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MATERIAL POIA
CADERNO IFAL
2017
Dados do Aluno
Nome: ___________________________________________________
Pacote: _________________________ Modalidade: ______________
Matrícula: ______________________ Contato: _________________
APRESENTAÇÃO
Olá estudante Poia! Este material foi desenvolvido com muita dedicação e cuidado para ser peça fun-
damental na sua preparação. Esperamos que ele possa lhe aproximar de assuntos atualizados e questões
diversas nas áreas de português, matemática e atualidades. 
Para isso, é necessário que você use-o mesmo, estude a teoria, responda os exercícios e quando tiver
dúvidas, consulte o seu professor. Lembre que este caderno não servirá de nada sem o seu esforço e dedica-
ção para aprendê-lo. É muito importante que você faça questões todos os dias, para que sua preparação seja
eficiente e você ganhe gosto por estudar e aprender.
Aqui você conta com um caderno de assuntos e questões diversas e no final do caderno há uma sele -
ção de provas anteriores e gabaritos para algumas questões. Consulte o sumário.
Então, a partir de agora convidamos-lhe a ingressar nesta viagem que é aprender. Lembre-se de que
grandes conquistas exigem grandes renúncias.
Entenda que ter uma boa base é fundamental! Em caso de dúvidas, entre em contato conosco:
http://www.poia.com.br
Equipe Poia
CALENDÁRIO DE AULAS
AULA DATA DISCIPLINA CONTEÚDO A SER TRABALHADO SIMULADOS
1 sáb, 11/02/2017 Atualidades Aula Inicial de Preparação Para o Exame do IFAL - Abertura
2 sáb, 18/02/2017 Portuguêês Módulo 01. Produção ê Intêrprêtação dê Têxtos
3 sáb, 25/02/2017 Matemática Módulo 01. Operações com Números Naturais e Decimais
4 sáb, 04/03/2017 Atualidadês Módulo 01. A Globalização ê as Dêsigualdadês Econoêmicas
5 sáb, 11/03/2017 Portugueês Módulo 02. Fonética e Ortografia
6 sáb, 18/03/2017 Matêmática Módulo 02. Problêmas ê Exprêssõês ênvolvêndo fraçõês
7 sáb, 25/03/2017 Portugueês Módulo 03. Significação das Palavras 1º Simulado
8 sáb, 01/04/2017 Matêmática Módulo 03. Divisibilidadê – Situaçõês com Divisorês ê Múltiplos
9 sáb, 08/04/2017 Portugueês Módulo 04. Estrutura e Formação das Palavras
10 sáb, 15/04/2017 Matêmática Módulo 04. Equaçõês, Sistêmas ê Problêmas do 1º Grau
11 sex, 21/04/2017 Matemática Módulo 04. Mais Problemas do 1º Grau
12 sáb, 22/04/2017 Portuguêês Módulo 05. Classês Gramaticais
13 sáb, 29/04/2017 Atualidades Módulo 02. Migrações na Atualidade e Xenofobia
14 sêg, 01/05/2017 Matêmática Módulo 05. Opêraçõês com Polinoêmios
15 sáb, 06/05/2017 Portugueês Módulo 06. Os termos da Oração 2º Simulado
16 sáb, 13/05/2017 Matêmática Módulo 06. Produtos Notávêis ê Fatoração
17 sáb, 20/05/2017 Portugueês Módulo 07. Concordância Verbal e Nominal
18 sáb, 27/05/2017 Matêmática Módulo 07. Equaçõês do 2º Grau, Biquadradas ê Irracionais
19 sáb, 03/06/2017 Atualidades Módulo 03. Violeência Urbana no Brasil
20 sáb, 10/06/2017 Portuguêês Módulo 08. Estudo do Pêríodo Composto
21 sáb, 17/06/2017 Matemática Módulo 08. Sistemas e Problemas do 2º Grau
22 sáb, 24/06/2017 Portuguêês Módulo 09. Sintaxê dê Colocação ê Rêgêência
23 sáb, 01/07/2017 Atualidades Módulo 04. Aquecimento Global e as Alterações Climáticas 3º Simulado
24 sáb, 08/07/2017 Matêmática Módulo 09. Pêrímêtros ê Árêa dê Quadrados ê Rêtângulos
25 sáb, 15/07/2017 Portugueês Módulo 10. Figuras e Vícios de Linguagem
26 sáb, 22/07/2017 Matêmática Módulo 10. Pêrímêtros ê Árêas dê Losangos, Triângulos ê Trapézios
27 sáb, 29/07/2017 Portugueês Resolução e Comentários de Questões do Módulo 01
28 sáb, 05/08/2017 Matêmática Módulo 11. Casos Espêciais dê Árêa dê Triângulo
29 sáb, 12/08/2017 Portugueês Resolução e Comentários de Questões dos Módulos 02, 03 e 04
30 sáb, 19/08/2017 Matêmática Módulo 12. Aêngulos
31 sáb, 26/08/2017 Portugueês Resolução e Comentários de Questões do Módulo 05
32 sáb, 02/09/2017 Atualidadês Módulo O5. Consumo Enêrgético ê a Produção dê Combustívêis Altêrnativos 4º Simulado
33 qui, 07/09/2017 Matemática Módulo 12. Estudo dos Polígonos
34 sáb, 09/09/2017 Matêmática Módulo 13. Rêlaçõês Métricas no Triângulo Rêtângulo
35 sáb, 16/09/2017 Portugueês Resolução e Comentários de Questões do Módulo 06
36 sáb, 23/09/2017 Matêmática Módulo 14. Razõês Trigonométricas no Triângulo Rêtângulo
37 sáb, 30/09/2017 Portugueês Resolução e Comentários de Questões dos Módulos 07 e 08
38 sáb, 07/10/2017 Atualidadês Módulo O6. Conflitos Gêopolíticos Atuais
39 qui, 12/10/2017 Matemática Módulo 15. Estudo do Círculo e de Polígonos Inscritos na Circunfereência 5º Simulado
40 sáb, 14/10/2017 Portuguêês Rêsolução ê Comêntários dê Quêstõês dos Módulos 09 ê 10
41 sáb, 21/10/2017 Matemática Módulo 15. Polígonos Circunscritos na Circunfereência
42 sáb, 28/10/2017 Portuguêês Rêsolução da Prova Dêlta 2016
43 sáb, 04/11/2017 Atualidades Módulo 07. Temas Complementares - Revisão Geral
44 sáb, 11/11/2017 Portuguêês Rêsolução ê Comêntários da Prova Gama 2015
45 qua, 15/11/2017 Matemática Módulo 16. Proporcionalidade, Regra de Treês e Porcentagens
46 sáb, 18/11/2017 Matêmática Rêsolução da Prova Gama 2015
47 sáb, 25/11/2017 Atualidades Módulo 08. Revisão Geral 6º Simulado
48 sáb, 02/12/2017 Portuguêês Rêsolução ê Comêntários da Prova Bêta 2012
49 sex, 08/12/2017 Matemática Resolução da Prova Delta 2016
50 sáb, 09/12/2017 Portuguêês Rêsolução ê Comêntários da Prova Sigma 2011
SUMÁRIO
PÁGINA
CADERNO DE PORTUGUÊS
MÓDULO 01 Produção e Interpretação de Textos ……………………………………………………………………………………………... 008
MÓDULO 02 Fonética e Ortografia …………………………………………………………………………………………………………………….. 053
MÓDULO 03 Significação das Palavras ………………………………………………………………………………………………………………. 077
MÓDULO 04 Estrutura e Formação das Palavras ……………………………………………………………………………………………….. 081
MÓDULO 05 As Classes Gramaticais ………………………………………………………………………………………………………………….. 086
MÓDULO 06 Os Termos da Oração …………………………………………………………………………………………………………………….. 145
MÓDULO 07 Concordância Verbal e Concordância Nominal ……………………………………………………………………………... 152
MÓDULO 08 Estudo do Período Composto …………………………………………………………………………………………………………. 162
MÓDULO 09 Sintaxe de Colocação e Regência ……………………………………………………………………………………………………. 172
MÓDULO 10 O estudo das Figuras e Vícios de Linguagem ………………………………………………………………………………….. 181
CADERNO DE MATEMÁTICA
MÓDULO 01 Operações fundamentais e Problemas …………………………………………………………………………………………… 196
MÓDULO 02 Problemas e Expressões envolvendo Fração ………………………………………………………………………………….. 199
MÓDULO 03 Divisibilidade – Situações de divisores e múltiplos ………………………………………………………………………… 200
MÓDULO 04 Álgebra: Equações, Sistemas e Problemas do 1º Grau ……………………………………………………………………... 203
MÓDULO 05 Operações com Polinômios ……………………………………………………………………………………………………………. 207
MÓDULO 06 Produtos Notáveis e Fatoração ………………………………………………………………………………………………………. 208
MÓDULO 07 Equação do 2º Grau, Equações Biquadradas e Equação Irracionais …………………………………………………. 209
MÓDULO 08 Sistemas e Problemas do 2º Grau …………………………………………………………………………………………………… 210
MÓDULO 09 Perímetros e Áreas de Retângulos e Quadrados ……………………………………………………………………………... 211
MÓDULO 10 Perímetro e Área de Outras Figuras Planas ……………………………………………………………………………………. 214
MÓDULO 11 Outros Casos de ÁÁ rea de Triaângulo …………………………………………………………………………………….. 218
MÓDULO 12 Relações entre Ângulos, Triângulos, Quadriláteros e outros polígonos ………………………………………….. 219
MÓDULO 13 Relações Métricas no triângulo retângulo ……………………………………………………………………………………… 224
MÓDULO 14 Razões Trigonométricas no Triângulo Retângulo ………………………………………………………………………….. 225
MÓDULO 15 Círculo, Circunferência, Polígonos Inscritos e Circunscritos ………………………………………………………….. 226
MÓDULO 16 Proporcionalidade, Regra de Três e Porcentagem ………………………………………………………………………….. 229
CADERNO DE ATUALIDADES
MÓDULO 01 Globalização e as Desigualdades Econômicas …………………………………………………………………………………. 233
MÓDULO 02 A questão das Migrações e Xenofobia .…………………………………………………………………………………………… 236
MÓDULO03 Violência Urbana no Brasil ……………………………………………………………………………………………………………. 240
MÓDULO 04 O aquecimento global e as alterações climáticas ……………………………………………………………………………. 244
MÓDULO 05 Consumo energético e produção de combustíveis alternativos ……………………………………………………… 246
MÓDULO 06 Conflitos Geopolíticos ……………………………………………………………………………………………………………………. 250
Seleção de Provas Anteriores ………………………………………………………………………………………………………………………………. 251
Respostas de Alguns Exercícios ……………………………………………………………………………………………………………………………. 309
CADERNO
DE
PORTUGUÊS
MÓDULO 01: PRODUÇÃO E INTERPRETAÇÃO DE 
TEXTOS
As provas oficiais apresentam questões interpre-
tativas que têm por finalidade a identificação de um lei-
tor autônomo. Portanto, o candidato deve compreender
os níveis estruturais da língua por meio da lógica, além
de necessitar de um bom léxico internalizado.
