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Thiago Prata- UFS- Fisiologia ARTÉRIAS E VEIAS – CAPÍTULO 19 1.0- A DISTRIBUIÇÃO ARTERIAL E OS SISTEMAS VENOSOS COLETORES Hemodinâmica é o estudo das leis da física da circulação do sangue, referindo-se ao sangue e aos vasos sanguíneos. As artérias são comparáveis a um sistema de distribuição, as veias a um sistema coletor e a microcirculação a sistema de difusão e filtração. 1.1- Propriedades físicas dos vasos acompanham de perto o nível de ramificação do circuito Variável do sistema circulatório Consequência Número de vasos em cada nível de arborização Aumenta em grande escala no sentido aorta- capilares e diminui em grande escala no sentido capilares-cava Raio de um vaso individual típico Diminui em consequência da arborização Área de secção transversal O momento em que há maior aumento relativo da área de secção total em humanos é na microcirculação. No entanto, a maior área de secção transversal total em humanos está no território venular pós-capilar. A média da velocidade linear do fluxo sanguíneo no interior de um vaso individual A cada vez que os vasos se arborizam, mais a velocidade linear de fluxo aumenta. Fluxo através de um único vaso Fluxo de volume total de sangue deve ser igual em qualquer nível de arborização. No entanto, o fluxo em um vaso individual, diminui a cada nível da arborização. Volume de sangue relativo em um segmento de vasos No resumo Tempo de circulação entre dois pontos do circuito No resumo O perfil de pressão ao longo de uma dada porção do circuito No resumo Estrutura das paredes vasculares No resumo Propriedades elásticas das paredes No resumo 1.2- A maior parte do volume de sangue se encontra nas veias sistêmicas O volume de sangue total não está igualmente distribuído nos níveis de ramificação da árvore vascular. Para distribuição do volume total, temos o volume de sangue relativo (i.e., a porcentagem de em cada segmento da malha circulatória) Componentes da malha circulatória: o Componente arterial sistêmico: átrio esquerdo, ventrículo esquerdo, artérias, arteríolas, capilares. o Componente venoso sistêmico: capilares, vênulas, veias, átrio direito, ventrículo direito o Componente venoso pulmonar: artérias pulmonares, capilares. o Componentes arterial pulmonar: capilares veias pulmonares. Distribuição de volume na malha circulatória: Thiago Prata- UFS- Fisiologia O sistema venoso atua como reservatório de volume. Aumento abrupto da capacidade de armazenamento venosa pode provocar síncope (i. e., desmaio). O volume sanguíneo central representa o volume que fica dentro das câmaras cardíacas direitas e esquerdas por algum tempo. É importante salientar que o ventrículo esquerdo tem especial importância para a circulação sistêmica do sangue. O tempo de circulação o tempo necessário que uma coluna de sangue trafegue todo o comprimento da circulação ao longo de um leito vascular específico. Mudanças no tempo de circulação podem, assim, refletir variações de volume, bem como de fluxo. Por exemplo, em paciente com insuficiência cardíaca pode haver redução no débito cardíaco, ou seja, no fluxo ou aumento do volume sanguíneo, sendo que ambos os fatores irão contribuir com o aumento do tempo de transito. 1.3- As pressões intravasculares ao longo do circuito sistêmico são maiores que aquelas ao longo do circuito pulmonar A resistência sistêmica é maior do que a resistência pulmonar, apesar de apresentarem o mesmo DC. Por isso, é necessária uma maior pressão de impulsão na circulação sistêmica (~95 mmHg) do que na circulação pulmonar (~15 mmHg). Para lembrar: R.DC= ΔP O sistema de alta pressão: ventrículo esquerdo contraído até as arteríolas sistêmicas. Sistema de baixa pressão: Capilares>> átrio direito>> ventrículo direito>> circulação pulmonar>> átrio esquerdo>> ventrículo esquerdo relaxado. 1.4- Em condições normais, a queda mais íngreme de pressão na circulação ocorre nas arteríolas, o local de maior resistência vascular Os corações direito e esquerdo funcionam como geradores de pressão constante, sendo, respectivamente, 15 mmHg e 95 mmHg. Lembrando novamente: R.DC= ΔP. A resistência varia inversamente proporcional a quarta potência do raio. Dessa forma, a variação de pressão ao longo do circuito depende fundamentalmente do diâmetro dos vasos sanguíneos. A queda de pressão mais íngreme ocorre ao longo das arteríolas pré-capilares. Nesse espaço da ramificação da malha vascular, a resistência agregada torna-se bastante elevada por conta para relativa pequena quantidade de arteríolas pré-capilares. Isso resulta no aumento da pressão. Por isso que as arteríolas são chamadas vasos de resistência. 