIDADE: os 
direitos fundamentais não podem ser dispostos, nem 
mesmo alienados por um valor econômico. Exemplo: 
a vedação da venda de órgãos humanos. 
f) IMPRESCRITIBILIDADE: os direitos fundamentais 
perduram por todo o tempo, não se submetendo aos 
efeitos da prescrição temporal. 
g) INCIDÊNCIA HORIZONTAL E VERTICAL: Conforme 
estudamos, os direitos fundamentais, na sua origem, 
tinham por fim estabelecer limites à atuação do 
Estado absoluto em favor da liberdade do indivíduo. 
Os direitos fundamentais regulavam, portanto, uma 
relação entre o Estado e o indivíduo. E as relações 
entre particulares, são alcançadas pelos direitos 
fundamentais? Ou será que no meio privado, nas 
relações privadas, prevalece a autonomia da vontade 
das partes, não tendo aplicação os direitos 
fundamentais? Os particulares, na celebração de 
negócios privados, estão vinculados pelos direitos 
fundamentais, ou podem livremente afastá-los ? No 
constitucionalismo contemporâneo, o entendimento é 
de que os direitos fundamentais obrigam também as 
relações entre particulares. Não podem os 
particulares, com amparo no princípio da autonomia 
da vontade (que rege a celebração dos negócios 
privados), afastar livremente os direitos fundamentais. 
 
 
h) ENUMERAÇÃO NÃO EXAUSTIVA: A enumeração 
constitucional dos direitos fundamentais não é 
limitativa, exaustiva (numerus clausus). O texto 
constitucional estabelece um mínimo de direitos, mas 
permite que outros direitos fundamentais sejam 
estabelecidos pelo legislador, desde que não 
contrariem princípios já estabelecidos pela 
Constituição Federal. É o que nos esclarece o § 2º do 
art. 5º da Constituição Federal, nos termos seguintes: 
―Os direitos e garantias expressos nesta Constituiçãonão excluem outros decorrentes do regime e dos 
princípios por ela adotados, ou dos tratados 
internacionais em que a República Federativa do 
Brasil seja parte.‖ Significa dizer que além dos 
direitos fundamentais já previstos na Constituição 
Federal, outras normas (emendas constitucionais e 
normas infraconstitucionais, tais como leis, tratados 
internacionais etc.) poderão estabelecer novos 
direitos fundamentais, desde que não contrariem o 
regime e os princípios adotados pela Constituição 
Federal. Nada impede, por exemplo, que um tratado 
internacional ou a Constituição de um Estado-
membro criem novos direitos fundamentais para os 
brasileiros, desde que esses não contrariem o regime 
e os princípios adotados pela Constituição Federal. 
i) APLICABILIDADE IMEDIATA: Determina a 
Constituição Federal que as normas definidoras dos 
direitos E garantias fundamentais têm aplicabilidade 
imediata (CF, art. 5º, § 1º).Certamente pretendeu o 
legislador constituinte outorgar a maior eficácia 
possível aos direitos fundamentais, fazendo questão 
de deixar expressa determinação nesse sentido. 
Entretanto, nem todos os direitos fundamentais 
previstos na nossa Constituição são normas de 
aplicabilidade imediata (eficácia plena), visto que já 
se reconheceu a necessidade de regulamentação de 
certos direitos fundamentais para a produção de seus 
plenos efeitos, isto é, já se reconheceu a existência 
de direitos fundamentais que são, na verdade, 
normas de eficácia limitada (dependentes de 
regulamentação para viabilizar o exercício do direito 
nelas previsto). Como exemplos típicos de normas 
definidoras de direitos fundamentais de eficácia 
limitada, dependentes de regulamentação por lei para 
a produção de seus plenos efeitos, temos o art. 7º, 
XX e XXVII da Constituição Federal. Portanto, temos 
o seguinte: (a) em regra, as normas que definem 
direitos fundamentais são de aplicabilidade imediata 
(eficácia plena); (b) porém, nem todos os direitos 
fundamentais são dotados de aplicabilidade imediata 
(eficácia plena), visto que alguns estão previstos em 
normas de eficácia limitada, dependentes de 
regulamentação por lei para a produção de seus 
plenos efeitos. 
Anotações 
 
 
 
 
 
 
 
 
 11 
2. Direitos e Garantias Fundamentais na 
Constituição Federal de 1988 
1 - ABRANGÊNCIA DOS DIREITOS E GARANTIAS: 
O art. 5º da Constituição Federal estabelece que 
―todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer 
natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros 
residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à 
liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos 
termo de seus 78 incisos e parágrafos. 
Trata-se de um rol de direitos fundamentais 
meramente exemplificativos, na medida em que o 
Supremo Tribunal Federal já se manifestou que os 
direitos individuais fundamentais não se restringem ao 
artigo 5º da CF, podendo ser encontrados espalhados ao 
longo de todo o texto constitucional, sejam expressos ou 
decorrentes do regime e dos princípios adotados pela 
Constituição, ou, ainda, decorrentes dos tratados e 
convenções internacionais de que o Brasil seja parte. 
 
2 - DESTINATÁRIOS DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS: 
Os direitos fundamentais surgiram tendo como 
destinatários (ou titulares) as pessoas naturais. 
Com o passar do tempo, os ordenamentos 
constitucionais passaram a reconhecer direitos 
fundamentais, também, às pessoas jurídicas. 
Aspecto interessante, decorrente da evolução dos 
direitos fundamentais, é o fato do próprio Estado passar a 
ser considerado, também, como titular dos direitos 
fundamentais. Ora, como se viu, os direitos fundamentais 
surgiram com a intenção de impor determinados limites à 
atividade estatal; nos dias atuais, em certas 
circunstâncias, o próprio Estado pode ser titular de 
direitos fundamentais. 
Em síntese, os destinatários dos direitos 
fundamentais devem ser definidos a luz do principio da 
universalidade. Contudo, isso não significa que todos os 
direitos fundamentais podem ser usufruídos por todos os 
titulares apontados acima (pessoas naturais, pessoas 
jurídicas e pessoas estatais). Assim, na nossa 
Constituição Federal de 1988, temos direitos 
fundamentais igualmente voltados para as pessoas 
naturais, jurídicas e estatais (direito de propriedade, por 
exemplo – art. 5º, XXII); temos direitos fundamentais 
extensíveis às pessoas naturais e às pessoas jurídicas 
(assistência jurídica gratuita e integral, por exemplo – art. 
5º, LXXIV); temos direitos fundamentais exclusivamente 
voltados para a pessoa natural (direito de locomoção, por 
exemplo – art. 5º, XV); temos direitos fundamentais 
restritos aos cidadãos (ação popular, por exemplo – art. 
5º, LXXIII); temos direitos fundamentais voltados 
exclusivamente para a pessoa jurídica (direito de 
existência das associações, direitos fundamentais dos 
partidos políticos – art. 5º, XIX, e art. 17, 
respectivamente); direitos fundamentais voltados 
exclusivamente para o Estado (direito de requisição 
administrativa, por exemplo – art. 5º, XXV). 
O art. 5º da CF faz referência expressa somente a 
brasileiros e estrangeiros residentes no País. Contudo, a 
estes destinatários expressos, conforme a jurisprudência 
do STF devem ser acrescentados, como destinatários dos 
direitos fundamentais, os estrangeiros não residentes 
(p.ex.: turista), os apátridas e as pessoas jurídicas. 
Nesse sentido, um estrangeiro turista, ou que 
estivesse apenas de passagem pelo território brasileiro e 
fosse ilegalmente preso, poderia impetrar um habeas 
corpus para proteger seu direito de locomoção. 
 
