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CADERNO COMPLETO INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO (RICARDO MAURÍCIO)

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CADERNO COMPLETO 
INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO 
Índice: 

1. Teoria da Norma Jurídica. 
1.1. Sociedade - conceito e tipologia. 
1.2. Determismo x Liberdade. 
1.3. Controle social e o mundo normativo. 
1.4. Normas como estruturas do “dever-
ser”. 
1.5. Normas técnicas x normas éticas. 
1.6. Tipos de normas éticas. 
2. Direito x Moral. 
2.1. Critérios distintivos. 
3. Teoria dos Círculos Éticos. 
3.1. Círculos concêntricos. 
3.2. Círculos separados. 
3.3. Círculos secantes. 
4. Atributos das Normas Jurídicas. 
4.1. Validade. 
4.2. Vigência. 
4.3. Incidência. 
4.4. Vigor. 
4.5. Eficácia. 
4.6. Legitimidade. 
5. Classificação das Normas Jurídicas. 
5.1. Quanto ao sistema. 
5.2. Quanto a relação de vontade dos 
sujeitos de direito. 
5.3. Quanto a relação das normas entre si. 
5.4. Quanto a sistematização. 
5.5. Quanto a estrutura normativa. 
5.6. Quanto aos graus de aplicabilidade. 
5.7. Quanto aos âmbitos de validade. 
6. Fontes do Direito. 
6.1. Conceito. 
6.2. Monismo x pluralismo jurídico. 
6.3. Tipologias. 
6.4. Espécies de fontes do direito. 
7. Teoria do Ordenamento Jurídico. 
7.1. Conceito. 
7.2. A noção do sistema jurídico. 
7.3. O problema da completude. 
7.4. Lacunas jurídicas - conceito de 
tipologias. 
7.5. Integração do direito. 
7.6. O problema da coerência. 
8. Relação Jurídica. 
8.1. Conceito. 
8.2. Caracteres. 
8.3. Elementos constitutivos. 
9. Escolas do Pensamento Jurídico. 
9.1. Jusnaturalismo. 
9.2. Positivismo Legalista. 
9.3. Historicismo Jurídico. 
9.4. Sociologismo Jurídico. 
9.5. Teoria Pura do Direito. 
9.6. Pós-positivismo Jurídico. 

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TEORIA DA NORMA JURÍDICA 
• Sociedade - conceito e tipologia: 
- “ Ubi societas, Ibi jus.” (Onde há sociedade, há direito.) 
- Entende-se por sociedade o conjunto de indivíduos que apresenta um dado padrão de 
organização e especialização funcional. 
- Existem tanto sociedades humanas quanto sociedade não humanas. 
• Determinismo x liberdade: enquanto as sociedades não humanas são regidas pelo determinismo 
biológico (determinação genética das ações sociais), as sociedades humanas são compostas por 
seres essencialmente livres, capazes de oferecer soluções novas, inéditas e imprevisíveis para os 
problemas da coexistência social. 
• Controle social e o mundo normativo: entende-se por controle social um sistema de modelagem 
comportamental que estabelece os padrões de comportamento socialmente aceitos, promovendo a 
socialização. É composto tanto por instituições (família, escola, Igreja…) quanto por normas 
sociais (normas técnicas x normas éticas). O sistema de controle social permite a unificação 
comportamental e a consequente harmonização das esferas de liberdade individual. 
- Foulcat: microfísica do poder. 
• Normas como estruturas do “dever-ser”: 
- As normas são padrões de comportamento que estabelecem qual deve ser o comportamento 
socialmente aceito e qual dever ser a sanção aplicada de uma infração. 
- O mundo normativo é um mundo ideal que não se confunde com o mundo do ser (mundo real/
concreto). 
• Normas técnicas x normas éticas: 
- Normas técnicas: são normas sociais que regulam a vida humana, tendo em vista a realização de 
fins em detrimento dos meios (otimização de resultados). 
- Normas éticas: disciplinam o comportamento humano, tendo em vista o emprego de meios 
legítimos, pois a ética se preocupa com a dignidade humana e a realização da justiça. 
• Tipos de normas éticas: 
- Etiqueta: tratam de hábitos de decoro ou polidez no trato com as pessoas ou casas. 
❖ Violação: descortesia. 
�2
❖ Punição: sanção difusa (espontânea e plural da opinião pública). 
- Moral: valores relevantes (ex.: 10 mandamentos). 
❖ Violação: imoralidade. 
❖ Punição: sanção difusa mais intensa. 
- Direito: conjunto de normas jurídicas 
❖ Violação: ilicitude. 
❖ Punição: sanção organizada, predefinida e aplicada pelo Estado. 
- Normas éticas variam no tempo e no espaço, espelhando a diversidade cultural, diferentemente 
do que sucede com relação as normas técnicas. 
- Uma mesma conduta humana pode ser regulada por mais de um tipo de norma ética (ex.: 
respeito a vida como norma ao mesmo tempo moral e jurídica). 
- A maioria dos comportamentos humanos são lícitos e somente uma pequena parcela das 
condutas se afigura ilícita. “Tudo que não está juridicamente proibido, está juridicamente 
permitido” (Hans Kelsen) 
- As descortesias e as imoralidades são, na maioria das vezes comportamentos lícitos. 
- Embora direito e moral tenham inúmeros pontos de conexão, nem sempre tratam da mesma 
forma o comportamento humano. 
- Embora caiba ao Estado a aplicação da ordem jurídica e das sanções aos infratores, 
excepcionalmente, o particular pode aplicar sanções aos sujeitos que pratiquem ilicitudes (ex.: 
legítima defesa). 
DIREITO X MORAL 
• Critérios distintivos: 
- Bilateralidade x unilateralidade: afirma-se que o direito é bilateral, pois as normas jurídicas 
disciplinam as relações intersubjetivas, diferentemente das normas morais que regulam o 
comportamento humano em sua dimensão subjetiva. Eis a razão pela qual o dever jurídico pode 
ser exigido institucionalmente por um sujeito em face do outro bem, como o dever moral não se 
revela possível de exigibilidade. 
