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Teoria Geral do Processo

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Direito processual civil
 
1 – Introdução
 
	Para melhor compreensão da matéria, devemos sempre ter em mente que se trata de uma disciplina que não pode ser estudada como um fim em si mesmo, mas sim como um modo de se chegar ao fim almejado, vale dizer, a efetiva distribuição da justiça.
 
	Nas palavras de Cássio Scarpinella Bueno: “O início do estudo do direito processual pode parecer bem difícil se analisado do ponto de vista teórico, solto da realidade, despreocupado com as finalidades do próprio direito processual civil”.�
 
	Assim, o entendimento do processo é essencial para que a parte lesada ou supostamente em seu direito possa socorrer-se da via jurisdicional para tentar satisfazer sua pretensão, dessa forma, o direito processual serve de instrumento para a realização do direito material.
 
	Não obstante ser o processo o meio através do qual a parte tenta alcançar o seu objetivo de satisfazer sua pretensão, isso não pode ser feito de qualquer forma, pois há as chamadas garantias constitucionais que deverão ser obedecidas sob pena de nulidade do processo.
 
	Alguns autores, como Marcus Vinicius Rios Gonçalves prefere elencar como os princípios fundamentais do processo civil�.
	
 
2. Garantias constitucionais do processo civil
 
I - Devido processo legal (CF, art 5º, LIV).
 
Segundo a CR “ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o devido processo legal”. Assim, busca-se a justiça com obediência às condições mínimas no desenvolvimento do processo.
 
Cássio Scarpinela Bueno sustenta que: “Trata-se, pois, de conformar o método de manifestação de atuação do Estado-juiz a um padrão de adequação aos valores que a própria Constituição Federal impõe a atuação do Estado e em conformidade com aquilo que, dadas as características do Estado brasileiro, esperam aqueles que se dirigem ao Poder Judiciário obter dele como resposta. É um princípio, destarte, de conformação da atuação do Estado a um especial modelo de agir”.�
 
 
II - Imparcialidade (CF, art. 95, I, II e III e art. 5º XXXVII, art 134 e 135, CPC).
 
Por esse princípio, o juiz tem as prerrogativas que o art. 95 reconhece de forma a garantir o exercío de suas funções sem qualquer vínculo. Assim, o magistrado deve ser imparcial no julgamento do litígio. Assim, para Marcus Vinicius Rios Gonçalves :”A imparcialidade do juiz é pressuposto processual de validade do processo”�. Na Constituição Federal há a previsão do juiz natural (art. 5º, LIII) e a proibição da criação dos tribunais de exceção (art. 5º., XXXVII).
 
III - Contraditório (CF, art. 5º , LV).
 
Esse princípio decorre da dialética do processo. Visa dar legitimidades às decisões judiciais. Assim a CR garante que: “aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral são assegurados o contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes”. Em um regime democrático, o cidadão goza da garantia que eventual privação de seus bens ou sua vida, só será possível quando o judiciário assegurar sua ampla defesa e, em regra, só após o trânsito em julgado da sentença condenatória é que surtirão os efeitos da sentença pois assim, a priori, o exercício da defesa ampla pressupõe assegurado.
 
IV - Publicidade (CF, art. 5, LX) 
 
Com previsão no inciso LX do art. 5 da CF: “a lei só poderá restringir a publicidade dos atos processuais quando a defesa da intimidade ou o interesse social o exigirem”. Excepcionalmente, conforme previsão o artigo 155 do CPC há processos que tramitam em segredo de justiça.
 
Como preleciona Humberto Theodoro Júnior: “na prestação jurisdicional há um interesse público maior do que o privado defendido pelas partes. É a garantia da paz e harmonia social, procurada através da manutenção da ordem jurídica”.�
 
Nessa esteira, o cidadão tem o direito de fiscalizar a busca pela cumprimento da justiça, como forma de dar transparência a ao exercício da atividade jurisdicional.
 
V - Fundamentação (CF, art. 93, IX).
 
Também chamado princípio da motivação com previsão nos incisos IX e X do art. 93 da CF que expressam também o princípio da publicidade. Prosseguindo, toda e qualquer decisão judicial deve ser fundamentada pelo magistrado prolator da decisão. 
 
O artigo 458 do CPC, ao enumerar os requisitos da sentença diz que deve existir o relatório, a fundamentação e o dispositivo sob pena de nulidade da decisão caso não haja seu cumprimento.
 