3 - APLICAÇÃO DAS NORMAS DE DIREITOS E 
GARANTIAS FUNDAMENTAIS: 
Nos termos do artigo 5º, §1º da Constituição Federal, 
as normas que definem os direitos e garantias 
fundamentais têm aplicação imediata. 
 
4 - DOS DIREITOS INDIVIDUAIS E COLETIVOS (ART. 
5º DA CF): 
4.1 - DIREITO À VIDA 
O direito à vida, previsto de forma ampla no artigo 5º, 
caput, abrange tanto o direito de nascer, de continuar 
vivo, como também o direito de ter uma vida digna. 
Em decorrência de seu primeiro desdobramento, 
encontramos à proibição da pena de morte, salvo em 
caso de guerra declarada, nos termos do artigo 84, inciso 
XIX da CF. O segundo desdobramento, ou seja, o direito 
a uma vida digna, garantindo-se as necessidades vitais 
básicas do ser humano e proibindo qualquer tratamento 
indigno, como a prática de tortura, penas de caráter 
perpétuo, trabalhos forçados, cruéis etc. 
 
 STF E O DIREIRO À VIDA: 
A) STF – DESCRMINALIZAÇÃO DO ABORTO – FETO 
ANENCÉFALO: Um dos grandes temas que foi julgado 
recentemente pelo STF, em decorrência da ADPF 54, é a 
possibilidade antecipação do parto quando clinicamente 
comprovado que o feto é anencéfalo, não constituindo, 
portanto, em crime de aborto. 
B) STF – CONSTITUCIONALIDADE DA LEI DE 
BIOSSEGURANÇA - PESQUISAS COM CÉLULAS-
TRONCO: conforme o julgamento da AD 3.510 em que se 
questionava a constitucionalidade do artigo 5º da Lei 
11.105/05 (Lei de Biossegurança), o STF decidiu pela 
possibilidade de pesquisas com células troncos 
embrionárias. 
4.2 – PRINCÍPIO DA IGUALDADE: 
I - homens e mulheres são iguais em direitos e 
obrigações, nos termos desta Constituição; 
O princípio da igualdade (ou isonomia), base de um 
Estado democrático de Direito, está previsto em diversos 
dispositivos constitucionais, determinando a necessidade 
de tratamento igualitário nas mais diferentes situações 
(art. 3º, I, III e IV; art. 4º, VIII; art. 5º, caput, I, XLI e XLII; 
art. 7º, XX, XXX, XXXI, XXXII, XXXIII e XXXIV; art. 12, §2, 
§3; art 14, caput; art. 19, III; art. 23, II e X; art. 24, XIV; art. 
37, I e VIII; art. 43, caput; art. 150, II; art. 203, IV e V; art. 
206, I; art. 208, III; art. 226, §5; art. 231, §2 etc.). 
Em outras, é o próprio constituinteque estabelece as 
desigualdades, por exemplo, em relação à igualdade 
entre homens e mulheres em direitos e obrigações, nos 
 
 
 
 
 12 
termos da Constituição, destacando-se as seguintes 
diferenciações: art. 5º, L (condições às presidiárias para 
que possam amamentar e permanecer com os seus filos 
durante o período de amamentação); art. 7, XVIII e XIX 
(licença maternidade e licença paternidade); art. 143, §1º 
e §2º (serviço militar obrigatório); arts. 201, §7º, I e II; art. 
201, §8º; art. 40 (regras de aposentadoria) 
O princípio da igualdade obriga o legislador (no 
momento da edição da lei), o aplicador do direito (no 
momento da aplicação da lei aos casos concretos) e 
também o particular (na celebração de negócios 
privados). Na repetição do princípio da isonomia, 
preocupou-se o legislador não só com a igualdade 
meramente formal (perante a lei), mas também com a 
igualdade material, prescrevendo vedações materiais em 
razão de critérios inadmissíveis pelo Direito, como é bom 
exemplo o disposto no art. 7º, XXX a XXXIII (aqui, nesses 
dispositivos, não se está assegurando, apenas, a 
igualdade perante a lei – formal -, mas sim vedando 
práticas materiais atentatórias da igualdade, em razão de 
critérios tais como raça, cor, idade, sexo etc.). 
Porém, importante lembrar que o princípio da 
igualdade ―não é cego‖, vale dizer, não tem por fim 
estabelecer um tratamento igualitário entre os indivíduos 
sem se atentar para as desigualdades existentes entre 
esses. 
É por essa razão que é sempre lembrada a máxima: 
―alcança-se a verdadeira igualdade conferindo tratamento 
igualitário aos iguais e tratamento desigual para os 
desiguais‖. Assim, o princípio da igualdade não veda 
tratamento diferenciado entre pessoas que guardem 
distinções de raça, de idade, de sexo, de condição 
econômica etc., desde que haja justificativas razoáveis 
para o estabelecimento da distinção (note-se, aqui, a 
aplicação do princípio da razoabilidade, como limite à 
imposição de restrições ao princípio constitucional da 
igualdade; enfim, o princípio constitucional da igualdade 
pode sofrer restrições no tocante à cor, à raça, à idade 
etc., desde que tais restrições sejam razoáveis, isto é, 
desde que sejam necessárias, adequadas e na medida 
certa). Por exemplo: em concursos públicos são admitidas 
restrições impostas por lei, que venham estabelecer 
tratamento diferenciado entre os candidatos, desde que 
as atribuições do cargo justifiquem a discriminação 
(estabelecimento de idade máxima para o ingresso no 
cargo de agente de polícia; abertura de concurso público 
somente para as mulheres, para o cargo de agente 
penitenciário numa prisão feminina etc.). 
Importante destacar que essas restrições devem ser 
estabelecidas em lei, e não somente no edital do concurso, 
pois editais de concurso e atos administrativos em geral 
(decretos, portarias etc.) não dispõem de competência para 
impor restrições a direito previsto na Constituição. 
Outro relevante entendimento do STF: o princípio da 
isonomia não autoriza a extensão de vantagem pelo 
Poder Judiciário à categoria não contemplada pelo 
legislador. Assim, se a lei concede vantagem à categoria 
―A‖ de servidores públicos e não a concede à categoria 
―B‖, não pode o Poder Judiciário estender tal vantagem 
aos servidores da categoria ―B‖, ainda que eles estejam 
sob condição de isonomia em relação aos servidores da 
categoria ―A‖. 
Segundo o STF, a determinação dessa medida pelo 
Poder Judiciário implicaria ofensa ao princípio da 
separação dos Poderes, que impede o Poder Judiciário 
de legislar positivamente, criando benefício não 
pretendido pelo legislador. Observe que, a partir dessa 
orientação do STF, no tocante à vantagem, o princípio da 
isonomia passou a ter, no Brasil, feição meramente 
negativa, isto é, pode-se conseguir, com fundamento na 
isonomia, suprimir vantagem de outrem (feição negativa), 
mas nunca estendê-la a terceiro (feição positiva). 
Por fim, outra questão bastante atua está relacionada 
às ações afirmativas adotadas pelo Poder Público, em 
estabelecer medidas legais de compensação para grupos 
reconhecidamente marginalizados pela história. A título 
de exemplo, mencionamos as políticas de cotas adotadas 
nas universidades, reservando um determinado número 
de vagas para oriundos de determinada raça. 
 