- Heteronomia x autonomia: o direito é heterônomo, pois os preceitos jurídicos se revelam 
obrigatórios, independentemente da vontade humana. Por sua vez, as normas morais se revelam 
autônomas, pois seus preceitos são escolhidos livremente pelos indivíduos. 
- Exterioridade x interioridade: o direito se revela exterior, pois as normas jurídicas disciplinam 
comportamentos já materializados no mundo dos fatos, enquanto as normas morais regulam a 
consciência individual, independentemente da materialização da conduta humana. 
- Maior x menor coercitividade: o direito costuma ser mais coercitivo que a moral, pois a ordem 
jurídica normativa inspira muito mais medo e temor na mente dos agentes sociais, tendo me vista 
a maior severidade dos sanções jurídicas em face das sanções morais. 
�3
- Maior x menos coatividade: o direito é mais coativo, pois a sanção jurídica impõe um 
constrangimento patrimonial e pessoal mais intenso. 
- Sanção organizada x sanção difusa: a sanção jurídica é organizada, pois está predeterminada, 
além de ser aplicada pelo Estado. Enquanto a sanções morais são difusas, pois brotam de forma 
espontânea e plural da opinião pública. 
TEORIA DOS CÍRCULOS ÉTICOS 
• Círculos concêntricos: 
- Jusnaturalismo 
- A violação do direito é uma violação da moral. A violação da moral não necessariamente é um 
violação do direito. 
 
• Círculos separados: 
- Pós Revolução Francesa. 
- Iluminismo/positivismo. 
- Direito e moral não se confundem. 
�4
• Círculos secantes: 
- Pós-positivista. 
- Direito e moral possuem pontos de convergência e divergência. 
 
 
Moral 
Direito 
ATRIBUTOS DAS NORMAS JURÍDICAS 
• Validade: consiste na adequação vertical de uma norma jurídica inferior com uma norma jurídica 
superior. A validade pode ser formal ou material. 
- Formal: refere-se a possibilidade da norma jurídica superior estabelecer qual deve ser o órgão 
incubido de criar a norma inferior (competência), bem como prescrever os ritos que devem ser 
observados para a criação dessa mesma norma inferior (procedimento). 
- Material: se manifesta toda vez que a norma jurídica superior prescreve o conteúdo da norma 
jurídica inferior. 
• Vigência: consiste no tempo de validade da norma jurídica. Existem normas de vigência 
determinada e vigência indeterminada. 
- Determinada: é estabelecido previamente o término da validade da norma jurídica. Quando se 
finda o prazo de vigência, ocorre o fenômeno da caducidade.�5
- Indeterminada: não é previsto o término de validade da norma jurídica. A norma produz seus 
efeitos até que ocorra o fenômeno da revogação. 
- Revogação: consiste na substituição de uma norma jurídica por outra de igual ou superior 
hierarquia, que trata do mesmo tema de modo diverso. 
❖ Tipos de revogação: 
‣ Total x parcial: será total a revogação toda vez que a nova norma jurídica alterar 
globalmente todos os dispositivos da norma anterior. Será parcial toda vez que o novo 
diploma normativo altera dispositivos específicos do anterior. 
‣ Expressa x tácita: a revogação será expressa quando ocorrer de modo textual. Será 
tácita quando não for expressa, devendo ser identificada a incompatibilidade lógica das 
normas jurídicas. 
❖ OBS: o direito brasileiro prevê quatro tipos de revogação (art. 2º da LINDB) 
❖ Repristinação: consiste na restauração dos efeitos jurídicos de uma norma revogada por 
conta da revogação de sua norma revogado. Trata-se de um fenômeno normativo raro, 
previsto no direito brasileiro. Admiti-se apenas repristinação expressa no Brasil (art. 2º da 
LINDB). 
- Incidência: é a relação entre o momento de publicação de uma norma jurídica e o momento de 
início de sua vigência. 
❖ Imediata: quando houver coincidência dos momentos de publicação e início de vigência. 
❖ Mediata: quando for previsto um prazo de vacatio legis (tempo de adaptação a nova 
norma). 
• Vigor: é a força vinculante de uma norma jurídica. Trata-se da capacidade da norma jurídica de 
conectar-se aos fatos ocorridos durante a sua vigência. 
- Não se confunde com a vigência, pois uma norma jurídica pode estar em vigor para uma dada 
situação social, mesmo não estando mais vigente. 
- O vigor traduz os princípios da segurança jurídica, da irretroatividade das leis e do tempus regit 
actum. 
- Excessões: a sistemática do vigor compreende, toda via, algumas importantes excessões no 
direito penal, no direito do trabalho, no direito tributário e no direito do consumidor; a retroação 
da lei, quanto esta é mais benéfica ao réu. 
• Eficácia: trata-se da possibilidade concreta de produção de efeitos jurídicos. Existem dois tipos de 
eficácia; a técnica (aplicabilidade) e social (efetividade). 
- Técnica: será aplicável a norma jurídica quando ela não necessitar da produção de outra norma 
jurídica para a produção de seus efeitos. 
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- Social: consiste na adequação fática de uma norma jurídica, toda vez que, os preceitos 
normativos são observados pelos agentes sociais (ex.: a observância do código de trânsito 
brasileiro em Brasília). 
• Legitimidade: é a adequação valorativa de uma norma jurídica que traduz o consenso da maioria 
de uma comunidade humana, em dado contexto histórico-cutural a cerca da justiça dos preceitos 
normativos. 
- OBS: efetividade NÃO gera legitimidade. 
CLASSIFICAÇÃO DAS NORMAS JURÍDICAS 
• Quanto ao sistema: 
- Normas de direito estrangeiro: são aquelas normas jurídicas produzidas fora dos limites de um 
dado Estado soberano. Elas compreendem as normas de direito internacional clássico, baseadas 
no princípio da soberania e as normas do direito comunitário, baseadas na ideia da supra 
nacionalidade e na possibilidade de aplicação direta e imediata de seus preceitos em território 
nacional. 
- Normas de direito interno: são aquelas normas jurídicas criadas dentro dos limites de um dado 
Estado nacional (ex.: CF/88). 
• Quanto a relação de vontade dos sujeitos de direito: 
- Normas cogentes: são as normas cujos preceitos são obrigatórios e independentes da vontade 
dos seus destinatários. 
