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Ato de serviço e conotações penal e adm

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ATO DE SERVIÇO E SUAS CONOTAÇÕES ADMINISTRATIVA E 
PENAL MILITARES*
Antônio Pereira Duarte
Procurador de Justiça Militar da União/MG
Antonio.duarte@mpm.gov.br
“Cabe ao militar a responsabilidade integral pelas 
decisões que tomar, pelas ordens que emitir e pelos atos 
que praticar (Estatuto dos Militares do Brasil– art. 41)”.
SUMÁRIO: I – Introdução; II – Conceito de Militar; III 
– Distinção entre o Ofício das Armas e outras 
Profissões; IV – Ato de Serviço – Conceituação e 
Natureza Jurídicas; V – Repercussão do Ato de 
Serviço na Seara Administrativa: a) Aspectos Gerais; 
b) Reflexos Negativos e c) Reflexos Positivos; VI – O 
Trato da Improbidade Administrativa Militar no Brasil. 
Lei nº 8.429/92. Apuração da Conduta Desviante do 
Militar; VII – Ato de Serviço e seus Reflexos no 
âmbito Penal: a) Aspectos Gerais; b) Crimes 
Propriamente Militares; c) Crimes Funcionais; d) 
Reconhecimento de Qualificadoras, Agravantes e 
Atenuantes; e – Excludentes de Crime e Exculpantes 
em razão do Ato de Serviço; f) Fixação da 
Competência da Justiça Militar; h – Crimes Dolosos 
Contra a Vida praticados por Militar contra Civil: 
Competência do Tribunal do Júri. Posição do STF 
pela Constitucionalidade da Lei 9.299/96. 
Conseqüências em relação ao crime praticado em 
decorrência de Ato de Serviço. Nova Orientação da 
Emenda Constitucional nº 45/2004; VIII - A 
independência das Instâncias Penal, Administrativa e 
Cível. Efeitos da Sentença Penal Absolutória no 
Cenário Administrativo-Militar. Resíduo Administrativo 
e Poder-Dever de Imposição da Pena Disciplinar; IX – 
Considerações Finais.
 
* Texto de Palestra a ser proferida aos Oficiais Generais do Estado Maior da República de Angola, no dia 
23 de julho de 2008.
I - Introdução
O exercício da atividade militar acarreta uma grande soma 
de conseqüências jurídicas quer no campo penal, quer no campo 
administrativo, seja ainda no contexto cível.
É que tal profissão ostenta peculiaridades absolutamente 
inexistentes nos demais segmentos laborais, sendo forçoso reconhecer 
que o profissional das Armas merece mesmo um tratamento à parte. Isto 
justifica, por exemplo, que haja todo um arcabouço jurídico específico e 
diferenciado, contemplando os comezinhos aspectos que tangenciam o 
desempenho funcional castrense. Há um estatuto dos militares, assim 
como existe um regulamento disciplinar próprio, com regras que tratam 
desde os princípios nucleares da carreira militar até os efeitos jurídicos 
decorrentes da violação aos referidos regramentos.
A simples condição de militar, por exemplo, já gera 
significativos reflexos, posto que, a teor dos dispositivos contemplados 
nos regulamentos disciplinares, o servidor especial da pátria na dicção 
do estatuto, há de ter comportamento irrepreensível tanto na vida civil 
quanto militar. Qualquer ato que pratique extramuros do quartel que 
venha a macular a ética ou o pundonor militares, certamente que 
ocasionará a imposição de sanções demarcadas nos diplomas 
retrocitados. Daí a razão de estar definido no Estatuto dos Militares 
brasileiros, como preceitos de ética militar, o proceder de maneira 
ilibada na vida pública e na particular, bem como o conduzir-se, mesmo 
fora do serviço ou quando já na inatividade, de modo que não sejam 
prejudicados os princípios da disciplina, do respeito e do decoro militar.
Quando investido de uma missão ou encarregado de um 
determinado serviço, o militar passa, por assim dizer, consoante a 
natureza intrínseca do serviço a desenvolver, a incorporar o próprio 
espírito patriótico. Assim, ao ser convocado para o combate frente ao 
inimigo, estará efetivamente defendendo a soberania nacional.
No cotidiano castrense, por sua vez, em tempo de paz 
executará inúmeras tarefas de inegável valor, que constituem a 
argamassa da organização e preparo das Forças Militarizadas, 
contribuindo, deste modo, para o fortalecimento da coesão que deve 
fecundar, permanentemente, nos seios militares. 
O amor à profissão das armas e a vontade inabalável de 
cumprir o dever militar traduzem valores indissociáveis ao cotidiano 
castrense, devendo permear todos atos de serviço. 
Tais atos de serviço ou em serviço produzem ou podem 
produzir efeitos jurídicos próprios, conforme a área para a qual o foco de 
incidência restou projetado. É neste particular campo de efeitos 
2
jurígenos que versará a presente abordagem, cuja relevância tanto mais 
se amplia na medida em que se observa, no Brasil, um cenário de 
mudanças significativas no Direito Militar genericamente falando, 
sobretudo se a tão aspirada ampliação da competência da Justiça Militar 
alcançar a concretização no plano da Reforma do Judiciário em fase de 
conclusão.
II - CONCEITO DE MILITAR
O militar é um servidor público sui generis, regido por 
diploma estatutário específico. A definição constante da Lei 6.880/80 
(Estatuto dos Militares do Brasil) parece ser mais adequada para 
enfeixar a natureza intrínseca da atividade castrense, definindo-se em 
seu art. 3º, verbis: “Os membros das Forças Armadas, em razão de sua 
destinação constitucional, formam uma categoria especial de servidores 
da Pátria e são denominados militares”.
Tal conceito é inteiramente constitucional, sobretudo após 
o advento da Emenda Constitucional brasileira nº 18/98 – que define o 
regime constitucional dos militares, dispondo sobre tal categoria em 
seção apartada dos servidores públicos lato sensu. É bem verdade que 
muitos dos princípios aplicáveis ao servidor público genericamente 
falando são também extensivos aos servidores militares, mas as 
distinções, como se verá adiante, são bem visíveis, a começar pelo 
campo das vedações constitucionais e infraconstitucionais.
Não por outra razão, estampa-se no estatuto dos militares, 
que os deveres militares emanam de um conjunto de vínculos racionais, 
bem como morais, que ligam o militar à Pátria e ao seu serviço, 
compreendendo essencialmente: a dedicação e a fidelidade à Pátria, 
cuja honra, integridade e instituições devem ser defendidas mesmo com 
o sacrifício da própria vida; o culto aos Símbolos Nacionais; a probidade 
e a lealdade em todas as circunstâncias; a disciplina e o respeito à 
hierarquia; o rigoroso cumprimento das obrigações e das ordens; e a 
obrigação de tratar o subordinado dignamente e com urbanidade.
O Compromisso Militar, por sua vez, afirmará a aceitação 
consciente das obrigações e dos deveres militares e a firme disposição 
de seu fiel e bom cumprimento.
O Código Penal Militar brasileiro define, igualmente, a 
pessoa considerada militar, nos termos seguintes: “É considerada 
militar, para efeito da aplicação deste Código, qualquer pessoa que, em 
tempo de paz ou de guerra, seja incorporada às forças armadas, para 
nelas servir em posto, graduação, ou sujeição à disciplina militar”. Não 
3
obstante tal concepção restritivista, observamos que, nos arts. 11, 12 e 
13, o legislador houve por bem considerar aplicáveis as regras do CPM 
ao militar estrangeiro em comissão ou estágio nas Forças Armadas; ao 
militar da reserva ou reformado, empregado na administração militar, 
equiparando-o, numa fictio iuris, ao militar em situação de atividade; por 
fim, o militar da reserva ou reformado conserva as responsabilidades e 
prerrogativas do posto ou graduação, para o efeito da aplicação da lei 
penal militar, quando figura como sujeito ativo ou passivo de crime 
militar. 
III - DISTINÇÃO ENTRE O OFÍCIO DAS ARMAS E OUTRAS 
PROFISSÕES
Serviço militar, atividade militar, profissãodas armas, ofício 
castrense, seja qual for o adjetivo que se conecte ao substantivo 
representado pelo labor específico do integrante das Forças Armadas, 
em tempo de paz ou de guerra, o que interessa pressentir ou perscrutar 
é a absoluta diferenciação que paira em relação às demais atividades 
realizadas pelo homem, a justificar, por isso mesmo, o alentado e 
profuso campo normativo que regula a profissão militar. 
Não é difícil, ab origine, descortinar este vasto espectro que 
campeia no segmento castrense, com normas peculiares ao trato da 
matéria, que se permeia por princípios particulares e próprios da 
atividade, destacando-se a hierarquia, a disciplina, o pundonor militar, 
para citar apenas estes. 
Transluz do Código Funcional dos Militares brasileiros 
distinções visíveis entre esta categoria de servidores públicos e a dos 
servidores públicos civis, marcadamente no que se relaciona ao espírito 
de devotamento institucional1, mesmo porque a postura castrense não 
se compagina com certos direitos e garantias consagrados a outros 
servidores e positivadas no ordenamento jurídico nacional, como sejam 
a greve, a sindicalização e a filiação partidária. Não bastasse isso, toda 
sua vida deve ser regrada, inadmitindo-se que macule a farda por atos 
que sejam contrários aos valores castrenses, motivo pelo qual é 
imperativo que guarde conduta pública ou privada inteiramente ilibada. A 
carreira militar é por isso mesmo permanentemente desafiadora e 
reclama extremada vocação. 
