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A formação das paisagens paranaenses

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A FORMAÇÃO DAS PAISAGENS PARANAENSES 
 
Rodrigo de Andrade Kersten 
Franklin Galvão 
Omar Ferreira Lopes 
 
 
 O Estado do Paraná localiza-se na região Sul do Brasil, entre as latitudes 22º 28’ 30” 
sul, no rio Paranapanema, e 26º 42’ 59” S, nascente do rio Jangada, somando mais de 468 
km norte-sul. O ponto extremo a leste está a 48º 02’ 24” e a oeste 54º 37’ 38”, ultrapassando 
647 km de extensão (Maack 1968). 
 Com superfície total de 201.203 km2, o Paraná representa 35% da área da região Sul 
e 2,3% da área do Brasil, situando-se quase inteiramente ao sul do trópico de Capricórnio. 
Está submetido predominantemente ao clima superúmido, mesotérmico, sem período seco, 
sendo a região norte gradativamente mais influenciada pelo clima continental quente, com 
período seco. A temperatura média anual no Paraná varia entre 22 ºC no noroeste e 14 ºC 
nas regiões mais altas da Serra do Mar (acima de 1300 m) e na região de Palmas (1100 m). 
A pluviosidade média também é bastante variada, ficando entre 1.750 e 2.000 mm/ano no 
litoral, entre 2.500 e 3.000 na Serra do Mar e no sul do estado; entre 1.250 e 1500 na região 
de Curitiba e no centro do estado, e abaixo de 1.250 no norte do estado (Leite 1994; 
Embrapa 1984). 
Embora o IAPAR (1994) classifique o estado inteiro sob clima CF, variando de Cfa no 
litoral e regiões norte e nordeste, e de Cfb na região central e sul, o IBGE indica a existência 
de quatro climas principais (Figura 1), podendo ser identificados até seis tipos distintos. 
 Orograficamente o Paraná pode ser dividido em duas regiões naturais: o litoral e os 
planaltos do interior. Separando essas regiões está a escarpa da Serra do Mar, constituída 
pela elevação do complexo cristalino para cima do nível do primeiro planalto. A maior área 
do estado, no entanto, é formada pelos três planaltos que declinam suavemente em direção 
a oeste, sudeste e nordeste (Maack 1968). 
O primeiro dos degraus é formado por sedimentos paleozóicos do Devoniano, sendo, 
por essa razão, denominada Escarpa Devoniana. O segundo grande degrau separa a região 
dos sedimentos paleozóicos das formações do Mesozóico, sendo denominado “Escarpa 
Triássico-Jurássica”. Essa escarpa é a continuação ininterrupta da Serra Geral de Santa 
Catarina, sendo denominada, no Paraná, de Serra da Boa Esperança (Maack 1968) (Figura 
2). 
 
 1
 
Figura 1 Divisão climática do Paraná (baseado em IBGE, 2007). 
 
De acordo com Maack (1968), essas duas frentes de escarpas, associadas à Serra 
do Mar, dividem o estado em cinco grandes regiões de paisagem natural: 1) Litoral, 2) Serra 
do Mar, 3) primeiro planalto ou planalto de Curitiba, 4) segundo planalto ou planalto de 
Ponta Grossa, 5) terceiro planalto, planalto de Trapp ou de Guarapuava. 
 
 
Figura 2 Perfil esquemático do estado do Paraná, mostrando as feições geológicas e 
unidades de relevo (perfil baseado em Maack, 1950, mapa baseado em fontes 
diversas). 
 2
 
