Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
NOÇÕES DE MANUTENÇÃO Autores: Bruno Carneiro Ohyama de Almeida Silva NOÇÕES DE MANUTENÇÃO Este material é resultado do trabalho conjunto de muitos técnicos da área de Exploração & Produção, da Universidade Petrobras e representantes do PROMINP (Programa de Mobilização da Indústria Nacional de Petróleo e gás natural). Ele se estende para além dessas páginas, uma vez que traduz, de forma estruturada, a experiência de anos de dedicação e aprendizado no exercício das atividades profissionais da Companhia. É com tal experiência, refletida nas competências do seu corpo de empregados, que a Petrobras conta para enfrentar os crescentes desafios com os quais ela se depara no Brasil e no mundo. Nesse contexto, o E&P através do Programa Alta Competência, visando prover os meios para adequar quantitativa e qualitativamente a força de trabalho às estratégias do negócio E&P. Realizado em diferentes fases, o Alta Competência tem como premissa a participação ativa dos técnicos na estruturação e detalhamento das competências necessárias para explorar e produzir energia. O objetivo deste material é contribuir para a disseminação das competências, de modo a facilitar a formação e reciclagem dos empregados. A concepção pedagógica dos cursos, além de contemplar os aspectos tecnológicos tem uma preocupação constante com os aspectos relacionados à preservação da Saúde, Meio Ambiente e Segurança de todos os envolvidos em seus processos produtivos. Trabalhar com o bem mais precioso que temos – as pessoas – é algo que exige sabedoria e dedicação. Este material é um suporte para esse rico processo, que se concretiza no envolvimento de todos os que têm contribuído para tornar a Petrobras a empresa mundial de sucesso que ela é. Programa Alta Competência SumárioSumário Introdução 11 Capítulo 1. Noções de Manutenção – aspectos importantes 1. Noções de Manutenção – aspectos fundamentais 15 1.1. Manutenção – importância e definição 15 1.1.1. Tipos de manutenção 18 1.2. Manutenção Corretiva e Preventiva - comparação 22 1.3. Metas da manutenção 22 1.4. A importância de aprender com a prática 23 1.5. Disponibilidade, mantenabilidade e confiabilidade 24 1.5.1. Manutenção de 1º escalão, 2º escalão e 3º escalão 26 Capítulo 2. Tipos de equipamentos 2. Tipos de equipamentos 31 2.1. Motores combustão interna 31 2.1.1. Motores Combustão interna 2 tempos 34 2.2. Tipos de motores à explosão 35 2.3. Ciclo 35 2.4. Conversor de Torque 36 2.4.1. Funcionamento 37 2.5. Transmissão 40 2.5.1. Engrenagens 40 2.5.2. Estrutura básica das engrenagens 41 2.5.3.Tipos de engrenagens 42 2.5.4. Transmissão por polias e correias 47 2.5.5. Transmissão por correntes 51 2.5.6. Transmissão por Eixo Cardã 53 2.6. Mancais 55 2.6.1 Mancais de rolamento 55 2.6.2. Mancais de deslizamento 60 2.7. Vedações 64 Capítulo 3. Sistemas Hidráulicos 3. Sistemas Hidráulicos 73 3.1. Transmissão Hidráulica de Força e Energia 77 3.2. Mangueiras e Conexões 96 3.3. Bombas Hidráulicas 98 3.4. Válvula de Controle de Pressão 110 3.5. Válvulas de Controle Direcional 117 Capítulo 4. Sistemas Pneumáticos 4. Sistemas Pneumáticos 129 4.1. Ar Comprimido 129 4.1.2. Vantagens 129 4.1.3. Limitações 131 4.1.4. Propriedades Físicas do Ar 131 4.1.5. Elasticidade 131 4.1.6. Difusibilidade 132 4.1.7. Expansibilidade 133 4.2. Elementos de Produção de Ar Comprimido - Compressores 133 4.2.1. Definição 133 4.2.2. Classificação e Definição Segundo os Princípios de Trabalho 134 4.3. Tipos Fundamentais de Compressores 134 4.3.1. Compressor Dinâmico de Fluxo Radial 135 4.3.2. Compressor de Parafuso 136 4.3.3. Compressor de Simples Efeito ou Compressor Tipo Tronco 138 4.3.4. Compressor de Duplo Efeito – Compressor Tipo Cruzeta 139 4.4. Manutenção do Compressor 141 4.5. Considerações sobre Irregularidades na Compressão 141 4.6. Preparação do ar Comprimido Umidade 142 4.6.1. Reservatório de ar Comprimido 145 4.6.2. Localização 146 4.6.3. Desumidificação do Ar 146 4.6.4. Drenagem de Umidade 147 4.6.5. Tomadas de Ar 148 4.7. Unidade de Condicionamento (Lubrefil) 149 4.7.1. Filtragem de Ar 150 4.7.2. Regulagem de Pressão 152 4.7.3. Manômetros 153 4.7.4. Lubrificação 154 4.7.5. Válvulas de Controle Direcional 155 4.7.6. Válvulas de Controle Direcional 156 Capítulo 5. Lubrificação 5. Lubrificação 165 5.1. Lubrificantes – funções 165 5.2. Película lubrificante 167 5.3. Graxas lubrificantes 167 5.3.1. Graxas - fabricação 168 5.4. Óleos lubrificantes - métodos de aplicação 169 5.4.1. Métodos de lubrificação por gravidade 170 5.4.2. Métodos de lubrificação por salpico 171 5.4.3. Métodos de lubrificação a graxa 172 5.5. Precauções na aplicação de lubrificantes – graxas e óleos 175 5.5.1. Lubrificação a óleo - cuidados 175 5.5.2. Lubrificação a graxa - cuidados 176 Capítulo 6. Ferramentas e seus acessórios 6. Ferramentas e seus acessórios 181 Capítulo 7. Riscos ambientais 7. Riscos ambientais 199 7.1. Classificação dos riscos 199 7.2. Fatores que colaboram para que os produtos ou agentes causem danos à saúde 200 7.3. Vias de entrada dos materiais tóxicos no organismo 201 7.4. Riscos – caracterização 202 7.4.1. Riscos químicos 202 7.4.2. Riscos físicos 203 7.4.3. Riscos biológicos 206 7.5. Principais medidas de controle dos riscos ambientais 210 7.5.1. Medidas relativas ao ambiente 210 7.5.2. Medidas relativas ao pessoal 214 Capítulo 8. Inspeção e cuidados com a coluna de perfuração e os equipamentos de manuseio 8. Inspeção e cuidados com a coluna de perfuração e os equipamentos de manuseio 221 8.1. Tubulações – investimentos e custos de manutenção 221 8.2. Operação e manutenção – procedimentos importantes 222 8.2.1. Içamento de tubos ou comandos 222 8.2.2. Armazenamento dos tubos 223 8.3. Inspeções realizadas comumente 235 8.3.1. Inspeção visual da conexão 235 8.3.2. Classificação de tubos usados 237 Exercícios 240 Glossário 246 Bibliografia 247 Gabarito 248 11 Introdução A manutenção é uma prática utilizada em todos os tipos de empresa para evitar possíveis avarias em máquinas e instalações. Ela é importante para dar confiabilidade aos equipamentos, melhorar a qualidade e até para diminuir o desperdício. É fundamental que tenhamos o entendimento de que as máquinas têm vida útil determinada pela intensidade e frequência de seu uso. Portanto, prolongar o tempo de funcionamento adequado dos equipamentos e de seus componentes passa pelas decisões da empresa e por seus investimentos nos processos de manutenção e no treinamento dos funcionários responsáveis por essas práticas. O regime e a rotina de manutenção devem se revelar como marcas na política da Empresa e os aspectos técnicos e econômicos são fundamentais na definição da linha de ação da Companhia neste sentido. Entretanto, a determinação da forma, período e estratégias são de ordem gerencial. A implantação e a prática da Engenharia de Manutenção representam uma mudança cultural para a maioria das empresas, pois significa abandonar procedimentos improvisados e a adoção do levantamento das causas reais das avarias detectadas e da forma mais segura e econômica de realizá-las. Investir em manutenção é um ganho a médio e longo prazos sob todos os aspectos: econômicos, de segurança de equipamentos, de pessoal e do meio ambiente. Enfim, todos sairão lucrando ao assumir uma política responsável e planejada com os programas de manutenção. C ap ít u lo 1 Noções de Manutenção – aspectos importantes 14 Alta Competência 15 Capítulo 1. Noções de Manutenção – aspectos importantes 1. Noções de Manutenção – aspectos fundamentais 1.1. Manutenção – importância e definição Estabelecer uma política e rotina de manutenção é fundamentalpara a segurança das instalações e dos empregados, para o bom gerenciamento dos recursos e investimentos das companhias. Portanto, são muitas as razões que justificam essa prática em toda e qualquer empresa. Especialmente para uma Companhia como a Petrobras, por que realizar a manutenção de forma sistemática e preventiva é tão importante? Vejamos os aspectos que devem ser considerados na resposta a esta questão. A manutenção: Aumenta a confiabilidade, diminuindo os períodos de desativação • das máquinas; Melhora a eficiência na operação das máquinas e equipamentos • que, mal ajustados, têm mais probabilidade de causar erros ou baixo desempenho e podem causar problemas de qualidade; Reduz os custos, pois os equipamentos, quando bem cuidados, • funcionam com maior eficiência, evitando o desperdício de recursos humanos e financeiros; Aumenta a vida útil das máquinas e de seus componentes. Cuidados • simples, como limpeza e lubrificação, garantem a durabilidade dos equipamentos, reduzindo os pequenos problemas que podem causar desgaste ou deterioração; Aumenta a segurança dos funcionários e do ambiente, pois máquinas • e equipamentos bem mantidos têm menos chance de se comportar de forma não previsível ou não padronizada, evitando assim possíveis riscos de acidentes. 