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Bacia do Parana Milani

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Cap XVI 
Resumo:
A compreensão da origem e evolução tectônica da
Bacia do Paraná, assim como das bacias intracratônicas de
uma maneira geral, tem representado um grande desafio à
comunidade geocientífica. Essa enorme área sedimentar do
Brasil meridional, com extensões no Paraguai, Uruguai e
Argentina, compartilhou alguns estágios de sua história evo-
lutiva com outras bacias no contexto do paleocontinente
Gondwana, configurando um amplo golfo aberto ao
Panthalassa, de tal modo que os aspectos de tectônica e sedi-
mentação da Bacia do Paraná devem ser analisados sob uma
perspectiva mais ampla, que considere os fenômenos geológi-
cos de caráter regional durante o Paleozóico.
Tal é o caso das orogenias ocorridas ao longo da
margem sul-ocidental do Gondwana: o mecanismo respon-
sável pela subsidência inicial da Bacia do Paraná no
Eopaleozóico parece relacionar-se à reativação transtensiva
de descontinuidades crustais sob o campo de tensões da
Orogenia Oclóyica, a cuja movimentação associam-se local-
mente rochas básicas extrusivas. A recorrente atividade
orogênica paleozóica, focalizada no interior do continente
pelos lineamentos do arcabouço pré-cambriano no substrato
da sinéclise, foi um fator importante na estruturação da Bacia
do Paraná, expressando-se na forma de dobras abertas e
falhas de naturezas variadas.
O registro estratigráfico da bacia documenta uma pro-
gressiva tendência à continentalização dos sistemas deposi-
cionais lá atuantes; estratos marinhos presentes desde a
implantação da Bacia do Paraná, no Neo-Ordoviciano, per-
sistiram durante o Devoniano, com franca ligação ao oceano,
e ocorreram até o Carbonífero. A partir do Permiano, a bacia
assume a fisiografia de amplo mar interior: os orógenos paleo-
zóicos culminaram por interromper a conexão a oeste-
sudoeste da sinéclise com o oceano.
Desertos arenosos passam a dominar o cenário no
Mesozóico, e a manutenção de uma ampla superfície de
deflação eólica na Bacia do Paraná, com subsidência nula do
substrato, seria o prenúncio dos fenômenos geotectônicos
relacionados à Reativação Wealdeniana. Com a ruptura do
Gondwana, o embasamento da Bacia do Paraná foi intensa-
mente afetado pela intrusão de colossais volumes de mag-
matitos, que se instalaram como diques e soleiras entre as
rochas sedimentares ou extravasaram-se à superfície. 
O último ciclo de subsidência na história evolutiva da
Bacia do Paraná dar-se-ia durante o Neocretáceo, quando
foram acumulados sedimentos continentais por sobre as lavas
Serra Geral aproveitando o espaço flexural de acomodação
originado à superfície pela sobrecarga litostática dos
basaltos. 
Palavras-chave: Bacia do Paraná, Gondwana,
Tectônica, Subsidência, Orogenias Paleozóicas, Sinéclise.
COMENTÁRIOS SOBRE A ORIGEM E A EVOLUÇÃO TECTÔNICA DA BACIA DO PARANÁ
Edison José Milani
Petróleo Brasileiro S. A., Petrobras, Rio de Janeiro, RJ
ejmilani@petrobras.com.br
Abstract:
The understanding of the origin and tectonic evolution
of the Paraná Basin, as well as intracratonic basins all over
the world, has represented a major challenge for geoscien-
tists. This huge sedimentary area of southern Brazil, with
extensions into Paraguay, Uruguay and Argentina, shared
some stages of its evolutionary history with other basin with-
in the Gondwana paleocontinent. They formed a large gulf
open towards Panthalassa, in such a way that the tectonic
and sedimentary aspects of the Paraná Basin history should
be analyzed in a wide perspective to include geological phe-
nomena of regional significance during the Paleozoic.
Such is the case of the orogenies that occurred along
the southwestern margin of Gondwana: the mechanism
responsible for the initial subsidence of the Paraná Basin
during Eopaleozoic times appears to be related to the
transtensive reactivation of crustal discontinuities under the
stress field of the Oclóyic orogeny, the expression of which is
locally manifest in basic intrusions. The reoccurring
Paleozoic orogenic activity was focused on the continental
interior by lineaments printed on the Precambrian basement
of the syneclise, and was an important factor in the formation
of the structural framework of the Paraná Basin. They appear
as open folds and faults of different kinds.
The stratigraphical record of the basin shows a ten-
dency towards continental depositional systems. Marine stra-
ta deposited from the onset of sedimentation in the Paraná
Basin, in the Neo-Ordovician, continued throughout the
Devonian with oceanic influence up to the Carboniferous.
From Permian times on, the basin took the form of a large
inland sea. Paleozoic orogens ended by terminating the W-
SW connection of the syneclise with the open ocean.
Eolian sandstone beds came to dominate the Mesozoic
scenario and there developed a widespread eolian deflation
surface on the Paraná Basin. Subsidence was virtually inef-
fective at that time. Such conditions were the precursors to
the geotectonic phenomena related to the Wealden
Reactivation. With the break-up of Gondwana, the basement
of the Paraná Basin was intensely affected by the intrusion of
vast amounts of magma emplaced as dykes and sills between
the sedimentary strata as well as flows on the surface.
The long evolutionary history of the Paraná Basin
closed in the Neocretaceous with the deposition of continen-
tal sediments over the Serra Geral lavas, taking advantage of
the depositional space created by the lithostatic load of the
basalts. 
Keywords: Paraná Basin, Gondwana, Tectonics,
Subsidence, Paleozoic Orogenies, Syneclise.
Resumen:
La comprensión del origen y evolución tectónica de la
Cuenca del Paraná, al igual que de las cuencas intracratóni-
cas de una manera general, ha representado un gran desafío
para la comunidad geocientífica. Esa enorme área sedimen-
tar de Brasil meridional, que se extiende por Paraguay,
Uruguay y Argentina, ha compartido algunas etapas de su
historia evolutiva con otras cuencas en el contexto del paleo-
continente Gondwana, configurando un amplio golfo abierto
al Panthalassa, de tal forma que los aspectos de tectónica y
sedimentación de la Cuenca del Paraná deben ser analizados
bajo una perspectiva más amplia, que tome en cuenta los
fenómenos geológicos de carácter regional durante el
Paleozoico.
Este es el caso de las orogenias que ocurrieron a lo
largo del margen sur occidental del Gondwana: el mecanis-
mo responsable por la subsidencia inicial de la Cuenca del
Paraná en el Eopaleozóico parece estar relacionado con la
reactivación transtensiva de discontinuidades crustales bajo
el campo de tensiones de la Orogenia Oclóyica, a cuyo
desplazamiento se asocian localmente rocas básicas extrusi-
vas. La repetida actividad orogénica paleozoica, concentra-
da en el interior del continente por los lineamentos de la
estructura precambriano en el sustrato de la sinéclise, fue un
factor importante en la estructuración de la Cuenca del
Paraná, expresándose en la forma de pliegues abiertos y
fallas de distintas naturalezas.
El registro estratigráfico de la cuenca documenta una
progresiva tendencia a la continentalización de los sistemas
deposicionales que allí actúan, estratos marinos presentes
desde la implantación de la Cuenca del Paraná, en el Neo-
Ordoviciano persistieron durante el Devoniano con franca
vinculación al océano y ocurrieron hasta el Carbonífero. A
partir del Permiano, la cuenca asume la fisiografía del
amplio mar interior: los orógenos paleozoicos culminaron
por interrumpir la conexión a oeste-sudoeste de la sinéclise
con el océano.
