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Aula 04 Responsabilidade Civil Criminal e CAT

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Professor Julio Roberto Uszacki Junior
Engenheiro Civil
Engenheiro de Segurança do Trabalho
CCET 158 – SEGURANÇA DO TRABALHO
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UNIVERSIDADE FEDERAL DO ACRE
CURSO DE ENGENHERIA CIVIL
RESPONSABILIDADE CIVIL E CRIMINAL DOS ACIDENTES DE TRABALHO PERANTE A CONSTITUIÇÃO de 1988.
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ACIDENTES
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Não acontece por acontecer
Existe uma causa
Existem responsabilidades
Existem responsáveis
O PRIMEIRO CASO NO PAÍS
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Morte de operário por descarga elétrica ocasionou condenação dos responsáveis
O primeiro caso brasileiro de condenação penal na área de acidentes de trabalho que envolveu o presidente de uma empresa, além de outros funcionários, ocorreu em 1987, na cidade de Restinga Seca, cidade localizada a cerca de 250 quilômetros da capital gaúcha.
A morte de um operário por descarga elétrica levou o Tribunal de Alçada a condenar todos os responsáveis pela segurança da vítima.
Foram condenados o presidente da usina hidroelétrica, o gerente, o engenheiro elétrico responsável e o eletrotécnico da empresa de energia elétrica local.
O PRIMEIRO CASO NO PAÍS
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Morte de operário por descarga elétrica ocasionou condenação dos responsáveis
Todos foram enquadrados nas sanções do artigo 121 (matar alguém), combinado com o artigo 29 do Código Penal.
A condenação foi de um ano e quatro meses de detenção, por homicídio culposo.
Como os réus condenados eram todos primários, a pena privativa de liberdade foi substituída pela pena restritiva de direitos, que se deu através da prestação de serviços à comunidade.
A critério do juiz de Execuções Penais, os condenados tiveram de ministrar aulas a professores e alunos sobre como lidar com energia elétrica com absoluta segurança.
OBRIGAÇÕES DA EMPRESA
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Legislação Previdenciária – Lei 8213 de 24 de Julho 1991 (Regulamento da Previdência Social)
ARTIGO 120
Nos casos de negligência da empresa quanto às normas padrão de segurança e higiene do trabalho indicados para a proteção individual e coletiva a previdência social proporá ação regressiva contra os responsáveis.
ARTIGO 121
O pagamento pela previdência social das prestações por acidente do trabalho não excluem a responsabilidade civil da empresa ou de outrem. 
AÇÃO REGRESSIVA
CONCEITO E FUNDAMENTO
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Não raro, pessoas são obrigadas a suportar ônus resultantes de situações que foram causadas, total ou parcialmente, por terceiros.
Estes ônus lhes cabem, a princípio, pela responsabilidade objetiva a que estão sujeito ou simplesmente pela situação de fato que se impõe.
Apesar de, num primeiro momento, arcarem com os ônus de tal fato, a lei lhes dá o direito de, regressivamente, receber do verdadeiro culpado aquilo que despenderam.
CONCEITO DE CULPA: CONSTITUIÇÃO
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A constituição promulgada em 05 de outubro de 1988 estendeu as ações de responsabilidades contra as empresas quando houver a comprovação da culpa (simples / grave ou dolo eventual).
A constituição anterior só permitia ações dessa natureza quando se conseguisse comprovar a culpa grave da empresa.
TEXTO DA CONSTITUIÇÃO DE 1988
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Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria de sua condição social:
Inciso XXVIII – Seguro contra acidentes de trabalho, a cargo do empregador, sem excluir a indenização a que este está obrigado, quando incorrer em dolo ou culpa;
CULPA GRAVE OU DOLO EVENTUAL
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Embora não exista a intenção da ação o resultado é previsto.
Exemplo:
Pedir ao operário que utilize o elevador de carga, em más condições de uso, cuja manutenção já foi pedida (a famosa “esta é a ultima vez”).
O elevador despenca e o operário se acidenta. 
CULPA SIMPLES
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É tipificada por três fatores
Negligência,
Imprudência,
Imperícia,
CULPA SIMPLES
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NEGLIGÊNCIA
Ausência de precaução ou indiferença em relação ao ato realizado.
Exemplo
Canteiro sujo, mal iluminado, mal ventilado, que proporcione condições de uma situação ou ambiente inseguro
CULPA SIMPLES
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IMPRUDÊNCIA
Prática de um ato perigoso
Exemplo
Operário que retira a proteção da máquina com o intuito de aumentar a produção.