 A Serra do Mar exerce papel importante na geomorfologia paranaense por constituir 
o divisor assimétrico e marginal que separa a região litorânea dos planaltos. Embora o Pico 
Paraná atinja altura próxima a1900 m s.n.m, a elevação varia normalmente entre 500 e 
1000 m sobre o nível do planalto de Curitiba. Seus aspectos geomorfológicos atuais são o 
resultado de três principais fatores: das diferenças litológicas, dos movimentos tectônicos e 
dos desgastes morfoclimáticos (Salamuni 1969). 
O primeiro planalto atinge altitude máxima de 960 m s.n.m., nas proximidades de 
Curitiba, decaindo, nos 75 km de sua extensão, até 870 m s.n.m. no sopé da cuesta 
devoniana (Maack 1968). O segundo planalto atinge seus picos de altitude na serra de São 
Luiz do Purunã (cerca de 1200 m s.n.m) e decai irregularmente atingindo seu ponto mais 
baixo (ca. 400 m s.n.m) na porta do rio Ivaí para o terceiro planalto. A bacia do Iguaçu exibe 
ondulações suaves, cujas altitudes oscilam de 850 a 950 m s.n.m. (Salamuni 1969). O 
terceiro planalto, limitado a leste pela serra da Boa Esperança, pode ser dividido em blocos 
separados pelos grandes rios que o percorrem: Tibagi, Ivai, Piquiri e Iguaçu. O bloco sul, 
formado pela bacia do Iguaçu, inclina-se de 1200 m s.n.m. na região das cidades de 
Guarapuava e Pinhão para 550 m na serra de São Francisco e daí abruptamente para 
menos de 200 m na borda do cânion do Paraná (Embrapa 1984). 
 
Geologia do Estado do Paraná 
 
As rochas podem ser divididas em três grandes grupos: Ígneas ou magmáticas, 
sedimentares e metamórficas. 
As rochas ígneas (ignis = fogo) são as originárias do resfriamento do magma, tanto 
superficialmente (extrusivas) quanto internamente à crosta (intrusivas). As rochas intrusivas 
resfriam-se muito mais lentamente, por isso formam cristais maiores, tornando-se mais 
resistentes. Podem ainda diferenciarem-se quanto a composição química em ácidas (altos 
teores de sílica) e básicas (baixos teores de sílica). As ácidas são mais viscosas e causam 
erupções explosivas, enquanto que as básicas são mais líquidas e causam erupções com 
derrames e longos escorrimentos superficiais. Exemplos de ácidas são os granitos 
(intrusiva) e riolitos (extrusiva). Os diabásios (intrusiva) e o basalto (extrusiva) são exemplos 
de rochas básicas. 
As sedimentares (sedere = acumular) são formadas sempre superficialmente a partir 
do acúmulo de sedimentos em locais abaciados, posteriormente sujeitos a processos 
diagenéticos (compactação, cimentação e recristalização). Podem apresentar textura mais 
grossa (arenitos), intermediária (siltitos) ou muito fina (argilitos, filitos). 
As rochas metamórficas (meta = mudança; morpho = forma) são rochas de quaisquer 
 3
tipos que passaram por mudanças físicas ou químicas. Podem variar de baixíssimo grau 
(anquimetamórficas) até anetexitos (derretidas e refundidas). São exemplos importantes no 
Paraná granulitos, migmatitos, mármore, quartzitos e xistos. 
Todos os tipos de rochas estão expostos a um ciclo global e eventualmente podem 
transformar-se uma nas outras. Uma rocha ígnea pode ter suas partículas desgastadas e 
acumular-se para formar uma sedimentar, e essa pode sofrer pressões e tranformar-se em 
uma metamórfica, que por sua vez pode sofrer subdução e ser jogada novamente para o 
manto, onde fundirá ao magma, podendo retornar na forma líquida à superfície. 
Para melhor compreensão dos processos de formação da Terra costuma-se aplicar 
uma divisão em Éons, Eras e Períodos. O Éon mais antigo, definido pela estruturação do 
núcleo, manto e crosta é conhecido como Hadeano (Figura 3). Desta época são conhecidos, 
no mundo, apenas dois registros, os cristais de Zircão, na Austrália, material mais antigo da 
Terra, com cerca de 4,2 bilhões de anos, e o Gnaisse Acasta, no Canadá, com cerca de 4,0 
bilhões de anos, rocha mais antiga já registrada na Terra. A solidificação da crosta (3,8 b.a.) 
causada pelo resfriamento da superfície é o evento delimitador desse éon. O segundo 
grande éon é o Arqueano, que tem como evento limite (2,5 b.a.) a consolidação final dos 
primeiros continentes (Salgado Labouriau 1994). Durante o Proterozóico a vida se expande 
até que o primeiro registro seguro de animais com partes mineralizadas (conchas, 
carapaças) marca o início do Fanerozóico. Esse é subdividido em Paleozóico, Mesozóico e 
Cenozóico. Durante o Paleozóico, animais e plantas saem do oceano e migram para terra, 
criando as primeiras florestas. Seu limite com o Mesozóico é definido por uma das maiores 
extinções em massa já registrada no planeta (248,2 m.a.). Durante o Mesozóico, os 
dinossauros surgem e passam a dominar a terra. Surgem também as primeiras plantas com 
flores. Data desse período também (cerca de 100 m.a.) a separaçãoentre África e América. 
A grande extinção no limite Mesozóico / Cenozóico aparentemente foi caisada pelo impacto 
de um grande meteoro, que gerou uma cratera com amis de 170 km de diâmetro, na 
península de Yucatan, México. Durante o Cenozóico, os mamíferos passam a dominar o 
planeta e os continentes tomam sua forma atual. Como grande evento geológico pode ser 
citado o soerguimento da cordilheira dos Andes a apenas 20 m.a. 
 