- Normas dispositivas: são as normas cujos preceitos administrem a modulação de seu efeito pela 
vontade do destinatário (ex.: normas do código civil que tratam dos regimes patrimoniais do 
casamento). 
• Quanto a relação das normas entre si: 
- Normas primárias: são aquelas que se dirigem diretamente aos comportamentos humanos, seja 
para proibir, seja para permitir uma dada conduta (ex.: art. 121 do código penal brasileiro). 
- Normas secundárias: são aquelas normas que tratam do modo de criação, interpretação e 
aplicação das normas primárias. São normas que tratam de outras normas, atingindo só 
indiretamente o comportamento humano (ex.: art. 1 da LINDB). 
• Quanto a sistematização legal: 
- Normas codificadas: são normas que pertencem a códigos. Leis dotadas de de grande 
generalidade e de alto grau de coerência interna. O séc. XIX e a primeira metade do séc. XX 
constituem a era das codificações. 
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- Normas consolidadas: são normas que pertencem as consolidações. Leis com menor grau de 
generalidade e de coerência quando comparadas aos códigos e que surgem de um material 
legislativo pré-existente (ex.: consolidação das leis do trabalho e das leis civis no Brasil). 
- Normas extravagantes: são as normas que tratam de temas e destinatários específicos, 
formando os chamados micro sistemas legislativos (ex.: ECA, Lei Maria da Penha, Estatuto do 
Idoso,…). 
• Quanto a estrutura normativa: 
- Regras: são normas que descrevem situações específicas e determinadas, estabelecendo 
previamente as consequências jurídicas para o aplicador do direito. O papel das regras é oferecer 
marcos de segurança e previsibilidade para as relações sociais. Até a II Guerra Mundial, as 
normas jurídicas eram formuladas quase exclusivamente através das estruturas fechadas das 
regras, soba influência do positivismo (ex.: art. 18, § 1, CF/88). 
- Princípios: são normas dotadas de estrutura aberta que apontam para a realização dos valores e 
fins da ordem jurídica. Potencializam a realização da justiça ao possibilitar a aproximação do 
direito com a moral. Após a II Guerra Mundial, as normas jurídicas passaram a ser formuladas 
através de princípios, sob a influência do pós-positivismo (ex.: art 1, III, CF/88 - princípio da 
dignidade da pessoa humana). 
• Quanto aos graus de aplicabilidade: 
- Normas de aplicabilidade plena: são aquelas normas jurídicas cuja produção de efeitos 
independe de outra norma jurídica (ex.: art. 13, CF/88 - a língua portuguesa é o idioma oficial do 
Brasil). 
- Normas de aplicabilidade limitada: são aquelas normas jurídicas cuja produção de efeitos 
depende da criação de outras normas (ex.: art. 153, VIII, CF/88 - “Compete à União instituir 
impostos sobre…). 
- Normas de aplicabilidade contida ou restringível: são aquelas normas jurídicas que produzem 
amplos efeitos num primeiro momento, mas admite a criação de uma segunda norma para 
restringir os efeitos originais (ex.: art. 5, XIII, CF/88 - “É o livre exercício…). 
- Normas de aplicabilidade exaurida: são aquelas normas jurídicas cujos efeitos já se 
consumaram no tempo (ex.: art.2, ADCT, CF/88 - “No dia 7 de setembro de 1993, o eleitorado 
definirá, através de plebiscito…). 
• Quanto aos âmbitos de validade: 
- Validade espacial: 
❖ Normas gerais: normas que alcançam todo o território de um dado Estado soberano (ex.: 
CF/88). 
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❖ Normas especiais: normas que alcançam parcelas do território de um determinado Estado 
soberano. 
- Validade pessoal: 
❖ Normas individualizadas: normas que alcançam destinatários definidos (ex.: contratos). 
❖ Normas genéricas: normas que alcançam destinatários indefinidos (ex.: CF/88). 
- Validade material: 
❖ Normas de direito público: normas que regulam a relação entre o Estado e os cidadãos, 
bem como a relação entre os órgãos estatais, tendo em vista a primazia do princípio da 
supremacia do interesse da coletividade, são geralmente normas congentes (ex.: direito 
administrativo, direito tributário,…). 
❖ Normas de direito privado: normas que regulam relações entre os particulares, tendo em 
vista a primazia da princípios da liberdade de da autonomia da vontade. A maioria são 
normas dispositivas (ex.: contratos, normas de direito civil, direito comercial,…).‣ OBS: verifica-se atualmente, um processo convergente de publização do direito privado 
e de privatização do direito público. No primeiro aspecto, verifica-se a possibilidade da 
criação de empresas estatais e da criação de leis para proteção de grupos ou agentes 
privados mais vulneráveis. No segundo aspecto, verifica-se toda vez que os particulares 
são chamados para prestar serviços públicos, a partir de instrumentos de autorização e 
delegação do Estado. 
- Validade temporal: 
❖ Vigência: determinada x indeterminada 
❖ Incidência: imediata x mediata 
❖ Retroatividade: normas retroativas x normas irretroativas. 
‣ Normas irretroativas: são aquelas normas jurídicas cuja produção de efeitos alcançam 
as situações do presente e do futuro, não atingindo os acontecimentos ocorridos no 
passado, em homenagem aos princípios de segurança jurídica e do “tempus rege actum”. 
Sendo assim a lei, ou qualquer outra norma jurídica não pode se alterar situações 
ocorridas no passado e já consolidadas. 
✤ Direito adquirido: é aquele direito que já está integrado ao patrimônio do titular. 
✤ Ato jurídico perfeito: é aquele ato jurídico que se aperfeiçoa por ter observado os 
requisitos previstos em lei, na época que foi celebrado. 
✤ Coisa julgada: é uma situação consolidada a partir do instante que uma decisão 
judicial se torna irrecorrível por não caber mais nenhum tipo de recurso. 
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FONTES DO DIREITO 
• Conceito: são os diversos modos de manifestação da normatividade jurídica, que surgem a partir da 
realidade social. Estudar as fontes do Direito consiste em buscar a origem ou nascedouro do 
fenômeno jurídico. 
