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REBAIXAMENTO DO LENÇOL FREÁTICO EM ÁREA URBANA Luiz Bortotti 1 José Moura 2 Matheus Lopes3 Robert Silva4 RESUMO O método de rebaixamento de lençol freático é normalmente empregado para melhorar as condições do solo, procedimento necessário em obras com a presença do nível d’água se encontra próximo à superfície. Tratando-se de uma obra de fundação de acordo com sua posição, o nível freático possui papel preponderante, uma vez que pode-se comprometer ou impedir os serviços de execução de escavações, estabilização de solo e obras subterrâneas. Em diversas situações a aplicação do sistema é primordial para a viabilidade, planejamento e logística da obra e seu processo construtivo, podendo ser temporário ou permanente. Para a aplicação desses métodos é preciso uma abordagem sobre o solo, para evitar problemas posteriores tanto para a própria obra como na vizinhança. Este artigo aborda as técnicas construtivas, equipamentos e materiais, metodologia, aplicação e impactos dos sistemas para a execução de rebaixamentos de lençol freático por bombeamento submerso, ponteiras filtrantes e drenagem por eletrosmose. PALAVRAS-CHAVE: Rebaixamento; Lençol Freático; Bombeamento submerso; Drenagem do nível freático; Solo. ABSTRACT The groundwater retraction method is normally employed to improve as soil conditions, the procedure required in works with the presence of water level is found near the surface. In the case of a foundation work according to its position, the water table has a preponderant role, as it may compromise or impede excavation services, soil stabilization and underground works. In several situations the application of the system is paramount for a viability, planning and logistics of the work and its construction process, being it can be temporary or permanently. For an application of suitable methods to a soil approach, to avoid later problems both for a work and in the vicinity. This article deals with the construction techniques, equipment and materials, methodology, application and impacts of the systems for the execution of direct submersible pumping, filtering tips and drainage by electrosmose. KEYWORDS: Lowering; Groundwater; submersible pumping; Water table drainage; soil; 1 Discente do Curso de Engenharia Civil do Centro Universitário Filadélfia - UniFil 2 Discente do Curso de Engenharia Civil do Centro Universitário Filadélfia - UniFil 3 Discente do Curso de Engenharia Civil do Centro Universitário Filadélfia - UniFil 4 Discente do Curso de Engenharia Civil do Centro Universitário Filadélfia - UniFil INTRODUÇÃO Um elevado número de obras da engenharia civil encontra-se problemas relativos as água subterrâneas. A ação e a influência da água tem causado numerosos imprevistos e acidentes. Os casos mais comuns desse tipo de problema são verificados em construções de edifícios, cortes de estradas, barragens e túneis etc. De acordo, com o tipo de obra, executa-se um tipo de drenagem ou rebaixamento do nível freático, facilitando a execução da obra e minimizando alguns problemas futuros. O rebaixamento do lençol freático é uma técnica muito empregada na construção civil normalmente quando se requer escavações abaixo do lençol freático e essa água atrapalha a escavação do terreno, pois na maioria dos casos, causa a formação de lama, dificultando a concretagem das fundações e por fim, aumentando o custo da obra. Para tais escavações é necessário a drenagem ou uma interrupção (momentânea ou permanente) do fluxo de água mediante a uma barreira física ou bombeamento. São vários métodos utilizados para o rebaixamento do nível da água, mas antes é necessário o estudo preliminar (realização do mapeamento geológico, definir o coeficiente de permeabilidade e a definição da estratificação do solo) com o objetivo principal de se conhecer o subsolo, para dimensionar o melhor e mais rápido método de rebaixamento. Para todo rebaixamento executado em uma área onde exista outras edificações aos arredores deve-se tomar certos