1 O Estatuto dos Militares classifica como manifestações essenciais do valor militar, dentre outros, os seguintes: 
o patriotismo, traduzido pela vontade inabalável de cumprir o dever militar e pelo solene juramento de 
fidelidade à Pátria até com o sacrifício da própria vida; a fé na missão elevada das Forças Armadas; o espírito 
de corpo, orgulho do militar pela organização onde serve e o amor incondicional à profissão das armas e o 
entusiasmo com que é exercida (art. 27 e incisos).
4
Disciplina é a rigorosa observância e o acatamento integral 
das leis, regulamentos, normas e disposições que fundamentam o 
organismo militar e coordenam seu funcionamento regular e harmônico, 
traduzindo-se pelo perfeito cumprimento do dever por parte de todos e 
de cada um dos componentes desse organismo.
A disciplina e o respeito à hierarquia devem ser mantidos 
em todas as circunstâncias da vida entre militares da ativa, da reserva 
remunerada e reformados (art. 14, §§ 2ºe 3º - Estatuto dos Militares).
A deontologia castrense, por assim dizer, estabelece 
parâmetros éticos irretorquíveis, cujo cumprimento há de ser 
completamente sereno, altivo e consciente. No art. 28 do Estatuto dos 
Militares vemos que o sentimento do dever, o pundonor militar e o 
decoro da classe impõem, a cada um dos integrantes das Forças 
Armadas, conduta moral e profissional irrepreensíveis, com a estrita 
observância dos preceitos de ética militar. 
Na clássica obra – A Luta pelo Direito, Rudolf Von Ihering, 
ressalta que nas fileiras militares o sentimento de honra atinge altíssimo 
grau de sensibilidade, asseverando que a defesa da honra é dever 
máximo de todos, dispondo que numa corporação, como a militar, na 
qual, pela sua natureza, a afirmação da coragem pessoal se destaca, 
não se poderá, de forma alguma, admitir a covardia de um de seus 
membros, sem se aviltar. Fazendo um paralelo entre o camponês, o 
comerciante e o militar, aduz que, aquilo que para o oficial é a honra, 
para o camponês é a propriedade e para o comerciante é o crédito. O 
extraordinário jurista, ao tecer suas considerações, ensejou, na verdade, 
demonstrar que cada profissão posta em relevo tem seu sentido de 
autopreservação moral, vale dizer, ao defender seu direito, estará 
defendendo princípios morais de sua vida, finalizando que, nas três 
classes sociais abordadas, manifesta-se a mais alta suscetibilidade 
quanto ao sentido de justiça, precisamente nas áreas que refletem as 
condições de existência de cada uma dessas classes, revelando que 
esse sentimento não é detectado, como qualquer outro fenômeno 
psíquico, apenas pelos traços pessoais de temperamento e de índole, 
mostrando-se, nele, também, um momento social, que é o sentimento 
da necessidade de um certo instituto jurídico para o modus vivendi de 
cada profissão (Editora RT, 2ª ed., 2001, p. 51).
 IV - ATO DE SERVIÇO - CONCEITUAÇÃO E NATUREZA JURÍDICA
Na terminologia adotada pelo Estatuto dos Militares do 
Brasil– Lei 6.880/81, cargo militar é um conjunto de atribuições, deveres 
e responsabilidades cometidos a um militar em serviço ativo, sendo 
5
certo que as obrigações inerentes ao cargo militar devem ser 
compatíveis com o correspondente grau hierárquico e definidas em 
legislação ou regulamentação específicas. A provisão dos cargos 
militares se efetiva com o atendimento dos pressupostos relativos ao 
grau hierárquico e respectiva qualificação profissional demandada para 
o desempenho do ofício militar.
O cargo militar encontra-se especificado nos Quadros 
de Efetivo ou Tabelas de Lotação das Forças Armadas ou previsto, 
caracterizado ou definido em outras disposições legais.
No entanto, o diploma orgânico dos militares ainda se 
preocupa em clarificar que as obrigações que, pela generalidade, 
peculiaridade, duração, vulto ou natureza, não são catalogadas com 
posições tituladas em “Quadro de Efetivo”, “Quadro de Organização”, 
“Tabela de Lotação” ou dispositivo legal, são cumpridas como encargo, 
incumbência, comissão, serviço ou atividade, militar ou de natureza 
militar, APLICANDO-SE, NO QUE COUBER, a encargo, incumbência, 
comissão, serviço ou atividade, militar ou de natureza militar, o disposto 
relativamente a cargo militar.
A Medida Provisória nº 2.215-10, de 31 de agosto de 2001, 
que trata da reestruturação remuneratória dos militares das Forças 
Armadas brasileiras, em seu art. 28, estabelece modificações à Lei 
6.880/80 (Estatuto dos Militares do Brasil), avultando-se, dentre tantas, a 
seguinte definição, verbis: “Art. 6º. São equivalentes as expressões ‘na 
ativa’, ‘da ativa’, ‘em serviço ativo’, ‘em serviço na ativa’, ‘em 
serviço’, ‘em atividade’ ou ‘em atividade militar’, conferidas aos 
militares no desempenho do cargo, comissão, encargo, incumbência ou 
missão, serviço ou atividade militar ou considerada de natureza militar 
nas organizações militares das Forças Armadas, bem como na 
Presidência da República, na Vice-Presidência da República, no 
Ministério da Defesa e nos demais órgãos quando previsto em lei, ou 
quando incorporados às Forças Armadas.”
Constata-se, pois, que o ato de serviço vincula-se ao 
cumprimento de uma obrigação ou dever militar. Trata-se efetivamente, 
da materialização do compromisso militar assumido. Numa concepção 
intrínseca, representa o liame racional e ético que liga o militar à Pátria e 
ao seu serviço. Extrinsecamente, compreende o exercício da função 
imanente ao cargo militar.
Sua natureza jurídica é, portanto, de conotação dual, vale 
dizer, significa de um lado, OBRIGAÇÃO e de outro DEVER. Obrigação 
como decorrência da FUNÇÃO MILITAR desempenhada enquanto 
investido do CARGO MILITAR. Dever como elo racional e ético que 
6
vincula o militar à Pátria e ao serviço, envolvendo a sujeição da própria 
vida.
Como consectário natural do descumprimento ou da 
violação das obrigações e dos deveres militares nasce a 
responsabilidade pessoal do infrator. A inobservância dos deveres 
especificados nas leis e regulamentos,ou a falta de exação no 
cumprimento dos mesmos, acarreta pa o militar a responsabilidade 
funcional, pecuniária, disciplinar ou penal, consoante a legislação 
específica.
V - REPERCUSSÃO DO ATO DE SERVIÇO NA SEARA 
ADMINISTRATIVA
a - Aspectos Gerais
O ato de serviço origina vários efeitos jurígenos na esfera 
administrativa, muito com reflexos positivos outros negativos. Com 
efeito, investido do ofício castrense, o militar, seja de carreira, seja de 
quadros temporários e complementares, ao realizar os encargos ou 
missões que lhe são cometidos, tem seu desempenho ou sua conduta 
regidos por normas específicas e peculiares, atraindo, consoante o fato 
transcorrido, quer dizer, o fato adentrado no mundo jurídico, as diversas 
conseqüências. 
Por um lado, vislumbra-se que o ato em serviço tem 
natureza jurídica singular, posto que denota que o militar está atuando 
como tal, uti miles. Representa, no seu conduzir, a atividade castrense 
que assumiu como profissão. Deverá, por conseguinte, obrar com o 
zelo, a ética e o pundonor que dele se espera. 
De igual maneira, por ostentar condição peculiar no 
desempenho de seu mister, naturalmente que, enquanto investido do 
cargo e desempenhando a função militar imanente ao mesmo, tem a 
proteção de vários regramentos jurídicos.
b – Reflexos Negativos
Em relação às praças não estáveis é compreensível que, 
enquanto não logram alcançar a estabilidade, sejam submetidas às 
avaliações periódicas, visando descobrir sua vocação castrense, 
podendo, porventura não comprovadas as aptidões próprias para o 
mister militar, ensejar o licenciamento das fileiras militares antes de 
atingir o decênio legal que garantiria a estabilidade.
7
As praças já estabilizadas somente serão desligadas da 
atividade militar, perdendo suas graduações, após o regular Conselho 
de Disciplina ou em virtude de imposição de pena acessória pela Justiça 
Militar.
Os Oficiais de Carreira gozam de vitaliciedade, razão por 
que somente perderam seus postos e patentes, nos termos da 
Constituição vigente, após o regular Conselho de Justificação ou 
Representação da PGJM, em que declarado indigno ou incompatível 
com o Oficialato.
A apuração da responsabilidade funcional, pecuniária, 
disciplinar ou penal poderá concluir pela incompatibilidade do militar 
com o cargo ou pela incapacidade no exercício das funções militares a 
ele inerentes.
O militar que, por sua atuação, se tornar incompatível com 
o cargo, ou demonstrar incapacidade no exercício de funções militares a 
ele inerentes, será afastado do cargo.
Importa dizer, entrementes, que todos, inclusive os 
militares da reserva remunerada, são submetidos ao Regulamento 
Disciplinar pertinente, de modo que seu proceder infringente das regras 
disciplinares, enseja a aplicação de punições disciplinares. 