 
Figura 1 Coluna do tempo geológico. 
 
 
 4
A formação geológica 
Os eventos geológicos que levaram a atual formação do território paranaense 
estendem-se desde o Proterozóico inferior, a mais de 2,5 bilhões de anos, até a épocas 
recentes, como o Holoceno. A porção oeste do estado é, de maneira geral, mais nova, 
sendo as tipologias geológicas a leste gradativamente mais velhas (Figura 4) (Mineropar 
2001). 
 
FANEROZÓICO 
Cenozóico 
9 - Sedimentos inconsolidados 
7 - Sedimentos vulcânicos 
Mesozóico 
8 - Arenitos 
6 - Magmatismo básico 
Paleozóico 
5 - Cobertura sedimentar 
4 - Bacia vulcano-sedimentar 
PROTEROZÓICO (Superior) 
3 - Magmatismo ácido 
PROTEROZÓICO (Inferior) 
2 - Rochas de baixo grau metamórfico 
ARQUEANO 
1 - Rochas de alto grau metamórfico 
Figura 4 Litologia simplificada do estado do Paraná. 
 
 A rochas mais antigas de nosso estado estão, portanto, em nosso litoral. As rochas 
ígneas do domínio Luiz Alves (2,6 b.a.), composto pelos complexos Serra Negra e Máfico de 
Pien, ambos resquícios de um planeta ainda em intensa atividade tectônica. No entanto, as 
formações mais recentes correspondem aos depósitos marinhos também no litoral, com 
cerca de 5.000 anos de idade, aos depósitos aluviais deixados pelos cursos d’água e ao 
arenito caiuá, de origem eólica e ainda hoje em formação (Mineropar 2001). Devido a essa 
disposição histórica leste-oeste convém descrever os eventos formadores também nessa 
seqüência. 
 Na transição entre o Hadeano e o Arqueano, a tectônica global ainda era uma dança 
de microplacas movidas pelo altíssimo calor interno da Terra. Rochas estavam sendo 
rapidamente formadas, fundidas e metamorfizadas de diversas formas. No final do Arqueno 
ocorre a formação da maioria das primeiras rochas paranaenses, notadamente os granulitos 
e migmatitos formadores do “escudo” brasileiro e paranaense (Figura 5-1) (Park 1997). 
Essas rochas, ambas metamórficas de alto grau, são derivadas de basaltos tendo sido 
formadas em profundidade, diferindo entre si pela presença (migmatito) ou ausência 
(granulito) de água em sua gênese. Apesar de serem rochas bem resistentes, seu elevado 
tempo de exposição fez com que suas feições fossem todas aplainadas. Assim, esta região 
apresenta relevo suave ondulado, formando um planalto bastante regular, com planícies de 
inundação que chegam a atingir mais de 2 km de extensão ao lado dos rios (Curcio 2006). 
 5
Assim como o xisto Rio-das-Cobras (Domínio Luis Alves) são originadas da alta atividade da 
crosta terrestre durante o Arqueano / Proterozóico inferior. Tal plataforma foi posteriormente 
intrudida pelos Granitos (Figura 5-3) formadores da Serra do Mar, ascendidos em blocos 
cilíndricos em função dos seqüenciados depósitos na bacia do Paraná. 
 Ainda no Proterozóico, cerca de 700 m.a., um grande oceano adentrou a massa 
continental da América do Sul. O Adamastor, como é conhecido, invadiu praticamente todo 
o Paraná, até a porção norte do primeiro planalto paranaense (Figura 5-4) por meio de 
braços digitiformes em sentido SW-NE. Na porção sul do planalto não são observados 
registros desse fenômeno. Cada braço oceânico levou a deposição de duas rochas 
característica: calcários, nas porções mais rasas, e argilitos, nas mais profundas. Como 
formou diversos braços de mar, os depósitos se intercalam, sendo observadas faixas de 
calcário intercaladas com faixas de argilito (folhelho) além dos granulitos remanescentes do 
arqueano. Mais tarde estes depósitos foram submetidos a metamorfismos de baixo grau, 
causados pelo ciclo tectônico brasiliano-panafricano dando origem aos mármores e 
folhelhos atualmente observados. Essas rochas são muito pouco resistentes, sendo 
inclusive muito difícil observar afloramento em estado bruto, sempre que expostas estão 
muito intemperizadas. 
 
8 - Depósitos marinhos recentes (5.000 anos) 
7 - Depósitos do quaternário (Guabirotuba) 
6 - Sedimentos vulcânicos do paleozóico 
5 - Intrusões graníticas posteriores ao Adamastor 
4 - Depósitos calcáreos e de argilitos 
3 - Granitóides (granitos, migmatitos e granitos de 
anatexia) intrudidos no granulito. 
2 - Granitos e xisto (Rio das Cobras) originários da 
separação do Gondwana. 
1 - Granulitos (dominante) e migmatito Bocaiúva do Sul. 
....... - Serra do Mar 
 
Figura 5 Geologia simplificada da porção leste do estado do Paraná. 
 
