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Análise de Políticas Públicas

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Curso: Tecnólogo em Segurança Pública 
Disciplina: Análise de Políticas Púbicas
Conteudista: Marcial A. Garcia Suarez
DI: Fernanda Felix
 Aula 2
 Políticas públicas e sua análise
META
Apresentar uma introdução à análise de políticas públicas.
OBJETIVO
Esperamos que, após o estudo do conteúdo desta aula, você seja capaz de:
Identificar a relação entre soberania, bens públicos e política pública;
Reconhecer os atores e objetivos das políticas públicas;
Descrever o ciclo de elaboração de uma política pública e a classificação das políticas públicas.
PRÉ-REQUISITO
É necessário que você tenha lido a aula anterior e esteja familiarizado com os conceitos de Política e Poder, a fim de compreender por quem as políticas públicas são criadas e qual seu objetivo último, isto é, as políticas direcionadas especificamente para prover e atuar diretamente na solução de problemas político-sociais.
Introdução
Nesta aula, você irá ler sobre a dimensão das políticas públicas e o espaço que ocupa como subárea da ciência política. A nossa trajetória nesta aula tem por objetivo permitir que você compreenda qual o ator político principal na construção das políticas públicas, isto é, o Estado. Quem é o Estado? Essa é uma questão que nos interessa, pois esse ator político é fundamental para nossa leitura. Iremos estudar quando a área de políticas públicas surge e as etapas de desenvolvimento de uma política pública.
1. A Política e as políticas públicas
A partir do momento em que a humanidade toma consciência de que as ações coletivas, ou da sociedade, são mais efetivas que aquelas levadas à frente por indivíduos, parece nascer um espírito público, de uma coletividade. 
Assim, o grupo social passa a definir, por exemplo, aqueles que devem ser tomados por inimigos e a quem devem considerar amigos, que novas propriedades devem adquirir, o quanto são capazes de expandir sua esfera de poder, o que fazer para defender as posses conquistadas; enfim, como assegurar sua existência.
Consequentemente, a institucionalização do poder político diz respeito ao processo que transfere o poder de uma pessoa física a uma instância abstrata, que possui, dentre outros, o mérito de garantir a perpetuação de uma comunidade. 
Um dos autores fundamentais para a definição clássica sobre o poder político e a soberania é Jean Bodin, e sua principal obra é Seis Livros da República, publicado em 1576. O que nos importa nesse autor é a ênfase no caráter indivisível da soberania. Isso irá permitir aos teóricos políticos considerarem a ideia de um Estado soberano, e o Estado é soberano porque pode ou é legitimamente o ator político que pode produzir normas, e, em nosso caso, especificamente, políticas públicas.
1.1 A política estatal: doméstica e internacional
Costuma-se dividir, para fins analíticos, a política estatal, isto é, praticada pelo Estado, em doméstica e internacional. Em termos práticos, as duas estão imbricadas, mas, para fins de análise, propõe-se analisar a política doméstica como aquela intra-estatal, ou seja, que versa apenas sobre questões imediatas da administração pública, tais como orçamento, legislação trabalhista, sistema político, dentre outros.
A política doméstica, a princípio, trata da atividade de governos, relações entre os componentes de comunidades, grupos e governantes, em tese, visando ao bem-estar da sociedade que compõe a unidade. A política doméstica pode ser compreendida como o conjunto de políticas responsáveis pelo andamento do Estado e da comunidade interna ao Estado em todas as suas dimensões, isto é, política, econômica, social, etc.
Por outro lado, as questões de política interna ou doméstica estão se tornando cada vez menos distintas dos assuntos externos da unidade política, a partir do instante em que as economias cruzam as fronteiras dos países. A partir daí, grupos estrangeiros são capazes de interferir em governos, bem como em suas políticas, acabando por exercer influência, inclusive, na qualidade de vida do povo, e este passe a depender do que acontece além dos limites físicos de seu território. Um exemplo disso pode ser visto claramente quando analisamos a economia de um país. No caso do Brasil, temos um ator com uma matriz exportadora de commodities (soja, minérios, etc.); um dos compradores principais é a China. Num cenário no qual a China entre num processo econômico recessivo, o impacto é direto na balança comercial, fazendo o governo tomar medidas tanto externas quanto internas.
