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teoria do direito cormecial

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1. Introdução 
 
1.1. Origens do Direito Empresarial 
 
O comércio surge na Antiguidade e passa desenvolver-se a passos largos. 
Naturalmente, o seu desenvolvimento gera reflexos no campo jurídico. Embora 
encontrando as suas raízes na Antiguidade, foi na Idade Média que ele se 
intensificou, a partir da formação das cidades ao redor dos feudos. Com o 
crescimento e desenvolvimento dos Estados, despontaram as grandes 
expedições marítimas, fazendo surgir a necessidade de criação de sistema de 
normas de cunho mercantil. Nasce aqui o Direito Comercial. 
Fases de formação do Direito Empresarial 
 
(I) Fase das Corporações de Ofício; (II) Fase da Teoria dos Atos de Comércio; 
(III) Fase da Teoria da Empresa. O primeiro período ou fase do Direito 
Empresarial é mercado pela aglutinação dos comerciantes em torno das 
chamadas Corporações de Ofício, através das quais buscam uma tutela jurídica 
para suas atividades. O Direito Empresarial, nesse primeiro momento, foi 
marcado por um extremo subjetivismo. Tratava-se de um Direito classista, 
corporativo, que ampara apenas a classe os comerciantes vinculados as 
corporações e submetidos a regras comerciais por eles próprios estabelecidas. 
Assim, estava-se diante de normas feitas pelos comerciantes e para os 
comerciantes. Com o surgimento dos ideais do liberalismo, marcados por 
movimentos como a própria Revolução Francesa de 1789, os quais pregavam a 
igualdade política, social e jurídica, não havia mais espaço para a justiça 
classista das corporações de ofício. Outros segmentos da sociedade já vinham 
pressionando as corporações, para que seus juízes também julgassem 
demandas de natureza não comercial. Surge então a segunda fase do Direito 
Empresarial, conhecida como fase dos atos de comércio. Tal período teve 
como expoente máximo o Code de Commerce, elaborado em 1808 pelos 
juristas de Napoleão Bonaparte. Aqui, houve o abando do subjetivismo e 
corporativismo da primeira fase, que foi substituído pela objetividade dos atos 
legais de comércio. Assim, as relações jurídicas mercantis não seriam mais 
definidas pela qualidade do sujeito que as integravam, mas sim pelos atos por 
eles praticados, desde que definidos pela lei como atos de comércio. O diploma 
francês tornou-se referência em todo o mundo. No Brasil, em 1850, foi editado o 
nosso Código Comercial inspirado na Teoria dos Atos de Comércio. O Código 
Comercial (Lei 556 de 25 de junho de 1850) descrevia comerciante como 
aquele que praticava mercancia, todavia, sem definir esta. Foi o regulamento 
737, também de 1850, que definiu os atos considerados de comércio (ex.: 
compra e venda de imóveis, cambio, operações de seguro, transporte de 
mercadorias, etc.). Assim, só seriam considerados atos de comércio, contando 
com a proteção das normas comerciais, aqueles atos expressamente definidos 
como tal. Todavia essa Teoria não acompanhou a evolução da sociedade. A 
complexidade da economia capitalista, marcada por elementos como a 
concorrência e a produção em massa, fez surgir novas formas mercantis que, 
embora dotadas de natureza mercantil, estavam excluídas da proteção das leis 
comerciais, uma vez que não integravam os atos elencados na lei. É o caso, 
por exemplo, das atividades de prestação de serviços em massa e as 
atividades agrícolas, as quais, por não integrarem a rol elencado pela lei dos 
atos de comércio, eram regidas pela legislação comum, não desfrutando assim 
da mesma proteção conferida àqueles atos enumerados pela lei. Diante desse 
cenário, seguidas leis foram promulgadas com o escopo de reconhecer o 
caráter comercial das novas relações mercantis, com o escopo de alargar o 
espectro de atuação da legislação comercial. É o caso da Lei 6.404/76 (Lei das 
S/As), da Lei 8.078/90 (CDC), da Lei de franquia, da Lei de arrendamento 
Mercantil, etc. Mesmo com a crescente alteração a legislação nacional, o Direito 
Comercial permaneceu por longo período vinculado a obsoleta teoria dos atos 
de comércio, não acompanhando as mudanças na matéria que vinham 
ocorrendo no mundo. Foi a Itália que, com a promulgação do Codice Civile 
de 1942, consagrou a terceira e última fase de formação do Direito 
Empresarial, até hoje vigente, a chamada fase da Teoria da Empresa. De 
acordo com essa teoria, o amparo do Direito Comercial recai não em razão da 
condição de comerciante, não em razão da presença ou não do ato em uma 
lista, mas sim em razão da caracterização ou não da atividade como 
empresarial. 
A Teoria da empresa teve a sua efetiva inserção no ordenamento nacional 
somente com o advento do novo Código Civil de 2002 (Lei 10.406/02), o qual 
derrogou a primeira parte do Código Comercial de 1850. Atualmente 
somente a parte referente ao comércio marítimo continua vigente no Código 
Comercial. 
1.2. Autonomia do Direito Empresarial 
 
O fato de grande parte da disciplina Direito Empresarial encontrar-se inserida 
no Código Civil não significa que houve confusão ou unificação do Direito 
Privado (Empresarial e Civil). Tais ramos do Direito são autônomos e 
independentes, com regras, princípios e estrutura próprios. Senão vejamos o 
artigo 22, I, CF: Art. 22 – Compete privativamente a União legislar sobre: I – 
Direito Civil, comercial, ... Portanto, como se vê da leitura do inciso primeiro do 
artigo 22 acima, a própria Carta Magna separa os dois ramos do Direito. Lição 
do professor Alfredo Rocco (LER): “Ora, que as normas concernentes ao 
comércio e as concernentes a vida civil estejam contidas em um ou em dois 
códigos não é coisa que tenha grande importância, sob o ponto de vista 
científico. O Direito comercial poderia permanecer um Direito autônomo e, 
portanto, a ciência comercial uma ciência jurídica autônoma, ainda que as 
normas de Direito comercial estivessem contidas em um Código único”. Além 
do mais, possui o Direito Empresarial características próprias que o distinguem 
de outros ramos do Direito, corroborando a sua autonomia. Ex.: 
Cosmopolitismo, onerosidade, informalismo, etc. 
1.3. Fontes do Direito Empresarial 
 
o Diretas ou primárias: Leis empresariais – Novo Código Civil (Lei 10.406/02) 
e legislação esparsa [Exs. Lei das S/A (Lei 6.404/76), CDC (Lei 8.078/90), Lei 
de franquias, Lei de consórcios, etc]. 
 
o Indiretas ou secundárias: Quando a Lei for omissa, o juiz decidirá o caso de 
acordo com a ANALOGIA, COSTUMES e PRINCÍPIOS GERAIS DO DIREITO, 
nesta ordem de preferência. Portanto, as fontes secundárias exercem função 
complementar, a partir de técnica supletiva de normas, atuando assim no 
preenchimento das lacunas da Leis empresariais. 
 
2. Do Direito de Empresa (art. 966 – 1.195 CC) 
 
2.1. Atividade empresarial X Atividade Civil 
 
o Atividade empresarial 
 
Art. 966 CC: “Considera-se empresário quem exerce profissionalmente 
(habitualidade, reiteração) atividade econômica (voltada à obtenção de lucro) 
organizada (organização dos fatores de produção: capital, insumos, m-d-o e 
tecnologia) para produção ou circulação de bens ou serviços.” OBS. 
Profissionalidade: um estudante universitário que promove uma festa para 
angariar recursos para formatura, pode ser considerado um empresário? Não, 
afinal, trata-se de atividade eventual. OBS. São elementos caracterizadores 
do empresário: a profissionalidade, a pessoalidade e o monopólio de 
informações. O artigo 966 CC não define atividade empresarial, mas sim quem 
é o empresário. A partir do conceito de empresário é que se constrói o 
entendimento quanto à atividade empresarial. Atividade empresarial 
(conceito): É a organização econômica dos fatores de produção, para a 
produção e/ou circulação de bens e/ou serviços, desenvolvida por pessoanatural ou jurídica, através de um estabelecimento empresarial e que visa o 
lucro. 
o Atividade Civil (identificada por exclusão) 
 
Caso prático: Dona Maria José, ao se aposentar após 30 anos de trabalho em 
uma grande indústria de confecções, resolve comprar com recursos do FGTS 
uma máquina de costura e diversas tonalidades de tecido para, trabalhando 
sozinha, atender a pedidos de sua vizinhança. Considerando que Dona Maria 
José está atuando há mais de 5 anos nessa atividade, a qual, ao complementar 
sua aposentadoria, permite que ela pague a Faculdade de sua neta, responda: 
Dona Maria José desenvolve uma atividade empresarial? Interrogantes: 
a. A atividade exercida é uma atividade econômica? Porque? Sim, porque visa 
o lucro. 
b. A atividade em questão é exercida com profissionalidade? Porque? Sim, por 
que há habitualidade. 
c. Há pessoalidade? Sim, pois Dona José atua diretamente na consecução da 
atividade. 
d. Há o monopólio de informações? Sim, pois Dona Maria José possui o 
conhecimento técnico necessário para o desenvolvimento da atividade. 
e. Trata-se de uma atividade organizada? Não, pois dentre os fatores de 
produção não há a figura da m-d-o. 
 
Logo, Dona Maria José não é empresária, exercendo apenas uma atividade 
civil. Portanto, são atividades civis: 
a. Aquelas exercidas por quem não é empresário; 
b. Aquelas fundadas em profissão intelectual, de natureza científica, literária ou 
artística, salvo se o exercício da profissão constituir elemento de empresa; 
c. As exercidas por produtores rurais não registrados no RPEM; 
d. As desempenhadas pelas cooperativas, as quais, por expressa disposição de 
Lei (art. 982, p.u.), serão sempre sociedades simples, desenvolvendo assim 
atividade civil. 
 