 Após esta sedimentação houve também a extrusão de granitos (Figura 5-5) entre os 
depósitos. Granitos são rochas magmáticas ácidas, muito resistentes, solidificadas em 
profundidade. Posteriormente (cerca de 150 m.a.) houve ainda o grande derrame de basalto 
que resultou nos diques de diabásio em sentido NW-SE. O cruzamento dos depósitos SW-
 6
NE ( / ) com os diques NW-SE ( \ ) resulta no atual relevo acidentado observado na região 
do Açungui e no Vale do Ribeira. Toda essa grande massa, atualmente denominada 
primeiro planalto paranaense, recebeu razoável dose de tectonismo, sendo cratonizada 
(fundida), dando origem a um grande bloco único, denominado escudo paranaense. 
 Com o início da separação da América da África (Cretáceo - 120 m.a.) a 
movimentação tectônica criou uma zona de cisalhamento (quebra) e a conseqüente 
ascensão de grandes blocos de granito (Figura 5-2) a mais de 4.000 metros de altitude, 
elevando o granulito e expondo-o as intempéries ambientais. A medida que África e Brasil 
se separaram, novos blocos graníticos foram elevados. Dessa maneira, quando mais 
próximos ao mar, mais recentemente foram expostos os granitos. O primeiro foi o 
Canasvieiras e o último, formador da plataforma marinha continental, o Morro Inglês. Esses 
granitos, formados em subsuperfícies a cerca da 1 b.a. foram expostos apenas a 10% desse 
tempo. Por seu tipo de extrusão, esses granitos encontram-se freqüentemente dispostos em 
camadas paralelas ao eixo de separação Brasil - África, e por esse motivo são chamados de 
granitos acamadados, tendo sido inclusive confundidos com migmatitos. 
 Outro evento de grande porte ocorrido durante o ciclo tectônico africano-brasiliano 
foram as explosões de sedimentos vulcânicos. Rochas de diferentes tamanhos (de poucos 
centímetros pequenas a grandes blocos), cinza e lava se acumularam, formado um 
aglomerado de diferentes estruturais, conhecidos como as unidades estratigáficas 
Guaratubinha e Castro (Figura 5-6). São rochas também muito resistentes formando relevos 
acidentados. 
Muito mais recentemente (Cenozóico) foi formada, por sedimentos vulcânicos, 
principalmente cinzas e fluxos de detritos, a formação Guabirotuba (Figura 5-7). As 
superfícies oriundas desses sedimentos dão origem a paisagens planas e rochas pouco 
resistentes. Essa é, associada aos depósitos dos grandes vales fluviais, as geologias 
dominantes na região de Curitiba. Posteriores a isso ainda são os depósitos marinhos que 
dão origem a planície litorânea (figura 5-8). Para os geólogos, depósitos de sedimentos, 
como areia da praia, são também rochas, e diferem de um arenito por estarem menos 
consolidadas. Os sedimentos Cenozóicos da região litorânea do estado do Paraná estão 
agrupados em dois tipos principais: continentais e costeiros, com idades desde o Mioceno 
inferior até o Holoceno, incluindo ambientes de sedimentação atuais. As planíciesde 
sedimentos costeiros apresentam os típicos cordões litorâneos que correspondem a antigas 
linhas da costa, formados como conseqüência das oscilações do nível do mar durante o 
Quaternário (Angulo 2004). 
 O segundo planalto é originário de depósitos provenientes de outro oceano, de 
proporções muito maiores, que dominou praticamente toda a superfície terrestre: o 
Pantalassa. Esse oceano recobriu boa parte da América do Sul, entrando possivelmente 
 7
através do Peru e dando origem a diferentes depósitos de sedimentos costeiros. 
 
 
6 – Botucatu e Pirambóia, arenitos eólicos 
5 - Rio do Rasto, arenitos eólicos vermelhos 
4 - Terezina, carbonatos e argilas marinhas 
3 - Rio Bonito, argilitos marinhos 
2 - Itararé, depósitos de siltitio e argilito de origem glacial 
1 - Paraná, arenitos de origem costeira e marinha 
Figura 6 Geologia simplificada do segundo planalto paranaense. 
 