16 Alta Competência Um bom sistema de manutenção deve visar o aproveitamento total dos equipamentos, isto é, quebra zero, o que garantirá a competitividade e o sucesso da empresa em seus negócios e investimentos. Qualquer equipamento, do mais simples ao mais sofisticado, apresenta problemas inesperados mesmo dentro de seu tempo de vida útil, causados por defeitos de fabricação, por manuseio incorreto e/ ou por manutenção deficiente e ainda pela associação desses aspectos. Muitas vezes, esses problemas são pequenos. Porém, se não forem resolvidos no momento correto, podem trazer consequências graves, gerando prejuízos muito além do previsto. Todos devem se conscientizar de que a máquina necessita de manutenção e em que algum momento terá que ser desativada. A questão é se este será um evento (a parada) inesperado ou programado. O profissional responsável pela manutenção dos equipamentos é chamado de mantenedor. Os critérios para a escolha do mantenedor é fundamental para o sucesso de qualquer programa de Engenharia de Manutenção. Na maioria dos casos, o próprio operador é uma ótima fonte de dados para que se estudem os melhores procedimentos de manutenção. A responsabilidade por comunicar possíveis necessidades aleatórias das máquinas é desse profissional também. Confira na lista a seguir as principais características do bom Mantenedor. 1. É um bom observador, minucioso, detalhista; 2. Tem curiosidade técnica e apura as causas dos problemas encontrados; 3. Consegue seguir métodos, cumprindo e fazendo cumprir o programa de manutenção; 4. Apresenta domínio dos conhecimentos técnicos necessários. Como todas as suas solicitações deverão ser baseadas na técnica, é necessário manter-se atualizado; 17 Capítulo 1. Noções de Manutenção – aspectos importantes 5. É exigente e trabalha evitando o mau uso dos equipamentos e a baixa qualidade de manutenção; 6. É atencioso. Um bom operador frequentemente fornece informações valiosas sobre o desempenho de cada máquina sob sua responsabilidade; 7. É criativo e procura os melhores meios para que um serviço seja executado com menor custo e o máximo de qualidade e segurança; 8. É consciente e sabe que a manutenção constitui-se em um meio e não em um fim, para garantir a segurança e a produção; 9. É responsável e sabe que depende dele um trabalho correto de manutenção. Ratificando, todos devem se conscientizar de que a má- quina terá que ser desativada em algum momento. O ideal é, portanto, que esse seja um evento progra- mado Importante! 18 Alta Competência 1.1.1. Tipos de manutenção Os processos de manutenção podem assumir características diferentes quanto aos objetivos, periodicidade e frequência, e podem ser divididos em três tipos, a saber: Manutenção Corretiva;• Manutenção Preventiva;• Manutenção Preditiva.• Vejamos a seguir os aspectos que diferenciam os tipos de processo de manutenção que podem ser adotados em função dos objetivos e necessidades da Companhia. 1.1.1.1. Manutenção Corretiva Como o próprio nome diz, este tipo de manutenção é ativado quando há a quebra ou falha do equipamento e somente depois corrige-se o problema. Ela não é exatamente uma manutenção de emergência, pois entra em ação quando há quebra ou quando o equipamento já começa a operar com desempenho deficiente. Em linhas gerais, a manutenção corretiva pretende restaurar ou corrigir o funcionamento da máquina. Porém, é preciso ficar atento: a quebra inesperada pode gerar altos custos para a empresa. Além do reparo, a interrupção no processo de fabricação pode significar atraso na entrega de produtos e até a perda de clientes, além de pôr em risco a segurança de pessoas e instalações. 19 Capítulo 1. Noções de Manutenção – aspectos importantes 1.1.1.2. Manutenção Preventiva É a manutenção realizada com a intenção de reduzir ou evitar a desativação do equipamento e a queda de seu desempenho. Para isso, utiliza-se um plano antecipado com intervalos de tempo definidos. atenÇÃo Nos programas de manutenção preventiva os cuidados servem para evitar quebras ou falhas. Quando utilizar a manutenção preventiva?• Quando não for possível fazer a manutenção preditiva, como • veremos adiante; Se houver riscos de agressão ao meio ambiente;• Quando equipamentos fundamentais estiverem ameaçados;• Quando os sistemas complexos e/ ou de operação contínua • (linhas de acabamento de superfície, por exemplo) estiverem em jogo; Quando o equipamento possui aspectos relacionados com a • segurança pessoal ou da instalação. Veja abaixo um modelo de plano de manutenção de uma seccionadora. 20 Alta Competência EXEMPLO DE PLANO DE MANUTENÇÃO Equipamento O que fazer Quem faz Manutenção Diária Máquina Limpar com ar comprimido de baixa vazão Operador Lubrificante Verificar o nível do óleo Operador Manutenção Semanal Guia dos Carros Limpar com ar comprimido Operador Correntes de arraste Limpar com ar comprimido Operador Manutenção Mensal Máquina Verificar se os conjuntos estão fixados Mecânico Feltros de Limpeza Verificar os feltros das roldanas de deslizamento Mecânico Guia dos Carros Limpar e lubrificar Mecânico Correntes de arraste Limpar, lubrificar e verificar a tensão Mecânico Corrente e roldana do compressor Limpar e lubrificar Mecânico Micro interruptores Verificar se os elementos de fixação estão bem apertados Mecânico Alimentação Verificar se estão isolados e fixados Mecânico Lubrificantes Esgotar, limpar e completar os copos de armazenamento de óleo e água Operador Dispositivos de Emergência Verificar a sua eficácia Mecânico Manutenção Anual Dispositivos pneumáticos Verificar as gaxetas Mecânico Motores Verificar os mancais e rolamentos Mecânico Estrutura da máquina Verificar se há indícios de corrosão Mecânico 21 Capítulo 1. Noções de Manutenção – aspectos importantes 1.1.1.3. Manutenção Preditiva A manutenção preditiva é aquela que visa a realização de ajustes no maquinário ou no equipamento apenas quando eles precisarem, porém, sem deixá-los quebrar ou falhar. Para isso, a observação permanente e as recomendações técnicas do fabricante são fundamentais. Com o acompanhamento direto e constante é possível prever falhas, saber quando será necessário fazer intervenções e, claro, entrar em ação. A manutenção preditiva pode ser feita apenas em equipamentos que permitem a existência de acompanhamento, como as serras,por exemplo. Por isso, muitos profissionais que trabalham diretamente com manutenção chegam até a tratá-la como manutenção planejada. Ela relata as condições do equipamento e mostra quando a intervenção é necessária. O que realizamos, na realidade, é uma manutenção corretiva planejada. Condições para a implantação da manutenção preditiva:• O equipamento deve permitir monitoramento;• Ele deve merecer monitoramento, em virtude dos custos • envolvidos; As causas das falhas ou quebras devem ser monitoradas e ter • sua evolução acompanhada; Existir um programa de acompanhamento, análise e • diagnóstico, sistemático. 22 Alta Competência 1.2. Manutenção Corretiva e Preventiva - comparação A maioria das empresas que tenha conseguido implantar um esquema razoável de controle de manutenção, efetua o planejamento incluindo um bom nível de manutenção preventiva regular, o que resulta em baixa probabilidade de ocorrência de falhas. Na maior parte das vezes, quanto mais frequentemente ocorrerem os procedimentos de manutenção preventiva, menor será a chance de ocorrerem quebras ou falhas nos equipamentos. O equilíbrio entre manutenção preventiva e corretiva é estabelecido para minimizar o custo total das paradas. A manutenção preventiva realizada com pouca frequência cria a falsa ideia de economia, pois acarretará alta probabilidade de manutenção corretiva e, portanto, custos mais altos a médio e longo prazos. Assim, a manutenção preventiva muito frequente será dispendiosa de realizar, mas reduzirá os custos necessários para providenciar a manutenção corretiva. 1.3. Metas da manutenção Todo programa de manutenção deve apresentar metas a serem cumpridas, que são apresentadas, a seguir: a - Melhorar a eficácia dos equipamentos A fim de melhorar a eficácia dos equipamentos deve-se analisar como as máquinas estão contribuindo para a produção por meio de análise das perdas. A diminuição de produtividade pode ser resultado do tempo mal utilizado, velocidade insatisfatória e de outros defeitos. b - Realização de manutenção autônoma A realização de manutenção autônoma permite que o pessoal que opera ou usa os equipamentos e máquinas da produção assumam a responsabilidade por, pelo menos, algumas das tarefas de manutenção. Também deve-se encorajar o pessoal da manutenção a assumir a responsabilidade pela melhoria dos resultados da manutenção. 23 Capítulo 1. Noções de Manutenção – aspectos importantes c - Planejar a manutenção Planejar a manutenção significa ter uma abordagem totalmente elaborada para todas as atividades de manutenção. Isto deveria incluir o nível de manutenção preventiva necessário para cada peça de equipamento, e as respectivas responsabilidades do pessoal de operação e de manutenção. d - Treinar todo o pessoal (TPM) Treinar os empregados para assumir responsabilidades exige que tanto o pessoal de manutenção como o de operação tenha todas as habilidades e condições para desempenhar seus papéis. A TPM enfatiza o treinamento adequado e contínuo. e - Conseguir gerir os equipamentos Tal procedimento ocorre através da “prevenção de manutenção", e assim tenta-se rastrear todos os problemas potenciais de manutenção até sua causa fundamental, a fim de eliminá-los nesse ponto. 1.4. A importância de aprender com a prática O controle das tarefas na hora da manutenção é um requisito básico para que todo o processo funcione de forma ordenada. Para isso, muitas empresas criam esquemas e tabelas baseados em sugestões dos fabricantes de máquinas e nas experiências dos seus próprios funcionários. Esse procedimento deve ser aplicado a todo tipo de maquinário, pois algumas peças exigem cuidados diários, enquanto que outras pedem reparos semanais, mensais, semestrais ou até mesmo anuais. Portanto, cada empresa poderá observar demandas bastante diferenciadas em função da especificidade de suas atividades, tanto no que se refere ao uso dos equipamentos quanto à experiência de seus empregados. 