VI - Celeridade Processual (CF, art. 5º, LXXVIII – EC 45/04)
 
Segundo o dispositivo constitucional citado: “a todos no âmbito judicial e administrativo, são assegurados a razoável duração do processo e os meios que garantam a celeridade de sua tramitação”.
 
Verifica-se a preocupação do legislador em que aquele que procura a prestação jurisdicional para satisfazer sua pretensão tenha uma resposta ao seu problema depois de um tempo considerado razoável pois Rui Barbosa já dizia que: Justiça tardia é injustiça.
 
Porém, verificamos que, não obstante a boa intenção, na prática estamos longe de conseguir processos com duração razoável pois a morosidade da justiça é um dos seus principais problemas.
 
VII - Duplo grau de jurisdição
 
Consiste na possibilidade de reexame da decisão ou sentença por instância superior, provocado por recurso da parte ou de oficio em sentenças proferidas contra a União, Estado, Distrito Federal, Município, e as respectivas autarquias e fundações de direito público, bem como nas sentenças que julgarem procedentes, no todo ou em parte, os embargos à execução de dívida ativa da Fazenda Publica, salvo se o valor controvertido for inferior a 60 (sessenta) salários mínimos ou se a sentença estiver fundada em jurisprudência do plenário do STF ou em súmula deste Tribunal ou do Tribunal superior competente (art. 475, CPC). Também nas sentenças concessivas de mandado de segurança há reexame necessário, bem como nas que julgam a ação popular improcedente ou que concluem pela sua carência.
 
 
	3. A lei processual no espaço
 
	O artigo 1º do CPC dispõe que a jurisdição é exercida pelos juízes em todo território nacional. Assim, o CPC rege as relações que aqui ocorrem. 
 
4. A lei processual no tempo
 
Tem aplicação imediata, observando o prazo de eventual vacatio legis de 45 dias previsto na lei de introdução, inclusive aos processos em curso. É irretroativa – não atinge atos processuais já praticados e findos (tempus regit actum).
 
 
5. Jurisdição
 
Derivado do Jus dicere (dizer o direito). A jurisdição é o poder-dever estatal, exercido pelo Poder Judiciário, de aplicar o direito objetivo às questões levadas a Juízo, de forma imparcial e substitutiva das partes, com vias à pacificação social. 
 
Observa-se que a jurisdição é inerte, sendo vedado o seu exercício de ofício pelo Judiciário, que deve ser provocado pelas partes interessadas. 
 
I - Princípios da Jurisdição:
 
Investidura – Apenas o magistrado exerce a jurisdição. A ausência da investidura implica óbice instransponível para o exercício da jurisdição, que é pressuposto processual da própria existência do processo.�
 
 
Aderência ao território – Em princípio, cumpre destacar que os magistrados atuam de acordo com a competência, agindo dentro do território nacional. Assim, dentro do País, a jurisdição é dividida em territórios (Comarcas, Distritos, Seções Judiciárias, etc.), nos termos da lei de organização judiciária, sendo defeso aos magistrados o exercício da judicatura fora dos limites territoriais de sua competência.�
 
Indelegabilidade – Significa que as atribuições não podem ser delegadas, transferidas a outros. O Poder Judiciário, como os outros poderes, não pode delegar suas atribuições típicas. �
 
Indeclinabilidade-inafastabilidade do controle jurisdicional – Segundo a Constituição da República, em seu artigo 5. XXXV: “a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesãoou ameaça a direito”. 
 
Inevitabilidade – Consiste na submissão, na obrigação no cumprimento do provimento jurisdicional independentemente da vontade das partes.
 
 
O Estado reservou para si a solução dos conflitos de interesses que surgem na sociedade, porém, em determinadas situações, não há o tempo necessário para que se peça a prestação jurisdicional para tanto, assim, excepcionalmente que o próprio ofendido efetue, em caráter de urgência, sua própria defesa.
 