Nota-se, pois, no campo do Direito Administrativo 
Disciplinar Militar, o ato em serviço pode configurar ilícito disciplinar, 
merecendo a punição adequada, objetivando a manutenção dos pilares 
da hierarquia e disciplina – base que sustenta a coesão das Forças 
Militarizadas. Veja-se a conceituação e especificação contemplada no 
RDE – Decreto nº 4346, de 26 de agosto de 2002: Art. 14. Transgressão 
disciplinar é toda ação praticada pelo militar contrária aos preceitos 
estatuídos no ordenamento jurídico pátrio ofensiva à etica, aos deveres 
e às obrigações militares, mesmo na sua manifestação elementar e 
simples, ou, ainda, que afete a honra pessoal, o pundonor militar e o 
decoro da classe. 
No Regulamento Disciplinar da Marinha do Brasil (Decreto 
nº 88.545/83), entre múltiplas condutas consideradas transgressógenas, 
pinçamos duas que dão bem a medida da severidade com que o 
proceder do militar de serviço está submetido: 46. executar 
intencionalmente mal qualquer serviço ou exercício; 47. ser negligente 
no desempenho da incumbência ou serviço que lhe for confiado.2
Arrostando tantos riscos e submetendo-se a diplomas tão 
rígidos, não poderia o militar no cumprimento de seu mister, ser 
2 Idênticas previsões vamos encontrar tanto nos Regulamentos Disciplinares das duas outras Forças Singulares e 
das Forças Auxiliares (Polícias Militares e Corpo de Bombeiros).
8
deserdado de alguma proteção jurídica ou tratamento condizente com 
seu diferenciado status.
É bem verdade que nestes tempos de reformismo muitos 
dos direitos e garantias até então consagrados aos militares, estão 
sendo solapados, bastando lembrar, dentre tantos, a Licença Especial 
de seis meses após um decênio de labor e a promoção ficta quando da 
passagem para a reserva no posto imediato.3
Observamos, contudo, a preservação de alguns efeitos que 
decorrem especificamente do ato de serviço: ex factum oritur jus.
Assim, destaca-se a promoção por bravura gerada por 
demonstração invulgar de coragem e espírito de determinação no 
exercício militar. É a que resulta de ato ou atos não comuns de coragem 
e audácia, que, ultrapassando os limites normais do cumprimento do 
dever, representem feitos indispensáveis ou úteis às operações 
militares, pelos resultados alcançados ou pelo exemplo positivo deles 
emanado.
No mesmo diapasão, arvora-se a denominada promoção 
post mortem, constituindo-se naquela que visa a expressar o 
reconhecimento da Pátria ao oficial falecido no cumprimento do dever 
ou em conseqüência disto, ou a reconhecer o direito do oficial a quem 
cabia a promoção, não efetivada por motivo do óbito. Neste caso, o fato 
gerador da promoção é o falecimento do militar em ação de combate ou 
de manutenção da ordem pública, em razão de ferimento recebido em 
campanha ou na manutenção da ordem pública, ou por força de doença, 
moléstia ou enfermidade contraída em tais situações ou, ainda, em 
acidente de serviço. 
As recompensas são, igualmente, corolários dos atos de 
serviço, representando prêmios de honra ao mérito, condecorações, 
elogios e louvores. 
Da mesma forma, em ato de serviço, o militar poderá se 
acidentar, não podendo, por isso mesmo, ser relegado à própria sorte. 
Em razão disso, a sua capacidade laboral poderá ser comprometida ou 
completamente aniquilada, exsurgindo a aplicação de normas que 
garantirão a passagem do militar para a inatividade remunerada. Neste 
sentido, temos que o Decreto nº 57.272, de 16 de novembro de 1965, 
define e conceitua acidente em serviço, dando outras providências. É 
ler: Art. 1º - Considera-se acidente em serviço, para todos os efeitos 
previstos na legislação em vigor relativa às Forças Armadas, aquele que 
ocorra com militar da ativa, quando: a) no exercício dos deveres 
3 Não se pode olvidar que o ofício castrense é muito distinto do serviço público em geral, prevendo sacrifícios 
pessoais e familiares absolutamente inexistente em outras atividades, o que justifica a inserção de vantagens e 
benefícios igualmente diferenciados. É a aplicação correta do primado da isonomia, já que os militares se 
desigualam dos demais servidores públicos.
9
previstos no Art. 25 do Decreto-Lei nº 9.698, de 2 de setembro de 1946 
(Estatuto dos Militares); b) no exercício de suas atribuições funcionais, 
durante o expediente normal, ou, quando determinado por autoridade 
competente, em sua prorrogação ou antecipação; c) no cumprimento de 
ordens emanada de autoridade militar competente; d) no decurso de 
viagens em objeto de serviço, previstas em regulamentos ou autorizadas 
por autoridade militar competente; e) no decurso de viagens impostas 
por motivo de movimentação efetuadas no interesse do serviço ou a 
pedido; f) no deslocamento entrea sua residência e a organização em 
que serve ou o local de trabalho, ou naquele em que sua missão deva 
ter início ou prosseguimento, e vice-versa. (redação dada pelo Decreto 
nº 64.517 de 15-05-1969) § 1º Aplica-se o disposto neste artigo aos 
militares da Reserva, quando convocados para o serviço ativo; § 2º Não 
se aplica o disposto neste artigo quando o acidente for resultado de 
crime, transgressão disciplinar, imprudência ou desídia do militar 
acidentado ou de subordinado seu, com sua aquiescência. Os casos 
previstos neste parágrafo serão comprovados em Inquérito Policial-
Militar, instaurado nos termos do Art. 9º do Decreto-lei nº 1.002, de 21 
de outubro de 1969, ou, quando não for caso dele, em sindicância, para 
esse fim mandada instaurar, com observância das formalidades 
daquele. (redação dada pelo Decreto nº 90.900 de 15-05-1969); Art. 2º - 
Considera-se acidente em serviço para os fins previstos em lei, ainda 
quando não seja ele a causa única e exclusiva da morte ou da perda ou 
redução da capacidade do militar, desde que entre o acidente e a morte 
ou incapacidade haja relação de causa e efeito.
O Estatuto dos Militares do Brasil, por sua vez, regula os 
casos de reforma em decorrência de acidente em serviço.
VI – O TRATO DA IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA MILITAR NO 
BRASIL. LEI Nº 8.429/92. APURAÇÃO DA CONDUTA DESVIANTE 
DO MILITAR
A probidade constitui dever militar demarcado no seu 
estatuto específico e preceito ético a ser rigorosamente observado, 
razão pela qual o sentimento de dever, o pundonor militar e o decoro da 
classe impõem, a cada um dos integrantes das Forças Armadas, 
conduta moral e profissional irrepreensíveis, devendo o militar exercer, 
com autoridade, eficiência e probidade, as funções que lhe couberem 
em decorrência do cargo, empregando todas as suas energias em 
proveito do serviço.
1
Com o advento da Lei nº 8.429/92 – Lei de Improbidade 
administrativa, definiu-se uma área de reflexos que gravita em torno da 
conduta do militar que venha a malferir princípios éticos e jurídicos, 
atingindo a supremacia do interesse público que condiciona toda a 
administração pública.
Inegavelmente, o militar, como servidor público sui generis 
pode, no seu conduzir, agir em desconformidade com os parâmetros 
que governam a administração pública, incursionando por um dos tipos 
definidos na Lei de Improbidade Administrativa, arts. 9º, 10 e 11. 
Porventura a conduta descrita na lei se concretize, haverá de ser 
sancionado o proceder ímprobo, aplicando-se o predito códex, 
consoante o comando recortado no art. 12.
O art. 14, § 3º demarca que, em se tratando de servidor 
militar, a apuração dos fatos será de acordo com os regulamentos 
disciplinares.
Seja como for, não se analisará de forma profunda tal 
matéria, eis que já será objeto de explanação específica.
Vale o registro de que o ato de serviço do militar que 
contraria os preceitos fixados em lei, malbaratando o primado da 
moralidade, pode configurar uma improbidade administrativa, 
assujeitando-se o infrator ao sancionamento específico.
Aluda-se, neste passo, que se a conduta além de infringir o 
estatuto da improbidade administrativa, também lesar o patrimônio 
público, naturalmente que se amoldará a uma dos tipos penais insertos 
no Código Penal Castrense, dês é claro preencha os pressupostos 
contemplados no seu art. 9º, podendo, de qualquer modo, haver 
responsabilização tanto no plano penal, quanto administrativo. 
Certo é que não pode pairar dúvidas quanto à 
aplicabilidade do estatuto da improbidade aos servidores militares que 
atentarem contra a moralidade administrativa. De acordo com o artigo 
14 da citada norma: “Qualquer pessoa poderá representar à autoridade 
administrativa competente para que seja instaurada investigação 
destinada a apurar a prática de ato de improbidade”. E, mais adiante, no 
seu § 3º, deixa enfático que: atendidos os requisitos da representação, a 
autoridade determinará a imediata apuração dos fatos que, em se 
tratando de servidores federais, será processada na forma prevista nos 
arts. 148 a 182 da Lei nº 8.112, de 11 de dezembro de 1990 e, em se 
tratando de servidor militar, de acordo com os respectivos regulamentos 
disciplinares”. (grifos pelo autor).