1.5- A pressão intravascular local depende da distribuição da resistência vascular O que determina a pressão no ponto médio do capilar? As resistências pré e pós capilar e as pressões arteriolar e venular. Pc= (RPÓS/RPRÉ).Pa+Pv/1+(RPÓS/RPRÉ) Conclusões a partir da fórmula: Thiago Prata- UFS- Fisiologia o A pressão capilar não é necessariamente a média aritmética de Pa e Pv. Para isso as resistências pré e pós capilares deveriam ser iguais. o A razão (RPÓS/RPRÉ) governa a tendência de Pc. Caso ela aumente, Pc aproxima-se de Pa. Caso ela diminua, Pc se aproxima de Pv. Isso também implica dizer que a pressão capilar tende a seguir o sítio de maior resistência. A ação do músculo liso vascular é essencial para a criação da resistência vascular. O principal ponto de controle da resistência sistêmica se encontra nas artérias terminais ou de alimentação e nas arteríolas. O ΔP global não pode apresentar grandes variações. No entanto, o ΔP local pode apresentá-las e isso é controlado pelo grau de dilatação/constrição arteriolar. As variações de pressão nas arteríolas apresentam consequências a jusante e a montante. Por exemplo, ao se aumentar a constrição arteriolar, aumenta-se a pressão a montante e diminui a jusante, ocorrendo uma queda de pressão mais abrupta. 2.0- PROPRIEDADES ELÁSTICAS DOS VASOS SANGUÍNEOS 2.1- Os vasos sanguíneos são tubos elásticos A parede dos vasos sanguíneos é composta por três camadas: a íntima, a média e a adventícia. Nos capilares, encontra-se apenas uma camada íntima formada por células endoteliais. Essas paredes são constituídas por fibras elásticas, fibras colágenas, células de músculo liso e células endoteliais. A células endoteliais formam uma única camada (íntima) e contínua que alinha todos os segmentos vasculares. Essas células estão fortemente unidas por complexos juncionais nas artérias, mas fracamente nas veias. o Nos corpos glômicos as células endoteliais se organizam para formar células mioepiteliais. As fibras elásticas são responsáveis pela elasticidade de vasos em pressões normais. Elas são formadas por elastina. Não são abundantes nos capilares verdadeiros, vênulas e anastomoses arteriovenosas. Fibras de colágeno: são muito menos distensíveis que as fibras elásticas. Elas controlam passivamente a distensão dos vasos. Elas estão presentes em toda circulação exceto nos capilares. Células da musculatura lisa estão presentes em todos os segmentos vasculares com exceção dos capilares. Elas são capazes de exercer tensão por meio de sua contração ativa. 2.2- Devido às propriedades elásticas dos vasos, a relação pressão-fluxo de leitos vasculares passivos não é linear A relação pressão de impulsão x fluxo não é linear. O aumento da pressão de impulsão eleva a pressão transmural que faz com que o vaso se distenda. o O raio aumenta>>> a resistência é inversamente proporcional a quarta potência do raio>>> resistência cai abruptamente>>>o fluxo aumenta pra compensar a queda de resistência e manter a pressão (ΔP=Q.R) As propriedades elásticas (fibras colágenas e elásticas) são as principais responsáveis pela relação pressão-fluxo não linear, enquanto o componente ativo (i.e., o músculo liso) não está em ação. 2.3- A contração do músculo liso interrompe o fluxo sanguíneo quando a pressão de impulsão cai abaixo da pressão crítica de oclusão A interrupção o fluxo ocorre devido a ação combinada das fibras elásticas e da tensão ativa do músculo liso nos vasos. A hipercontração dos músculos lisos aumenta bastante a resistência do vaso e diminui o fluxo isso a uma mesma pressão. A pressão crítica de oclusão também se desloca para cima em graus crescentes de tônus vasomotor. Esse fenômeno é importante no choque hipotensivo, onde ocorre maciça vasoconstrição- em uma tentativa de aumento da pressão arterial- e as pressões críticas de oclusão aumentam 2.4- As fibras elásticas e colágenas determinam a distensibilidade e complacência dos vasos Artérias e veias devem resistir pressões transmurais muito diferentes in vivo. Thiago Prata- UFS- Fisiologia As artérias possuem uma capacidade volumétrica baixar, mas suportam mais pressão transmural na sua parede que as veias. O volume de distensibilidade expressa propriedades elásticas dos vasos sanguíneo. A distensibilidade absoluta é a variação de volume para uma mudança macroscópica na pressão. A complacência (C) é a medida de distensibilidade mais confiável para um vaso. Ela é o declive da tangente em qualquer ponto ao longo do diagrama. C= ΔV/ΔP Quanto mais íngreme a inclinação do diagrama pressão volume, maior será a complacência (i. e., mais facilmente o volume será aumentado). 