Nesses casos, temos a autotutela e a autocomposição:
 
 
a) Autotutela – é a possibilidade do ofendido agir imediatamente para repelir a injusta agressão, ante uma situação de urgência. Após a assunção pelo Estado da função jurisdicional, a autotutela é apenas excepcionalmente admitida. Dentre essas hipóteses, pode-se citar o desforço imediato para proteção possessória, o penhor legal e a legítima defes.
 
b) Autocomposição: é forma de solução de controvérsias em que as próprias partes agem, acolhendo a pretensão da parte adversa, fazendo concessões recíprocas ou renunciando ao seu pedido. Assim, são o etensao artes, com vias `a pacificacao previstas três formas de autocomposição, que, em princípio, finalizam o processo com resolução de mérito :
 
a) reconhecimento jurídico do pedido (CPC, art. 269, II)
b) transação (CPC, art. 269, III)
c) renúncia (CPC, art 269, V)
 
 
 
II - Órgãos da Jurisdição (art. 92, CF):
 
		Para melhor compreensão da matéria, são órgãos da jurisdição:
 
Supremo Tribunal Federal;
Superior Tribunal de Justiça;
Tribunais Regionais Federais e Juízes Federais;
Tribunais e Juízes do Trabalho;
Tribunais e Juízes Eleitorais;
- Tribunais e Juízes Militares;
- Tribunais e Juízes dos Estados e Distrito Federal.
 
 
III - Jurisdição Contenciosa e Voluntária.
 
 
	A jurisdição pode ser contenciosa ou voluntária, vejamos as diferenças:
 
Contenciosa – É a atividade inerente ao Poder Judiciário, visando à composição de conflitos de interesses, mediante a prolação de uma sentença. Exemplo típico é o caso de separação litigiosa, sendo que, nesse caso, o judiciário terá que resolver a lide.
 
Voluntária – Corresponde a uma administração pública de interesses privados, pois não há qualquer conflito de interesse, mas sim concordância de vontades, que devem entrar em juízo para fixar sua concordância (jurisdição necessária). 
 
A sentença, na jurisdição voluntária, é meramente homologatória do acordo de vontades, nesse caso, a atividade jurisdicional é mais administrativa e não decisória.
 
Ex: Separação judicial consensual, nomeação e remoção de tutores, abertura de testamento, autorização para venda de bens de menores, suprimento do consentimento de casamento, locação de coisa comum, emancipação do menor. 
 
6. Ação
 
É um direito público subjetivo de pedir ao Estado visando a prestação da tutela jurisdicional. Devemos entender as condições da ação para facilitar a compreensão.
 
I – Condições da ação
 
	Para que o autor tenha uma resposta em relação a sua pretensão, deverá preencher as condições da ação, pois se não preenchê-las o magistrado julgará o processe se adentrar ao mérito. Assim, “as condições da ação são requisitos para que o juiz possa dar resposta à pretensão formulada”�.
 
As condições da ação são três:
 
a) Possibilidade jurídica do pedido – a pretensão deve encontrar respaldo no ordenamento. Como exemplo temos o artigo 814 do código civil que dispõe que as dívidas de jogo ou de aposta não obrigam o pagamento.
 
b) Legitimidade – trata-se da possibilidade para figurar na lide e sustentar a pretensão, dessa forma, autor e réu que participam da ação tem que ter participado efetivamente da situação fática que pretendem resolver em juízo.
 
c) Interesse de agir – consistente na necessidade, utilidade da demanda e sua adequação para que obtenha a satisfação de sua pretensão.
 
Faltando qualquer uma das condições da ação ocorre a extinção da atuação do juiz em primeiro grau, comumente se diz que há a extinção do processo sem julgamento ao mérito por carência da ação. 
 
II - Classificação das Ações
 
As ações são classificadas em:
 
Conhecimento – que por sua se subdividem-se em:
 
A1. Meramente declaratória – Visa o reconhecimento da existência ou inexistência de relação jurídica ou a declaração de autenticidade ou falsidade de documento. Como exemplo há a ação de Investigação de paternidade que declara esta última que já existia quando do ingresso da ação.
 
A2.Constitutiva ou desconstitutiva – Essas por sua vez tem a finalidade de alterar uma situação jurídica preestabelecida, com conseqüente modificação, criação ou extinção, citamos como exemplo a ação de reintegração de posse.
 
 
A3.Condenatória – Tem a finalidade da aplicação de uma regra de sanção. Consiste na obrigação de dar, fazer, não fazer ou ainda, pagar quantia em dinheiro a ser imposta ao réu, temos como exemplo a ação de cobrança.
 