De qualquer maneira, não se pode desprezar que, no seio 
militar, os atos de improbidade assumem contornos próprios, que 
podem, inclusive, conduzir à perda do posto e da patente, pela 
1
declaração de indignidade ou incompatibilidade para com o oficialato, 
demandando processo próprio e especial, que pode decorrer de 
representação da Procuradoria-Geral de Justiça Militar endereçada ao 
Superior Tribunal Militar brasileiro, quando houver condenação superior 
a dois anos do oficial; ou de remessa do Conselho de Justificação, 
quando reconhecer que o militar não comprovou que permanece idôneo 
para prosseguir ostentando o posto e a respectiva patente militar.
É imprescindível, portanto, que o referido diploma legal que 
se destina a sancionar a conduta de todos os agentes públicos – 
servidores ou não, que venham a praticar atos de improbidade 
administrativa, quando se tratar de agentes militares – servidores 
especiais da pátria, deve sempre se compatibilizar com as normas 
militares - não apenas as previstas nos Regulamentos Disciplinares, 
mas também no Código Penal Militar, nas leis atinentes ao Conselho de 
Justificação e ao Conselho de Disciplina, ao Estatuto dos Militares e 
outros diplomas congêneres. 
Tal preocupação, a despeito da independência das 
sanções penais, civis e administrativas, preconizada na norma inserta 
no art. 12 da Lei em comento, busca evitar qualquer injustiça por cúmulo 
de punições. 
É que o militar tem regime jurídico singular e as normas 
que governam sua conduta - inclusive os atos de serviço, integram um 
vasto e prolífero conjunto a que se pode denominar ordenamento 
jurídico militar, em cujo regaço além do direito militar positivado, 
encontram-se princípios específicos da caserna, que não podem ser 
desconsiderados na análise da conduta militar. 
VII - ATO DE SERVIÇO E SEUS REFLEXOS NO ÂMBITO PENAL
a – Aspectos Gerais
A simples condição de militar da ativa ou em atividade, 
como preferem alguns, enseja vários contornos jurídico-penais. Dentre 
estes, avulta-se o da prática das infrações próprias do integrante das 
Forças Armadas. É o caso do crime propriamente militar – comissível 
unicamente pelo militar e que permite quanto muito a mera participação, 
mas jamais a co-autoria.4 Não há como, por exemplo, um civil 
abandonar o posto, em concurso com o militar. Somente o militar pode 
deixar desautorizada e ilicitamente o serviço para o qual designado.
4 Sobre o assunto, veja-se o nosso artigo “A Questão da Co-autoria em crime militar próprio”, publicado na 
Revista de Estudos & Informações Justiça Militar do Estado de Minas Gerais, nº 10, Novembro de 2002, p. 
31/32. 
1
No tocante ao agente militar torna-se possível identificar no 
inciso II do art. 9º do Código Penal Militar do Brasil, os delitos que têm 
igual definição na Lei Penal Militar e na Lei Penal Comum, desde que 
atendido ao seguinte: o sujeito ativo estará em efetivo exercício da 
função ou cargo militar, no momento do crime, contra civil (alíneas c e d 
do mesmo artigo legal).
Contudo e em que pese a ampla equivalência de 
expressões anotada no art. 28 da Medida Provisória nº 2.215/2001, 
impõe-se, pelo menos no campo penal, não confundir militar em serviço 
com militar em situaçãode atividade, na ativa ou no serviço ativo, como 
alerta Célio Lobão. Militar em serviço exerce função de seu cargo militar, 
incluindo-se formatura, manobra, exercício, comissão de natureza 
militar, ao passo que militar em situação da atividade é o militar 
incorporado às Forças Armadas ou às instituições militares estaduais, 
para nelas servir em posto, graduação, ou sujeição à disciplina militar. 
Nem sempre o militar da ativa estará desempenhando a função do 
cargo militar (exemplos: militar agregado por haver tomado posse em 
cargo ou função pública temporária ou o militar que abandona o posto)5.
Militar em serviço é o que se encontra exercendo função do 
cargo militar, permanente ou temporário, decorrente de lei, decreto, 
regulamento, ato, portaria, instrução, ordem verbal ou escrita de 
autoridade militar competente. Pode ser função de natureza militar ou 
outro serviço executado pelo militar nesta qualidade.
A ordem deve ter suporte legal, caso contrário não ocorre a 
condição de militar em serviço.6
O militar em serviço poderá ser sujeito passivo de crime 
militar cometido por civil, nas seguintes hipóteses: quando estiver em 
formatura, prontidão, vigilância, observação, exploração, exercício 
militar, acampamento, acantonamento ou manobras (art. 9º, III, c, do 
Código Penal Militar do Brasil); quando estiver no desempenho de 
função de natureza militar (art. 9º, III, d, do Código Penal Militar do 
Brasil) e quando em serviço de vigilância, garantia e preservação da 
ordem pública, administrativa ou judiciária (art. 9º, III, d, do Código 
Penal Militar do Brasil)
b – Crimes Propriamente Militares
5 In Direito Penal Militar, Brasília Jurídica, 1999, p. 102/102
6 Op. Cit., p. 102.
1
O Código Penal Militar do Brasil contém inúmeras condutas típicas 
específicas da profissão militar, vale a observação de Célio Lobão, de 
que o crime propriamente militar (2ª parte do inciso I do art. 9º) tem 
somente o militar como sujeito ativo e essa condição integra o tipo, 
explícita ou implicitamente.
São crimes propriamente militares contra o serviço militar: 1 
– deserção (art. 187); 2 – deserção após ausência autorizada (art. 188); 
3 – criar ou simular incapacidade (art. 188, IV); 4 – deserção imediata 
(art. 190); 5 – conserto para deserção (art. 191); 6 – deserção após 
evasão ou fuga (art. 192); 7 – omissão de oficial (art. 194).
Por sua vez, constituem crimes propriamente militares 
contra o dever militar: 1 – abandono de posto (art. 195); 2 – 
descumprimento de missão (art. 196); 3 – retenção de documento (art. 
197); 4 – ineficiência de força (art. 198); 5 – omissão de comandante 
para evitar danos (art. 199); 6 – omissão de comandante diante de 
sinistro (art. 200); 7 – omissão do comandante em face de sinistro (art. 
201); 8 – embriaguez em serviço (art. 202); 9 – dormir em serviço (art. 
203); 10 – comércio ilícito (art. 204). 
c – Crimes Funcionais
A condição de militar pode ensejar a configuração de 
práticas ilícitas capituladas no estatuto repressivo militar consideradas 
como delitos funcionais. Assim, peculato, concussão, corrupção, dentre 
outros têm no atuar em razão da função um elemento integrante do 
próprio tipo penal inscrito no Código Penal Militar brasileiro. É o que 
descreve a alínea c do inciso II do art. 9º: “Consideram-se crimes 
militares, em tempo de paz os previstos neste Código, embora também 
o sejam com igual definição na lei penal comum, quando praticados por 
militar em serviço ou atuando em razão da função” (grifos pelo autor).
d – Reconhecimento de Qualificadoras, Agravantes ou Atenuantes
No bojo do diploma repressivo militar encontram-se, 
igualmente, situações que se integram ou se agregam ao tipo, 
qualificando-o ou agravando-o, conforme o caso. 
Nos crimes contra em que ocorre violação do dever militar, 
não poderá o agente invocar a coação irresistível salvo quando física ou 
material. Outrossim, nos crimes contra o dever militar, a alegação de 
desconhecimento ou erro de interpretação da lei, não aproveita ao 
agente.
1
Constitui circunstância que agrava a pena, quando não 
integrante ou qualificativa do crime, quando o agente comete o crime 
estando de serviço.7
A prática de violência contra superior (art. 157, do Código 
Penal Militar do Brasil) ocorrida em serviço qualifica o delito, 
aumentando a pena da sexta parte.
Quando a ação é praticada em repulsa a agressão, a 
qualidade de oficial de dia, de serviço ou de quarto, ou de sentinela, 
vigia, ou plantão, deixa de ser elemento constitutivo do crime (art. 47, II 
do Código Penal Militar do Brasil).
e – Excludentes de Crime e Exculpantes em razão do ato de serviço 
militar
A Lei Penal Militar brasileira considera inexistir crime militar 
quando o agente pratica o fato em estrito cumprimento do dever legal. 
Portanto, quando no ato de serviço, por exemplo, de sentinela, o militar 
é compelido a atirar em estranhos que adentram o Quartel, vê-se 
nitidamente acobertado pela ventilada excludente de ilicitude. 
Quando, em cumprimento à ordem direta de superior, em 
matéria de serviços, termina por cometer um crime militar, não sendo a 
ordem manifestamente delituosa ou não havendo excesso nos atos ou 
na forma de execução, não será culpado o inferior. 
f - Fixação da Competência da Justiça Militar
 
O art. 9º do Código Penal Militar do Brasil, como norma de 
extensão, complementar de vários tipos penais militares, adota em sua 
descrição, vários critérios que norteiam a classificação do crime como 
militar, dentre os quais, por evidente, identifica-se o critério ratione 
numeris, a significar que o militar que estiver em determinada atividade 
ou desempenho funcional poderá tanto ser sujeito ativo de um crime, 
quanto sujeito passivo. Melhor explicando: o militar estando de serviço 
poderá ser agente de um crime militar, conforme visto alhures, ou sujeito 
passivo. Tais fatores são significativos e determinantes da competência 
da Justiça Militar. 