No ambiente internacional, em geral, os atores estatais, na maioria das vezes, empenham-se no alcance dos objetivos traçados por determinada unidade política. Em função da inexistência de uma autoridade formal para o gerenciamento das metas traçadas pelos diferentes Estados, a harmonia entre eles pode ser abalada pelo emprego de meios violentos, à medida que os outros protagonistas intervenham em seus interesses. Voltando a Bodin, podemos considerar que cada Estado é uma unidade soberana em si mesma, logo, por definição, um Estado não pode interferir na soberania de outro Estado, isto é, um Estado não pode legislar sobre outro e, se isso ocorrer, o outro deixa de ter ou ser soberano.
<Início do Box explicativo>
A questão da hierarquia no ambiente estatal interno e no internacional
Ao compararmos o ambiente estatal interno e o ambiente internacional, temos que levar em conta que o sistema internacional de Estados, formalmente, é anárquico, isto é, não possui hierarquia formal. 
Todos os Estados, em tese, possuem as mesmas prerrogativas que os demais. Já quando tratamos de sociedades intraestatais (a sociedade brasileira, por exemplo), elas possuem um sistema jurídico que as ordena, sendo assim hierárquicas, já que há um poder estatal que versa sobre a legislação e possui os meios necessários para executá-la.
<fim do Box explicativo>
1.2 A relação entre política e política pública
A partir dessas aproximações, a política pode ser entendida como uma atividade que envolve lutas por autoridade para estabelecer, fazer cumprir e mudar regras, mediante, inclusive, o uso da força, com o objetivo de se conseguir obter comportamentos, por parte dos indivíduos, julgados aceitáveis pela maioria. 
Além de pressupor obediência decorrente de leis ou regras que refletem o modo de vida em comum, a autoridade é um reflexo da convenção estabelecida pelos membros do grupo. 
A política deve apresentar, como característica fundamental, o foco, por parte daqueles que governam, na provisão de bens públicos, em que os custos da produção são pouco afetados pela quantidade de indivíduos que irão consumir tal bem. 
Entendemos como bens públicos aqueles que pertencem à sociedade, como os bens relativos à defesa nacional, à proteção ambiental, à garantia de segurança das pessoas, quer sejam membros da população ou visitantes. Tal característica torna os bens públicos difíceis de serem encontrados no ambiente privado, o que reforça a necessidade de provimento por aqueles que governam. Além disso, cabe ao Estado regular o uso desses bens públicos por meio da soberania exercida na formulação de políticas públicas. 
<atividade>
Atividade 1 - Atende ao objetivo 01
Nossa primeira atividade será para você exercitar a compreensão do que é soberania e o que são bens públicos. A soberania, como pudemos ler até aqui, pode ser traduzida, também, pela capacidade que o Estado possui de criar leis e normas, nesse sentido, normas para gerir, organizar, distribuir os bens públicos. A partir desses conceitos, escreva sobre a relação entre soberania, bens públicos e política pública, e busque na mídia exemplos de exercício de soberania na formulação de políticas públicas.
Diagramação, favor deixar 7 linhas para a resposta do aluno.
Resposta Comentada
O que você deve buscar nesta atividade é a identificação de dois conceitos que tratamos até aqui. O primeiro é o de soberania. Para identificar de maneira preliminar esse conceito,você deve compreendê-lo na sua condição mais básica, isto é: soberania é a capacidade de um ator político (em nosso caso, o Estado) produzir leis e executá-las. O outro conceito são os bens públicos, estes nada mais são do que os bens que pertencem à sociedade: a água de um rio, um hospital, etc. Para regular o uso desses bens públicos, o Estado exerce sua soberania na produção de leis e na sua execução. Exemplos dessa relação podem ser encontrados na mídia, quando lemos sobre ajustes na economia, novas regulações que definem os relacionamentos do Estado, enquanto governo, com as diversas atividades (econômicas, políticas, sociais, culturais, religiosas, etc.), os bens públicos e a sociedade.
//
2. O estudo das políticas públicas
Para muitos pesquisadores, a disciplina acadêmica relacionada ao estudo das políticas públicas surgiu a partir da aproximação das ciências políticas (policy sciences), primeiramente creditada a Harold D. Lasswell, que produziu, entre o final dos anos 1940 e início da década de 1950, o ensaio “The policy orientation”. 