2.2. Da capacidade para o exercício da atividade empresarial 
 
Tem capacidade para o exercício da atividade empresarial todos aqueles que 
estiverem em pleno gozo de sua capacidade civil e não forem legalmente 
impedidos. Estão em pleno gozo de sua capacidade civil os maiores de 18 anos 
ou emancipados, nacionais ou estrangeiros, que não estejam enquadrados nos 
artigos 3º e 4º CC. Estão impedidos de exercer atividade empresarial: Ex. 
Deputados e senadores (art. 54, II, a, CF), promotores de justiça (art. 128, II, c, 
CF), os condenados por crime cuja pena vede o acesso a atividade 
empresarial, o falido não reabilitado por sentença judicial, os militares da ativa 
(Lei 6.880/80), etc. Conclusão: O exercício da atividade empresarial é livre aos 
capazes contra os quais não pese impedimento legal. 
2.2.1. Conseqüências do exercício por impedido 
Responsabilidade ilimitada pelas obrigações assumidas, impossibilidade de 
matrícula no INSS, de manter contabilidade legal, de se inscrever no CNPJ, de 
participar de licitações, ilegitimidade para pedir a falência de 3º ou requerer a 
RJ. Clandestinidade. 2.3.4. Registro do empresário Rural 
 
Empresário rural é aquele que exerce atividade agrária, seja ela agrícola, 
pecuária, agroindustrial ou extrativa (vegetal ou mineral), conjugando TTC 
(terra, trabalho e capital). O empresário rural, no que toca ao registro, possui 
tratamento diferenciado, estando excepcionados da regra do registro, o qual 
constitui uma faculdade para eles. Sem embargo, optando pelo registro, ficam 
equiparados, para todos os efeitos, ao empresário sujeito a registro. 
2.3.5. Principais espécies de registro 
 
Matrícula – os auxiliares do comércio (leiloeiros, tradutores públicos, 
interpretes comerciais, etc) devem ser matriculados nas JCs para que possam 
exercer suas atividades. Para eles, as JCs funcionam como uma espécie de 
órgão de classe. 
Arquivamento – É o registro do ato constitutivo do empresário individual, da 
sociedade empresária e da cooperativa, constituindo dever do empresário. 
Enquanto não arquivados os atos constitutivos, a empresa não terá PJ. 
Constitui ato público, de maneira que, qualquer pessoa que pague os 
emolumentos correspondentes poderá aceder a ditas informações. 
 
Autenticações – Ato qur registra os instrumentos de escrituração da 
empresa, como livros comerciais e cópias de documentos. 
 
2.3.6. Do prazo para o registro 
 
titutivo – efeitos ex tunc 
– efeitos ex nunc 
A inscrição do empresário no RPEM, a cargo das JCs, é requisito para o 
exercício da atividade empresarial? R: O empresário irregular reúne os 
requisitos do artigo 966 CC, sendo o registro, portanto, um requisito delineador 
de sua regularidade e não de sua caracterização. Logo, o empresário pode 
estar em situação regular ou irregular, o que não afeta a sua condição de 
empresário. 
3. Do Estabelecimento Empresarial 
 
3.1. Conceito 
É o complexo de materiais (máquinas, imóveis, veículos, etc) e imateriais 
(marca, tecnologia, ponto, etc) organizado por empresário individual ou por 
sociedade empresária, para o desenvolvimento da atividade empresarial. 
Pluralidade de coisas homogêneas e heterogêneas, que embora possuam 
autonomia funcional, sal unificadas pelas vontade do seu titular. Pluralidade de 
bens singulares com destinação unitária (bens conjugados não perdem a sua 
individualidade, embora juntos integrem um novo bem). “...estabelecimento não 
é apenas o somatório de bens isolados, mas uma organização de bens, o que 
pressupõe a consideração de uma lógica e intenção ...” (Gladston Mamede). 
“Trata-se de elemento essencial a empresa, pois impossível é qualquer 
atividade empresarial sem que antes se organize um estabelecimento, que é o 
centro de suas decisões, pois nele atua o empresário e a sociedade 
empresária” (Mª Helena Diniz). 
3.2. Estabelecimento como objeto de direitos e negócios jurídicos 
 
O estabelecimento pode ser objeto unitário de direitos e negócios jurídicos 
translativos (Ex. venda, doação) ou constitutivos (Ex. alienação fiduciária, 
hipoteca), desde que compatíveis com a sua natureza. Pode ser, portanto, 
objeto de, por exemplo: TRESPASSE (T) DAÇAO EM PAGAMENTO (T) 
DOAÇAO (T) ARRENDAMENTO (C) USUFRUTO (C) COMODATO (C) É 
igualmente possível tomar cada bem que o compõe isoladamente, 
estabelecendo uma relação jurídica que tenha por objeto apenas aquela coisa 
ou direito. Ex. Pode-se alienar o imóvel (material) ou simplesmente o direito de 
exploração de uma patente(imaterial). OBS. O negócio com o estabelecimento 
não se confunde com o negócio com a sociedade. Vender um estabelecimento 
não é o mesmo que vender cotas ou ações da empresa. 
3.3. Trespasse 
 
É a alienação do estabelecimento empresarial (bens que o compõe + 
funcionalidade). São partes do trespasse o trespassante (alienante) e o 
trespassatário (adquirente). 
3.3.1. Eficácia do trespasse 
 
O estabelecimento empresarial constitui a principal garantia da empresa frente 
a seus negócios com terceiros. Sendo assim, a sua alienação merece especial 
atenção no sentido de tutelar-se o interesse dos credores. Por tal razão, 
embora possível a alienação do estabelecimento, para que ela transcorra de 
forma válida, o trespassante deverá, alternativamente: 
 
 
 
OBS. O consentimento tácito dá-se quando, uma vez notificados os credores, 
permanecem em silêncio ao longo dos trinta dias posteriores a notificação da 
pretensão. 
3.3.2. Proibição de concorrência no trespasse 
 
Para a proteção do estabelecimento empresarial e do ponto, como um de seus 
elementos essenciais, fica vedado ao trespassante, durante os 5 anos 
subseqüentes ao trespasse, restabelecer-se em idêntico ou similar ramos de 
atividade (Ex. bar e boate), na mesma praça, para fazer concorrência ao 
trespassatário, salvo conte com autorização expressa para isso. (restringe-seo 
princípio da livre iniciativa e da livre concorrência para proteger-se o direito a 
freguesia e a clientela). Ex. O trespasse de um bar no RJ não impede o 
restabelecimento no CE, já que não há concorrência entre as empresas. Mas o 
trespasse de uma editora jurídica no RJ impede o restabelecimento do CE, já 
que são empresas de atuação nacional. Portanto, não há vedação para que o 
trespassante se restabeleça, sempre que isso não implique em concorrência ao 
trespassatário. É importante destacar a inexistência de impedimento para o 
exercício de atividades não concorrentes ou em local não alcançável pelo 
potencial econômico do antigo estabelecimento. A inclusão no contrato de 
cláusula de não-restabelecimento que proíba a exploração de qualquer 
atividade econômica pelo trespassante será nula. 
3.3.3. sub-rogação do adquirente no trespasse 
 
O estabelecimento pode funcionar sem prepostos, fornecedores, clientes? Com 
o trespasse, salvo estipulação em contrário, o trespassatário sub-rogar-se-á em 
todos os direitos e deveres do trespassante (apenas aqueles registrados, uma 
vez que a transferência do estabelecimento gera sim a cessão dos créditos e 
débitos, mas apenas daqueles devidamente contabilizados em livros próprios), 
como nos contratos por aquele efetivados para o desenvolvimento da atividade 
empresarial. Ex. contratos de prestação de serviço de limpeza, contrato de m-d-
o para produção, contrato de compra e venda de mercadorias, etc., desde que 
não tenham caráter pessoal, ou seja, desde que não sejam personalíssimos (a 
exemplo do contrato que o trespassante mantinha com advogado, pois este se 
refere a uma relação contratual de confiança, não sendo alcançado pela 
previsão de sub-rogação automática com o trespasse). Ex. Ao adquirir um 
estabelecimento de hospedagem, o trespassatário sucede o trespassante nos 
contratos de fornecimento de energia, de água, captação de esgoto, etc. Com 
isso, sensíveis a função social da empresa, busca-se garantir a sua 
preservação, a sua continuidade. 
3.4. Aviamento (fonds de commerce, goodwill of trade) 
 
Há mais no conceito de estabelecimento empresarial que um simples 
ajuntamento de bens, afinal, trata-se de um conjunto de bens organizado 
finalisticamente. Dimensão humana da empresa. Plus, jeito de fazer, sobre 
valor, valor organizacional. Estabelecimento + aviamento (institutos atávicos) 
Aptidão para gerar lucros Valor agregado Ex. Se dermos as mesmas condições 
para vários empreendedores, veremos ao final que obtiveram resultados 
diferentes. Ex. A IBM adquiriu a Lótus por R$ 3 bilhões, embora seu valor 
contábil fosse de R$ 250 milhões (valor do patrimônio líquido não é o mesmo 
que o valor da empresa). Estabelecimento empresarial = BM + BI + aviamento 
4. Do Ponto empresarial e sua proteção legal 
 
Constitui bem incorpóreo do estabelecimento empresarial. É o ponto físico no 
qual o empresário desenvolve a empresa. É o local onde está a empresa. É a 
lugar fixo em que foi fixado o estabelecimento. No entanto, não basta dizer que 
o ponto é o local onde se localiza a empresa, afinal de contas, aquele local 
adquire o “status” de ponto justamente em razão do exercício da atividade 
empresarial naquele local. Ou seja, é a empresa quem dota determinado imóvel 
de um atributo que antes não possuía, acrescentando-lhe o valor imaterial do 
ponto empresarial. 
4.1. Freguesia e clientela 
 
Qual a importância da proteção do ponto empresarial? R: O acesso ao mercado 
pela empresa trata-se de elemento vital a atividade empresarial, e como tal 
deve ser protegido. Às vezes a perda do ponto empresarial acarreta perda do 
próprio empreendimento. Assim, a legislação pátria protege o ponto 
empresarial, uma vez constituir-se no pólo econômico reconhecido pela cliente 
e pela freguesia. A proteção ao ponto parte da percepção de que o lugar em 
que funciona o estabelecimento tem importância para o êxito da empresa. Ex. 
Lanchonete próxima a uma faculdade. 
Cliente – É o destinatário da atividade empresarial. Traduz uma relação 
pessoal. É o consumidor de produtos ou serviços. 
 