Em decisão proferida nos autos de Habeas-Corpus nº 
3.121/BA, o Superior Tribunal de Justiça do Brasil, em relatório da lavra 
do Ministro Vicente Cernicchiaro, assim se pronunciou: “entre o crime 
militar e o crime comum, forma-se relação de especialização. Só isso 
7 Crimes como Violência contra militar de serviço (art. 158), Abandono de Posto (art. 195), Embriaguez em 
Serviço (art. 202) ou Dormir em Serviço (art. 203) já trazem tal circunstância – estar em serviço, como elementar 
do tipo.
1
justifica a pluralidade de definições legais e a existência da Justiça 
Militar. Em conseqüência, urge conferir atenção ao bem juridicamente 
tutelado. Se o militar, ao praticar a conduta, não se encontrava “em 
situação de atividade”, ou seja atuando na condição de militar e no 
exercício da função militar, configura-se crime comum, processado e 
julgado pela justiça comum.” (12-11-96). No mesmo diapasão, a Corte 
Suprema brasileira, também em autos de Habeas-Corpus nº 
72022-6/PR, exarou o seguinte decisório: CRIME MILITAR – 
ENUMERAÇÃO – NATUREZA – Os crimes militares situam-se no 
campo da exceção. As normas em que previstos são exaustivas. 
Jungidos ao princípio constitucional da reserva legal – inciso XXXIX do 
artigo 5º da Carta de 1988 – hão de estar tipificados em dispositivo 
próprio, a merecer interpretação estrita. COMPETÊNCIA – HOMICÍDIO 
– AGENTE: MILITAR DA RESERVA - VÍTIMA: POLICIAL MILITAR EM 
SERVIÇO. Ainda que em serviço a vítima – policial militar, e não militar 
propriamente dito – a competência é da Justiça Comum. Interpretação 
sistemática e teleológicados preceitos constitucionais e legais 
regedores da espécie. 
À guisa de reflexão, colacionamos alguns arestos sobre a 
definição da competência do foro para o processamento e julgamento de 
militares de serviço. É ler: 
Habeas Corpus nº 75154-7/RJ, Relator Ministro Ilmar Galvão, DJ. 
05.09-97
EMENTA: HABEAS CORPUS. PACIENTE ACUSADO DE 
DESACATO E DESOBEDIÊNCIA PRATICADOS CONTRA SOLDADO 
DO EXÉRCITO EM SERVIÇO EXTERNO DE POLICIAMENTO DE 
TRÂNSITO, NAS PROXIMIDADES DO PALÁCIO DUQUE DE CAXIAS, 
NO RIO DE JANEIRO.
Atividade que não pode ser considerada função de natureza militar, 
para efeito de caracterização de crime militar, como previsto no art. 9º, 
III, d, do Código Penal Militar.
Competência da Justiça Comum, para onde deverá ser 
encaminhado o processo criminal.
Habeas corpus deferido.
Observação: o STJ, em Aresto promanado da Terceira Seção, 
também por unanimidade de votos, seguiu a mesma linha esposada 
pelo STF:
1
Autos de Conflito de Competência nº 26106/RJ, Relator Ministro 
Felix Fischer, DJ. 14.08.00, assim se pronunciou:
EMENTA: PROCESSUAL PENAL. PENAL. CONFLITO NEGATIVO 
DE COMPETÊNCIA. DESACATO PRATICADO POR CIVIL CONTRA 
SOLDADO DO EXÉRCITO EM ATIVIDADE DE POLICIAMENTO 
EXTERNO DE TRÂNSITO. COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA COMUM.
Não sendo o desacato praticado contra soldado em exercício de 
função propriamente militar, não se trata de crime da competência da 
Justiça Militar.
Conflito conhecido, declarando-se competente o Juízo suscitado.
Nota: em sentido similar, colhe-se da decisão prolatada no Conflito 
de Competência 16228/RJ, Relator Ministro José Dantas, DJ 23.06.97, 
que não configura crime militar federal o desacato e resistência 
praticados por civil contra soldado do Exército em operação de 
policiamento civil, já que tal atividade não se caracteriza como militar, 
ainda que exercido pelo Exército em conjunta colaboração com a Polícia 
Civil, sendo competente para o feito o Juízo de Direito da Vara Criminal. 
Proc. 1997.01.048029-3/RJ (DJ 15/06/1998 VOL: 02698-07) 
EMENTA: DESACATO - SERVIÇO EXTERNO DE POLICIAMENTO - 
COMPETÊNCIA.
Civil acusado de desacato a soldados do Exército em serviço 
externo de policiamento local de trânsito.
Apelo colimando, preliminarmente, anulação do processo por 
incompetência da Justiça Militar Federal e, no mérito, pela reforma da 
sentença condenatória por atipicidade da conduta.
Comprovado que os militares encontravam-se exercendo atividade 
de policiamento externo e de trânsito quando, ao admoestar civil em 
razão de estacionamento irregular do seu automóvel, foram 
desacatados.
Atividades de policiamento externo de trânsito exercidas pelos 
militares do Exército não podem ser consideradas como função de 
natureza militar por não se ajustarem à destinação constitucional das 
Forças Armadas.
Fato típico imputado não caracteriza crime da competência da 
Justiça Militar da União por não se amoldar às hipóteses previstas no 
artigo 9º do CPM.
Precedentes do Excelso Pretório.
1
Acolhida a preliminar para, anulando-se o feito "ab initio", determinar 
a remessa dos autos à Justiça Comum do Estado do Rio de Janeiro.
Decisão majoritária.
MINISTRO RELATOR: CARLOS DE ALMEIDA BAPTISTA 
MINISTRO REVISOR: ALDO DA SILVA FAGUNDES
Proc. 1995.01.006200-4/PR (DJ 18/04/1995 VOL: 00995-01) 
EMENTA: RECURSO CRIMINAL. DENUNCIA DE LESÃO CORPORAL 
E DESACATO PRATICADOS POR FUNCIONÁRIOS CIVIS DO 
MINISTÉRIO DO EXÉRCITO CONTRA OFICIAL. REJEITADA, NO 
PRIMEIRO GRAU, POR NÃO CONFIGURAR CRIME MILITAR. 
OCORRENCIA EM VIA PUBLICA, COM MILITAR EM SERVIÇO, MAS 
NÃO EM FUNÇÃO DE NATUREZA MILITAR 'STRICTO SENSU', NAS 
CONFORMIDADES DA EXEGESE DA SUPREMA CORTE SOBRE O 
ART. NONO, INCISO III, LETRA 'D', DO CPM. DECLINIO DE 
COMPETENCIA PARA A JUSTIÇA COMUM. IMPROVIDO O 
RECURSO DO MPM, MANTENDO-SE A DECISÃO DO JUIZO 'A QUO'. 
DECISÃO NA FORMA DO PARAGRAFO PRIMEIRO DO ART. 92 DO 
RI/STM.
MINISTRO RELATOR: CARLOS EDUARDO CEZAR DE ANDRADE 
Proc. 1995.01.000179-2/SC (DJ 01/06/1995 VOL: 01495) 
EMENTA: INQUERITO. COMPETENCIA. POLICIAMENTO NAVAL. 
ATIVIDADE DE CUNHO ADMINISTRATIVO. INDICIADO CIVIL 
(PREFEITO MUNICIPAL). OFENDIDOS MILITARES. 
CONFIGURAÇÃO, EM TESE, DE DELITO COMUM.EMBORA DE 
NATUREZA FEDERAL. O POLICIAMENTO NAVAL EM REFERENCIA, 
EMBORA PRIVATIVO DO MINISTERIO DA MARINHA, QUALIFICA-SE 
COMO ATIVIDADE SECUNDARIA E DE CUNHO ADMINISTRATIVO, 
SENDO IMPOSSIVEL A CONFIGURAÇÃO DESSA ATIVIDADE COMO 
FUNÇÃO DE NATUREZA MILITAR, CONFORME A LEI PARA A 
CARACTERIZAÇÃO DE CRIME MILITAR EVENTUALMENTE 
PRATICADO POR CIVIL. TENDO EM VISTA QUE OS MILITARES 
OFENDIDOS NÃO EXERCIAM SERVIÇO DE NATUREZA MILITAR, E 
QUE EM RAZÃO DESSA CIRCUNSTANCIA A POSSIVEL OFENSA 
NÃO ATENTOU CONTRA AS INSTITUIÇÕES MILITARES, FORÇOSO 
RECONHECER QUE AS COGITADAS INFRAÇÕES DE DESACATO E 
DESOBEDIENCIA ENQUADRAM-SE COMO DELITOS COMUNS, O 
QUE AFASTA, NECESSARIAMENTE, A COMPETENCIA DA JUSTIÇA 
MILITAR.
MINISTRO RELATOR: ANTONIO CARLOS DE NOGUEIRA 
1
NOTA: (STM) - HC 32.775-4/PA (STF) - HC 68.928/PA - REL. MIN. 