 
Execução – aplicável no caso em que o credor possua um título executivo, sendo este judicial ou extrajudicial, sendo que, no código de processo civil, há um livro específico para o processo de execução.
 
 Cautelar – Tem a finalidade da preservação de um direito a ser tutelado quando presentes os requisitos do “fumus bonis juris” que é a fumaça do bom direito e o “periculum in mora”, que é perigo da demora em se conceder o provimento jurisdicional, sendo que no código de processo civil, há um livro específico para o processo cautelar.
 
 
III - Elementos da Ação 
 
Os elementos da ação são: partes, causa de pedir e pedido.
 
a)Partes: São os que participam da relação jurídica processual, vale dizer, o autor que ingressa com ação direcionando-a ao Estado-Juiz, que por sua vez, verificando que o autor preencheu os requisitos, manda citar o réu.
 
b) Causa de Pedir: São os fatos e fundamentos jurídicos. 
 
c) Pedido – é a providência que se pede quando do ingresso da ação, podendo se este mediato ou imediato.
 
c.1. Pedido mediato – tem natureza material. Visa a entrega do bem jurídico tutelado.
 
c.2. Pedido Imediato – tem natureza processual. È o tipo de providência requerida para a entrega do bem de vida tutelado.
 
7. Competência
 
Em princípio, conceitua-se competência como a medida da jurisdição. Podendo ser:
 
	I - Internacional – Art. 88 a 90 do CPC.
 
Da competência concorrente (CPC, art. 88) – quando se fala em concorrência, quer dizer que a competência da justiça brasileira não afasta a competência dos tribunais estrangeiros. São casos de competência concorrente previstas no CPC:
 
quando o réu for domiciliado no Brasil;
quando a obrigação tiver que ser cumprida no Brasil;
quando a lide decorrer de fato ou ato praticado no Brasil.
 
 
Da competência exclusiva (CPC, art. 89) – nesses casos, apenas a justiça brasileira tem competência para julgamento, são os casos de:
 
ações relativas a imóveis situados no Brasil;
inventário e partilha de bens situados no Brasil, mesmo nos casos em que o autor da herança seja estrangeiro e tenha residido fora do território nacional.
 
 
II - Competência Interna – em relação à competência interna, temos o seguinte regramento.
 
Competência da Justiça Federal – previsão no art. 109 da CF que dispõe a competência dos juizes federais, julgar:
 
Em relação à pessoa:
 
As causas em que a União, entidade autárquica ou empresa pública federal forem interessadas na condição de autoras, rés, assistentes ou oponentes, exceto as de falência, as de acidentes de trabalho e as sujeitas à justiça eleitoral e à justiça do trabalho;
 
As causas entre Estado estrangeiro ou organismo internacional e município ou pessoa domiciliada ou residente no País;
 
Os mandados de segurança e os habeas data contra ato de autoridade federal.Em relação à matéria, objeto de análise pelo juízo:
 
a) Causas fundadas em tratado ou contrato da União com Estado estrangeiro ou organismo internacional;
b) A disputa sobre direitos indígenas;
c) As causas relativas à nacionalidade e naturalização;
d) A execução de sentenças estrangeiras homologadas pelo STF.
 
Importante salientar que a competência da justiça estadual é conhecida como residual, pois ela será competente para apreciação de todas as causas que não sejam de competência de outra justiça.
 
 
Critérios de Competência
 
Territorial ou de Foro (ratione loci) - é o local onde deverá ser ajuizada a ação.
 
Por foro entenda-se a delimitação territorial onde o juiz exerce sua atividade.
A regra de competência é o do domicílio do réu, conforme dispõe o artigo 94 do CPC.
 
Há casos de foros especiais com previsão no artigo 95 a 101 do CPC, tais como a natureza do direito versado nos autos a situação da coisa, ou ainda o local de cumprimento da obrigação ou da prática do ato ilícito.
 
Salienta-se que o critério territorial é de natureza relativa, vale dizer, comporta alteração pelo consenso das partes em contrato, casos em que as partes elegem um foro de eleição, ou ainda, nos casos em que a incompetência é relativa e a parte beneficiada não opõe a exceção de incompetência no prazo legal de resposta. 
 
Como exceção temos a situação do artigo 95 do CPC que dispõe sobre a situação da coisa para as causas fundadas em direito real sobre imóveis, como nos casos do direito de propriedade, vizinhança, posse etc.
 