Freguês – É o cliente em potencial que se define por uma posição 
geográfica. São aqueles que passam diante do estabelecimento. Basta lembrar 
que os bairros em Portugal são chamados de freguesia. 
 
A proteção ao ponto não se justifica apenas pela necessidade de se blindar a 
freguesia, mas também pelo acesso a fornecedores, a m-d-o, etc. Garante, 
portanto, mais do que o simples acesso aos compradores. Ex. Para um 
depósito, mesmo sem vendas diretas, é melhor estar a margem da rodovia por 
onde se escoam suas mercadorias, merecendo consideração e proteção 
jurídica a essa vantagem de mercado. 
4.2. Proteção do ponto na locação não-residencial 
 
Também o empresário que atua em imóvel locado tem direito a proteção do 
ponto empresarial. Ou seja, mesmo quando o estabelecimento é constituído em 
imóvel locado, o trabalho de formação da clientela e freguesia não é 
desconsiderado pelo legislador (Lei de locações ou Lei do inquilinato: Lei 
8.245/91), afinal, não seria concebível que o locador, retomando o imóvel, 
pode-se instalar-se no local e desfrutar da freguesia gerada pelo locatário. 
Portanto, busca a Lei impedir que o locador beneficie-se da valorização do 
ponto, fruto da capacidade empresarial do locatário. 
4.2.1. Ação de renovação compulsória do contrato de locação 
 
Requisitos: 
 
Para que goze da proteção da ARCCL, o empresário ou sociedade empresária 
locatários de imóvel não-residencial, deve atender a alguns requisitos, 
cumulativamente (art. 51 da Lei 8.245/91): 
a. O contrato que busca renovar deverá haver sido celebrado por escrito e com 
prazo determinado. 
b. O prazo mínimo do contrato que busca renovar ou a soma (accessio 
temporis) dos prazos ininterruptos dos contratos celebrados dever ser de 5 
anos (qüinqüênio legal exigido). 
c. O locatário deve ser empresário individual ou sociedade empresária e estar 
explorando o mesmo ramos de atividade pelo prazo mínimo e ininterrupto de 3 
anos (sugere o legislador que após esse período já se presume formada a 
clientela e freguesia que merece proteção legal). 
 
OBS. Presentes os requisitos, o direito a renovação estende-se as sociedades 
civis com fins lucrativos. OBS. Contrato imposto 
4.2.1.1. Prazo para propositura da ação renovatória 
 
Para exercer o direito a RCCL, deverá a ação renovatória (necessária apenas 
na impossibilidade de renovação amigável) ser proposta no interregno de 1 ano 
(no máximo) e 6 meses (no mínimo) antes do fim do contrato que se quer 
renovar, sob pena de decadência do direito. OBS. Prazo decadencial: não se 
suspende nem se interrompe. Implica na perda do próprio direito. Prazo 
prescricional: Implica na perda do direito de ação. 
4.2.1.2. Legitimidade ativa para ação renovatória 
É do empresário individual ou sociedade empresária locatária do imóvel não 
residencial. Na sublocação total a legitimidade será do sublocatário. Na 
sublocação parcial a legitimidade segue sendo do locatário. 
4.2.2. Direito de recusa (exceção de retomada) 
 
Se por um lado, o direito a renovação compulsória do contrato de locação 
protege o ponto empresarial, por outro, não deixa de ser uma limitação ao 
direito de propriedade do locador. Diante disso, para que exista um equilíbrio 
entre os direitos das partes contratantes, a Lei 8.245/91 estipulou algumas 
situações nas quais a renovação do contrato não será obrigatória ao locador, 
pois, da mesma forma que se deve proteger o locatário, não se pode permitir 
que as condições de locação fiquem ao alvedrio incondicionado daquele, comouma espécie de usucapião oblíquo. Em outras palavras, a proteção legal 
conferida ao ponto não pode sobrepujar o direito constitucional a propriedade 
que respalda o locador. Sendo assim, não estará o locador obrigado a renovar 
o contrato (direito de recusa): 
a. Se por determinação do poder público, tiver o proprietário que realizar obras 
que impliquem em sua radical transformação (claro que isso implicará no dever 
de trazer aos autos prova documental da determinação do poder público). 
b. Caso pretenda fazer modificações voluntárias, que resultem na valorização 
do imóvel (se as obras não iniciarem em três meses da desocupação do imóvel, 
o locatário terá direito a uma indenização). Deverá ser levado aos autos 
relatório pormenorizado das obras a serem realizadas e da estimativa de 
valorização do imóvel, assinado por engenheiros habilitado. 
c. Caso o próprio locador pretenda utilizar o imóvel para finalidades econômicas 
ou não, ou deseja transferir para lá sua empresa ou a de seu cônjuge, 
ascendente ou descendente, se existente há mais de um ano, quando forem 
empresários individuais ou sociedades empresárias em que detenham a 
maioria do capita social. 
d. Se a proposta de renovação apresentada pelo locatário for abaixo do valor 
de mercado (excluída a valorização trazida pelo locatário). Naturalmente, será 
dada oportunidade ao locatário para melhorar a sua proposta, sob pena de não 
ser renovado o contrato de locação. No caso de divergência sobre o valor 
proposto, perícia judicial poderá determinar justo valor. 
e. Se existir proposta de terceiros em melhores condições. Essa proposta 
deverá ser por escrito, assinada pelo 3º e mais duas testemunhas, na qual 
indicará ainda o ramos de atividade que pretende desenvolver, o qual não 
poderá coincidir com aquele do atual locatário, evitando assim a concorrência 
desleal. Obviamente, o locatário terá preferência, devendo a ele ser concedida 
a oportunidade de cobrir a proposta. Em qualquer caso o locatário terá direito a 
uma indenização pelos prejuízos decorrentes da perda do ponto e por lucros 
cessantes (serão solidariamente devedores da indenização o locador e o 
terceiro cuja proposta foi aceita em detrimento do antigo locatário. 
OBS. Alguns doutrinadores entendem que o rol acima é meramente 
exemplificativo, na medida em que o direito de propriedade deve ser sempre 
privilegiado, prevalecendo sobre os interesses do locatário. Por outro lado, a 
decisões que já determinaram que, exceção de retomada não constitui uma 
excludente absoluta capaz de fulminar de pronto o direito do locatário à 
renovação, constituindo dever do locador produzir provas da sinceridade do 
pedido. 
4.2.3. Prazo para desocupação do imóvel na hipótese de não renovação 
 
Não sendo renovada a locação, o Juiz fixará prazo de até 6 meses após o 
trânsito em julgado da sentença de desocupação. 
4.2.4. Prazo do novo contrato na hipótese da concessão da renovação 
 
