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MATERIAL POIA CADERNO IFAL 2017 Dados do Aluno Nome: ___________________________________________________ Pacote: _________________________ Modalidade: ______________ Matrícula: ______________________ Contato: _________________ APRESENTAÇÃO Olá estudante Poia! Este material foi desenvolvido com muita dedicação e cuidado para ser peça fun- damental na sua preparação. Esperamos que ele possa lhe aproximar de assuntos atualizados e questões diversas nas áreas de português, matemática e atualidades. Para isso, é necessário que você use-o mesmo, estude a teoria, responda os exercícios e quando tiver dúvidas, consulte o seu professor. Lembre que este caderno não servirá de nada sem o seu esforço e dedica- ção para aprendê-lo. É muito importante que você faça questões todos os dias, para que sua preparação seja eficiente e você ganhe gosto por estudar e aprender. Aqui você conta com um caderno de assuntos e questões diversas e no final do caderno há uma sele - ção de provas anteriores e gabaritos para algumas questões. Consulte o sumário. Então, a partir de agora convidamos-lhe a ingressar nesta viagem que é aprender. Lembre-se de que grandes conquistas exigem grandes renúncias. Entenda que ter uma boa base é fundamental! Em caso de dúvidas, entre em contato conosco: http://www.poia.com.br Equipe Poia CALENDÁRIO DE AULAS AULA DATA DISCIPLINA CONTEÚDO A SER TRABALHADO SIMULADOS 1 sáb, 11/02/2017 Atualidades Aula Inicial de Preparação Para o Exame do IFAL - Abertura 2 sáb, 18/02/2017 Portuguêês Módulo 01. Produção ê Intêrprêtação dê Têxtos 3 sáb, 25/02/2017 Matemática Módulo 01. Operações com Números Naturais e Decimais 4 sáb, 04/03/2017 Atualidadês Módulo 01. A Globalização ê as Dêsigualdadês Econoêmicas 5 sáb, 11/03/2017 Portugueês Módulo 02. Fonética e Ortografia 6 sáb, 18/03/2017 Matêmática Módulo 02. Problêmas ê Exprêssõês ênvolvêndo fraçõês 7 sáb, 25/03/2017 Portugueês Módulo 03. Significação das Palavras 1º Simulado 8 sáb, 01/04/2017 Matêmática Módulo 03. Divisibilidadê – Situaçõês com Divisorês ê Múltiplos 9 sáb, 08/04/2017 Portugueês Módulo 04. Estrutura e Formação das Palavras 10 sáb, 15/04/2017 Matêmática Módulo 04. Equaçõês, Sistêmas ê Problêmas do 1º Grau 11 sex, 21/04/2017 Matemática Módulo 04. Mais Problemas do 1º Grau 12 sáb, 22/04/2017 Portuguêês Módulo 05. Classês Gramaticais 13 sáb, 29/04/2017 Atualidades Módulo 02. Migrações na Atualidade e Xenofobia 14 sêg, 01/05/2017 Matêmática Módulo 05. Opêraçõês com Polinoêmios 15 sáb, 06/05/2017 Portugueês Módulo 06. Os termos da Oração 2º Simulado 16 sáb, 13/05/2017 Matêmática Módulo 06. Produtos Notávêis ê Fatoração 17 sáb, 20/05/2017 Portugueês Módulo 07. Concordância Verbal e Nominal 18 sáb, 27/05/2017 Matêmática Módulo 07. Equaçõês do 2º Grau, Biquadradas ê Irracionais 19 sáb, 03/06/2017 Atualidades Módulo 03. Violeência Urbana no Brasil 20 sáb, 10/06/2017 Portuguêês Módulo 08. Estudo do Pêríodo Composto 21 sáb, 17/06/2017 Matemática Módulo 08. Sistemas e Problemas do 2º Grau 22 sáb, 24/06/2017 Portuguêês Módulo 09. Sintaxê dê Colocação ê Rêgêência 23 sáb, 01/07/2017 Atualidades Módulo 04. Aquecimento Global e as Alterações Climáticas 3º Simulado 24 sáb, 08/07/2017 Matêmática Módulo 09. Pêrímêtros ê Árêa dê Quadrados ê Rêtângulos 25 sáb, 15/07/2017 Portugueês Módulo 10. Figuras e Vícios de Linguagem 26 sáb, 22/07/2017 Matêmática Módulo 10. Pêrímêtros ê Árêas dê Losangos, Triângulos ê Trapézios 27 sáb, 29/07/2017 Portugueês Resolução e Comentários de Questões do Módulo 01 28 sáb, 05/08/2017 Matêmática Módulo 11. Casos Espêciais dê Árêa dê Triângulo 29 sáb, 12/08/2017 Portugueês Resolução e Comentários de Questões dos Módulos 02, 03 e 04 30 sáb, 19/08/2017 Matêmática Módulo 12. Aêngulos 31 sáb, 26/08/2017 Portugueês Resolução e Comentários de Questões do Módulo 05 32 sáb, 02/09/2017 Atualidadês Módulo O5. Consumo Enêrgético ê a Produção dê Combustívêis Altêrnativos 4º Simulado 33 qui, 07/09/2017 Matemática Módulo 12. Estudo dos Polígonos 34 sáb, 09/09/2017 Matêmática Módulo 13. Rêlaçõês Métricas no Triângulo Rêtângulo 35 sáb, 16/09/2017 Portugueês Resolução e Comentários de Questões do Módulo 06 36 sáb, 23/09/2017 Matêmática Módulo 14. Razõês Trigonométricas no Triângulo Rêtângulo 37 sáb, 30/09/2017 Portugueês Resolução e Comentários de Questões dos Módulos 07 e 08 38 sáb, 07/10/2017 Atualidadês Módulo O6. Conflitos Gêopolíticos Atuais 39 qui, 12/10/2017 Matemática Módulo 15. Estudo do Círculo e de Polígonos Inscritos na Circunfereência 5º Simulado 40 sáb, 14/10/2017 Portuguêês Rêsolução ê Comêntários dê Quêstõês dos Módulos 09 ê 10 41 sáb, 21/10/2017 Matemática Módulo 15. Polígonos Circunscritos na Circunfereência 42 sáb, 28/10/2017 Portuguêês Rêsolução da Prova Dêlta 2016 43 sáb, 04/11/2017 Atualidades Módulo 07. Temas Complementares - Revisão Geral 44 sáb, 11/11/2017 Portuguêês Rêsolução ê Comêntários da Prova Gama 2015 45 qua, 15/11/2017 Matemática Módulo 16. Proporcionalidade, Regra de Treês e Porcentagens 46 sáb, 18/11/2017 Matêmática Rêsolução da Prova Gama 2015 47 sáb, 25/11/2017 Atualidades Módulo 08. Revisão Geral 6º Simulado 48 sáb, 02/12/2017 Portuguêês Rêsolução ê Comêntários da Prova Bêta 2012 49 sex, 08/12/2017 Matemática Resolução da Prova Delta 2016 50 sáb, 09/12/2017 Portuguêês Rêsolução ê Comêntários da Prova Sigma 2011 SUMÁRIO PÁGINA CADERNO DE PORTUGUÊS MÓDULO 01 Produção e Interpretação de Textos ……………………………………………………………………………………………... 008 MÓDULO 02 Fonética e Ortografia …………………………………………………………………………………………………………………….. 053 MÓDULO 03 Significação das Palavras ………………………………………………………………………………………………………………. 077 MÓDULO 04 Estrutura e Formação das Palavras ……………………………………………………………………………………………….. 081 MÓDULO 05 As Classes Gramaticais ………………………………………………………………………………………………………………….. 086 MÓDULO 06 Os Termos da Oração …………………………………………………………………………………………………………………….. 145 MÓDULO 07 Concordância Verbal e Concordância Nominal ……………………………………………………………………………... 152 MÓDULO 08 Estudo do Período Composto …………………………………………………………………………………………………………. 162 MÓDULO 09 Sintaxe de Colocação e Regência ……………………………………………………………………………………………………. 172 MÓDULO 10 O estudo das Figuras e Vícios de Linguagem ………………………………………………………………………………….. 181 CADERNO DE MATEMÁTICA MÓDULO 01 Operações fundamentais e Problemas …………………………………………………………………………………………… 196 MÓDULO 02 Problemas e Expressões envolvendo Fração ………………………………………………………………………………….. 199 MÓDULO 03 Divisibilidade – Situações de divisores e múltiplos ………………………………………………………………………… 200 MÓDULO 04 Álgebra: Equações, Sistemas e Problemas do 1º Grau ……………………………………………………………………... 203 MÓDULO 05 Operações com Polinômios ……………………………………………………………………………………………………………. 207 MÓDULO 06 Produtos Notáveis e Fatoração ………………………………………………………………………………………………………. 208 MÓDULO 07 Equação do 2º Grau, Equações Biquadradas e Equação Irracionais …………………………………………………. 209 MÓDULO 08 Sistemas e Problemas do 2º Grau …………………………………………………………………………………………………… 210 MÓDULO 09 Perímetros e Áreas de Retângulos e Quadrados ……………………………………………………………………………... 211 MÓDULO 10 Perímetro e Área de Outras Figuras Planas ……………………………………………………………………………………. 214 MÓDULO 11 Outros Casos de ÁÁ rea de Triaângulo …………………………………………………………………………………….. 218 MÓDULO 12 Relações entre Ângulos, Triângulos, Quadriláteros e outros polígonos ………………………………………….. 219 MÓDULO 13 Relações Métricas no triângulo retângulo ……………………………………………………………………………………… 224 MÓDULO 14 Razões Trigonométricas no Triângulo Retângulo ………………………………………………………………………….. 225 MÓDULO 15 Círculo, Circunferência, Polígonos Inscritos e Circunscritos ………………………………………………………….. 226 MÓDULO 16 Proporcionalidade, Regra de Três e Porcentagem ………………………………………………………………………….. 229 CADERNO DE ATUALIDADES MÓDULO 01 Globalização e as Desigualdades Econômicas …………………………………………………………………………………. 233 MÓDULO 02 A questão das Migrações e Xenofobia .…………………………………………………………………………………………… 236 MÓDULO03 Violência Urbana no Brasil ……………………………………………………………………………………………………………. 240 MÓDULO 04 O aquecimento global e as alterações climáticas ……………………………………………………………………………. 244 MÓDULO 05 Consumo energético e produção de combustíveis alternativos ……………………………………………………… 246 MÓDULO 06 Conflitos Geopolíticos ……………………………………………………………………………………………………………………. 250 Seleção de Provas Anteriores ………………………………………………………………………………………………………………………………. 251 Respostas de Alguns Exercícios ……………………………………………………………………………………………………………………………. 