Breve comentário
Essa atitude responsabiliza a chefia do trabalhador por esta se constituir em elo de ligação (preposto) trabalhador/empresa.
É crime a conivência ou omissão. 
CULPA SIMPLES
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IMPERÍCIA
Falta de aptidão para o exercício de determinada profissão ou arte
Exemplo
Submeter trabalhador não habilitado a substituir – em caráter eventual – trabalhador titular na função.
Breve comentário
Substituir operador de empilhadeira apto para a função por motorista , sofrendo este último grave acidente por falta de preparo específico. 
AÇÃO DE RESPONSABILIDADE CIVIL
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É uma ação privada.
Deve ser pleiteada pelos herdeiros do trabalhador acidentado.
Comprovando-se a responsabilidade da empresa, esta é obrigada a reparar o dano pagando indenização arbitrada pelo juíz considerando as lesões ou morte do trabalhador. 
AÇÃO DE RESPONSABILIDADE PENAL
É uma ação pública.
Procura responsabilizar pela morte ou dano à saúde do trabalhador os prepostos da empresa que têm como função cargos de chefia e como consequência serem divulgadores e cumpridores das normas de segurança.
Estão nessa condição:
Engenheiros do trabalho
Médicos do trabalho
Técnicos de segurança
Cipeiros
Gerentes
Supervisores
Chefes/Mestres/Encarregados
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RESPONDENDO POR CRIME DE RESPONSABILIDADE PENAL
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Situação em que gerentes, supervisores, chefes, encarregados podem responder por crime de responsabilidade penal
Quando for notificado – por escrito – de uma situação de condição ou ação insegura no seu setor.
Nestas circunstâncias ocorre um acidente causando morte, lesão grave ou doença profissional.
Como preposto da empresa e sem haver tomado providências quanto à notificação recebida, responderá criminalmente.
RESPONDENDO POR CRIME DE RESPONSABILIDADE PENAL
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Situação em que gerentes, supervisores, chefes, encarregados podem responder por crime de responsabilidade penal
Pena prevista
7 meses a 2 anos de detenção.
Breve comentário
Em caso de condenação, o individuo não cumprirá pena se for réu primário.
Porém ficará o registro na folha de antecedente
PRECAUÇÕES NAS ATIVIDADES
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Profissional de segurança do trabalho, tem sido visado como preposto específico, conforme o grau de dolo ou culpa em virtude do acidente ocorrido. 
Penas
Serviço comunitário e cassação do registro profissional.
CASO DA METALÚRGICA
EM OSASCO 1991
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CASO DA METALÚRGICA EM OSASCO
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Numa noite de fevereiro de 1992, um daqueles temporais típicos de verão atingiu o interior de São Paulo, arrancando telhados e provocando estragos por toda parte.
Numa metalúrgica da cidade de Osasco, próxima à capital paulista, a cobertura de um dos galpões foi danificada.
Seu Adair, 56 anos, acompanhado por dois colegas de trabalho foi escalado para proceder a troca de telhas.
Durante o conserto, ele desequilibrou-se, caiu no piso da fábrica e morreu.
CASO DA METALÚRGICA EM OSASCO
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O laudo técnico realizado pelo auditor fiscal da Delegacia Regional do Trabalho (DRT) de São Paulo constatou que no local não havia qualquer tipo de proteção coletiva que tornasse os serviços de manutenção da cobertura seguros ao trabalhador, que também não estava usando cinto de segurança.
CASO DA METALÚRGICA EM OSASCO
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Com a pressão do sindicato da categoria foi aberto inquérito policial.
Ao chegar ao Judiciário foi transformado em processo e o promotor público denunciou o diretor da empresa e o supervisor de produção por homicídio culposo.
Em menos de um ano o juiz deu sentença
Condenou os réus a cumprir pena de um ano de detenção, em regime aberto. 
CASO DA METALÚRGICA EM OSASCO
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Em 1992 o engenheiro de segurança da empresa também foi denunciado criminalmente por acidente fatal ocorrido na empresa.
Mas foi absolvido pois comprovou que tinha elaborado análise de riscos para o setor onde ocorreu o acidente e havia sido um dos autores da política de segurança da empresa.
Revista Proteção
– Junho de 2000.
COMO PROCEDER EM CASO DE ACIDENTES DO TRABALHO?