Desiertos arenosos pasan a dominar el escenario en el
Mesozoico y la manutención de una amplia superficie de
deflación eólica en la Cuenca del Paraná con la subsidencia
nula del sustratosería el preanuncio de los fenómenos
geotectónicos relacionados a la Reactivación Wealdeniana.
Con la ruptura del Gondwana, la base de la Cuenca del
Paraná fue intensamente afectada por la intrusión de colosa-
les volúmenes de magmatitos, que se instalaron como diques
y umbrales entre las rocas sedimentarias o se extravasaron
hasta la superficie.
La larga historia evolutiva de la Cuenca del Paraná se
encerraría en el Neocretáceo con la acumulación de sedi-
mentos continentales sobre las lavas de la Sierra Geral,
aprovechando el espacio que se originó en la superficie por
la sobrecarga litostática de los basaltos. 
Palabras llave: Cuenca del Paraná, Gondwana,
Tectónica, Subsidencia, Orogenias Paleozóicas, Sinéclise.
Introdução
A Bacia do Paraná constitui uma imensa região sedi-
mentar da América do Sul, abrigando dentro de seus limites
uma sucessão sedimentar-magmática com idades entre o
Neo-Ordoviciano e o Neocretáceo. Geograficamente, a bacia
inclui porções territoriais do Brasil meridional, Paraguai
oriental, nordeste da Argentina e norte do Uruguai, numa área
total que ultrapassa 1.500.000 quilômetros quadrados (Fig. 1). A
bacia exibe forma ovalada com eixo maior em posição sub-
meridiana, e é plena representante do conceito de bacia
intracratônica: encontra-se inteiramente contida na placa sul-
americana e não apresenta relacionamento direto com as mar-
gens desta placa.
O contorno da sinéclise configura um limite erosivo ao
longo da maior parte de seu perímetro, que alcança 5.500
quilômetros. O formato atual da bacia reflete fenômenos pós-
paleozóicos do continente sul-americano, que subtraíram sig-
nificativas áreas do contexto deposicional original. O flanco
leste da bacia foi esculpido pela erosão em função do soer-
guimento marginal ao rifte sul-atlântico, expondo profunda-
mente o embasamento cristalino. Para oeste, a Bacia do
Paraná é limitada pelo Arco de Assunção, uma feição positi-
va originada pela sobrecarga litosférica imposta ao continente
pelo cinturão andino, e que aparta a Bacia do Paraná de áreas
outrora a ela contíguas, no Chaco paraguaio-boliviano.
Evidências de um limite original - uma paleoborda deposi-
cional - aparecem ao longo do flanco nordeste, uma região
persistentemente arenosa para o inteiro registro sedimentar da
bacia (Almeida, 1981). Para sul-sudoeste, a bacia tem con-
266
267Cap XVI 
Fig. 1 - Mapa geológico simplificado da Bacia do Paraná, com o contorno estrutural (profundidade) do embasamento cristalino. Notar que a
porção da bacia correspondente ao oeste do Estado do Paraná é onde acumulou-se a seção sedimentar-magmática com maior possança
(depocentro). Naquela área, o poço 1-API-1-PR (Alto Piquiri) penetrou 5.911m sem alcançar o embasamento cristalino; o poço foi interrompi-
do em nível estratigráfico correspondente à porção superior da Formação Alto Garças, neo-ordoviciana, e o controle sísmico indicava a neces-
sidade de se perfurar mais uns 700 a 1.000 m para atingir o embasamento pré-cambriano
- Simplified geological map of the Paraná Basin, and structural contour map of the basement. Note that the depocenter of the basin corre-
sponds to the western Paraná State area. In that region the API-1 well drilled 5,911 m of sedimentary and igneous rocks without reaching the
Precambrian basement, which was calculated by seismic data to be about 700-1,000 m below
tinuidade em territórios do Uruguai e da Argentina.
Muito já foi escrito e publicado acerca da geologia da
Bacia do Paraná, em múltiplos enfoques: magmatismo,
estratigrafia, paleontologia e sedimentologia; que certamente
figuram entre os temas mais estudados e bem compreendidos.
Mas é na geologia estrutural da bacia, e em aspectos tectôni-
cos ligados à origem e evolução da sinéclise, que persistem
importantes questões.
O Professor Fernando Flávio M. de Almeida é um dos
estudiosos dessa temática, tendo dedicado inúmeras páginas
de seus escritos à geologia da Bacia do Paraná. Em
Diferenciação Tectônica da Plataforma Brasileira (1969), já
expunha os traços gerais de seu pensamento acerca da
evolução das bacias paleozóicas brasileiras e do relaciona-
mento destas com as áreas subandinas. Em 1980, no relatório
“Tectônica da Bacia do Paraná no Brasil”, o eminente
pesquisador conseguiu mostrar a pleno suas idéias, discutin-
do pormenorizadamente as feições estruturais regionais e a
história de tectônica e sedimentação da sinéclise, consolidan-
do também as premissas da “herança tectônica” do embasa-
mento pré-cambriano na evolução da bacia. O evoluir con-
ceitual de alguns aspectos relacionados à origem e ao desen-
volvimento tectono-sedimentar da Bacia do Paraná, a partir
destes trabalhos fundamentais, é a temática do presente capí-
tulo.
Origem da Bacia do Paraná
“Bacias intracratônicas ocorrem no interior continen-
tal, distantes de margens de placas. Elas são ovais em planta
e têm forma de pires em seção. Bacias intracratônicas têm a
crosta continental por substrato, e em muitos casos encon-
tram-se sobrepostas a riftes abortados ou fósseis. A evolução
destas bacias envolve uma conjugação e sucessão de proces-
sos que incluem distensão continental, subsidência térmica
de amplas regiões e reajustes isostáticos tardios. A contro-
vérsia tem caracterizado o estudo da origem e evolução das
bacias intracratônicas...” (traduzido de Klein, 1995). 
As assertivas acima sintetizam com propriedade o fato
de que há grandes dificuldades ao se modelar termo-mecani-
camente a origem das bacias intracratônicas. Os mecanismos
de evolução das sinéclises, quando assumidas como unidades
geotectônicas individualizadas, constituem temas polêmicos
e ainda não conclusivamente explorados. Inexistem modelos
teóricos bem estabelecidos a que se possa associar a sub-
sidência de amplas áreas interiores de um continente, recor-
rendo ciclicamente durante centenas de milhões de anos. 
Alguns autores, na abordagem eminentemente teórica
da questão, relacionam o desenvolvimento de bacias do tipo
Paraná a processos de estiramento litosférico e subsidência
térmica (Hoffman, 1989). Outros, a mudanças na distribuição
de temperaturas na litosfera, com o desenvolvimento de
plumas astenosféricas descendentes que resultariam em sub-
sidência na superfície (Middleton, 1990). Também têm sido
aventados mecanismos de flexura intracontinental como
resposta a carregamento tectônico nas margens de placas,
subsidência relacionada à propagação de esforços horizontais
na litosfera, transformação de fase e sobrecarga subcrustal,
além de soerguimento térmico da crosta seguido por erosão
subaérea e subsidência, modelos esses discutidos em detalhe
por Leighton e Kolata (1990).