2.5- Diferenças na complacência fazem com que artérias funcionem como resistores e veias como capacitores Artérias elásticas (por ex., a aorta) possuem maior complacência que as artérias musculares (por ex., a artéria femoral). Uma vez que o incremento de pressão aumenta apenas modestamente em condições fisiológicas, principalmente nas artérias musculares, a resistência da artéria (inversamente proporcional a quarta potência do raio) não cai acentuadamente. Por conta da resistência relativamente estável, as artérias musculares são chamadas também de vasos de resistência. As veias são muito mais complacentes que as artérias em um mesmo intervalo de baixa pressão transmural. Para pressões abaixo de 6 a 9 mmHg, a secção transversal da veia é elipsoidal (i. e., encontra-se quase fechada). Como o aumento de volume passando por elas, a veia se torna gradativamente circular sem ser necessário ocorrer um grande acúmulo de pressão. As veias são denominadas vasos de capacitância por aceitarem em seus lúmens grande quantidade de sangue. É importante enfatizar que a real complacência venosa só está evidente após 10 mmHg e é muito limitada, não suportando grandes variações de pressão. 2.6- A lei de Laplace descreve como a tensão na parede do vaso aumenta com a pressão transmural Se um corpo elástico necessita de uma força maior para atingir certa deformação, este corpo é, portanto, mais rígido ou menos complacente. Limite de elasticidade: maior tensão que um corpo pode suportar, mantendo-se elástico. O estresse é a força por unidade de área a secção transversal. A deformação é o aumento fracionado do comprimento Durante o enchimento ou pressurização de um vaso ocorrem três eventos: o Um alongamento da circunferência; o Um alongamento do comprimento axial; o Uma compressão da espessura da parede do vaso na direção ao raio. – Única variável importante, visto que os vasos sanguíneos pouco mudam as outras duas. A pressão transmural é a força distensora que tende a aumentar a circunferência do vaso. Para a tensão na parede de um vaso, temos: T= ΔP. r 2.7- A parede vascular é adaptada para suportar a tensão da parede, não a pressão transmural O alongamento do raio da aorta provoca um aumento considerável da tensão da parede, refletindo na moderada complacência da aorta. A veia cava apresenta uma vasta gama de raios antes de sofrer alguma tensão se desenvolva na parede do vaso. Quando o raio nas veias começa a aumentar, resulta em um grande aumento na tensão da parede do vaso, ou seja, veias são pouco complacentes. Quanto maior a tensão da parede de um vaso, mais facilmente ele resistirá à pressão transmural. Por isso, o vaso deve suportar a tensão em sua parede e não a pressão. Veja o exemplo dos capilares que estão a uma pressão maior do que a veia cava (por conta do raio baixo), muito embora eles possuam uma pressão transmural muito mais elevada. Thiago Prata- UFS- Fisiologia 2.8- Elastina e colágeno contribuem separadamente para a tensão na parede dos vasos A inclinação crescente- ou seja, o aumento do módulo de elasticidade- do diagrama de raio-tensão de um vaso sanguíneo é decorrente da heterogeneidade de materiais. Fibras elásticas e colágenas possuem diferentes módulos de elasticidade, sendo o colágeno mais rígido que a elastina. Graus mais progressivamente maiores de estiramento recrutam fibras de colágeno, resultando e uma inclinação mais acentuada. 2.9- O envelhecimento reduz a distensibilidade das artérias Com a idade a complacência das artérias elásticas, por exemplo, diminui bastante, visto que alterações arterioscleróticas reduzem o lúmen do vaso per se. Além disso, os vasos em idosos possuem fibras colágenas com mais abundância do que as fibras elásticas. Exemplificando... Em um jovem, um determinado ΔV produz x de pressão transmural por conta da maior complacência do vaso. Em um idoso, o mesmo ΔV produz uma pressão transmural 3x por conta da menor complacência do vaso. Além disso, a pressão sanguínea aumenta naturalmente com a idade. 2.10- Tensão ativa da musculatura lisa contribui para a tensão elástica dos vasos A estimulação da musculatura lisa diminui o raio lumial do vaso sanguíneo que, consequentemente, diminui a tensão que o músculo deve exercer para se manter o novo raio. 2.11- A tensão elástica ajuda a estabilizar os vasos sob controle motor O papel do tecido elástico em vasos é de resistir às altas pressões transmurais e estabilizar o vaso. Dessa forma, o tecido elástico garante uma resposta gradual a mudanças de tônus do músculo. Se a parede dos vasos tivesse apenas músculo liso, os vasos iriam sempre se hiperestender, quando cheios, e colabar, quando vazios. Quando as fibras elásticas de um vaso estão completamente danificadas, o vaso tende a se tornar maior (p. ex., aneurisma)
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