• Monismo x Pluralismo Jurídico: na teoria das fontes do Direito existe um grande debate. De um 
lado, os monistas defendem a ideia de que o Direito seria o produto do Estado (visão do 
positivismo jurídico), após a II Guerra Mundial ergueu-se um novo paradigma de natureza 
pluralista que consagrou a convivência do Direito estatal e o Direito não-estatal (visão pós-
positivista jurídico). A luz do pluralismo jurídico a relação entre Direito estatal e Direito não-estatal 
seria marcada por pontos de convergência e de divergência havendo assim uma dialética. 
Atualmente no mundo ocidental, não se pode negar a existência do paradigma pluralista, com certa 
primazia das fontes estatais do Direito. 
• Tipologias: 
- Fontes materiais: são aqueles elementos econômicos, políticos e ideológicos que oferecem a 
matéria-prima para a criação das normas jurídicas. (ex.: fenômeno da violência domestica como 
fonte material do Direito expresso na lei Maria da Penha). 
- Fontes formais: são as normas jurídicas propriamente ditas, que surgem para positivar as fontes 
materiais do Direito. Elas podem ser estatais, quando se originam do Estado (legislativo, 
executivo e judiciário), e não-estatais, quando derivam dos diversos polos do poder social. 
• Espécies de fontes do direito: 
- Legislação: trata-se de uma fonte formal estatal que compreende todas aquelas espécies 
normativas qualificadas como leis. Entende-se por lei o conjunto de normas escritas genéricas, 
abstratas e de origem predominantemente parlamentar que disciplinam as relações sociais. A lei 
se apresenta como a principal fonte jurídica dos sistemas de tradição romano-germânica (CIVIL 
LAW). (ex.: código civil de 2002). 
- Jurisprudência: trata-se da repetição de julgamentos no mesmo sentido, formando um padrão 
interpretativo que poderá inspirar futuras decisões judiciais. Ela é, portanto, uma fonte formal 
estatal que brota diretamente do poder judiciário . Trata-se da mais importante fonte jurídica nos 
sistemas de inspiração anglo-americana (COMMON LAW). Embora a jurisprudência seja uma 
fonte mais importante nos sistemas de common law, ela vem adquirindo grande relevância no 
sistema de civil law, inclusive no Direito brasileiro ("commonização" do Direito). No Brasil, 
essa tendência se reforçou a partir da CF/88 e , sobretudo, após a criação do novo código de 
processo civil de 2015 (teoria dos precedentes). A jurisprudência é considerada uma fonte capaz 
de permitir uma adaptação do Direito a realidade social, permitindo o reconhecimento de novos 
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direitos, inclusive no Brasil. (ex.: guarda compartilhada, direito trans, união homoafetiva, 
alimentos gravídicos, aborto de fetos anencéfalos, etc.). 
- Súmulas: são enunciados interpretativos que sintetizam a jurisprudência acumulada dos 
tribunais. Existem dois tipo de súmulas; as súmulas persuasivas (não-obrigatórias) e as súmulas 
vinculantes (obrigatórias). No Direito brasileiro quaisquer tribunais podem elaborar súmulas 
persuasivas. Por sua vez, somente o STF pode editar súmulas vinculantes (ex.: emenda 
constitucional Nº45/2004). 
❖ Balanço crítico das Súmulas Vinculantes: 
‣ Vantagens: realiza o princípio da segurança jurídica, o princípio da igualdade (isonomia 
decisória, o princípio da economia processual e permite a realização do princípio da 
celeridade processual. 
‣ Desvantagens: petrifica e imobiliza a interpretação jurídica, bloqueando o avanço da 
jurisprudência. Hipertrofia o poder judiciário, tornando uma espécie de poder legislativo 
(ofensa ao princípio da separação dos poderes). Viola o direito fundamental de recorrer 
de uma decisão contraria (princípio do duplo grau de jurisdição. A celeridade da 
prestação jurisdicional não é o sinônimo de realização da justiça. 
- Doutrina: trata-se do conjunto de obras, estudos e pesquisas elaboradas pelos grandes estudiosos 
do Direito. Ela oferece argumentos de autoridade intelectual que podem ser utilizados na 
elaboração de leis, decisões judiciais e atos administrativos. 
- Negócio Jurídico: é todo e qualquer conjunto de declarações de vontade, bilaterais ou 
unilaterais, escritas ou não escritas, que disciplinam as relações entre particulares (ex.: contratos 
e testamentos). 
- Costume Jurídico: é aquele conjunto de práticas sociais repetidas que cria normas não escritas 
capazes de estabelecer direitos e deveres jurídicos de modo bilateral. Os costumes jurídicos são 
mais frequentes nos sistemas de common law (ex.: o cheque pré-datado no Direito comercial 
brasileiro // a constituição inglesa.) 
- Poder Normativo dos Grupos Sociais: é aquele poder de criar micro ordenamentos jurídicos, 
no âmbito de determinadas instituições (ex.: regulamento de empresas e convenções 
condominiais). 
TEORIA DO ORDENAMENTO JURÍDICO 
• Conceito: trata-se da parte da Teoria Geral do direito que examina a possibilidade [do direito] ser 
concebido e aplicado como um sistema. Em todo o campo do conhecimento humano, verifica-se a 
utilização de sistemas: construções racionais do intelecto humano que permite ordenar uma 
realidade complexa e caótica. 
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• A noção do sistema jurídico: no âmbito da teoria do direito, muitas formulações de sistema foram 
oferecidas. Ainda hoje a proposta de sistema jurídico que melhor atende as necessidades da 
comunidade jurídica é aquela oferecida por Hans Kelsen: a pirâmide normativa estruturada através 
de laços de validade. Indubitavelmente a proposta piramidal se revela extremamente didática e útil 
para o jurista, não obstante revele fragilidades. Dentre elas destacam-se a ausência dos costumes 
jurídicos e o papel tímido conferido a jurisprudência (inadequação ao common law). 
• O problema da completude - lacunas jurídicas e a integração do direito: o problema da 
completude consiste na exigência racional de que o sistema jurídico possa oferecer respostas para 
todos os problemas da vida social. Nesse sentido, duas grandes correntes se revelam possíveis; De 
um lado, nós encontramos os defensores da completude e, consequentemente, da inexistência de 
lacunas (visão positivista). De outro lado, nós encontramos os defensores da incompletude do 
sistema jurídico e da consequente existência de lacunas (visão pós-positivista). 