Como unidade autônoma de subsidência e sedi-
mentação-magmatismo, a Bacia do Paraná perdurou do Neo-
Ordoviciano até o final do Mesozóico, interrompida que foi
pelos movimentos da “Reativação Wealdeniana” e abertura
do Atlântico Sul (Almeida, 1969). Nesse transcorrer do tempo
geológico, entre 450 Ma e 65 Ma, sucessivos episódios de
sedimentação acomodaram seus depósitos no que viria a ser
uma bacia de registro policíclico. Seis unidades de segunda
ordem (Milani, 1997) constituem seu arcabouço estratigráfi-
co (Fig.2): Superseqüência Rio Ivaí (Caradociano-
Llandoveriano), Superseqüência Paraná (Lochkoviano-
Frasniano), Superseqüência Gondwana I (Westphaliano-
Scythiano), Superseqüência Gondwana II (Neoanisiano-
Eonoriano), Superseqüência Gondwana III (Neojurássico-
Berriasiano) e Superseqüência Bauru (Senoniano). Entre as
superseqüências, aparecem importantes lacunas no registro
estratigráfico.
A origem da Bacia do Paraná, aí entendidos aqueles
processos responsáveis pela subsidência e acomodação das
unidades sedimentares iniciais de seu arcabouço estratigráfi-
co (Superseqüência Rio Ivaí), tem sido interpretada de dife-
rentes maneiras pelos pesquisadores dedicados ao tema.
Fulfaro etal. (1982) conceberam um conjunto de “calhas
aulacogênicas no embasamento da futura Bacia do Paraná”,
orientadas a NW-SE, que teriam sido as “precursoras da sedi-
mentação cratônica”. 
Zalán et al. (1990) atribuíram a origem da bacia a fenô-
menos de resfriamento litosférico a partir de uma região anor-
malmente aquecida durante o Ciclo Brasiliano, embora não
descartassem a possibilidade de um episódio de estiramento
crustal como promotor da subsidência inicial da sinéclise. Foi
mapeada por eles a área de ocorrência de um sugestivo “rifte
inicial”, na forma de uma calha estreita orientada a N-S, aco-
modando a Formação Rio Ivaí (Zalán et al., 1987). Para Soares
(1991), “não há indicações de um grande rifte precursor que
explicasse a origem da bacia por evento de estiramento litos-
férico”. Esse autor admite um mecanismo de flexura litosféri-
ca com um precoce abatimento de blocos, na forma de
grábens, para acomodar o “primeiro ciclo cratônico” da
bacia, iniciado no Neo-Ordoviciano. 
Saliente-se que há muito de conjetural nos modelos
propostos; a qualidade sísmica ainda deficiente dificulta
sobremodo uma adequada observação da natureza e dos esti-
los estruturais dominantes ao longo dos elementos tectônicos
fundamentais na região profunda da bacia, onde residem
informações diagnósticas em termos da natureza e idade da
movimentação de cada um ou de conjuntos desses elementos
estruturais. As hipóteses existentes são, em grande extensão,
apoiadas num arcabouço de lineamentos derivados de dados
regionais de gravimetria e magnetometria, de tal sorte que os
aspectos genéticos e cronológicos de tais feições não podem
ser adequadamente estabelecidos.
Uma fundamental questão ligada à origem da Bacia do
Paraná reside no relacionamento dessa calha deposicional
com os fenômenos ocorridos na margem do Gondwana
durante o Paleozóico. Sanford & Lange (1960) foram pio-
neiros em relacionar os ciclos de sedimentação e erosão da
Bacia do Paraná a fenômenos de mais ampla escala.
Inteiramente dentro da conceituação geossinclinal então
dominante, tais autores apresentaram uma detalhada carta
geotectônica em que os diversos elementos do registro estrati-
gráfico do “miogeossinclíneo do Paraná” são correlacionados
aos eventos tectônicos ocorridos junto à borda ativa do conti-
nente; tanto épocas de subsidência quanto de geração de
hiatos deposicionais; mesmo as transgressões e regressões
documentadas na bacia foram por eles imputadas aos grandes
eventos orogênicos paleozóicos da margem gondwânica,
sempre em um clássico desenho de bacia interior, isolada do
antepaís. Induzidos pelo modelo geossinclinal, Sanford &
Lange pecaram conceitualmente ao representar, num mesmo
momento evolutivo, a Bacia do Paraná, paleozóica, e o
orógeno andino, cenozóico.
Nessa mesma linha de investigação, mas em con-
traponto às conclusões de Sanford & Lange (1960), Almeida
et al. (1980) afirmaram que a Bacia do Paraná desenvolveu-
se “sem dependência direta dos fenômenos evolutivos de que
268
269Cap XVI 
Fig. 2 - Diagrama crono-estratigráfico da Bacia do Paraná, construído com base fundamentalmente em informações de subsuperfície. A
extremidade NW do diagrama corresponde à estratigrafia constatada pelo poço de Alto Garças-MT, e a SE aos dados do poço Belén, no
Uruguai (exceto a seção devoniana do Grupo Durazno, que não ocorre no referido poço mas é aflorante naquela região). O arcabouço
estratigráfico desta sinéclise inclui seis grandes seqüências, cada uma delas representando a seção acumulada durante um dos ciclos evolu-
tivos da bacia. É notável a persistente condição subsidente desta área, que acumulou e preservou um registro fanerozóico com cerca de 400
Ma de duração
- Chrono-stratigraphical chart of the Paraná Basin, based chiefly on subsurface information. The northwestern portion of the diagram cor-
responds to the stratigraphy from Alto Garças well, whereas the southeastern one is related to Belén well, in Uruguay. The stratigraphical
framework of this syneclise includes six major unconformity-bounded units, each one of them corresponding to a particular cycle of subsi-
dence during the basin’s evolution, spanning as a whole about 400 Ma of Phanerozoic time
270
resultou a faixa de dobramentos da cadeia Andina”; portan-
to, como unidade geotectônica autônoma. 
A questão foi retomada por Zalán (1991), quando disse:
“... em cada momento em que o Gondwana foi submetido à
colisão de um terreno exótico ou microplaca contra sua
margem pacífica, o interior do continente era gradualmente
soerguido. Isto se refletia nas bacias interiores na forma de
regressão dos mares, seguida por um forte afluxo de arenitos
... e o desenvolvimento de discordâncias interregionais ...” 
Assine (1996) alimentou a polêmica; em posição con-
traditória à de Zalán (1991), declarou que “...as orogenias
não mostram, necessariamente, correspondência biunívoca
com discordâncias nas bacias intracratônicas.” Para Assine
(1996), existiu uma relação temporal da subsidência que aco-
lheu as seqüências Ordoviciano-Siluriana e Devoniana da
Bacia do Paraná com “épocas de compressão e orogênese na
região pré-andina” . 
Boa parte da problemática no estudo e entendimento da
origem da Bacia do Paraná advém da precária visualização de
seu arcabouço profundo, na região da denominada “calha
central”, ao longo do eixo do Rio Paraná. A existência de um
“rifte central” acomodando as sucessões sedimentares iniciais
da Bacia do Paraná ganhou maior confiabilidade com o tra-
balho de integração regional de Marques et al. (1993), um
relatório técnico da Petrobras cujos resultados não foram
publicados externamente. 