As frases produzem significados diferentes de
acordo com o contexto em que estão inseridas. Torna-
-se, assim, necessário sempre fazer um confronto entre
todas as partes que compõem o texto. Além disso, é fun-
damental apreender as informações apresentadas por
trás do texto e as inferências a que ele remete. Este pro-
cedimento justifica-se por um texto ser sempre produto
de uma postura ideológica do autor diante de uma te-
mática qualquer.
AS FUNÇÕES DA LINGUAGEM
O modo como a linguagem se organiza está dire-
tamente ligado à função que se deseja dar a ela, isto é, à
intenção do autor. Para os seis componentes da comuni-
cação, seis são as suas funções:
Emissor: aquele que transmite a mensagem.
Receptor: aquele com quem o emissor se comunica.
Mensagem: aquilo que se transmite ao receptor.
Referente: assunto da mensagem.
Código: convenção social que permite ao receptor com-
preender a mensagem.
Canal: meio físico que conduz a mensagem ao receptor. 
 
» EMOTIVA (EXPRESSIVA): está centrada na expressão
dos sentimentos, emoções e opiniões do emissor, predo-
minando o aspecto subjetivo e pessoal da mensagem. É
comum nesse tipo de função a presença de interjeições,
reticências, pontos de exclamação e, ainda, de verbos na
1ª pessoa. O narrador apresenta opiniões com as quais
outras pessoas podem ou não concordar. Textos líricos
são exemplos dessa função, já que expressam o estado
de alma do emissor.
 
» CONATIVA (APELATIVA): ocorre quando o receptor é
posto em destaque e é estimulado pela mensagem. Há
um autor querendo influenciar o receptor. É comum
nesse tipo de texto o emprego do modo imperativo dos
verbos e de vocativos. 
» REFERENCIAL (INFORMATIVA): ocorre quando o re-
ferente é posto em destaque e a intenção principal do
emissor é informar. Os textos cuja função é referencial
possuem linguagem clara, direta e precisa, procurando
traduzir a realidade de forma objetiva. Alguns textos
jornalísticos, os científicos e os didáticos são o melhor
exemplo disso. 
 
» POÉTICA: podemos encontrá-la nos casos em que o
emissor enfatiza a construção, a elaboração da mensa-
gem por meio da escolha de palavras que realcem a so-
noridade, pelo uso de expressões imprecisas (legal, hí-
per, é isso aí). O texto não é objetivo, traz uma fala cheia
de rodeios e, normalmente, transmite pouca informa-
ção. A função poética pode ocorrer tanto em prosa como
em verso. 
» METALINGUÍSTICA: tem como função realçar o códi-
go – quando este é utilizado como assunto ou explica a
si mesmo. Por exemplo, quando um poema tece refle-
xões sobre a criação poética ou um filme tematiza o pró-
prio cinema ou um programa de televisão debate o pa-
pel social da televisão. 
 
» FÁTICA: dá-se quando o canal é posto em destaque. A 
função é testar o canal de comunicação. Acontece nos
cumprimentos diários, conversas de elevador, nas pri-
meiras palavras de uma aula, etc.
Fique Atento! É possível encontrar em um texto mais
de uma função da linguagem. Portanto, cabe ao leitor
identificar aquela que predomina e, por conseguinte, a
intenção de seu autor.
A COMPREENSÃO E A INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS 
Em provas oficiais, os candidatos que não têm o
hábito de ler ou que não compreendem um texto, não
têm êxito nas outras matérias também. É bastante co-
mum encontrar aqueles que não sabem ler os enuncia-
dos e não compreendem o que está sendo pedido que se
faça. 
A compreensão e a interpretação dos textos
devem ser a base dos estudos, tendo em vista que o de-
sempenho da leitura interfere na aprendizagem de to-
das as outras matérias, além de promover a socialização
e a cidadania do candidato-leitor. O bom leitor sabe se-
lecionar o que deve ler e que efetivamente
pode contribuir para sua compreensão sobre a comple-
xidade do mundo atual. 
Interpretar é criar sentido, pois toda interpre-
tação provoca a criação de “outro texto”. Cada leitor é
um sujeito singular, que utiliza diferentes estratégias
(sua experiência prévia, suas crenças, seus conflitos,
suas expectativas e suas relações com o mundo) para
dar sentido ao que lê, sem, no entanto, eliminar o senti-
do original do texto. Cabe, porém, ressaltar que é quase
impossível determinar o grau de fidelidade de um leitor
em relação ao texto original.
O ato de interpretar possibilita a construção de 
novos conhecimentos a partir daqueles que existem pre-
viamente na memória do leitor. Esses conhecimentos 
são ativados e confrontados com as informações do tex-
to, permitindo-lhe atribuir coerência àquilo que está
lendo. 
PROCEDIMENTOS PARA UMA LEITURA EFICAZ
1. Leia todo o texto, com atenção, procurando
entender o seu sentido geral. 
2. Identifique as ideias do texto (cada parágrafo
contém uma ideia central e outras secundárias), estabe-
lecendo as relações entre as partes. 
3. Procure compreender todos os vocábulos e
expressões. Muitas vezes, o próprio texto já fornece o
significado da palavra. Mas, na medida do possível, use o
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dicionário sempre que estiver lendo, pois com isso au-
mentará os seus conhecimentos e ampliará o seu voca-
bulário. Lembre-se de que é bastante frequente a co-
brança do significado (tanto literal quanto contextual)
das palavras nessas provas. 
4. Leia atentamente as instruções para a resolu-
ção das questões – analise com cuidado o que cada
enunciado pede. Muitas vezes, o erro é proveniente do
descuido (da pressa) na hora de ler as questões (princi-
palmente se quando se subestima as informações dos
comandos). 
 
COMANDOS PARA COMPREENSÃO DE TEXTOS
Esses comandos baseiam-se em verbos que indi-
cam ações visuais, ou seja, orientam o candidato às idei-
as explícitas. Por exemplo: Percebe-se que…; Constata-
se que…; Observa-se que... ; O texto informa que…; O
narrador do texto diz que…; Segundo o texto, é correto
(incorreto) dizer que…
COMANDOS PARA INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS
Esses comandos baseiam-se em verbos que indi-
cam inferências, ou seja, orientam o candidato às ideias
implícitas. Por exemplo: Depreende-se do texto que…;
Subentende-se das ideias e informações do texto que…;
A partir das ideias do texto, infere-se que…; O texto
permite deduzir que…; Pode-se concluir do texto
que…; A intenção do narrador é…
COMANDOS PARA MEDIR CONHECIMENTOS GERAIS 
Esses comandos visam testar o conhecimento do
candidato a respeito do assunto abordado no texto, en-
focando o assunto (tema, tese) abordado no texto e
considerando a amplitude do tema abordado no tex-
to, tendo o texto como referência inicial.
COMANDOS PARA MEDIR CONHECIMENTOS
LINGUÍSTICOS
Esses comandos visam testar o conhecimento
gramatical do candidato e podem abordar assuntos de
morfologia, de sintaxe, de semântica, de estilística, de
coesão ou de coerência.
Considerando as estruturas linguísticasdo
texto, pode-se pedir o erro gramatical ou a alternativa
que foge aos preceitos da norma culta. Pode-se tam-
bém, em relação aos aspectos gramaticais do texto, pe-
dir-se a opção que preserva a manutenção do registro
da norma culta da língua portuguesa, ou seja, aquela
que não apresenta erro.
Enfim, é sempre bom estar atento e entender o
enunciado para entender de fato o que o examinador re-
quer do candidato e não sair fazendo suposições.
ERROS FREQUENTES NA COMPREENSÃO DE TEXTOS 
1. Extrapolação: consiste em acrescentar infor-
mações ausentes no texto original ou mesmo aplicá-lo
em outros contextos.
2. Redução: ocorre quando o leitor diminui as
informações ou a intensidade do texto lido.
3. Inversão: acontece quando o leitor perde pas-
sagens do desenvolvimento do texto ou altera a orienta-
ção de seu sentido (fato que pode levá-lo a conclusões
opostas das expressas e/ou esperadas pelo autor).
A COERÊNCIA E A COESÃO TEXTUAIS
A Coerência e a Coesão textuais são dois con-
ceitos importantes para uma melhor compreensão do
texto e, principalmente, para a melhor escrita de traba-
lhos de redação de qualquer área.
A coerência diz respeito à ordenação das ideias
e dos argumentos, ou seja, aborda a relação lógica entre
ideias, situações ou acontecimentos, apoiando-se, por
vezes, em mecanismos formais, de natureza gramatical
ou lexical, e no conhecimento compartilhado entre os
usuários da língua. Pode-se dizer que o conceito de coe-
rência está ligado ao conteúdo, no sentido constituído
pelo leitor. A coerência depende da coesão. Um texto
com problemas de coesão terá, provavelmente, proble-
mas de coerência.
Já a coesão trata basicamente das articulações
gramaticais existentes entre as palavras, as orações e
frases para garantir uma boa sequenciação de eventos,
ou seja, é a correta ligação entre os elementos de um
texto, que ocorre no interior das frases, entre as pró-
prias frases e entre os vários parágrafos. Pode-se dizer
que um texto é coeso quando elementos coesivos (con-
junções, preposições, advérbios e pronomes) são empre-
gados corretamente.
O estudo das palavras e seus significados, bem
como o estudo das orações coordenadas e subordinadas
são tópicos que já estudamos e que são essenciais para
que possamos usar e compreender melhor os elos de co-
esão.
SEMÂNTICA
A semântica é o estudo da significação das pala-
vras e das mudanças de sentido ocasionadas pelo con-
texto. O sentido original é a sua própria significação eti-
mológica, mas este também sofre constantes alterações
no decorrer do tempo, devido à sua expansão ou genera-
lização. Por exemplo, carrasco era o nome do algoz Bel-
chior Nunes Carrasco e generalizou-se para todos os al-
gozes. Anfitrião era personagem de uma comédia de
Plauto e se expandiu a todos aqueles que à sua casa reú-
nem convidados e amigos.
