Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Descomplicando os Cálculos Estequiométricos Autor Robson Mendes Matos Universidade Federal do Rio de Janeiro Campus Macaé 2011 Descomplicando os Cálculos Estequiométricos Robson Mendes Matos 2 Sobre o autor: O professor Robson Mendes Matos - Bacharel em Química pela UFJF (1985), cursou mestrado em Química Inorgânica na UFMG, concluindo-o em 1989 e doutorou-se, na mesma área, em 1993, na University of Sussex - Brighton - Inglaterra. É Professor Asssociado 3 da Universidade Federal do Rio de Janeiro – Campus Macaé desde setembro de 2010. Ele iniciou sua carreira como docente na UFMG, onde, inicialmente (1993) ingressou como bolsista recém-doutor (CNPq) e um ano mais tarde (1994) foi aprovado em concurso público. Foi bolsista da Petroleum Research Fund/American Chemical Society (pesquisador visitante) na Iowa State University - Ames - Estados Unidos durante o ano de 2000. É consultor ad hoc da FAPESP e faz parte do corpo de referees do TheScientificWorldJOURNAL, do Heterocyclic Chemistry, Journal of Coordination Chemistry e Phosphorus Sulfur and Silicon sediados nos Estados Unidos. Desenvolve, no momento, pesquisa na área de química de compostos organometálicos com ênfase principal em compostos de fósforo buscando novos catalisadores e/ou novos fármacos. Já publicou 20 artigos completos em periódicos indexados, 1 capítulo de livro na área de ressonância magnética nuclear e mais de 50 resumos em conferências nacionais e internacionais. Já orientou uma dissertação de mestrado, 15 alunos de graduação, co-orientou duas dissertações de mestrado. O professor Robson é um apaixonado pelo ensino e já ministrou a disciplina Química Geral para os mais variados cursos superiores, além de já ter ministrado Química Inorgânica e Química dos Compostos Organometálicos. Ele foi tradutor e/ou revisor de livros acadêmicos nas áreas de Química Geral, Química Orgânica, Física e Engenharia de Controle e Automação. Descomplicando os Cálculos Estequiométricos Robson Mendes Matos 3 SUMÁRIO 1. Objetivo ______________________________________________________________________ 4 2. Introdução ____________________________________________________________________ 4 3. Conceitos importantes___________________________________________________________ 5 3.1. Incerteza na medida ______________________________________________________________ 6 3.1.1. Precisão e Exatidão______________________________________________________________________7 3.1.2. Algarismos significativos _________________________________________________________________7 3.2. Análise Dimensional _____________________________________________________________ 11 3.3. Massa Atômica _________________________________________________________________ 12 3.4. Massa Molecular ________________________________________________________________ 12 3.5. Quantidade de matéria ___________________________________________________________ 12 3.6. Massa molar ___________________________________________________________________ 13 3.7. Constante de Avogadro __________________________________________________________ 15 4. Modos de se expressar a concentração de uma solução _______________________________ 15 4.1. Concentração em quantidade de matéria ____________________________________________ 16 4.2. Molalidade _____________________________________________________________________ 24 4.3. Porcentagem em massa___________________________________________________________ 27 4.4. Fração em quantidade de matéria__________________________________________________ 29 4.5. Problemas Propostos_____________________________________________________________ 32 5. Balanceamento de equações químicas _____________________________________________ 52 5.1. Por tentativa _______________________________________________________________ 52 5.2. Através do número de elétrons transferidos_______________________________________ 54 6. Cálculos estequiométricos_______________________________________________________ 62 6.1. PROBLEMAS PROPOSTOS __________________________________________________ 78 7. Bibliografia _________________________________________________________________ 104 Descomplicando os Cálculos Estequiométricos Robson Mendes Matos 4 1. Objetivo Cálculos estequiométricos provocam arrepios na maioria dos estudantes do ensino médio e/ou superior. Todavia, este não precisa ser o caso! O grande segredo do sucesso dos cálculos estequiométricos reside no perfeito entendimento dos conceitos básicos envolvidos no tema. A finalidade deste texto é abordar de maneira simples, concisa e com um grande número de exercícios os conceitos básicos envolvidos com estequiometria. Após a abordagem destes conceitos básicos, partiremos para os cálculos estequiométricos que serão explanados através de exercícios resolvidos. Estes exercícios resolvidos terão seus graus de dificuldade aumentado à medida em que progredimos no entendimento. Desejamos sucesso nos seus estudos. 