24 Alta Competência 1.5. Disponibilidade, mantenabilidade e confiabilidade O principal objetivo de qualquer empresa nos dias atuais, é otimizar o desempenho da planta produtiva, controlar e reduzir os custos de produção, aumentar ou pelo menos manter a lucratividade. Nesse sentido, a atividade de manutenção passa a ter como objetivo fundamental garantir patamares cada vez mais altos da disponibilidade do sistema produtivo. Sem essa visão, os resultados da atividade de manutenção ficam restritos ao desempenho de cada ação, perdendo-se a visão global. Segundo a NBR-5462 (1994), disponibilidade é a capacidade de um item estar em condições de executar certa função em um dado instante ou durante um intervalo de tempo determinado, levando-se em conta os aspectos combinados de sua confiabilidade, mantenabilidade e suporte de manutenção, supondo que os recursos externos requeridos estejam assegurados. A disponibilidade de um dado produto ou sistema está, na verdade, diretamente associado à “qualidade temporal” ou tempo de vida desse sistema, se considerado reparável. A ênfase de melhoria para se obter mais confiabilidade, maior mantenabilidade, e por sua vez, mais disponibilidade, deve ser dada no projeto do produto. A mantenabilidade é um parâmetro de projeto enquanto a manutenção é uma consequência do projeto. A mantenabilidade é uma característica inerente ao projeto de um sistema ou de um produto. Então, atributos como precisão, segurança e economia relativa às ações de manutenção, devem estar contidos em cada item (componente, subsistema ou sistema) e em todas as fases do projeto. Isso significa que o produto deve ser projetado na perspectiva de que cada item que o constitui, considerando o processo de perda da funcionalidade ou mesmo após a falha da função, seja recuperado para a condição de “tão bom quanto novo”, qualquer que seja a ação de manutenção executada: corretiva, preventiva ou preditiva. 25 Capítulo 1. Noções de Manutenção – aspectos importantes Em geral, confiabilidade é a capacidade de uma pessoa ou sistema de realizar e manter seu funcionamento em circunstâncias de rotina, bem como em circunstâncias hostis e inesperadas. Pode ser definida também como a probabilidade de um item desempenhar uma função, sob condições específicas, de forma adequada, como previsto no projeto, durante um período de tempo pré-determinado. A NBR-5462 define manutenção como: “...a combinação de todas as ações técnicas e administrativas, incluindo as de supervisão, destinadas a manter ou recolocar um item em um estado no qual possa desempenhar uma função requerida”. Salienta-se que a norma define item como “qualquer parte, conjunto, dispositivo, subsistema, unidade funcional, equipamento ou sistema que possa ser considerado individualmente” (1994). Manutenção corretiva é aquela efetuada após a ocorrência de uma falha e destinada a recolocar um item em condições de executar uma função requerida. A manutenção preventiva é efetuada em intervalos predeterminados, ou de acordo com critérios prescritos e programada para reduzir a probabilidade de falha ou degradação do funcionamento de um item. A manutenção preditiva, por sua vez, busca a qualidade de serviço desejada, com base na aplicação sistemática de técnicas de medição e análise, utilizando-se de meios de supervisão ou de amostragem, para reduzir ao mínimo a manutenção preventiva e diminuir a manutenção corretiva. Moubray (1992) cita também a manutenção detectiva como aquela associada a itens que só trabalham quando necessário e por isso não informam quando estão em estado de falha. São exemplos desses itens: sistemas de alarme, dispositivos de medição e controle. Essas falhas são denominadas de falhas ocultas. As ações sistemáticas de manutenção têm evoluídoao longo do tempo e apresentam algumas variáveis. A adoção de um projeto para a mantenabilidade do produto melhora os procedimentos, o acesso aos itens, a detecção das falhas, a instrumentação associada, os materiais, as ferramentas, o treinamento da mão de obra e os procedimentos para executar a manutenção (Blanchard, 1995). 26 Alta Competência A exigência de disponibilidade proporciona à manutenção destaque em relação ao grau de importância para o projeto do produto e para a gestão do processo produtivo. A política de manutenção imprimida ao produto ou ao processo passou a ser considerada como uma vantagem competitiva. Essa política tem alcançado maior sucesso nas instituições que gerenciam o sistema produtivo sob o enfoque da qualidade, competitividade e lucratividade. Nesses casos, o uso de um sistema de gestão fundamentado na Manutenção para a Produtividade Total (TPM) e/ou na Manutenção Centrada na Confiabilidade (MCC), tem apresentado maior chance de sucesso. 1.5.1. Manutenção de 1º escalão, 2º escalão e 3º escalão Conceitualmente, todas as atividades de manutenção podem ser subdivididas em três escalões (categorias), dependendo principalmente da especialidade requerida para sua execução e de sua periodicidade (frequência). São eles: Manutenção de 1º escalão • Compreende as tarefas preventivas sistemáticas, com baixa complexidade e baixa demanda de mão-de-obra (pequena duração), geralmente executadas pelo operador do equipamento caso seja clara a identificação de um, primeirizado ou contratado, dentro da lotação da unidade industrial. Podemos citar exemplos: limpar carcaça de equipamento, completar nível de óleo, verificar existência de vazamento, lubrificar haste de válvula, efetuar medições de temperatura, pressão, etc. Possuem alta frequência, tipicamente diárias, semanais, quinzenais até no máximo mensais, ou intervalos de horas de operação (horímetro) dentro desses limites. Esse nível de manutenção é o que a operação executa, sendo os outros níveis executados por especialistas. 27 Capítulo 1. Noções de Manutenção – aspectos importantes Manutenção de 2º escalão• Compreende as tarefas preventivas ou corretivas de complexidade média, que exigem conhecimento técnico especializado para sua execução, como mecânicos, eletricistas ou instrumentistas, dentro dos quadros da unidade industrial, podendo ser empregados próprios ou contratados. Exemplos: trocar selo mecânico, fazer alinhamento ou balanceamento, calibrar instrumentos, trocar haste de compressor, etc. Caso de preventivas sistemáticas que possuem frequência média (mensais, trimestrais, semestrais, anuais ou intervalos de horímetro mais ou menos equivalentes). Manutenção de 3º escalão• Compreendem as tarefas preventivas ou corretivas efetuadas em equipamento ou sistema, requerendo grande conhecimento também por mecânicos, eletricistas ou instrumentistas especializados, não pertencentes aos quadros da unidade industrial, ou seja, depende de recursos externos à unidade para sua realização. Os cuidados de manutenção podem ocorrer em oficinas externas à unidade industrial, com o envio do equipamento (desembarque) para oficinas próprias da empresa ou para oficinas de empresas contratadas, ou ainda na própria unidade industrial, caso a remoção (desembarque) do equipamento seja inviável. Nesse caso, os recursos externos à Unidade devem se deslocar até ela (embarcar). Caso de preventivas sistemáticas que possuem baixa frequência (anuais, bienais, quinquenais ou horímetro equivalente). Devido à alta especialização requerida e sua baixa utilização, não justifica o investimento da unidade industrial em formação de pessoal e em ferramental, daí a política de acionar recursos externos. 28 Alta Competência Manutenção de 1º escalão Manutenção de 2º escalão Manutenção de 3º escalão Especialização Requerida Baixa Média Alta Executante (sempre próprio ou contratado) Geralmente o técnico de operação Mecânicos, eletricistas ou instrumentistas Mecânicos, eletricistas ou instrumentistas Frequência Alta Média Baixa Local Na própria Unidade Na própria Unidade Na própria Unidade ou oficina externa Natureza Preventiva Preventiva ou corretiva preventiva ou corretiva reSUmInDo... O Técnico de Perfuração e Poços deverá atentar para as manutenções de 1º escalão, as quais são sua responsabilidade. C ap ít u lo 2 Tipos de equipamentos 30 Alta Competência Capítulo 2. Tipos de equipamentos 31 2. Tipos de equipamentos Em função da complexidade de equipamentos existentes numa unidade industrial, classificamos os mesmos de acordo com a energia que os move, conforme abaixo: Sistemas Mecânicos – Equipamentos movidos por engrenagens • e transmissões que transferem movimento ou torque. Sistemas Elétricos – Equipamentos movidos por eletricidade.• Sistemas Hidráulicos – Equipamentos alimentados por óleo • hidráulico pressurizado. Sistemas Pneumáticos – Equipamentos alimentados por ar • comprimido. 2.1. Motores combustão interna O motor é uma máquina que tem como função transformar algum tipo de energia em energia mecânica. No caso de um motor de combustão interna, é utilizada a energia térmica gerada pela combustão do combustível (diesel, gasolina, gás, álcool) para gerar a energia mecânica. Por esta razão, é também chamado motor de combustão interna. Quando a mistura de ar com combustível queima formam-se gases quentes. Esses expandem-se rapidamente e empurram as partes interiores do motor, levando-as a se mover, gerando força para fornecer potência e torque através do movimento rotativo do seu eixo principal (árvore de manivelas). Em motores que operam através do ciclo Diesel, não há velas de ignição e a mistura ar-combustível é inflamada pela alta pressão originada na câmara, na fase de compressão do êmbolo no cilindro a uma temperatura próxima dos 600ºC. 32 Alta Competência Os quatro tempos de funcionamento de motores utilizados na maior parte dos veículos podem ser definidos assim: 1º Tempo - Admissão O pistão desce aspirando a mistura ar/combustível para o interior do cilindro. 