A palavra (signo linguístico) é uma combinação
de conceito (ideia) e palavra (escrita ou falada), que são: 
Significante: é o elemento concreto, material,
perceptível: os sons (fonemas) ou as letras. 
Significado: é o elemento inteligível (o concei-
to) ou a imagem mental. 
É importante que você entenda que quando tra-
tamos de um texto é sempre importante relacionar o
significado real do significado que, muitas vezes, a pala-
vra ou expressão recebe no contexto.
Como já vimos, as palavras possuem significados
e podem ser sinônimas, antônimas, homônimas, polissê-
micas, etc.
DENOTAÇÃO E CONOTAÇÃO
Sabe-se que não há associação necessária entre
significante (expressão gráfica, palavra) e significado,
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por esta ligação representar uma convenção. É baseado
neste conceito de signo linguístico (significante + signi-
ficado) que se constroem as noções de denotação e co-
notação. 
O sentido denotativo das palavras é aquele en-
contrado nos dicionários, o chamado sentido verdadei-
ro, real. 
Já o uso conotativo das palavras é a atribuição
de um sentido figurado, fantasioso e que, para sua com-
preensão, depende do contexto. Sendo assim, estabe-
lece-se, numa determinada construção frasal, uma nova
relação entre significante e significado.
Os textos literários exploram bastante as cons-
truções de base conotativa, numa tentativa de extrapo-
lar o espaço do texto e provocar reações diferenciadas
em seus leitores.
Ainda com base no signo linguístico, encontra-se
o conceito de polissemia (que tem muitas significa-
ções). Algumas palavras, dependendo do contexto, assu-
mem múltiplos significados, como, por exemplo, a pala-
vra ponto: ponto de ônibus, ponto de vista, ponto final,
ponto de cruz, etc. 
Neste caso, não se está atribuindo um sentido
fantasioso à palavra ponto, e sim ampliando sua signifi-
cação através de expressões que lhe completem e escla-
reçam o sentido.
COMO LER E ENTENDER BEM UM TEXTO
Basicamente, deve-se alcançar a dois níveis de
leitura: a informativa e de reconhecimento e a interpre-
tativa. A primeira deve ser feita de maneira cautelosa
por ser o primeiro contato com o novo texto. Desta lei-
tura, extraem-se informações sobre o conteúdo aborda-
do e prepara-se o próximo nível de leitura. Durante a in-
terpretação propriamente dita, cabe destacar palavras-
chave, passagens importantes, bem como usar uma pa-
lavra para resumir a ideia central de cada parágrafo. 
Este tipo de procedimento aguça a memória vi-
sual, favorecendo o entendimento. Não se pode descon-
siderar que, embora a interpretação seja subjetiva, há li-
mites. A preocupação deve ser a captação da essência do
texto, a fim de responder às interpretações que a banca
considerou como pertinentes.
No caso de textos literários, é preciso conhecer a
ligação daquele texto com outras formas de cultura, ou-
tros textos e manifestações de arte da época em que o
autor viveu. Se não houver esta visão global dos mo-
mentos literários e dos escritores, a interpretação pode
ficar comprometida. Aqui não se podem dispensar as di-
cas que aparecem na referência bibliográfica da fonte e
na identificação do autor.
A última fase da interpretação concentra-se nas
perguntas e opções de resposta. Aqui são fundamentais
marcações de palavras como não, exceto, errada, res-
pectivamente etc. que fazem diferença na escolha ade-
quada. Muitas vezes, em interpretação, trabalha-se com
o conceito do “mais adequado”, isto é, o que responde
melhor ao questionamento proposto. Por isso, uma res-
posta pode estar certa para responder à pergunta, mas
não ser a adotada como gabarito pela banca examina-
dora por haver outra opção mais completa. Ainda
cabe ressaltar que algumas questões apresentam um
fragmento do texto transcrito para ser a base de análise.
Nunca deixe de retornar ao texto, mesmo que aparente-
mente pareça ser perda de tempo. 
A descontextualização de palavras ou frases,
certas vezes, são também um recurso para instaurar a
dúvida no candidato. Leia a frase anterior e a posterior
para ter ideia do sentido global proposto pelo autor,
desta maneira a resposta será mais consciente e segura.
AMBIGUIDADE OU ANFIBOLOGIA
A ambiguidade consiste no fato de uma frase ad-
mitir mais de uma interpretação. É um recurso linguísti-
co muito utilizado em textos literário e publicitários.
Observe os exemplos: 
• Anúncio em bancas de revistas: “Aprenda a fazer uma
galinha no ponto!”. O anúncio dá a ideia de que que-
rem vender livros de receitas, mas, na verdade, o que
será vendido é uma revista de ponto de cruz. Ou seja,
aprenda a fazer uma galinha no ponto de cruz, para bor-
dar em panos de pratos. 
• A interpretação do sétimo mandamento, segundo Bas-
tos Tigres: “Não furtarás – prega o Decálogo; e cada ho-
memdeixa para amanhã a observância do sétimo man-
damento”. Note que não era a intenção do autor, mas a
graça vem pelo fato de que como se utiliza o verbo no
tempo futuro, as pessoas estão sempre prorrogando o
prazo para começar a respeitar o mandamento. 
Não se esqueça, como você já estudou antes, de
que a ambiguidade se transforma em um vício de lin-
guagem quando compromete a clareza do enunciado.
Pra descontrair, veja alguns exemplos curiosos e
até engraçados em que ocorre ambiguidade:
• Vende-se leite de cabra em pó;
• O deputado disse que sempre lutou contra a corrupção
e a ética na política.
• Amélia, não conseguindo receber qualquer ajuda do
governo, teve de ir juntar papéis velhos para dar de co-
mer a seus filhos.
• “Para todos aqueles que têm filhos e não sabem nós te-
mos uma creche no segundo andar.”
• “E, para alegrar esse domingo de páscoa, pediremos à
mamãe que ponha na mesa um ovo para todos nós.”
• “Quinta-feira às cinco horas haverá reunião do Clube
das Jovens Mamães. Todas aquelas que quiserem se tor-
nar uma Jovem Mamãe devem contatar o pastor Sandro
em seu escritório.”
NÍVEIS DE LINGUAGEM
A linguagem é qualquer conjunto de sinais que
nos permite realizar atos de comunicação. Dependendo
dos sinais escolhidos, teremos uma comunicação verbal,
visual, auditiva, etc. Damos o nome de fala à utilização
que cada membro da comunidade faz da língua, tanto na
forma oral quanto na escrita. A forma oral se caracteriza
por maior espontaneidade do que a forma escrita. 
Em decorrência do caráter individual da língua,
podemos destacar algumas modalidades:
» NORMA CULTA: é a modalidade de linguagem utiliza-
da em situações formais, principalmente na escrita –
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mais planejada e bem elaborada. Caracteriza-se pela
correção da linguagem em diversos aspectos: um cuida-
do maior com o vocabulário, obediência às regras esta-
belecidas pela gramática, organização rigorosa das ora-
ções e dos períodos etc. Confira no texto a seguir: 
“(...) O mais forte e apreciável motivo para um estudo dos assuntos
humanos é a curiosidade. Esse é um dos traços distintivos da natureza huma-
na. Ao que parece, nenhum ser humano é dele totalmente destituído, apesar
de seu grau de a intensidade variar enormemente de indivíduo para indiví-
duo. No campo dos assuntos humanos, a curiosidade nos leva a buscar uma
óptica panorâmica, através da qual se possa chegar a uma visão da realidade,
tão inteligível quanto possível para a mente humana.”
TOYNBEE, Arnold. Um estudo da história. Brasília: EdUnB. 1987. p. 47. (com adaptações).
» LINGUAGEM COLOQUIAL: é usada em situações infor-
mais ou familiares e caracteriza-se pela espontaneidade,
já que não existe uma preocupação com as normas esta-
belecidas (aceita o uso de gírias e de palavras dicionari-
zadas). Embora seja uma linguagem informal, não é ne-
cessariamente inculta, pois a desobediência a certas
normas gramaticais se deve à liberdade de expressão e à
sensibilidade estilística do falante. É facilmente encon-
trada na correspondência pessoal (mensagens, e-mail,
redes sociais, etc.), na literatura, história em quadri-
nhos, nos jornais e revistas. Veja o exemplo: 
Sei lá! Acho que tudo vai ficar legal. Pra que então ficar esquentan-
do tanto? Me parece que as coisas no fim sempre dão certo.
 
» LINGUAGEM TÉCNICA (profissional): é a modalidade
utilizada por alguns profissionais (policiais, vendedores,
advogados, economistas, etc.) no exercício de suas ativi-
dades. Veja este exemplo:
“Vamos direto ao assunto: interface gráfica ou não, muitas vezes, é
preciso trabalhar com o prompt do DOS, sendo aborrecedor esforçar-se na re-
digitação de subdiretórios longos ou comando mal digitados”. 
(Revista PC World, ago/2007. p. 98)
Fique Atento! Não se deve confundir vocabulário técni-
co com jargão (modalidade coloquial). 
» LITERÁRIA (artística): é utilizada com finalidade ex-
pressiva, como a que é feita pelos artistas da palavra
(poetas e romancistas, por exemplo). Observe: 
“O céu jogava tinas de água sobre o noturno que devolvia a São
Paulo. O comboio brecou, lento, para as ruas molhadas, furou a gare suntuosa
e me jogou nos óculos menineiros de um grupo negro. 
“Sentaram-me num automóvel de pêsames”.
ANDRADE, Oswald de. Memórias Sentimentais de João Miramar. 
VARIAÇÕES LINGUÍSTICAS
São as variações que uma língua apresenta, de
acordo com as condições sociais, culturais, regionais e
históricas em que é utilizada. A língua é um organismo
vivo, que se modifica no tempo, a todo instante. Os tipos
de variações mais cobrados em provas são:
» EMPRÉSTIMOS LINGUÍSTICOS: vocábulos incorpora-
dos ao nosso idioma em sua forma original ou aportu-
guesados. No português usado hoje no Brasil, existe in-
fluência de várias línguas: do contato com o índio, in-
corporamos palavras como cipó, mandioca, peroba, cari-
oca, etc.; a partir do processo de escravidão no Brasil,
incorporamos inúmeros vocábulos de línguas africanas,
tais como quiabo, macumba, samba, vatapá e muitos ou-
tros. Podemos encontrar também, no português atual,
palavras provenientes de línguas estrangeiras moder-
nas, principalmente do inglês. Veja alguns exemplos: do
italiano (maestro, pizza, tchau, espaguete); do francês
(abajur, toalete, champanhe); do inglês (recorde, sanduí-
che, futebol, bife, gol, clube, e muitos outros mais). 