 STF E O PRINCÍPIO DA IGUALDADE: 
A) STF - CONSTITUCIONALIDADE DAS POLÍTICAS DE 
COTAS – UNB: O Plenário do Supremo Tribunal Federal 
(STF) considerou constitucional a política de cotas étnico-
raciais para seleção de estudantes da Universidade de 
Brasília (UnB). Por unanimidade, os ministros julgaram 
improcedente a Arguição de Descumprimento de Preceito 
Fundamental (ADPF) 186, ajuizada na Corte pelo Partido 
Democratas (DEM). o relator afirmou que as políticas de 
ação afirmativa adotadas pela UnB estabelecem um 
ambiente acadêmico plural e diversificado, e têm o 
objetivo de superar distorções sociais historicamente 
consolidadas. Além disso, segundo ele, os meios 
empregados e os fins perseguidos pela UnB são 
marcados pela proporcionalidade, razoabilidade e as 
políticas são transitórias, com a revisão periódica de seus 
resultados. ―No caso da Universidade de Brasília, a 
reserva de 20% de suas vagas para estudante negros e 
‗de um pequeno número delas‘ para índios de todos os 
Estados brasileiros pelo prazo de 10 anos constitui, a meu 
ver, providência adequada e proporcional ao atingimento 
dos mencionados desideratos. A política de ação 
afirmativa adotada pela Universidade de Brasília não se 
mostra desproporcional ou irrazoável, afigurando-se 
também sob esse ângulo compatível com os valores e 
princípios da Constituição‖, afirmou o ministro 
Lewandowski. 
B) STF – REMUNERAÇÃO INFERIOR AO SALÁRIO 
MÍNIMO: Não viola a Constituição o estabelecimento de 
remuneração inferior ao salário mínimo para as praças 
prestadoras de serviço militar inicial.‖ (Súmula Vinculante nº 6) 
C) STF – LIMITE DE IDADE PARA INSCRIÇÃO EM 
CONCURSO PÚBLICO: "O limite de idade para a 
inscrição em concurso público só se legitima em face do 
art. 7º, XXX, da Constituição, quando possa ser justificado 
pela natureza das atribuições do cargo a ser preenchido." 
(Súmula 683.) 
D) STF – FORO PRIVILEGIADO PARA A MULHER NA 
AÇÃO DE DIVÓRCIO: ―O inciso I do art. 100 do CPC, 
com redação dada pela Lei 6.515/1977, foi recepcionado 
pela CF de 1988. O foro especial para a mulher nas ações 
de separação judicial e de conversão da separação judicial 
em divórcio não ofende o princípio da isonomia entre 
homens e mulheres ou da igualdade entre os cônjuges.‖ 
(RE 227.114, Rel. Min. Joaquim Barbosa, julgamento em 
14-12-2011, Segunda Turma, DJE de 22-11-2012.) 
 
 
 
 
 13 
4.3 – PRINCÍPIO DA LEGALIDADE (ART. 5º, II DA CF): 
II - ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer 
alguma coisa senão em virtude de lei; 
Num Estado democrático de direito, todos se 
submetem à observância da lei, isto é, tanto a atuação 
dos particulares quanto a dos agentes estatais deverão 
seguir as prescrições da lei. É no tocante à necessidade 
observância da lei no Estado brasileiro que merecem 
destaque os princípios da legalidade e da reserva legal. 
O princípio da legalidade determina que ninguém será 
obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em 
virtude de lei (art. 5º, II). O vocábulo ―lei‖, no tocante ao 
princípio da legalidade, deve ser entendido no sentido 
amplo, alcançando não só a lei em sentido estrito (lei formal, 
aprovada pelos Poderes Legislativo e Executivo segundo o 
processo legislativo constitucional), mas também outras 
normas jurídicas previstas no nosso ordenamento (leis em 
geral, decretos legislativos, resoluções, decretos do Chefe 
do Executivo, portarias, instruções normativas etc.). Em 
verdade, a prescrição doprincípio da legalidade é a 
seguinte: ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer 
alguma coisa senão em virtude de norma jurídica, 
legitimamente editada no Estado brasileiro. 
O princípio da reserva legal tem sentido estrito, 
significando afirmar que determinada matéria só pode ser 
disciplinada por lei em sentido formal (aprovada pelos 
Poderes Legislativo e Executivo, segundo o processo 
legislativo constitucional) ou por ato normativo que tenha 
força de lei (como a medida provisória, por exemplo). 
Desse modo, temos o princípio da reserva legal quando a 
Constituição Federal determina que determinada matéria 
só possa ser disciplinada por lei em lei estrito (lei 
ordinária, lei complementar, lei delegada, medida 
provisória ou emenda constitucional). 
Um bom exemplo para ilustrar o princípio da reserva 
legal é o art. 5º, XII, da Constituição Federal, que 
estabelece a possibilidade de violação das comunicações 
telefônicas ―nas hipóteses e na forma que a lei 
estabelecer‖. Note-se que, neste caso, não é qualquer 
norma jurídica que poderá estabelecer as hipóteses e a 
forma em que a inviolabilidade das comunicações 
telefônicas poderá ser afastada. Atos normativos 
infralegais – decreto, regulamentos etc. – não poderão 
tratar dessa matéria, por força da reserva legal. 
Resumindo: o princípio da legalidade tem alcance 
mais amplo, porém menor densidade (pode ser satisfeito 
por normas jurídicas em geral); o princípio da reserva 
legal tem alcance restrito, porém maior densidade (só 
pode ser satisfeito por lei formal ou atos normativos com 
força de lei). 
 