 
A incompetência no caso de propositura da ação fora do local da coisa é absoluta e pode ser reconhecida de ofício pelo juiz e alegada em preliminar, independentemente de oposição de exceção declinatória de foro.
 
Matéria - ratione materiae – trata-se de competência em razão da matéria versada nos autos, sendo de natureza absoluta, vale dizer, não admite modificação de competência.
 
 Pessoa - ratione personae - É de natureza absoluta e objetiva. Refere-se a determinadas pessoas que gozam do privilégio de serem submetidas a julgamento por juízes especializados.
 
Valor da Causa
 
Toda causa deve ter um valor atribuído na inicial, ainda que não tenha valor certo, conforme previsão do artigo 258 do CPC, salientando que o artigo 259 elenca situações para a fixação do valor da causa, como por exemplo, na ação de alimentos, o valor da causa será de doze vezes o valor pedido.
 
No Juizado Especial é até 40 salários mínimos (art. 3º, inc. I, da Lei 9099/95) e no Juizado Especial Federal (Lei n° 10.259/01) é até 60 salários mínimos.
 
Competência absoluta e competência relativa
 
Competência Absoluta – É a estabelecida em favor do interesse público, assim não é passível de modificação pela vontade das partes, em foro de eleição.
 
A não observância gera a nulidade absoluta dos atos decisórios do processo.
 
Os efeitos da coisa julgada podem ser revogados por ação rescisória (art. 485, II, CPC).
 
O juiz deve reconhecer de ofício. Os atos decisórios são todos nulos, preservando-se os atos probatórios.
 
Competência Relativa – É estabelecida em favor do interesse privado. Visa facilitar a defesa.
 
Pode ser derrogada pelo consenso das partes ou renunciada pelo réu, mediante a não argüição da incompetência do juízo no momento oportuno, que é o da resposta, via exceção de incompetência – ocorre a prorrogação. 
 
Sua aplicabilidade é sobre direitos patrimoniais disponíveis.
 
Prorrogação de Competência 
 
Ocorre quando, o juiz, em princípio, incompetente torna-se competente para apreciar o feito, por ausência de oposição do réu via exceção, no prazo legal de resposta (art. 114). Lembrando que o juiz não pode reconhecer de ofício.
 
Perpetuação da Jurisdição
 
Com previsão no artigo 87 do CPC é fixada pela propositura da demanda em juízo. Assim, o juiz que primeiro conhecer do processo perpetua nele sua jurisdição.
 
Dependência
 
Distribuir-se-ão por dependência as causas de qualquer natureza, quando se relacionarem por conexão ou continência com outra já ajuizada ou quando em caso de desistência seguida de repropositura (art. 253, CPC).
 
Causas modificativas da Competência:
 
Conexão - art 103: constitui-se em causa de modificação da competência, determinando a reunião de duas ou mais ações, para julgamento em conjunto, a fim de evitar a existência de sentenças conflitantes. Reputam-se conexas duas ou mais ações, quando lhes for comum o objeto ou a causa de pedir.
 
Continência - art. 104: Dá-se a continência entre duas ou mais ações sempre que há identidade quanto às partes e a causa de pedir, mas o objeto de uma, por ser mais amplo, abrange o das outras.
 
Requisitos:
 
- Mesmas partes;
- Mesma causa de pedir;
Objeto de uma ação mais amplo que o da outra.
 
Prevenção:
 
1 – Mesma competência territorial – com previsão no art. 106 do CPC, considera-se prevento o juízo que despacha em primeiro lugar, Isto é, aquele que primeiro ordenar a citação.
 
2 – Competência territorial diversa – nesse caso, prevento será o juízo que promover em primeiro lugar a citação válida (art. 219, CPC).
 
Conflito de Competência – com previsão no art. 115 do CPC, é a divergência entre juízes quanto à sua competência para julgamento da demanda.
 
1 - Conflito Positivo – ocorre quando dois ou mais juízes se dizem competentes para a apreciação da causa.
 
2 - Conflito Negativo – ocorre quando dois ou mais juízes se consideram incompetentes para o julgamento da demanda.
 
	O conflito pode ser suscitado por qualquer das partes, pelo Ministério Público ou pelo juiz. 
 
	O órgão competente para julgamento do conflito é o Tribunal ou o STJ. O conflito é suscitado ao Presidente do Tribunal pelo juiz, de ofício, pela parte e pelo Ministério Público, por petição.
 