 
 Os sedimentos mais antigos observados na bacia são do Grupo Paraná (Figura 6-1), 
em especial a formação Furnas, formadora das escarpas de São Luiz do Purunã. 
Depositada em ambiente aluvial e litorâneo é constituída por conglomerados e arenitos 
grosseiros na base e arenitos médios a siltitos nas porções superiores. Imediatamente após 
observa-se a deposição da formação Ponta Grossa, oriunda de depósitos litorâneos e de 
plataforma, é formada por folhelhos e siltitos cinzentos com intercalações de arenitos muito 
finos (Mineropar 2001). Furnas sofreu mais influência da massa continental (sedimentos 
aluviais) e apresenta relevo acidentado e rios encaixados, com curta planície aluvial. Ponta 
Grossa foi formada exclusivamente por depósitos marinhos (litorâneos e de plataforma), 
apresentando relevo mais suave, embora ainda com rios encaixados, quase sem várzeas. 
Estas duas formações foram depositadas durante período de clima ameno, sem constatação 
de sedimentos oriundos de glaciais. Após este período o Pantalassa sofreu forte regressão 
expondo os depósitos e causando a erosão de grades camadas deste material. 
 O próximo depósito observado foi o grupo Itararé (Figura 6-2), formador das feições 
de Vila-Velha. Possivelmente boa parte dos sedimentos, principalmente nas porções basais 
da unidade, sejam oriundo do processo erosivo sofrido pelo grupo Paraná. De relevo suave 
e amplas planícies aluviais encontra-se dividido, no estado, nas formações Campo do 
Tenente, Mafra e Rio do Sul, sem mapeamento ainda. Após o período de erosão do grupo 
Paraná, o Pantalassa passa por nova progressão, dessa vez sobre regime glacial. São 
observados, portanto, sedimentos típicos desse tipo de clima, incluindo drop-stones e 
morenas glaciais. A formação Rio do Sul foi formada em ambientes litorâneos de plataforma 
periglacial e deltáica, compõe-se de folhelhos, siltitos e arenitos finos a médios além de 
 8
diamictitos e raras camadas de carvão. A formação Mafra é constituída por depósitos de 
planície litorânea e de plataforma periglacial, tem como litologia arenitos finos a grosseiros, 
siltitos e ritmitos. Já a formação Campo do Tenente, formadora das famosas esculturas de 
Vila Velha e dos paredões da Lapa, é originada de depósitos flúvio-glaciais, constituindo-se 
de arenitos grosseiros, siltitos, ritmitos e diamictitos (Mineropar 2001). 
 As unidades Rio Bonito e Terezina (Figuras 6-3 e 6-4) foram depositadas, como o 
grupo Paraná, em regine interglacial. O primeiro forma, junto com a formação Palermo o 
grupo Guatá. A segunda, juntamente com as formações Irati, Serra Alta e Rio do Rasto 
compõe a unidade Passa-Dois (Mineropar 2001). Apresentam também várzeas extensas e 
relevo suave. 
A unidade Rio do Rasto (Figura 6-5), apesar de comumente ser associada á 