» NEOLOGISMOS: São palavras novas, que vão sendo
logo absorvidas pelos falantes no seu processo diário de
comunicação. Umas, surgem para expressar conceitos
igualmente novos; outras, para substituir aquelas que
deixam de ser utilizadas. Os neologismos podem ser cri-
ados a partir da própria língua do país (cegonheiro, por
exemplo), ou a partir de palavras estrangeiras (deletar,
escanear, etc.). 
» RECRIAÇÕES SEMÂNTICAS: Existem, também, aque-
las palavras que adquirem novos sentidos ao longo do
tempo. Por exemplo: cegonha (carreta que transporta
automóvel, desde as montadoras até as concessioná-
rias), laranja (testa de ferro, pessoa que empresta o
nome para a realização de negócios ilícitos).
» GÍRIAS: São palavras características da linguagem de
um grupo social (os jovens), que, por sua expressivida-
de, acabam sendo incorporadas à linguagem coloquial
de outras camadas sociais. São exemplos de gírias: véi
(velho), mano, bro (brother), Maneiro! Radical! É claro
que, como as gírias também evoluem (elas surgem e de-
saparecem com o passar do tempo) pode ser que os
exemplos dados já tenham caído em desuso ou já não se-
jam tão populares com dantes foram!
» JARGÕES: são os vocábulos característicos da lingua-
gem utilizada por alguns grupos profissionais (médicos,
policiais, vendedores, professores, etc.) e que, por sua
expressividade, acabam sendo incorporadas à lingua-
gem de outras camadas sociais. Exemplos: positivo, bico
fino, X9 (policiais); caroço (vendedores) e outros. 
» REGIONALISMOS: São as variações originadas das di-
ferenças de região ou de território. Veja o exemplo de
uma variedade regional, também conhecida como “fala
caipira”, própria do interior de alguns estados brasilei-
ros: 
“Cheguei na bera do porto onde as onda se espaia. As garça dá meia vorta,
senta na bera da praia. E o cuitelinho não gosta que o botão de rosa caia.”
(Milton Nascimento)
 
FORMA E CONTEÚDO DOS TEXTOS
Existem duas maneiras de se classificar os tex-
tos, quanto ao conteúdo e à forma:
» POESIA: é um gênero textual que se caracteriza pela
escrita em versos (o verso é ordenador rítmico e melódi-
co do poema), que pode apresentar rima e métrica e
uma elaboração muito particular da linguagem. A poesia
em geral reflete o momento, oimpacto dos fatos sobre o
homem e a criação de imagens que reflitam esse impac-
to. Leia: 
Eu canto porque o instante existe
E a minha vida está completa.
Não sou alegre nem sou triste
Sou poeta.
(...)
Sei que canto. E a canção é tudo.
Tem sangue eterno a asa ritmada.
E um dia sei que estarei mudo:
- mais nada. 
Cecília Meireles - Motivo 
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» PROSA: é um discurso que reproduz a maneira
natural de falar, sem métrica nem rima. As linhas ocu-
pam quase toda a extensão horizontal da página, demar-
cada, fisicamente, pelo parágrafo – pequeno afastamen-
to em relação à margem esquerda da folha. O parágrafo
é o ordenador lógico da prosa.
TIPOS DE TEXTO
Os tipos textuais designam uma sequência defi-
nida pela natureza linguística de sua composição e, para
a sua classificação, são observados aspectos lexicais, sin-
táticos, tempos verbais e, principalmente, as relações ló-
gicas. Por sua estrutura composicional, os textos se divi-
dem em:
1. NARRATIVO
Texto em que se discorre sobre fatos, sobre fazer
relatos. Consiste na elaboração de um texto que relate
episódios, acontecimentos e histórias (verdadeiras ou
fictícias). São exemplos de textos narrativos: romance,
novela, conto, crônica, anedota e, até, histórias em qua-
drinhos.
A narrativa é um texto que possui uma sequência de
acontecimentos: começo, meio e fim. No entanto, o es-
critor pode alterar essa ordem, começando a contar pelo
meio ou pelo fim, dependendo do efeito que pretende
alcançar.
ELEMENTOS DA NARRATIVA
A) Narrador: é quem conta a história, um ser ficcional a
quem o autor transfere a tarefa de narrar os fatos. Há
textos narrativos quase totalmente – ou totalmente – di-
alogados. Nesse caso, o narrador aparece muito pouco,
ou fica subentendido. Fique Atento para não confundir
o narrador com o autor da história. Este é um escritor,
com uma biografia civil, um ser humano, que pode cons-
truir vários narradores (um para cada história que dese-
jar contar).
B) Personagens: são os seres que estão envolvidos com
a história, que vivem os fatos e que são caracterizados
física e psicologicamente. Qualquer tipo de ser – gente,
bicho, criaturas inanimadas – pode ser personagem de
uma narrativa. Classificam-se em:
Principais: quando participam diretamente da trama.
Secundários: quando participam de forma pouco inten-
sa da história. 
Caricaturais: tem os traços de personalidade ou pa-
drões de comportamento realçados, acentuados (às ve-
zes beirando o ridículo).
C) Enredo: é a história em si, o conjunto encadeado dos
fatos, organizado de acordo com a vontade do escritor.
Todo enredo supõe um conflito.
Fique Atento! Uma narrativa pode apresentar um enre-
do linear – quando os fatos vão se desenrolando um de-
pois do outro, em ordem cronológica de tempo – ou um
enredo não-linear – quando a história é interrompida
por uma volta ao passado (para algo ser lembrado). É o
que chamamos de flashback, muito comum em filmes.
D) Espaço: o espaço da narrativa é o local onde se de-
senvolve a história, o cenário. A descrição do espaço ser-
ve para criar o clima que envolve o leitor nos aconteci-
mentos. A descrição do espaço serve, também, para ca-
racterizar, de forma indireta, um personagem. Pode ser:
Físico: é o cenário por onde circulam os personagens e
onde se desenrola a trama.
Mental: é o retrato de uma época, a ênfase nos costumes
de determinado período da história.
E) Tempo: o tempo da narrativa é o “quando acontece”
a história, podendo ser:
Cronológico: quando é marcado pelo relógio, pelo ca-
lendário ou por outros índices exteriores (momentos do
dia, estações do ano, fatos históricos); ou
Psicológico: trata-se de tempos subjetivos, variáveis de
indivíduo para indivíduo. Esse tempo marca-se pelas
sensações ou pensamentos do personagem.
FOCO NARRATIVO (OU PONTO DE VISTA)
• Quando o narrador participa do enredo, é personagem
atuante, diz-se que é um narrador-personagem. Isso
constitui o foco narrativo ou ponto de vista da primei-
ra pessoa.
• Narrador-observador é o que serve de intermediário
entre o episódio e o leitor – é o foco narrativo de ter-
ceira pessoa.
• Ocorrem casos em que o narrador é classificado como
onisciente, pelo fato de dominar o lado psíquico de seus
personagens, antepondo-se às suas ações, percor-
rendo-lhes a mente e a alma – também sob o foco nar-
rativo de terceira pessoa.
FORMAS DE DISCURSO
» O DISCURSO DIRETO caracteriza-se pela reprodução
fiel da fala do personagem. Estrutura-se normalmente
com a precedência de dois-pontos e inicia-se após tra-
vessão. Via de regra, vem acompanhada por verbos de
elocução (dizer, falar, responder, berrar, retrucar, inda-
gar, etc.). 
Observe o exemplo:
“...Botou as mãos na cabeça e a boca no mundo:
— Nossa senhora, meu patrãozinho me mata!” (Fernando Sabino)
» O DISCURSO INDIRETO ocorre quando o narrador uti-
liza sua própria fala para reproduzir a fala de um perso-
nagem. O tempo verbal, no discurso indireto, será sem-
pre passado em relação ao tempo verbal do discurso di-
reto. 
Observe o exemplo:
“D. Evarista ficou aterrada. Foi ter com o marido, disse-lhe que estava com
desejos.” (Machado de Assis)
O DISCURSO INDIRETO LIVRE é uma mescla do discur-
so direto com o indireto. No discurso indireto livre, a
fala do personagem se insere sutilmente no discurso do
narrador, permitindo-lhe expor aspectos psicológicos
do pensamento do personagem. Compare os dois exem-
plos:
“Achamos o nome engraçado. Qual o padrinho que pusera o nome de Milagre
naquele afilhado? E o português explicou que não, que o nome do pretinho
era Sebastião. Milagre era apelido”. (Stanislaw Ponte Preta)
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“Sinhá Vitória falou assim, mas Fabiano franziu a testa, achando a frase ex-
travagante. Aves matarem bois e cavalos, que lembrança! Olhou a mulher,
desconfiado, julgou que ela estivesse tresvariando”. (Graciliano Ramos)
CARACTERÍSTICAS DE UMA NARRATIVA
• Encadeamento de ações e fatos.
• As frases se organizam em uma progressão temporal
(relação de anterioridade / posterioridade), tanto que
não se pode alterar a sequência sem afetar basicamente
o texto.
• Texto dinâmico, uma vez que existem muitos verbos
indicando movimento, ação, e, ainda, a passagem do
tempo.
Dois textos narrativos bastante comuns em pro-
vas oficiais são:
1.1 CRÔNICA – é toda narrativa que obedece à ordem do
tempo (etimologicamente, a palavra vem do grego chró-
nos, que significa “tempo”). Modernamente, crônica é
um relato sobre os acontecimentos do cotidiano, es-
crita numa linguagem leve e normalmente de cará-
ter jornalístico. Ela difere do conto não apenas no ta-
manho, mas também na linguagem. Ela busca a intimi-
dade e o humor da linguagem. Ela busca a intimidade e o
humor da anedota, numa linguagem cotidiana que en-
contra receptividade em todos os leitores.