Nesse estudo, a orientação era estritamente focada na aplicação rigorosa das ciências para a análise e interpretação de temas voltados para o governo e para a governança – uma forma de criar uma ciência social aplicada, que atuaria como mediadora entre acadêmicos, agentes governamentais e cidadãos, provendo soluções para problemas que poderiam ser minimizados. O resultado dessa relação seria a produção de políticas públicas direcionadas para a solução de problemas sociais, com públicos-alvo. Um exemplo dessa produção seria o de compreendermos que determinadas políticas passam necessariamente pela reflexão acadêmica e pela aplicação na vida social pelos atores políticos.
O estudo de políticas públicas envolve, além de uma mostra da realidade, o que é o foco de um trabalho acadêmico, a apresentação de recomendações e de alternativas para a solução do problema em questão.
Além disso, na maioria dos casos, envolve uma multidisciplinaridade em suas aproximações: intelectual e prática, uma vez que os problemas políticos, em geral, envolvem componentes múltiplos, podendo abranger várias disciplinas acadêmicas. 
Um exemplo disso pode ser analisado quando pensamos em políticas públicas relacionadas à pacificação de regiões conflagradas. Elas possuem, na sua matriz, não apenas a introdução das forças de segurança pública, mas também outras esferas, como melhorias nas condições de educação, saúde, habitação e trabalho.
O estabelecimento de políticas, às vezes, é função de propósitos particulares – sua elaboração é um processo pelo qual os governos traduzem suas visões políticas em programas e ações que remetem a resultados – mudanças desejáveis no mundo real. 
Nesse sentido, introduzimos o termo “agenda política”, que nada mais é do que o conjunto de ações que norteiam um determinado governo, isto é, foco na educação, foco na segurança pública, foco na produção de postos de trabalho. Em nenhum caso, um governo se dedica exclusivamente a um ponto apenas, mas produz políticas públicas que possam resolver problemas em diversas áreas.
Embora haja escassez de consenso no que diz respeito ao conceito de políticas públicas, elas podem ser entendidas como diretrizes instituídas para fazerem frente a problemas que atinjam um público específico. Têm, portanto, por objetivo, a solução de uma determinada situação, relevante em termos coletivos, que pode ser melhorada, trazendo maior satisfação ou menor insatisfação que a situação vivenciada no momento da emergência do problema. 
Nesse sentido, encontram-se políticas elaboradas e estabelecidas por atores que fazem parte do governo e que podem ter como origem órgãos dos poderes legislativo, executivo ou judiciário. Para transformar diretrizes em ações, alguns dos instrumentos utilizados por governos para atingirem determinado fim fazem com que as políticas públicas assumam a forma de programas, projetos, leis, campanhas publicitárias, inovações tecnológicas ou organizacionais, subsídios governamentais, entre outras. 
<atividade>
Atividade 2 - Atende ao objetivo 2
Nesta atividade, nosso objetivo é que você explore a leitura que acabamos de realizar sobre a origem das políticas públicas e os atores políticos. Nesse sentido, seria importante você compreender qual o espaço que ocupa a teoria das políticas públicas e os agentes políticos principais que criam políticas públicas. Assim, como você apresentaria uma análise das políticas públicas? Quem a faz? Qual é o objetivo?
Para tornar esse conceito mais concreto, acesse o link do Ministério da Justiça e leia sobre as políticas públicas para os grandes eventos (http://portal.mj.gov.br/data/Pages/MJ2D390F59ITEMIDD73FF813264E45C194B3AD10003F183EPTBRIE.htm). A partir dessa leitura, escreva como a segurança pública está compreendida no âmbito dos grandes eventos.
Diagramação, favor deixar 7 linhas para a resposta do aluno.
Resposta Comentada
A ideia desta atividade é que se desenvolva a percepção de que os atores centrais do Estado, os quais estão distribuídos no legislativo, executivo e judiciário, são os principais produtores de políticas públicas. As normas que estes atores criam irão reger a vida pública. 
No site do Ministério da Justiça, você irá encontrar o decreto presidencial que cria a secretaria específica para grandes eventos. Nessa portaria, é possível analisar a distribuição e atribuições dos diversos agentes da segurança pública, bem como cronograma, eventos, etc. Nessa portaria, podemos ler claramente como a criação de uma política pública definiu o papel dos agentes, a identificação do problema, o público-alvo, as diretrizes políticas.