NERI DA SILVEIRA (STF); RE 141021/SP - DJ 07.05.93 (STF) - HC 
68.967-1/PR - DJ 16.04.93 (STF) – HC 69.649-0/DF - DJ 05.02.93
h – Crimes Dolosos Contra a Vida praticados por Militar contra 
Civil: Competência do Tribunal do Júri. Posição do STF pela 
Constitucionalidade da Lei 9.299/96. Conseqüências em relação ao 
crime praticado em decorrência de Ato de Serviço. Nova Orientação 
da Emenda Constitucional nº 45/2004
Com a posição consolidada pela Corte Suprema Nacional, 
encerra-se o debate em torno da questão da constitucionalidade ou não 
da Lei 9.299/96, que desloca para o Tribunal do Júri, a competência 
para o julgamento dos crimes dolosos contra a vida perpetrados por 
militar contra civil. Entendeu o Pretório Supremo que o diploma em foco, 
em sua definição, descaracteriza, ainda que implicitamente, tais delitos 
como militares. É o que se dessume dos decisórios promanados da 
excelsa Corte, ad litteram:
 Militar e Tribunal do Júri I - O Tribunal declarou a 
constitucionalidade do parágrafo único do art. 9º do Código Penal 
Militar, introduzido pela Lei 9.299/96 ["Os crimes de que trata este 
artigo (crimes militares), quando dolosos contra a vida e cometidos 
contra civil, serão da competência da Justiça Comum."]. 
Considerando que cabe à lei definir os crimes militares, o Tribunal 
entendeu que a Lei 9.299/96 implicitamente excluiu os crimes dolosos 
contra a vida praticados contra civil do rol dos crimes militares, 
compatibilizando-se com o art. 124 da CF ("À Justiça Militar compete 
processar e julgar os crimes militares definidos em lei."), sendo 
improcedente, ainda, a alegada ofensa ao art. 125, § 4º, da CF, que 
confere à Justiça Militar estadual a competência para julgar os 
policiais militares nos crimes militares definidos em lei( RECr 
260.404-MG, rel. Min. Moreira Alves, 22.3.2001.(RE-260404); 
Militar e Tribunal do Júri – 2. 
Na hipótese de desclassificação do crime doloso praticado por militar 
contra civil, feita pelo próprio tribunal do júri, ao invés de o juiz-
presidente proferir a sentença (CPP, art. 74, § 3º e art. 492, § 2º), 
deverá encaminhar os autos à Justiça Militar, que tem jurisdição para 
o julgamento do feito. Com esse entendimento, o Tribunal, por 
maioria, deu provimento a recurso ordinário em habeas corpus para 
reformar acórdão do STJ - que, em face da desclassificação do crime 
de homicídio doloso imputado a policial militar para lesões corporais 
seguidas de morte, feita pelo júri, entendera que a competência para 
1
o julgamentoda ação deslocava-se para o juiz-presidente. O Tribunal 
entendeu que a Lei 9.299/96, mencionada no caso acima, restringiu-
se aos crimes dolosos contra a vida praticados por militar contra civil, 
remanescendo os demais crimes sob a jurisdição militar, inclusive os 
decorrentes de desclassificação. Vencidos os Ministros Marco Aurélio 
e Carlos Velloso, que mantinham o acórdão recorrido por entenderem 
que a desclassificação pelo tribunal do júri constitui um verdadeiro 
julgamento - e não simples declinação de competência -, cuja 
unidade deve ser preservada, devendo o juiz-presidente proferir a 
sentença. 
RHC 80.718-RS, rel. Min. Ilmar Galvão, 22.3.2001.(RHC-80718) . 
Não era a solução ansiada pelos operadores do direito 
penal militar, posto que em sede de desempenho de serviço de natureza 
militar, como vigilância, sentinela ao quartel, não raras vezes, o militar 
estará deparando com situações que exigirão de sua parte, pronta 
intervenção para evitar, por exemplo, ingresso clandestino na 
Organização Militar, roubos aos quartéis por agentes civis. No 
cumprimento de seu dever, terá o militar, em tais momentos, que tomar 
atitudes como o disparo de seu fuzil contra tais invasores. Constituirá, 
então, em tese, crime doloso contra a vida, ainda que escudado por uma 
excludente de criminalidade, qual seja o estrito cumprimento do dever 
legal. Terá, no entanto, o militar que, em ato de serviço de índole militar, 
praticar o crime na defesa das Instituições Militares, que comprovar 
perante o Júri, ter agindo sob o pálio de tal excludente.
A generalização constante do documento legal sob prisma 
termina por malferir, na essência, o critério material que concebe como 
crime militar todo aquele que, direta ou reflexamente, atinge as 
Instituições Militares. 
A Emenda Constitucional nº 45, que veio a lume em 2004, 
resolveu, parcialmente, a questão, ao fixar nova competência para a 
Justiça Militar dos Estados-membros, assentando que nos crimes 
dolosos contra a vida, quando se tratar de vítima civil, incumbiria ao 
Tribunal do Júri o processo e julgamento do feito.
Veja-se o teor da nova redação ao art. 125 da Carta 
Constitucional brasileira em vigor, ad litteram: “§ 4º Compete à Justiça 
Militar estadual processar e julgar os militares dos Estados, nos crimes 
militares definidos em lei e as ações judiciais contra atos disciplinares 
militares, ressalvada a competência do júri quando a vítima for civil, 
cabendo ao tribunal competente decidir sobre a perda do posto e da 
patente dos oficiais e da graduação das praças”. 
A mesma Emenda produziu a inclusão do parágrafo § 5º ao 
vergastado artigo constitucional, que passou a atribuir competência aos 
2
juízes de direito do juízo militar para processar e julgar, singularmente, 
os crimes militares cometidos contra civis e as ações judiciais contra 
atos disciplinares militares, cabendo ao Conselho de Justiça, sob a 
presidência de juiz de direito, processar e julgar os demais crimes 
militares. 
Com isso, ficou explicitado que os crimes dolosos contra a 
vida de civil, praticados por militares das Forças Armadas, continuam 
sob a competência da Justiça Militar da União, já que o art. 124 da Lei 
Fundamental brasileira ainda não restou alterado, de forma que persiste 
a competência da precitada Justiça especializada para todos os crimes 
militares definidos no Código Penal Militar do Brasil, incluindo-se os 
crimes dolosos contra a vida, seja de civil ou militar, desde que 
atendidas as premissas fixadas na norma de extensão do art. 9º do 
mencionado códex. 
É forçoso concluir, por conseguinte, que não foi 
recepcionada pela Emenda Constitucional 45/2004, a Lei 9.299/96, no 
que tange à Justiça Militar Federal do Brasil.
VIII - A INDEPENDÊNCIA DAS INSTÂNCIAS PENAL, 
ADMINISTRATIVA E CÍVEL. EFEITOS DA SENTENÇA PENAL 
ABSOLUTÓRIA NO CENÁRIO ADMINISTRATIVO-MILITAR. RESÍDUO 
ADMINISTRATIVO E PODER-DEVER DE IMPOSIÇÃO DA PENA 
DISCIPLINAR
Necessário a essa altura afirmar que o ato de serviço 
normal, regular e em conformidade com as normas e regulamentos, 
desvela o pleno acatamento do feixe de deveres e obrigações inerentes 
ao desempenho de todo e qualquer cargo militar.
Entretanto, notório que a sua imperfeita ou antijurídica 
execução tem o condão de eivar a conduta do militar, inquinando-o de 
mera irregularidade, de infração administrativa-disciplianar, de ato de 
improbidade ou, no que é mais grave, de verdadeiro crime, donde 
resulta a natureza multiforme do ato de serviço, com suas polivalentes 
conotações. Vale aqui rememorar o que dispõe o art. 121 da Lei 
8.112/90 (Lei que define o Regime Jurídico dos Servidores Públicos do 
Brasil), ad litteram: “O servidor responde civil, penal e 
administrativamente pelo exercício irregular de suas atribuições”.
Cabível, pois, nesse particular aspecto, trazer o foco de 
José da Silva Loureiro Neto, para o qual “infere-se, pois, que atentam 
contra o ordenamento jurídico militar não só os delitos contemplados na 
legislação penal militar como também as transgressões militares 
2
contidas nos Regulamentos Militares. Isso porque os militares estão 
sujeitos a indeterminado número de deveres que servirão de arcabouço 
à disciplina militar. E esses deveres têm origem na lei, nos regulamentos 
e nas ordens superiores de caráter geral. Assim como o delito 
pressupõe a violação de uma norma legal em virtude de sua gravidade, 
a infração disciplinar, menos grave, pressupõe a violação de um 
regulamento militar”.8 
É preciso entender, em suas devidas proporções e 
inegáveis causas, que “o poder disciplinar tem finalidade ordinatória 
interna, só abrangendo as infrações administrativas com relação ao 
serviço, ao passo que a pena criminal tem função social, realizada 
através do Poder Judiciário e, portanto, visando as contravenções 
penais e os crimes.”9
Um mesmo fato, à toda evidência, pode configurar, 
simultaneamente, violação de dever funcional e infringência de regra 
penal, a atrair a atuação das diversas instâncias ou jurisdições próprias. 
O mesmo ato de serviço militar, por sua natureza intrínseca ou 
extrínseca, pode resultar, portanto, em tríplice responsabilização, dês é 
claro que ocorrida “uma situação fática que a lei tenha erigido como 
suporte de responsabilização”.10
Sobre o assunto, o vigente Regulamento Disciplinar do 
Exército do Brasil, explicita: “§ 2° As responsabilidades nas esferas 
cível, criminal e administrativa são independentes entre si e podem ser 
apuradas concomitantemente”. Idêntica regra, aliás, encontra-se 
delineada no Estatuto do Servidor Público Civil, art. 125, do seguinte 
teor: “As sanções civis, penais e administrativas poderão cumular-se, 
sendo independentes entre si”.11 
8 In Direito Penal Militar, Atlas, SP, 1993, p. 25.
9 Op. Cit., p. 26. Transcrevendo lição de Hely Lopes Meirelles, o autor assinala que “a punição disciplinar e a 
criminal têm fundamentos diversos, e diversa é natureza das penas. A diferença não é de grau, é de substância. 