2. Introdução A palavra estequiometria vem do grego stoikheion (elemento) e metriā (medida, de metron). Estequiometrtia é o cálculo das quantidades de reagentes e/ou produtos das reações químicas. Este cálculo pode ser feito em termos de quantidade de matéria (mols), de massa, de volume, de número de átomos e moléculas. Ela baseia-se na lei da conservação das massas (Lavoisier), na lei das proporções definidas (Proust) e na lei das proporções múltiplas (Dalton). As reações químicas combinam proporções definidas de compostos químicos, uma vez que a matéria não pode ser criada nem destruída. A quantidade de cada elemento deve ser a mesma no início, no meio e no fim da reação. Isto é, a quantidade de um determinado elemento, A, presente em um reagente deve ser a mesma em um ou mais produtos. 2AB + 2CD → AC + B2D + AD mA (em 2AB) = mA (em AC e AD) Se você parar para pensar, a estequiometria está presente na sua vida mais do que você imagina. Digamos que você receberá seus amigos no final de semana e gostaria de preparar Descomplicando os Cálculos Estequiométricos Robson Mendes Matos 5 um belo bolo para agradar seus visitantes. Você decide preparar aquele bolo que você sempre faz para os quatro componentes da sua família. Mas você percebe que a quantidade que você prepara rotineiramente não será suficiente e decide dobrar a receita, pois terá o dobro de pessoas presentes. Isto nada mais é que a aplicação dos cálculos estequiométricos, que você faz sem perceber que os mesmos princípios estão envolvidos. Sem dúvidas, ela é muito mais importante, cotidiana e um pouco mais complicada nas indústrias ou laboratórios. Porém o objetivo é o mesmo que aquele usado na preparação do bolo, ou seja o de calcular teoricamente a quantidade de reagentes a ser usada em uma determinada reação e prever a quantidade de produtos que será obtida nas condições que melhor se adéquam ao interesse da atividade. 3. Conceitos importantes Existe um mito entre professores e alunos que a química é imutável uma vez que se baseia em conceitos desenvolvidos há mais de um século. No entanto, existem vários conceitos da química muito utilizados em livros-texto que têm sofrido mudanças. Muitas dessas mudanças dizem respeito a definições e significados que têm implicações no ensino exigindo do professor, tanto do ensino médio quanto do ensino superior, uma atualização. A União Internacional de Química Pura e Aplicada (conhecida pela sua sigla em inglês – IUPAC) vem empregando esforços que visam simplificar os termos químicos utilizados no mundo inteiro. Acredita-se que o uso de uma linguagem mais lógica diminuirá a dificuldade de aprendizagem de certos termos. Muitos dos termos químicos redefinidos nos últimos anos têm aplicação direta nos modos de se expressara concentração, consequentemente, em cálculos estequiométricos. A Tabela I relaciona alguns termos que por serem ambíguos ou induzirem a erros não devem ser mais recomendados. Descomplicando os Cálculos Estequiométricos Robson Mendes Matos 6 Tabela I – Nova nomenclatura para alguns termos químicos Nomenclatura antiga Nomenclatura atual Peso atômico Massa atômica Peso molecular Massa molecular Número de moles, Número de átomos grama, Número de íons-grama Quantidade de matéria Átomo grama, Molécula-grama (ou mol) Peso-fórmula Massa molar Moles Mols u.m.a. u molar mol/L Molaridade Concentração em quantidade de matéria Fração molar Fração em mol ou em quantidade de matéria Graus Kelvin Kelvin Temperatura absoluta Temperatura termodinâmica Grau centígrado Grau Celsius Equivalente-grama deve ser abandonado Normalidade deve ser abandonado 3.1. Incerteza na medida Você pode dizer que existem dois tipos de números em um trabalho científico: números exatos (aqueles cujos valores são conhecidos com exatidão) e números inexatos (aqueles cujos valores têm alguma incerteza). Muitos números exatos têm valores definidos. Por exemplo, um cento de laranjas são exatamente 100 laranjas, 1 L tem exatamente 1000 mL. O número em qualquer fator de conversão – 1 cm = 10 mm, 1 Kg = 1000 g – é um número Descomplicando os Cálculos Estequiométricos Robson Mendes Matos 7 exato. Também se obtêm números exatos quando se faz a contagem do número de objetos ou pessoas. Entretanto, quando fazemos medidas obtemos números que são sempre inexatos. Existem sempre limitações intrínsecas nos equipamentos usados para medir grandezas (erro de equipamentos) e existem diferenças em medições realizadas com o mesmo instrumento por pessoas diferentes (erro humano). Se imaginarmos 10 alunos com 10 balanças diferentes pesando um mesmo objeto, com certeza encontraremos ligeiras variações nas 10 medidas. As calibrações das balanças podem estar ligeiramente diferentes e poderá haver diferenças na leitura que cada aluno faz da massa na balança. Nunca se esqueça: Sempre existem incertezas em medidas de grandezas. 