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COMO PROCEDER EM CASO DE ACIDENTES DO TRABALHO?
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Preservar o local do acidente, ou seja, não permitir a limpeza e organização do local para que sejam realizados os procedimentos da Perícia Criminal; 
Nos casos de vítimas com lesões corporais, a empresa deve solicitar ajuda dos socorristas profissionais (SAMU e Corpo de Bombeiros);
COMO PROCEDER EM CASO DE ACIDENTES DO TRABALHO?
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No caso de vítimas fatais, é necessário acionar o CIODES (Centro Integrado Operacional de Defesa Social) ligando 190 imediatamente e registrar o fato na DEAT (Delegacia Especializada em Acidente do Trabalho) ou unidade policial mais próxima.
COMO PROCEDER EM CASO DE ACIDENTES DO TRABALHO?
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Documentos necessários para o registro de acidentes de trabalho: 
Carteira de identidade da vítima e do noticiante; 
Carteira de trabalho da vítima; 
Cópia da CAT (Comunicação de Acidente de Trabalho); 
Certidão de óbito (em caso de vítimas fatais); 
Caso haja veículo envolvido no acidente, cópia do documento do veículo; 
Representação - casos de vítimas de lesão corporal. 
CAT
COMUNICAÇÃO DE
ACIDENTE DE TRABALHO
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O que é Comunicação de Acidente de Trabalho – CAT ?
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É um formulário que a empresa deverá preencher comunicando o acidente do trabalho, ocorrido com seu empregado, havendo ou não afastamento, até o primeiro dia útil seguinte ao da ocorrência e, em caso de morte, de imediato à autoridade competente, sob pena de multa.
O que é Comunicação de Acidente de Trabalho – CAT ?
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A CAT possui várias vias:
1ª via - o Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS); 
2ª via - à empresa; 
3ª via - o segurado ou dependente; 
4ª via - o sindicato da categoria profissional; 
5ª via - o Sistema Único de Saúde (SUS); e, 
6ª via - à Superintendência Regional do Trabalho (SRT). 
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Recomendações gerais
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Em face dos aspectos legais envolvidos, recomenda-se que sejam tomadas algumas precauções para o preenchimento da CAT, dentre elas:
não assinar a CAT em branco;
ao assinar a CAT, verificar se todos os itens de identificação foram devida e corretamente preenchidos;
o atestado médico da CAT é de competência única e exclusiva do médico;
o preenchimento deverá ser feito a máquina ou em letra de forma, de preferência com caneta esferográfica;
Recomendações gerais
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não conter emendas ou rasuras;
evitar deixar campos em branco;
apresentar a CAT, impressa em papel, em duas vias ao INSS, que reterá a primeira via, observada a destinação das demais vias;
o formulário "Comunicação de Acidente do Trabalho – CAT" poderá ser substituído por impresso da própria empresa, desde que esta possua sistema de informação de pessoal mediante processamento eletrônico, cabendo observar que o formulário substituído deverá ser emitido por computador e conter todas as informações exigidas pelo INSS.
Tipos de CAT
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Tipos de CAT
Ocorrências
CAT inicial
Acidente do trabalho, típico ou de trajeto, ou doença profissional ou do trabalho;
CAT reabertura
Reinício de tratamento ou afastamento por agravamento de lesão de acidente do trabalho ou doença profissional ou do trabalho, já comunicado anteriormente ao INSS;
CAT comunicação de óbito
Falecimento decorrente de acidente ou doença profissional ou do trabalho, ocorrido após a emissão da CAT inicial.
Questões sobre Segurança do Trabalho
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Como é classificado o acidente de trabalho?
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O acidente de trabalho pode ser classificado como:
TÍPICO
Aquele que ocorre durante o exercício do trabalho
DE TRAJETO
Aquele que ocorre no percurso do local de residência para o de trabalho, ou vice-versa.
DOENÇAS OCUPACIONAIS
Doenças desenvolvidas no ambiente de trabalho.
O que fazer quando ocorre um acidente de trabalho?
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Todo ambiente que possuam trabalhadores e que possam ocorrerem acidente de trabalho deve ser acompanhado por um técnico de Segurança do Trabalho, Médico do Trabalho, membro da Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (CIPA) ou pelo responsável pelos recursos humanos da empresa, que deve garantir que seja prestado todo atendimento necessário ao acidentado. 
O que fazer quando ocorre um acidente de trabalho?