1. Introdução 
Etimologia: nome vem do latim nom – em (conhecer, saber) 
Importância: Necessidade de individualização em meio à pluralidade. Sinal 
distintivo. Atribui identidade. Agrega passado (honra, imagem). Conveniência 
social 
(a atribuição de números também identifica, a exemplo do CNPJ, no entanto, 
mostra-se inconveniente desde o ponto de vista social). 
OBS. PF – Toda pessoa tem direito ao nome (prenome + patronímico) (art. 16 
CC). 
PJ - Tem direito a personalidade, como o nome (art. 52 CC). 
Conceito 1 
Nome empresarial é o nome que identifica o empresário individual e a 
sociedade 
empresária. 
Compreendido como um direito da personalidade, deve-se reconhecer no nome 
empresarial um bem moral, bem que compõe o patrimônio moral do empresário 
ou 
da sociedade empresária. 
Elemento de identificação e individualização do empresário individual e da 
sociedade empresária, utilizado para apresentação nas relações com terceiros. 
2. Espécies 
FIRMA ou DENOMINAÇAO. 
A FIRMA é constituída pelo nome civil (completo o abreviado. Quando 
abreviado, 
deverá adotar-se o patronímico, uma vez que o pré-nome não atende à 
necessidade de identificação. Portanto, poderá vir o nome civil abreviado, 
desde 
O presente texto foi construído a partir da publicação de diversos autores. 
Endereço: 
bloginstitutocathedra.blogspot.com. 
2 Doutorando em Direito Privado pela Universitat de València - Espanha 
(bolsista da 
Universidade) (2008 - atualmente). Mestrado (DEA) em Direito Internacional 
Público e Privado 
pela Universitat de València - Espanha (bolsista da Universidade) (2005 - 2007). 
Professor da 
Escola de Magistratura de Pernambuco - ESMAPE. Professor da pós-
graduação e cursos 
preparatórios para magistratura, procuradoria, OAB e demais carreiras jurídicas 
do Complexo 
de Ensino Renato Saraiva. Professor do ATF Cursos Jurídicos. Professor e 
Coordenador do 
Núcleo de Pesquisa da Facet. Diretor Geral do Cathedra - Instituto de Ensino e 
Estudos 
Jurídicos, Políticos e Sociais para América Latina (filiado ao CNPQ em 
31.10.2008). Professor 
convidado do Departamento de Direito Internacional Adolfo Miaja de la Muela - 
UV (Espanha). 
Membro da "Asociación Española de Profesores de Derecho Internacional y 
Relaciones 
Internacionales" - AEPDIRI. Consultor jurídico. Advogado especialista nas áreas 
de Direito 
Empresarial e Internacional. 
2 
que mantenha possível sua identificação. Assim, por exemplo, dita abreviação 
não 
deve ocultar identidade, como ocorreria no uso apenas das iniciais) do 
empresário 
individual (firma individual) ou de um, alguns ou todos os sócios da sociedade 
empresária (firma social), podendo, facultativamente, ser seguida da 
designação 
mais precisa de sua pessoa ou do gênero da atividade empresarial por ele 
exercida. 
Se não há a referência a todos os sócios, adita-se a expressa o& companhia ou 
sua 
abreviatura (embora a Lei não se refira a tal hipótese, deve-se compreender 
como 
aceitável a substituição da expressão “& Cia.” pelo emprego de outras 
expressões 
afins, como “& filhos”, “& irmãos”, “& sobrinhos”, etc. Funciona como a própria 
assinatura do empresário individual ou do representante legal da sociedade. 
OBS. Em regra não se admitem a adoção apenas de alcunhas, como Pepe, 
Zico, 
Dico ou hipocorísticos como Zé, Tonho, Biu, Tião. A solução para tais casos 
pode 
estar na utilização de ação para retificação do nome civil, onde poderá haver 
pedido 
para a inclusão de alcunha como parte do nome civil. 
A DENOMINAÇAO pode formar-se de qualquer palavra ou expressão fantasia, 
desde 
que atenda ao princípio da novidade e não contrariem ordem pública, nem 
gerem 
confusão. Deve vir acompanhado do gênero da atividade da empresa. Poderá 
também utilizar um nome civil, o qual será considerado como elemento fantasia. 
REGRA: Se a sociedade empresária possuir sócios com responsabilidade 
ilimitada 
pelas obrigações sociais, adotará como nome empresarial a firma, na qual 
somente 
poderão figurar os nomes dos referidos sócios, seja de um deles, de alguns ou 
de 
todos. Se a firma não for composta pelo nome de todos esses sócios, deverá 
ser 
seguida da expressão “e companhia”, ou de sua abreviatura “&Cia”. 
Conceito 2 
Nome empresarial é a firma ou denominação através da qual o empresário e a 
sociedade empresária (e também, por equiparação, a sociedade simples, a 
associação e a fundação) se apresentam no exercício de suas atividades, 
figurando 
como seu elemento de identificação ou sinal distintivo. 
3. Denominação das sociedades simples, associações e fundações 
Equipara-se ao nome empresarial, para os efeitos da proteçãoda lei, a 
denominação das sociedades simples, associações e fundações. 
4. Título do estabelecimento, marca e nome empresarial 
Não se confundem. 
TÍTULO DO ESTABELECIMENTO é aquele que identifica o próprio 
estabelecimento 
empresarial e não precisa ser composto dos mesmos elementos lingüísticos do 
nome empresarial ou da marca. A eventual coincidência desses nomes pode 
ser 
uma estratégia de mercado (conveniência mercadológica) utilizada pela 
empresa 
com o escopo de fixá-la, dar-lhe maior visibilidade e facilitar sua identificação. 
Neste sentido, o nome empresarial pode ser Penante Produtos Eletrônicos 
LTDA.; o 
título do estabelecimento Penante Produtos Eletrônicos e a marca Penante. 
MARCA é a designação que identifica o produto ou serviço oferecido pela 
empresa e 
está diretamente vinculada a qualidade daquilo que é por ela oferecido. A 
marca 
passa a ser protegida a partir do seu registro no Instituto Nacional de 
Propriedade 
Industrial – INPI. 
3 
NOME EMPRESARIAL recebe proteção automaticamente com o registro do ato 
constitutivo da empresa na Junta Comercial. 
5. Proteção jurídica do nome empresarial 
O nome empresarial é protegido juridicamente, regido pelos princípios da 
veracidade e novidade. O titular do nome empresarial tem direito a 
exclusividade 
do seu uso nos limites do respectivo Estado (estendendo-se a todo território 
nacional, se registrado na forma da lei especial. Tal lei especial, todavia, ainda 
não 
existe. Assim, desejando a empresa proteção em todo território nacional, terá 
de 
levar uma certidão da JC de sua sede a todas as demais JCs do país, de modo 
que 
em cada uma fique arquivado aquele nome empresarial), evitando confusão e 
preservando clientela e crédito. A clientela, na medida em que evita o desvio de 
clientes que, desavisados, poderiam vir a negociar com o usurpador; e ao 
crédito, 
frente ao risco de ter o empresário seu nome abalado diante de protesto de 
títulos 
do usurpador, ou mesmo pedido de falência ou concordata. 
A proteção ao nome empresarial inicia-se com o arquivamento dos atos 
constitutivos do empresário individual ou sociedade empresária no registro 
próprio. 
Assim, em atendimento ao princípio da novidade, corolário da garantia de 
exclusividade, o nome empresarial deve distinguir-se de qualquer outro já 
inscrito 
no mesmo registro. Caso o empresário tenha nome idêntico ao de outro já 
inscrito 
(homonímia), deverá acrescentar designação que o distinga, sob pena de 
cometer 
crime de concorrência desleal por usurpação de nome empresarial. Assim, se 
Francisco Penante vai registrar-se como empresário individual e descobre a 
existência de um Francisco Penante, ou seja, de um homônimo, deverá incluir 
no 
seu nome elementos distintivo, como por exemplo a designação de sua 
atividade; 
por exemplo: Francisco Penante – eletricista. O mesmo se diga se vier a 
escolher 
nome cuja pronúncia soe similar a de outro já registrado (homofonia). 
5.1. Cancelamento da inscrição do nome empresarial 
Qualquer interessado poderá requerer o cancelamento da inscrição do nome 
empresarial, perante o RPEM, se a sociedade for empresária, ou ao RCPJ, se 
simples, quando: cessar o exercício da atividade econômica para a qual foi 
adotada, ou quando houver o término da liquidação da sociedade que o 
inscreveu. 
6. Imprescritibilidade da pretensão de anulação de inscrição do nome 
empresarial 
Sendo o nome empresarial um direito da personalidade, por identificar o 
empresário individual e a sociedade empresária no exercício de suas 
atividades, o 
lesado, ante a violação do seu direito de exclusividade, pelo seu uso indevido, 
poderá, a qualquer tempo, propor ação contra a JC para anular sua inscrição, 
se 
feita com violação de Lei ou de contrato. Se anulada for a inscrição do nome do 
ofensor, este deverá aditar outro, acrescido de designação distintiva. 
7. Nome e tipo empresarial 
Recordar tipos de sociedades empresárias 
N/C, C/S, LTDA, C/A e S/A. 
A lei confere regras específicas para adoção do nome empresarial para o 
empresário individual e para cada um dos cinco tipos de sociedade empresária 
(N/C, C/S, LTDA, C/A, S/A). 
4 
• EMPRESÁRIO INDIVIDUAL – O empresário individual identifica-se, 
obrigatoriamente, por meio de FIRMA. Exemplo: 
A. Vieira Jóias 
• SOCIEDADES EM N/C – A sociedade em que houver sócios de 
responsabilidade ilimitada operará sob firma (na qual apenas o nome 
daqueles poderá figurar – não necessariamente o de todos). Como nesse 
tipo societário todos os sócios respondem ilimitadamente pelas obrigações 
sociais, seu nome empresarial se dará através de FIRMA. Exemplo: Em 
uma sociedade em N/C, composta por Francisco Penante, João Henrique 
Silva e Maria Eduarda Ferreira, são possíveis nomes empresariais: 
“Francisco Penante, João Henrique Silva & Maria Eduarda Ferreira” 
“Francisco Penante, João Henrique Silva & Maria Eduarda Ferreira 
Instrumentos Musicais” 
“F. Penante, J.H. Silva e M.E. Ferreira Instrumentos Musicais” 
“F. Penante Instrumentos Musicais & Cia.” 
OBS. Ficam solidária e ilimitadamente responsáveis pelas obrigações 
contraídas sob a firma social todos aqueles cujos nomes figurarem na firma. 
• SOCIEDADE EM C/S – Nas sociedades em C/S existem dois tipos de 
sócios: os sócios comanditados, que respondem ilimitadamente pelas 
obrigações sociais, e os sócios comanditários, que respondem 
limitadamente. Por possuir sócios que respondem de forma ilimitada pelas 