 STF E O PRINCÍPIO DA LEGALIDADE: 
A) STF – EXAME PSICOTÉCNICO: "Só por lei se pode 
sujeitar a exame psicotécnico a habilitação de candidato a 
cargo público." (Súmula 686.) 
4.4 – PROIBIÇÃO DA TORTURA (ART. 5º, III DA CF): 
III - ninguém será submetido a tortura nem a 
tratamento desumano ou degradante; 
Ninguém será submetido a tortura nem a tratamento 
desumano ou degradante, sendo que a lei considerará 
crime inafiançável a prática da tortura (art. 5º, XLIII). Com 
efeito, a lei 9.455/97 criminalizou as condutas 
consistentes na prática de tortura. 
 
 STF E A PROTEÇÃO DA TORTURA: 
A) USO DE ALGEMAS: ―Só é lícito o uso de algemas em 
casos de resistência e de fundado receio de fuga ou de 
perigo à integridade física própria ou alheia, por parte do 
preso ou de terceiros, justificada a excepcionalidade por 
escrito, sob pena de responsabilidade disciplinar, civil e 
penal do agente ou da autoridade e de nulidade da prisão 
ou do ato processual a que se refere, sem prejuízo da 
responsabilidade civil do Estado.‖ (Súmula Vinculante 11.) 
B) USO DE ALGEMAS EM AUDIÊNCIA: ―O uso de 
algemas durante audiência de instrução e julgamento 
pode ser determinado pelo magistrado quando presentes, 
de maneira concreta, riscos a segurança do acusado ou 
das pessoas ao ato presentes.‖ (Rcl 9.468-AgR, Rel. Min. 
Ricardo Lewandowski, julgamento em 24-3-2011, 
Plenário, DJE de 11-4-2011.) 
4.5 – LIBERDADE DE MANIFESTAÇÃO DE 
PENSAMENTO (ART. 5º, IV E V DA CF) 
IV - é livre a manifestação do pensamento, sendo 
vedado o anonimato; 
A Constituição assegurou a liberdade de 
manifestação do pensamento, vedando o anonimato. 
Importante observar que o exercício desse direito não é 
absoluto, de sorte que a manifestação de pensamento 
que cause algum dano a outro, seja de ordem material, 
moral ou à imagem, assegura-se o direito de resposta, 
proporcional ao agravo, além da indenização. 
A liberdade de pensamento consiste no direito de 
expressar, por qualquer meio ou forma existente, 
opiniões, pensamentos ou ideais particulares em matéria 
de arte, ciência, política, religião ou qualquer outra 
atividade humana, desde que seja público o nome do 
autor do pensamento. 
 
 STF E A LIBERDADE DE MANIFESTAÇÃO DE 
PENSAMENTO: 
A) DELAÇÃO ANÔNIMA (DELAÇÃO APÓCRIFA): O 
STF entende não ser possível a utilização de uma notícia 
crime anônima para a instauração do procedimento 
investigatório, por violar a vedação ao anonimato, prevista 
no art. 5º, IV. Em outras palavras, o ato de delatar que 
alguém praticou um crime, sem se identificar, não é 
suficiente para autorizar a instauração do inquérito 
policial. Nada impede, contudo, que a Polícia, após ter 
sido provado por delação anônima, adote medidas 
informais de investigação, discretas, destinadas a apurar 
se a delação anônima possui respaldo na realidade dos 
fatos. Só apenas com essas novas provas, que somadas 
a delação anônima, poderá ser instaurado o procedimento 
formal de investigação – inquérito policial ou termo 
circunstanciado de ocorrência. 
 
 
 
 
 14 
B) MARCHA DA MACONHA: O STF (15/06/2011 – 
julgamento da ADPF 187) entendeu ser legítimo o 
movimento de legalização do uso da maconha, com 
respaldo nos direitos fundamentais de livre manifestação 
de pensamento e de reunião, assegurando-se, ainda, o 
direito das minorias. De acordo com o entendimento do 
STF, ―a mera proposta de discriminalização de 
determinado ilícito penal não só confundiria com ato de 
incitação à prática do crime, nem com o de apologia a fato 
criminoso. Assim, a defesa, em espaços públicos, da 
legalização das drogas ou de proposta abolicionista a 
outro tipo penal, não significa ilícito penal, mas, ao 
contrário, representaria o exercício legítimo do direito à 
livre manifestação do pensamento, e do direito de 
reunião. 
C) INCONSTITUCIONALIDADE DA LEI DE IMPRENSA: 
Conforme o STF, o jornalismo é uma profissão 
diferenciada por sua estreita vinculação ao pleno 
exercício das liberdades de expressão e de informação. O 
jornalismo e a liberdade de expressão, portanto, são 
atividades que estão imbricadas por sua própria natureza 
e não podem ser pensadas e tratadas de forma separada. 
Isso implica, logicamente, que a interpretação do art. 5º, 
XIII, da Constituição, na hipótese da profissão de 
jornalista, se faça, impreterivelmente, em conjunto com os 
preceitos do art. 5º, IV, IX, XIV, e do art. 220, da 
Constituição, que asseguram as liberdades de expressão, 
de informação e de comunicação em geral. (...) No campo 
da profissão de jornalista, não há espaço para a 
regulação estatal quanto às qualificações profissionais. O 
art. 5º, IV, IX, XIV, e o art. 220 não autorizam o controle, 
por parte do Estado, quanto ao acesso e exercício da 
profissão de jornalista. Qualquer tipo de controle desse 
tipo, que interfira na liberdade profissional no momento do 
próprio acesso à atividade jornalística, configura, ao fim e 
ao cabo, controle prévio que, em verdade, caracteriza 
censura prévia das liberdades de expressão e de 
informação, expressamente vedada pelo art. 5º, IX, da 
Constituição. A impossibilidade do estabelecimento de 
controles estatais sobre a profissão jornalística leva à 
conclusão de que não pode o Estado criar uma ordem ou 
um conselho profissional (autarquia) para a fiscalização 
desse tipo de profissão. (RE 511.961, Rel. Min. Gilmar 
Mendes, julgamento em 17-6-2009, Plenário, DJE de 13-
11-2009.) 
Em síntese, o referido direito deverá ser exercido de 
forma responsável, proporcional, harmonizando-se com a 
honra, a privacidade e a intimidade da pessoa humana 
das demais pessoas. Caso contrário, surge para o 
agravado o direito de resposta, além da indenização. 
 