2º Tempo – Compressão - A mistura aspirada é comprimida pelo pistão. Capítulo 2. Tipos de equipamentos 33 3º Tempo – Combustão - A mistura se inflama quando uma centelha é solta pelo eletrodo da vela de ignição. 4º Tempo – Escape (Exaustão) - Os gases produzidos pela combustão da mistura saem do cilindro empurrados pelo pistão para o coletor de escape. 34 Alta Competência 2.1.1. Motores Combustão interna 2 tempos Os componentes básicos de um motor 2 tempos Dá para entender um motor 2 tempos ao observar cada parte do ciclo. Comece pelo momento em que a vela acende. O combustível e o ar do cilindro foram comprimidos, o que os faz entrar em ignição quando a vela solta a faísca. A explosão resultante empurra o pistão para baixo. Conforme ele se move vai comprimindo a mistura ar/combustível no cárter do motor. Quando o pistão se aproxima da base do seu tempo, a janela de exaustão se abre. A pressão no cilindro leva a maioria dos gases de exaustão para fora dele, como mostramos abaixo. Interior de um motor 2 tempos Capítulo 2. Tipos de equipamentos 35 2.2. Tipos de motores à explosão Existem dois tipos principais de motores à explosão: motores de movimento alternado ou motores alternativos e motores rotativos. Os motores alternativos possuem êmbolos que se movem para cima e para baixo ou para frente e para trás. Uma parte chamada virabrequim transforma esse movimento alternado em movimento circular, giratório, que aciona rodas. Um motor rotativo, conhecido também como motor Wenkel, utiliza rotores no lugar deêmbolos. Os rotores produzem diretamente o movimento giratório. Os motores a explosão alternativos são classificados: (1) pelo número de tempos ou percurso do êmbolo em cada ciclo, (2) pelo tipo de compressão, (3) pelo modo em que são refrigerados, (4) pelo arranjo de suas válvulas, (5) pelo arranjo de seus cilindros e (6) pela maneira com são alimentados com ar e combustível. 2.3. Ciclo Os motores à explosão operam em um ciclo de dois tempos ou de quatro tempos. Um ciclo, ou modo de funcionamento do motor, significa os passos que devem ser repetidos para a combustão da mistura ar - combustível nos cilindros. Os tempos são os movimentos de vaivém dos êmbolos. Um motor de quatro tempos tem um ciclo composto dos tempos de admissão ou de aspiração; compressão; combustão ou explosão; e expulsão ou escapamentos dos gases. Em um motor com ciclo de dois tempos, o ciclo se opera combinando os tempos de admissão e compressão ao da explosão ao fim do tempo de explosão. Ainda que os motores de dois tenham baixa eficiência, são mais simples de construir e de menor custo do que os de quatro tempos. Um motor de dois tempos desenvolve mais potência em relação ao peso e dimensão do que o motor de quatro tempos. Cada cilindro em um motor de dois tempos produz uma explosão a cada volta do virabrequim. Mas em um motor de quatro tempos, um cilindro produz uma explosão, uma volta sim, outra não do virabrequim. 36 Alta Competência 2.4. Conversor de Torque Um conversor de torque é um tipo de acoplamento hidráulico usado para transferir a força de rotação de um elemento motor (motor combustão interna, elétrico, etc.), para um eixo de carga, ou movido. É comumente usado em automóveis de transmissão automática em substituição à embreagem manual, por fricção. É composto por três elementos: bomba, estator e turbina. A bomba é permanentemente conectada ao motor propriamente dito; o estator é a parte fixa, responsável por direcionar o fluxo do fluído; a turbina é a parte movida, permanentemente conectada à caixa de velocidades, por exemplo. Não existe contato entre a bomba e a turbina. As partes de um conversor de torque (da esquerda para à direita): turbina, estator, bomba Capítulo 2. Tipos de equipamentos 37 2.4.1. Funcionamento Quando o motor é acelerado, bombeia mais fluido para dentro do conversor de torque, fazendo com que mais torque seja transmitido ao equipamento acionado. A bomba dentro do conversor de torque é um tipo de bomba centrífuga. À medida que ela gira, o fluido é arremessado para fora, num sistema muito parecido com a forma que o ciclo de secagem de uma máquina de lavar roupas que arremessa água e roupas para a parede da bacia de lavagem. Quando o fluido é expelido, um vácuo é criado e mais fluido é puxado para o centro. O fluido entra aqui O fluido sai aqui Direção da rotação Uma parte da bomba do conversor de torque é anexada a caixa O fluido entra nas lâminas da turbina, que está conectada ao câmbio. A turbina faz com que o câmbio gire, e o carro se mova. Você pode observar no gráfico abaixo que as lâminas são curvas. Isso significa que o fluido externo que entra na turbina precisa de direção antes de sair do centro da turbina. É essa mudança direcional que leva a turbina a girar. 38 Alta Competência O fluido sai aqui Direção da rotação O fluido entra aqui A turbina do conversor de torque: note as estrias no meio. É ai que ela se conecta ao câmbio Para alterar a direção de um objeto em movimento, é preciso aplicar uma força a esse objeto - não importa se o objeto é um carro ou uma gota de fluido. Seja o que for que aplique a força para fazer algo girar, sente a mesma força, porém em sentido contrário. Assim, à medida que a turbina faz com que o fluido mude de direção, o fluido faz com que a turbina gire. O fluido deixa o centro da turbina, movendo-se em uma direção diferente daquela que entrou. Se você observar as setas na figura acima, verá que o fluido sai da turbina movendo-se em direção oposta àquela que a bomba (e o motor) está girando. Se o fluido pudesse atingir a bomba, diminuiria a rotação do motor, desperdiçando energia. É por isso que um conversor de torque possui um estator. Capítulo 2. Tipos de equipamentos 39 Direção da rotação O fluido sai aqui O estator envia o fluido que está retornando da turbina à bomba. Isso melhora a eficiência do conversor. Observe as ranhuras, que estão conectadas a uma embreagem unidirecional dentro do estator. O estator está posicionado bem no centro do conversor de torque. Sua função é redirecionar o fluido que retorna da turbina antes que ele atinja a bomba novamente. Isso aumenta em muito a eficiência do conversor de torque. O estator possui lâminas com um desenho bastante vigoroso que invertem a direção do fluido quase que completamente. Uma embreagem unidirecional (dentro do estator) o conecta a uma árvore fixa na transmissão (a direção na qual a embreagem faz o estator girar está marcada na figura acima). Devido a essa configuração, o estator não gira com o fluido - ele apenas gira na direção oposta, forçando o fluido a mudar de direção quando atinge as lâminas do estator. Quando o carro está se movendo ocorre algo curioso. Existe um ponto, aproximadamente a 65km/h, no qual tanto a bomba quanto a turbina estão girando praticamente na mesma rotação (a bomba sempre gira ligeiramente mais rápido). Nesse ponto o estator não é necessário, pois o fluido retorna da turbina e entra na bomba na mesma direção que ela. 40 Alta Competência Mesmo que a turbina altere a direção do fluido e arremesse-o para trás, ainda assim ele acaba movendo-se na mesma direção que a turbina, pois ela está girando mais rápido do que o fluido bombeado para outra direção. Se você estivesse em pé na traseira de uma pick- up que está andando a 95km/h e arremessasse uma bola para trás a 65km/h, a bola ainda se moveria a 30km/h. Isso é semelhante ao que acontece na turbina: o fluido está sendo arremessado para trás em uma direção, mas não tão rápido quanto já estava se movendo na direção oposta. A essas velocidades, o fluido atinge a parte de trás das lâminas do estator, levando-o a ficar em roda-livre na embreagem unidirecional, de modo que ele não impede a passagem do fluido através dele. 2.5. Transmissão 2.5.1. Engrenagens As engrenagens, também chamadas rodas dentadas, são elementos básicos na transmissão de potência entre eixos-árvores. Observação: Eixo: elemento submetido à flexão – função estrutural. Eixo-árvore: elemento submetido à flexo-torção – função de transmissão de potência. Elas permitem a redução ou aumento do momento torsor, com mínimas perdas de energia e aumento ou redução de velocidades, sem perda nenhuma de energia, por não deslizarem. A mudança de velocidade e torção é feita na razão dos diâmetros primitivos. Aumentando a rotação, o momento torsor diminui e vice- versa. Assim, num par de engrenagens, a maior delas terá sempre rotação menor e transmitirá momento torsor maior. A engrenagem menor tem sempre rotação mais alta e momento torsor menor. Capítulo 2. Tipos de equipamentos 41 O movimento dos dentes entre si processa-se de tal modo que no diâmetro primitivo não há deslizamento, havendo apenas aproximação e afastamento. 2.5.2. Estrutura básica das engrenagens Observe a ilustração, a seguir, e a estrutura básica das engrenagens. espessura (E) vã o pas so (P) espe ssur a ca be ça alt ur a f c h pé Dp Di De v e Engrenagem – esquema básico Vejamos a estrutura básica de uma engrenagem apresentada na imagem anterior. 