formação Terezina em um mesmo grupo geológico, foi depositada em ambiente continental 
sendo, portanto, arenito eólico. É caracteristicamente avermelhado e assume importância 
maior no estado de Santa Catarina, onde forma a famosa serra de mesmo nome. Cessada a 
deposição dessa formação, sobreveio um ciclo erosivo de proporções continentais no 
Triássico médio, denominado Gonduana. Após esse ciclo, foi formado o grupo São Bento 
(Figura 6-6), compreendendo as formações Pirambóia e Botucatu - seqüências 
sedimentares continentais formadas no Triássico - Jurássico. São, dessa forma, de origem 
eólica, ao contrário dos demais depósitos do segundo planalto. O derrame basáltico 
imediatamente posterior levou ao “recozimento” desse último arenito (Botucatu), soldando 
sua porção superior. Esses arenitos, juntamente com os basaltos, formam a famosa Serra 
Geral, ou da Boa Esperança, divisora do segundo e do terceiro planalto paranaense. 
O terceiro planalto paranaense tem sua origem ligada a 32 derrames vulcânicos 
(CFB – continental flood basalt) que determinaram a famosa paisagem de Trapp, ou 
degraus, citada por Maack (1961) (Figura 7-1). Esses degraus de basalto podem ser 
observados com facilidade em inúmeras quedas d’água ao longo do terceiro planalto, 
quando freqüentemente três ou mais desníveis (degraus) consecutivos são observados. O 
exemplo maior são as próprias Cataratas do Iguaçu, que em muitos pontos passam por três 
níveis seguidos de queda, cada um representando um grande evento de derrame basáltico. 
Seu pico de atividade foi entre 133-127 m.a., embora existam registro deste 140 m.a. até 
119 m.a. Formados por lava pouco viscosa devido ao baixo teor de sílica (básica) os 
derrames inicialmente partiram de uma geoclase (grande falha) localizada na atual calha do 
rio Paraná, assim como dos diversos pontos onde hoje são registrados diques de diabásio 
(basalto de profundidade). A baixa viscosidade do magma permitiu que alguns derrames 
conseguissem atingir mais de 400 km de extensão. Na média variam entre 10 e 30 m de 
espessura. Ao passar pelos arenitos, alguns dos pontos de derrame aumentaram seu teor 
de sílica, tornando-se assim ácidos, em oposição ao magma original. Esses diferenciados 
 9
ácidos são constituídos principalmente de riolitos e riodacitos. A sílica além de “acidificar” a 
rocha, aumenta a viscosidade do magma e a resistência da rocha final. Assim, os basaltos 
são mais reativos e apresentam relevos mais planos, enquanto as rochas ácidas são bem 
mais resistentes á intempéries e aos agentes biológicos, formando relevos mais 
acidentados. 
3 -Formação Caiuá, arenitos eólicos 
2 - Riolitos e riodacitos (diferenciados ácidos) - 
 formação Serra Geral 
1 - Basaltos - formação Serra Geral 
 