obrigações da empresa, esse tipo societário também só pode adotar FIRMA 
como nome empresarial, o qual será composto unicamente pelo nome civil 
de um, alguns ou todos os sócios comanditados. 
Facultativamente, também poderá acrescer o ramo de atividade da empresa. 
• Deverá trazer sempre a expressão & Cia., fazendo referência aos 
sócios comanditários, uma vez que o nome destes não deverá integrar o 
nome, visto que respondem limitadamente pelas obrigações sociais. 
Exemplo: Considerando que são sócios comanditados Francisco Penante e 
Maria Eduarda Ferreira e comanditário João Henrique Silva. 
“Francisco Penante, Maria Eduarda & Cia.” 
“F. Penante, M.E. & Cia.” 
“F. Penante Doces & Cia.” 
OBS. O que ocorrerá se o nome empresarial for composto por nome de sócio 
comanditário? 
Este automaticamente assumirá responsabilidade solidária e ilimitada pelas 
obrigações assumidas sob a firma empresaria. Justificativa: como a firma 
serve para a identificação da empresa perante terceiros, essa regra permite 
que aqueles que contratam com a sociedade conheçam, de imediato, os 
sócios que respondem ilimitadamente com seus patrimônios pessoais pelas 
obrigações sociais. 
• SOCIEDADES LIMITADAS – Podem adotar FIRMA ou 
DENOMINAÇAO, ambas sempre trazendo a palavra limitada ou a sua 
abreviatura LTDA. Se o nome empresarial não vier acompanhado da 
expressão “Limitada”, os administradores que utilizarem firma ou 
5 
denominação responderão solidária e ilimitadamente pelas obrigações 
assumidas. Na firma, o ramo de atividade pode ou não ser inserido. Em se 
tratando de denominação, o ramo de atividade deve necessariamente estar 
presente. 
Exemplo de firma: F. Penante & Cia. LTDA. 
Exemplo de denominação: Delícia Doces LTDA.; Editora Soares LTDA. 
• SOCIEDADE EM COMANDITA POR AÇOES – Também podem 
adotar FIRMA ou DENOMINAÇAO. Ambas devem ser acrescidas, sempre, 
da expressão “comandita por ações” ou sua abreviatura “C/A”. 
Nesse tipo societário, apenas os sócios diretores respondem ilimitadamente 
pelas obrigações sociais. Logo, em sendo adotada firma, esta só poderá ser 
composta pelo nome dos sócios diretores, acrescida, obrigatoriamente,da 
expressão “e companhia” ou de sua abreviatura “& Cia.”, tendo em vista a 
existência de outros sócios cujos nomes não podem figurara na firma, em 
razão de sua responderem limitadamente pelas obrigações sociais. O ramo 
de atividade pode ou não estar presente na firma, sendo obrigatório caso 
adotada a denominação. Exemplos: F. Penante & Companhia C/A, F 
Penante, M. E. Ferreira & Cia. Comandita por Ações, Delícia Doces C/A. 
• SOCIEDADES ANÔNIMAS – Deve adotar, necessariamente, a 
DENOMINAÇAO como nome empresarial, integrada pela locução Sociedade 
Anônima (S/A) ou pelo vocábulo companhia, por extenso ou 
abreviadamente. A denominação pode constituir-se de nome fantasia ou 
nome civil de acionista (a adoção de nome civil em denominação será 
tratada como elemento fantasia – nome de fundador da sociedade, acionista 
ou terceiro que haja concorrido para o êxito da empresa). Obrigatoriamente 
deverá a denominação trazer o gênero da atividade da empresa. 
As denominações das sociedades anônimas deverão trazer as expressões 
“sociedade anônima” ou “companhia”, ou ainda abreviadamente “S/A” ou 
“Cia.” O termo “sociedade anônima” ou a sua abreviatura “S/A” pode ser 
usado no início, meio ou fim da denominação. O termo “companhia” ou sua 
abreviatura “S/A” não pode ser usado no fim. 
Exemplos: Delícia Doces S/A., Cia. Delícia Doces, Maria Eduarda 
Doces Sociedade Anônima; Companhia de Alimentos Friburgo. 
OBS. As COOPERATIVAS adotam DENOMINAÇAO integrada da palavra 
“COOPERATIVA” antes da especificação de sua atividade ou objeto. 
Exemplo: Cooperativa Agropecuária de Barretos; Agrícola Santamarense – 
Cooperativa. 
OBS. A SOCIEDADE EM CONTA DE PARTICIPAÇÃO, por ser uma 
sociedade não personificada e em razão de sua natureza secreta, está 
proibida de adotar nome empresarial, não podendo, portanto, ter firma ou 
denominação. A atividade desenvolvida pela sociedade em conta de 
participação é desenvolvida pelo sócio ostensivo, em seu nome próprio e sob 
sua própria e exclusiva responsabilidade. 
OBS. A “MICROEMPRESAS” ou as “EMPRESAS DE PEQUENO PORTE” 
deverá ser acrescido ao seu nome empresarial às expressões “ME” ou “EPP”. 
Assim teremos: Nome empresarial + ME ou EPP. 
EXERCÍCIO para identificação do tipo societário a partir do nome empresarial 
(indicar se o nome corresponde a F ou D, além do tipo societário): 
1. J. A. Silva Transportes 
2. Malharia Platanus Limitada 
6 
3. Companhia Sabor Festas 
4. Maria Mendes Doces & Cia. 
5. J. Silva, J. Souza & M. Mendes Doces 
6. Delícia Doces limitada 
7. J. Silva & Companhia C/A 
8. Esplendor Eventos S/A 
9. J. Silva, J. Souza & Cia. 
10. Maria Mendes Doces & Companhia 
11. José Augusto Silva Transportes 
12. Delícia Doces C/A 
13. Delícia Doces S/A 
14. João Silva, José Souza & Maria Mendes limitada 
15. Silveira e & Ferreira Malhas Artesanais LTDA. 
16. Cia. de Perfumes Oliveira Almeida 
8. Identificação 
FIRMA: O administrador assina o nome da firma e não seu nome civil. Ex.: J.A. 
Silva Transporte 
DENOMINAÇAO: O administrador usa sua siinatira civil. 
Ex. Delícia S/A 
9. Inalienabilidade do nome empresarial 
O nome empresarial (firma ou denominação), por tratar-se de direito 
personalíssimo, estando, portanto integrado a personalidade do empresário, 
não 
poderá ser objeto de alienação. Sendo assim, na hipótese de trespasse, aliena-
se o 
estabelecimento, mas não o nome empresarial, visto que não há alienação 
autônoma de firma no direito brasileiro. Sem embargo, havendo o trespasse, o 
adquirente poderá utilizar o nome do alienante, desde que precedido do seu 
próprio 
com a qualificação de sucessor, desde que haja autorização contratual para 
tanto. 
Ex. Penante, Ferreira & Cia., sucessores de Albuquerque Silva & Companhia. 
Com 
isso, evita-se que a clientela incorra em erro ao efetivar negócio baseado no 
antigo 
nome empresarial, sem saber da ocorrência daquela transferência. 
10. Alteração obrigatória da firma social em razão de morte, exclusão e 
retirada de sócio 
O princípio da veracidade impede que uma firma contenha nome de pessoas 
que 
não mais pertençam ao quadro societário. Logo, segundo esse princípio, 
somente 
poderá constar de uma firma o nome civil de quem efetivamente for empresário 
individual ou sócio com responsabilidade ilimitada de sociedade empresária. 
Com 
isso, além de evitar confusão por parte dos destinatários dos produtos ou 
serviços 
daquela empresa, garante ainda o legislador o preciso reconhecimento 
daqueles 
que respondem ilimitadamente pelas obrigações assumidas pela empresa. 
Portanto, se houver óbito, exclusão ou retirada de sócio cujo nome civil figurava 
na 
firma social, está precisará ser alterada, mediante a adoção de outra 
denominação, 
sob pena de o espólio ou o ex-sócio continuar a ter a mesma responsabilidade 
pelas 
obrigações sociais que tinha quando era membro do quadro associativo. 
ATENÇAO: se a sociedade for formada por irmãos ou parentes com o mesmo 
sobrenome, e a forma social contiver tal patronímico, o óbito de um deles não 
obriga a sua modificação, salvo se o de cujus deixou manifestação expressa em 
contrário. 
7 
OBS. Se ocorrer óbito, exclusão ou retirada do fundador de uma sociedade 
anônima, seu nome não precisará ser suprimido da firma social, desde que ele 
não 
se oponha e que a sociedade resolva manter inalterada a denominação. 
11. Perda automática da proteção ao nome empresarial 
Se a sociedade foi celebrada por tempo determinado, a expiração deste implica 
na 
perda automática da proteção ao nome empresarial (art. 59 da Lei Registros – 
8934/94). Para que isso não ocorra, a sociedade que desejar prosseguir com a 
empresa deve averbar a prorrogação do ato constitutivo na JC antes do término 
do 
prazo anteriormente convencionado. 
O não arquivamento pelo período de 10 consecutivos, sem qualquer 
comunicação a 
JC do interesse de continuar operando, levará a presunção de inatividade, 
promovendo a JC nesses casos o cancelamento do registro e conseqüente 
persa da 
proteção ao nome empresarial. 
Cancelado o registro de uma empresa, sua reativação deverá obedecer aos 
mesmos procedimentos requeridos para sua constituição. 
Regime Jurídico das Sociedades 
1. Introdução 
PJ - Direito Público - interno - União-------------- 
- Estados------------ 
- Municípios--------- (adm. direta) 
- DF------------------ 
- Territórios--------- 
- Demais ent. caráter púb. (adm. indir.: órgão 
descentralizados para exercício de ativ. de inter. púb. Ex: autarquias como 
INSS, 
UFPE, ANATEL; fundações púb. como FUNASA- Fundação nacional de saúde, 
etc.) 
- externo - Estados estrangeiros 
- Organizações internacionais (DIP) 
- Direito Privado - sociedades (univers. De pessoas c/ fins lucrat) 
- associações (univers. de pessoas s/ fins lucrat) 
- fundações (univers. de bens s/ fins lucrat) 
- Organizações Religiosas, partidos políticos 
2. Sociedades 
2.1. Conceito 
Convenção entre duas ou mais pessoas que se obrigam a conjugar esforços 
para 
consecução de um fim comum e partilha dos resultados. 
2.2. Podem ser simples ou empresárias 
2.2.1. Empresárias: desenvolvem atividade empresarial (conceito de 
atividade empresarial): É a organização econômica dos fatores de 
produção, para a produção e/ou circulação de bens e/ou serviços, 
desenvolvida por pessoa natural ou jurídica, através de um 
estabelecimento empresarial e que visa o lucro. 
8 
2.2.2. Simples: desenvolvem atividade civil. São atividades civis: 
a. Aquelas exercidas por quem não é empresário; 
b. Aquelas fundadas em profissão intelectual, de natureza científica, literáriaou 
artística, salvo se o exercício da profissão constituir elemento de empresa; 
c. As exercidas por produtores rurais não registrados no RPEM; 
d. As desempenhadas pelas cooperativas, as quais, por expressa disposição de 
Lei (art. 982, p.u.), serão sempre sociedades simples, desenvolvendo assim 