//
3. O ciclo de desenvolvimento de políticas públicas
O ciclo de políticas públicas pode, essencialmente, ser dividido em sete etapas: 
identificação do problema;
formulação de agenda;
possíveis alternativas;
implantação;
avaliação; 
extinção. 
A partir da percepção de que uma situação não é satisfatória, esta pode afetar atores políticos capazes de modificar tal circunstância. Assim, a solução do problema passa a fazer parte de uma agenda, conforme seu grau de importância - o que lhe dará determinada prioridade.
Devem ser traçados objetivos e estratégias, além da previsão das consequências para cada solução possível. Equilibrados os interesses dos atores (policytakers– aqueles a quem se destina a implantação de determinada política e policymakers, com o sentido de legislador ou elaborador das políticas), seguem-se as demais fases, posteriores à implantação. 
O processo decisório mostra a maneira como os governos procuram atingir seus objetivos políticos, mas não as razões por que escolhem tais objetivos. E a compreensão das modificações, no âmbito político, envolve entender a dinâmica que engloba tanto os processos de elaboração como os de implantação das políticas.
Nesse contexto, engloba questões como: em que medida os governos tratam questões de interesse nacional; até que ponto os líderes políticos refletem sobre as políticas governamentais; o que fazem para aprimorar os níveis de eficiência dos processos de decisão, entre outras. 
4. A análise de políticas públicas
Um elemento importante para a análise das políticas públicas são as ambições daqueles que optam por determinadas soluções, e não somente os processos de decisão política, propriamente ditos. Por que os governos adotam determinadas políticas e almejam alcançar certos resultados? Quem se beneficia? São questões fundamentais para se compreender a natureza e os objetivos das políticas públicas.
As análises, em geral, dos processos decisórios explicam como os governos atingem objetivos, mas não as razões ou os motivos que os direcionam a uma decisão, isto é, por exemplo, o conjunto de políticas públicas adotadas para a implantação das Unidades de Polícia Pacificadora – UPPs. Podemos buscar os resultados imediatos, como redução da violência, dispersão de grupos de crime organizado para áreas não conflagradas, ou, por outro lado, podemosanalisar concomitantemente quais as razões para adoção deste tipo de política pública, e não de outra. Isto são formas de pensarmos criticamente sobre como as políticas públicas são adotadas pelos gestores públicos.
Um fator relevante, por exemplo, a ser levado em consideração por aqueles que estudam políticas públicas é a noção de momento crítico, que exprime uma circunstância de modificação ou de transição política e/ou econômica vivida por um ou por mais atores: um legado que conduz aqueles que tomam decisões políticas a optarem por medidas ao longo do tempo, tendo, como pretensão, a manutenção e a reprodução desse legado, o que outorga importância aos acontecimentos históricos. 
Problemas sociais, como a segurança pública, a escassez de água potável nos grandes centros, a deterioração ambiental, a saúde pública e a educação são exemplos que requerem políticas baseadas em dados amplos e fidedignos, cuja análise criteriosa e confiável é capaz de conduzir a decisões racionais, que beneficiarão a sociedade como um todo.
Um exemplo, que serve para ilustrar a análise de políticas públicas, é o artigo de Eliane Maria Monteiro da Fonte, intitulado “As políticas de desenvolvimento rural no Brasil a partir de 1930”, em que a autora examina a gênese e a estruturação no decorrer do tempo dos principais instrumentos utilizados pelo Estado para a promoção do desenvolvimento rural brasileiro desde os anos 1930.
Nesse escrito, a autora mostra a história da intervenção estatal na agricultura brasileira, caracterizada, principalmente, pela priorização da produção voltada para a exportação, com base no latifúndio, o que deixou de lado grande parte da massa de agricultores familiares, calcados na média e pequena propriedades, em um processo de “modernização conservadora” – o desenvolvimento de uma economia agrária capitalista a ser integrada com uma economia urbana e industrial, além de externa. 
Como ação política, destaca-se o subsídio estatal oferecido a grandes proprietários, o que trouxe, entre outras consequências, o benefício a esses atores, além da expansão dos chamados “insumos modernos” (defensivos e fertilizantes químicos), o que contribuiu para a degradação ambiental.
4.1 A classificação de políticas públicas
Uma forma de classificar as políticas públicas é apresentada por meio da tipologia proposta por Theodore J. Lowi, no ano de 1964 – uma maneira para classificar os conteúdos, atores, estilos e instituições, inseridos nos processos de política pública, que se baseia no impacto exercido por determinada política sobre a sociedade.