309 CADERNO DE PORTUGUÊS MÓDULO 01: PRODUÇÃO E INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS As provas oficiais apresentam questões interpre- tativas que têm por finalidade a identificação de um lei- tor autônomo. Portanto, o candidato deve compreender os níveis estruturais da língua por meio da lógica, além de necessitar de um bom léxico internalizado. As frases produzem significados diferentes de acordo com o contexto em que estão inseridas. Torna- -se, assim, necessário sempre fazer um confronto entre todas as partes que compõem o texto. Além disso, é fun- damental apreender as informações apresentadas por trás do texto e as inferências a que ele remete. Este pro- cedimento justifica-se por um texto ser sempre produto de uma postura ideológica do autor diante de uma te- mática qualquer. AS FUNÇÕES DA LINGUAGEM O modo como a linguagem se organiza está dire- tamente ligado à função que se deseja dar a ela, isto é, à intenção do autor. Para os seis componentes da comuni- cação, seis são as suas funções: Emissor: aquele que transmite a mensagem. Receptor: aquele com quem o emissor se comunica. Mensagem: aquilo que se transmite ao receptor. Referente: assunto da mensagem. Código: convenção social que permite ao receptor com- preender a mensagem. Canal: meio físico que conduz a mensagem ao receptor. » EMOTIVA (EXPRESSIVA): está centrada na expressão dos sentimentos, emoções e opiniões do emissor, predo- minando o aspecto subjetivo e pessoal da mensagem. É comum nesse tipo de função a presença de interjeições, reticências, pontos de exclamação e, ainda, de verbos na 1ª pessoa. O narrador apresenta opiniões com as quais outras pessoas podem ou não concordar. Textos líricos são exemplos dessa função, já que expressam o estado de alma do emissor. » CONATIVA (APELATIVA): ocorre quando o receptor é posto em destaque e é estimulado pela mensagem. Há um autor querendo influenciar o receptor. É comum nesse tipo de texto o emprego do modo imperativo dos verbos e de vocativos. » REFERENCIAL (INFORMATIVA): ocorre quando o re- ferente é posto em destaque e a intenção principal do emissor é informar. Os textos cuja função é referencial possuem linguagem clara, direta e precisa, procurando traduzir a realidade de forma objetiva. Alguns textos jornalísticos, os científicos e os didáticos são o melhor exemplo disso. » POÉTICA: podemos encontrá-la nos casos em que o emissor enfatiza a construção, a elaboração da mensa- gem por meio da escolha de palavras que realcem a so- noridade, pelo uso de expressões imprecisas (legal, hí- per, é isso aí). O texto não é objetivo, traz uma fala cheia de rodeios e, normalmente, transmite pouca informa- ção. A função poética pode ocorrer tanto em prosa como em verso. » METALINGUÍSTICA: tem como função realçar o códi- go – quando este é utilizado como assunto ou explica a si mesmo. Por exemplo, quando um poema tece refle- xões sobre a criação poética ou um filme tematiza o pró- prio cinema ou um programa de televisão debate o pa- pel social da televisão. » FÁTICA: dá-se quando o canal é posto em destaque. A função é testar o canal de comunicação. Acontece nos cumprimentos diários, conversas de elevador, nas pri- meiras palavras de uma aula, etc. Fique Atento! É possível encontrar em um texto mais de uma função da linguagem. Portanto, cabe ao leitor identificar aquela que predomina e, por conseguinte, a intenção de seu autor. A COMPREENSÃO E A INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS Em provas oficiais, os candidatos que não têm o hábito de ler ou que não compreendem um texto, não têm êxito nas outras matérias também. É bastante co- mum encontrar aqueles que não sabem ler os enuncia- dos e não compreendem o que está sendo pedido que se faça. A compreensão e a interpretação dos textos devem ser a base dos estudos, tendo em vista que o de- sempenho da leitura interfere na aprendizagem de to- das as outras matérias, além de promover a socialização e a cidadania do candidato-leitor. O bom leitor sabe se- lecionar o que deve ler e que efetivamente pode contribuir para sua compreensão sobre a comple- xidade do mundo atual. Interpretar é criar sentido, pois toda interpre- tação provoca a criação de “outro texto”. Cada leitor é um sujeito singular, que utiliza diferentes estratégias (sua experiência prévia, suas crenças, seus conflitos, suas expectativas e suas relações com o mundo) para dar sentido ao que lê, sem, no entanto, eliminar o senti- do original do texto. Cabe, porém, ressaltar que é quase impossível determinar o grau de fidelidade de um leitor em relação ao texto original. O ato de interpretar possibilita a construção de novos conhecimentos a partir daqueles que existem pre- viamente na memória do leitor. Esses conhecimentos são ativados e confrontados com as informações do tex- to, permitindo-lhe atribuir coerência àquilo que está lendo. PROCEDIMENTOS PARA UMA LEITURA EFICAZ 1. Leia todo o texto, com atenção, procurando entender o seu sentido geral. 2. Identifique as ideias do texto (cada parágrafo contém uma ideia central e outras secundárias), estabe- lecendo as relações entre as partes. 3. Procure compreender todos os vocábulos e expressões. Muitas vezes, o próprio texto já fornece o significado da palavra. Mas, na medida do possível, use o Material Poia Cursos Língua Portuguesa Preparação IFAL 2017/2018 Acesse o nosso site: http://www.poia.com.br Poia Cursos: Conhecimento pra você mudar o mundo!008 dicionário sempre que estiver lendo, pois com isso au- mentará os seus conhecimentos e ampliará o seu voca- bulário. Lembre-se de que é bastante frequente a co- brança do significado (tanto literal quanto contextual) das palavras nessas provas. 4. Leia atentamente as instruções para a resolu- ção das questões – analise com cuidado o que cada enunciado pede. Muitas vezes, o erro é proveniente do descuido (da pressa) na hora de ler as questões (princi- palmente se quando se subestima as informações dos comandos). COMANDOS PARA COMPREENSÃO DE TEXTOS Esses comandos baseiam-se em verbos que indi- cam ações visuais, ou seja, orientam o candidato às idei- as explícitas. Por exemplo: Percebe-se que…; Constata- se que…; Observa-se que... ; O texto informa que…; O narrador do texto diz que…; Segundo o texto, é correto (incorreto) dizer que… COMANDOS PARA INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS Esses comandos baseiam-se em verbos que indi- cam inferências, ou seja, orientam o candidato às ideias implícitas. Por exemplo: Depreende-se do texto que…; Subentende-se das ideias e informações do texto que…; A partir das ideias do texto, infere-se que…; O texto permite deduzir que…; Pode-se concluir do texto que…; A intenção do narrador é… COMANDOS PARA MEDIR CONHECIMENTOS GERAIS Esses comandos visam testar o conhecimento do candidato a respeito do assunto abordado no texto, en- focando o assunto (tema, tese) abordado no texto e considerando a amplitude do tema abordado no tex- to, tendo o texto como referência inicial. COMANDOS PARA MEDIR CONHECIMENTOS LINGUÍSTICOS Esses comandos visam testar o conhecimento gramatical do candidato e podem abordar assuntos de morfologia, de sintaxe, de semântica, de estilística, de coesão ou de coerência. Considerando as estruturas linguísticasdo texto, pode-se pedir o erro gramatical ou a alternativa que foge aos preceitos da norma culta. Pode-se tam- bém, em relação aos aspectos gramaticais do texto, pe- dir-se a opção que preserva a manutenção do registro da norma culta da língua portuguesa, ou seja, aquela que não apresenta erro. Enfim, é sempre bom estar atento e entender o enunciado para entender de fato o que o examinador re- quer do candidato e não sair fazendo suposições. ERROS FREQUENTES NA COMPREENSÃO DE TEXTOS 1. Extrapolação: consiste em acrescentar infor- mações ausentes no texto original ou mesmo aplicá-lo em outros contextos. 2. Redução: ocorre quando o leitor diminui as informações ou a intensidade do texto lido. 3. Inversão: acontece quando o leitor perde pas- sagens do desenvolvimento do texto ou altera a orienta- ção de seu sentido (fato que pode levá-lo a conclusões opostas das expressas e/ou esperadas pelo autor). A COERÊNCIA E A COESÃO TEXTUAIS A Coerência e a Coesão textuais são dois con- ceitos importantes para uma melhor compreensão do texto e, principalmente, para a melhor escrita de traba- lhos de redação de qualquer área. A coerência diz respeito à ordenação das ideias e dos argumentos, ou seja, aborda a relação lógica entre ideias, situações ou acontecimentos, apoiando-se, por vezes, em mecanismos formais, de natureza gramatical ou lexical, e no conhecimento compartilhado entre os usuários da língua. Pode-se dizer que o conceito de coe- rência está ligado ao conteúdo, no sentido constituído pelo leitor. A coerência depende da coesão. Um texto com problemas de coesão terá, provavelmente, proble- mas de coerência. Já a coesão trata basicamente das articulações gramaticais existentes entre as palavras, as orações e frases para garantir uma boa sequenciação de eventos, ou seja, é a correta ligação entre os elementos de um texto, que ocorre no interior das frases, entre as pró- prias frases e entre os vários parágrafos. Pode-se dizer que um texto é coeso quando elementos coesivos (con- junções, preposições, advérbios e pronomes) são empre- gados corretamente. O estudo das palavras e seus significados, bem como o estudo das orações coordenadas e subordinadas são tópicos que já estudamos e que são essenciais para que possamos usar e compreender melhor os elos de co- esão. SEMÂNTICA A semântica é o estudo da significação das pala- vras e das mudanças de sentido ocasionadas pelo con- texto. O sentido original é a sua própria significação eti- mológica, mas este também sofre constantes alterações no decorrer do tempo, devido à sua expansão ou genera- lização. Por exemplo, carrasco era o nome do algoz Bel- chior Nunes Carrasco e generalizou-se para todos os al- gozes. Anfitrião era personagem de uma comédia de Plauto e se expandiu a todos aqueles que à sua casa reú- nem convidados e amigos. A palavra (signo linguístico) é uma combinação de conceito (ideia) e palavra (escrita ou falada), que são: Significante: é o elemento concreto, material, perceptível: os sons (fonemas) ou as letras. Significado: é o elemento inteligível (o concei- to) ou a imagem mental. É importante que você entenda que quando tra- tamos de um texto é sempre importante relacionar o significado real do significado que, muitas vezes, a pala- vra ou expressão recebe no contexto. Como já vimos, as palavras possuem significados e podem ser sinônimas, antônimas, homônimas, polissê- micas, etc. DENOTAÇÃO E CONOTAÇÃO Sabe-se que não há associação necessária entre significante (expressão gráfica, palavra) e significado, Material Poia Cursos Língua Portuguesa Preparação IFAL 2017/2018 Acesse o nosso site: http://www.poia.com.br Poia Cursos: Conhecimento pra você mudar o mundo!009 por esta ligação representar