- Argumentosem prol da completude: 
❖ O direito seria completo pois prevaleceria o raciocínio lógico de que "tudo que não esta 
juridicamente proibido, esta juridicamente permitido" (Hans Kelsen). 
❖ O direito é completo porque a maioria das legislações prevê instrumentos de integração do 
direito (analogia, princípios gerais do direito, costumes e equidade). 
❖ O direito seria completo pois o julgador esta sempre obrigado a decidir, mesmo diante de 
casos complexos e inéditos, sendo portanto a decisão judicial a resposta normativa uma 
dada situação social. 
- Argumentos em prol da incompletude: 
❖ O direito é incompleto porque a sociedade se transformaria sempre num ritmo mais célere 
que a ordem jurídica, surgindo assim os espaços para as lacunas. 
❖ O direito seria incompleto pois a previsão dos instrumentos de integração reforça a ideia da 
existência de lacunas. 
❖ O direito seria incompleto pois a perfeição racional da ordem jurídica só seria atingida 
através de um legislador dotado de conhecimento oracular. 
- Embora não seja algo unânime, entendemos que o direito é incompleto, pois as lacunas jurídicas 
fazem parte do cotidiano forense. 
• Lacunas jurídicas - conceito e tipologias: 
- Entende-se por lacuna jurídica qualquer imperfeição que compromete a completude normativa 
fática e valorativa da experiência jurídica. 
- Existem 3 tipos de lacunas: 
❖ Lacunas normativas: ocorrem toda vez que inexiste norma capaz de regular diretamente 
uma dada situação social (ex.: ausência de lei que regule o modo de exploração da 
inteligência artificial no mundo econômico). 
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❖ Lacunas fáticas: ocorrem toda vez que a norma jurídica vigente não se revela capaz de 
atender as exigências da realidade social (perda de efetividade) (ex.:prática do jogo do 
bicho e a lei das contradições penais). 
❖ Lacunas Valorativas (ou Axiológicas): consiste na perda da legitimidade de uma norma 
jurídica vigente, que deixa de ser considerada justa pelo grupo social num dado contexto 
histórico-cultural. (ex.: a obrigatoriedade do voto no Brasil, art. 14 CF/88). 
• Integração do direito: 
- A integração do direito nada mais é do que o processo de preenchimento das lacunas jurídicas, 
que procura restaurar a completude da ordem jurídica. 
- Existem 4 mecanismos de integração, que podem ser usados de modo isolado ou em conjunto. O 
direito brasileiro os prevê em diversas leis: LINDB, código civil, código de processo civil, etc. 
❖ Analogia: trata-se da aplicação de norma jurídica que trata de determinadas situações 
sociais para outras situações sociais semelhantes que não estão reguladas de modo expresso 
pela normatividade jurídica (ex.: aplicação das normas sobre habeas corpus e legislação 
ambiental em face dos presos políticos + AI-5). 
❖ Costumes Jurídicos: são práticas sociais repetidas que oferecem elementos para a 
integração das lacunas jurídicas (ex.: a possibilidade de interpretação dos contratos com 
base nos usos e costumes do lugar). 
❖ Princípios Gerais do direito: são normas que aproximam o direito da moral, 
potencializando a realização da justiça (ex.: aplicação do princípio da insignificância penal 
nos chamados crimes de bagatela). 
❖ Equidade: é a aplicação do juízo de justiça do aplicador do direito diante de uma caso 
concreto na fronteira do direito com a subjetividade moral. 
• O problema da coerência - antinomias jurídicas e os critérios de solução: trata-se da exigência 
racional de que o sistema jurídico não apresente contradições ou ofereça mecanismos para a 
correção desses conflitos normativos. Denomina-se de antinomia jurídica o conflito entre normas 
que permitem e normas que proíbem um dado comportamento humano. 
- Critérios de solução das antinomias jurídicas: existem 4 critérios de solução das antinomias 
(Hierárquico, cronológico, especialidade e a ponderação de bens e interesses). Os três primeiros 
são usados no conflito entre regras, enquanto que o último, a ponderação de bens e interesses, é 
utilizado para o conflito entre princípios jurídicos. 
❖ Critério hierárquico: havendo conflito entre uma norma jurídica superior e uma norma 
jurídica inferior prevalece a norma jurídica superior. (Ex.: o princípio constitucional da 
igualdade prevalece sobre editais de concurso público que discriminam candidatos com 
tatuagem). 
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❖ Critério cronológico: havendo conflito entre norma jurídica posterior e norma jurídica 
anterior, ambas da mesma hierarquia, prevalece a norma jurídica posterior. (Ex.: o código 
civil/1916, o código de defesa do consumidor/1990 e os contratos de consumo). 
❖ Critério da especialidade: havendo conflito entre uma norma jurídica geral e uma norma 
jurídica especial, ambas de mesma hierarquia, prevalece a norma jurídica especial. (Ex.: 
código de defesa do consumidor, estatuto do idoso e o direito ao transporte público). 
‣ OBS.: denomina-se antinomia de segundo grau o conflito entre uma norma jurídica 
anterior e especial com uma norma jurídica posterior e geral, sendo ambas da mesma 
hierarquia. Nessa hipótese, verifica-se contradição entre o critério da especialidade e 
o critério cronológico, não havendo uma única resposta correta para a situação. 
❖ Ponderação de bens e interesses: trata-se de técnica hermenêutica utilizada para a solução 
dos conflitos entre princípios constitucionais, tendo em vista a impossibilidade de 
utilização dos critérios tradicionais. Ponderar significa estabelecer uma relação de 
prioridade concreta entre os princípios em disputa, a partir de uma investigação zetética 
dos fatos e valores envolvidos no caso concreto. (Ex.: conflito em relação aos princípios de 
igualdade e de liberdade religiosa em face dos candidatos adventistas dos concursos 
públicos. 
RELAÇÃO JURÍDICA 
• Conceito: trata-se do vínculo intersubjetivo que surge a partir da materialização de uma hipótese 
normativa no mundo dos fatos, polarizando de um lado o sujeito ativo titular de um direito 
subjetivo, e de outro lado, um sujeito passivo obrigado ao cumprimento de um dever jurídico, bem 
como é o nexo intersubjetivo que justifica a aplicação de uma sanção jurídica ao infrator que 
pratica uma ilicitude. 