atividade civil. 
A diferença básica entre sociedade simples e empresária está no modo de 
exploração do seu objeto social, ou seja, na qualificação ou não da atividade 
exercida como empresarial. Se essa exploração for feita com organização 
profissional dos fatores de produção, será empresária, se não, será simples. 
OBS. EXCEÇOES: As cooperativas (independente do seu objeto), por força de 
lei, 
em que pese registradas nas JCs, serão sempre consideradas sociedades 
simples e 
empresárias as sociedades por ações (art. 982 CC). 
3. Sociedades personificadas 
As sociedades podem ter ou não personalidade jurídica. As sociedades 
personificadas são as pessoas jurídicas de direito privado registradas nos 
órgãos 
competentes. Assim, a personalidade jurídica é adquirida a partir do registro 
dos 
atos constitutivos na JC, dela advindo as autonomias negocial (capacidade da 
sociedade para, em nome próprio, celebrar negócios jurídicos necessários ao 
objeto 
social da empresa), processual (capacidade da sociedade para, em nome 
próprio, 
defender seus interesses em juízo) e patrimonial (separação patrimonial. 
Possuem 
patrimônio social próprio, distinto em relação ao dos seus sócios). 
• Empresário e sociedade empresária – a partir do registro no RPEM, a cargo 
das JCs 
• Sociedade simples – a partir do registro no RCPJ 
• Cooperativa – a partir do registro no RPEM 
3.1. Tipos empresariais no Direito brasileiro 
As sociedades empresárias podem adotar um dos cinco tipos empresariais já 
estudados. As sociedades em N/C, em C/S e LTDA estão regidas pelo novo 
CC, ao 
passo que as S/A pela Lei 6.404/76. As sociedades em C/A, por sua vez, 
regem-se 
pelas normas relativas as S/A, com algumas regras impostas pelo CC. 
3.2. Adoção de tipo societário empresarial por sociedade simples 
A sociedade simples pode ou não adotar um dos cinco tipos societários das 
sociedades empresárias, hipótese na qual seguirá as regras atinentes ao 
modelo 
escolhido no que concerne, por exemplo, a responsabilidade dos sócios. Sem 
embargo, NÃO SERÁ EFETIVAMENTE UMA SOCIEDADE EMPRESÁRIA, 
POR NÃO 
DESENVOLVER PROFISSIONALMENTE E DE FORMA ORGANIZADAOS 
FATORES DE 
PRODUÇAO. 
Caso não faça a opção por um dos tipos societários da sociedade empresária, 
seguirá as regras que lhe são próprias, previstas no CC entre os artigos 997 e 
1038. 
3.3. Sociedade de capital e indústria 
O novo CC não cuidou das chamadas sociedades de capital e indústria, na qual 
um 
dos sócios, chamado de sócio de indústria, entrava apenas com seu trabalho e 
não 
9 
se responsabilizava pelas dívidas da sociedade. Atualmente, em qualquer 
sociedade 
empresária, deve o sócio contribuir com bens ou capital, não podendo fornecer 
apena as sua força de trabalho para o desenvolvimento da atividade, e todos 
respondem pelas dívidas sociais, de forma limitada ou ilimitada, de acordo com 
a 
espécie societária adotada. 
4. Sociedades despersonificadas 
As sociedades sem personalidade jurídica ou despersonificadas, classificam-se 
como: 
4.1. Sociedade em comum (Arts. 986 – 990 CC) – Enquanto o ato 
constitutivo da sociedade não for levado a registro, não se terá uma 
pessoa jurídica, mas um simples contrato de sociedade. Assim, a 
sociedade em comum é aquela cujos atos constitutivos não foram 
inscritos. São reguladas pelos artigos 986 a 990 CC (e supletivamente 
pelas normas da Sociedade simples – arts. 997 a 1038). Os bens e 
dívidas sociais constituem patrimônio especial (afetado ao exercício da 
atividade), do qual os sócios são titulares em comum, em face da 
impossibilidade de titularidade da sociedade em razão da ausência de 
personalidade jurídica. Há uma interpenetração dos interesses dos 
sócios, comunicando-se os bens e dívidas, participando de forma 
igualitária nos lucros e prejuízos. É dividida doutrinariamente em de fato 
(não possui ato constitutivo) e irregular (possui ato constitutivo não 
registrado). Embora a sociedade em comum não tenha personalidade 
jurídica, seus sócios estão contemplados pelo benefício de ordem (art. 
1.024 CC), com a exceção daquele que contratou pela sociedade. Sem 
embargo, todos os sócios respondem solidária e ilimitadamente pelas 
obrigações sociais face a ausência de separação patrimonial. Não se 
trata de um tipo societário, mas sim da designação de uma situação 
irregular. Por não possuírem personalidade jurídica, um sócio não poderá 
demandar contra o outro sem exibir documento de constituição da 
sociedade, mas os estranhos ou terceiros que tiverem alguma relação 
com a sociedade, poderão provar sua existência de qualquer modo, 
inclusive por meio de testemunhas, indicativos fiscais, etc. 
4.2. Sociedade em conta de participação (Arts. 991 – 996 CC) – Dotada 
de natureza secreta (logo, sem nome empresarial ou sede, não é pessoa 
jurídica, não tendo autonomia patrimonial), a sociedade em conta de 
participação não é registrada, e, portanto, desprovida de personalidade 
jurídica (o fato de serem secretas ou ocultas não implica que sejam 
ilícitas ou irregulares). Se o contrato for, eventualmente, levado a 
registro, este nem por isso conferir-lhe-á personalidade jurídica, pois 
apenas formalizará sua constituição, dirimindo dúvidas unicamente em 
relação ao conteúdo do pacto social. Independe de qualquer formalidade 
para sua constituição, bastando a existência da affectio societatis. 
Integradas por duas classes de sócios (ostensivo e participante), pode 
ser constituída por pessoa jurídica. O sócio ostensivo é o empreendedor 
que entra com capital e capacidade laboral, enquanto os participantes ou 
ocultos, tem atuação restrita a entrega do capital social para a 
consecução do fim social. Obriga-se perante terceiro tão somente o sócio 
ostensivo; e, exclusivamente perante este, o sócio participante, nos 
termos do contrato social. Ou seja, por não terem personalidade jurídica, 
não podem assumir obrigações em seu nome, atuando assim o sócio 
ostensivo em seu nome próprio, respondendo direta e ilimitadamente 
pelas obrigações sociais (apenas os sócios ostensivos podem exercer a 
atividade constitutiva do objeto social). Sem embargo, se porventura 
houver participação conjunta do sócio ostensivo e dos participantes na 
elaboração negocial, todos serão solidariamente responsáveis perante o 
terceiro, com quem efetivaram contrato em nome da sociedade. A 
10 
responsabilidade dos sócios participantes em relação aos ostensivos 
poderá ser limitada ou ilimitada, dependendo do que dispuser o ato 
constitutivo. Aplica-se à sociedade em conta de participação, 
subsidiariamente e no que com ela for compatível, o disposto para a 
sociedade simples (arts. 997 a 1.038 CC). 
RESUMO: 
SOCIEDADE PERSONIFICADAS – SOC. SIMPLES 
- SOC. EMPRESÁRIAS 
SOCIEDADES NÃO PERSONIFICADAS – SOC. EM COMUM 
- SOC. CONTA DE PARTICIPAÇAO 
5. Da classificação das sociedades 
5.1. Quanto ao ato constitutivo 
Elemento identificador e delimitador da sociedade (nome, objeto social, 
administradores, capital social, etc.). 
Quanto ao ato constitutivo, as sociedades podem ser CONTRATUAIS ou 
ESTATUTÁRIAS. 
São contratuais as sociedades constituídas por contrato social, o qual 
caracteriza-se 
por um duplo vínculo (sócios entre si e sócios com a sociedade). Seu capital 
social é 
dividido em contas, sendo os titulares denominados cotistas.São sociedades 
contratuais as sociedades em N/C, C/S e LTDA. 
São estatutárias as sociedades constituídas por estatuto social, o qual 
caracterizase 
pelo vínculo único entre os sócios e a sociedade (não há vínculos dos sócios 
entre si). Seu capital social está dividido em ações, sendo os titulares 
denominados 
acionistas. São sociedades estatutárias as sociedades em C/A e S/A. 
Esquema 
SOCIEDADES CONTRATUAIS SOCIEDADES ESTATUTÁRIAS OU 
INSTITUCIONAIS 
Constituída por CS Constituída por ES 
Contrato plurilateral (duplo vínculo) Relação entre os sócios e a sociedade, 
mas não entre si. 
Capital social dividido em cotas Capital social dividido em ações 
Titular das cotas: cotista Titular das cotas: acionista 
São contratuais: N/C, C/S e LTDA São estatutárias: C/A e S/A 
ATENÇAO. As cotas ou ações não têm que ser divididas, necessariamente, em 
partes iguais. 
5.2. Quanto às condições para alienação da participação societária 
SOCIEDADE DE PESSOAS SOCIEDADE DE CAPITAL 
Leva-se em conta os atributos pessoais 
dos sócios 
Considera-se apenas a contribuição 
financeira para o ingresso 
Ingresso de 3º depende de autorização 
unânime 
Basta subscrição 
Alienação de cotas a um 3º depende da 
anuência dos outros sócios 
Acionistas não podem se opor a 
entradas de outros sócios (prevalece 
princípio da livre circulação) 
11 
Reunião e pessoas Reunião de bens e valores 
São sociedades de pessoas: N/C e C/S São sociedades de capital: C/A e S/A 
OBS. Em verdade, não existe sociedade formada apenas por pessoas ou 
capital. As 
pessoas (sócios) e o capital (montante para formação do patrimônio da 
empresa) 
estarão sempre presentes em toda e qualquer sociedade. O importante é que 
os 
atributos pessoais dos sócios são relevantes nas SP e irrelevantes nas SC. 
PERGUNTAS: 
1. As cotas relativas a uma sociedade de pessoas são penhoráveis? Por 
quê? 
R: Não. A doutrina admite apenas a penhora dos direitos patrimoniais 
resultantes das cotas, como lucros e haveres, mas não a transferência da 
cota em si. 
2. O que ocorre no caso da morte de sócio na SP e na SC? 
R: Na SP haverá a dissolução das cotas correspondentes entre os sócios, no 
caso dos sócios sobreviventes não concordarem com o ingresso do sucessor. 
Na SC a sucessão ocorrerá normalmente. 
3. A Sociedade limitada trata-se de uma SP ou SC? 
R: A sociedade limitada trata-se de um tipo societário híbrido, ou seja, 
poderá assumir a forma de SP ou SC, devendo a escolha constar no CS. 
Sem embargo, na ausência de cláusula expressa no CS indicando tratar-se 
de uma SP ou SC, algumas cláusulas poderão indicar se a LTDA assumiu 
uma ou outra característica. Ex. Cláusula referente a admissão de novos 
sócios ou referente a sucessão por ocasião de falecimento, etc. 