uma convenção. É baseado neste conceito de signo linguístico (significante + signi- ficado) que se constroem as noções de denotação e co- notação. O sentido denotativo das palavras é aquele en- contrado nos dicionários, o chamado sentido verdadei- ro, real. Já o uso conotativo das palavras é a atribuição de um sentido figurado, fantasioso e que, para sua com- preensão, depende do contexto. Sendo assim, estabe- lece-se, numa determinada construção frasal, uma nova relação entre significante e significado. Os textos literários exploram bastante as cons- truções de base conotativa, numa tentativa de extrapo- lar o espaço do texto e provocar reações diferenciadas em seus leitores. Ainda com base no signo linguístico, encontra-se o conceito de polissemia (que tem muitas significa- ções). Algumas palavras, dependendo do contexto, assu- mem múltiplos significados, como, por exemplo, a pala- vra ponto: ponto de ônibus, ponto de vista, ponto final, ponto de cruz, etc. Neste caso, não se está atribuindo um sentido fantasioso à palavra ponto, e sim ampliando sua signifi- cação através de expressões que lhe completem e escla- reçam o sentido. COMO LER E ENTENDER BEM UM TEXTO Basicamente, deve-se alcançar a dois níveis de leitura: a informativa e de reconhecimento e a interpre- tativa. A primeira deve ser feita de maneira cautelosa por ser o primeiro contato com o novo texto. Desta lei- tura, extraem-se informações sobre o conteúdo aborda- do e prepara-se o próximo nível de leitura. Durante a in- terpretação propriamente dita, cabe destacar palavras- chave, passagens importantes, bem como usar uma pa- lavra para resumir a ideia central de cada parágrafo. Este tipo de procedimento aguça a memória vi- sual, favorecendo o entendimento. Não se pode descon- siderar que, embora a interpretação seja subjetiva, há li- mites. A preocupação deve ser a captação da essência do texto, a fim de responder às interpretações que a banca considerou como pertinentes. No caso de textos literários, é preciso conhecer a ligação daquele texto com outras formas de cultura, ou- tros textos e manifestações de arte da época em que o autor viveu. Se não houver esta visão global dos mo- mentos literários e dos escritores, a interpretação pode ficar comprometida. Aqui não se podem dispensar as di- cas que aparecem na referência bibliográfica da fonte e na identificação do autor. A última fase da interpretação concentra-se nas perguntas e opções de resposta. Aqui são fundamentais marcações de palavras como não, exceto, errada, res- pectivamente etc. que fazem diferença na escolha ade- quada. Muitas vezes, em interpretação, trabalha-se com o conceito do “mais adequado”, isto é, o que responde melhor ao questionamento proposto. Por isso, uma res- posta pode estar certa para responder à pergunta, mas não ser a adotada como gabarito pela banca examina- dora por haver outra opção mais completa. Ainda cabe ressaltar que algumas questões apresentam um fragmento do texto transcrito para ser a base de análise. Nunca deixe de retornar ao texto, mesmo que aparente- mente pareça ser perda de tempo. A descontextualização de palavras ou frases, certas vezes, são também um recurso para instaurar a dúvida no candidato. Leia a frase anterior e a posterior para ter ideia do sentido global proposto pelo autor, desta maneira a resposta será mais consciente e segura. AMBIGUIDADE OU ANFIBOLOGIA A ambiguidade consiste no fato de uma frase ad- mitir mais de uma interpretação. É um recurso linguísti- co muito utilizado em textos literário e publicitários. Observe os exemplos: • Anúncio em bancas de revistas: “Aprenda a fazer uma galinha no ponto!”. O anúncio dá a ideia de que que- rem vender livros de receitas, mas, na verdade, o que será vendido é uma revista de ponto de cruz. Ou seja, aprenda a fazer uma galinha no ponto de cruz, para bor- dar em panos de pratos. • A interpretação do sétimo mandamento, segundo Bas- tos Tigres: “Não furtarás – prega o Decálogo; e cada ho- memdeixa para amanhã a observância do sétimo man- damento”. Note que não era a intenção do autor, mas a graça vem pelo fato de que como se utiliza o verbo no tempo futuro, as pessoas estão sempre prorrogando o prazo para começar a respeitar o mandamento. Não se esqueça, como você já estudou antes, de que a ambiguidade se transforma em um vício de lin- guagem quando compromete a clareza do enunciado. Pra descontrair, veja alguns exemplos curiosos e até engraçados em que ocorre ambiguidade: • Vende-se leite de cabra em pó; • O deputado disse que sempre lutou contra a corrupção e a ética na política. • Amélia, não conseguindo receber qualquer ajuda do governo, teve de ir juntar papéis velhos para dar de co- mer a seus filhos. • “Para todos aqueles que têm filhos e não sabem nós te- mos uma creche no segundo andar.” • “E, para alegrar esse domingo de páscoa, pediremos à mamãe que ponha na mesa um ovo para todos nós.” • “Quinta-feira às cinco horas haverá reunião do Clube das Jovens Mamães. Todas aquelas que quiserem se tor- nar uma Jovem Mamãe devem contatar o pastor Sandro em seu escritório.” NÍVEIS DE LINGUAGEM A linguagem é qualquer conjunto de sinais que nos permite realizar atos de comunicação. Dependendo dos sinais escolhidos, teremos uma comunicação verbal, visual, auditiva, etc. Damos o nome de fala à utilização que cada membro da comunidade faz da língua, tanto na forma oral quanto na escrita. A forma oral se caracteriza por maior espontaneidade do que a forma escrita. Em decorrência do caráter individual da língua, podemos destacar algumas modalidades: » NORMA CULTA: é a modalidade de linguagem utiliza- da em situações formais, principalmente na escrita – Material Poia Cursos Língua Portuguesa Preparação IFAL 2017/2018 Acesse o nosso site: http://www.poia.com.br Poia Cursos: Conhecimento pra você mudar o mundo!010 mais planejada e bem elaborada. Caracteriza-se pela correção da linguagem em diversos aspectos: um cuida- do maior com o vocabulário, obediência às regras esta- belecidas pela gramática, organização rigorosa das ora- ções e dos períodos etc. Confira no texto a seguir: “(...) O mais forte e apreciável motivo para um estudo dos assuntos humanos é a curiosidade. Esse é um dos traços distintivos da natureza huma- na. Ao que parece, nenhum ser humano é dele totalmente destituído, apesar de seu grau de a intensidade variar enormemente de indivíduo para indiví- duo. No campo dos assuntos humanos, a curiosidade nos leva a buscar uma óptica panorâmica, através da qual se possa chegar a uma visão da realidade, tão inteligível quanto possível para a mente humana.” TOYNBEE, Arnold. Um estudo da história. Brasília: EdUnB. 1987. p. 47. (com adaptações). » LINGUAGEM COLOQUIAL: é usada em situações infor- mais ou familiares e caracteriza-se pela espontaneidade, já que não existe uma preocupação com as normas esta- belecidas (aceita o uso de gírias e de palavras dicionari- zadas). Embora seja uma linguagem informal, não é ne- cessariamente inculta, pois a desobediência a certas normas gramaticais se deve à liberdade de expressão e à sensibilidade estilística do falante. É facilmente encon- trada na correspondência pessoal (mensagens, e-mail, redes sociais, etc.), na literatura, história em quadri- nhos, nos jornais e revistas. Veja o exemplo: Sei lá! Acho que tudo vai ficar legal. Pra que então ficar esquentan- do tanto? Me parece que as coisas no fim sempre dão certo. » LINGUAGEM TÉCNICA (profissional): é a modalidade utilizada por alguns profissionais (policiais, vendedores, advogados, economistas, etc.) no exercício de suas ativi- dades. Veja este exemplo: “Vamos direto ao assunto: interface gráfica ou não, muitas vezes, é preciso trabalhar com o prompt do DOS, sendo aborrecedor esforçar-se na re- digitação de subdiretórios longos ou comando mal digitados”. (Revista PC World, ago/2007. p. 98) Fique Atento! Não se deve confundir vocabulário técni- co com jargão (modalidade coloquial). » LITERÁRIA (artística): é utilizada com finalidade ex- pressiva, como a que é feita pelos artistas da palavra (poetas e romancistas, por exemplo). Observe: “O céu jogava tinas de água sobre o noturno que devolvia a São Paulo. O comboio brecou, lento, para as ruas molhadas, furou a gare suntuosa e me jogou nos óculos menineiros de um grupo negro. “Sentaram-me num automóvel de pêsames”. ANDRADE, Oswald de. Memórias Sentimentais de João Miramar. VARIAÇÕES LINGUÍSTICAS São as variações que uma língua apresenta, de acordo com as condições sociais, culturais, regionais e históricas em que é utilizada. A língua é um organismo vivo, que se modifica no tempo, a todo instante. Os tipos de variações mais cobrados em provas são: » EMPRÉSTIMOS LINGUÍSTICOS: vocábulos incorpora- dos ao nosso idioma em sua forma original ou aportu- guesados. No português usado hoje no Brasil, existe in- fluência de várias línguas: do contato com o índio, in- corporamos palavras como cipó, mandioca, peroba, cari- oca, etc.; a partir do processo de escravidão no Brasil, incorporamos inúmeros vocábulos de línguas africanas, tais como quiabo, macumba, samba, vatapá e muitos ou- tros. Podemos encontrar também, no português atual, palavras provenientes de línguas estrangeiras moder- nas, principalmente do inglês. Veja alguns exemplos: do italiano (maestro, pizza, tchau, espaguete); do francês (abajur, toalete, champanhe); do inglês (recorde, sanduí- che, futebol, bife, gol, clube, e muitos outros mais). » NEOLOGISMOS: São palavras novas, que vão sendo logo absorvidas pelos falantes no seu processo diário de comunicação. Umas, surgem para expressar conceitos igualmente novos; outras, para substituir aquelas que deixam de ser utilizadas. Os neologismos podem ser