• Caracteres: a relação jurídica se caracteriza pela sua exterioridade e pela bilateralidade. 
- Exterior: porque pressupõe comportamentos materializados no mundo concreto. 
- Bilateral: porque pressupõe a interação de comportamentos humanos. 
• Elementos Constituvos: 
- Fato Jurídico: trata-se de todo e qualquer acontecimento, natural ou humano que produz 
consequências no mundo do direito. 
❖ Denomina-se fato jurídico stricto senso o acontecimento natural (que independe da 
vontade) que produz efeitos jurídicos (Ex.: a passagem do tempo e a morte natural). 
❖ Denomina-se ato jurídico o acontecimento humano que produz efeitos jurídicos (Ex.: 
contratos e testamentos). 
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- Sujeitos de Direito: são todos aqueles entes que integram os polos ativo e passivo da relação 
jurídica. Compreendem tanto entes personalizados (pessoas físicas e jurídicas), quanto entes 
despersonalizados. 
❖ Pessoa: [no mundo do direito] é a aptidão genérica de interagir socialmente através do 
exercício de direitos e no cumprimento de deveres. As pessoas naturais são aquelas que 
apresentam existência corpórea (ex.: Fernando Henrique Cardoso, etc). Por sua vez, as 
pessoas jurídicas são entes dotados de existência ficta, não corpórea. Podem ser pessoas 
jurídicas de direito público (ex.: ONU, Brasil, Bahia, Salvador, etc.) ou pessoas jurídicas 
de direito privado (ex.: associações civis e sociedades comerciais). 
‣ Não se pode confundir a personalidade fisíca com a personalidade jurídica, pois esses 
entes apresentam direitos e deveres distintos. Admite-se, contudo, de modo excepcional, 
a aplicação da chamada teoria da desconsideração da pessoa jurídica, para evitar 
fraudes trabalhistasprevidenciárias, tributárias, administrativas e comerciais. 
❖ Os entes despersonalizados por sua vez, não são considerados pessoas, em face da 
impossibilidade de interagir socialmente, mas titulariza direitos e cumpre obrigações 
através de seus representantes legais (ex.: o nascituro). 
‣ Atualmente, discute-se muito sobre a possibilidade do surgimento de novos entes 
despersonalizados (ex.: animais e seres dotados de inteligência artificial). 
- Direito Subjetivo: consiste no conjunto de faculdades conferidas ao sujeito ativo de uma relação 
jurídica (ex.: o direito de propriedade e as faculdades de usar, gozar, dispor e reaver um bem). 
❖ O objeto do direito subjetivo é o cumprimento de um dever jurídico correlato (ex.: dever 
jurídico de propriedade em face do dever jurídico de respeito à propriedade). 
❖ A ciência jurídica costuma diferenciar direito subjetivo (facultas agendi) do direito objetivo 
(norma agendi). 
❖ Ao longo da evolução do pensamento jurídico, muitas foram as teorias oferecidas para 
fundamentar o Direito subjetivo: 
‣ Teoria da Vontade: o fundamento dos direitos seria a vontade humana, ou seja, por trás de 
direitos como o da propriedade, havia a vontade do homem. 
‣ Teoria do Interesse: o fundamento dos direitos subjetivos seria o nexo intencional do 
sujeito para com os bens do mercado. 
‣ Teoria Eclética: o fundamento dos direitos subjetivos seria a vontade e o interesse. 
‣ Teoria JusNaturalista: o fundamento dos direitos seria uma ideia imutável e absoluta de 
justiça. 
‣ Teoria da Proteção Processual: o fundamento dos direitos seria a possibilidade de garantir 
a proteção de uma pretensão pela via da ação judicial. 
‣ Teoria Existencialista: o fundamento do direito seria a liberdade humana. 
‣ Teoria Normativista: o fundamento do direito subjetivo seria a norma jurídica (direito 
objetivo). 
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❖ Tipologias de Direito Subjetivo: 
‣ Direitos patrimoniais x direitos extra-patrimoniais: 
✤ Patrimoniais: são aqueles que possuem conteúdo econômico (ex.: direito de 
propriedade privada). 
✤ Extra-patrimoniais: são aqueles direitos que não apresentam conteúdo econômico 
(ex.: direito a vida, a privacidade, etc.) 
‣ Direitos absolutos x direitos relativos: 
✤ Absolutos: são direitos exercidos perante a totalidade da comunidade jurídica, 
impondo uma obrigação negativa de não fazer. 
✤ Relativos: é aquele direito subjetivo exercido perante um sujeito passaivo 
determinado, pois impõe-se uma obrigação positiva (ex.: direito de crédito 
trabalhista). 
‣ Direito público x direito privado: 
✤ Público: é aquele direito exercido na âmbito de uma relação entre o Estado e os 
cidadãos (ex.: direito de crédito tributário do poder público contra o contribuinte). 
✤ Privado: é aquele direito exercido no âmbito de relações entre os particulares (ex.: 
direito de crédito comercial). 
- Dever Jurídico: consiste no conjunto de obrigações assumidas pelo sujeito passivo de uma 
relação jurídica. Elas podem ser: 
❖ Obrigação de fazer: consiste na realização de uma conduta positiva (ex.: prestação de um 
serviço). 
❖ Obrigação de não-fazer: consiste na configuração de uma prática de abstenção (ex.: 
preservação da confidencialidade contratual). 
❖ Obrigação de dar: consiste na obrigação de entrega de um bem (ex.: pagamento de um 
tributo). 
❖ Tipologias de Dever Jurídico: 
‣ Dever instantâneo x dever sucessivo: 
✤ Instantâneo: é aquele dever jurídico que se consuma através de um único ato (ex.: 
pagamento a vista). 
✤ Sucessivo: é aquele dever jurídico que se projeta no tempo, compreendendo assim 
uma sucessão de atos (ex.: pagamento de pensão alimentícia). 
‣ Dever patrimonial x dever extra-patrimonial: 
✤ Patrimonial: é aquele dever jurídico que possui conteúdo econômico (ex.: pagamento 
de um tributo). 