Segundo o autor, elas podem ser classificadas em quatro tipos: 
regulatórias – que fixam padrões de comportamento, serviços ou produtos para atores públicos e privados. Por exemplo, como problema público, os altos níveis de acidentes envolvendo motociclistas em centros urbanos e as consequências para o Estado, devido à gravidade dos ferimentos causados, A solução poderia advir da instituição de uma lei que obrigue os condutores a utilizarem capacetes e vestimentas adequadas, desde que essas medidas fossem observadas como principais redutoras do problema em questão;
distributivas – que produzem benefícios a determinados grupos de atores, embora gerem custos dispersos entre toda a sociedade. Como exemplo, a necessidade de geração de emprego e de renda, que poderia gerar um programa de crédito a baixo custo a ser oferecido a empreendedores menos favorecidos, que desejassem montar seus próprios negócios; 
redistributivas – que beneficiam alguns grupos de atores enquanto os custos recaem sobre outras categorias de atores. Para combater a concentração de renda, a criação de um imposto sobre grandes fortunas para programas de distribuição de renda para famílias menos favorecidas; 
constitutivas – cuja finalidade é a definição de competências, jurisdições e regras, o que é capaz de auxiliar na análise, por exemplo, do ambiente político interno de uma unidade. Com a finalidade de minimizar a “falta de ordem” no cenário político brasileiro, envolvendo os partidos e a infidelidade partidária, lei que obrigue os partidos políticos a selecionarem seus candidatos, apresentando listas definitivas aos eleitores até determinada data.
No livro “Políticas Públicas: conceitos, esquemas de análise, casos práticos”, o autor, Leonardo Secchi, identifica, além da tipologia desenvolvida por Theodore J. Lowi, outros esquemas analíticos (tipologias) ou formas de classificação de conteúdos abarcados em um processo de política pública.
A seguir, são exibidos extratos desses tipos, como forma de ilustração:
O modelo, formulado por James Quinn Wilson, corrobora a tipologia estabelecida por Lowi, complementando-a, ao adotar o critério da distribuição de custos e de benefícios de determinada política pública pelos membros da sociedade.
O principal diferencial entre as tipologias desenvolvidas por Lowi e Wilson parece repousar nas ditas políticas empreendedoras, que implicam benefícios coletivos, enquanto os custos recaem sobre determinadas camadas da sociedade. A título de ilustração, cita leis que tornam ilegais os jogos de azar. Ressalta, ainda, as políticas majoritárias nas quais tanto custos como benefícios são distribuídos pela coletividade, como os serviços públicos voltados para a saúde, educação, segurança, defesa nacional e infraestrutura, entre outros.
William T. Gormley fundamenta sua análise, essencialmente, no que denomina saliência – um assunto que afete uma grande quantidade de pessoas de maneira significativa, e pela complexidade envolvida na solução dos problemas. 
O critério adotado por Gunnel Gustafsson abrange o conhecimento e a intenção daqueles que elaboram políticas (policymakers). Envolve o conhecimento dos problemas públicos e o estímulo que os governantes têm para solucioná-los.
Por sua vez, de acordo com Barry Bozeman e Sanjay Pandley, uma forma para discernir as políticas públicas abarca a investigação dos conteúdos técnicos (políticas públicas sobre a gestão financeira como a elaboração e controle orçamentários) e o político (custos e benefícios oferecidos às diferentes camadas sociais).
O analista de políticas públicas pode escolher uma tipologia já existente ou optar pela criação de um modelo, desde que haja critério e abrangência na seleção das variáveis a serem utilizadas e não haja com vício de análise – condutas que podem levar à não- veracidade dos fatos e ao não-retrato da realidade investigada.
A apresentação dos conceitos e aproximações, anteriormente exibidos, não tem a menor pretensão de esgotar o assunto. Existe vasta literatura que aborda questões ligadas às políticas públicas e à forma como analisá-las. Cabe, portanto, ao pesquisador aprofundar seus estudos e ganhar expertise na temática ora abordada. 
Na sequência de nossas aulas, iremos adotar a tipologia de Lowi, por ser mais direta, no que tange à análise das políticas públicas. Essa escolha é meramente instrumental, para atender nosso objetivo neste curso, isto é, que você tenha acesso a uma leitura clara e específica, sem, no entanto, desconsiderar a complexidade da área de políticas públicas.