O “rifte central” desses autores se expressa, em dados
geofísicos regionais de diversas naturezas (gravimétricos,
magnetométricos e sísmica de reflexão, com algum apoio
litoestratigráfico de poços profundos), como uma proemi-
nente depressão pré-devoniana (Fig. 3), demarcada geografi-
camente pelo eixo da bacia de drenagem do Rio Paraná. Pela
interpretação daqueles autores, o “rifte central” da Bacia do
Paraná constitui um domínio ordovício-siluriano limitado por
falhamentos normais e internamente compartimentado numa
série de altos e baixos estruturais (Fig. 4), que não se refletem
no pacote devoniano a ele sobreposto. As maiores espessuras
das sucessões sedimentares cratônicas pré-devonianas ocor-
Fig. 3 - Arcabouço tec-
tônico da Bacia do Paraná
(Marques et al., 1993),
com ênfase para os ele-
mentos estruturais de ori-
entação SW-NE. Destaque
para o conjunto de altos e
baixos estruturais que
define a província deno-
minada de “rifte central”
- Tectonic framework of
the Paraná Basin, with
emphasis on the SW-NE
structural elements that
define the central rift of
the basin
271Cap XVI 
Fig. 5 - Modelo paleotectônico da margem sul-
ocidental gondwânica no Neo-Ordoviciano, ao
tempo da Orogenia Oclóyica e implantação da
subsidência inicial na Bacia do Paraná. Como
referências geográficas, linhas tracejadas
indicam a borda atual da Bacia do Paraná e os
limites dos continentes africano e sul-ameri-
cano
- Paleotectonic model of SW margin of
Gondwana during Late Ordovician time, when
the Ocloyic Orogeny was active. The inception
of the Paraná Basin coincides in time with the
climax of this orogenic episode
Fig. 4 - Seção sísmica ilustrativa do “rifte cen-
tral” da Bacia do Paraná. Notar que a calha
deposicional controlada por falhamentos nor-
mais, como interpretada por Marques et al.
(1993), é uma feição dominantemente pré-devo-
niana, que exerceu importante controle sobre a
distribuição de espessuras e área de ocorrência
do pacote inicial da bacia, ordoviciano-siluriano
- Two-way travel time, seismic reflection line
illustrating the central rift of the Paraná Basin,
a pre-Devonian feature that strongly influenced
thicknesses distribution and occurrence of the
Ordovician-Silurianpackage
rem condicionadas ao “rifte central”, que se estende por mais
de 600 km na direção SW-NE, desde o Paraguai até a região
centro-norte da bacia.
É importante mencionar que a feição descrita como
“rifte central” da Bacia do Paraná não guarda compromisso
com o modelo de evolução de bacias extensionais, em que
uma fase de estiramento e aquecimento litosféricos e sub-
sidência mecânica promovida por falhas normais é seguida
por uma etapa de subsidência térmica, à semelhança do que
documenta a história evolutiva das bacias da margem conti-
nental brasileira. Em tais bacias, a fase rifte foi de curta
duração (15-20 Ma), e a fase de subsidência térmica que se
seguiu, por dissipação do calor acumulado anteriormente, foi
conseqüência das características e processos atuantes na etapa
tafrogênica. 
Não é razoável admitir-se, para o caso da Bacia do
Paraná, que o espaço colocado à disposição para a aco-
modação do pacote devoniano, por exemplo, tivesse alguma
relação causal com o rifte neo-ordoviciano sotoposto, do qual
se aparta temporalmente por dezenas de milhões de anos,
tempo este suficiente para um reequilíbrio térmico da litos-
fera. Cada uma das seis grandes seqüências do arcabouço
estratigráfico da Bacia do Paraná (Fig.2) é a resposta indivi-
dualizada de processos de subsidência com naturezas varia-
das, recorrentes no tempo e persistentes em sua localização
geográfica; no conjunto de sua atuação, produziram um regis-
tro multi-cíclico de grande amplitude temporal.
Milani (1997) e Milani & Ramos (1998), em abor-
dagem que considera o contexto tectono-sedimentar do
Gondwana sul-ocidental, destacaram que durante o Neo-
Ordoviciano - idade da acumulação dos pacotes iniciais da
Bacia do Paraná - a margem do paleocontinente era submeti-
da aos processos geodinâmicos ligados à Orogenia Oclóyica
(Fig. 5), com a colisão do Terreno Pré-Cordilheirano (Ramos,
1988). Isso implica a atuação de um campo regional com-
pressivo capaz de reativar descontinuidades do substrato anti-
go que, como naturais zonas de fraqueza, acomodaram os
depocentros iniciadores da sedimentação cratônica. A sub-
sidência inicial da Bacia do Paraná, segundo Milani (1997),
seria de natureza transtensiva; os grábens assim originados,
correspondentes ao “rifte central” de Marques et al. (1993),
orientaram-se pela trama brasiliana a SW-NE (Almeida et al.,
1980) e acomodaram o pacote sedimentar inicial da Bacia do
Paraná, a Superseqüência Rio Ivaí.
O proposto regime de reativação transtensiva de
descontinuidades crustais parece ter favorecido localmente a
geração de magmas, de tal sorte que se pode observar, ainda
como ocorrência singular, a associação da sedimentação
ordovício-siluriana com rochas efusivas de caráter básico. O
poço Três Lagoas-MS amostrou uma seção de fundamental
significado ao entendimento da implantação da Bacia do
Paraná. Aos 4.569 metros de profundidade, em nível estrati-
gráfico correspondente ao da Superseqüência Rio Ivaí, a per-
furação atingiu um corpo basáltico (Fig. 6), oxidado e ver-
melho em sua porção superior, com xenólitos de siltito
quartzoso e micáceo, e verde escuro nos dois metros finais
amostrados pelo poço, com vesículas preenchidas por clorita,
carbonato e zeólitas. Localmente, ocorrem intercalações de
brecha vulcânica constituída por fragmentos arredondados de
lava vermelha e vidro vulcânico em matriz arenosa muito
fina, quartzosa e micácea. Também aparecem arenitos líticos
derivados do retrabalhamento da massa ígnea, de granulome-
tria fina a média, incluindo detritos de quartzo, mica e óxidos
de ferro (Mizusaki, 1989). 
O Basalto Três Lagoas (Fig. 7) foi datado recentemente
com o uso da técnica Ar/Ar (York, 2003), revelando idade de
443 ± 10 Ma em plagioclásios (Fig. 8); esse dado tem impor-
tante significado, marcando-se aí o evento que deu início à
Bacia do Paraná. A natureza da sedimentação Rio Ivaí, nesse
contexto evolutivo precoce da bacia, assumiu de pronto um
caráter transgressivo, uma vez que a subsidência intraplaca
configurou um imenso golfo, no qual adentravam as águas do
Panthalassa. A Formação Vila Maria (Llandoveriano) assinala
as condições de máxima inundação do ciclo ordoviciano-silu-
riano; Mizusaki et al. (2002), por meio de datação Rb/Sr, esti-
maram uma idade mínima deposicional de 435,9 ± 7,8 Ma
para os pelitos dessa unidade, perfeitamente compatível com
o posicionamento estratigráfico derivado da interpretação do
conteúdo fossilífero do pacote.
Almeida et al. (1980), com base no esparso conhecimento
até então existente sobre a sucessão estratigráfica da Bacia do
Paraná em sua região mais profunda, e considerando a presença de
uma seção pré-devoniana aflorante no contexto do Arco de
Assunção, comentaram: “...Desconhece-se a importância que
possa ter representado essa transgressão marinha no interior da
Bacia do Paraná, e se essa já estava caracterizada como área sub-
sidente...”. Os dados geocronológicos acima mencionados parecem
esclarecer mais conclusivamente algumas das questões ligadas à
implantação e ao desenvolvimento inicial da Bacia do Paraná.
272
Fig. 6 - Imagem do teste-
munho n. 40 do poço
TL-1-MS, cortado no
intervalo 4.569 - 4.574
m, correspondente ao
Basalto Três Lagoas.