cuidados, pois modificando o nível do lençol freático altera-se automaticamente a característica do solo podendo ocorrer anomalias construtivas em prédios e casas vizinhas, gerando conflitos entre os vizinhos e talvez reparos e apurações de responsabilidades (NING; SHUSHU, 2010). Deve-se ter em mente que, ao se realizar o rebaixamento do lençol freático, ocorrem certas alterações nas condições naturais do subsolo, podendo surgir danos no interior ou no exterior da escavação, quando o rebaixamento é realizado incorretamente. Este artigo pretende dar ênfase nos métodos de rebaixamentos do nível d’água, materiais utilizados, cuidados a serem tomados para uma boa execução do processo, explicar a diferença entre rebaixamento temporário e permanente e a análise dos riscos, consequências e impactos decorrentes do rebaixamento. Assim o objetivo principal desse estudo é mostrar quais os principais passos para o rebaixamento do lençol freático em áreas urbanas, alertando para as consequências dos problemas mais comuns neste tipo de processo e enumerar soluções possíveis, utilizando uma perspectiva geotécnica, a fim de facilitar o entendimento. DESENVOLVIMENTO 1. NECESSIDADES DO CONTROLE DA ÁGUA SUBTERRÂNEA Para a execução de uma obra em que se pretende construir abaixo do lençol freático, é necessário controlar e/ou rebaixar o nível d’água para que se consiga realizar o trabalho em condições aceitáveis, evitando a percolação d’água para o interior da escavação (MANUEL, 2010). O contato entre água e fundação acarreta em problemas como afofamento ou amolecimento do terreno do fundo da escavação, instabilidade dos taludes laterais, empuxos hidrostáticos sobre estruturas de arrimo provisórias, carreamento de grãos de solo, dificuldade de tráfego de veículos e máquinas, entre outros. Consequentemente há um aumento do custo da obra e pode influenciar no cronograma da obra (BORRALHO, 2013). Segundo Borralho (2013), O manejo adequado da água subterrânea facilita a execução de obras nessas condições já que garantem: Que os assentamentos ocorrem dentro de limites aceitáveis; A prevenção da erosão interna devido ao escoamento; Interceptação da percolação d’água que emerge nos taludes ou fundo de escavações; Aumento da estabilidade dos taludes e evita o carreamento hidráulico do solo destes taludes e do fundo da escavação; Redução da carga lateral em estruturas de escoramentos; Eliminação ou redução da necessidade do emprego de ar comprimido em túneis; Melhora das condições de escavação e reaterro; Manter basicamente inalteradas as condições de suporte do terreno localizado subjacentemente ao apoio da estrutura a ser construída. Para a realização do controle da água subterrânea a fim de proporcionar segurança e funcionalidade da estrutura, são utilizados métodos e modelos diferentes de rebaixamento do lençol freático, que serão abordados profundamente nesse artigo, como bombeamento submerso, ponteiras filtrantes, drenagem por eletrosmose. 2. FATORES QUE INFLUÊNCIAM NA ESCOLHA DO SISTEMA DE REBAIXAMENTO DO LENÇOL FREÁTICO Antes a fase de execução da escavação ou do rebaixamento do lençol é necessário que se faça uma análise preliminar da influência da água, caso os possíveis danos não sejam tão expressivos pode-se fazer uso de sistemas mais simples como drenos ou poços rasos. Por outro lado se o cenário for mais agressivo à escavação, é necessário que se utilize de procedimentos mais sofisticados e potentes, por exemplo, poços profundos, em geral métodos como essesão projetados, instalados e operados por empresas especializadas retirando essa responsabilidade do projetista, contudo a retira dessa massa líquida acarreta em alterações na configuração do solo, um alívio da pressão hidrostática podendo levar reconsiderações no projeto sendo assim é de suma importância à participação desse profissional nessa etapa. Sendo assim, abaixo estão listados fatores que influenciam na escolha no método de rebaixamento. (UFJF, 2009) Tipo de Obra – Nos casos de escavações rasas e a necessidade de rebaixamento