Figura 2 Geologia simplificada do terceiro planalto paranaense. 
 
O peso da lava e os seqüentes derrames abriram diversos diques ao longo do 
estado. Densamente concentrados no Vale do Ribeira, são observados inclusive no litoral. 
Os diques variam de tamanho gradativamente com o afastamento da origem, os mais 
próximos podendo chegar a mais de 400 m de diâmetro, enquanto os do litoral raramente 
atingem 1m. 
O recobrimento de lava atingiu uma porção significativa da América do Sul, dando 
origem a maior bacia vulcânica do mundo. Foi, certamente, muito maior que o atualmente 
observado. Possivelmente nesta mesma época (130 m.a.), devido ao enorme peso 
sustentado pela bacia, todo o Paraná foi basculado, erguendo em sua porção leste e criando 
leve queda em direção à oeste (Figura 7). Esse mesmo fenômeno criou as serras Geral, de 
São Luiz do Purunã e do Mar, expondo seus granitos (Figura 5-3) que se intrudiram através 
do granulito. 
 
 
Figura 3 Perfil esquemático do relevo do estado do Paraná. 
 
 A última unidade estratigráfica observada no Paraná é o arenito Caiuá (Figura 7-3). 
De origem recente, sua deposição iniciou-se logo após os derrames basálticos. Originado de 
 10
desgaste de unidades geológicas do centro daAmérica do Sul, invadiu boa parte do estado 
do Mato Grosso do Sul e do Paraguai, sem, no entanto, ultrapassar o rio Piquiri. Apesar de 
apresentar distribuição bastante ampla, sua espessura varia de poucos centímetros a alguns 
metros nas porções maiores. É a unidade mais suscetível a presença humana, já tendo sido 
consideravelmente afetado pelo desmatamento e pela agropecuária. É também o maior 
responsável pelo assoreamento do lago de Itaipu. Além disso, a pequena capacidade de 
retenção de água, tanto da rocha quanto de seus solos afeta todo o clima regional, criando, 
em suas porções mais interiores, a única zona de clima com período realmente seco no 
estado (Figura 1). 
 
COLUNA ESTRATIGRÁFICA GEOLÓGICA PARANAENSE 
Éon Era Período Época Tempo Grupo Formação 
0,01 Holoceno Aluviões e sedimentos recentes 
 Alexandra Depósitos aluvionares 
1,8 
Pleistoceno
1,8 m.a. Guabirotuba Sedimentos vulcânicos 
5,3 Plioceno 
23 
Neogeno 
Mioceno 
33,9 Oligoceno 
55,8 Eoceno 
C
en
oz
ói
ca
 