✤ Extra-patrimonial: é aquele dever jurídico que não possui conteúdo econômico (ex.: 
respeito a vida). 
‣ Dever positivo x dever negativo: 
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✤ Positivo: é aquele que compreende uma obrigação de fazer e/ou de dar (ex.: prestação 
de um serviço, pagamento de uma fatura de cartão de crédito, etc). 
✤ Negativo: é aquele que corresponde a uma obrigação de não-fazer (ex.: o respeito a 
privacidade alheia). 
- Ilicitude: trata-se de comportamento positivo (ação humana) ou negativo (omissão humana) que 
viola os preceitos da normatividade jurídica. 
❖ A ilicitude é a mais grave forma de infração ética. 
❖ Ela pode derivar tanto de uma conduta do sujeito ativo, quando ele exerce os seus direitos 
de modo desproporcional (abuso de direito), quanto de uma uma conduta do sujeito 
passivo, quando ele descumpre um dever jurídico (inadiplemento). 
- Sanção Jurídica: trata-se da consequência atribuída ao infrator que pratica uma ilicitude. 
❖ Ela pode contemplar tanto um constrangimento patrimonial, que atinge o patrimônio do 
infrator (ex.: multa de trânsito), como também pode impor um constrangimento pessoal, 
que atinge a figura do infrator (ex.: a privação da liberdade). 
❖ Atualmente, verifica-se uma tendência no sentido da progressiva substituição das sanções 
pessoais pelas sanções patrimoniais. 
❖ Nas sociedades orientais contemporâneas, as sanções jurídicas se revestem de natureza 
organizada. 
ESCOLAS DO PENSAMENTO JURÍDICO 
• Jusnaturalismo: trata-se da doutrina dos direitos naturais; direitos inerentes à condição humana. 
Para o jusnaturalismo, esses direitos naturais seriam dimensões de um código de ética absoluto e 
universal de justiça. Os direitos naturais seriam instâncias superiores ao direito positivo (direito 
criado pelo Estado). 
- Fases do Jusnaturalismo: 
❖ Jusnaturalismo Cosmológico: o fundamento dos direitos naturais seria a harmonia cósmica. 
Essa foi a concepção típica da idade antiga. 
❖ Jusnaturalismo Teológico: o fundamento dos direitos naturais e da ideia de justiça seria a 
vontade divina. Essa foi a concepção típica da idade média. 
❖ Jusnaturalismo Racionalista: consiste na concepção moderna dos direitos naturais. O 
fundamento dos direitos naturais e da justiça seria a razão humana universal. Esse 
movimento inspirou as revoluções liberais burguesas dos séculos XVII e XVIII. 
❖ Jusnaturalismo Cosmopolita ou de Conteúdo Variável: após a WW2, sob o influxo do 
processo de internacionalização dos direitos humanos, o jusnaturalismo renasceu. A noção de 
direitos naturais passou a residir no consenso estabelecido por diversos povos com relação a 
existência de valores universais. 
- Críticas positivas: 
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❖ Teve o mérito de enfrentar o debate sobre o direito e sua relação com a justiça. Esse é um 
ponto indubitavelmente positivo. 
❖ Teve o mérito de desenvolver, ainda que de modo rudimentar, o modelo de sistema 
hierarquizado para as normas jurídicas, a partir da superioridade do direito natural em face do 
direito positivo. 
❖ Teve o mérito de oferecer a matriz ideológica para o discurso dos direitos humanos, sem o 
qual não haveria democracia. 
- Críticas negativas: 
❖ A justiça não pode ser vista como um valor absoluto, pois , em verdade, a noção do justo 
varia no tempo e no espaço (diversidade histórico cultural). 
❖ Confunde validade com legitimidade, pois o direito injusto não deixa de ser direito. 
❖ A noção de direito natural é na verdade vaga, gerando insegurança jurídica e oportunizando 
apropriação político-ideológica. 
• Positivismo Legalista: trata-se de movimento surgido após as revoluções liberais burguesas como 
reação ao jusnaturalismo. A principal expressão do positivismo legalista foi a chamada Escola de 
Exegese, formada pelos comentadores do Código Napoleônico (1804). 
- Teses fundamentais do Positivismo Legalista: 
❖ Identificação do direito com a lei (o direito seria a expressão da lei). 
❖ Defesa do monismo jurídico (origem Estatal direito): o direito seria o produto do Estado. 
❖Neutralização política do poder judiciário (o juiz como a “boca da lei”). 
❖ Propôs a ideia de uma interpretação meramente gramatical ou literal do direito (dura lex, sed 
lex). 
❖ Crença na completude e na coerência do sistema legislativo (ausência de lacunas e antinomia 
jurídicas). 
❖ Separação entre direito e moral (teoria dos círculos éticos separados). 
- Criticas positivas: 
❖ Permitiu um grande avanço cientifico, especialmente no direito civil. 
❖ Permitiu a criação do Estado de direito, limitando o arbítrio dos governantes. 
❖ O respeito à legalidade a segurança jurídica necessária ao capitalismo e à democracia 
representativa. 
- Críticas negativas: 
❖ O direito não se resume à lei, havendo outras fontes jurídicas Estatais e não-Estatais. 
❖ O legislador e a lei não são expressões da perfeição racional, havendo sempre a possibilidade 
de lacunas e antinomias jurídicas. 
❖ A aplicação dogmática da lei pode gerar profundas injustiças. 
• Historicismo Jurídico: trata-se do primeiro grande movimento de contestação do positivismo 
legalista. Essa corrente surgiu na Alemanha, durante o século XIX, a partir dos estudos 
desenvolvidos pelo jurista alemão, Savigny. 
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- Teses fundamentais do Historicismo Jurídico: 
❖ Valorização dos costumes como fonte do direito (os costumes são a expressão do direito vivo 
e concreto). 
❖ Defesa do pluralismo jurídico (produção social do direito). 
❖ Desmistificação da ideia da perfeição racional do legislador. 
❖ Reconhecimento da incompletude do sistema legal (existência de lacunas jurídicas). 
❖ Reconhecimento da existência de um sistema jurídico incoerente (antinomias jurídicas). 