seja entre 5 e 6 metros, é recomendado que se utilize um sistema convencional de ponteiras filtrantes. Na situação de um rebaixamento maior abrem-se duas possibilidades, quando há um grande volume de água a ser retirado e quando o volume já não é tão expressivo, para o primeiro utiliza-se o sistema de poços profundos enquanto para o outro o de injetores. (HACHICH,2016) Condições de Superfície – Outro ponto que é importante ser analisado é como é a natureza do solo, características como permeabilidade ou drenabilidade ou até mesmo a presença de uma rocha. (CHIOSSI,2013) Efeito do rebaixamento em estruturas adjacentes – Como já mencionado o rebaixamento causa um diminuição nas pressões neutras o que paralelamente gera um aumento das pressões efetivas em obras na região urbana esse aumento podem acarretar em efeitos indesejados em edificações vizinhas já existentes, podem ser. Recalques, trincas ou fissuras, entre outros. Sendo assim é importante que o projetista preveja esses possíveis danos e de acordo com a necessidade sugerir a colocação de pinos de recalque nos vizinhos, ou então no selamento das trincas. (HACHICH,2016) Natureza de aquífero e fontes de percolação – Da análise do aquífero parte-se para duas vertentes, a condição cartesiana e gravitacional. Para a primeira o aquífero está confinado entre duas camadas permeáveis, e a cota piezométrica está acima do topo do aquífero permeável, e quanto ao segundo o lençol d’água está abaixo do topo do aquífero permeável. É evidente e até mais comum que existam condições mistas o que exige uma análise ainda melhor por parte do projetista. Com relação a alimentação desse aquífero existe uma caso muito peculiar, que recebe o nome de “lençol empoleirado”, em que se dá de forma descontinua sendo sustentado apenas por uma camada menos permeável, e o grande problema causado por esse fenômeno é que após alguns dias de bombeamento a água “desaparece” retornando após algum tempo sem uma explicação ou após uma chuva muita intensa. (CHIOSSI,2013) 3. INVESTIGAÇÃO DO SUBSOLO – DIMENSIONAMENTO DO SISTEMA DE REBAIXAMENTO Para a aplicação do sistema de rebaixamento do lençol freático é recomendada a realização de mapeamento geológico, para a definição de aspectos estruturais e hidrogeológicos, e definindo a escolha do sistema de rebaixamento e posteriormente a execução de investigações geotécnicas, desde sondagens a percussão, rotativas até mesmo ensaios especiais, como CPTU (Piezocone Penetration Test) em situações mais específicas. (CAMPOS; LEÃO, 2017). A permeabilidade nos solos pode ser determinada em laboratório, por meio de parâmetros, ou no próprio local da obra (in situ). Quando realizado no local, existem diferentes métodos e fórmulas, muitos deles sem caráter científico, sendo os mais comuns o ensaio de bombeamento de poço profundo e a realização de furos de sondagem, colocando água nesses furos, normalmente compostos de tubos e revestimentos. Basicamente são conhecidos como ensaio de nível constante, onde a água é colocada no furo até obter-se um regime constante (o volume de água é medido por unidade de tempo). Ou também como ensaio de abaixamento, onde é medido o abaixamento da água quando colocada até preencher totalmente o furo. (CHIOSSI,2013). Podem ser coletadas amostras deformadas para ensaios de caracterização por exemplo, porém não sendo único. Em alguns casos, são coletadas amostras indeformadas para ensaios laboratoriais mais específicos, como ensaio de adensamento e ensaios triaxiais. Quando possível podem ser usados resultados de instrumentação geotécnica. Desta forma, pode ser utilizadas todas as técnicas disponíveis para uma melhor descrição sobre a permeabilidade e regime de fluxo nos materiais envolvidos, definição das propriedades constitutivas e comportamento geotécnico do maciço envolvido (CHIOSSI,2013). Mais importante que definir parâmetros geotécnicos é definir um modelo geotécnico, que inclui a definição da estratificação (divisão do solo por camadas). O coeficiente de permeabilidade é o parâmetro