42 Alta Competência Elementos Descrição Diâmetro externo - (De) Diâmetro máximo da engrenagem.De = m (z + 2). Diâmetro interno - (Di) Diâmetro menor da engrenagem. Diâmetro primitivo - (Dp) Diâmetro intermediário entre De e Di. Seu cálculo exato é Dp = De - 2m. Cabeça do dente - (C) É a parte do dente que fica entre Dp e De. Pé do dente - (f) É a parte do dente que fica entre Dp e Di. Altura do dente - (h) Altura total do dente De − Di 2 ou h = 2,166 . m Espessura de dente - (e) É a distância entre os dois pontos extremos de um dente, medida em relação à altura do Dp. Vão do dente - (V) É o espaço entre dois dentes consecutivos. Não é a mesma medida de e. (P) Passo Medida que corresponde à distância entre dois dentes consecutivos, medida em relação à altura do Dp. 2.5.3.Tipos de engrenagens Engrenagem cilíndrica de dentes retos• Os dentes são dispostos paralelamente entre si e em relação ao eixo. É o tipo mais comum de engrenagem e o de mais baixo custo. É usada em transmissão que requer mudança de posição das engrenagens em serviço, pois é fácil de engatar. É mais empregada na transmissão de baixa rotação do que na de alta rotação, por causa do ruído que produz. Capítulo 2. Tipos de equipamentos 43 Engrenagem cilíndrica de dentes helicoidais• Os dentes são dispostos transversalmente em forma de hélice em relação ao eixo. É usada em transmissão fixa de rotações elevadas por ser silenciosa devido os seus dentes estarem em componente axial de força que deve ser compensada pelo mancal ou rolamento. Serve para transmissão de eixos paralelos entre si e também para eixos que formam um ângulo qualquer entre si (normalmente 60 ou 90º). Engrenagem cilíndrica com dentes internos• É usada em transmissões planetárias e comandos finais de máquinas pesadas, permitindo uma economia de espaço e distribuição uniforme da força. As duas rodas do mesmo conjunto giram no mesmo sentido. 44 Alta Competência Engrenagem cilíndrica com cremalheira• A cremalheira pode ser considerada como uma coroa dentada com diâmetro primitivo infinitamente grande. É usada para transformar movimento giratório em longitudinal. Engrenagem cônica com dentes retos• É empregada quando as árvores se cruzam; o ângulo de interseção é geralmente 90º, podendo ser menor ou maior. Os dentes das rodas cônicas têm um formato também cônico, o que dificulta sua fabricação, diminui a precisão e requer uma montagem precisa para o funcionamento adequado. A engrenagem cônica é usada para mudar a rotação e direção da força, em baixas velocidades. Capítulo 2. Tipos de equipamentos 45 Engrenagem cilíndrica com dentes oblíquos• Seus dentes formam um ângulo de 8 a 20º com o eixo da árvore. Os dentes possuem o perfil da envolvente e podem estar inclinados à direita ou à esquerda. Os dentes vão carregando e descarregando gradativamente. Sempre engrenam vários dentes simultaneamente, o que dá um funcionamento suave e silencioso. Pode ser bastante solicitada e pode operar com velocidades periféricas até 160m/s. Os dentes oblíquos produzem uma força axial que deve ser compensada pelos mancais. Engrenagem cilíndrica com dentes em V• Conhecida também como engrenagem espinha de peixe. Possui dentado helicoidal duplo com uma hélice à direita e outra à esquerda. Isso permite a compensação da força axial na própria engrenagem, eliminando a necessidade de compensar essa força nos mancais. 46 Alta Competência Para que cada parte receba metade da carga, a engrenagem em espinha de peixe deve ser montada com precisão e uma das árvores deve ser montada de modo que flutue no sentido axial. Usam- se grandes inclinações de hélice, geralmente de 30 a 45º. Pode ser fabricada em peça única ou em duas metades unidas por parafusos ou solda. Nesse último caso só é admissível o sentido de giro no qual as forças axiais são dirigidas uma contra a outra. Engrenagem cônica com dentes em espiral• Empregada quando o par de rodas cônicas deve transmitir grandes potências e girar suavemente, pois com esse formato de dentes consegue-se o engrenamento simultâneo de dois dentes. O pinhão pode estar deslocado até 1/8 do diâmetro primitivo da coroa. Isso acontece particularmente nos automóveis para ganhar espaço entre a carcaça e o solo. Parafuso sem-fim e engrenagem côncava (coroa)• O parafuso sem-fim é uma engrenagem helicoidal com pequeno número (até 6) de dentes (filetes). Capítulo 2. Tipos de equipamentos 47 O sem-fim e a coroa servem para transmissão entre dois eixos perpendiculares entre si. São usados quando se precisa obter grande redução de velocidade e consequênte aumento de momento torsor. 2.5.4. Transmissão por polias e correias Para transmitir potência de uma árvore à outra, alguns dos elementos mais antigos e mais usados são as correias e as polias. As transmissões por correias e polias apresentam as seguintes vantagens: possuem baixo custo inicial, alto coeficiente de atrito, elevada • resistência ao desgaste e funcionamento silencioso; são flexíveis, elásticas e adequadas para grandes distâncias • entre centros. 48 Alta Competência 2.5.4.1. Relação de transmissão ( i ) É a relação entre o número de voltas das polias (n) em uma unidade de tempo e os seus diâmetros. A velocidade periférica (V) é a mesma para as duas rodas. Transmissão por correia plana• Essa maneira de transmissão de potência se dá por meio do atrito que pode ser simples, quando existe somente uma polia motora e uma polia movida (como na figura abaixo), ou múltiplo, quando existem polias intermediárias com diâmetros diferentes. Capítulo 2. Tipos de equipamentos 49 A correia plana, quando em serviço, desliza, e portanto não transmite integralmente a potência. A velocidade periférica da polia movida é, na prática, sempre menor que a da polia motora. O deslizamento depende da carga, da velocidade periférica, do tamanho da superfície de atrito e do material da correia e das polias. Transmissão por correia em V• A correia em V é inteiriça (sem-fim) fabricada com secção transversal em forma de trapézio. O emprego da correia em V é preferível ao da correia plana e possui as seguintes características: Praticamente não tem deslizamento;• Relação de transmissão até 10:1;• Permite uma boa proximidade entre eixos. O limite é dado • por p = D + 3/2h (D = diâmetro da polia maior e h = altura da correia); A pressão nos • flancos, em consequência do efeito de cunha, triplica em relação à correia plana; Partida com menor tensão prévia que a correia plana;• Menor carga sobre os mancais que a correia plana;• Elimina os ruídos e os choques, típicos da correia emendada • com grampus; Emprego de até doze correias numa mesma polia.• 50 Alta Competência Perfil e designação das correias em V• A designação é feita por uma letra que representa o formato e por um número que é o perímetro médio da correia em polegada. Os perfis são normalizados e denominam-se formato A, B, C, D e E, suas dimensões são mostradas na figura a seguir. Transmissão por correia dentada• A correia dentada em união com a roda dentada correspondente permitem uma transmissão de força sem deslizamento. As correias de qualidade têm no seu interior vários cordonéis helicoidais de aço ou de fibra de vidro que suportam a carga e impedem o alongamento. A força se transmite através dos flancos dos dentes e pode chegar a 400N/cm2. Cordonéis Capítulo 2. Tipos de equipamentos 51 O perfil dos dentes pode ser trapezoidal ou semicircular, geralmente, são feitos com módulos 6 ou 10. As polias são fabricadas de metal sinterizado, metal leve ou ferro fundido em areia especial para precisão nas medidas em bom acabamento superficial. Para a especificação das polias e correias dentadas, deve-se mencionar o comprimento da correia ou o númerode sulcos da polia, o passo dos dentes e a largura. 2.5.5. Transmissão por correntes Um ou vários eixos podem ser acionados através de corrente. A transmissão de potência é feita através do engrenamento entre os dentes da engrenagem e os elos da corrente. Não ocorre o deslizamento. É necessário para o funcionamento desse conjunto de transmissão que as engrenagens estejam em um mesmo plano e os eixos paralelos entre si. A transmissão por corrente normalmente é utilizada quando não se podem usar correias por causa da umidade, vapores, óleos, etc. É, ainda, de muita utilidade para transmissões entre eixos próximos, substituindo trens de engrenagens intermediárias. 52 Alta Competência 2.5.5.1.Tipos de correntes Corrente de rolos• É composta por elementos internos e externos, onde as talas são permanentemente ligadas através de pinos e buchas; sobre as buchas são, ainda, colocados rolos. Essa corrente é aplicada em transmissões, em movimentação e sustentação de contrapeso e, com abas de adaptação, em transportadores; é fabricada em tipo standard, médio e pesado. Corrente de dentes• Nesse tipo de corrente há, sobre cada pino articulado, várias talas dispostas uma ao lado da outra, onde cada segunda tala pertence ao próximo elo da corrente. Capítulo 2. Tipos de equipamentos 53 Dessa maneira, podem ser construídas correntes bem largas e muito resistentes. Além disso, mesmo com o desgaste, o passo fica, de elo a elo vizinho, igual, pois entre eles não há diferença. Essa corrente permite transmitir rotações superiores às permitidas nas correntes de rolos. É conhecida como corrente silenciosa (“silent chain”). 