Autor: E. J. Milani,
1994. Diâmetro do teste-
munho: 3,5 polegadas
- Image of the drill core
n. 40 from well TL-1-MS
(4,569 - 4,574 m), corre-
sponding to the Três
Lagoas basalt. Core
diameter 3 1/2”
Fig. 7 - Lâmina petrográfica do Basalto Três Lagoas (Mizusaki, 1989);
coletada à profundidade de 4.569,5 m, no testemunho n. 40 do poço
homônimo
- Thin section of the Três Lagoas basalt,collected at a depth of
4,569.5m, from drill core nº, well TL-1-M5
área, dando suporte às interpretações acima mencionadas.
Milani & Daemon (1992) revisaram os dados litológi-
cos e de perfis dos poços de Assunção. A investigação pali-
nológica revelou dois conjuntos de microfósseis, os silurianos
e os devonianos, suportando uma re-interpretação estratigrá-
fica que incluiu uma seção devoniana para a área do arco,
com espessura equivalente àquela perfurada por poços na
porção brasileira da bacia (Fig. 10). Tal constatação, aliada ao
fato de que as paleocorrentes exibidas pelos sedimentitos da
Formação Furnas na faixa ocidental de afloramentos desse
pacote (Bigarella, 1973) têm sentido geral para oeste-
sudoeste, indicando um improvável fluxo sedimentar “para
fora” da calha deposicional devoniana, são indicativos de que
o Arco de Assunção não se fazia presente ao tempo da acu-
mulação da Superseqüência Paraná.
A Superseqüência Paraná documenta um ciclo trans-
gressivo-regressivo de sedimentação que iniciou com os
depósitos areno-conglomeráticos da Formação Furnas, eode-
voniana (Fig. 11), recobertos por um pacote pelítico fos-
silífero (Formação Ponta Grossa, Fig. 12) cujo padrão regio-
nal de idades, estabelecido a partir do conteúdo de quitino-
zoários (Lange, 1967) e de esporomorfos (Daemon et al.,
1967), situa-se no intervalo Emsiano-Frasniano. No conjunto,
o pacote devoniano exibe espessura máxima preservada em
torno de 850 metros na região ocupada pela Bacia do Paraná
no Brasil; mais para oeste, em territórios da Argentina e
Bolívia, estratos devonianos alcançam possanças da ordem de
alguns milhares de metros (Gohrbandt, 1993).
Evolução no Devoniano
Durante muito tempo, a seção devoniana foi admitida
como sendo a mais antiga, basal, da Bacia do Paraná. As con-
siderações acima mostram o entendimento contemporâneo da
seção inicial da bacia (Fig. 9), de idade ordoviciana-siluriana,
cujo reconhecimento pioneiro deveu-se a Faria & Reis Neto
(1978).
A questão da paleogeografia devoniana e a ligação
pretérita da bacia interior com o domínio oceânico do
Panthalassa, incluindo a idade do Arco de Assunção como
elemento estrutural positivo, são outros temas desde há muito
discutidos. “A sedimentação devoniana do Grupo Paranájá
permite caracterizar a presença de uma sinéclise... No
Devoniano, contudo, o arco já estaria soerguido, a julgar
pelo traçado geral das isópacas na bacia...” Essas afirmati-
vas, extraídas de Almeida et al. (1980) revelam o pensamen-
to então vigente sobre a configuração da calha deposicional
devoniana da Bacia do Paraná; segundo tais premissas, a
bacia já teria assumido aí sua condição de bacia interior, com
os flancos arranjados em suave mergulho concêntrico no sen-
tido do depocentro.
Zalán et al. (1987), apoiados por informações de poços
perfurados no início dos anos 80 sobre o Arco de Assunção,
corroboraram a idéia de que tal feição ter-se-ia alçado já no
Devoniano. O relatório dos poços, documento originalmente
apresentado com a sucessão sedimentar perfurada em Asu-1 e
Asu-2, não incluía um pacote de idade devoniana naquela
273Cap XVI 
Fig. 9 - Aspecto da discordância entre as formações Vila Maria
(arenitos avermelhados, inferior) e Furnas (arenitos brancos) na
encosta do Morro da Mesa, Município de Arenópolis-GO. Autor:
E. J. Milani, 1992
- Outcrop displaying the unconformable contact between Vila
Maria (lowermost, reddish sandstones) and Furnas (white sand-
stones) formations, located at Morro da Mesa, Arenópolis
County, Goiás State
Fig. 8 - Gráfico com resultado da investigação Ar/Ar no
Basalto Três Lagoas. O resultado preliminar sinaliza a pre-
sença de uma rocha ígnea neo-ordoviciana relacionada à
implantação da Bacia do Paraná. Notar o plagioclásio indi-
cando uma idade de cristalização em torno de 443 Ma; o
dado geocronológico da rocha-total, 350 Ma, aponta para o
tempo da discordância pré-carbonífera, quando os compo-
nentes mineralógicos dessa rocha devem ter sofrido alte-
rações significativas
- Ar/Ar results for the Três Lagoas basalt indicating an age
of 443 Ma on plagioclase. The whole rock age of about 350
Ma is related to a time of uplift and erosion (Devonian-
Carboniferous unconformity)
O espessamento progressivo da seção devoniana para
oeste, extrapolando os limites da Bacia do Paraná, reflete em
escala mais ampla o contexto tectono-sedimentar da margem
gondwânica, numa configuração regional em que faixas mais
subsidentes posicionavam-se junto à borda ativa, no domínio
de antepaís. A flexura litosférica em ampla escala, a partir da
margem do paleocontinente no sentido de seu interior, seria o
fenômeno responsável pela subsidência que acolheu o pacote
devoniano da Bacia do Paraná.
Com boa segurança pode-se hoje afirmar que a Bacia
do Paraná, desde seu início no Neo-Ordoviciano e até o final
da acumulação do pacote devoniano, configurou-se em golfo
e manteve uma efetiva conexão com as áreas deposicionais do
atual Chaco argentino-paraguaio-boliviano, com as quais
compartilhou as incursões de águas oceânicas do Panthalassa.
O ciclo Carbonífero-Eotriássico
A implantação da sedimentação carbonífera na Bacia
do Paraná sucedeu um tempo de profundas modificações tec-
tônicas e climáticas no Gondwana. “A etapa seguinte inicia-
se no Stephaniano e estende-se ao Kazaniano, com a possi-
bilidade de alcançar o Triássico Inferior. Representa a
ocasião de maior expansão e subsidência da sinéclise pale-
ozóica. Assistiu em seu início a fenômenos de glaciação con-
tinental, e ingressões marinhas se realizaram em seu inte-
rior. .. A atividade tectônica dos arcos marginais e os movi-
mentos verticais em áreas diversas compartimentaram-na...”.
Os dizeres de Almeida et al. (1980), referem-se a assertivas
ainda hoje plenamente válidas.
Como decorrência das mudanças mencionadas, o limi-
te físico entre os estratos de idade devoniana e os de idade
carbonífera (na base da Superseqüência Gondwana I, Milani,
1997) se expressa como uma superfície discordante de larga
abrangência (Fig. 13), onde está implícito um hiato com
duração mínima de cerca de 50 Ma. Subsidência no
Carbonífero foi importante na porção setentrional da Bacia do
Paraná, onde acomodou-se uma espessa seção com até 1500
metros de rochas sedimentares das unidades Aquidauana-
Itararé, e avançou paulatinamente para o sul (Fig. 14) com o
adentrar do Permiano (Milani, 1997); tal arranjo, com onlap
sedimentar-estratigráfico no sentido das porções mais meri-
dionais da bacia, já se podia perceber na distribuição de bio-
zonas de Daemon & Quadros (1970).