cri- ados a partir da própria língua do país (cegonheiro, por exemplo), ou a partir de palavras estrangeiras (deletar, escanear, etc.). » RECRIAÇÕES SEMÂNTICAS: Existem, também, aque- las palavras que adquirem novos sentidos ao longo do tempo. Por exemplo: cegonha (carreta que transporta automóvel, desde as montadoras até as concessioná- rias), laranja (testa de ferro, pessoa que empresta o nome para a realização de negócios ilícitos). » GÍRIAS: São palavras características da linguagem de um grupo social (os jovens), que, por sua expressivida- de, acabam sendo incorporadas à linguagem coloquial de outras camadas sociais. São exemplos de gírias: véi (velho), mano, bro (brother), Maneiro! Radical! É claro que, como as gírias também evoluem (elas surgem e de- saparecem com o passar do tempo) pode ser que os exemplos dados já tenham caído em desuso ou já não se- jam tão populares com dantes foram! » JARGÕES: são os vocábulos característicos da lingua- gem utilizada por alguns grupos profissionais (médicos, policiais, vendedores, professores, etc.) e que, por sua expressividade, acabam sendo incorporadas à lingua- gem de outras camadas sociais. Exemplos: positivo, bico fino, X9 (policiais); caroço (vendedores) e outros. » REGIONALISMOS: São as variações originadas das di- ferenças de região ou de território. Veja o exemplo de uma variedade regional, também conhecida como “fala caipira”, própria do interior de alguns estados brasilei- ros: “Cheguei na bera do porto onde as onda se espaia. As garça dá meia vorta, senta na bera da praia. E o cuitelinho não gosta que o botão de rosa caia.” (Milton Nascimento) FORMA E CONTEÚDO DOS TEXTOS Existem duas maneiras de se classificar os tex- tos, quanto ao conteúdo e à forma: » POESIA: é um gênero textual que se caracteriza pela escrita em versos (o verso é ordenador rítmico e melódi- co do poema), que pode apresentar rima e métrica e uma elaboração muito particular da linguagem. A poesia em geral reflete o momento, oimpacto dos fatos sobre o homem e a criação de imagens que reflitam esse impac- to. Leia: Eu canto porque o instante existe E a minha vida está completa. Não sou alegre nem sou triste Sou poeta. (...) Sei que canto. E a canção é tudo. Tem sangue eterno a asa ritmada. E um dia sei que estarei mudo: - mais nada. Cecília Meireles - Motivo Material Poia Cursos Língua Portuguesa Preparação IFAL 2017/2018 Acesse o nosso site: http://www.poia.com.br Poia Cursos: Conhecimento pra você mudar o mundo!011 » PROSA: é um discurso que reproduz a maneira natural de falar, sem métrica nem rima. As linhas ocu- pam quase toda a extensão horizontal da página, demar- cada, fisicamente, pelo parágrafo – pequeno afastamen- to em relação à margem esquerda da folha. O parágrafo é o ordenador lógico da prosa. TIPOS DE TEXTO Os tipos textuais designam uma sequência defi- nida pela natureza linguística de sua composição e, para a sua classificação, são observados aspectos lexicais, sin- táticos, tempos verbais e, principalmente, as relações ló- gicas. Por sua estrutura composicional, os textos se divi- dem em: 1. NARRATIVO Texto em que se discorre sobre fatos, sobre fazer relatos. Consiste na elaboração de um texto que relate episódios, acontecimentos e histórias (verdadeiras ou fictícias). São exemplos de textos narrativos: romance, novela, conto, crônica, anedota e, até, histórias em qua- drinhos. A narrativa é um texto que possui uma sequência de acontecimentos: começo, meio e fim. No entanto, o es- critor pode alterar essa ordem, começando a contar pelo meio ou pelo fim, dependendo do efeito que pretende alcançar. ELEMENTOS DA NARRATIVA A) Narrador: é quem conta a história, um ser ficcional a quem o autor transfere a tarefa de narrar os fatos. Há textos narrativos quase totalmente – ou totalmente – di- alogados. Nesse caso, o narrador aparece muito pouco, ou fica subentendido. Fique Atento para não confundir o narrador com o autor da história. Este é um escritor, com uma biografia civil, um ser humano, que pode cons- truir vários narradores (um para cada história que dese- jar contar). B) Personagens: são os seres que estão envolvidos com a história, que vivem os fatos e que são caracterizados física e psicologicamente. Qualquer tipo de ser – gente, bicho, criaturas inanimadas – pode ser personagem de uma narrativa. Classificam-se em: Principais: quando participam diretamente da trama. Secundários: quando participam de forma pouco inten- sa da história. Caricaturais: tem os traços de personalidade ou pa- drões de comportamento realçados, acentuados (às ve- zes beirando o ridículo). C) Enredo: é a história em si, o conjunto encadeado dos fatos, organizado de acordo com a vontade do escritor. Todo enredo supõe um conflito. Fique Atento! Uma narrativa pode apresentar um enre- do linear – quando os fatos vão se desenrolando um de- pois do outro, em ordem cronológica de tempo – ou um enredo não-linear – quando a história é interrompida por uma volta ao passado (para algo ser lembrado). É o que chamamos de flashback, muito comum em filmes. D) Espaço: o espaço da narrativa é o local onde se de- senvolve a história, o cenário. A descrição do espaço ser- ve para criar o clima que envolve o leitor nos aconteci- mentos. A descrição do espaço serve, também, para ca- racterizar, de forma indireta, um personagem. Pode ser: Físico: é o cenário por onde circulam os personagens e onde se desenrola a trama. Mental: é o retrato de uma época, a ênfase nos costumes de determinado período da história. E) Tempo: o tempo da narrativa é o “quando acontece” a história, podendo ser: Cronológico: quando é marcado pelo relógio, pelo ca- lendário ou por outros índices exteriores (momentos do dia, estações do ano, fatos históricos); ou Psicológico: trata-se de tempos subjetivos, variáveis de indivíduo para indivíduo. Esse tempo marca-se pelas sensações ou pensamentos do personagem. FOCO NARRATIVO (OU PONTO DE VISTA) • Quando o narrador participa do enredo, é personagem atuante, diz-se que é um narrador-personagem. Isso constitui o foco narrativo ou ponto de vista da primei- ra pessoa. • Narrador-observador é o que serve de intermediário entre o episódio e o leitor – é o foco narrativo de ter- ceira pessoa. • Ocorrem casos em que o narrador é classificado como onisciente, pelo fato de dominar o lado psíquico de seus personagens, antepondo-se às suas ações, percor- rendo-lhes a mente e a alma – também sob o foco nar- rativo de terceira pessoa. FORMAS DE DISCURSO » O DISCURSO DIRETO caracteriza-se pela reprodução fiel da fala do personagem. Estrutura-se normalmente com a precedência de dois-pontos e inicia-se após tra- vessão. Via de regra, vem acompanhada por verbos de elocução (dizer, falar, responder, berrar, retrucar, inda- gar, etc.). Observe o exemplo: “...Botou as mãos na cabeça e a boca no mundo: — Nossa senhora, meu patrãozinho me mata!” (Fernando Sabino) » O DISCURSO INDIRETO ocorre quando o narrador uti- liza sua própria fala para reproduzir a fala de um perso- nagem. O tempo verbal, no discurso indireto, será sem- pre passado em relação ao tempo verbal do discurso di- reto. Observe o exemplo: “D. Evarista ficou aterrada. Foi ter com o marido, disse-lhe que estava com desejos.” (Machado de Assis) O DISCURSO INDIRETO LIVRE é uma mescla do discur- so direto com o indireto. No discurso indireto livre, a fala do personagem se insere sutilmente no discurso do narrador, permitindo-lhe expor aspectos psicológicos do pensamento do personagem. Compare os dois exem- plos: “Achamos o nome engraçado. Qual o padrinho que pusera o nome de Milagre naquele afilhado? E o português explicou que não, que o nome do pretinho era Sebastião. Milagre era apelido”. (Stanislaw Ponte Preta) Material Poia Cursos Língua Portuguesa Preparação IFAL 2017/2018 Acesse o nosso site: http://www.poia.com.br Poia Cursos: Conhecimento pra você mudar o mundo!012 “Sinhá Vitória falou assim, mas Fabiano franziu a testa, achando a frase ex- travagante. Aves matarem bois e cavalos, que lembrança! Olhou a mulher, desconfiado, julgou que ela estivesse tresvariando”. (Graciliano Ramos) CARACTERÍSTICAS DE UMA NARRATIVA • Encadeamento de ações e fatos. • As frases se organizam em uma progressão temporal (relação de anterioridade / posterioridade), tanto que não se pode alterar a sequência sem afetar basicamente o texto. • Texto dinâmico, uma vez que existem muitos verbos indicando movimento, ação, e, ainda, a passagem do tempo. Dois textos narrativos bastante comuns em pro- vas oficiais são: 1.1 CRÔNICA – é toda narrativa que obedece à ordem do tempo (etimologicamente, a palavra vem do grego chró- nos, que significa “tempo”). Modernamente, crônica é um relato sobre os acontecimentos do cotidiano, es- crita numa linguagem leve e normalmente de cará- ter jornalístico. Ela difere do conto não apenas no ta- manho, mas também na linguagem. Ela busca a intimi- dade e o humor da linguagem. Ela busca a intimidade e o humor da anedota, numa linguagem cotidiana que en- contra receptividade em todos os leitores. Ao mesmo tempo em que a crônica tem o cará- ter transitório de um jornal – uma vez que nasceu den- tro desse veículo de comunicação de massa -, ela apre- senta também um narrador (que é o próprio autor), per- sonagens que se aproximam muito das pessoas da vida real, enredo, tempo e espaço. Na maioria dos casos, to- dos esses elementos são trabalhados numa linguagem poética. Muitos cronistas contemporâneos conseguem captar flashes, circunstâncias do cotidiano, de uma ma- neira tão lírica que fica difícil dizer que tais textos não assumem um caráter literário. Cabe ressaltar que, apesar de ser um gênero nar- rativo por definição, a crônica é um texto geralmente