responsável pelo dimensionamento do sistema de rebaixamento, pois interfere diretamente no valor das vazões de bombeamento. A permeabilidade é o parâmetro geotécnico que apresenta a maior variação e, portanto, é um dos mais difíceis de serem estimados. Para estimar os parâmetros é essencial que os resultados sejam obtidos por mais de um tipo de ensaio, sendo ao menos um deles um método de campo (ensaio de infiltração ou bombeamento, de preferência este último) (CORRÊA, 2007). O projeto de rebaixamento deve ser encarado como um pré- dimensionamento, pois será ajustado em campo após o início da operação do sistema. É importante lembrar que é prática de projeto dimensionar o sistema de bombas e demais componentes do rebaixamento (tubulações, ponteiras, injetores, etc.) para uma vazão 10% superior àquela calculada, este coeficiente leva em conta que ao se ligar o sistema, a vazão ainda não está estabilizada (CHIOSSI,2013). Por isso no início do funcionamento de qualquer sistema de rebaixamento, as bombas (e todas as partes integrantes do sistema) necessitam extrair uma vazão maior que a de cálculo, até o sistema entrar em regime (ALONSO, 2007). 4. REBAIXAMENTO TEMPORÁRIO E REBAIXAMENTO PERMANETE Em grande parte dos casos o rebaixamento é necessitado um rebaixamento temporário, ou seja, o sistema de rebaixamento é ligado imediatamente antes da execução da escavação e desativado logo após. Porém, pode ocorrer uma condição na qual é necessário o rebaixamento permanente ou intermediário, em que o sistema não poderá ser desligado imediatamente após o fim da obra (MULLER, 2012). Por exemplo, quando a garagem executada em um subsolo de um edifício for concluída, deve-se manter o sistema de drenagem até a estrutura conseguir gradualmente ficar mais pesada e assim evitar a flutuação. Quando o nível d’água deve ser mantido permanentemente rebaixado, não há mudanças nos requisitos, apenas aumentar a durabilidade do sistema e de seus controles afim de permitir a durabilidade da operação. Outro exemplo ocorre quando existe a possibilidade de ruptura hidráulica ou levantamento do fundo da escavação e o rebaixamento deve ser mantido por um período mais longo do que o de execução da obra. (ALONSO, 2007). 5. MÉTODOS DE REBAIXAMENTO 5.1 Sistema de Ponteiras Filtrantes Se dá por meio da aplicação ao longo do perímetro da área que se deseja rebaixar de um tubo 4” de diâmetro, com furos espaçados a 1 metro entre si que são conectados ás ponteiras filtrantes, normalmente de tubos de PVC 1 ¼” ou 1 ½” de diâmetro, e ao fim uma peça de 1m de comprimento perfurada – a ponteira em si, que podem estar espaçadas de 1 à 3 metros, sendo que essa distância pode ser minorada com presença de “T” (Fig.1) – e envolta por uma telha de nylon com malha de 0,6mm. Com esse método se pode chegar a um rebaixamento de apenas 5 metros, muito se deve ao fato de não ser possível chegar a uma condição de vácuo absoluto, condição ideal para o funcionamento método, atépor isso deve se garantir a vedação completa de todo o sistema para que não haja mais perdas. As ponteiras são ligadas a tubo coletor mediante uma mangueira e um registro(Fig.1) para a regulagem da vazão, para que assim se garanta que o trecho filtrante – ponto onde há a captação da água – esteja submerso impedindo a entrada de ar o que prejudicaria a questão do vácuo. Nos casos em que se detecta a entrada de ar a solução se dá mediante a regulagem da vazão ou fechamento completo dos registros. (PUC – RJ) Figura 1 - Sistema do Método de Ponteiras Filtrantes Fonte: PUC - RJ 5.2 Bombeamento Submerso Usual em casos onde é necessário uma maios vazão nos poços, de 40 a 60 cm de diâmetro, ou um rebaixamento mais profundo. O procedimento desse método consiste em envolver um tubo ranhurado com uma tela de nylon de 0,6 mm e por dentro dele é inserida a bomba (Fig.2). Com a intenção de que evitar que o sistema trabalhe a seco, ou seja, sem água passando pela tubulação, eletrodos são posicionados na bomba e conectados ao seu motor, é de responsabilidades deles