A partir da base da Formação Rio Bonito, o sentido
regional de onlap se inverteu, dando-se agora de sul para
norte. Essa condição é atestada também pela distribuição de
espessura da Formação Palermo e pelo conteúdo orgânico dos
folhelhos dessa unidade, ambos atributos aumentando para
sudoeste, com máximos constatados por poços perfurados na
porção sul-ocidental do Estado do Rio Grande do Sul; o “mar
Palermo”, que se contrapunha às “progradações Rio Bonito”,
provinha certamente de oeste, e a Bacia do Paraná experi-
mentava então suas últimas incursões marinhas. 
A movimentação tectônica concomitante à sedi-
mentação permo-carbonífera da Bacia do Paraná é um aspec-
to que tem sido bastante explorado na bibliografia geocientí-
fica. Zalán et al. (1990) ilustraram a atividade relativa dos
diferentes conjuntos de lineamentos do substrato da bacia
com o passar do tempo geológico, destacando-se importantes
eventos no Eopensilvaniano, no Eopermiano e no
Neopermiano. Milani (1997) relacionou as reativações ocor-
ridas no Neopermiano da Bacia do Paraná aos processos geo-
tectônicos da Orogenia Sanrafaélica (La Ventana-Cabo); o
arco magmático Choiyoi, então implementado junto à calha
de antepaís, foi importante elemento de restrição à comuni-
cação do interior continental com o Panthalassa. 
Em dados de sísmica de reflexão, as movimentações
neopermianas se expressam como anticlinais desenvolvidos
por esforços transpressivos nas proximidades de grandes
lineamentos SW-NE do substrato da bacia (fig. 15 e 16); cor-
responde a essa etapa de deformação a estrutura portadora de
gás em Barra Bonita - PR (Campos et al., 1998). 
Strugale (2002) reconheceu similar padrão de defor-
mação, com dobras e falhas de cavalgamento afetando o
pacote da Formação Rio do Rasto, na área da Serra do
Cadeado - PR. À atividade recorrente de lineamentos estrutu-
rais durante o Neopermiano podem ser também atribuídas as
discordâncias locais observadas em seções aflorantes,
derivadas do basculamento de blocos nas vizinhanças desses
274
Fig. 10 - Correlação estratigráfica entre os poços Asu-1 e Asu-2
(Paraguai) e Rio Ivaí (Estado do Paraná), evidenciando a presença de
uma espessa seção devoniana no contexto do Arco de Assunção. O
referido alto estrutural não era, portanto, um elemento ativo durante o
Devoniano. É notável, também, o espessamento para oeste da seção
arenosa neo-ordoviciana da Formação Alto Garças (no Paraguai,
encontra correspondência litoestratigráfica no Grupo Caacupé)
- Stratigraphic correlation of well data from Paraguay and Brazil,
showing the existence of a thick package of Devonian rocks over the
Asunción Arch. This dates the Asunción Arch uplift as post-Devonian.
Also notable is the westwards thickening of the sandy section of the
Alto Garças Formation, that corresponds in Paraguay to the Caacupé
Group
sistemas deposicionais em que foi dominante a contribuição
flúvio-eólica, associada a corpos d’água descontínuos e pro-
gressivamente mais reduzidos em área, que desapareceriam
por completo em seguida, refletiu uma condição paleo-
geográfica de aridez crescente no interior continental do
Pangea. As incursões oceânicas, responsáveis pelo desen-
volvimento de diversos ciclos transgressivo-regressivos
desde a implantação da bacia, no Eopaleozóico, já se haviam
elementos regionais; exemplificam essa situação o contato
discordante Rio Bonito-Palermo próximo a Bagé - RS (Fig.
17) e as discordâncias angulares intraformacionais no pacote
Rio do Rasto da Serra do Espigão (BR-116, SC, Fig. 18) e da
rodovia BR-470,SC.
A deposição da seção superior do pacote Carbonífero-
Eotriássico da Bacia do Paraná acompanhou um marcante
episódio de subsidência acelerada do substrato, mencionado
por Almeida et al. (1980) que, referindo-se aos estratos pós-
Irati, lembraram ter a sedimentação dessa etapa “... caracte-
rísticas indicando, quase sempre, deposição próxima ao nível
de base de acumulação, isso mesmo quando mais rápida foi
a subsidência na depressão central...”. Os gráficos represen-
tativos da subsidência e as considerações sobre a evolução
neopermiana da Bacia do Paraná apresentados por diversos
autores (Oliveira, 1987; Cunha & França, 1994; Quintas,
1995; Milani, 1997), ilustram com clareza o padrão de taxas
de subsidência crescentes característico para o pacote em
questão. Cada autor apresentou sua versão para o fenômeno,
refletindo a abordagem adotada. 
Quintas (1995) identificou as elevadas taxas de sub-
sidência correspondentes ao registro permiano, inclusive seu
padrão crescente no tempo, porém relacionou-as a processos
distensionais, observando que “... o evento distensivo do
Permo-Carbonífero foi o de maior expressão tectônica...”. O
arcabouço estrutural da Bacia do Paraná, entretanto, não
mostra falhas normais de grande rejeito associadas ao regis -
tro neopermiano, que seriam os elementos efetivamente diag-
nósticos da atuação de um regime tectônico distensivo. 
Já Cunha e França (1994) preferiram argumentar a favor de
uma ampliação do intervalo temporal em que estaria inserido o
pacote em questão, uma vez que, segundo eles, “... altas taxas de
sedimentação... estão associadas a deposição em bacias do tipo
rifte, não sendo admissíveis na Bacia do Paraná, naquela
idade...”. Assumindo uma idade permotriássica para a
Formação Teresina e posicionando a Formação Rio do Rasto
inteiramente no Triássico, tais autores “atenuaram” as taxas
de subsidência em questão, obtendo com isso “... taxas mais
próximas das demais unidades estratigráficas que compõem
a Seqüência Permotriássica da bacia”. 
Milani (1997) verificou a correlação temporal desse
intervalo em que se desenvolveram pronunciadas taxas de
subsidência, no Neopermiano da Bacia do Paraná, com o clí-
max da Orogenia Sanrafaélica, este um importante evento
tectônico documentado junto à margem gondwânica. Embora
crono-correlacionáveis, tais fenômenos geológicos não
podem ser arquitetados numa relação direta de causa e efeito,
por falta de um arcabouço teórico adequado que justifique
subsidência flexural a até 2000 km de distância do orógeno.
Poder-se-ia atribuir a subsidência neopermiana acelerada a
um processo de flexura litosférica, atrelado ao antepaís da
Orogenia Sanrafaélica? Esta é questão ainda em aberto, e
sobre ela Almeida et al. (1980) disseram: “... Situada muito
longe da faixa Andina, as deformações nesta realizadas não
parece terem-na atingido, embora certa simultaneidade entre
essas deformações e movimentos epirogênicos regionais na
bacia possam resultar de uma causa comum ...” 
Já em tempos mesozóicos, a Bacia do Paraná experi-
mentaria um período de quiescência tectônica prolongado,
que seria interrompido adiante pelos movimentos da
“Reativação Wealdeniana” e ruptura do Gondwana, no início
do Cretáceo.