híbrido (uma mescla de modalidades),que não prescin- de da reflexão e do comentário. Leia: MAS É COISA NOSSA Eu ainda estava em jejum quando abri o jornal. Pensei: quem sabe tomo café primeiro? A foto é tão chama- tiva que não dá para desviar a atenção. Todo leitor da Fo- lha deve ter tido o mesmo choque. Mas eu confesso que re- sisti. Pra que, meu Deus, uma foto dessas na primeira pági- na? Posso falar porque tenho vivido em jornal a vida toda: jornalista tem essa inclinação para o que é negativo. Há quem diga que é um traço mórbido. Hoje todo mundo sabe, na teoria e na prática, que o corriqueiro não é notícia. Aquele exemplo clássico que já está careca de tan- to ser citado. Se um cão morde um homem, nada a noticiar. Se um homem morde um cão, está aí a matéria-prima. Cumpre apurar tudo direitinho. Se homem foi vacinado contra raiva. Se o cão estava quieto no seu canto ou se par- tiu dele a provocação. Nome, cor e idade da vítima. Enfim, um prato cheio. Se notícia é o inusitado, o que sai da banalidade e escapa ao lixo do cotidiano, então por que essa foto na pri- meira página? Esse personagem será assim tão insólito? Imagino que o leitor já esqueceu a foto de ontem e o im- pacto que ela nos causou. Esquecer um mecanismo é um ato confortável. É essencial. É o que nos permite continuar vivendo na santa paz de nossa consciência. Que diabo, a gente tem que se defender. Eu, por exemplo, quando dei com a foto, logo pensei com meus botões: deve ser coisa de Biafra. Você se lembra de Biafra. Biafra ou Blangladesh. Lá nos cafundós, onde Judas perdeu as botas. Nada a ver comigo. E decidi fugir da le- genda. Por via das dúvidas, preferia não saber onde vive, ou sobrevive, aquela coisinha de olhos fechados. Ainda bem. Se tivesse os olhos abertos, grampeava o meu olhar e adeus café da manhã. A mão direita no peito lhe dá um ar contrito. A mão esquerda segura o pé direito. Segue a fir- me, a perna direita cruzada sobre a esquerda. Tem até gra- ça. Uma graça horrível, mas tem. E aquela fralda imensa. Branca, farta, não o deixa nu. Ou nua. Não está dito qual o sexo do top model que po- sou para o fotógrafo. Tem quatro meses, diz a legenda. Está internado na Paraíba, com suspeita de cólera. Como será o nome do serzinho tão indefeso? Aí me ocorreu que seu nome é legião. Seu sobrenome? Brasil. Por falar nisso, quando é que a gente vai tomar vergonha na cara? RESENDE, Otto Lara. Bom dia para nascer. São Paulo, Companhia das Letras, 1993. 1.2 CRÔNICA REFLEXIVA é uma modalidade de crônica bastante utilizada nas provas oficiais, por causa de sua presença marcante em jornais e revistas de grande cir- culação. Na crônica reflexiva, o autor apenas tece re- flexões filosóficas, ou seja, produz opiniões e im- pressões (humorísticas ou líricas) sobre um assunto, ca- tivando a sensibilidade do leitor numa abordagem des- contraída. • não há preocupação com a forma, já que o fluxo das ideias é livre. • Admite tanto a linguagem culta quanto coloquialismos, repetições enfáticas e gírias. É a expressão espontânea do pensamento. Para exemplificar, veja o texto que se- gue: OS OLHOS DE ISABEL Instalou-se ontem no rio, um banco de olhos. Ali será conservada na geladeira uma parte dos olhos tirado de pessoas que acabam de morrer, de acidentados e nati- mortos. Os cegos serão capazes de distinguir a claridade; poderão, em muitos casos, ter a vista perfeita, recebendo nos olhos a córnea da pessoa morta. Já houve muitos casos dessa operação no Brasil, como o da jovem Isabel, de 18 anos, cega desde nascença, que passou a ver bem. Não a co- nheço; e estimo que seja feliz e alegre em suas visões e veja sempre coisas que a façam alegre. É pelos olhos que entra em nós a maior parte das alegrias e tristezas. Os meus, ainda que bastante usados, enxergam bem, e mesmo, em certas circunstâncias, de- mais. São, é natural, sujeitos a muitas ilusões: de muitas já fui ao empós, e eram miragens que me levaram ao meio de um deserto onde me alimentei de gafanhotos e lágrimas, tomando sopa de vento, comendo pirão de areia, como diz a canção. A fina membrana dos olhos não guarda a lembran- ça das visões; mas que sabemos? A matéria viva é uma coi- sa sutil e sensível que ninguém entende. O jornal não diz Material Poia Cursos Língua Portuguesa Preparação IFAL 2017/2018 Acesse o nosso site: http://www.poia.com.br Poia Cursos: Conhecimento pra você mudar o mundo!013 de quem eram os olhos com que hoje vê a moça Isabel; e ela, nunca tendo visto antes, não sabe se as visões de hoje são verdade ou fantasia; talvez esteja a ver este mundo através do filtro emocional de uma criatura já morta; (...) mas tenham visto o que tiveram antes, que ora vejam tudo em suave e belo azul, a cor dos sonhos e descobrimentos das navegações dos 18 anos. Que são tontas, mas belas na- vegações. BRAGA, Rubem. O homem rouco. Rio: editora do autor, 1963. 1.3 FÁBULA é uma narrativa de caráter alegórico, que trabalha o imaginário e que pretende transmitir alguma lição de fundo moral, tendo geralmente animais como personagens. Quando ela utiliza objetos inanimados, recebe o nome de apólogo. A fábula constitui uma for- ma simples de narrativa. Suas raízes remontam à Anti- guidade greco-romana, com Esopo e Fedro. La Fontaine, poeta francês, foi quem introduziu e aprimorou as fábu- las antigas, fazendo com que chegassem até nós. No Brasil, coube a monteiro Lobato recriar as fá- bulas de La Fontaine. E, mais recentemente, Millôr Fer- nandes atualizou algumas histórias clássicas e criou ou- tras de humor e filosofia, como mostra o exemplo abai- xo: A CAUSA DA CHUVA Não chovia há muitos e muitos meses, de modo que os animais ficaram inquietos. Uns diziam que ia chover logo, outros diziam que ainda ia demorar. Mas não chega- vam a uma conclusão. — Chove só quando a água cai do telhado do meu galinhei- ro — esclareceu a galinha. — Ora, que bobagem! — disse o sapo de dentro da lagoa. Chove quando a água da lagoa começa a borbulhar as goti- nhas. — Como assim? — disse a lebre. Está visto só que só chove quando as folhas das árvores começam a deixar cair as go- tas d’água que têm dentro. Nesse momento começou a chover. — Viram? — gritou a galinha. O telhado de meu galinheiro está pingando. Isso é chuva. — Ora, não vê que a chuva é a água da lagoa borbulhando? — disse o sapo. — Mas, como assim? — tomou a lebre. Parecem cegos! Não veem que a água cai das folhas das árvores. Moral: Todas as opiniões estão erradas. Millôr Fernandes (adaptado) 2. DESCRITIVO Trata-se de um texto em que é feito a caracteri- zação de uma pessoa, de um animal, de um objeto ou de uma situação qualquer, inseridos num certo momento estático do tempo. Diferentemente do texto narrativo, que relata as transformações de estado que vão ocorrendo progressi- vamente com pessoas ou coisas, o texto descritivo põe em relevo as propriedades e aspectos desses elementos num certo estado, considerado como se estivesse para- do. Nos enunciados descritivos, podem até aparecer verbos que exprimam ação, movimento, mas os movi- mentos são sempre simultâneos, não indicando progres- são de um estado anterior para outro posterior. Se ocor- rer essa progressão, inicia-se um percurso narrativo. O fundamental na descrição é que não haja progressão temporal. CARACTERÍSTICAS DE UMA DESCRIÇÃO • Encadeamento de informações. Todos os enunciados apresentam ocorrências simultâneas. • Riqueza de detalhes e a presença abundante dos adjeti- vos. • Não existe temporalidade (datas), tanto que se pode al- terar a sequência, sem afetar basicamente o sentido. • Uso dos cinco sentidos. • Texto estático, pois faz um uso reiterado de verbos de estado (e não de ação). A descrição é um processo de caracterização que exige sensibilidade daquele que descreve, para sensibili- zar tambémaquele que lê. Sendo assim, ela se baseia na percepção – nos cincos sentidos: visão, tato, audição, pa- ladar e olfato. Observe o trecho a seguir: A TERRA Ao sobrevir das chuvas, a terra (...) transfigura- -se em mutações fantásticas, contrastando com a desolação anterior. Os vales secos fazem-se rios. Insulam-se os cômo- ros escalvados, repentinamente verdejantes. A vegetação recama de flores, cobrindo-os, os grotões escancelados, e disfarça a dureza das barracas, e arredonda em colinas os acervos de blocos disjungidos — de sorte que as chapadas grandes, intermeadas de convales, se ligam em curvas mais suaves aos tabuleiros altos. Cai a temperatura. Com o desa- parecer das soalheiras anula-se a secura anormal dos ares. Novos tons da paisagem: a transparência do espaço salien- ta as linhas mais ligeiras, em todas as variantes da forma e da cor. Dilatam-se os horizontes. O firmamento, sem o azul carregado dos desertos, alteia-se, mais profundo, ante o expandir revivescente da terra. E o sertão é um vale fértil. É um pomar vastíssimo, sem dono. Depois tudo isso acaba. Voltam os dias torturantes; a atmosfera asfixiadora; o empedramento do solo; a nudez da flora; e nas ocasiões em que os estios se ligam sem a in- termitência das chuvas — o espasmo assombrador da seca. A natureza compraz-se em um jogo de antíteses. CUNHA, Euclides. Os sertões - campanha de Canudos. Rio de Janeiro: Editora Francisco Alves. 