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Além disso, o responsável também deve preencher as seis vias da Comunicação do Acidente de Trabalho (CAT), que tem a função de garantir a estabilidade por 12 meses ao trabalhador que permanecer afastado por mais de15 dias, e enviá-las para:
1ª via - o Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS); 
2ª via - à empresa; 
3ª via - o segurado ou dependente; 
4ª via - o sindicato da categoria profissional; 
5ª via - o Sistema Único de Saúde (SUS); e, 
6ª via - à Superintendência Regional do Trabalho (SRT). 
Quem emite a CAT?
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A empresa tem obrigação de emitir a CAT em caso de ocorrência de acidente de trabalho ou suspeita médica de doença do trabalho. Assim, deverá ser preenchida pelo setor de Recursos Humanos da empresa.
Caso ela não o faça, o próprio acidentado, seus dependentes, a entidade sindical competente, o médico que o assistiu, ou ainda, qualquer autoridade pública podem comunicar o acidente à Previdência Social, conforme artigo 22 da Lei 8213/1991.
Se a empresa se nega a preencher a CAT o que o Trabalhador deve fazer?
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O próprio trabalhador, seus dependentes, o sindicato, uma autoridade pública ou o próprio médico que o assistiu podem preencher a CAT.
O campo referente ao "atestado médico" deverá ser preenchido por um médico, de preferência aquele que atendeu o trabalhador ou algum médico da confiança do trabalhador.
Qualquer acidente ocorrido dentro de uma empresa deve ter uma CAT?
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Sim.
Muitas empresas emitem a CAT somente em casos em que é necessário afastamento por mais de 15 dias, ou seja, afastamento por conta da Previdência Social, mas isto não é o correto.
O correto é emitir a CAT mesmo se for acidente sem afastamento.
Nos primeiros 15 dias, o afastamento ocorre sob encargo da empresa.
Após os 15 dias, se houver necessidade de mais tempo de afastamento, este é por conta do INSS.
As doenças do trabalho devem ter CAT?
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Sim.
As doenças do trabalho devem ter CAT, a partir da suspeita de sua existência.
Se um trabalhador sofreu um acidente no trânsito, entre sua casa e seu trabalho, ele tem direito à CAT?
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Sim, Isto é chamado acidente de trajeto e é considerado uma forma de acidente de trabalho.
Para entender melhor:
Há três formas de acidente de trabalho
O acidente de trabalho típico, o acidente de trajeto e a doença do trabalho.
Quando o trabalhador sofreu o acidente no trânsito, qualquer que seja o meio de locomoção, inclusive em veículo de sua propriedade, desde que no percurso habitual da sua casa ao trabalho ou vice-versa, é reconhecido como acidente de trajeto, equiparado ao acidente de trabalho.
É necessária a emissão de CAT no caso de óbito?
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Sim.
O óbito ocorrido em decorrência de acidente de trabalho ou doença ocupacional deverá ser comunicado ao INSS por meio da CAT.
Nesse caso, também devem ser anexos à CAT a Certidão de Óbito e, quando houver, o laudo de necropsia. 
É necessário emitir CAT em caso de acidentes que não afastem o funcionário de sua função? 
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Sim.
A empresa deve comunicar o acidente havendo ou não afastamento do trabalho.
A comunicação deve ser feita até o primeiro dia útil seguinte ao da ocorrência e, em caso de morte, imediatamente.
Como a empresa pode ter acesso ao aplicativo CAT para preenchimento eletrônico?
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O acidente de trabalho pode ser comunicado por meio de aplicativo próprio, disponível no site do INSS ou nas Agências da Previdência Social.
Após a emissão da CAT, o que o empregado deve fazer?
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Caso haja necessidade de afastamento por mais de 15 dias, o empregado e/ou seu representante legal deve levar a CAT a uma agência do INSS e agendar a Perícia Médica para, então, poder passar a receber o benefício que é pago por meio do INSS.
Qual a diferença entre auxílio-acidente e auxílio-doença acidentário?
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O auxílio-doença acidentário
é o benefício concedido ao segurado que ficou mais de 15 dias incapacitado para o trabalho em decorrência de acidente de trabalho ou de doença profissional.
Já o auxílio-acidente tem natureza indenizatória e é devido ao segurado que, ao retornar ao trabalho após um afastamento motivado por um acidente de trabalho, não apresenta plena capacidade de desenvolver sua função.

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