4.6 – LIBERDADE DE CONSCIÊNCIA, CRENÇA E 
CULTO (ART. 5º, VI a VIII da CF) 
VI - é inviolável a liberdade de consciência e de 
crença, sendo assegurado o livre exercício dos cultos 
religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção aos 
locais de culto e a suas liturgias; 
VII - é assegurada, nos termos da lei, a prestação de 
assistência religiosa nas entidades civis e militares de 
internação coletiva; 
 VIII - ninguém será privado de direitos por motivo de 
crença religiosa ou de convicção filosófica ou 
política,salvo se as invocar para eximir-se de 
obrigação legal a todos imposta e recusar-se a 
cumprir prestação alternativa, fixada em lei; 
Assegura-se a inviolabilidade da liberdade de 
consciência e de crença, sendo assegurado o livre 
exercício dos cultos religioso e garantida, na forma da lei, 
a proteção aos locais de culto e sua liturgia. 
Nesse sentido, ninguém será privado de direitos por 
motivo de crença religiosa ou de convicção filosófica ou 
política, salvo se as invocar para eximir-se de obrigação 
legal a todos imposta e recusar-se a cumprir prestação 
alternativa, fixada em lei. 
Como se sabe, com o advento da República (Decreto 
119- de 07/01/1890), o Estado se separou da Igreja, 
sendo o Brasil um país leigo, laico ou não confessional, 
não existindo, portanto, qualquer religião oficial da 
República Federativa do Brasil. 
Seguindo a característica da 
relatividade/limitabilidade inerente aos direitos 
fundamentais, a liberdade de crença, de culto e de suas 
manifestações e práticas de ritos não é absoluto. Assim é 
completamente inadmissível aquele que pratica um fato 
caracterizado como crime e invoca sua religião para se 
eximir de responsabilidade (p.ex.: uma pessoa, em 
verdadeiro ritual, alegando sua crença religiosa, sacrifica 
crianças recém-nascidas para oferecer o sangue à sua 
divindade – nesse caso, a conduta não está protegida 
pela liberdade de crença e culto, vez que outros direitos 
fundamentais, de outras pessoas, estão sendo violados) 
Vejamos alguns desdobramentos da liberdade de 
consciência, crença e culto religioso, consoante a 
jurisprudência: 
 
a) ENSINO RELIGIOSO NOS COLÉGIOS: O artigo 210, 
§1º, estabelece que o ensino religioso, de matrícula 
facultativa, constituirá disciplina dos horários normais das 
escolas públicas de ensino fundamental. Dessa forma, a 
escola não poderá reprovar o aluno pelo fato de não 
frequentar a aula de ensino religioso. 
b) FERIADOS RELIGIOSO: conforme o entendimento do 
STF, em que pese o Brasil ser um estado laico, as 
religiões não podem ser desprezadas, e seus respectivos 
feriados são compreendidos como a cultura que também 
deve ser preservada. 
c) CASAMENTO PERANTE AUTORIDADE 
RELIGIOSA: o casamento celebrado perante qualquer 
religião ou crença, desde que siga o rito estabelecido no 
Código Civil, terá a mesma validade que o casamento 
civil. 
d) TRANSFUSÃO DE SANGUE NAS TESTEMUNHAS 
DE JEOVÁ: conforme o entendimento do STF, não deve 
ser reconhecido como crime de constrangimento ilegal 
(art. 146, §3º, inciso I do CP) na hipótese das 
testemunhas de Jeová se estiver o médico diante da 
urgência ou perigo iminente, ou se o paciente for menor 
de idade. 
 
 
 
 
 
 15 
e) CRUCIFIXOS EM REPARTIÇÕES PÚBLICAS: o 
Conselho Nacional de Justiça tem entendido que não há 
qualquer óbice constitucional para os crucifixos em 
repartições públicas, pois se tratar de um símbolo cultural 
e não religioso. 
f) GUARDA SABÁTICA: outro tema bastante polêmico 
está relacionado a obrigatoriedade ou não do Estado ter 
que designar data alternativa para realização de 
concursos públicos, quando a data da prova tiver sido 
fixada em dias que devam ser guardados, como acontece 
com os Adventistas do Sétimo Dia (sábado – de repouso 
e de culto) e os Judeus (Shabat – do pôr do sol da sexta-
feira até o pôr do sol do sábado). O tema ainda está 
pendente de julgamento no STF. O que os concursos vem 
adotando é a possibilidade de ―atendimento a 
necessidades especiais nas provas‖, e a prova ser 
realizada no mesmo dia, mas após as 18 horas. 
4.7 – LIBERDADE DE ATIVIDADE INTELECTUAL, 
ARTÍSTICA, CIENTÍFICA OU DE COMUNICAÇÃO. 
INDENIZAÇÃO EM CASO DE DANO (Art. 5º, IX e X da 
CF) 
IX - é livre a expressão da atividade intelectual, 
artística, científica e de comunicação, 
independentemente de censura ou licença; 
X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a 
honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito 
a indenização pelo dano material ou moral decorrente 
de sua violação; 
É livre a expressão da atividade intelectual, artística, 
científica e de comunicação, independentemente de 
censura ou licença. Veda-se a censura de natureza 
política, ideológica e artística (art. 220, §2º da CF) porém, 
apesar da liberdade de expressão acima garantida, a lei 
federal deverá regular as diversões públicas e os 
espetáculos públicos, cabendo ao Poder Público informar 
sobre a natureza deles, as faixas etárias a que não se 
recomendem, locais e horários em que sua apresentação 
se mostre inadequada (art. 220, §3º da CF). 
Ocorre que, se durante as manifestações da 
liberdade intelectual, artística, científica e de 
comunicação, houver violação da intimidade da vida 
privada, honra e imagem de pessoas, será assegurado o 
direito a indenização pelo dano material ou moral 
decorrente da violação (art. 5º, X da CF) 
 