1982. Pagina 37-38. A apresentação conjunta de traços físicos e psi- cológicos permite que a descrição se torne mais concre- ta, mais sensível e mais capaz de fazer o leitor realizar em sua imaginação o objeto descrito/ ser descrito. Mes- mo assim, às vezes, é possível visualizar a descrição sob dois enfoques: 2.1 OBJETIVO – que procura descrever a realidade de maneira direta e objetiva, sem acrescentar nenhum juí- zo de valor. O autor torna-se impessoal e a linguagem utilizada é denotativa. Leia a descrição a seguir e observe que, à medida que você avança no texto, a imagem do ser descrito vai- se formando em sua mente. Material Poia Cursos Língua Portuguesa Preparação IFAL 2017/2018 Acesse o nosso site: http://www.poia.com.br Poia Cursos: Conhecimento pra você mudar o mundo!014 “Era um burrinho pedrês. Miúdo e resignado, vin- do de Passa-Tempo, Conceição do Serro, ou não sei onde no sertão. Chamava-se de Sete-de-Ouros, e já fôra tão bom, como outro não existiu e nem pode haver igual. Agora, porém, estava idoso, muito idoso. Tanto, que nem seria preciso abaixar-lhe a maxila teimosa para espiar os cantos dos dentes. Era decrépito mesmo a distân- cia: no algodão bruto do pelo — sementinhas escuras em rama rala e encardida: nos olhos remelentos, cor de bismu- to, com pálpebras rosadas, quase sempre oclusas, em cons- tante semissono; e, na linha, fatigada e respeitável — uma horizontal perfeita, do começo da testa à raiz da cauda em pêndulo amplo, para cá, para lá, tangendo as moscas.” ROSA, João Guimarães. Sagarana. Rio de Janeiro: Livraria José Olympio Edito- ra, 1976. Observe a descrição objetiva de uma persona- gem feminina, de Aluísio de Azevedo: “Rita havia parado no pátio. Cercavam-na homens, mulheres e crianças; todos queriam novas dela. Não vinha em traje de domingo; trazia casaquinho branco, uma saia que lhe deixava ver o pé sem meia num chinelo de poli- mento com enfeites de marroquim de diversas cores. No seu farto cabelo, crespo e reluzente, puxado sobre a nuca, havia um molho de manjericão e um pedaço de baunilha espetado por um gancho. E toda ela respirava o asseio das brasileiras e um odor sensual de trevos e plantas aromáti- cas. Irrequieta, saracoteando o atrevido e rijo quadril baia- no, respondia para a direita e para a esquerda, pondo à mostra um fio de dentes claros e brilhantes que enriqueci- am a sua fisionomia com um realce fascinador.” AZEVEDO, Aluísio de. O Cortiço. São Paulo: Editora Scipione, 1995, p. 37 2.2 SUBJETIVO – que busca transmitir o estado de es- pírito do autor diante da coisa observada ou sua opinião sobre ela. Ele faz uma representação particular do obje- to, normalmente usando a linguagem conotativa. Leia o autorretrato da poetisa Cecília Meireles, num determinado momento de sua vida: Eu não tinha esse rosto de hoje, Assim calmo, assim triste, assim magro, Nem estes olhos tão vazios, Nem o lábio amargo, Eu não tinha estas mãos sem força Tão paradas, e frias, e mortas. Eu não tinha esse coração que nem se mostra Eu não dei por essa mudança Tão simples, tão certa, tão fácil. Em que espelho ficou perdida a minha face? Observe agora a descrição subjetiva de uma per- sonagem feminina, de Machado de Assis: Assomado à porta, levantou o reposteiro e deu en- trada a uma mulher, que caminhou para o centro da sala. Não era uma mulher, era uma sílfide, uma visão de poeta, uma criatura divina. Era loura; tinha os olhos azuis, que buscavam o céu ou pareciam viver dele. Os cabelos, desleixadamente pen- teados, faziam-lhe em volta da cabeça, um como resplen- dor de santa; santa somente, não mártir, porque o sorriso que lhe desabrochava os lábios era um sorriso de bem- aventurança, como raras vezes há de ter tido a terra. Um vestido ranço, de finíssima cambraia, envolvia- lhe o corpo, cujas formas, aliás, desenhava, pouco para os olhos, mas muito para a imaginação. A chinela turca. In: obra Completa. Rio de Janeiro: Editora Aguilar. 1986 p.301 (adaptado) 3. DISSERTATIVO Texto em que se faz uma exposição de opiniões, de pontos de vista, fundamentados em argumentos e ra- ciocínios baseados na vivência, na leitura, na conclusão a respeito da vida, dos homens e dos acontecimentos. O texto dissertativo baseia-se, sobretudo, em afirmações que transmitem um conceito relativo, pois suscitam dúvidas e hesitações. Nele, aparecem os pontos de vista diferentes e conflitantes e os graus de verdade e/ou falsidade. Em um texto dissertativo devem ser usados ade- quadamente os pronomes, as conjunções; observadas a concordância, a regência, a crase e as corretas relações semânticas entre as palavras. CARACTERÍSTICAS DE UMA DISSERTAÇÃO: • Encadeamento de ideias e raciocínio. • Os assuntos são tratados de maneira abstrata e genérica. • As relações internas e a coerência entre as frases é que lhe garantem o sentido, já que são os mecanismos de coe- são (conjunções, preposições e pronomes relativos, de- monstrativos) e as palavras abstratas que integram a estru- tura básica do texto. ESTRUTURA PADRÃO DA DISSERTAÇÃO Introdução: é o parágrafo de abertura, responsável pela apresentação do assunto, em que é lançada a tese (tópi- co frasal ou ideia principal) a ser desenvolvida nos pa- rágrafos seguintes. Desenvolvimento: é a parte fundamental da disserta- ção, em que se desenvolve o raciocínio ou o ponto de vista sobre o assunto, por meio de argumentos convin- centes. Do desenvolvimento, depende a profundidade, a coerência e a coesão do texto. Cada argumento (ideia se- cundária) a ser trabalhado deverá ocupará um parágrafo. Conclusão: é a parte final o texto, em que se faz um ar- remate das ideias apresentadas. É mais comum, na con- clusão de um texto que o autor ofereça uma sugestão para o problema levantado. Mas, às vezes, ele se limita a passar a solução do problema para o leitor, por meio de uma pergunta. O DISCURSO NA DISSERTAÇÃO » 1ª pessoa do singular – imprime extrema subjetivida- de no texto e é encontrada com mais frequência nos tex- tos literários. São exemplos do uso da 1ª pessoa nos textos: Eu acho, eu acredito, a meu ver, no meu entender, para mim, na minha opinião, etc. » 1ª pessoa do plural – também atribui certo grau de subjetividade ao texto. Autores que optam pela 1ª pessoa Material Poia Cursos Língua Portuguesa Preparação IFAL 2017/2018 Acesse o nosso site: http://www.poia.com.brPoia Cursos: Conhecimento pra você mudar o mundo!015 do plural buscam maior interatividade com o leitor, no sentido de incluí-lo como participante das ideias do tex- to. Exemplo: Vivenciamos atualmente tempos de globaliza- ção da pobreza... (consenso) Fique Atento! Existe uma 1ª pessoa do plural que não inclui o leitor — é o chamado plural de modéstia. Isso acontece quando um autor produz e assina, sozinho, um texto no qual ele expressa “Para citarmos um exemplo...”. » 3ª pessoa (ideológica) – imprime objetividade no tex- to, dano à expressão do pensamento um caráter mais universal. O uso da 3° pessoa facilita a persuasão, já que confere maior credibilidade às ideias. Exemplo: “A po- lítica econômica do governo Lula não promove, de fato, o bem-estar social.” 3.1 ARGUMENTATIVO: texto em que o autor quer pro- var a veracidade (ou falsidade) de ideias, por meio de uma argumentação lógica. Nesse tipo de texto, o autor visa a convencer/persuadir o leitor — por meio de argu- mentos, provas evidentes, testemunhos — de forma im- pessoal e objetiva, o que confere ao texto um caráter im- parcial, facilitando a aceitação das ideias expostas. Ob- serve o exemplo: CARO DATA VERMIBUS Carne dada aos vermes. Alguns gramáticos extra- vagantes veem nas sílabas iniciais da expressão latina CAro DAta VErmibus a origem da palavra cadáver. A ciência, no seu esforço de salvar vidas, logrou, no entanto, a dar-lhe outra finalidade mais nobre: a de suprir a falência de ór- gãos de pessoas vivas, substituídos por partes que dele pos- sam ser retiradas. Contra esse benefício para a humanida- de, levantam-se barreiras à utilização de órgãos removidos de cadáveres, se não há, para isso, consentimento familiar, com a invocação de princípios que orientam a ética médi- ca. Benjamim Bentham estabeleceu que o direito e a moral ocupam círculos concêntricos; o raio maior seria o da moral. O direito, portanto, seria o mínimo ético. Posta a premissa, o debate da retirada de órgãos de cadáveres deve, necessariamente, ferir-se no campo da Ética. Contu- do, grande diferença vai entre a Ética, como é considerada no âmbito da Filosofia, e a disciplina imposta ao exercício de profissões liberais pelos seus órgãos de classe. Na Axio- logia, os valores são vistos dentro de uma escala, estabele- cida segundo os costumes e a cultura os povos. O sentido dessa escala é o de oferecer fundamentos para dirimir o conflito que se instale entre esses valores. O conflito é inerente à vida de relação, tanto que, na organi- zação do estado, é prevista a instituição de um poder só para dirimi-lo: o judiciário. Nenhum país, com foros de ci- vilização há de colocar a vida em segundo plano na escala de valores. Tudo o que se fizer para a salvação de uma vida é, por princípio, ético. A ética, aplicada no uso de partes do cadáver, para restituir a saúde de pessoas ou salvar-lhes a vida, põe-se diante o seguinte dilema: preservar o cadáver para satisfazer o desejo da família? A discussão a lei da doação presumida de órgãos é, diante da ética, absolutamente estéril. Os primeiros trans- plantes não dependeram de lei e ainda hoje, como antes, a ética lhes dá o necessário suporte. A retirada de órgãos de cadáveres, para transplante, é ética até contra a vontade, em Vida, o morto. O direito, ainda dentro do mínimo ético, colocaria esse ato em face do estado de necessidade, que o Código Penal considera excludente de ilicitude. O artigo 24 do Código Penal calha, no caso, como uma luva. Se a única alternativa para salvar uma vida é o transplante de órgão de cadáver, a sua retirada, para esse fim, é inteiramente abonada pelo estado de necessidade. Conduta em sentido inverso é irrelevante para a configura- ção de crime por omissão, se o médico podia e devia evitar a morte ou curar a doença. É inconcebível que todo o pen- samento penal tenha sido formulado contra a Ética. Não há ética que se sustente contra