O Tribunal indicará o juiz competente e se pronunciará sobre a validade dos atos praticados pelo juiz incompetente (art. 122).
 
O conflito de competência positivo suspende o andamento do feito. Tanto no caso de conflito positivo como no caso de conflito negativo, será designado um dos juizes para resolver, em caráter provisório, as medidas urgentes (art. 120).
 
Sujeitos processuais
 
São os sujeitos da relação jurídica processual. O juiz e as partes.
 
 
Substituição Processual –é a legitimação processual concedida a uma pessoa para, em nome próprio, defender direito alheio. O terceiro pode vir a juízo tutelar direito alheio, em nome próprio, somente quando a lei permitir.
 
A substituição processual é o mesmo que legitimação extraordinária, sendo que o substituto age na defesa de interesse que não lhe pertence.
 
Substituição de Parte - É a alteração da pessoa que figura em um dos pólos do processo. A substituição de parte só é permitida em caso de falecimento, mediante a suspensão do feito até que se proceda à habilitação dos sucessores ou do espólio e que o direito de ação não seja intransmissível (caso em que deverá ser o processo extinto – CPC, art.267).
 
Capacidade de ser parte - (art. 12, III, IV e V do CPC)
 
Pessoas naturais – serão representados ou assistidas (art. 8º do CPC).
Pessoas jurídicas – serão representadas.
Pessoas formais - serão representadas.
 
Capacidade de estar em Juízo – É a de qualquer pessoa que possua capacidade de ser sujeito de direitos e obrigações na vida.
 
 
Legitimidade
 
Legitimação Ordinária – O autor deve ser o titular da pretensão e o réu aquele que resiste.
 
Legitimação Extraordinária – A lei autoriza que terceiros venham a juízo, em nome próprio, litigar na defesa de direito alheio. 
 
Como exemplo, há a Lei 8078/90 (Código de Defesa do Consumidor) possibilita a defesa dos consumidores representados por associações criadas por tal fim (legitimação extraordinária), por intermédiode ações coletivas.
 
Capacidade Processual (Legitimatio ad Processum)
 
O menor impúbere - Deve estar sempre acompanhado de seu representante legal. 
 
A pessoa jurídica deve ser devidamente representada por quem seu estatuto designar ou, em sendo silente, pelos seus diretores.
 
Ao réu preso deve ser nomeado curador especial.
 
	A ausência de capacidade processual é pressuposto processual e cuja ausência gera a nulidade do processo, por ausência de existência e validade da relação jurídica.
 
A irregularidade da representação das partes é matéria de ordem pública e deve ser reconhecida de ofício pelo juiz.
 
O juiz determina prazo para regularização, e se não sanado o vício pelo autor o processo é extinto, se não sanado pelo réu, o processo segue à revelia.
 
Capacidade Postulatória 
 
A capacidade postulatória é exclusiva do advogado, sendo nulo o processo no qual a parte se faça representar por quem não detém habilitação legal para o exercício da advocacia. 
 
	Em regra, só se pode postular o advogado com capacidade postulatória, porém, há situações em que a parte não necessita conforme previsto na Lei 9099/95 (Juizados especiais) em que, nas causas que não exceder a quantia de 20 salários mínimos, a parte pode postular diretamente em seu favor.
 
O advogado pode ser substituído por vontade da parte (revogação do mandato).
 
O autor deve constituir outro causídico, sob pena de extinção do processo.
 
Se a revogação for por parte do réu e este não nomear novo patrono, o feito prosseguirá à sua revelia.
 
A renúncia ao mandato pelo próprio advogado só terá eficácia se houver prova escrita da cientificação ao patrocinado, prosseguindo o causídico na defesa, se necessário, pelo prazo de dez dias.
 
Em caso de incapacidade ou morte do advogado da parte, o feito será suspenso por 20 dias, para constituição de novo defensor pela parte, sob as penas de extinção ou revelia.
 
Mandato Judicial 
 
A parte deve ser representada por advogado mediante a outorga de mandato, por instrumento público (obrigatória para os analfabetos) ou particular.
 
Para a prática de atos no processo a procuração deve fazer referência à cláusula ad judicia (CPC, art.38).
 
Para os atos processuais de desistência, confissão ou recebimento de citação o mandato tem que ter poderes específicos. 
 