No silêncio do contrato, a limitada deverá ser tratada como uma sociedade 
de pessoas, visto ser uma sociedade contratual, sendo da essência de uma 
sociedade de contratual a condição de sociedade de pessoas. Sem embargo, 
poderá ceder sua cota a outro sócio sem a anuência dos demais e a 3º 
estranho se não houver oposição de mais de ¼ do capital social. 
RESUMO: 
SOCIEDADES 
CONTRATUAIS 
SOCIEDADES 
INSTITUCIONAIS 
OU 
ESTATUTÁRIAS 
SP SC HÍBRIDA 
N/C C/A N/C C/A LTDA 
C/S S/A C/S S/A - 
LTDA - - - - 
• São sociedades contratuais e de pessoas: N/C e C/S 
• São sociedade estatutárias e de capitais: C/A e S/A 
• É Sociedade contratual e híbrida quanto as condições para alienação: 
LTDA 
5.3. Quanto a responsabilidade dos sócios: 
• ILIMITADA: Patrimônio dos sócios responde SUBSIDIÁRIA e 
ILIMITADAMENTE. Ex. Sociedade em N/C. 
• LIMITADA: Patrimônio dos sócios responde SUBSIDIÁRIA e 
LIMITADAMENTE. Ex. LTDA e S/A. 
12 
• MISTA: Parte dos sócios responde SUBSIDIÁRIA e LIMITADAMENTE e parte 
SUBSIDIÁRIA e ILIMITADAMENTE. Ex. C/S e C/A. 
OBS. A responsabilidade da própria sociedade, independente do tipo 
societário, é sempre ILIMITADA. Só é possível a limitação da 
responsabilidade subsidiária dos sócios. 
OBS. Por sua vez, a responsabilidade dos sócios, nas sociedade 
personificadas, pode ser LIMITADA ou ILIMITADA, mas será sempre 
SUBSIDIÁRIA (benefício de ordem. Art. 1024 CC). 
Funcionamento da responsabilidade limitada: 
Indispensável primeiro conhecer-se alguns conceitos, como: 
• SUBSCRIÇAO: Quando ingressa em uma sociedade, o sócio subscreve uma 
parcela do capital social (que está dividida em cotas ou ações), 
comprometendo-se a contribuir com o valor subscrito (compromisso). O 
ingresso de um sócio em uma sociedade empresária está condicionado a 
subscrição de capital, uma vez que não se admite a participação de sócio 
apenas com a força de trabalho (antigo sócio de indústria). 
• INTEGRALIZAÇAO: É o pagamento do valor subscrito. Uma vez integralizado 
todo o valor subscrito, estará cumprida sua obrigação social. 
Quadros LTDA e S/A 
LTDA 
SUBSCREVEU INTEGRALIZOU NÃO INTEGRALIZADO 
Sócio A 5.000,00 5.000,00 0 
Sócio B 10.000,00 5.000,00 5.000,00 
Sócio C 5.000,00 1.000,00 4.000,00 
Total não integralizado: R$ 9.000,00 
A responsabilidade dos sócio é? 
R: Limitada 
Limitada a que? 
R: Ao capital subscrito e não integralizado. 
A sociedade LTDA trata-se de uma SP ou SC? 
R: Em regra, de pessoas. 
Qual a principal característica de uma sociedade de pessoas? 
R: Atributos pessoais dos sócios. Sócios interagem entre si. 
RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA 
_ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ 
S/A 
SUBSCREVEU INTEGRALIZOU NÃO INTEGRALIZADO 
Sócio A 5.000,00 5.000,00 0 
Sócio B 10.000,00 5.000,00 5.000,00 
Sócio C 5.000,00 1.000,00 4.000,00 
Total não integralizado R$ 9.000,00 
A responsabilidade dos sócios na S/A é ? 
R: Limitada. 
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Limitada a que? 
R: Ao capital subscrito e não integralizado. 
A S/A trata-se de uma SP ou SC? 
R: SC. 
Qual a principal característica de uma SC? 
R: Livre circulação. A participação em uma SC independe dos atributos 
pessoais. 
Sócios não interagem entre si, mas sim com a própria sociedade. 
RESPONSABILIDADE NÃO SOLIDÁRIA 
Direito Cambiário 
(conjunto de normas que regem os títulos de crédito) 
1. Conceito 
Também conhecidos como cártula, os títulos de crédito constituem documentos 
representativos de uma obrigação pecuniária, necessários para o exercício de 
um 
direito literal e autônomo nele contido, atuando na circulação de riqueza (função 
primacial dos títulos de crédito). 
O rol de títulos de crédito é taxativo (numerus clausus) e estão definidos em lei. 
2. Legislação especial 
Os títulos de crédito contam com legislação especial, a qual, por ser a mais 
especializada, tem aplicação direta. 
• Letra de câmbio – Decreto 57.663/66 (LEI UNIFORME) 
• Nota promissória – Decreto 57.663/66 (LEI UNIFORME) 
• Cheque – Lei 7.357/85 (LEI DO CHEQUE) 
• Duplicata – Lei 5.474/68 (LEI DAS DUPLICATAS) 
3. Títulos de crédito no novo Código Civil de 2002 
Hoje, os títulos de créditos estão também regulados pelo CC (entre os artigos 
887 a 926), o qual tem atuação supletiva, completando eventuais lacunas da 
legislação especial. Sendo assim, as normas do Código Civil se aplicam apenas 
quando compatíveis com as disposições constantes de lei especial ou se 
inexistentes estas. Neste sentido, havendo choque entre o preconizado por lei 
especial e o CC, prevalece a letra da legislação mais específica: da lei especial. 
Importante ainda destacar que, o estudo dos principais títulos de crédito (letra 
de 
câmbio, nota promissória, cheque, duplicata, etc.) prescinde do exame das 
disposições contidas no CC. 
O presente texto foi construído a partir dapublicação de diversos autores. 
Endereço: 
bloginstitutocathedra.blogspot.com. 
2 Doutorando em Direito Privado pela Universitat de València - Espanha 
(bolsista da 
Universidade) (2008 - atualmente). Mestrado (DEA) em Direito Internacional 
Público e Privado 
pela Universitat de València - Espanha (bolsista da Universidade) (2005 - 2007). 
Professor da 
Escola de Magistratura de Pernambuco - ESMAPE. Professor da pós-
graduação e cursos 
preparatórios para magistratura, procuradoria, OAB e demais carreiras jurídicas 
do Complexo 
de Ensino Renato Saraiva. Professor do ATF Cursos Jurídicos. Professor e 
Coordenador do 
Núcleo de Pesquisa da Facet. Diretor Geral do Cathedra - Instituto de Ensino e 
Estudos 
Jurídicos, Políticos e Sociais para América Latina (filiado ao CNPQ em 
31.10.2008). Professor 
convidado do Departamento de Direito Internacional Adolfo Miaja de la Muela - 
UV (Espanha). 
Membro da "Asociación Española de Profesores de Derecho Internacional y 
Relaciones 
Internacionales" - AEPDIRI. Consultor jurídico. Advogado especialista nas áreas 
de Direito 
Empresarial e Internacional. 
2 
4. Características essenciais 
4.1. Negociabilidade 
Refere-se a sua capacidade de circulação. O possuidor de um título, 
enquanto não se opere o protesto, pode dele livremente dispor, 
transferindo-o a seus próprios credores. Assim, deverá receber o 
valor consubstanciado no título aquele que estiver de posse do 
mesmo na data do vencimento. Logo, quem detém o título tem 
legitimidade para exigir o cumprimento do crédito nele incorporado. 
OBS. Para fins de direito, os títulos de crédito são considerados 
coisas móveis. 
4.2. Executividade 
Os títulos de crédito constituem títulos executivos extrajudiciais 
(conforme elencado no art. 585, I, CPC), e como tal gozam de maior 
eficiência em sua cobrança. Isto porque, a sua simples apresentação 
em juízo é suficiente para que se dê início a processo de execução, 
ficando dispensada a prévia ação de conhecimento, uma vez que 
deles se desprende presunção de liquidez e certeza. 
5. Requisitos fundamentais 
Para que produza efeitos de forma válida, os títulos de crédito devem preencher 
alguns requisitos fundamentais. São eles: cartularidade, literalidade e 
autonomia. 
5.1. Cartularidade 
Expressa a materialização ou incorporação do direito no título. 
Diferentemente, estão os documentos de legitimação ou títulos de 
legitimação. É o caso dos bilhetes aéreos, ingressos para teatro ou 
cinema, etc. Para estes, o direito do titular não deriva do próprio 
documento, mas sim de um contrato, servindo o documento apenas 
para provar a existência do direito. 
5.2. Literalidade 
O título de crédito é um documento escrito e em sua análise só se 
levará em consideração aquilo que estiver nele expressamente 
consignado. 
Esse requisito atua tanto em favor do credor (que tem o direito de 
exigir o que consta do título), como também do devedor (que terá 
que pagar unicamente aquilo que nele estiver expresso). 
Ademais, a quitação da obrigação constante do título deve estar 
expressa na cártula, sob pena de não produzir seus efeitos jurídicos. 
5.3. Autonomia 
Requisito essencial para a circulação do título. 
Torna o portador da cártula, titular de um direito autônomo em 
relação ao direito que tinham seus predecessores, pois, o que circula 
é o título e não o direito abstrato que nele se contém. Sendo assim, o 
possuidor exerce direito próprio, que não se vincula as relações entre 
os possuidores anteriores e o devedor. Portanto, cada relação é 
autônoma em relação às suas antecessoras. 
_ Inoponibilidade das exceções pessoais aos terceiros de boa-fé 
(art. 916 CC) 
Ex. Mário compra 300 celulares de Arthur, pagando-o com cheque. 
Arthur efetua compra de mais 400 celulares junto ao seu fornecedor 
para repor seu estoque, pagando como o mesmo cheque recebido de 
Mário. Mário, não poderá recusar-se a honrar o cheque perante o 
3 
fornecedor de Arthur, ainda que os celulares vendidos por Arthur 
apresentem defeito, uma vez que dito fornecedor é um possuidor de 
boa-fé do título, não tendo participado do negócio inicial que deu causa 
a emissão do cheque. Em face ao princípio da autonomia, estando o 
negócio inicial contaminado por vício, este não poderá estender-se às 
obrigações subseqüentes representadas pelo título, razão pela qual 
Mário está obrigado a arcar com a dívida, podendo, posteriormente, 
acionar Arthur pedindo indenização pelos celulares danificados. 
Sendo assim, tem-se que o portador do título de crédito exerce direito 
próprio e não um direito derivado das relações anteriores. De tal modo, 
não poderá o portador ser surpreendido por oposição concernente à 
relação de que não foi parte, a menos que ele, ao adquirir o título, 
tenha agido de má-fé. 
Tal segurança para os eventuais portadores do título é essencial à sua 
circulação. Sem embargo, contra o portador originário (aquele com 
quem o emissor manteve determinada relação jurídica, que deu origem 
ao título), o emissor do título poderá opor exceções pessoais a qualquer 
tempo. Ex. Pagamento da obrigação, compensação, novação, etc. 
Sendo assim, o subscritor do título somente poderá opor contra o 