da vida. Por sentimento da fa- mília, leve-se em maior conta o daquela ligada ao paciente que espera pelo órgão. Se é inevitável a dor de uma, pela falta do órgão, ou de outra, pela retirada, a solução, sem- pre conflituosa, deve ser buscada na tabela de valores. O cadáver servirá aos vermes ou ao paciente vivo. Este mor- rerá ou viverá penosamente. Vida ou saúde versus morte ou doença. Para que lado deveria pender a Ética? SILVA, Edelberto Luiz da. Correio Braziliense, 11/1/98 3.2 EXPOSITIVO: texto que consiste na ordenação/ex- posição de ideias sobre um determinado assunto. Sua característica básica é o cunho reflexivo-teórico. A dis- sertação-expositiva segue a mesma estrutura de uma dissertação argumentativa: introdução, desenvolvimento e conclusão. A diferença reside no fato de que na introdu- ção, em lugar da tese, apresenta-se a ideia principal do texto. Admite essencialmente a linguagem culta, sim- ples ou mais elaborada. Lembre-se de que linguagem culta não significa rebuscamento. Leia: “A maioria dos comentários sobre crimes ou se li- mitam a pedir de volta o autoritarismo ou a culpar a vio- lência do cinema e da televisão, por excitar a imaginação criminosa dos jovens. Poucos pensam que vivemos em uma sociedade que estimula, de forma sistemática, a passivida- de, o rancor, a impotência, a inveja e o sentimento de nuli- dade nas pessoas. Não podemos interferir na política, por- que nos ensinaram a perder o gosto pelo bem comum; não podemos tentar mudar nossas relações afetivas, porque isso é assunto de cientistas; não podemos, enfim, imaginar modos de viver mais dignos, mais cooperativos e solidá- rios, porque isso é coisa de obscurantista, idealista, perde- dor ou ideólogo fanático, e mundo é os fazedores e dinhei- ro. Somos uma espécie que possui o poder da imagina- ção, da criatividade, da afirmação, e da agressividade. Se isso não pode aparecer, surge, no lugar, a reação cega ao que nos impede de criar, de colocar no mundo algo de nos- sa marca, de nosso desejo, de nossa vontade de poder. Quem sabe e pode usar — com firmeza, agressividade, cria- tividade e afirmatividade — sua capacidade de doar e transformar a vida, raramente precisa matar inocentes de maneira bruta. Existem mil outras maneiras de nos sentir- mos potentes, de nos sentirmos capazes de imprimir um curso à vida que não seja pela força das armas, da violência física ou da evasão pelas drogas, legais ou ilegais, pouco importa.” COSTA, Jurandir Freire. In: Quatro autores em busca do Brasil. Rio de Janei- ro: Rocco, 2000, p.43 (com adaptações). 3.4 INJUNTIVO: é um texto instrucional, que indica pro- cedimentos a serem realizados. A intenção pode ser per- Material Poia Cursos Língua Portuguesa Preparação IFAL 2017/2018 Acesse o nosso site: http://www.poia.com.br Poia Cursos: Conhecimento pra você mudar o mundo!016 suasiva ou apenas instrutiva. São exemplos de textos in- juntivos as receitas, os manuais de instruções, as bulas de remédios, etc. Neles, predominam: • Verbos empregados no modo imperativo; • Emprego do padrão culto da língua; • Linguagem clara e acessível a todo tipo de pessoas; • Função referencial da linguagem. A função conativa também é bastante recorrente. Veja um exemplo de texto injuntivo (extraído da prova do Ministério da Saúde – aplicada pelo CESPE/UnB) Cuidados para evitar envenenamentos: • Mantenha sempre medicamentos e produtos tóxicos fora do alcance das crianças; • Não utilize medicamentos sem orientação de um médico e leia a bula antes de consumi-los; • Não armazene restos de medicamentos e tenha atenção ao seu prazo de validade; • Nunca deixe de ler o rótulo ou a bula antes de usar qual- quer medicamento; • Evite tomar remédio na frente de crianças; • Não ingira nem dê remédio no escuro para que não haja trocas perigosas; • Não utilize remédios sem orientação médica e com prazo de validade vencido; • Mantenhaos medicamentos nas embalagens originais; • Cuidado com os remédios de uso infantil e de uso adulto com embalagens muito parecidas; erros de identificação podem causar intoxicações graves e, às vezes, fatais; • Pílulas coloridas, embalagens e garrafas bonitas, brilhan- tes e atraentes, odor e sabor adocicados despertam a aten- ção e a curiosidade natural das crianças; não estimule essa curiosidade; mantenha medicamentos e produtos domésti- cos trancados e fora do alcance dos pequenos. Internet: <189.28.128.100/portal/aplicações/noticias> (com adaptações) – Ex- traio da prova do Ministério da Saúde. CARACTERÍSTICAS DE ALGUNS DISCURSOS Discurso é prática social de produção de textos. Todo discurso é uma construção social (e não individu- al), que só pode ser analisada considerando-se o seu contexto histórico-social, suas condições de produção e, essencialmente, a visão e mundo vinculados ao autor do texto e à sociedade em que ele vive. Os discursos que po- dem aparecer, frequentemente, em provas oficiais são: » Acadêmico é um discurso que tem a finalidade de ex- por a investigação de um fato, de um acontecimento ou de uma experiência científica, com bastante rigor nos conceitos e informações utilizados. Tem como caracte- rística: • Geralmente explica ou fundamenta as afirmações com base em dados objetivos, cientificamente comprovadas; • Pode servir-se de descrições, de enumerações, de expo- sições narrativas, de relatos de fatos, de gráficos, de es- tatísticas, etc. • Normalmente segue um roteiro preestabelecido: apre- senta, normalmente, introdução, desenvolvimento e conclusão. Em alguns casos, pode apresentar outras par- tes, como folha de rosto, anexos, sumário, etc. • Linguagem objetiva e impessoal, de acordo com o pa- drão culto da língua. » Científico é um discurso de natureza expositiva e tem por finalidade expor um assunto de cunho científico. Possui uma estrutura relativamente simples: apresenta- ção de uma tese (explicação sobre o objeto de estudo) a ser desenvolvida por meio de “provas” (exemplos, com- parações, relações de causa e efeito, resultados de tes- tes, dados estatísticos, etc.). Nesse tipo de texto, a con- clusão é facultativa. Este domínio discursivo aparece em artigos e relatórios científicos, teses, dissertações, mo- nografias, verbetes de enciclopédias, artigos de divulga- ção científica, etc. Tem como características: • O máximo de precisão e rigor nos conceitos e informa- ções utilizados; • Presença obrigatória de terminologia científica de uma ou mais áreas do conhecimento; • Verbos empregados predominantemente no presente do indicativo; • Linguagem clara, objetiva e impessoal, de acordo com o padrão culto da língua. » Literário (ficcional) é um discurso que tem função es- tética, no qual o escritor busca não apenas traduzir o mundo, mas recriá-lo nas palavras, de modo que nele importe não apenas o que se diz, mas o modo como se diz. Este domínio discursivo aparece em: contos, fábulas, lendas, poemas, peças de teatro, crônicas, roteiros de fil- mes, histórias em quadrinhos, etc. Tem como caracte- rísticas: • Predomínio da linguagem conotativa, já que, por sua função estética, o autor sempre atribui novos sentidos às palavras. • Utilização de múltiplos recursos estilísticos: ritmos, so- noridades, repetição de palavras ou de sons, repetição de situações ou descrições. » Jornalístico é um texto que tem função utilitária, pois visa informar o leitor. Nesse caso, o plano da expressão não tem muita importância, já que sua finalidade é ape- nas veicular conteúdo. Este domínio discursivo aparece em editoriais, notícias, reportagens, artigos de opinião, comentários, cartas ao leitor, crônica policial, crônica esportiva, entrevistas jornalísticas, expediente, boletim do tempo, erratas e charges. Tem com características: • Predomínio da narração, com a presença dos elemen- tos essenciais de um texto narrativo: fato, pessoas en- volvias, tempo em que ocorreu o fato, o lugar onde ocor- reu, como e por que ocorreu o fato. • Normalmente apresenta um título. • Predomínio da função referencial, na qual se privilegia a linguagem denotativa e as construções gramaticais em ordem direta e clara. » Publicitário é um discurso de natureza dissertativa que tem por finalidade apresentar argumentos (diretos ou indiretos) para persuadir o interlocutor sobre as eventuais “vantagens” de um produto: quantitativos (rende mais, é mais barato); qualitativos (o melhor, o mais saboroso, o mais nutritivo) e ideológicos (mais mo- Material Poia Cursos Língua Portuguesa Preparação IFAL 2017/2018 Acesse o nosso site: http://www.poia.com.br Poia Cursos: Conhecimento pra você mudar o mundo!017 derno, mais arrojado, mais exclusivo). Este domínio dis- cursivo aparece em propagandas, anúncios classificados, cartazes, folhetos, outdoors, inscrições em muros, placas, front lights, logomarcas, publicidade em geral. Tem como característica: • É quase sempre constituído por imagem e texto. • O nível de linguagem utilizado varia de acordo com o público que se quer atingir. • Utiliza verbos geralmente no modo imperativo ou no presente do indicativo. • Faz uso de recursos tais como: figuras de linguagem, ambiguidades, jogos de palavras (trocadilhos), provér- bios, etc. A estrutura pode variar, mas é geralmente com- posta por: título (que chame a atenção sobre o produto); texto (que amplie o argumento do título) e a assinatura (logotipo ou marca do anunciante). GÊNEROS TEXTUAIS Os gêneros textuais também estão ligados às práticas sociais e, portanto, são inúmeros — textos orais ou escritos produzidos por falantes de uma língua em determinado momento histórico. Podem ser definidos de acordo com o estilo, a função, a composição e, princi- palmente, o conteúdo. Vale lembrar que muitos gêneros são comuns a vários domínios discursivos. Alguns