 STF E A LIBERDADE INTELECTUAL, ARTÍSTICA, 
CIENTÍFICA E DE COMUNICAÇÃO: 
A) PROGRAMAS HUMORÍSTICOS: ―Programas 
humorísticos, charges e modo caricatural de pôr em 
circulação ideias, opiniões, frases e quadros espirituosos 
compõem as atividades de ‗imprensa‘, sinônimo perfeito 
de ‗informação jornalística‘ (§ 1º do art. 220). Nessa 
medida, gozam da plenitude de liberdade que é 
assegurada pela Constituição à imprensa. Dando-se que 
o exercício concreto dessa liberdade em plenitude 
assegura ao jornalista o direito de expender críticas a 
qualquer pessoa, ainda que em tom áspero, contundente, 
sarcástico, irônico ou irreverente, especialmente contra as 
autoridades e aparelhos de Estado. Respondendo, penal 
e civilmente, pelos abusos que cometer, e sujeitando-se 
ao direito de resposta a que se refere a Constituição em 
seu art. 5º, V. A crítica jornalística em geral, pela sua 
relação de inerência com o interesse público, não é 
aprioristicamente suscetível de censura. Isso porque é da 
essência das atividades de imprensa operar como 
formadora de opinião pública, lócus do pensamento crítico 
e necessário contraponto à versão oficial das coisas, 
conforme decisão majoritária do STF na ADPF 130. 
Decisão a que se pode agregar a ideia de que a locução 
‗humor jornalístico‘ enlaça pensamento crítico, informação e 
criação artística.‖ (ADI 4.451-MC-REF, Rel. Min. Ayres Britto, 
julgamento em 2-9-2010, Plenário, DJE de 1º-7-2011.) 
B) RELATIVIZAÇÃO DA LIBERDADE: "As liberdades 
públicas não são incondicionais, por isso devem ser 
exercidas de maneira harmônica, observados os limites 
definidos na própria CF (CF, art. 5º, § 2º, primeira parte). 
O preceito fundamental de liberdade de expressão não 
consagra o 'direito à incitação ao racismo', dado que um 
direito individual não pode constituir-se em salvaguarda 
de condutas ilícitas, como sucede com os delitos contra a 
honra. Prevalência dos princípios da dignidade da pessoa 
humana e da igualdade jurídica." (HC 82.424, Rel. p/ o ac. 
Min. Presidente Maurício Corrêa, julgamento em 17-9-
2003, Plenário, DJ de 19-3-2004.) 
4.8 - INVIOLABILIDADE DA INTIMIDADE, DA VIDA 
PRIVADA, DA HONRA E DA IMAGEM DAS PESSOAS 
(ART. 5º, X da CF): 
Estabelece o texto constitucional que são invioláveis 
a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das 
pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano 
material ou moral decorrente de sua violação (art. 5º, X). 
A respeito desse dispositivo, relevantes as seguintes 
orientações jurisprudenciais: 
a) Protege tanto as pessoas naturais como as pessoas 
jurídicas (exemplo: uma pessoa jurídica poderá ter a sua 
imagem violada, fazendo jus à indenização); 
b) Não se exige, para o fim de indenização por dano 
moral, a comprovação de efetivo prejuízo à reputação da 
vítima (exemplo: a simples utilização indevida da imagem 
da pessoa faz nascer o direito à indenização, ainda que 
desse uso não advenha efetivo prejuízo à reputação davítima); 
c) A dor, o sofrimento, o constrangimento e o desconforto 
também são indenizáveis a título de dano moral (exemplo: 
o STF reconheceu o direito à indenização por dano moral 
à mãe cujo filho foi assassinado nas dependências da 
prisão, em face da dor sofrida pela perda desse ente 
querido; segundo o STF, o atraso injustificado de vôo e o 
extravio de bagagem em viagens também são 
indenizáveis a título de dano moral, visto que essas 
circunstâncias também trazem desconforto e 
constrangimento à vítima); 
d) Em homenagem à dignidade humana, bem assim à 
inviolabilidade da intimidade, o indivíduo não está 
obrigado a se sujeitar ao exame de DNA, como meio de 
comprovação da paternidade. 
OBS.: QUEBRA DO SIGILO BANCÁRIO E O 
TTRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO: O TCU não detém 
legitimidade para requisitar diretamente informações que 
 
 
 
 
 16 
importem quebra de sigilo bancário. Ao reafirmar essa 
orientação, a 2ª Turma concedeu mandado de segurança 
a fim de cassar a decisão daquele órgão, que determinara 
à instituição bancária e ao seu presidente a apresentação 
de demonstrativos e registros contábeis relativos a 
aplicações em depósitos interfinanceiros. Entendeu-se 
que, por mais relevantes que fossem suas funções 
institucionais, o TCU não estaria incluído no rol dos que 
poderiam ordenar a quebra de sigilo bancário (Lei 
4.595/64, art. 38 e LC 105/2001, art. 13). Aludiu-se que 
ambas as normas implicariam restrição a direito 
fundamental (CF, art. 5º, X: ―são invioláveis a intimidade, 
a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, 
assegurado o direito a indenização pelo dano material ou 
moral decorrente de sua violação‖), logo, deveriam ser 
interpretadas restritivamente. Precedente citado: MS 
22801/DF (DJe de 14.3.2008). MS 22934/DF, rel. Min. 
Joaquim Barbosa, 17.4.2012. (MS-22934) 
4.9 – INVIOLABILIDADE DOMICILIAR (Art. 5, XI da CF): 
 XI - a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém 
nela podendo penetrar sem consentimento do 
morador, salvo em caso de flagrante delito ou 
desastre, ou para prestar socorro, ou, durante o dia, 
por determinação judicial; 
Estabelece a Constituição Federal que a casa é asilo 
inviolável do indivíduo, ninguém nela podendo penetrar 
sem consentimento do morador, salvo em caso de 
flagrante delito ou desastre, ou para prestar socorro, ou, 
durante o dia, por determinação judicial (art. 5º, XI). 
Desse dispositivo, devemos observar algumas 
considerações. Vejamos 
 