2.5.6. Transmissão por Eixo Cardã O eixo cardã (também conhecido como Cardan ou Cardão) é um sistema de transmissão de torque muito utilizado em veículos com tração 4x4 e em motocicletas cuja a função é fornecer independência às forças motrizes. Numa visão geral, o eixo cardã é composto de dois eixos tubulares, um primário, centrado à fonte motriz e outro secundário centrado ao eixo de tração. Suas extremidades contam com articulações denominadas juntas móveis universais, as quais podem possuir rolamentos, mangas de ligação, grampos ou anéis de pressão e guarda-pós para acompanhar o movimento unilateral dos mesmos. São utilizados em equipamentos e transmissões que se tenha desalinhamento do conjunto, ou que o trabalho desse conjunto possa ocorrer desalinhamento, como no caso de uma transmissão de caminhão, onde o movimento do eixo traseiro promove desalinhamento com a saída da caixa de marchas. 54 Alta Competência 1. Eixo cardan universal como compensação 2. Junta Universal 3. Tipo de conexão 4. Flange articulado 5. Garfo 6. Conjunto da Cruzeta 7. Anel de trava 8. Cruzeta 9. Câmara de Lubrificação 10. Junta de articulação universal 11. Retentor 12. Rolamento agulha 13. Ponteira deslizante 14. Luva entalhada 15. Capa de proteção com retentor 16. Rolamento de agulha 17. Válvula de alívio 18. Bujões de Lubrificação Capítulo 2. Tipos de equipamentos 55 2.6. Mancais 2.6.1 Mancais de rolamento Os mancais de rolamento são peças que permitem a rotação, promovendo a transmissão de energia. Quando se buscou diminuir sensivelmente os problemas de atrito de resistência à alta velocidade, encontrados nos mancais de deslizamento, chegou-se aos mancais de rolamento ou simplesmente rolamentos. Esfera Gorne do anel externo Canal ou gorne do anel interno Porta-esfera ou separador Anel interno Anel externo Mancal de rolamento Os rolamentos são simplesmente rolamentos de máquinas constituídos por dois anéis de aço (geralmente SAE 52 100) separados por uma ou mais fileiras de esferas ou rolos. Essas esferas ou rolos são mantidos equidistantes por meio do separador ou gaiola, a fim de distribuir os esforços e manter concêntricos os anéis. O anel externo (capa) é fixado na peça ou no mancal e o anel interno é fixado diretamente no eixo. 56 Alta Competência A seguir, veja as vantagens e desvantagens que os rolamentos possuem em relação aos mancais de deslizamento. Vantagens• Menor atrito e aquecimento;• Coeficiente de atrito de partida (estático) inferior ao de • operação (dinâmico); Pouca variação do coeficiente de atrito com carga e velocidade;• Baixa exigência de lubrificação;• Intercambialidade internacional;• Mantém a forma de eixo;• Apresenta pequeno aumento da folga durante a vida útil.• Desvantagens• Maior sensibilidade aos choques;• Maiores custos de fabricação;• Tolerância pequena para carcaça e alojamento do eixo;• Não suporta cargas tão elevadas como os mancais de deslizamento;• Ocupa maior espaço radial.• Capítulo 2. Tipos de equipamentos 57 Classificação dos rolamentos• Quanto ao tipo de carga que suportam, os rolamentos podem ser: Radiais Suportam cargas radiais e leves cargas axiais. Axiais Não podem ser submetidos a cargas radiais. Mistos Suportam tanto carga axial quanto radial. Tipos de rolamentos• Rolamento fixo de uma carreira de esferas• É o mais comum dos rolamentos. Suporta cargas radiais e pequenas cargas axiais e é apropriado para rotações mais elevadas. Sua capacidade de ajuste angular é limitada e, por conseguinte, é necessário um perfeito alinhamento entre o eixo e os furos da caixa. Rolamento fixo de uma carreira de esferas Rolamento de contato angular de uma carreira de esferas• Admite cargas axiais somente em um sentido, portanto, deve sempre ser montado contraposto em relação a outro rolamento que possa receber a carga axial no sentido contrário. 58 Alta Competência Rolamento de contato angular de uma carreira de esferas Rolamento autocompensador de esferas• É um rolamento de duas carreiras de esferas com pista esférica no anel externo, o que lhe confere a propriedade de ajuste angular, ou seja, de compensar possíveis desalinhamentos ou flexões do eixo. Rolamento autocompensador de esferas Designação dos rolamentos• Cada rolamento métrico padronizado tem uma designação básica específica que indica o seu tipo e a correlação entre suas dimensões principais. Essas designações básicas compreendem 3, 4 ou 5 algarismos, ou uma combinação de letras e algarismos, que indicam o tipo de rolamento, as séries de dimensões e o diâmetro do furo, nesta ordem. Os símbolos para os tipos de rolamento e as séries de dimensões, junto com os possíveis sufixos indicando uma alteração na construção interna, designam uma série de rolamentos. Capítulo 2. Tipos de equipamentos 59 A tabela a seguir mostra esquematicamente como o sistema de designação é constituído. Os algarismos entre parênteses indicam que embora eles possam ser incluídos na designação básica, são omitidos por razões práticas, como no caso do rolamento de duas carreiras de esferas de contato angular onde o zero é omitido. atenÇÃo Convém salientar que, para a aquisição de um rolamento, é necessário conhecer apenas as seguintes dimensões: o diâmetro externo, o diâmetro interno e a largura ou altura. Com esses dados, consulta-se o catálogo do fabricante para obter a designação e informações como capacidade de carga, peso, etc. 60 Alta Competência 2.6.2. Mancais de deslizamento Geralmente, os mancais de deslizamento são constituídos de uma bucha fixada num suporte. Esses mancais são usados em máquinas pesadas ou em equipamentos de baixa rotação, porque a baixa velocidade evita superaquecimento dos componentes expostos ao atrito. Os mancais estão submetidos ao atrito de deslizamento, que é o principal fator a considerar para sua utilização. Classificação dos mancais de deslizamento • Pelo sentido das forças que suportam, os mancais classificam-seem: Axiais;• Radiais;• Mistos.• Axiais• Impedem o deslocamento na direção do eixo, isto é, absorvem esforços longitudinais. Capítulo 2. Tipos de equipamentos 61 Radiais• Impedem o deslocamento na direção do raio, isto é, absorvem esforços transversais. Mistos• Têm, simultaneamente, os efeitos dos mancais axiais e radiais. Formas construtivas dos mancais• Os mancais, em sua maioria, são constituídos por uma carcaça e uma bucha. A bucha pode ser dispensada em casos de pequena solicitação. Mancal axial• Feito de ferro fundido ou aço, tem como fator principal a forma da superfície que deve permitir uma excelente lubrificação. A figura abaixo mostra um mancal axial com rotação em sentido único e o detalhe dos espaços para lubrificação. A figura seguinte mostra um caso para rotação alternada com respectivo detalhe para lubrificação. 62 Alta Competência Mancal inteiriço• Feito geralmente de ferro fundido e empregado como mancal auxiliar embuchado ou não. Furo de lubrificação Mancal ajustável• Feito de ferro fundido ou aço e embuchado. A bucha tem sempre forma que permite reajuste radial. Empregado geralmente em tornos e máquinas que devem funcionar com folga constante. Fenda Porca de ajuste Direção de ajuste Mancal a gás• O gás (nitrogênio, ar comprimido, etc.) é introduzido no mancal e mantém o eixo suspenso no furo. Isso permite altas velocidades e baixo atrito. Empregado em turbinas para esmerilhamento e outros equipamentos de alta velocidade. Capítulo 2. Tipos de equipamentos 63 Buchas – propriedades dos materiais• As buchas são, em geral, corpos cilíndricos ocos que envolvem os eixos, permitindo-lhes uma melhor rotação. São feitas de materiais macios, como o bronze e ligas de metais leves. Bucha Bucha Eixo Os materiais para buchas devem ter as seguintes propriedades: Baixo módulo de elasticidade, para facilitar a acomodação à • forma do eixo; Baixa resistência ao cisalhamento, para facilitar o alisamento • da superfície; Baixa soldabilidade ao aço, para evitar defeitos e cortes na • superfície; Boa capacidade de absorver corpos estranhos, para efeito de • limpeza da película lubrificante; 64 Alta Competência Resistência à compressão, fadiga e temperatura de trabalho e • à corrosão; Boa condutibilidade térmica;• Coeficiente de dilatação semelhante ao do aço.• Os materiais mais usados são: bronze fosforoso, bronze ao chumbo, latão, ligas de alumínio, metal antifricção, ligas de cobre sinterizado com adição de chumbo ou estanho ou grafite em pó, materiais plásticos como o náilon e o politetrafluretileno (teflon). Os sinterizados são autolubrificantes por serem mergulhados em óleo quente após sua fabricação. Tal processo faz com que o óleo fique retido na porosidade do material e com o calor do trabalho venha à superfície cumprir sua função. 