fazer a leitura do nível da água e assim, automaticamente, ligar ou desligar o sistema. (PUC – RJ) Figura 2 - Esquematização do processo de bombeamento submerso Fonte: PUC - RJ 5.3 Eletrosmose Alguns solos siltosos e argilosos, de granulometria muito fina, não possibilitam uma drenagem eficiente através dos métodos tradicionais, ponteiras filtrantes ou poços profundos. Procurando aumentar a eficiência do processo um mecanismo um pouco sofisticado é empregado, aplica-se no solo uma corrente continua para acelerar a transição da água pelos vazios do solo. Inicialmente o que se faz é utilizar o sistema de ponteiras filtrantes, onde eletrodos são inseridos no solo 2 metros abaixo da escavação, os ânodos são hastes que inserem carga positiva enquanto os catodos são as ponteiras filtrantes com cargas negativas (Fig.3), esse último sendo espaçado de 8 à 12 metros entre si. De forma natural os íons positivos da água são atraídos pelos íons negativos do solo, formando um sistema chamado “camada dupla”, sendo assim, o funcionamento do método ocorre da seguinte forma quando a carga se aplica essa carga elétrica no solo os íons positivos da água começam a ser atraídos pelo catodo transportando a água até a ponteira e a partir desse momento é bombeada para fora da escavação por um conjunto já usual, a bomba centrífuga combinada com a bomba de vácuo. (UFJF, 2009) Figura 3 - Processo por eletrosmose Fonte: UFJF,2009 6. MONITORAMENTO DO SISTEMA DE REBAIXAMENTO A correta operação do sistema é o que garante o sucesso e a eficiência do rebaixamento, sendo que sem essas, é impossível garantir tanto a funcionalidade quanto a eficiência, causando danos e até o colapso do sistema (SANTOS, 2012). No sistema de ponteiras filtrantes, o maior problema é sempre a manutenção do vácuo. Inicialmente, deve-se fechar o registro de sucção da entrada da bomba de vácuo. Nestas circunstâncias, o vácuo deve atingir um mínimo de 8,60 M.C.A. (25") de mercúrio ao nível do mar. Para cada 100 metros de aumento de altitude, deve-se diminuir 1% deste valor, em função da diminuição da pressão atmosférica (MULLER, 2012). O próximo passo é a verificação de entrada de ar nos circuitos dos coletores, ponteiras, etc. Quando ocorrer há uma diminuição no valor do vácuo e quando for por uma ponteira, causa trepidação e, neste caso, a mesma deve ser isolada do coletor por registros ou deve simplesmente ser removida e o coletor fechado nesta entrada (SANTOS, 2012). Para o sistema de injetores, a principal recomendação é a verificação periódica das válvulas e do bico dos mesmos, pois o seu funcionamento inadequado pode fazer com que se injete água no terreno ao invés de succionar a mesma, como desejado. (CHIOSSI,2013) Para o sistema com emprego de bombas submersas, o principal cuidado é o de operá-las de acordo com as especificações do fabricante. O problema principal é a intermitente alimentação de água no poço, o que faz a bomba trabalhar fora de seu rendimento ótimo e muitas vezes sem lubrificação (refrigeração) da água nos rotores, rolamentos etc. (FARIA, 2007). Em poços com aplicação de vácuo, a bomba trabalha com escorva deficiente e a cavitação ocorre. Neste caso, deve-se prever uma manutenção muito mais frequente (MULLER, 2012). O controle do desempenho do rebaixamento deve ser aferido por piezômetro (indicador de nível d'água e controle de vazão) e controle com caixa de sedimentação para verificar eventuais transportes de matéria sólida (MULLER, 2012). 