gêneros utili- zados em provas oficiais: O EDITORIAL é um texto dissertativo, que ma- nifesta a opinião do jornal ou da revista a respeito de um assunto da atualidade, quase sempre polêmico, com a intenção de esclarecer ou alterar pontos de vista dos leitores, alertar a sociedade e, às vezes, até mobilizá-la. O editorial, como texto argumentativo que é, tem por finalidade persuadir o leitor e, por isso, precisa dar a impressão de que detém a verdade, evitando opi- niões pessoais, afirmações generalizantes e sem funda- mento. No desenvolvimento das ideias de um editorial, os recursos empregados para dar maior consistência ao texto e aproximá-lo da verdade são exemplos, depoi- mentos, dados estatísticos, pesquisas, comparações ou relações de causa e efeito. Semelhante a outros textos argumentativos, o editorial normalmente apresenta uma estrutura organi- zada em torno de três partes: introdução, em que se anuncia a tese a serem defendidas pelo jornal; o desen- volvimento, em que são apresentados os argumentos que fundamentam essa tese; e a conclusão, em que se faz uma síntese das ideias expostas. Leia o editorial abaixo, extraído da revista Épo- ca, de 20 de setembro de 2005. Sinais inequívocos de como o homem moderno já está prejudicado pelo uso depredatório dos recursos natu- rais têm se multiplicado mundo afora. No ano de 2005, houve um número sem precedentes de irregularidades cli- máticas de consequências trágicas. Quase simultaneamen- te, houve ondas de calor nos EUA, na Europa, na Ásia e na África. Inundações na Ásia, nos EUA e na Europa. E também furacões devastadores nas Antilhas, nos EUA e na Ásia. E até no Brasil, um caso com poucos precedentes. E ainda por cima, começam a se desenvolver hipóteses de que a atividade vulcânica, responsável por maremotos (tsuna- mis), pode ser induzida pelo aumento da temperatura do mar. Embora não seja consenso, pesquisascientíficas apontam uma relação de causa e efeito entre o aquecimen- to global e as perturbações climáticas observadas nos últi- mos tempos. Com base nisso, desde 1997, representantes de cerca de duas centenas de países têm se reunido para discutir um protocolo de intenções para regular a emissão dos gases poluidores responsáveis pelo aquecimento glo- bal. A esse protocolo foi dado o nome de Kyoto, cidade ja- ponesa onde ocorreu a primeira reunião do grupo. A NOTÍCIA DE JORNAL é um texto narrativo, que expressa um fato novo, buscando despertar o inte- resse do público a que o jornal se destina. Gênero tipica- mente jornalístico, a notícia pode ser veiculada em jor- nais, escritos ou falados, e em revistas. Uma notícia deve ser imparcial e objetiva, ou seja, deve expor fatos e não opiniões, em linguagem cla- ra, direta e bastante precisa. É encabeçado por um título (anuncia o assunto a ser desenvolvido), no qual são em- pregadas palavras curtas e de uso comum. Elementos que compõem a notícia: são a res- posta a estas seis perguntas básicas. • O quê? - os fatos; • Quem? – os personagens, as pessoas; • Quando? – em que tempo; • Onde? – em que lugar; • Como? – de que maneira, por meio de quê; • Por quê? – por que motivo(s). ESTRUTURA TEXTUAL • Lead é um resumo do fato em poucas linhas e com- preende normalmente o primeiro parágrafo da notícia. Contém as informações mais importantes e deve forne- cer ao leitor a maior parte das respostas às perguntas formuladas anteriormente. • Corpo são os demais parágrafos da notícia, nos quais se apresenta o detalhamento do assunto exposto no Lead, fornecendo ao leitor novas informações, em ordem cro- nológica ou de importância. Leia a notícia abaixo extraída do jornal Folha de São Paulo: Assombrado pela necessidade e pela fome, Ashkar Muhammad primeiro vendeu alguns de seus animais. Aí, enquanto os meses iam passando, trocou os tapetes da fa- mília, os utensílios de metal e até mesmo as toras de ma- deira que sustentavam o teto da cabana que o abriga com a larga prole. Mas o dinheiro não dava. A fome sempre reapare- cia. Finalmente, seis semanas atrás, Muhammad fez algo que se tornou infelizmente digno de nota no país. Ele levou dois de seus dez filhos para o bazar da cidade mais próxima e os trocou por sacos de trigo. Agora os garotos Sher, 10; Baz, 5, estão longe de suas casas. “O que mais eu poderia fazer?”, pergunta o pai, em Kangori, uma remota vila no norte do Afeganistão. Ele não quer parecer indiferente: “Sinto falta de meus filhos, mas não havia nada para co- mer.” Nas colinas próximas, veem-se pessoas debilitadas voltando de uma colheita primitiva de variedades de vege- Material Poia Cursos Língua Portuguesa Preparação IFAL 2017/2018 Acesse o nosso site: http://www.poia.com.br Poia Cursos: Conhecimento pra você mudar o mundo!018 tais da região e até mesmo grama – uma colheita que só fica minimamente comestível se fervida por muito tempo. “Para alguns, não há nada mais”, balbucia Muhammad. BEARAK, Barry. Pai afegão vende filhos para comprar comida. Folha de São Paulo, São Paulo, 17 mar 2006. A REPORTAGEM é uma modalidade de caráter opinativo, que estabelece uma conexão entre o fato central e os fatos paralelos, questiona causas e efeitos desses fatos, interpretando-os e orientando o leitor so- bre eles. Não possui uma estrutura rígida: de modo geral, é introduzida por um lead e é sempre encabeçada por um título (que anuncia o fato em si) e pode ou não apre- sentar subtítulo. Na reportagem, o autor desenvolve a narrativa pormenorizada dos fatos, compondo-a por meio de en- trevistas, depoimentos, dados estatísticos, pequenos re- sumos e textos de opinião e depois emite sua opinião a respeito do assunto. Embora seja um texto de linguagem clara, dinâ- mica e objetiva (de acordo com o padrão culto), a maio- ria dos jornais e revistas brasileiros costuma empregar uma linguagem mais informal, dependendo do público a que esses veículos se destinem. Leia o excerto abaixo: Enquanto a notícia nos diz no mesmo dia ou no se- guinte se o acontecimento entrou para a história, a repor- tagem nos mostra como é que isso se deu. Tomada como método de registro, a notícia se esgota no anúncio; a re- portagem, porém, só se esgota no desdobramento, na por- menorização, no amplo relato dos fatos. O salto da notícia para a reportagem se dá no mo- mento em que é preciso ir além da notificação — em que a notícia deixa de ser sinônimo de nota — e se situa no deta- lhamento, no questionamento de causa e efeito, na inter- pretação e no impacto, adquirindo uma nova dimensão narrativa e ética. Porque, com essa ampliação de âmbito, a reportagem atribui à notícia um conteúdo que privilegia a versão. Se a nota é geralmente a história de uma só versão [...], a reportagem é, por dever e método, a soma das dife- rentes versões de um mesmo acontecimento. [...] É fundamental ouvir todas as versões de um fato para que a verdade apurada não seja apenas a verdade que se pensa que é e, sim, a verdade que se demonstra e tanto que possível se comprova. Jornal, história e técnica: as técnicas do jornalismo. São Paulo: Ática, 1990. O ARTIGO DE OPINIÃO é um texto jornalístico de caráter dissertativo, com assinatura do autor, no qual ele expressa uma opinião ou comenta um assunto a partir de determinada posição. É uma modalidade na qual o articulista geralmente apresenta opiniões, que refletem apenas a forma como ele compreende e inter- preta os fatos. Veja o artigo de opinião, escrito pelo jornalista Eugênio Bucci, extraído da revista Veja, de 18/09/1996. No seu programa de Domingo dia 8 [setembro de 1996], o apresentador Fausto Silva colocou em cena o garo- to Rafael. Logo que o peso-pena pisou no programa. Faus- tão tentou entrevistá-lo. O menino, com idade mental de criança que acabou de deixar a fralda, não entendia as per- guntas. Respondia uma ou outra, com uma voz que parecia um balbucio. Houve então sessões de piada tendo o garoto como tema [...] A apresentação do bizarro na televisão é um recur- so que dá resultado, sempre deu. O bizarro atrai a atenção do ser humano quase que por instinto, sem que ele racioci- ne. [...] Se os telespectadores ficam olhando curiosos, o ibo- pe do programa sobe. Isso significa sucesso comercial, mais anúncios, mais faturamento. Qual é a fronteira, qual a linha divisória entre o que se pode levar ao ar para atrair mais telespectadores? “É tênue a linha que divide o que é curioso e o que trans- forma a curiosidade em algo que ridiculariza uma pessoa”, arrisca o empresário Sílvio Santos, dono do SBT, uma emis- sora que não raro transpõe essa linha. [...] O TEXTO EPISTOLAR é um texto narrativo, es- crito sob a forma de carta, que se caracteriza por apre- sentar opiniões, manifestos e discussões, as quais vão muito além dos meros interesses pessoais ou utilitários. Texto que combina paixões e apelos subjetivos com o debate de temas abrangentes e abstratos. A partir o renascimento, antes do surgimento da imprensa jornalística, as cartas exerciam a função de in- formar sobre fatos que ocorriam no mundo. Por isso, as epístolas de um autor, reunidas, poderiam vir a ser pu- blicadas devido a seu interesse histórico, literário ou do- cumental, como no caso das Epístolas de São Paulo (na Bí- blia), destinadas às comunidades cristãs e das cartas do padre Antônio Vieira e de Pero Vaz de Caminha. Na modernidade, com difusão dos meios ele- trônicos de escrita, o gênero epistolar tem-se reinven- tado — em outros moldes e estilos, como mensagens de texto e e-mail, por exemplo. Leia, abaixo, trechos da Carta de Caminha, escrita nos primórdios do descobrimento do Brasil, impressa em 1817 pela imprensa Régia do Rio de Janeiro: Senhor Mesmo que o capitão-mor desta vossa frota e tam- bém
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