2.7. Vedações São elementos destinados a proteger máquinas ou equipamentos contra a saída de líquidos e gases, e a entrada de sujeira ou pó. São genericamente conhecidas como juntas, retentores, gaxetas e guarnições. As partes a serem vedadas podem estar em repouso ou movimento. Uma vedação deve resistir a meios químicos, ao calor, à pressão, ao desgaste e ao envelhecimento. Em função da solicitação as vedações são feitas em diversos formatos e diferentes materiais. Observe as ilustrações, a seguir. Capítulo 2. Tipos de equipamentos 65 Junta de papelão ou borracha Junta de metal ondulado Junta com rebordos metálicos e enchimento com materiais macios Tipos de juntas Tipos de vedação• Junta de borracha em forma de aro e seção circular• Este tipo de junta, quando apertada, ocupa o canal e mantém pressão constante. Junta de borracha em forma de aro e seção circular 66 Alta Competência Junta de borracha em forma de aro e secção retangular• Junta de borracha em forma de aro e secção retangular Junta metálica estriada com uma a cinco estrias• Veda por compressão das estrias. O aperto irregular dos parafusos inutiliza-a. Junta metálica estriada com uma a cinco estrias Capítulo 2. Tipos de equipamentos 67 Anel tipo “0” de borracha e secção circular• Este tipo de vedação é usado em pistões. Anel tipo “0” de borracha e secção circular Junta de vedação expansiva metálica para gases e lubrificantes• É utilizada em motores automotivos. Junta de vedação expansiva metálica para gases e lubrificantes 68 Alta Competência Anel Metálico• Anel RTJ São anéis metálicos usinados de acordo com padrões estabelecidos pelo American Petroleum Institute (API) e American Society of Mechanical Engineers (ASME), para aplicações em elevadas pressões e temperaturas. Uma aplicação típica dos Ring-Joints, usadas nos campos de produção de petróleo. A vedação é obtida em uma linha de contato, por ação de cunha, causando elevadas pressões de esmagamento e, dessa forma, forçando o material a escoar nessa região. A pequena área de vedação, com alta pressão de contato, resulta em grande confiabilidade. Entretanto, as superfícies de contato da junta e do flange devem ser cuidadosamente usinadas e acabadas. Alguns tipos são ativados pela pressão, isto é, quanto maior a pressão melhor a selabilidade. Oval• É o tipo que foi padronizado originalmente. Desenvolvimentos posteriores resultaram em outras formas. Se o flange for projeta do usando as versões mais antigas das normas, com canal oval de alojamento do Ring Joint, então deve ser usado somente o tipo oval. Capítulo 2. Tipos de equipamentos 69 Octogonal• Anel de seção octogonal. Possui maior eficiência de vedação, seu uso é o mais recomendado nos novos projetos. Os flanges fabricados pelas versões mais recentes das normas ASME (ANSI) e API, possuem canal com perfil projetado para receber os tipos oval e octogonal. RX• Possui forma especialmente projetada para usar a pressão interna como auxílio à vedação. A face externa do anel faz o contato inicial com o flange, fazendo o esmagamento e vedação. À medida que a pressão interna da linha ou equipamento, aumenta, o mesmo acontece com a força de contato entre o anel e o flange, elevando, dessa forma, a eficiência da vedação. Essa característica de projeto, torna esse tipo mais resistente às vibrações que ocorrem durante a perfuração e elevações súbitas de pressão e choque, comuns nos trabalhos em campos de petróleo. O tipo RX é totalmente intercambiável com os tipos ovais e octogonais, usando o mesmo tipo de canal de alojamento no flange e número de referência. 70 Alta Competência BX• Possui seção quadrada com cantos chanfrados (Figura 4). Projetada para emprego somente em flanges API 6BX, em pressões de 2000 a 20000 psi. O diâmetro médio do anel é ligeiramente maior que o do alojamento no flange. Assim, o anel ao ser montado, fica pré- comprimido pelo diâmetro externo, criando o efeito de elevação da vedação com o aumento da pressão de operação. As conexões que usam anel tipo BX, possuem pequena interferência. O anel é efetivamente “estampado” pelos alojamentos dos flanges, não podendo ser reutilizado. C ap ít u lo 3 Sistemas Hidráulicos 72 Alta Competência Capítulo 3. Sistemas Hidráulicos 73 3. Sistemas Hidráulicos Com a constante evolução tecnológica, tem-se no mercado a intensa necessidade de se desenvolverem técnicas de trabalho que possibilitem ao homem o aprimoramento nos processos produtivos e a busca da qualidade. Para se buscar a otimização de sistemas nos processos industriais, faz-se o uso da junção dos meios de transmissão de energia, sendo estes: Mecânica;• Elétrica;• Eletrônica;• Pneumática;• Hidráulica.• Experiências têm mostrado quea hidráulica vem se destacando e ganhando espaço como um meio de transmissão de energia nos mais variados segmentos do mercado, sendo a Hidráulica Industrial e Móbil as que apresentam um maior crescimento. Porém, pode-se notar que a hidráulica está presente em todos os setores industriais. Amplas áreas de automatização foram possíveis com a introdução de sistemas hidráulicos para controle de movimentos. Para um conhecimento detalhado e estudo da energia hidráulica vamos inicialmente entender o termo Hidráulica. Este derivou-se da raiz grega Hidro, que tem o significado de água, por essa razão entendem-se por Hidráulica todas as leis e comportamentos relativos à água ou outro fluido, ou seja, Hidráulica é o estudo das características e uso dos fluidos sob pressão. 74 Alta Competência Definição de Pressão Pressão é a força exercida por unidade de superfície. Em hidráulica, a pressão é expressa em kgf/cm2, atm ou bar. A pressão também poderá ser expressa em psi (Pound per square inch) que significa libra força por polegada quadrada, abrevia-se lbf/pol2. Lei de Pascal A pressão exercida em um ponto qualquer de um líquido estático é a mesma em todas as direções e exerce forças iguais em áreas iguais. Vamos supor um recipiente cheio de um líquido, o qual é praticamente incompressível. 1. Suponhamos quem garrafa cheia de um líquido o qual é praticamente incompressível 2. Se aplicarmos uma força de 10 kgf numa rolha de 1 cm2 de área... 3. ... o resultado será uma força de 10 kgf em cada centímentro quadrado das paredes da garrafa. 4. Se o fundo da garrafa tiver uma área de 20 cm2 e cada centímentro estiver sujeito a uma força de 10 kgf, teremos como resultante uma força de 200 kgf aplicada ao fundo da garrafa. F = Força A = Área P = Pressão P A F Quando aplicamos uma força de 10kgf em uma área de 1cm2, obtemos como resultado uma pressão interna de 10kgf/cm2 agindo em toda a parede do recipiente com a mesma intensidade. Esse princípio, descoberto e enunciado por Pascal, levou à construção da primeira prensa hidráulica no princípio da Revolução Industrial. Quem desenvolveu a descoberta de Pascal foi o mecânico Joseph Bramah. Capítulo 3. Sistemas Hidráulicos 75 Princípio Prensa Hidráulica 10 100 1 cm2 10 cm2 1. Uma força de 10 kgf aplicada em um pistão de 1 cm2 de área... 2. ... desenvolverá uma pressão de 10 kgf/cm2 (10 atm) em todos os sentidos dentro deste recipiente 3. ... Esta pressão suportará um peso de 100 kgf se tivermos uma área de 10 cm2 4. As forças são proporcionais ás áreas dos pistões ENTRADA = SAÍDA 10 kgf 1 cm2 100 kgf 10 cm2 Sabemos que: Portanto: 76 Alta Competência Temos que a pressão, agindo em todos os sentidos internamente na câmara da prensa, é de10 kgf/cm2. Esta pressão suportará um peso de 100 kgf se tivermos uma área A2 de 10 cm2, sendo: F = P x A Portanto: F2 = P1 x A2 F2 = 10 kgf/cm2 x 10 cm2 F2 = 100 kgf Podemos considerar que as forças são proporcionais às áreas dos pistões. Conservação de Energia Relembrando um princípio enunciado por Lavoisier, onde ele menciona: "Na natureza nada se cria e nada se perde, tudo se transforma." Realmente não podemos criar uma nova energia e nem tão pouco destruí-la e sim transformá-la em novas formas de energia. Quando desejamos realizar uma multiplicação de forças significa que teremos o pistão maior, movido pelo fluido deslocado pelo pistão menor, sendo que a distância de cada pistão seja inversamente proporcional às suas áreas. O que se ganha em relação à força tem que ser sacrificado em distância ou velocidade. Capítulo 3. Sistemas Hidráulicos 77 1. Se o pistão se move 10 centíme- tros, desloca 10 centímetros cúbicos de líquido (1 cm2 x 10 cm = 10 cm3) 2. 10 centímetros cúbicos de líquido movimentarão somente 1 centímetro neste pistão. 3. A energia transferida será igual a 10 quilogramaforça x 10 centímetros ou 100 kgf. cm. 4. Neste ponto também teremos uma energia de 100 kgf. cm (1 cm x 100 kgf). Quando o pistão de área = 1cm2 se move 10cm desloca um volume de 10cm3 para o pistão de área = 10cm2. Consequentemente, o mesmo movimentará apenas 1cm de curso. 3.1. Transmissão Hidráulica de Força e Energia Antes de trabalhar diretamente com a transmissão de energia através de líquidos, torna-se necessário rever o conceito de hidráulica estudando as características de um líquido, para depois saber como uma força se transmite através dele. Líquidos Líquido é uma substância constituída de moléculas. Ao contrário dos gases, nos líquidos as moléculas são atraídas umas às outras de forma compacta. Por outro lado, ao contrário dos sólidos, as moléculas não se atraem a ponto de adquirirem posições rígidas. 