a) CONCEITO DE CASA: o vocábulo ―casa‖ alcança não 
só a residência do indivíduo como também recintos de 
ordem profissional, tais como o consultório do médico, o 
escritório do advogado, as dependências da empresa 
não-franqueadas ao público, os quartos de hotéis etc.; 
b) HIPÓTESES QUE AUTORIZAM A VIOLAÇÃO 
DOMICILIAR: a penetração sem consentimento do 
morador só poderá ocorrer nos casos de flagrante delito 
(prática atual de um crime), desastre (incêndio, por 
exemplo), para prestar socorro (no caso de um acidente 
com o morador no interior da casa, por exemplo) ou por 
ordem judicial (determinação de um juiz para a execução 
de um mandado de busca e apreensão, por exemplo); 
c) QUESTÃO TEMPORAL: no caso de flagrante delito, 
desastre ou para prestar socorro, a penetração poderá 
ser a qualquer hora do dia ou da noite; por ordem judicial 
somente se permite a penetração durante o dia; 
d) NECESSIDADE DE ORDEM JUDICIAL – CLÁUSULA 
DE RESERVA JURISDICIONAL: por força desse 
dispositivo, não temos mais a possibilidade de 
determinação de busca e apreensão administrativa (uma 
autoridade fiscal ou policial não poderá, sem o 
consentimento do morador e sem autorização judicial, 
ingressar forçosamente no domicílio para a apreensão de 
documentos; um Auditor-Fiscal, por exemplo, diante de 
resistência do empresário, não poderá adentrar 
forçosamente nas dependências de determinada 
empresa, sem ordem judicial, ainda que tenha 
conhecimento da prática de graves ilícitos fiscais no 
interior de suas dependências). 
 STF E A INVIOLABILIDADE DOMICILIAR: 
A) BUSCA E APREENSÃO EM ESCRITÓRIO DE 
ADVOCACIA: ―O sigilo profissional constitucionalmente 
determinado não exclui a possibilidade de cumprimento 
de mandado de busca e apreensão em escritório de 
advocacia. O local de trabalho do advogado, desde que 
este seja investigado, pode ser alvo de busca e 
apreensão, observando-se os limites impostos pela 
autoridade judicial. Tratando-se de local onde existem 
documentos que dizem respeito a outros sujeitos não 
investigados, é indispensável a especificação do âmbito 
de abrangência da medida, que não poderá ser 
executada sobre a esfera de direitos de não investigados. 
Equívoco quanto à indicação do escritório profissional do 
paciente, como seu endereço residencial, deve ser 
prontamente comunicado ao magistrado para adequação 
da ordem em relação às cautelas necessárias, sob pena 
de tornar nulas as provas oriundas da medida e todas as 
outras exclusivamente delas decorrentes. 
B) CONCEITO DE CASA PARA O STF: "Para os fins da 
proteção jurídica a que se refere o art. 5º, XI, da CF, o 
conceito normativo de ‗casa‘ revela-se abrangente e, por 
estender-se a qualquer aposento de habitação coletiva, 
desde que ocupado (CP, art. 150, § 4º, II), compreende, 
observada essa específica limitação espacial, os quartos 
de hotel. Doutrina. Precedentes. Sem que ocorra qualquer 
das situações excepcionais taxativamente previstas no 
texto constitucional (art. 5º, XI), nenhum agente público 
poderá, contra a vontade de quem de direito (invito 
domino), ingressar, durante o dia, sem mandado judicial, 
em aposento ocupado de habitação coletiva, sob pena de 
a prova resultante dessa diligência de busca e apreensão 
reputar-se inadmissível, porque impregnada de ilicitude 
originária. Doutrina. Precedentes (STF)." (RHC 90.376, 
Rel. Min. Celso de Mello, julgamento em 3-4-2007, 
Segunda Turma, DJ de 18-5-2007.) 
C) NECESSIDADE DE ORDEM JUDICIAL – CLÁUSULA 
DE RESERVA JURISDICIONAL: "A cláusula 
constitucional da reserva de jurisdição – que incide sobre 
determinadas matérias, como a busca domiciliar (CF, art. 
5º, XI), a interceptação telefônica (CF, art. 5º, XII) e a 
decretação da prisão de qualquer pessoa, ressalvada a 
hipótese de flagrância (CF, art. 5º, LXI) – traduz a noção 
de que, nesses temas específicos, assiste ao Poder 
Judiciário, não apenas o direito de proferir a última 
palavra, mas, sobretudo, a prerrogativa de dizer, desde 
logo, a primeira palavra, excluindo-se, desse modo, por 
força e autoridade do que dispõe a própria Constituição, a 
possibilidade do exercício de iguais atribuições, por parte 
de quaisquer outros órgãos ou autoridades do Estado. 
Doutrina. É que se exprime princípio constitucional da 
reserva de jurisdição. 
D) CUMPRIMENTO DE DETERMINAÇÃO JUDICIAL NO 
PERÍODO NOTURNO: Conforme orientação do STF, é 
possível o ingresso na residência no período da noite 
quando em cumprimento de determinação judicial para 
instalar escutas telefônicas. Segundo o STF, ―a escuta 
 
 
 