Ao mesmo tempo em que a crônica tem o cará-
ter transitório de um jornal – uma vez que nasceu den-
tro desse veículo de comunicação de massa -, ela apre-
senta também um narrador (que é o próprio autor), per-
sonagens que se aproximam muito das pessoas da vida
real, enredo, tempo e espaço. Na maioria dos casos, to-
dos esses elementos são trabalhados numa linguagem
poética. Muitos cronistas contemporâneos conseguem
captar flashes, circunstâncias do cotidiano, de uma ma-
neira tão lírica que fica difícil dizer que tais textos não
assumem um caráter literário.
Cabe ressaltar que, apesar de ser um gênero nar-
rativo por definição, a crônica é um texto geralmente
híbrido (uma mescla de modalidades),que não prescin-
de da reflexão e do comentário. Leia:
MAS É COISA NOSSA
Eu ainda estava em jejum quando abri o jornal.
Pensei: quem sabe tomo café primeiro? A foto é tão chama-
tiva que não dá para desviar a atenção. Todo leitor da Fo-
lha deve ter tido o mesmo choque. Mas eu confesso que re-
sisti. Pra que, meu Deus, uma foto dessas na primeira pági-
na? Posso falar porque tenho vivido em jornal a vida toda:
jornalista tem essa inclinação para o que é negativo. Há
quem diga que é um traço mórbido. Hoje todo mundo sabe,
na teoria e na prática, que o corriqueiro não é notícia.
Aquele exemplo clássico que já está careca de tan-
to ser citado. Se um cão morde um homem, nada a noticiar.
Se um homem morde um cão, está aí a matéria-prima.
Cumpre apurar tudo direitinho. Se homem foi vacinado
contra raiva. Se o cão estava quieto no seu canto ou se par-
tiu dele a provocação. Nome, cor e idade da vítima. Enfim,
um prato cheio.
Se notícia é o inusitado, o que sai da banalidade e
escapa ao lixo do cotidiano, então por que essa foto na pri-
meira página? Esse personagem será assim tão insólito?
Imagino que o leitor já esqueceu a foto de ontem e o im-
pacto que ela nos causou. Esquecer um mecanismo é um
ato confortável. É essencial. É o que nos permite continuar
vivendo na santa paz de nossa consciência. Que diabo, a
gente tem que se defender. Eu, por exemplo, quando dei
com a foto, logo pensei com meus botões: deve ser coisa de
Biafra. Você se lembra de Biafra.
Biafra ou Blangladesh. Lá nos cafundós, onde Judas
perdeu as botas. Nada a ver comigo. E decidi fugir da le-
genda. Por via das dúvidas, preferia não saber onde vive,
ou sobrevive, aquela coisinha de olhos fechados. Ainda
bem. Se tivesse os olhos abertos, grampeava o meu olhar e
adeus café da manhã. A mão direita no peito lhe dá um ar
contrito. A mão esquerda segura o pé direito. Segue a fir-
me, a perna direita cruzada sobre a esquerda. Tem até gra-
ça. Uma graça horrível, mas tem.
E aquela fralda imensa. Branca, farta, não o deixa
nu. Ou nua. Não está dito qual o sexo do top model que po-
sou para o fotógrafo. Tem quatro meses, diz a legenda. Está
internado na Paraíba, com suspeita de cólera. Como será o
nome do serzinho tão indefeso? Aí me ocorreu que seu
nome é legião. Seu sobrenome? Brasil. Por falar nisso,
quando é que a gente vai tomar vergonha na cara?
RESENDE, Otto Lara. Bom dia para nascer. São Paulo, Companhia
das Letras, 1993.
1.2 CRÔNICA REFLEXIVA é uma modalidade de crônica
bastante utilizada nas provas oficiais, por causa de sua
presença marcante em jornais e revistas de grande cir-
culação.
Na crônica reflexiva, o autor apenas tece re-
flexões filosóficas, ou seja, produz opiniões e im-
pressões (humorísticas ou líricas) sobre um assunto, ca-
tivando a sensibilidade do leitor numa abordagem des-
contraída.
• não há preocupação com a forma, já que o fluxo das
ideias é livre.
• Admite tanto a linguagem culta quanto coloquialismos,
repetições enfáticas e gírias. É a expressão espontânea
do pensamento. Para exemplificar, veja o texto que se-
gue:
OS OLHOS DE ISABEL
Instalou-se ontem no rio, um banco de olhos. Ali
será conservada na geladeira uma parte dos olhos tirado
de pessoas que acabam de morrer, de acidentados e nati-
mortos.
Os cegos serão capazes de distinguir a claridade;
poderão, em muitos casos, ter a vista perfeita, recebendo
nos olhos a córnea da pessoa morta. Já houve muitos casos
dessa operação no Brasil, como o da jovem Isabel, de 18
anos, cega desde nascença, que passou a ver bem. Não a co-
nheço; e estimo que seja feliz e alegre em suas visões e veja
sempre coisas que a façam alegre.
É pelos olhos que entra em nós a maior parte das
alegrias e tristezas. Os meus, ainda que bastante usados,
enxergam bem, e mesmo, em certas circunstâncias, de-
mais. São, é natural, sujeitos a muitas ilusões: de muitas já
fui ao empós, e eram miragens que me levaram ao meio de
um deserto onde me alimentei de gafanhotos e lágrimas,
tomando sopa de vento, comendo pirão de areia, como diz
a canção.
A fina membrana dos olhos não guarda a lembran-
ça das visões; mas que sabemos? A matéria viva é uma coi-
sa sutil e sensível que ninguém entende. O jornal não diz
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de quem eram os olhos com que hoje vê a moça Isabel; e
ela, nunca tendo visto antes, não sabe se as visões de hoje
são verdade ou fantasia; talvez esteja a ver este mundo
através do filtro emocional de uma criatura já morta; (...)
mas tenham visto o que tiveram antes, que ora vejam tudo
em suave e belo azul, a cor dos sonhos e descobrimentos
das navegações dos 18 anos. Que são tontas, mas belas na-
vegações.
BRAGA, Rubem. O homem rouco. Rio: editora do autor, 1963.
1.3 FÁBULA é uma narrativa de caráter alegórico, que
trabalha o imaginário e que pretende transmitir alguma
lição de fundo moral, tendo geralmente animais como
personagens. Quando ela utiliza objetos inanimados,
recebe o nome de apólogo. A fábula constitui uma for-
ma simples de narrativa. Suas raízes remontam à Anti-
guidade greco-romana, com Esopo e Fedro. La Fontaine,
poeta francês, foi quem introduziu e aprimorou as fábu-
las antigas, fazendo com que chegassem até nós.
No Brasil, coube a monteiro Lobato recriar as fá-
bulas de La Fontaine. E, mais recentemente, Millôr Fer-
nandes atualizou algumas histórias clássicas e criou ou-
tras de humor e filosofia, como mostra o exemplo abai-
xo:
A CAUSA DA CHUVA
Não chovia há muitos e muitos meses, de modo
que os animais ficaram inquietos. Uns diziam que ia chover
logo, outros diziam que ainda ia demorar. Mas não chega-
vam a uma conclusão.
— Chove só quando a água cai do telhado do meu galinhei-
ro — esclareceu a galinha.
— Ora, que bobagem! — disse o sapo de dentro da lagoa.
Chove quando a água da lagoa começa a borbulhar as goti-
nhas.
— Como assim? — disse a lebre. Está visto só que só chove
quando as folhas das árvores começam a deixar cair as go-
tas d’água que têm dentro.
Nesse momento começou a chover.
— Viram? — gritou a galinha. O telhado de meu galinheiro
está pingando. Isso é chuva.
— Ora, não vê que a chuva é a água da lagoa borbulhando?
— disse o sapo.
— Mas, como assim? — tomou a lebre. Parecem cegos! Não
veem que a água cai das folhas das árvores.
Moral: Todas as opiniões estão erradas.
Millôr Fernandes (adaptado)
2. DESCRITIVO 
Trata-se de um texto em que é feito a caracteri-
zação de uma pessoa, de um animal, de um objeto ou de
uma situação qualquer, inseridos num certo momento
estático do tempo.
Diferentemente do texto narrativo, que relata as
transformações de estado que vão ocorrendo progressi-
vamente com pessoas ou coisas, o texto descritivo põe
em relevo as propriedades e aspectos desses elementos
num certo estado, considerado como se estivesse para-
do.
Nos enunciados descritivos, podem até aparecer
verbos que exprimam ação, movimento, mas os movi-
mentos são sempre simultâneos, não indicando progres-
são de um estado anterior para outro posterior. Se ocor-
rer essa progressão, inicia-se um percurso narrativo. O
fundamental na descrição é que não haja progressão
temporal.
CARACTERÍSTICAS DE UMA DESCRIÇÃO
• Encadeamento de informações. Todos os enunciados
apresentam ocorrências simultâneas. 
• Riqueza de detalhes e a presença abundante dos adjeti-
vos.
• Não existe temporalidade (datas), tanto que se pode al-
terar a sequência, sem afetar basicamente o sentido.
• Uso dos cinco sentidos.
• Texto estático, pois faz um uso reiterado de verbos de
estado (e não de ação).
A descrição é um processo de caracterização que
exige sensibilidade daquele que descreve, para sensibili-
zar tambémaquele que lê. Sendo assim, ela se baseia na
percepção – nos cincos sentidos: visão, tato, audição, pa-
ladar e olfato. Observe o trecho a seguir:
A TERRA
Ao sobrevir das chuvas, a terra (...) transfigura- -se
em mutações fantásticas, contrastando com a desolação
anterior. Os vales secos fazem-se rios. Insulam-se os cômo-
ros escalvados, repentinamente verdejantes. A vegetação
recama de flores, cobrindo-os, os grotões escancelados, e
disfarça a dureza das barracas, e arredonda em colinas os
acervos de blocos disjungidos — de sorte que as chapadas
grandes, intermeadas de convales, se ligam em curvas mais
suaves aos tabuleiros altos. Cai a temperatura. Com o desa-
parecer das soalheiras anula-se a secura anormal dos ares.
Novos tons da paisagem: a transparência do espaço salien-
ta as linhas mais ligeiras, em todas as variantes da forma e
da cor.
Dilatam-se os horizontes. O firmamento, sem o
azul carregado dos desertos, alteia-se, mais profundo, ante
o expandir revivescente da terra. E o sertão é um vale
fértil. É um pomar vastíssimo, sem dono.
Depois tudo isso acaba. Voltam os dias torturantes;
a atmosfera asfixiadora; o empedramento do solo; a nudez
da flora; e nas ocasiões em que os estios se ligam sem a in-
termitência das chuvas — o espasmo assombrador da seca.