Dessa substancial diversidade resulta a possibilidade da aplicação conjunta das duas penalidades sem que ocorra 
bis in idem. Por outras palavras, a mesma infração pode dar ensejo à punição administrativa (disciplinar) e à 
punição penal (criminal), porque aquela é sempre um minus em relação a esta. Daí resulta que toda condenação 
criminal, por delito funcional, acarreta a punição disciplinar, mas nem toda falta administrativa exige sanção 
penal”.
10 Conforme concepção de José dos Santos CarvalhoFilho, depreendida de seu Manual de Direito 
Administrativo, 10ª ed., Lumen Juris, RJ, 2003, p. 580.
11 Em razão disso, o STF estratificou o entendimento de que a Administração pode aplicar ao servidor a pena de 
demissão em processo disciplinar, mesmo se ainda em curso a ação penal a que responde pelo mesmo fato (MS 
nº 21.708-DF, Pleno, Rel. p/ acórdão Min. Maurício Corrêa, julg. Em 9-11-2000). Op. Cit., p. 581.
2
Muito embora seja de meridiana clareza a independência das instâncias 
penal, cível e administrativa, forçoso reconhecer a preocupação do 
legislador em demarcar, em sede de transgressão disciplinar, sua 
incidência apartada do crime. Veja-se o que prevê o Regulamento 
Disciplinar do Exército brasileiro, em seu art. 14, § 1°: “Quando a 
conduta praticada estiver tipificada em lei como crime ou contravenção 
penal, não se caracterizará transgressão disciplinar; § 4° No concurso 
de crime e transgressão disciplinar, quando forem da mesma natureza, 
esta é absorvida por aquele e aplica-se somente a pena relativa ao 
crime”.
Incide, na hipótese, o denominado princípio da consunção, pelo qual o 
crime absorverá a conduta disciplinar. Malgrado a adoção do precitado 
primado da absorção, não escapa à autoridade militar o poder-dever de, 
a posteriori, conforme seja o decisório penal, examinar eventual resíduo 
administrativo-disciplinar, nas estritas linhas definidas no atual 
Regulamento Disciplinar do Exército brasileiro, art. 14 § 5°, verbis: “Na 
hipótese do § 4°, a autoridade competente para aplicar a pena 
disciplinar deve aguardar o pronunciamento da Justiça, para posterior 
avaliação da questão no âmbito administrativo” e § 6° do mesmo artigo: 
“Quando, por ocasião do julgamento do crime, este for descaracterizado 
para transgressão ou a denúncia for rejeitada, a falta cometida deverá 
ser apreciada, para efeito de punição, pela autoridade a que estiver 
subordinado o faltoso”. 
Não remanesce dúvida, por outro lado, que a decisão 
prolatada no âmbito penal, a par das conseqüências imediatas que pode 
gerar para o servidor no concernente ao seu status libertatis, também 
oferece fértil terreno para estudo quanto à possibilidade de engendrar 
efeitos tanto no contexto cível quanto administrativo. É o que demarca o 
§ 3° do art. 14 do Regulamento Disciplinar do Exército do Brasil: As 
responsabilidades cível e administrativa do militar serão afastadas no 
caso de absolvição criminal, com sentença transitada em julgado, que 
negue a existência do fato ou da sua autoria” Significa dizer que a 
condenação criminal do militar passada em julgado reflete noutros 
campos, tanto que poderá haver punição administrativa e cível por este 
mesmo fato. Exemplificando: o militar poderá ser compelido a ressarcir 
prejuízos causados por sua conduta e/ou ser excluído das fileiras 
militares – licenciamento a bem da disciplina. Se for Oficial e a pena for 
igual ou superior a dois anos, será alvo de Representação de 
Indignidade ou Incompatibilidade para com o Oficialato, de competência 
privativa do Procurador-Geral da Justiça Militar. Na acepção de José 
dos Santos Carvalho Filho, em se tratando de decisão penal 
condenatória por crime funcional, terá que haver sempre reflexo na 
2
esfera da Administração. Se o juiz reconheceu que o servidor praticou 
crime e este é conexo à função pública, a Administração não tem outra 
alternativa senão a de considerar a conduta como ilícito também 
administrativo. Exemplo: se o servidor é condenado pelo crime de 
corrupção passiva (art. 317, CP), terá implicitamente praticado um ilícito 
administrativo. No caso da Lei nº 8.112/90, o servidor terá violado o art. 
117, XII, que o proíbe de receber propina ou vantagens de qualquer 
espécie em razão de suas atribuições. A instância penal, então, obriga a 
instância administrativa.12
Em se tratando de decisão penal absolutória por 
insuficiência de provas quanto à autoria ou em virtude de ter sido 
insuficiente para a condenação, nenhuma influência terá no plano 
administrativo, se houver a constatação da denominada conduta ou falta 
residual.13 José dos Santos Carvalho Filho exemplifica: imagine-se que 
um servidor federal tenha sido absolvido da imputação, a ele atribuída, 
da prática do crime de peculato (art. 312, Código Penal), por 
insuficiência de provas quanto à sua participação no fato: nada impede, 
porém, que seja punido na esfera administrativa por ter procedido de 
forma desidiosa, ilícito administrativo previsto no art. 117, XV, da Lei nº 
8.112/90, que constitui conduta residual independente do crime de 
peculato.14 Trazendo o tema para a ambiência castrense, suponhamos 
que determinado militar seja absolvido da prática do crime de 
embriaguez em serviço (art. 202 do Código Penal Militar do Brasil), por 
não ter sido provado pelo exame de dosimetria alcoolimétrica que 
estivesse efetivamente em estado de ebriez ou porque se negara a fazer 
tal exame, não sendo suficientes as provas testemunhais que 
demonstraram, por exemplo, que o acusado apresentava forte odor de 
bebida alcoólica, andar deambulante e fala confusa. Neste caso, pelo 
seu comportamento residual será punido disciplinarmente, consoante a 
Relação de Transgressões contidas no Regulamento Disciplinar do 
Exército do Brasil: 110.Comparecer a qualquer ato de serviço em estado 
visível de embriaguez ou nele se embriagar ou no Regulamento 
Disciplinar da Marinha, com seguinte teor: 35. apresentar-se em 
Organização Militar em estado de embriaguez ou embriagar-se e 
comportar-se de modo inconveniente ou incompatível com a disciplina 
militar em Organização Militar. 
IX – CONSIDERAÇÕES FINAIS
12 Op. Cit., p. 584
13 Súmula 18/STF: “pela falta residual, não compreendida na absolvição pelo juízo criminal, e admissível a 
punição administrativa do servidor público”.
14 Op. Cit., p. 585.
2
As anotações assinaladas no presente texto permitem, com 
abrangência, concluir pela confirmação da ampla variedade de efeitos 
jurígenos originados do ato de serviço.
A constatação mais imediata do exame do ato de serviço, 
enquanto atrelado a uma atividade ínsita ao cargo militar, é que sua 
feição binômia – intrínseca e extrínseca, é indissociável do papel 
peculiar de tal categoria de servidores especiais da Pátria, na dicção do 
Estatuto dos Militares.
Não sem razão, pois, o Papa João Paulo II, que, versando 
sobre as Forças Armadas, como instrumentos da Segurança e 
Liberdade dos Povos, afirma categoricamente:
"O Serviço Militar aprimora e fortifica o caráter 
das pessoas, preparando-as para enfrentar com mais 
segurança e coragem as provas da vida. O Serviço Militar não 
é só uma profissão ou um dever. Deve ser também uma 
ordem interior da consciência, uma ordem do coração. As 
tradições militares ligaram, ao longo do século, o Serviço 
Militar ao amor à Pátria. Os que, por obrigação de servir à 
Pátria, se encontram no Exército, considerem-se integrantes 
da segurança e da liberdade dos povos. O Militar é um 
servidor da segurança e da liberdade dos povos, sempre 
animados pelo espírito da paz. 
Desejo que todos os exércitos possam, na paz, 
servir a seu povo e à sua Pátria." 
(Publicado no L´Observatore Romano Nr 23, de 
09Jun91 e Nr 37, de 16Set95) 
A concepção de ato de serviço, pois, consagra os aspectos 
pragmáticos, éticos e racionais que condensam o agir castrense, 
parametrando-se o cumprimento dos deveres e obrigações por estrito 
sentimento de devoção e senso de responsabilidade. Neste sentido, o 
ato de serviço materializa o esforçoempregado para a consecução dos 
fins proclamados nas leis do país, muito em especial a Carta Maior. Por 
integrar Forças Armadas – da terra, do mar ou do ar -, o militar quando 
implementa ou concretiza o ato de serviço, simboliza a coesão essencial 
que as catalisa, semeando o exemplo aos demais pares, numa 
expressão de valores imprescindíveis ao contínuo esforço de preparo e 
organização em prol da defesa da Pátria.
Natural, por conseguinte, que, exprimindo compromissos 
tão elevados, seja o ato de serviço irradiador dos mais diferentes efeitos 
no plano administrativo e penal.