A história Mesozóica
Com a Era Mesozóica, instalou-se uma irreversível
tendência à desertificação na Bacia do Paraná, como de resto
nas demais bacias intracratônicas brasileiras. A presença de
275Cap XVI 
Fig. 11 - Escarpa da Formação Furnas às margens da rodovia BR-163,
entre Rondonópolis e Cuiabá, Estado do Mato Grosso. Naquela área, a
seção devoniana apóia-se diretamente sobre o embasamento pré-cam-
briano. Autor: A. B. França, 1989
- Cuesta of the Furnas Formation, road BR-163, between
Rondonópolis and Cuiabá Counties, Mato Grosso State. In that area
the Devonian package directly overlies the Precambrian basement
Fig. 12 - Aspecto dos
pelitos devonianos
da Formação Ponta
Grossa no teste-
munho n. 18 do poço
Cândido de Abreu-1,
Paraná. Notar a
intensa destruição
da fábrica original
da rocha por ativi-
dade biogênica (bio-
turbação). Autor: A.
B. França, 1991.
Diâmetro do teste-
munho 3,5 pole-
gadas
- Shaly sediments of
the Devonian Ponta
Grossa Formation,
deeply bioturbated.
Sample collected at
a depth of 1,678.1 m,
well Cândido de
Abreu-1, core n. 18.
Core diameter 3 1/2”
retirado em definitivo. Tal tendência ao ressecamento culmi-
naria com a ampla superfície de deflação eólica relacionada à
Formação Botucatu; as condições de abrasão subaérea do
substrato e acumulação de depósitos arenosos como campos
de dunas persistiriam até o Eocretáceo. É assim que, em aflo-
ramentos, pode-se observar o contato entre as formações Rio
do Rasto e Botucatu. A superfície de discordância erosiva
entre as duas unidades, a documentada expressão do prolon-
gado período de retrabalhamento eólico a que esteve então
submetida a Bacia do Paraná, traz implícito um hiato deposi-
cional que beira os 100 Ma de duração.
Para que possa ter-se desenvolvido uma superfície
regional de deflação eólica, entende-se que, em associação a
condições de pronunciada aridez do clima, a subsidência do
substrato da bacia naquele tempo tenha sido nula, ou pouco
efetiva. Seriam estas as manifestações iniciais, pré-magma-
tismo, do estágio de anfíclise mencionado por Almeida et al.
(1980). Foi nesse contexto da Bacia do Paraná no Triássico,
entretanto, que uma área em particular experimentou um
mecanismo distensivo de subsidência, onde viria a acomodar-
se a seção flúvio-lacustre da Superseqüência Gondwana II
(Milani, 1997), de idade meso a neotriássica. 
Os sedimentitos presentes nesta calha deposicional,
dentre os quais estão os da Formação Santa Maria, guardam
um conteúdo de vertebrados fósseis (Barberena et al., 1985)
que permite correlacioná-los aos de riftes triássicos argenti-
nos (Cuyo e Ischigualasto); a evolução de tais bacias no vizi-
nho país é atribuída por López-Gamundí et al. (1994) a um
mecanismo de subsidência controlado por falhamentos nor-
mais, relacionado a uma época de relaxamento dos campos
tensoriais compressivos persistentemente atuantes junto à
borda meridional gondwânica durante o Paleozóico. Estas
teriam sido, igualmente em território brasileiro, as circuns-
tâncias sob as quais acumulou-se o pacote anisiano-noriano
da Bacia do Paraná, de ocorrência restrita à porção gaúcha da
bacia. 
“...O fenômeno descrito como Reativação Wealdeniana
(Almeida, 1967) foi a mais importante manifestação diastró-
fica que afetou o território brasileiro no Fanerozóico... A
Bacia do Paraná foi profundamente afetada por ele, tendo
sofrido deformações tectônicas devidas sobretudo à epirogê-
nese e movimentação vertical de blocos de falhas, assim
como extensivo processo vulcânico.. .” (Almeida et al. , 1980).
Efetivamente, a ruptura do Gondwana ocidental deixou
importantes marcas na Bacia do Paraná; como fenômeno em
escala litosférica, o rifteamento sul-atlantiano envolveu pro-
fundamente o embasamento da sinéclise, reativando suturas
antigas em movimentações diversas, criando novos conjuntos
de falhas e fraturas, e propiciando a injeção (Fig. 19) e o
extravasamento de colossais volumes de rochas ígneas.
Particularmente a família de grandes lineamentos orientada a
NW-SE, com marcada expressão nos mapas magnetométricos
e em dados sísmicos adquiridos na área do Arco de Ponta
Grossa (Fig. 20), projeta-se continente adentro a partir do
Platô de São Paulo e reflete a atuação, em domínios da Bacia
do Paraná, dos campos tensoriais ligados à ruptura continen-
tal eocretácica.
Virtualmente nenhuma região da bacia foi poupada
pela invasão magmática, e hoje, decorridos mais de 100 Ma
276
Fig. 14 - Distribuição crono-estratigráfica regional do pacote carbonífero-eotriássico da Bacia do Paraná. Seção construída com base em
informações de poços. Note a importantemudança no sentido regional do onlap estratigráfico que ocorreu na passagem do Grupo Itararé
para o Grupo Guatá
- Chronostratigraphical distribution of the Carboniferous to Lower Triassic section of the Paraná Basin, based on subsurface information.
Note important change on the regional sense of stratigraphic onlap from the Itararé Group to the Guatá Group
Fig. 13 - Afloramento do contato discordante entre os pacotes devo-
niano (Formação Ponta Grossa) e carbonífero (Formação Aquidauana)
da Bacia do Paraná. Rodovia BR-158, Município de Caiapônia-GO.
Autor: A. B. França, 1989
- Outcrop showing the unconformable contact between Devonian
(Ponta Grossa Formation) and Carboniferous (Aquidauana
Formation) packages of the Paraná Basin. Road BR-158, Caiapônia
County, Goiás State
277Cap XVI 
Fig. 15 - Seção sísmica nas vizinhanças do Lineamento de Jacutinga (SW-NE), porção centro-leste da Bacia do Paraná. Notar o desen-
volvimento de estrutura anticlinal como resultado da movimentação transpressiva neopermiana
Fig. 15 - Two-way travel time, seismic reflection line displaying Late Permian transpressional structural features related to the SW-NE-
trending Jacutinga Lineament
Fig. 16 - Seção sísmica ilustrando estrutura transpressiva desenvolvida ao longo do Lineamento Transbrasiliano (SW-NE), na porção
norte da Bacia do Paraná
Fig. 16 - Two-way travel time, seismic reflection line showing transpressional feature related to the SW-NE-oriented Transbrasiliano
Lineament, in the northern portion of the Paraná Basin
de retrabalhamento erosivo, ainda restam três quartos da área
da bacia recobertos pelos magmatitos Serra Geral, com uma
espessura que beira os 2000 metros no depocentro das lavas,
situado na região do Pontal do Paranapanema - SP.
Em termos geocronológicos, com base em determi-
nações pelo método K/Ar, as magmáticas Serra Geral eram
incluídas no intervalo temporal 147-119 Ma (Cordani &
Vandoros, 1967); a utilização da técnica Ar/Ar tem aprimora-
do este quadro. Turner et al. (1994) estudaram amostras cole-
tadas em diferentes níveis estratigráficos dentro do pacote de
lavas. Os resultados de tais investigações demonstraram uma
distribuição de idades decrescente a partir de 137,8 ± 0,7 Ma
para níveis da base da capa ígnea, em subsuperfície no Estado
de São Paulo, até 126,8 ± 2,0 Ma em amostras de superfície
do Uruguai. Diques com direção NW-SE, incluídos no con-
junto do Arco de Ponta Grossa, resultaram em 134,1 ± 1,3 Ma
e 130,5 ± 2,8 Ma, enquanto outros de orientação NE-SW,
amostrados ao longo da rodovia Rio-Santos, mostraram
idades entre 133,3 ± 1,7 Ma e 129,4 ± 0,6 Ma. Este conjunto
de resultados, baseados em Ar/Ar, posiciona o evento Serra
Geral entre 137 e 127 Ma.