❖ Reconhecimento da possibilidade dos costume contra a lei (costume contra legem): 
acreditam que os costumes podem revogar a lei. 
❖ Valorização do direito romano como fonte para a compreensão dos ordenamentos jurídicos 
ocidentais 
❖ Valorização de uma interpretação histórica do direito (interpretação retrospectiva dos 
antecedentes da norma jurídica). 
- Críticas positivas: 
❖ O historicismo revelou-se acertado pois situou adequadamente o direito na zona dos objetos 
culturais variáveis no tempo e no espaço (recusa ao idealismo). 
❖ Demonstrou a insuficiência do legislador e da lei na regulação da vida social 
(desmistificação). 
❖ Demonstrou que a sociedade pode ser uma protagonista na criação do direito (abertura 
democrática) 
- Críticas negativas: 
❖ O historicismo se vale de uma noção vaga e ilusória do “espírito do povo” (volksgeist), como 
base do direito costumeiro. 
❖ O costume, por ser uma fonte não escrita, traz insegurança jurídica. 
❖ A interpretação histórica pode aprisionar o direito no passado, fechando as possibilidades de 
evolução e atualização da ordem jurídica. 
• Sociologismo Jurídico: trata-se de mais uma corrente de contestação ao positivismo legalista. 
Surgiu no França, durante o séc. XIX, a partir do nascimento da sociologia: ciência geral da 
sociedade. 
- Teses fundamentais do Socialismo Jurídico: 
❖ Tratamento do direito como um conjunto de fatos sociais (mundo do ser). 
❖ Valorização da efetividade como atributo das normas jurídicas (adequação fática dos 
preceitos normativos). 
❖ Afirmação do pluralismo jurídico (produção social do direito). 
❖ Demonstração da insuficiência do legislador e da lei (sistema legislativo imperfeito). 
❖ Reconhecimento da existência de lacunas e antinomias legislativas. 
❖ Valorização da jurisprudência como uma fonte capaz de exprimir o direito mais vivo, 
concreto e ideal. 
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❖ Defesa do método de interpretação sociológica do direito (adaptação do significado 
normativo à nova realidade social). 
- Críticas positivas: 
❖ Teve o mérito de demonstrar a imperfeição racional do legislador e da lei. 
❖ Reconhecimento do protagonismo social na criação do direito. 
❖ A jurisprudência possibilita, realmente, uma atualização progressiva do sistema legislativo. 
- Críticas negativas: 
❖ Confunde validade jurídica com efetividade. 
❖ Os excessos do jurisprudencialismo podem gerar a formação de uma ditadura dos juizes 
(decisionismo judicial). 
❖ A opinião pública pode interferir nos processos decisórios e, consequentemente, 
comprometer a observância dos critérios técnico-científico do direito. 
• Teoria Pura do Direito: trata-se de manifestação refinada do positivismo jurídico (positivismo 
lógico). Tal concepção foi defendida por Hans Kelsen, na primeira metade do séc. XX. 
- Teses fundamentais da Teoria Pura do Direito: 
❖ Afirmação da ciência jurídica como uma ciência normativa (a norma jurídica como objeto do 
direito). 
❖ Afirmação da lógica do dever-ser como a lógica do estudo das normas jurídicas. 
❖ Valorização da validade como atributo principal das normas jurídicas. 
❖ Negação do exame de efetividade e legitimidade da norma jurídica. 
❖ Negação da existência de direitos naturais. 
❖ Constatação da impossibilidade racional do debate sobre a justiça. 
❖ Defesa da separação do direito em face da moral (neutralidade axiológica). 
❖ Defesa da visão piramidal do ordenamento jurídico. 
❖ Reconhecimento da completude e da coerência do sistema jurídico (ausência de lacunas e 
antinomias jurídicas). 
❖ Defesa do monismo jurídico (produção exclusivamente estatal do direito). 
- Críticas positivas: 
❖ Teve o mérito de oferecer uma teoria operacional e extremamente útil para o jurista prático. 
❖ Resgatou a autonomia da ciência jurídica (identidade epistemológica). 
❖ A valorização da dimensão normativa trouxe segurança jurídica. 
- Críticas negativas: 
❖ Não se pode afastar a realidade dos fatos e valores sociais da experiência jurídica. 
❖ A ciência jurídica não pode ser considerada uma ciência ideal e absolutamente objetiva (mito 
da exatidão). 
❖ A separação do direito com a moral possibilitou a utilização do direito como legitimador de 
profundos injustiças. 
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• Pós-Positivismo Jurídico: trata-se de corrente surgida após a II Guerra Mundial, como uma 
reação à Teoria Pura do Direito. Apresenta-se como uma corrente que procura sintetizar as diversas 
teses preconizadas pelas correntes anteriores. 
- Teses fundamentais do Pós-Positivismo Jurídico: 
❖ Reconhecimento do direito como uma experiência normativa fática e valorativa. 
❖ Valorização conjunta dos atributos da validade, efetividade e legitimidade. 
❖ Reconhecimento das regras e dos princípios como tipos de normas jurídicas. 
❖ Reaproximação do direito com a moral (teoria do círculos éticos secantes). 
❖ Valorização dos direitos humanos fundamentais no sistema jurídico. 
❖ Reconhecimento da incompletude do sistema jurídico (lacunas jurídicas). 
❖ Reconhecimento da incoerência do sistema jurídico (antinomias jurídicas). 
❖ Valorização da jurisprudência como fonte do direito. 
❖ Defesa do pluralismo jurídico (produção essencialmente social do direito). 
❖ Valorização da hermenêutica jurídica. 
❖ Valorização da teoria da argumentação jurídica. 
- Críticas positivas: 
❖ Teve o mérito de demonstrar os limites do reducionismo normativista. 
❖ Oportuniza uma visão interdisciplinar do conhecimento jurídico, para possibilitar a apreensão 
dessa realidade social. 
❖ A aplicação dos princípios potencializa a realização da justiça. 
- Críticas negativas: 
❖ Os princípios são normas semanticamente vagas, que trazem sempre um grau de insegurança 
jurídica. 
❖ A valorização da jurisprudência pode gerar a formação de um “governo dos juízes”. 
❖ O ecletismo metodológico do pós-positivismo pode comprometer a autonomia da ciência do 
direito. 
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