<atividade>
Atividade 3 – atende ao objetivo 3 
Em nossa última atividade, iremos analisar uma política pública, tentando identificar seu ciclo de criação e o tipo de política, seguindo a tipologia de Lowi. Para tanto, você deve acessar o seguinte link: (http://www.upprj.com/index.php/faq), onde você poderá ler as informações necessárias para responder às questões.
Diagramação, favor deixar 7 linhas para a resposta do aluno.
Resposta Comentada
A proposta da questão é que você seja capaz de identificar, na leitura do site e de suas páginas (o que é, histórico, etc.): o problema; formulação de agenda; possíveis alternativas; implantação; avaliação e extinção. Em seguida você irá, com base na tipologia de Lowi, classificar a política de segurança pública definida como Unidades de Políticas Pacificadoras. Nesse sentido, a análise levará em conta a identificação de cadaetapa, seu histórico e o problema em questão. Num segundo momento, você deverá analisar se é uma política pública regulatória, distributiva, redistributiva ou constitutiva. No caso específico, o tipo de política de segurança pública é regulatória.
<fim da atividade>
Resumo
Nesta aula, você teve uma introdução ao tema central de nosso curso: as políticas públicas e algumas aproximações teóricas. Foi importante ler e analisar o espaço que a teoria da política pública ocupa no interior da área da Ciência Política. Pudemos estudar também o ciclo básico que estrutura um processo decisório em políticas públicas. Num último momento, estudamos alguns autores e focamos uma aproximação específica, que entende as políticas públicas em quatro tipos estabelecidos por Lowi (distributivas, redistributivas, regulatórias e constitutivas). A partir dessa leitura, você será capaz de identificar, de maneira ainda inicial, as principais linhas de abordagem da teoria de políticas públicas.
Referências 
BARDACH, Eugene. Policy Dynamics. In MORAN, Michael; REIN, Martin and GOODIN, Robert E. (Editors). The Oxford Handbook of Public Policy. New York: Oxford University Press, 2008.
BOZEMAN, B. e PANDLEY, S. K. Public management decision making: effects of decision content. Public Administration Review, v.64, n.5, p. 553-565, 2004. In SECCHI, Leonardo. Políticas Públicas: conceitos, esquemas de análise, casos práticos. São Paulo: Cengage Learning, 2010
DELEON, Peter. The Historical roots ofthefield. In MORAN, Michael; REIN, Martin and GOODIN, Robert E. (Editors). The Oxford Handbook of Public Policy. New York: Oxford University Press, 2008.
GORMLEY, W. T. Regulatory issue networks in a federal system. Polity, v.18, n.4, p 595-620, 1986. In SECCHI, Leonardo. Políticas Públicas: conceitos, esquemas de análise, casos práticos. São Paulo: Cengage Learning, 2010
GUSTAFSSON, G. Symbolic and pseudo policies as responses to diffusion of power. Policy Sciences, v.15, n.3, p 269-287, 1983.In SECCHI, Leonardo. Políticas Públicas: conceitos, esquemas de análise, casos práticos. São Paulo: Cengage Learning, 2010.
LINDBLOM, Charles E. Muddlingthrough: a ciência da decisão incremental. In Políticas públicas e desenvolvimento: bases epistemológicas e modelos de análise. HEIDEMANN, Francisco G. e SALM, José Francisco, organizadores. Brasília: Editora Universidade de Brasília, 2009.
LINDBLOM, Charles E. O processo de decisão política. Tradução de Sérgio Bath. Brasília, Editora Universidade de Brasília, 1981.
LOWI, Theodore J. American Business, Public Policy, Case-Studies, and Political Theory. World Politics, 1964. Disponível em : http://www.nomorepolitics.info/nida/sombat/014.pdf.
PIERSON, Paul. Politics in time: history, institutions, and social analysis. Kindleedition. New Jersey: Princeton University Press, 2004.
SECCHI, Leonardo. Políticas Públicas: conceitos, esquemas de análise, casos práticos. São Paulo: Cengage Learning, 2010.
STRAUSS, Leo. Direito natural e história. Tradução Miguel Morgado e Edições 70. Lisboa: Edições 70, 2009.
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