78 Alta Competência Energia Molecular As moléculas nos líquidos estão continuamente em movimento. Elas deslizam umas sob as outras, mesmo quando o líquido está em repouso. Este movimento das moléculas chama-se energia molecular. Os Líquidos assumem qualquer forma O deslizamento das moléculas umas sob as outras ocorre continuamente, por isso o líquido é capaz de tomar a forma do recipiente onde ele está. Capítulo 3. Sistemas Hidráulicos 79 Os Líquidos são relativamente Incompressíveis Com as moléculas em contato umas às outras, os líquidos exibem características de sólidos. Os líquidos são relativamente impossíveis de serem comprimidos. Uma vez que os líquidos são relativamente Incompressíveis e podem tomar a forma do recipiente, eles possuem certas vantagens na transmissão de força. Transmissão de Força Os quatro métodos de transmissão de energia: mecânica, elétrica, hidráulica e pneumática, são capazes de transmitir forças estáticas (energia potencial) tanto quanto a energia cinética. Quando uma força estática é transmitida em um líquido, essa transmissão ocorre de modo especial. Para ilustrar, vamos comparar como a transmissão ocorre através de um sólido e através de um líquido em um recipiente fechado. Força Transmitida através de um Sólido A força através de um sólido é transmitida em uma direção. Se empurrarmos o sólido em uma direção, a força é transmitida ao lado oposto, diretamente. Pistão móvel Sólido 80 Alta Competência Força Transmitida através de um Líquido Se empurrarmos o tampão de um recipiente cheio de líquido, o líquido do recipiente transmitirá pressão sempre da mesma maneira, independentemente de como ela é gerada e da forma do mesmo. Pistão móvel Liquido Manômetro O manômetro é um aparelho que mede um diferencial de pressão. Dois tipos de manômetros são utilizados nos sistemas hidráulicos: o de Bourdon e o de núcleo móvel. Manômetro de Bourdon O tubo de Bourdon consiste de uma escala calibrada em unidades de pressão e de um ponteiro ligado, através de um mecanismo, a um tubo oval, em forma de "C". Esse tubo é ligado à pressão a ser medida. Capítulo 3. Sistemas Hidráulicos 81 Tubo de Bourdon Entrada de pressão O tubo tende a endireitar-se sob pressão causando a rotação do ponteiro O Manômetro de Núcleo Móvel O manômetro de núcleo móvel consiste de um núcleo ligado ao sistema de pressão, uma mola de retração, um ponteiro e uma escala graduada em kgf/cm2 ou psi. Articulação Entrada Pistão Pivô Funcionamento Conforme a pressão aumenta no sistema, o tubo de Bourdon tende a endireitar-se devido às diferenças nas áreas entre os diâmetros interno e externo do tubo. Essa ação de endireitamento provoca o movimento do ponteiro, proporcional ao movimento do tubo, que registra o valor da pressão no mostrador. 82 Alta Competência Os manômetros de Bourdon são instrumentos de boa precisão com valores variando entre 0,1 e 3% daescala total. São usados geralmente para trabalhos de laboratórios ou em sistemas onde a determinação da pressão é de muita importância. Viscosidade A viscosidade é a medida de resistência ao fluxo das moléculas de um líquido quando elas deslizam umas sobre as outras. É uma medida inversa à de fluidez. Efeito da Temperatura sobre a Viscosidade Uma garrafa de melado tirada da geladeira apresenta uma alta resistência ao fluxo. Tentar passar esse líquido por um funil constitui- se numa operação demorada. Aquecendo-se o melado, faz-se com que ele escoe perfeitamente pelo funil. O aquecimento das moléculas do melado faz com que elas deslizem umas às outras com maior facilidade. Conforme se aumenta a temperatura de um líquido, a sua viscosidade diminui. Velocidade x Vazão Nos sistemas dinâmicos, o fluido que passa pela tubulação se desloca a certa velocidade. Esta é a velocidade do fluido, que de modo geral é medida em centímetros por segundo (cm/seg.). O volume do fluido passando pela tubulação em um determinado período de tempo é a vazão (Q = V.A), em litros por segundo (l/s). A relação entre velocidade e vazão pode ser vista na ilustração. Capítulo 3. Sistemas Hidráulicos 83 Para encher um recipiente de 20 litros em um minuto, o volume de fluido em um cano de grande diâmetro deve passar a uma velocidade de 300cm/s. No tubo de pequeno diâmetro, o volume deve passar a uma velocidade de 600cm/s para encher o recipiente no tempo de um minuto. Em ambos os casos a vazão é de 20 litros/minuto, mas as velocidades do fluido são diferentes. Fluido Hidráulico O fluido hidráulico é o elemento vital de um sistema hidráulico industrial. Ele é um meio de transmissão de energia, um lubrificante, um vedador e um veículo de transferência de calor. O fluido hidráulico à base de petróleo é o mais comum. Fluido à Base de Petróleo O fluido à base de petróleo é mais do que um óleo comum. Os aditivos são ingredientes importantes na sua composição. Os aditivos dão ao óleo características que o tornam apropriado para uso em sistemas hidráulicos. 84 Alta Competência Índice de Viscosidade (IV) O índice de viscosidade é um número puro que indica como um fluido varia em viscosidade quando a temperatura muda. Um fluido com um alto índice de viscosidade mudaria relativamente pouco com a temperatura. A maior parte dos sistemas hidráulicos industriais requer um fluido com um índice de viscosidade de 90 ou mais. Índice de viscosidade é a medida relativa da mudança de viscosidade com a variação de temperatura. Inibidores de Oxidação - A oxidação do óleo ocorre A oxidação do óleo ocorre por causa de uma reação entre o óleo e o oxigênio do ar. A oxidação resulta em baixa capacidade de lubrificação na formação de ácido e na geração de partículas de carbono e aumento da viscosidade do fluido. A oxidação do óleo é aumentada por três fatores: 1. Alta temperatura do óleo; 2. Catalisadores metálicos, tais como cobre, ferro ou chumbo; 3. O aumento no fornecimento de oxigênio; Capítulo 3. Sistemas Hidráulicos 85 Inibidores de Corrosão Os inibidores de corrosão protegem as superfícies de metal do ataque por ácidos e material oxidante. Esse inibidor forma um filme protetor sobre as superfícies do metal e neutraliza o material corrosivo ácido na medida em que ele se forma. Aditivos de Extrema Pressão ou Antidesgaste Estes aditivos são usados em aplicações de alta temperatura e alta pressão. Em pontos localizados onde ocorrem temperaturas ou pressões altas (por exemplo, as extremidades das palhetas numa bomba ou motor de palheta). Aditivos Antiespumantes Os aditivos antiespumantes não permitem que bolhas de ar sejam recolhidas pelo óleo, o que resulta numa falha do sistema de lubrificação. Esses inibidores operam combinando as pequenas bolhas de ar em bolhas grandes que se desprendem da superfície do fluido e estouram. Fluidos Resistentes ao Fogo Uma característica inconveniente do fluido proveniente do petróleo é que ele é inflamável. Não é seguro usá-lo perto de superfícies quentes ou de chama. Por esta razão, foram desenvolvidos vários tipos de fluidos resistentes ao fogo. Emulsão de Óleo em Água A emulsão de óleo em água resulta em um fluido resistente ao fogo que consiste de uma mistura de óleo numa quantidade de água. A mistura pode variar em torno de 1% de óleo e 99% de água a 40% de óleo e 60% de água. A água é sempre o elemento dominante. 86 Alta Competência A emulsão de água em óleo é um fluido resistente ao fogo, que é também conhecido como emulsão invertida. A mistura é geralmente de 40% de água e 60% de óleo. O óleo é dominante. Esse tipo de fluido tem características de lubrificação melhores do que as emulsões de óleo em água. Fluido de Água-Glicol O fluido de água-glicol resistente ao fogo é uma solução de glicol (anticongelante) e água. A mistura é geralmente de 60% de glicol e 40% de água. Sintético Os fluidos sintéticos, resistentes ao fogo, consistem geralmente de ésteres de fosfato, hidrocarbonos clorados, ou uma mistura dos dois com frações de petróleo. Esse é o tipo mais caro de fluido resistente ao fogo. Os componentes que operam com fluidos sintéticos resistentes ao fogo necessitam de guarnições de material especial. Reservatórios Hidráulicos A função de um reservatório hidráulico é conter ou armazenar o fluido hidráulico de um sistema. Capítulo 3. Sistemas Hidráulicos 87 Do que consiste um Reservatório Hidráulico Os reservatórios hidráulicos consistem de quatro paredes (geralmente de aço); uma base abaulada; um topo plano com uma placa de apoio, quatro pés; linhas de sucção, retorno e drenos; plugue do dreno; indicador de nível de óleo; tampa para respiradouro e enchimento; tampa para limpeza e placa defletora (Chicana). Placa de apoio Linha de sucção Tampa para respiradouro e enchimento Indicador de nível de óleo Base abaulada Tampa para limpeza Placa defletora Plug de dreno Linha de dreno Linha de retorno Funcionamento Quando o fluido retorna ao reservatório, a placa defletora impede que este fluido vá diretamente à linha de sucção. Isto cria uma zona de repouso onde as impurezas maiores sedimentam, o ar sobe à superfície do fluido e dá condições para que o calor no fluido seja dissipado para as paredes do reservatório. Todas as linhas de retorno devem estar localizadas abaixo do nível do fluido e no lado do defletor oposto à linha de sucção. 88 Alta Competência Filtros Hidráulicos Todos os fluidos hidráulicos contêm uma certa quantidade de contaminantes. A necessidade do filtro, no entanto, não é reconhecida na maioria das vezes, pois o acréscimo deste componente particular não aumenta, de forma aparente, a ação da máquina. Mas a equipe experiente de manutenção concorda que a grande maioria dos casos de mau funcionamento de componentes e sistemas é causada por contaminação. As partículas de sujeira podem fazer com que máquinas caras e grandes falhem. A Contaminação Interfere nos Fluidos Hidráulicos A contaminação causa problemas nos sistemas hidráulicos porque interfere no fluido, que tem quatro funções. 1. Transmitir energia; 2. Lubrificar peças internas que estão em movimento; 3. Transferir calor; 4. Vedar folgas entre peças em movimento; Capítulo 3. Sistemas Hidráulicos 89 A contaminação interfere em três destas funções. Interfere com a transmissão de energia vedando pequenos orifícios nos componentes hidráulicos. Nessa condição, a ação das válvulas não é apenas imprevisível e improdutiva, mas também insegura. Devido à viscosidade, atrito e mudanças de direção, o fluido hidráulico gera calor durante a operação do sistema. Quando o líquido retorna ao reservatório, transfere calor às suas paredes.
Compartilhar