A natureza compraz-se em um jogo de antíteses.
CUNHA, Euclides. Os sertões - campanha de Canudos. Rio de Janeiro: Editora
Francisco Alves. 1982. Pagina 37-38. 
A apresentação conjunta de traços físicos e psi-
cológicos permite que a descrição se torne mais concre-
ta, mais sensível e mais capaz de fazer o leitor realizar
em sua imaginação o objeto descrito/ ser descrito. Mes-
mo assim, às vezes, é possível visualizar a descrição sob
dois enfoques:
2.1 OBJETIVO – que procura descrever a realidade de
maneira direta e objetiva, sem acrescentar nenhum juí-
zo de valor. O autor torna-se impessoal e a linguagem
utilizada é denotativa.
Leia a descrição a seguir e observe que, à medida
que você avança no texto, a imagem do ser descrito vai-
se formando em sua mente.
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“Era um burrinho pedrês. Miúdo e resignado, vin-
do de Passa-Tempo, Conceição do Serro, ou não sei onde no
sertão. Chamava-se de Sete-de-Ouros, e já fôra tão bom,
como outro não existiu e nem pode haver igual.
Agora, porém, estava idoso, muito idoso. Tanto,
que nem seria preciso abaixar-lhe a maxila teimosa para
espiar os cantos dos dentes. Era decrépito mesmo a distân-
cia: no algodão bruto do pelo — sementinhas escuras em
rama rala e encardida: nos olhos remelentos, cor de bismu-
to, com pálpebras rosadas, quase sempre oclusas, em cons-
tante semissono; e, na linha, fatigada e respeitável — uma
horizontal perfeita, do começo da testa à raiz da cauda em
pêndulo amplo, para cá, para lá, tangendo as moscas.”
ROSA, João Guimarães. Sagarana. Rio de Janeiro: Livraria José Olympio Edito-
ra, 1976.
Observe a descrição objetiva de uma persona-
gem feminina, de Aluísio de Azevedo:
“Rita havia parado no pátio. Cercavam-na homens,
mulheres e crianças; todos queriam novas dela. Não vinha
em traje de domingo; trazia casaquinho branco, uma saia
que lhe deixava ver o pé sem meia num chinelo de poli-
mento com enfeites de marroquim de diversas cores. No
seu farto cabelo, crespo e reluzente, puxado sobre a nuca,
havia um molho de manjericão e um pedaço de baunilha
espetado por um gancho. E toda ela respirava o asseio das
brasileiras e um odor sensual de trevos e plantas aromáti-
cas. Irrequieta, saracoteando o atrevido e rijo quadril baia-
no, respondia para a direita e para a esquerda, pondo à
mostra um fio de dentes claros e brilhantes que enriqueci-
am a sua fisionomia com um realce fascinador.”
AZEVEDO, Aluísio de. O Cortiço. São Paulo: Editora Scipione, 1995, p. 37
2.2 SUBJETIVO – que busca transmitir o estado de es-
pírito do autor diante da coisa observada ou sua opinião
sobre ela. Ele faz uma representação particular do obje-
to, normalmente usando a linguagem conotativa. 
Leia o autorretrato da poetisa Cecília Meireles,
num determinado momento de sua vida:
Eu não tinha esse rosto de hoje,
Assim calmo, assim triste, assim magro,
Nem estes olhos tão vazios,
Nem o lábio amargo,
Eu não tinha estas mãos sem força
Tão paradas, e frias, e mortas.
Eu não tinha esse coração que nem se mostra
Eu não dei por essa mudança
Tão simples, tão certa, tão fácil.
Em que espelho ficou perdida a minha face?
Observe agora a descrição subjetiva de uma per-
sonagem feminina, de Machado de Assis:
Assomado à porta, levantou o reposteiro e deu en-
trada a uma mulher, que caminhou para o centro da sala.
Não era uma mulher, era uma sílfide, uma visão de poeta,
uma criatura divina.
Era loura; tinha os olhos azuis, que buscavam o céu
ou pareciam viver dele. Os cabelos, desleixadamente pen-
teados, faziam-lhe em volta da cabeça, um como resplen-
dor de santa; santa somente, não mártir, porque o sorriso
que lhe desabrochava os lábios era um sorriso de bem-
aventurança, como raras vezes há de ter tido a terra. 
Um vestido ranço, de finíssima cambraia, envolvia-
lhe o corpo, cujas formas, aliás, desenhava, pouco para os
olhos, mas muito para a imaginação.
A chinela turca. In: obra Completa. Rio de Janeiro: Editora Aguilar. 1986 p.301
(adaptado)
3. DISSERTATIVO 
Texto em que se faz uma exposição de opiniões,
de pontos de vista, fundamentados em argumentos e ra-
ciocínios baseados na vivência, na leitura, na conclusão
a respeito da vida, dos homens e dos acontecimentos.
O texto dissertativo baseia-se, sobretudo, em
afirmações que transmitem um conceito relativo, pois
suscitam dúvidas e hesitações. Nele, aparecem os pontos
de vista diferentes e conflitantes e os graus de verdade
e/ou falsidade. 
Em um texto dissertativo devem ser usados ade-
quadamente os pronomes, as conjunções; observadas a
concordância, a regência, a crase e as corretas relações
semânticas entre as palavras.
CARACTERÍSTICAS DE UMA DISSERTAÇÃO:
• Encadeamento de ideias e raciocínio.
• Os assuntos são tratados de maneira abstrata e genérica.
• As relações internas e a coerência entre as frases é que
lhe garantem o sentido, já que são os mecanismos de coe-
são (conjunções, preposições e pronomes relativos, de-
monstrativos) e as palavras abstratas que integram a estru-
tura básica do texto.
ESTRUTURA PADRÃO DA DISSERTAÇÃO
Introdução: é o parágrafo de abertura, responsável pela
apresentação do assunto, em que é lançada a tese (tópi-
co frasal ou ideia principal) a ser desenvolvida nos pa-
rágrafos seguintes.
Desenvolvimento: é a parte fundamental da disserta-
ção, em que se desenvolve o raciocínio ou o ponto de
vista sobre o assunto, por meio de argumentos convin-
centes. Do desenvolvimento, depende a profundidade, a
coerência e a coesão do texto. Cada argumento (ideia se-
cundária) a ser trabalhado deverá ocupará um parágrafo.
Conclusão: é a parte final o texto, em que se faz um ar-
remate das ideias apresentadas. É mais comum, na con-
clusão de um texto que o autor ofereça uma sugestão
para o problema levantado. Mas, às vezes, ele se limita a
passar a solução do problema para o leitor, por meio de
uma pergunta.
O DISCURSO NA DISSERTAÇÃO
» 1ª pessoa do singular – imprime extrema subjetivida-
de no texto e é encontrada com mais frequência nos tex-
tos literários.
São exemplos do uso da 1ª pessoa nos textos: Eu acho, eu
acredito, a meu ver, no meu entender, para mim, na minha
opinião, etc.
» 1ª pessoa do plural – também atribui certo grau de
subjetividade ao texto. Autores que optam pela 1ª pessoa
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do plural buscam maior interatividade com o leitor, no
sentido de incluí-lo como participante das ideias do tex-
to. Exemplo: Vivenciamos atualmente tempos de globaliza-
ção da pobreza... (consenso)
Fique Atento! Existe uma 1ª pessoa do plural que não
inclui o leitor — é o chamado plural de modéstia. Isso
acontece quando um autor produz e assina, sozinho, um
texto no qual ele expressa “Para citarmos um exemplo...”.
» 3ª pessoa (ideológica) – imprime objetividade no tex-
to, dano à expressão do pensamento um caráter mais
universal. O uso da 3° pessoa facilita a persuasão, já que
confere maior credibilidade às ideias. Exemplo: “A po-
lítica econômica do governo Lula não promove, de fato,
o bem-estar social.”
3.1 ARGUMENTATIVO: texto em que o autor quer pro-
var a veracidade (ou falsidade) de ideias, por meio de
uma argumentação lógica. Nesse tipo de texto, o autor
visa a convencer/persuadir o leitor — por meio de argu-
mentos, provas evidentes, testemunhos — de forma im-
pessoal e objetiva, o que confere ao texto um caráter im-
parcial, facilitando a aceitação das ideias expostas. Ob-
serve o exemplo:
CARO DATA VERMIBUS
Carne dada aos vermes. Alguns gramáticos extra-
vagantes veem nas sílabas iniciais da expressão latina CAro
DAta VErmibus a origem da palavra cadáver. A ciência, no
seu esforço de salvar vidas, logrou, no entanto, a dar-lhe
outra finalidade mais nobre: a de suprir a falência de ór-
gãos de pessoas vivas, substituídos por partes que dele pos-
sam ser retiradas. Contra esse benefício para a humanida-
de, levantam-se barreiras à utilização de órgãos removidos
de cadáveres, se não há, para isso, consentimento familiar,
com a invocação de princípios que orientam a ética médi-
ca.
Benjamim Bentham estabeleceu que o direito e a
moral ocupam círculos concêntricos; o raio maior seria o
da moral. O direito, portanto, seria o mínimo ético. Posta a
premissa, o debate da retirada de órgãos de cadáveres
deve, necessariamente, ferir-se no campo da Ética. Contu-
do, grande diferença vai entre a Ética, como é considerada
no âmbito da Filosofia, e a disciplina imposta ao exercício
de profissões liberais pelos seus órgãos de classe. Na Axio-
logia, os valores são vistos dentro de uma escala, estabele-
cida segundo os costumes e a cultura os povos.
O sentido dessa escala é o de oferecer fundamentos
para dirimir o conflito que se instale entre esses valores. O
conflito é inerente à vida de relação, tanto que, na organi-
zação do estado, é prevista a instituição de um poder só
para dirimi-lo: o judiciário. Nenhum país, com foros de ci-
vilização há de colocar a vida em segundo plano na escala
de valores. Tudo o que se fizer para a salvação de uma vida
é, por princípio, ético. A ética, aplicada no uso de partes do
cadáver, para restituir a saúde de pessoas ou salvar-lhes a
vida, põe-se diante o seguinte dilema: preservar o cadáver
para satisfazer o desejo da família? 
A discussão a lei da doação presumida de órgãos é,
diante da ética, absolutamente estéril. Os primeiros trans-
plantes não dependeram de lei e ainda hoje, como antes, a
ética lhes dá o necessário suporte. A retirada de órgãos de
cadáveres, para transplante, é ética até contra a vontade,
em Vida, o morto. O direito, ainda dentro do mínimo ético,
colocaria esse ato em face do estado de necessidade, que o
Código Penal considera excludente de ilicitude.