7. ANÁLISE DE RISCOS E IMPACTO NA VIZINHANÇA Segundo Rodriguez (2014), o rebaixamento do lençol freático tem como objetivo a otimização da a execução de fundações e obras subterrâneas situadas abaixo do nível natural da água, e é comum surgir problemas decorrentes a esse manejo da água. Esses problemas são especialmente comuns em terrenos de características geológicas aluvionares com presença de camadas de solos compressíveis mais argilosos. A remoção da água dos interstícios existentes entre os grãos que compõe o solo, acarreta na redução da poro-pressão e aumento das tensões efetivas, ocorre uma acomodação dos constituintes granulométricos dos solos, levando à redução de seu volume e consequentemente à recalques. Antes da execução desse tipo de obra é preciso ser feita uma análise prévia do local para verificar a existência da possibilidade de recalques, provenientes do rebaixamento do lençol freático, o engenheiro geotécnico deve inicialmente conhecer as diferentes camadas, espessuras, distribuição e comportamento dos diversos solos afetados pelo provável ou possível rebaixamento do lençol freático. (LOZANO, 2007). Quando se trata desse tipo de obra, é essencial controlar e monitorar para evitar o carreamento do material, bem como controlar o tempo e variações aceitáveis para a segurança da construção e danos nos imóveis vizinhos. Porém, nem sempre tal prudência serve para evitar danos próprios e consequentemente nos vizinhos. Para prever e minimizar os eventuais riscos inevitáveis, devido a fatores internos das construções vizinhas tais como projetos inadequados ou deteriorações de fundações, é primordial a vistoria dessas construções verificando anomalias como muros em desaprumo, lajes fletidas, pisos trincados, entre outros. (LIVIO, 2010). Outro problema está relacionado com o desperdício de água quando se realiza o rebaixamento, pois, milhares de litros de água dos lençóis freáticos estão sendo lançadas, principalmente na drenagem pluvial, não havendo qualquer aproveitamento da mesma. Isso pode afetar o aspecto ambiental da região, levando a ocorrência de tremores de terras, enchentes imprevistas, secagem da vegetação, entre outros. (LIVIO, 2010). Para minimizar o efeito do rebaixamento do lençol freático, o engenheiro geotécnico deve proceder à aplicação de todos os conhecimentos disponíveis de forma que nem as obras deixem de ser realizadas e nem as águas subterrâneas sejam sacrificadas para o desenvolvimento da obra. De acordo com Medeiros (2008), simulações dos eventuais efeitos da execução das escavações e fundações também podem contribuir para a escolha da melhor alternativa para o projeto. 8. CONCLUSÃO Algo já bem claro é que toda obra de engenharia, seja qual for seu objetivo ou método construtivo empregado, ela causa grandes impactos no meio ambiente, pois além de usufruir dos seus recursos, altera toda a configuração de uma área. Como ficou evidente a técnica de rebaixamento do lençol freático compreende essa realidade,sendo temporária – quando o sistema é ligado pouco antes do início da obra e após a conclusão daquela etapa é desligado e o lençol retorna ao nível normal – ou permanente, onde não há o desligamento do sistema, milhares de litros de água são simplesmente despejados na drenagem pluvial, e a prática afeta o aspecto ambiental da região podendo levar a ocorrência de tremores de terra. Devido a proporção do volume retirado há uma reacomodação da camada de solo, secagem da vegetação e enchentes imprevistas entre outros. Pensando em obras na cidade são grandes as chances de que existam edificações vizinhas à obra, e que também podem ser afetadas, sendo assim um controle deve ser feito no andamento da obra verificando irregularidades como muros desaprumados, lajes fletidas ou pisos trincados. Além de todas essas considerações que devem ser feitas pelo engenheiro geotécnico, é de sua responsabilidade um estudo prévio do terreno afim de escolher o melhor sistema de rebaixamento de acordo com as características da obra e as condições apresentadas pelo solo. Sendo assim é necessário que se chegue a uma solução que disponibilize a melhor condição de trabalho, sem que se desrespeitem certas condições ambientais do restante da sociedade. 9. REFERÊNCIAS ALONSO, Urbano Rodriguez. Rebaixamento Temporário de Aquíferos. São Paulo: Oficina de Textos, 2007. 152 p. BORRALHO, Miguel Faria Martins. Modelação numérica do rebaixamento do nível freático em obras geotécnicas. Dissertação para obtenção do Grau de Mestre em Engenharia Civil. Faculdade de ciência e tecnologia, Universidade Nova de Lisboa. Disponível em: <http://run.unl.pt/bitstream/10362/10136/1/Borralho_2013.pdf>. Acesso em: 08/05/2017. CAMPOS, Gisleine Coelho de; LEÃO, Marcio Fernandes. Rebaixamento temporário do lençol freático. 