65,5 
Paleogeno 
Paleoceno 
 66 m.a. Adamantina Arenitos pouco consolidados 
 Santo Anastácio Arenitos pouco consolidados 
 
Bauru 
Caiuá Arenitos pouco consolidados 
145,5 
Cretáceo 
133-127 m.a. Serra Geral Derames basálticos 
 150 m.a. Botucatu 
199,6 
Jurássico 
 Pirambóia 
Arenitos bem consolidados, 
com fusão hidrotermal 
 205 Rio do Rastro Siltitos 
M
es
oz
ói
ca
 
251,0 
Triássico 
240 m.a. 
Passa Dois 
Terezina Siltitos e calcáreos 
 Serra Alta Argilitos 
 Irati Argilitos 
 Palermo Siltitos 
 
Guatá 
Rio Bonito Arenitos, siltitios e argilitos 
 Rio do Sul Siltitos e argilitos 
 Mafra Arenitos e siltitos 
299,0 
Permiano 
280 m.a. 
Itararé 
Campo do Tenente Arenitos grossos e siltitos 
359,2 Carbonífero 
 370 m.a. Ponta Grossa Siltitos e argilitos 
416,0 
Devoniano 
400 m.a. 
Paraná 
Furnas Arenitos 
443,7 Siluriano 
 Castro 
 Guaratubinha Conglomerados 
488,3 
Ordoviciano 
 Camarinha Conglomerados 
Fa
ne
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Pa
le
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ca
 
542,0 Cambriano Granitóides 
Seqüência Antinha Calcáreos 570 m.a. 
Itaiacoca Mármores 
 Capiru Mármores, filitos e dolomitos 
1,0 b.a. 
Açungui 
Votuverava Ardósias e calcáreo 
 Turvo Cajati Xistos e mármores 
 Água Clara Mármores 
 
Setuva 
Peraú 
Proterozóica 
2,5 b. a. Complexo pré-setuva Migmatitos e gnaisses 
Arqueano (3,8 b.a) Complexo Serra Negra Granulitos 
Hadeano (4,5 b.a.) 
 11
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 
ANGULO, R. J. 2004. Mapa do Cenozóico do litoral do Estado do Paraná. Boletim Paranaense 
de Geociências 55:25-42. 
CURCIO, G. 2006. Caracterização geomorfologica, pedológica e fitossociológica das 
planícies fluviais do Iguaçu, Paraná, Brasil. Tese (Doutorado em Engenharia florestal) 
Universidade Federal do Paraná. 
EMBRAPA. 1984. Levantamento de reconhecimento dos solos do estado do Paraná. 
Londrina. Serviço Nacional de Levantamento e Conservação de Solos, Rio de Jaaneiro, 
RJ. Boletim Técnico 57. 
IBGE 2007. Mapas interativos. Disponível em http://map.ibge.gov.br/. Acessado em 01/2007. 
LEITE, P. F. 1994. As diferentes unidades fitoecológicas da região Sul do Brasil: proposta de 
classificação. Curitiba, 160 f. Dissertação (Mestrado em Engenharia Florestal). Setor de 
Ciências Agrárias, Universidade Federal do Paraná. 
MAACK, R. 1968. Geografia física do Estado do Paraná. Curitiba: José Olympio, 
MINEROPAR, 2001. Atlas Geológico do Estado do Paraná. Secretaria de Estado da Indústria, 
do Comércio e do Turismo. Minerais do Paraná S/A – Mineropar, Curitiba. 116p. 
PARK, R.G. 1997. Early Precambrian plate tectonics. South African J. of Geology, 100: 23-
35. 
SALAMUNI, R. 1069. Fundamentos geológicos do Paraná. In:História do Paraná. Vol 2, 
Grafipar, pp. 13-128. 
SALGADO-LABOURIAU, M. L. 1994. História geológica da Terra. São Paulo: Edgard 
Blücher Ltda, 307 p. 
 
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	Geologia do Estado do Paraná 
	REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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