Para os atos de transação, renúncia ao direito, receber e dar quitação, reconhecer a procedência do pedido e firmar compromisso exigem disposição expressa no mandato.
 
A procuração não pode ser dispensada.
 
Em caso de medidas de urgência, atos podem ser praticados sem mandato, desde que no prazo de 15 dias, prorrogável por igual período, seja juntada ao processo, sob pena de inexistência do ato e responsabilização do advogado pelas custas, perdas e danos.
 
 
Ministério Público
 
Tem por função a defesa dos interesses públicos, sociais, difusos e coletivos (art. 129, CF). O Ministério Público pode agir como parte ou como fiscal da lei (custos legis). 
 
Ministério Público como parte - art. 81, CPC: O Ministério Público tem legitimidade extraordinária (age em nome próprio na defesa de interesse que não lhe pertence) – substituto processual. Ex.: Ação civil pública, CDC, ação rescisória no caso de conluio entre as partes para fraudar a lei (art. 485, III, b, CPC).
 
A lei atribui legitimidade ao M.P. em defesa de terceiros quando equipara os interesses privados ao público. Ex.: Pedido de interdição (CPC, art. 1177 e 1178), ação de investigação de paternidade (Lei 8560/92, art 2º, §4º) etc.
 
Ministério Público como fiscal da lei (custos legis)– art. 82, CPC: 
 
Sua presença é demandada pelo interesse público na correta aplicação da lei.
 
A lei estabelece em favor do Ministério Público diversas vantagens processuais.
 
a) Necessidade de intimação pessoal do representante do Ministério Público de todos os atos do processo.
b) Não sujeição ao pagamento antecipado de custas nem à condenação em verbas de sucumbência.
c) Manifestação em último lugar (quando o Ministério Público for fiscal da lei).
d) Prazo em quádruplo para contestar e em dobro para recorrer.
 
A ausência de intervenção do Ministério Público, quando obrigatória, gera a nulidade absoluta do processo. O Ministério Público tem legitimidade para recorrer no processo em que oficiou como fiscal da lei, mesmo que não haja recurso da parte.
 
Ato Processual
 
É aquele realizado no processo.
 
No tempo - Refere-se ao horário hábil para as práticas dos atos processuais (art.172), ou seja: nos dias úteis (não férias ou feriados), das 6:00 às 20:00 horas, entretanto o horário é regulamentado pelos tribunais.
 
Considera-se praticado o ato quando protocolado ou despachada a petição pelo Juiz da Comarca.
 
Feriados – Conforme preceitua o art. 175 são feriados apenas os domingos e os dias assim declarados em lei, incluindo-se os feriados municipais e estaduais.
 
Nos sábados não se praticam atos processuais pela ausência de expediente forense.
 
A lei permite a prática de atos após as 20:00 horas, se a interrupção for prejudicial à diligência ou puder resultar em grave dano.
 
Penhora ou Citação - É possível a prática em dias úteis fora do horário normal, bem como a sua realização nos domingos e feriados (desde que respeitada a inviolabilidade do domicílio à noite e mediante expressa autorização judicial), em casos excepcionais.
 
Nos feriados a lei autoriza a prática de atos desde que urgentes (art.173) e com o intuito de evitar perecimento de direito ou impedir a ocorrência de dano irreparável, tais como:
 
produção antecipada de provas (art. 846 do CPC);
citação, bem como o arresto, o seqüestro, a penhora, a arrecadação, a busca e apreensão, o depósito, a prisão, a separação de corpos, a abertura de testamento, os embargos de terceiros, a nunciação de obra nova, etc.
 
No Espaço - Lugar - Os atos processuais devem ser praticados na sede do juízo.
 
Salvo quando presentes prerrogativas pessoais pelo exercício da função (critério da deferência): Presidente da República, governadores, deputados, membros do Poder Judiciário, quando o interesse público demandar.
 
Protocolos Integrados – Tem a função de assegurar a tempestividade das petições protoladas em distribuidores descentralizados. (art. 47, Parágrafo Único).
 
Transmissão via fax “o outro meio similar” – A lei 9.800/99, no seu art. 1º, diz: “É permitida às partes a utilização de sistema de transmissão de dados e imagens tipo fac-símile ou similar, para a prática de atos processuais que dependam de petição escrita”.
 