2016. Disponível em: <http://www.revistafundacoes.com.br/rebaixamento-temporario-do-lencol- freatico/>. Acesso em: 16 maio 2017. CHIOSSI, Nivaldo José. GEOLOGIA DE ENGENHARIA. 3. ed. São Paulo: Oficina de Textos, 2013. 424 p. (CAPITULO 10). CORRêA, Ronaldo Adriano. ESTUDO DE REBAIXAMENTO DO LENÇOL D’ÁGUA EM ARENITO PARA IMPLANTAÇÃO DE ESTRUTURAS DE PCH’S. 2007. 122 f. Tese (Doutorado) - Curso de Engenharia Civil, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2007. Disponível em: <http://www.coc.ufrj.br/index.php?option=com_docman&task=doc_details&gid= 1612>. Acesso em: 16 maio 2017. FARIA, Renato. Rebaixamento seguro. 2007. Disponível em: <http://techne.pini.com.br/engenharia-civil/119/artigo285367-3.aspx>. Acesso em: 16 maio 2017. HACHICH, Waldemar et al. Fundações: teoria e prática. 3. ed. São Paulo: Pini, 2016. 802 p. LIVIO, Tito Ferreira Gomide. Responsabilidades no rebaixamento do lençol freático, 2010. Disponível em: <http://www.institutodeengenharia.org.br/site/noticias/exibe/id_sessao/4/id_noti cia/4153/Responsabilidades-no-rebaixamento-do-len%C3%A7ol- fre%C3%A1tico>. Acesso em 11 de Maio de 2017. LOZANO, M. H. Recalques por rebaixamento do lençol freático. Disponível em: <http://www.forumdaconstruçao.com.br >. Acessado em: 11 de Maio de 2017. MEDEIROS, H. Revista Techne. Recalques Indesejáveis. Edição 130. Pg 36- 37.Outubro de 2008. MANUEL, Décio. Patologias das fundações: fundações em depósitos de vertente na cidade de Machico. 2010. 247f. Tese (mestrado em Engenharia Civil) – Universidade da Madeira, Funchal, Portugal. MULLER, Maria Cristina Nakano. Rebaixamento de Lençól Freático: Indicações, métodos e impactos decorrentes. 2012. 84 f. TCC (Graduação) - Curso de Engenharia Civil, Universidade Anhembi Morumbi, São Paulo, 2012. Cap. 5. Disponível em: <https://pt.slideshare.net/arleandoteixeira/rebaixamento-de-lenol-fretico- indicaes-mtodos-e-impactos-decorrentes-52670437>. Acesso em: 16 maio 2017. NING, Zhang; SHUSHU, Liu. Analysis of groundwater and soil environment problems in city metro constructions. 2010. Disponível em: <http://ieeexplore.ieee.org/document/5603232/>. Acesso em: 11 Maio 2017. PUC - RJ. Disponível em:<www.maxwell.vrac.puc-rio.br/9948/9948_4.PDF> Acesso: 14 de maio de 2017. RODRIGUEZ, Álvaro dos Santos. Impõe-se a proibição do rebaixamento forçado do lençol freático em determinados contextos geológicos urbanos, 2014. Disponível em:< http://infraestruturaurbana.pini.com.br/solucoes-tecnicas/urbanismo/geologo- defende-a-proibicao-do-rebaixamento-forcado-do-lencol-freatico-314930-1.aspx >. Acesso em 11 de Maio de 2017. SANTOS, Clemente. Rebaixamento de lençol freático com ponteiras filtrantes. 2012. Disponível em: <http://techne.pini.com.br/engenharia- civil/184/artigo287966-2.aspx>. Acesso em: 16 maio 2017. UFJF. Disponível em:<www.ufjf.br/nugeo/files/2009/11/togot_unid02.2.pdf> Acesso: 14 de maio de 2017. FICHA DE AVALIAÇÃO DESCRIÇÃO DO CRITÉRIO GRAU DE EXCELÊNCIA AJUSTE TOTAL PARCIAL 5 4 3 2 1 ATÉ 5 PONTOS 1 Organização Geral do Trabalho (5 pontos) (Avalia-se o atendimento às normas da ABNT e às demais solicitações quanto à formatação e apresentação do trabalho) 2 Expressão escrita (5 pontos) (Avalia-se prioritariamente a correção gramatical do texto e a sua originalidade, a organização das ideias clareza na redação dos tópicos, a capacidade de síntese e a utilização de linguagem técnica adequada) 3 Aprofundamento (5 pontos) (Avalia-se neste item o tratamento dado ao tema, o atendimento ao conteúdo solicitado, a relevância dos tópicos suplementares e a abrangência da pesquisa) 4 Aprendizagem (5 pontos) (Com base exclusivamente na CONCLUSÃO/CONSIDERAÇÕES FINAIS apresentada, avalia-se o grau de aprendizagem e entendimento do tema, auferidos durante a elaboração do trabalho) PONTUAÇÃO GERAL (1+2+3+4+ AJUSTES) =
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