 
 17 
ambiental não se sujeita, por motivos óbvios, aos mesmos 
limites de busca domiciliar, sob pena de frustração da 
medida, e que, não havendo disposição legal que imponha 
disciplina diversa, basta a sua legalidade a circunstanciada 
autorização judicial‖. Para o STF, tal inviolabilidade cederia 
lugar à tutela constitucional de raiz, instância e alcance 
superiores quando o próprio advogado seja suspeito da 
prática de crime concebido e consumado, sobretudo no 
âmbito do seu escritório, sob pretexto de exercício da 
profissão. Aduziu-se que o sigilo do advogado não existe 
para protegê-lo quando cometa crime, mas proteger seu 
cliente, que tem direito à ampla defesa, não sendo 
admissível que a inviolabilidade transforme o escritório no 
único reduto inexpugnávelde criminalidade. Enfatizou-se 
que os interesses e valores jurídicos, que não têm caráter 
absoluto, representados pela inviolabilidade do domicílio e 
pelo poder-dever de punir do Estado, devem ser 
ponderados e conciliados à luz da proporcionalidade 
quando em conflito prático segundo os princípios da 
concordância. Não obstante a equiparação legal da oficina 
de trabalho com o domicílio, julgou-se ser preciso recompor 
a ratio constitucional e indagar, para efeito de colisão e 
aplicação do princípio da concordância prática, qual o 
direito, interesse ou valor jurídico tutelado por essa 
previsão. Tendo em vista ser tal previsão tendente à tutela 
da intimidade, da privatividade e da dignidade da pessoa 
humana, considerou-se ser, no mínimo, duvidosa, a 
equiparação entre escritório vazio com domicílio stricto 
sensu, que pressupõe a presença de pessoas que o 
habitem. De toda forma, concluiu-se que as medidas 
determinadas foram de todo lícitas por encontrarem 
suporte normativo explícito e guardarem precisa 
justificação lógico-jurídico constitucional, já que a restrição 
consequente não aniquilou o núcleo do direito fundamental 
e está, segundo os enunciados em que desdobra o 
princípio da proporcionalidade, amparada na necessidade 
da promoção de fins legítimos de ordem pública. 
E) PRESCINDIBILIDADE DE MANDADO JUDICIAL 
PARA BUSCA NO INTERIOR DE CARROS: Prescinde 
de mandado judicial a busca por objetos em interior de 
veículo de propriedade do investigado fundada no receio 
de que a pessoa esteja na posse de material que possa 
constituir corpo de delito, salvo nos casos em que o 
veículo é utilizado para moradia, como é o caso de 
cabines de caminhão, barcos, trailers. Isso porque, nos 
termos do art. 244 do CPP, a busca nessa situação 
equipara-se à busca pessoal. HC 216.437-DF, Rel. Min. 
Sebastião Reis Júnior, julgado em 20/9/2012. 
4.10 – INVIOLABILIDADE DAS CORRESPONDÊNCIAS 
E COMUNICAÇÕES (Art. 5º, XII da CF): 
XII - é inviolável o sigilo da correspondência e das 
comunicações telegráficas, de dados e das 
comunicações telefônicas, salvo, no último caso, por 
ordem judicial, nas hipóteses e na forma que a lei 
estabelecer para fins de investigação criminal ou 
instrução processual penal; 
Reza o texto constitucional que é inviolável o sigilo da 
correspondência e das comunicações telegráficas, de 
dados e das comunicações telefônicas, salvo, no último 
caso, por ordem judicial, nas hipóteses e na forma que a 
lei estabelecer para fins de investigação criminal ou 
instrução processual penal (art. 5º, XII). 
Sobre esse dispositivo, temos o seguinte: 
a) Embora a expressa autorização constitucional seja, 
apenas, para a violação das comunicações telefônicas, 
não se pode afirmar que as demais inviolabilidades são 
absolutas, visto que não há direitos e garantias 
fundamentais de caráter absoluto (assim, tais 
inviolabilidades não podem ser invocadas para acobertar 
práticas ilícitas, como a prática de um crime; nessas 
situações, poderá o magistrado autorizar a violação da 
correspondência, por exemplo, sem ofensa ao texto 
constitucional); ademais, vimos que o próprio texto 
constitucional autoriza restrições a essas garantias 
constitucionais nos casos de estado de defesa e estado 
de sítio (artigos 136, § 1º; e art. 139, respectivamente); 
b) Mesmo no caso das comunicações telefônicas, a sua 
violação só será possível se obedecidos os seguintes 
requisitos: (i) autorização judicial; (ii) nas hipóteses e na forma 
que a lei estabelecer; (iii) somente no âmbito penal, para o fim 
de instrução processual penal ou investigação criminal; 
c) Somente os membros do Poder Judiciário poderão 
autorizar a interceptação telefônica; não há possibilidade 
dessa autorização por ato de autoridade policial, de 
membro do Ministério Público, tampouco de comissão 
parlamentar de inquérito (CPI); 
d) Ademais, o membro do Poder Judiciário não poderá 
autorizar a interceptação telefônica no âmbito de um 
processo administrativo ou de um processo judicial de 
natureza cível (ação popular, ação de improbidade 
administrativa, ação de indenização por dano moral etc.); 
caso o magistrado o faça, estará desrespeitando a 
Constituição Federal, visto que esta só permite a 
interceptação no âmbito penal, para o fim de investigação 
criminal ou instrução processual penal; 
e) A Lei nº 9.296, de 1996, que regulamenta esse 
dispositivo constitucional, estabeleceu também a 
possibilidade de violação das comunicações realizadas 
por meio do emprego da telemática e informática (e-mail, 
fax, telex etc.); assim, a interceptação das comunicações 
realizadas por esses meios segue as mesmas regras 
constitucionais previstas para a interceptação das 
comunicações telefônicas. 
 
Nota: Até a edição da Lei 9.296/1996, o entendimento do 
Tribunal era no sentido da impossibilidade de 
interceptação telefônica, mesmo com autorização judicial, 
em investigação criminal ou instrução processual penal, 
tendo em vista a não recepção do art. 57, II, e da 
Lei 4.117/1962 (Código Brasileiro de Telecomunicações). 
 STF E A INVIOLABILIDADE DAS CORRESPON-
DÊNCIAS E DAS COMUNICAÇÕES: 
A) GRAVAÇÃO TELEFÔNICA FEITA POR UM DOS 
INTERLOCUTORES: A gravação de conversa telefônica 
feita por um dos interlocutores, sem conhecimento do 
outro, quando ausente causa legal de sigilo ou de reserva 
da conversação não é considerada prova ilícita.‖ (AI 
578.858-AgR, Rel. Min. Ellen Gracie, julgamento em 4-8-
2009, Segunda Turma, DJE de 28-8-2009.) No mesmo 
sentido: RE 630.944-AgR, Rel. Min. Ayres Britto, 
julgamento em 25-10-2011, Segunda Turma, DJE de 19-
12-2011. 
 
 
 
 
 18 
B) GRAVAÇÃO TELEFÔNICA FEITA POR TERCEIRO 
COM AUTORIZAÇÃO DE UM DOS INTERLOCUTORES: 
―Utilização de gravação de conversa telefônica feita por 
terceiro com a autorização de um dos interlocutores sem 
o conhecimento do outro quando há, para essa utilização, 
excludente da antijuridicidade. Afastada a ilicitude de tal 
conduta – a de, por legítima defesa, fazer gravar e 
divulgar conversa telefônica ainda que não haja o 
conhecimento do terceiro que está praticando crime –, é 
ela, por via de consequência, lícita e, também 
consequentemente, essa gravação não pode ser tida 
como prova ilícita, para invocar-se o art. 5º, LVI, da 
Constituição, com fundamento em que houve violação da 
intimidade (art. 5º, X, da Carta Magna).‖ (HC 74.678, Rel. 
Min. Moreira Alves, julgamento em 10-6-1997, Primeira 
Turma, DJ de 15-8-1997.) 
C) ANÁLISE DOS ÚLTIMOS REGISTROS 
TELEFÔNICOS DE APARELHO CELULAR 
APREENDIDO: Não há ilegalidade no fato de os policiais, 
após a prisão em flagrante do corréu, terem realizado a 
análise dos últimos registros telefônicos dos dois 
aparelhos celulares apreendidos. Não ocorrência. Não se 
confundem comunicação telefônica e registros 
telefônicos, que recebem, inclusive, proteção jurídica 
distinta. Não se pode interpretar a cláusula do art. 5º, XII, 
da CF, no sentido de proteção aos dados enquanto 
registro, depósito registral. A proteção constitucional é da 
comunicação de dados, e não dos dados. Art. 6º do CPP: 
dever da autoridade policial de proceder à coleta do 
material comprobatório da prática da infração penal. Ao 
proceder à pesquisa na agenda eletrônica dos aparelhos 
devidamente apreendidos, meio material indireto de 
prova, a autoridade policial, cumprindo o seu mister, 
buscou, unicamente, colher elementos de informação 
hábeis a esclarecer a autoria e a materialidade do delito 
(dessa análise logrou encontrar ligações entre o executor 
do homicídio e o ora paciente). Verificação que permitiu a 
orientação inicial da linha investigatória a ser adotada, 
bem como possibilitou concluir que os aparelhos seriam 
relevantes para a investigação. 
D) ENCONTRO FORTUITO DE PROVA DA PRÁTICA 
DE CRIME PUNIDO COM DETENÇÃO: O STF, como 
intérprete maior

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