O artigo 24 do Código Penal calha, no caso, como
uma luva. Se a única alternativa para salvar uma vida é o
transplante de órgão de cadáver, a sua retirada, para esse
fim, é inteiramente abonada pelo estado de necessidade.
Conduta em sentido inverso é irrelevante para a configura-
ção de crime por omissão, se o médico podia e devia evitar
a morte ou curar a doença. É inconcebível que todo o pen-
samento penal tenha sido formulado contra a Ética. Não há
ética que se sustente contra da vida. Por sentimento da fa-
mília, leve-se em maior conta o daquela ligada ao paciente
que espera pelo órgão. Se é inevitável a dor de uma, pela
falta do órgão, ou de outra, pela retirada, a solução, sem-
pre conflituosa, deve ser buscada na tabela de valores. O
cadáver servirá aos vermes ou ao paciente vivo. Este mor-
rerá ou viverá penosamente. Vida ou saúde versus morte
ou doença. Para que lado deveria pender a Ética?
SILVA, Edelberto Luiz da. Correio Braziliense, 11/1/98
3.2 EXPOSITIVO: texto que consiste na ordenação/ex-
posição de ideias sobre um determinado assunto. Sua
característica básica é o cunho reflexivo-teórico. A dis-
sertação-expositiva segue a mesma estrutura de uma
dissertação argumentativa: introdução, desenvolvimento e
conclusão. A diferença reside no fato de que na introdu-
ção, em lugar da tese, apresenta-se a ideia principal do
texto. Admite essencialmente a linguagem culta, sim-
ples ou mais elaborada. Lembre-se de que linguagem
culta não significa rebuscamento. Leia:
“A maioria dos comentários sobre crimes ou se li-
mitam a pedir de volta o autoritarismo ou a culpar a vio-
lência do cinema e da televisão, por excitar a imaginação
criminosa dos jovens. Poucos pensam que vivemos em uma
sociedade que estimula, de forma sistemática, a passivida-
de, o rancor, a impotência, a inveja e o sentimento de nuli-
dade nas pessoas. Não podemos interferir na política, por-
que nos ensinaram a perder o gosto pelo bem comum; não
podemos tentar mudar nossas relações afetivas, porque
isso é assunto de cientistas; não podemos, enfim, imaginar
modos de viver mais dignos, mais cooperativos e solidá-
rios, porque isso é coisa de obscurantista, idealista, perde-
dor ou ideólogo fanático, e mundo é os fazedores e dinhei-
ro.
Somos uma espécie que possui o poder da imagina-
ção, da criatividade, da afirmação, e da agressividade. Se
isso não pode aparecer, surge, no lugar, a reação cega ao
que nos impede de criar, de colocar no mundo algo de nos-
sa marca, de nosso desejo, de nossa vontade de poder.
Quem sabe e pode usar — com firmeza, agressividade, cria-
tividade e afirmatividade — sua capacidade de doar e
transformar a vida, raramente precisa matar inocentes de
maneira bruta. Existem mil outras maneiras de nos sentir-
mos potentes, de nos sentirmos capazes de imprimir um
curso à vida que não seja pela força das armas, da violência
física ou da evasão pelas drogas, legais ou ilegais, pouco
importa.”
COSTA, Jurandir Freire. In: Quatro autores em busca do Brasil. Rio de Janei-
ro: Rocco, 2000, p.43 (com adaptações).
3.4 INJUNTIVO: é um texto instrucional, que indica pro-
cedimentos a serem realizados. A intenção pode ser per-
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suasiva ou apenas instrutiva. São exemplos de textos in-
juntivos as receitas, os manuais de instruções, as bulas de
remédios, etc. Neles, predominam:
• Verbos empregados no modo imperativo;
• Emprego do padrão culto da língua;
• Linguagem clara e acessível a todo tipo de pessoas;
• Função referencial da linguagem. A função conativa
também é bastante recorrente.
Veja um exemplo de texto injuntivo (extraído da prova
do Ministério da Saúde – aplicada pelo CESPE/UnB)
Cuidados para evitar envenenamentos:
• Mantenha sempre medicamentos e produtos tóxicos fora
do alcance das crianças;
• Não utilize medicamentos sem orientação de um médico e
leia a bula antes de consumi-los;
• Não armazene restos de medicamentos e tenha atenção
ao seu prazo de validade;
• Nunca deixe de ler o rótulo ou a bula antes de usar qual-
quer medicamento;
• Evite tomar remédio na frente de crianças;
• Não ingira nem dê remédio no escuro para que não haja
trocas perigosas;
• Não utilize remédios sem orientação médica e com prazo
de validade vencido;
• Mantenhaos medicamentos nas embalagens originais;
• Cuidado com os remédios de uso infantil e de uso adulto
com embalagens muito parecidas; erros de identificação
podem causar intoxicações graves e, às vezes, fatais;
• Pílulas coloridas, embalagens e garrafas bonitas, brilhan-
tes e atraentes, odor e sabor adocicados despertam a aten-
ção e a curiosidade natural das crianças; não estimule essa
curiosidade; mantenha medicamentos e produtos domésti-
cos trancados e fora do alcance dos pequenos.
Internet: <189.28.128.100/portal/aplicações/noticias> (com adaptações) – Ex-
traio da prova do Ministério da Saúde.
CARACTERÍSTICAS DE ALGUNS DISCURSOS
Discurso é prática social de produção de textos.
Todo discurso é uma construção social (e não individu-
al), que só pode ser analisada considerando-se o seu
contexto histórico-social, suas condições de produção e,
essencialmente, a visão e mundo vinculados ao autor do
texto e à sociedade em que ele vive. Os discursos que po-
dem aparecer, frequentemente, em provas oficiais são:
» Acadêmico é um discurso que tem a finalidade de ex-
por a investigação de um fato, de um acontecimento ou
de uma experiência científica, com bastante rigor nos
conceitos e informações utilizados. Tem como caracte-
rística:
• Geralmente explica ou fundamenta as afirmações com
base em dados objetivos, cientificamente comprovadas;
• Pode servir-se de descrições, de enumerações, de expo-
sições narrativas, de relatos de fatos, de gráficos, de es-
tatísticas, etc.
• Normalmente segue um roteiro preestabelecido: apre-
senta, normalmente, introdução, desenvolvimento e
conclusão. Em alguns casos, pode apresentar outras par-
tes, como folha de rosto, anexos, sumário, etc.
• Linguagem objetiva e impessoal, de acordo com o pa-
drão culto da língua.
» Científico é um discurso de natureza expositiva e tem
por finalidade expor um assunto de cunho científico.
Possui uma estrutura relativamente simples: apresenta-
ção de uma tese (explicação sobre o objeto de estudo) a
ser desenvolvida por meio de “provas” (exemplos, com-
parações, relações de causa e efeito, resultados de tes-
tes, dados estatísticos, etc.). Nesse tipo de texto, a con-
clusão é facultativa. Este domínio discursivo aparece em
artigos e relatórios científicos, teses, dissertações, mo-
nografias, verbetes de enciclopédias, artigos de divulga-
ção científica, etc. Tem como características:
• O máximo de precisão e rigor nos conceitos e informa-
ções utilizados;
• Presença obrigatória de terminologia científica de uma
ou mais áreas do conhecimento;
• Verbos empregados predominantemente no presente
do indicativo;
• Linguagem clara, objetiva e impessoal, de acordo com o
padrão culto da língua.
» Literário (ficcional) é um discurso que tem função es-
tética, no qual o escritor busca não apenas traduzir o
mundo, mas recriá-lo nas palavras, de modo que nele
importe não apenas o que se diz, mas o modo como se
diz. Este domínio discursivo aparece em: contos, fábulas,
lendas, poemas, peças de teatro, crônicas, roteiros de fil-
mes, histórias em quadrinhos, etc. Tem como caracte-
rísticas:
• Predomínio da linguagem conotativa, já que, por sua
função estética, o autor sempre atribui novos sentidos
às palavras.
• Utilização de múltiplos recursos estilísticos: ritmos, so-
noridades, repetição de palavras ou de sons, repetição
de situações ou descrições.
» Jornalístico é um texto que tem função utilitária, pois
visa informar o leitor. Nesse caso, o plano da expressão
não tem muita importância, já que sua finalidade é ape-
nas veicular conteúdo. Este domínio discursivo aparece
em editoriais, notícias, reportagens, artigos de opinião,
comentários, cartas ao leitor, crônica policial, crônica
esportiva, entrevistas jornalísticas, expediente, boletim
do tempo, erratas e charges. Tem com características:
• Predomínio da narração, com a presença dos elemen-
tos essenciais de um texto narrativo: fato, pessoas en-
volvias, tempo em que ocorreu o fato, o lugar onde ocor-
reu, como e por que ocorreu o fato.
• Normalmente apresenta um título.
• Predomínio da função referencial, na qual se privilegia
a linguagem denotativa e as construções gramaticais em
ordem direta e clara.
» Publicitário é um discurso de natureza dissertativa
que tem por finalidade apresentar argumentos (diretos
ou indiretos) para persuadir o interlocutor sobre as
eventuais “vantagens” de um produto: quantitativos
(rende mais, é mais barato); qualitativos (o melhor, o
mais saboroso, o mais nutritivo) e ideológicos (mais mo-
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derno, mais arrojado, mais exclusivo). Este domínio dis-
cursivo aparece em propagandas, anúncios classificados,
cartazes, folhetos, outdoors, inscrições em muros, placas,
front lights, logomarcas, publicidade em geral.
Tem como característica:
• É quase sempre constituído por imagem e texto.
• O nível de linguagem utilizado varia de acordo com o
público que se quer atingir.
• Utiliza verbos geralmente no modo imperativo ou no
presente do indicativo.
• Faz uso de recursos tais como: figuras de linguagem,
ambiguidades, jogos de palavras (trocadilhos), provér-
bios, etc.
A estrutura pode variar, mas é geralmente com-
posta por: título (que chame a atenção sobre o produto);
texto (que amplie o argumento do título) e a assinatura
(logotipo ou marca do anunciante).