possuidor de boa-fé os vícios formais da cártula, como por exemplo: 
falsidade de sua assinatura, vencimento do título, etc. 
6. Espécies de títulos de crédito 
6.1. Letra de câmbio 
_ Introdução 
A letra de câmbio é um título de crédito à ordem, que se cria mediante o saque, 
emitido a favor de alguém. A letra transfere-se por endosso, completa-se pelo 
aceite e garante-se pelo aval. 
Título à ordem é aquele emitido em favor de pessoa determinada, mas 
transferível 
por simples endosso (assinatura do portador atual àquele a quem será 
transferido o 
título). 
Saque refere-se à emissão da letra de câmbio. 
OBS. Diferenciam-se dos nominativos, na medida em que dispensam qualquer 
outra formalidade, que não o endosso, para a transferência do título. Nos 
nominativos exige-se a escrituração nos livros do devedor. 
O sacador, ao emitir uma letra de câmbio, dá uma ordem ao sacado para que 
pague o valor constante do título ao beneficiário ou tomador. Assim, a letra de 
câmbio é um título de crédito no qual alguém declara que alguém irá pagar 
certa 
quantia a alguém. Sendo assim, compreende uma ordem de pagamento que 
envolve três sujeitos e uma obrigação cambiária (sacador=emitente; 
sacado=aquele que, espera-se, pagará o valor trazido no título; 
tomador=beneficiário). Nada obsta, entretanto, que uma mesma pessoa ocupe 
duas posições nessa relação, sendo, assim, sacador e sacado ou sacador e 
tomador 
(ex. Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais X Emcop – Construções e 
Projetos, 
em Gladston Mamede). Neste sentido, por exemplo, eu posso declarar que eu 
mesmo pagarei certa quantia a Pedro (sacador e sacado se confundem). Por 
outro 
lado, posso declarar que Pedro me pagará certa quantia (sacador e tomador se 
confundem). 
_ Requisitos essenciais da letra de câmbio 
Para que um documento seja considerado uma letra de câmbio, submetendo 
assim ao regime dos títulos de crédito, deverá atender a alguns requisitos 
essenciais (Decreto nº 57.663/66 
a. Identificação do título 
deverá estar inserida no próprio texto do título. Neste sentido, se a cártula 
contiver a frase (em negrito) 
de câmbio) a quantia de 10 mil reais a 
em 22 de dezembro de 2011 
haja, fora do texto, o título letra de câmbio 
em vermelho, estaria 
b. O mandato puro e simples de pagamento 
Se esse campo não for preenchido corretamente, ensejará a nulidade formal 
do título. Assim, o mandado para pagamentodo valor deve ser preciso, não 
se sujeitando a qualquer condição 
c. Quantia certa 
A declaração de pagamento será de uma quantia certa, em moeda nacional 
corrente. 
OBS. Se a indicação da quantia a satisfazer se achar feita por extenso e 
algarismo, havendo divergência entre uma e outra, prevalece a que estiver 
feita por extenso. Se a indicação da quantia se achar feita por mais de uma 
vez, quer por extenso, quer por algarismo, e houver divergência entre as 
diversas indicações, prevalecerá a que se achar feita pela quantia inferior. 
d. Nome do sacado 
O sacador (emitente) dev 
se, pagará a quantia determinada na letra de câmbio). 
e. Nome do tomador 
A letra de câmbio é, como visto, 
o nome do seu tomador (beneficiário), ou seja, daquele a 
quantia deverá ser paga. 
OBS. Recordamos que é lícita a emissão de título a própria ordem, no qual o 
sacador indica a si mesmo como beneficiário da letra de câmbio. 
– Lei Uniforme). São eles: 
: A palavra letra ou a expressão letra de câmbio 
negrito): A Francisco Penante pagar 
João Henrique Vascon 
2011, não será uma letra de câmbio, mesmo que 
câmbio. Acrescido, no entanto, o trecho 
, atendido o requisito. 
o além do prazo. 
deverá indicar o nome do sacado (aquele que, espera 
um título à ordem, devendo portanto trazer 
favor de 
4 
submetendo-se 
(por esta letra 
Vasconcelos, 
. ele esperatítulo 
quem a 
5 
f. Local e data de emissão 
Também constituem requisitos necessários da letra de câmbio. Diante de 
sua ausência a letra de câmbio é considerada inválida. 
g. Assinatura do sacador 
O próprio emitente (sacador) ou seu representante deverá assinar a letra. 
Portanto, tais elementos, elencados entre os pontos “a” e “g” 
supramencionados, 
devem estar obrigatoriamente presentes na letra de câmbio e, se não 
estiverem, o 
documento será descaracterizado como letra de câmbio e, via de 
conseqüência, 
como título de crédito. 
_ Elementos facultativos da letra de câmbio 
a. A época de pagamento 
• À vista (contra apresentação. Uma vez apresentada ao sacado). 
Dispensa a apresentação para aceite, porque se vence no momento em 
que é apresentada ao sacado (o que deve ser feito em um ano, embora 
tal prazo possa ser alterado pelo sacador); 
• A certo termo da vista (o início do prazo para o vencimento está 
condicionado a apresentação da cártula ao sacado). Nesse tipo de letra 
o aceite é obrigatório, pois só após o aceite (que é datado), poder-se-á 
contar o prazo para o vencimento; 
• A certo termo da data (o vencimento da cártula se dará em prazo 
determinado, assinalado na letra, a contar da data de emissão. Por ex. 
em 90 dias); 
• Se pagável em um dia fixado (a data de vencimento da letra está 
assinalada no título. Ex. 23 de maio de 2015). Aqui a apresentação da 
letra para aceite é facultativa. 
b. O lugar de pagamento 
Ex. no domicílio do sacado, no domicílio de terceiro. 
_ Aceite na letra de câmbio 
Ao receber das mãos do sacador a letra de câmbio, o tomador deve procurar o 
sacado para apresentar-lhe o título e consultá-lo sobre a aceitação da ordem. 
Aceitando a letra, o sacado se compromete a pagar o valor constante do título 
ao 
seu beneficiário na data do vencimento (apenas se ele não pagar no 
vencimento é 
que os co-devedores poderão ser acionados). Assim, a declaração do aceite 
torna o 
sacado devedor principal, passando a chamar-se “aceitante”. Sendo assim, o 
sacado não se encontra obrigado a pagar o título contra a sua vontade. Ao 
contrário, enquanto não manifesta a sua concordância, por meio do aceite, o 
sacado não tem nenhuma obrigação cambial. 
Na letra de câmbio o aceite é facultativo. Em nenhuma hipótese o sacado é 
obrigado a aceitar o título. Assim, ainda que devedor do sacador ou tomador, o 
sacado não está obrigado a documentar a sua dívida por um documento de 
circulação cambial (título de crédito), diferentemente do que acontece com a 
duplicata. Ex.: Suponha-se que A envolveu-se em um acidente de trânsito com 
B, 
por culpa deste último. Mesmo que B reconheça a responsabilidade, e o dever 
de 
ressarcir os danos que causou, ele não está obrigado a documentar a sua 
dívida 
através da letra que A resolva sacar contra ele, uma vez que não há meios 
jurídicos 
que possa vincular o sacado ao pagamento da letra de câmbio contra a sua 
vontade. Assim, na letra de câmbio o aceite é sempre facultativo. 
ATENÇÃO: A recusa do aceite gera o vencimento antecipado do título. Ex.: Se 
A 
saca, em 22 de dezembro de 2011, letra de câmbio contra B, em favor de C, 
com 
6 
vencimento para 11 de junho de 2012, a recusa do aceite torna o título exigível 
de 
imediato. Essa exigibilidade do título opera-se contra A, que, sendo sacador, é 
codevedor 
do título. Reconhece-se ao tomador, então, o direito de exigir do sacador a 
garantia pela ordem que ele havia dado. Em relação ao sacado da letra de 
câmbio, 
a recusa do aceite não opera nenhum efeito. 
Deste modo, se o sacado não aceitar o título, haverá o seu vencimento 
antecipado, 
podendo o tomador, após o protesto (que prova a ausência do aceite, devendo 
ser promovido até o 1º dia útil seguinte à recusa), cobrar do sacador e dos 
demais 
coobrigados cambiários (endossantes e avalistas) o valor constante da letra. 
Uma 
vez não promovido o protesto, perderá o tomador o direito de acionar os demais 
coobrigados cambiários (sacador e respectivos avalistas, endossante e 
respectivos 
avalistas). 
O aceite decorre da simples assinatura do sacado no anverso da letra de 
câmbio. 
No Brasil a praxe é lançá-lo à esquerda do documento, no sentido vertical. Tem 
que 
ser feito na própria letra para que seja válido, em razão do principio da 
literalidade 
(assim, se o sacado havia transmitido, por outro meio escrito, ao sacador ou ao 
portador a sua intenção de aceitar a obrigação cambiária e, depois, se recusa a 
assinar a cártula, não se pode considerar que aceitou, uma vez que o ato não 
foi 
lançado na própria letra. Contudo o sacado responde como se houvesse 
aceitado). 
Se feito no verso, deverá ser precedida da palavra “aceito”, “aceitamos” ou 
expressão equivalente, evitando que se confunda com endosso. 
O aceite não é requisito de validade do título. Preenchidos todos os requisitos 
legais, o título já pode ser executado e produzir efeitos, ainda que sem o aceite. 
Aliás, no caso da letra, como visto, o sacado sequer está obrigado ao aceite. 
Ele 
aceita se quiser. Isso porque, ao emitir a letra, o sacador responsabiliza-se pelo 
aceite do sacado e pelo pagamento dela, ou seja, ele garante ao tomador que o 
sacado honrará o título, pois, caso não o faça, ele próprio terá de honrá-lo. 
Todavia, com a circulação do título, havendo endossantes, todos eles 
responsabilizam-se igualmente pelo aceite e pagamento do sacado, na 
condição de 
devedores solidários cambiários. Portanto, se o sacado não aceitar, o possuidor 
poderá cobrá-lo do sacador ou dos endossantes, por exemplo. 
O aceite deve ser puro e simples, ou seja, incondicionado, embora possa ser 
parcial. Nesse caso, o sacado fica obrigado nos termos do seu aceite, não 
impedindo todavia que o tomador proceda o protesto pela parte não aceita, uma 
vez que o aceite parcial equivale a recusa (embora vincule o aceitante 
parcialmente), como forma de garantir seu direito de acionar os demais 
coobrigados. O tomador poderá exigir desses coobrigados o valor total do título, 
reservado a estes o direito de exigir do sacado o valor referente à parte aceita. 
a. Recusa parcial do aceite 
Se, como visto, na letra de câmbio o aceite é facultativo, ou seja, se o sacado 
pode

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