Salienta-se que só as petições e documentos comportam transmissão. Não se permite citação e nem intimações. Cessa a eficácia dos atos realizados pela via eletrônica (fax) se no prazo de 5 dias o original não for apresentado.
 
Ainda, o original tem que estar em conformidade com o documento enviado via fax. O transmitente poderá responder por litigância de má-fé e por eventual delito contido em sua conduta.
 
Atos das Partes:
 
Postulatórios - Petição inicial, contestação e recurso.
Probatórios – depoimento pessoa, testemunhal etc.
c) De disposição: Renúncia; reconhecimento do pedido; transação. 
 
 
Atos do Juiz 
 
Com previsão no artigo 162 do CPC, os atos do juiz são:
 
a) Sentença: É o ato que pelo qual o juiz põe fim ao processo (1º grau), esgotando a sua atividade no feito.
 
As sentenças podem ser:
 
1. Meramente terminativas - Não há a análise do mérito por ocorrência de algumas das hipóteses do art. 267 do CPC. Faz coisa julgada formal. A parte pode repropor a demanda desde que corrija o erro que impediu a análise do mérito
 
2. Definitivas – Nesse caso, há análise do mérito, segundo o teor do artigo 269 do CPC. Faz coisa julgada material
 
b) Decisões interlocutórias:São os atos pelos quais o juiz decide alguma questão incidente no processo, sem, contudo, lhe dar fim. São impugnáveis via recurso de agravo, na forma retida ou de instrumento, conforme previsão no artigo 522 do CPC.
 
c) De mero expediente – atos sem conteúdo decisório, não comportando dessa forma recurso segundo previsão do artigo 504 do CPC.
 
Prazos processuais:
 
	Aos sujeitos do processo é imposto o estabelecimento de prazos para o cumprimento dos atos processuais.
 
	A inobservância acarretará à parte a perda da faculdade processual (preclusão), e ao juiz, a possibilidade de sanções administrativas.
 
Princípio do impulso oficial – Em princípio, a jurisdição é inerte, vale dizer, só age quando provocado, porém, a partir da provocação o processo deve seguir até o proferimento da sentença. 
 
Regra geral - o prazo ordinário de 5 dias (art. 185, CPC), quando outro não for fixado pelo juiz ou determinado por lei.
 
Em caso de omissão legal quanto ao prazo, compete ao juiz fixar (CPC, art. 177).
 
Prazo Próprio - É o imposto às partes, pois acarreta a preclusão pelo vencimento de seu termo final (dies ad quem), sendo impossibilitada a sua prática posterior e prosseguimento do processo para seu estágio subseqüente.
 
Prazo impróprio - É o estabelecido para o juiz e seus auxiliares (não gera conseqüência processual se não observados). 
 
Prazo Dilatório - É o prazo legal que comporta ampliação ou redução pela vontade das partes. Ao juiz só é facultada a ampliação do prazo dilatório (CPC, art.181).
 
Prazos Peremptórios - São aqueles inalteráveis pelo juiz ou pelas partes. 
 
Exceções:
 
a) Comarcas de difícil transporte (até 60 dias);
b) Calamidade Pública (até sua cessação).
 
A lei não distingue a natureza peremptória ou dilatória do prazo processual, competindo ao juiz estabelecê-la.
 
Preclusão - É a perda pela parte da faculdade processual de praticar um ato.
 
Classificação
 
a) Temporal - É a perda pela não observância do prazo estabelecido em lei ou pelo juiz para prática de um ato processual.
 
b) Lógica - É a perda pela prática de um ato anterior incompatível com o ato posterior que se pretende realizar.
 
c) Consumativa - É a perda do direito de praticar o ato de maneira diversa, se já praticado anteriormente por uma das formas facultadas em lei.
 	
� Curso sistematizado de direito processual civil, p. 1
� Novo curso de direito processual civil, 25
� Curso sistematizado, p. 104
� Novo curso de direito processual civil, p. 50
� Curso de Direito Processual Civil, p. 33
� GONÇALVES, Marcus Vinicius Rios, Novo curso de direito processual civil, p.47.
� BARROSO, Darlan, Manual de Direito Processual Civil, p. 50.
� DESTEFENI, Marcos, Curso de Processo Civil, p. 48.
� Gonçalves, Marcus Vinicius, Novo curso de direito processual civil, p. 86.

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