GÊNEROS TEXTUAIS
Os gêneros textuais também estão ligados às
práticas sociais e, portanto, são inúmeros — textos orais
ou escritos produzidos por falantes de uma língua em
determinado momento histórico. Podem ser definidos
de acordo com o estilo, a função, a composição e, princi-
palmente, o conteúdo. Vale lembrar que muitos gêneros são
comuns a vários domínios discursivos. Alguns gêneros utili-
zados em provas oficiais:
O EDITORIAL é um texto dissertativo, que ma-
nifesta a opinião do jornal ou da revista a respeito de
um assunto da atualidade, quase sempre polêmico, com
a intenção de esclarecer ou alterar pontos de vista dos
leitores, alertar a sociedade e, às vezes, até mobilizá-la.
O editorial, como texto argumentativo que é,
tem por finalidade persuadir o leitor e, por isso, precisa
dar a impressão de que detém a verdade, evitando opi-
niões pessoais, afirmações generalizantes e sem funda-
mento. No desenvolvimento das ideias de um editorial,
os recursos empregados para dar maior consistência ao
texto e aproximá-lo da verdade são exemplos, depoi-
mentos, dados estatísticos, pesquisas, comparações ou
relações de causa e efeito.
Semelhante a outros textos argumentativos, o
editorial normalmente apresenta uma estrutura organi-
zada em torno de três partes: introdução, em que se
anuncia a tese a serem defendidas pelo jornal; o desen-
volvimento, em que são apresentados os argumentos
que fundamentam essa tese; e a conclusão, em que se
faz uma síntese das ideias expostas.
Leia o editorial abaixo, extraído da revista Épo-
ca, de 20 de setembro de 2005.
Sinais inequívocos de como o homem moderno já
está prejudicado pelo uso depredatório dos recursos natu-
rais têm se multiplicado mundo afora. No ano de 2005,
houve um número sem precedentes de irregularidades cli-
máticas de consequências trágicas. Quase simultaneamen-
te, houve ondas de calor nos EUA, na Europa, na Ásia e na
África. Inundações na Ásia, nos EUA e na Europa. E também
furacões devastadores nas Antilhas, nos EUA e na Ásia. E
até no Brasil, um caso com poucos precedentes. E ainda
por cima, começam a se desenvolver hipóteses de que a
atividade vulcânica, responsável por maremotos (tsuna-
mis), pode ser induzida pelo aumento da temperatura do
mar.
Embora não seja consenso, pesquisascientíficas
apontam uma relação de causa e efeito entre o aquecimen-
to global e as perturbações climáticas observadas nos últi-
mos tempos. Com base nisso, desde 1997, representantes
de cerca de duas centenas de países têm se reunido para
discutir um protocolo de intenções para regular a emissão
dos gases poluidores responsáveis pelo aquecimento glo-
bal. A esse protocolo foi dado o nome de Kyoto, cidade ja-
ponesa onde ocorreu a primeira reunião do grupo.
A NOTÍCIA DE JORNAL é um texto narrativo,
que expressa um fato novo, buscando despertar o inte-
resse do público a que o jornal se destina. Gênero tipica-
mente jornalístico, a notícia pode ser veiculada em jor-
nais, escritos ou falados, e em revistas.
Uma notícia deve ser imparcial e objetiva, ou
seja, deve expor fatos e não opiniões, em linguagem cla-
ra, direta e bastante precisa. É encabeçado por um título
(anuncia o assunto a ser desenvolvido), no qual são em-
pregadas palavras curtas e de uso comum.
Elementos que compõem a notícia: são a res-
posta a estas seis perguntas básicas.
• O quê? - os fatos; 
• Quem? – os personagens, as pessoas;
• Quando? – em que tempo;
• Onde? – em que lugar;
• Como? – de que maneira, por meio de quê;
• Por quê? – por que motivo(s).
ESTRUTURA TEXTUAL
• Lead é um resumo do fato em poucas linhas e com-
preende normalmente o primeiro parágrafo da notícia.
Contém as informações mais importantes e deve forne-
cer ao leitor a maior parte das respostas às perguntas
formuladas anteriormente.
• Corpo são os demais parágrafos da notícia, nos quais se
apresenta o detalhamento do assunto exposto no Lead,
fornecendo ao leitor novas informações, em ordem cro-
nológica ou de importância. 
Leia a notícia abaixo extraída do jornal Folha de
São Paulo:
Assombrado pela necessidade e pela fome, Ashkar
Muhammad primeiro vendeu alguns de seus animais. Aí,
enquanto os meses iam passando, trocou os tapetes da fa-
mília, os utensílios de metal e até mesmo as toras de ma-
deira que sustentavam o teto da cabana que o abriga com a
larga prole.
Mas o dinheiro não dava. A fome sempre reapare-
cia. Finalmente, seis semanas atrás, Muhammad fez algo
que se tornou infelizmente digno de nota no país. Ele levou
dois de seus dez filhos para o bazar da cidade mais próxima
e os trocou por sacos de trigo. Agora os garotos Sher, 10;
Baz, 5, estão longe de suas casas. “O que mais eu poderia
fazer?”, pergunta o pai, em Kangori, uma remota vila no
norte do Afeganistão. Ele não quer parecer indiferente:
“Sinto falta de meus filhos, mas não havia nada para co-
mer.”
Nas colinas próximas, veem-se pessoas debilitadas
voltando de uma colheita primitiva de variedades de vege-
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tais da região e até mesmo grama – uma colheita que só
fica minimamente comestível se fervida por muito tempo.
“Para alguns, não há nada mais”, balbucia Muhammad.
BEARAK, Barry. Pai afegão vende filhos para comprar comida. Folha de
São Paulo, São Paulo, 17 mar 2006.
A REPORTAGEM é uma modalidade de caráter
opinativo, que estabelece uma conexão entre o fato
central e os fatos paralelos, questiona causas e efeitos
desses fatos, interpretando-os e orientando o leitor so-
bre eles.
Não possui uma estrutura rígida: de modo geral,
é introduzida por um lead e é sempre encabeçada por
um título (que anuncia o fato em si) e pode ou não apre-
sentar subtítulo.
Na reportagem, o autor desenvolve a narrativa
pormenorizada dos fatos, compondo-a por meio de en-
trevistas, depoimentos, dados estatísticos, pequenos re-
sumos e textos de opinião e depois emite sua opinião a
respeito do assunto.
Embora seja um texto de linguagem clara, dinâ-
mica e objetiva (de acordo com o padrão culto), a maio-
ria dos jornais e revistas brasileiros costuma empregar
uma linguagem mais informal, dependendo do público a
que esses veículos se destinem.
Leia o excerto abaixo:
Enquanto a notícia nos diz no mesmo dia ou no se-
guinte se o acontecimento entrou para a história, a repor-
tagem nos mostra como é que isso se deu. Tomada como
método de registro, a notícia se esgota no anúncio; a re-
portagem, porém, só se esgota no desdobramento, na por-
menorização, no amplo relato dos fatos.
O salto da notícia para a reportagem se dá no mo-
mento em que é preciso ir além da notificação — em que a
notícia deixa de ser sinônimo de nota — e se situa no deta-
lhamento, no questionamento de causa e efeito, na inter-
pretação e no impacto, adquirindo uma nova dimensão
narrativa e ética. Porque, com essa ampliação de âmbito, a
reportagem atribui à notícia um conteúdo que privilegia a
versão. Se a nota é geralmente a história de uma só versão
[...], a reportagem é, por dever e método, a soma das dife-
rentes versões de um mesmo acontecimento.
[...] É fundamental ouvir todas as versões de um
fato para que a verdade apurada não seja apenas a verdade
que se pensa que é e, sim, a verdade que se demonstra e
tanto que possível se comprova.
Jornal, história e técnica: as técnicas do jornalismo. São Paulo: Ática,
1990.
O ARTIGO DE OPINIÃO é um texto jornalístico
de caráter dissertativo, com assinatura do autor, no
qual ele expressa uma opinião ou comenta um assunto a
partir de determinada posição. É uma modalidade na
qual o articulista geralmente apresenta opiniões, que
refletem apenas a forma como ele compreende e inter-
preta os fatos.
Veja o artigo de opinião, escrito pelo jornalista
Eugênio Bucci, extraído da revista Veja, de 18/09/1996.
No seu programa de Domingo dia 8 [setembro de
1996], o apresentador Fausto Silva colocou em cena o garo-
to Rafael. Logo que o peso-pena pisou no programa. Faus-
tão tentou entrevistá-lo. O menino, com idade mental de
criança que acabou de deixar a fralda, não entendia as per-
guntas. Respondia uma ou outra, com uma voz que parecia
um balbucio. Houve então sessões de piada tendo o garoto
como tema [...]
A apresentação do bizarro na televisão é um recur-
so que dá resultado, sempre deu. O bizarro atrai a atenção
do ser humano quase que por instinto, sem que ele racioci-
ne. [...] Se os telespectadores ficam olhando curiosos, o ibo-
pe do programa sobe. Isso significa sucesso comercial, mais
anúncios, mais faturamento.
Qual é a fronteira, qual a linha divisória entre o
que se pode levar ao ar para atrair mais telespectadores?
“É tênue a linha que divide o que é curioso e o que trans-
forma a curiosidade em algo que ridiculariza uma pessoa”,
arrisca o empresário Sílvio Santos, dono do SBT, uma emis-
sora que não raro transpõe essa linha. [...]
O TEXTO EPISTOLAR é um texto narrativo, es-
crito sob a forma de carta, que se caracteriza por apre-
sentar opiniões, manifestos e discussões, as quais vão
muito além dos meros interesses pessoais ou utilitários.
Texto que combina paixões e apelos subjetivos com o
debate de temas abrangentes e abstratos.
A partir o renascimento, antes do surgimento da
imprensa jornalística, as cartas exerciam a função de in-
formar sobre fatos que ocorriam no mundo. Por isso, as
epístolas de um autor, reunidas, poderiam vir a ser pu-
blicadas devido a seu interesse histórico, literário ou do-
cumental, como no caso das Epístolas de São Paulo (na Bí-
blia), destinadas às comunidades cristãs e das cartas do
padre Antônio Vieira e de Pero Vaz de Caminha.
Na modernidade, com difusão dos meios ele-
trônicos de escrita, o gênero epistolar tem-se reinven-
tado — em outros moldes e estilos, como mensagens de
texto e e-mail, por exemplo.
Leia, abaixo, trechos da Carta de Caminha, escrita
nos primórdios do descobrimento do Brasil, impressa
em 1817 pela imprensa Régia do Rio de Janeiro:
Senhor
Mesmo que o capitão-mor desta vossa frota e tam-
bém

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