Sucede o pacote de lavas uma seção sedimentar neocre-
tácica, a Superseqüência Bauru (Milani, 1997), para a qual
existem inúmeras propostas de arranjo estratigráfico. Em toda
sua ampla área de ocorrência, que beira os 400.000 km2, a
unidade assenta em discordância erosiva sobre os basaltos
Serra Geral, mostrando uma espessura máxima preservada da
ordem de 300 metros. Trata-se de um pacote dominantemente
278
Fig. 19 - Seção sís-
mica ilustrando a
expressão geofísica
de um dique NW-
SE das ígneas
Serra Geral, que
aparece na forma
de uma “zona
cega”, desprovida
de reflexões inter-
nas
- Two-way travel
time, seismic
reflection line dis-
playing the signa-
ture of a vertical
dike of the
Mesozoic Serra
Geral Formation
Fig. 17 - Aspecto do contato em discordância angular entre
carvões da Formação Rio Bonito (base) e ritmitos argilo-sílticos
da Formação Palermo (topo). Rodovia BR-293, Município de
Bagé-RS. Autor: E. J. Milani, 1994
- Aspect of the unconformable contact between coals of the Rio
Bonito Formation (bottom) and shaly-silty rhythmites of the
Palermo Formation (top). BR-293 Road, Bagé County, RS
Fig. 18 - Discordância angular intraformacional no pacote da
Formação Rio do Rasto na Serra do Espigão, rodovia BR-116,
Município de Santa Cecília, SC. Autor: E. J. Milani, 1994
- Intraformational unconformable contact in the Rio do Rasto
Formation, BR-116 Road, Santa Cecília County, SC
Considerações finais
A Bacia do Paraná, nos diferentes aspectos de sua
geologia, tem sido uma província motivadora da investigação
científica nacional e internacional. Geocientistas com
enfoque acadêmico e pesquisadores devotados à busca de
algum tipo de recurso natural têm documentado seu trabalho,
na forma de publicações de diversas naturezas, há mais de um
século. Pela abrangência da abordagem, alcance das asserti-
vas e validade das conclusões por ele obtidas, principalmente
no que se refere à geologia regional e tectônica, os trabalhos
do Professor Fernando Flávio figuram certamente entre os de
leitura obrigatória a todo geólogo que pretenda dedicar-se à
bacia.
Agradecimentos
Ao Virgínio, Celso, mestre Bley e Andrea pelo convite
que originou a oportunidade de me fazer presente nesta mag-
nífica obra. À Petróleo Brasileito S.A. - Petrobras, pelo
irrestrito apoio à minha participação no empreendimento. Ao
Almério Barros França, companheiro de andanças pela Bacia
do Paraná, pela avaliação crítica do manuscrito e pelos
valiosos comentários. E ao Professor Peter Szatmari, pelo
auxílio na datação do Basalto Três Lagoas. 
arenoso, relacionado a um contexto deposicional com grande
contribuição de processos alúvio-fluviais (Grupo Bauru) e
eólicos (Grupo Caiuá). A base da seção, amostrada por poços
na região do Pontal do Paranapanema-SP, é caracterizada pela
presença de paleossolos e de brecha composta por fragmentos
angulosos de basalto e de calcedônia imersos em matriz
areno-argilosa; este depósito, com até 1 metro de espessura,
segundo Almeida & Melo (1981) configura a principal
evidência de uma lacuna erosiva entre o extravasamento dos
últimos derrames Serra Geral e o início da sedimentação
neocretácica.
Soerguimentos marginais nas bordas da Bacia do
Paraná teriam originado a depressão denominada de Bacia do
Alto Paraná (Almeida, 1964, in Almeida et al., 1980), ou
“Bacia Bauru”, no dizer contemporâneo. Se é bem verdade
que à época da sedimentação deste pacote os processos ero-
sivos estavam muito atuantes, em função do desenvolvimen-
to de topografia adjacente ao rifte sul-atlantiano, também se
pode observar que a região onde acomodaram-se as maiores
espessuras da seção suprabasáltica coincide com a posição de
máximas isópacas das lavas Serra Geral. Isso é sugestivo de
que a calha deposicional neocretácica poderia representar um
espaço criado à superfície pela carga litostática dos quase 2000
metros de basalto que por lá se empilharam.
279Cap XVI 
Fig. 20 - Seção sísmica adquirida no contexto do Arco de Ponta Grossa. Notar a freqüência de intrusões, falhas e fraturas que definem a
feição regional, orientada a NW-SE
- Two-way travel time, seismic reflection line over the Ponta Grossa Arch, showing a swarm of NW-SE-trending dikes, faults, and frac-
tures
Cap XVII 
Resumo:
O Professor Fernando de Almeida, geólogo e um dos
nossos mais brilhantes pesquisadores, destaca-se pela sua
habilidade em discutir, analisar e propor modelos para os
mais variados temas nas Ciências da Terra. Dentre os seus
inúmeros trabalhos voltados para o entendimento dos fenô-
menos geológicos de amplo espectro que afetaram o território
sul-americano, destacamos o que é considerado como a mais
completa e detalhada exposição sobre o magmatismo pós-
paleozóico no Brasil. A sua ampla visão sobre a integração
dos diferentes eventos geológicos o levou a abordar o mag-
matismo pós-paleozóico no Brasil, de forma pioneira, sob a
ótica da Tectônica de Placas. Com isto diferenciou esse mag-
matismo em diferentes etapas que se sucederam no tempo
geológico; discutiu a estreita relação entre o magmatismo e as
estruturas do embasamento, assim comoos importantes even-
tos de caráter epirogênico da crosta terrestre associados com
a quebra continental e conseqüente separação dos continentes
sul-americano e africano. Estes eventos, que propiciaram o
desenvolvimento de importantes bacias sedimentares, foram
detalhadamente investigados pelo Professor Almeida nos seus
inúmeros trabalhos.
Palavras-chave: Magmatismo, Pós-Paleozóico, Bacias
Sedimentares, Eventos.
Abstract:
The geologist and Professor Fernando de Almeida, one
of the Brazil’s most outstanding researchers, is distinguished
in his ability in arguing, analyzing and proposing interpreta-
tive models for the most varied subjects concerning the Earth
Sciences. Although in all of his works he looks for “under-
standing the geological phenomena in their “wider aspects”
we give special attention to the most complete and detailed
discussion about the Brazilian post-Paleozoic magmatism. His
wide views about the integration of different geological
processes has led him to discuss the Brazilian post-Paleozoic
magmatism, in a pioneering way, following the Plate Tectonic
model. So, it was possible to the professor to separate this
magmatism into successive different stages along geological
time, to discuss the close relationship between magmatism and
basement structures as well as the important events of
epeirogenic nature observed in the continental crust and the
consequent continental Brazilian-African break-up. These
events which allowed the development of important sedimen-
tary basins were studied and discussed in great detail by pro-
fessor Almeida in his scientific papers.
Keywords: Magmatism, Post-Paleozoic, Sedimentary
Basins, Events.
Resumen: 
El Geólogo, Profesor Fernando de Almeida es uno de
O MAGMATISMO PÓS-PALEOZÓICO NO BRASIL
Ana Maria Pimentel Mizusaki
Instituto de Geociências, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, RS
mzkana@terra.com.br
Antonio Thomaz Filho
Faculdade de Geologia, Universidade Estadual do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, RJ 
thomaz@uerj.br

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