2
No contexto puramente administrativo o ato de serviço 
produz efeitos negativos ou positivos, de acordo com sua forma de 
exteriorização. Destarte, um ato de serviço que contrarie o Regulamento 
Disciplinar desafia a aplicação de pena. Da mesma forma, o ato de 
serviço que, por sua natureza, se revela lesivo ao patrimônio público, 
poderá prefigurar uma improbidade administrativa. Também o ato de 
serviço envolve a deflagração de medidas gratas, como sejam as 
definidoras de promoções ou recompensas meritórias, cujo suporte 
fático reside exatamente naquele ato de serviço de invulgar relevância e 
extremado denodo com que se houve o militar premiado: promoção por 
bravura, extrato de elogios individuais, medalhas por desempenho 
singular etc.
A esfera penal militar, muito mais severa, compreende 
aspectos que se direcionam ao pleno respeito aos comezinhos 
princípios que regem as Forças Militares, tendo por precípuo objeto de 
tutela penal as próprias Instituições Militares concebidas no plano 
objetivo e subjetivo. Assim, a definição de crime militar tem no critério 
material sua expressão mais científica, na medida em que toda conduta 
lesiva às Instituições Militares, de regra será considerada como delito 
militar. 
O ato de serviço acarreta, deste modo, no universo penal, 
uma considerável gama de conseqüências, a principiar pela própria 
configuração do crime como militar. Assim, estar de serviço militar, 
representa a realização de deveres e obrigações que não podem ser 
comprometidos. Quando praticada uma ação delituosa contra um militar 
de serviço – e aqui envolve vários atos de serviço, são atingidas as 
próprias Instituições Militares, razão por que o delito se especializa, 
caracterizando-se como militar.
Sob o ângulo da subjetividade ativa, é de se inferir que o 
militar de serviço não pode dormir, nem se apresentar embriagado para 
o cumprimento de seu dever, nem se afastar do lugar do serviço para o 
qual designado antes de concluído o seu quarto de hora ou sem a 
devida autorização. Porventura descumpra tais procedimentos, incidirá 
na prática do delito do sono, da embriaguez em serviço ou no abandono 
de posto, só para mencionar alguns exemplos que, em função da 
afronta ao dever militar, terminam por corporificar condutas proibitivas. 
A conotação penal militar do ato de serviço, com toda 
certeza, demandaria formulações teóricas bem mais complexas e 
densas, porém o que mais chama a atenção é a relevância que o 
legislador primou por dar a este liame subjetivo que vincula o militar ao 
seu campo específico e peculiar de labor, ora buscando resguardá-lo, 
quando explicita sua particular condição de estar no desempenho da 
2
função militar como objeto imediato da proteção penal castrense, ora 
elegendo esta mesma e expressiva condição como elementar de certos 
crimes militares.
Numa seara ou noutra, não há negar, são nítidos e 
profundos os contornos que gravitam no exercício do ofício castrense, 
com imbricações que se fazem pressentir no segmento penal, cível e 
administrativo.
Em razão disso, torna-se imperioso que o jurista tome 
conhecimento amplo do que se denomina arcabouço jurídico militar ou 
ordenamento jurídico militar, para dimensionar com precisão e 
razoabilidade, todos os efeitos que decorrem dos atos emergidos do 
contexto castrense.
Definir a natureza do ato reclama, notavelmente, o 
conhecimento do sistema jurídico de onde emanou e, por conseguinte, a 
interpretação deve se realizada de forma abrangente, deduzindo-se de 
todo o particular conjunto de princípios e valores que orientam aquele 
sistema, as devidas e inevitáveis conseqüências produzidas.
É fundamental, destarte, seja criado uma cultura de 
compreensão de todo o sistema jurídico militar, a fim de se dar o 
elastério devido aos institutos que gravitam no âmbito militar. Disso não 
se pode subtrair o exame do chamado ato de serviço. 
2
	I - Introdução
	II - CONCEITO DE MILITAR
	III - DISTINÇÃO ENTRE O OFÍCIO DAS ARMAS E OUTRAS PROFISSÕES
	b – Reflexos Negativos
	a – Aspectos Gerais
	O Código Penal Militar do Brasil contém inúmeras condutas típicas específicas da profissão militar, vale a observação de Célio Lobão, de que o crime propriamente militar (2ª parte do inciso I do art. 9º) tem somente o militar como sujeito ativo e essa condição integra o tipo, explícita ou implicitamente.
	c – Crimes Funcionais
	EMENTA: DESACATO - SERVIÇO EXTERNO DE POLICIAMENTO - COMPETÊNCIA.
	MINISTRO RELATOR: CARLOS DE ALMEIDA BAPTISTA 
	MINISTRO REVISOR: ALDO DA SILVA FAGUNDES
	Proc. 1995.01.006200-4/PR (DJ 18/04/1995 VOL: 00995-01) 
	EMENTA: RECURSO CRIMINAL. DENUNCIA DE LESÃO CORPORAL E DESACATO PRATICADOS POR FUNCIONÁRIOS CIVIS DO MINISTÉRIO DO EXÉRCITO CONTRA OFICIAL. REJEITADA, NO PRIMEIRO GRAU, POR NÃO CONFIGURAR CRIME MILITAR. OCORRENCIA EM VIA PUBLICA, COM MILITAR EM SERVIÇO, MAS NÃO EM FUNÇÃO DE NATUREZA MILITAR 'STRICTO SENSU', NAS CONFORMIDADES DA EXEGESE DA SUPREMA CORTE SOBRE O ART. NONO, INCISO III, LETRA 'D', DO CPM. DECLINIO DE COMPETENCIA PARA A JUSTIÇA COMUM. IMPROVIDO O RECURSO DO MPM, MANTENDO-SE A DECISÃO DO JUIZO 'A QUO'. DECISÃO NA FORMA DO PARAGRAFO PRIMEIRO DO ART. 92 DO RI/STM.
	MINISTRO RELATOR: CARLOS EDUARDO CEZAR DE ANDRADE 
	EMENTA: INQUERITO. COMPETENCIA. POLICIAMENTO NAVAL. ATIVIDADE DE CUNHO ADMINISTRATIVO. INDICIADO CIVIL (PREFEITO MUNICIPAL). OFENDIDOS MILITARES. CONFIGURAÇÃO, EM TESE, DE DELITO COMUM.EMBORA DE NATUREZA FEDERAL. O POLICIAMENTO NAVAL EM REFERENCIA, EMBORA PRIVATIVO DO MINISTERIO DA MARINHA, QUALIFICA-SE COMO ATIVIDADE SECUNDARIA E DE CUNHO ADMINISTRATIVO, SENDO IMPOSSIVEL A CONFIGURAÇÃO DESSA ATIVIDADE COMO FUNÇÃO DE NATUREZA MILITAR, CONFORME A LEI PARA A CARACTERIZAÇÃO DE CRIME MILITAR EVENTUALMENTE PRATICADO POR CIVIL. TENDO EM VISTA QUE OS MILITARES OFENDIDOS NÃO EXERCIAM SERVIÇO DE NATUREZA MILITAR, E QUE EM RAZÃO DESSA CIRCUNSTANCIA A POSSIVEL OFENSA NÃO ATENTOU CONTRA AS INSTITUIÇÕES MILITARES, FORÇOSO RECONHECER QUE AS COGITADAS INFRAÇÕES DE DESACATO E DESOBEDIENCIA ENQUADRAM-SE COMO DELITOS COMUNS, O QUE AFASTA, NECESSARIAMENTE, A COMPETENCIA DA JUSTIÇA MILITAR.
	NOTA: (STM) - HC 32.775-4/PA (STF) - HC 68.928/PA - REL. MIN. NERI DA SILVEIRA (STF); RE 141021/SP - DJ 07.05.93 (STF) - HC 68.967-1/PR - DJ 16.04.93 (STF) – HC 69.649-0/DF - DJ 05.02.93
	Muito embora seja de meridiana clareza a independência das instâncias penal, cível e administrativa, forçoso reconhecer a preocupação do legislador em demarcar, em sede de transgressão disciplinar, sua incidência apartada do crime. Veja-se o que prevê o Regulamento Disciplinar do Exército brasileiro, em seu art. 14, § 1°: “Quando a conduta praticada estiver tipificada em lei como crime ou contravenção penal, não se caracterizará transgressão disciplinar; § 4° No concurso de crime e transgressão disciplinar, quando forem da mesma natureza, esta é absorvida por aquele e aplica-se somente a pena relativa ao crime”.
	Incide, na hipótese, o denominado princípio da consunção, pelo qual o crime absorverá a conduta disciplinar. Malgrado a adoção do precitado primado da absorção, não escapa à autoridademilitar o poder-dever de, a posteriori, conforme seja o decisório penal, examinar eventual resíduo administrativo-disciplinar, nas estritas linhas definidas no atual Regulamento Disciplinar do Exército brasileiro, art. 14 § 5°, verbis: “Na hipótese do § 4°, a autoridade competente para aplicar a pena disciplinar deve aguardar o pronunciamento da Justiça, para posterior avaliação da questão no âmbito administrativo” e § 6° do mesmo artigo: “Quando, por ocasião do julgamento do crime, este for descaracterizado para transgressão ou a denúncia for rejeitada, a falta cometida deverá ser apreciada, para efeito de punição, pela autoridade a que estiver subordinado o faltoso”. 
	IX – CONSIDERAÇÕES FINAIS

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