3.1.1. Precisão e Exatidão Em geral utilizamos os termos precisão e exatidão ao examinarmos as incertezas de valores de medidas. A precisão é uma medida do grau de aproximação entre os valores das medidas individuais, enquanto a exatidão indica o grau de aproximação entre as medidas individuais e o valor correto ou 'verdadeiro'. Quando fazemos várias 'tentativas' diferentes para um mesmo experimento no laboratório, teremos confiança na exatidão de nossas medidas se chegarmos aproximadamente ao mesmo valor em cada uma das vezes. Entretanto, as medidas precisas podem ser inexatas. Por exemplo, se calibramos uma balança muito precisa de maneira inadequada, as massas que medirmos serão constantemente altas ou baixas, portanto, elas serão medidas inexatas embora precisas. 3.1.2. Algarismos significativos Imagine que ao pesar um objeto em uma balança capaz de medir até o mais próximo de 0,0001 g, você encontre uma massa de 3,4508 g. Você poderá informar a massa como 3,4508 ± 0,0001 g. A notação ± (leia 'mais ou menos') expressa a incerteza de uma medida. Muitas vezes desprezamos a notação ± entendendo que existe uma incerteza de no mínimo uma unidade no último dígito da grandeza medida. Isto é, geralmente fornecemos as grandezas medidas de tal modo que apenas o último dígito é incerto. Descomplicando os Cálculos Estequiométricos Robson Mendes Matos 8 Observando na Figura 1 podemos ver que a medida do cartão de memória está entre 3,1 e 3,2 cm. Estimamos que a medida seja 3,15 cm, mas sabendo que existe uma incerteza sobre o último dígito. Figura 1 Uma régua com divisões a cada 0,1 cm Consideramos como algarismos significativos todos os dígitos de uma grandeza medida, inclusive os dígitos considerados incertos. Uma massa de 4,5 g tem dois algarismos significativos, enquanto uma massa 4,5081 g tem cinco algarismos significativos. Obviamente, quanto maior o número de algarismos significativos, maior a certeza da medida. Exemplo 1: Qual a diferença entre 8,0 m e 8,00 m? Resolução: A princípio parece não haver diferenças, mas um cientista notaria a diferença entre o número de algarismos significativos das duas medidas. A primeira medida (8,0 m) é uma medida mais incerta do que a segunda (8,00 m) por possuir menos algarismos significativos (2 x 3). A medida de 8,0 m sugere que o comprimento está entre 7,9 m e 8,1 m, enquanto a medida 8,00 m sugere que o comprimento esteja entre 7,99 m e 8,01 m. Todos os dígitos diferentes de zero em uma medida são algarismos significativos. Entretanto, os zeros podem ser usados como parte do valor medido ou meramente para alocar a vírgula. Portanto, os zeros podem ou não ser significativos, dependendo de como eles aparecem no número. As seguintes regras mostram as diferentes situações envolvendo os zeros: Descomplicando os Cálculos Estequiométricos Robson Mendes Matos 9 • Zeros entre dígitos diferentes de zero são sempre significativos – 5004 kg (4 algarismos significativos); 2,01 cm (três algarismos significativos). • Zeros no início de um número nunca são significativos, eles simplesmente indicam a posição da vírgula – 0,05 cm (um algarismo significativo); 0,0032 mL (dois algarismos significativos). • Zeros no final de um número e após a vírgula são sempre significativos – 0,0500 m (3 algarismos significativos); 6,0 L (2 algarismos significativos). • Quando um número termina em zeros, mas não contém vírgula, os zeros podem ou não ser significativos – 230 mL (dois ou três algarismos significativos); 50900 m (três, quatro ou cinco algarismos significativos). A utilização da notação exponencial elimina a ambiguidade da última regra. Por exemplo, uma massa de 50200 g pode ser escrita em notação exponencial com três, quatro ou cinco algarismos significativos: 5,02 x 104 g (três algarismos significativos) 5,020 x 104 g (quatro algarismos significativos) 5,0200 x 104 g (cinco algarismos significativos) Nos números acima todos os zeros são significativos. O termo exponencial não aumenta o número de algarismos significativos. Exemplo 2: Dê o número de algarismos significativos em cada uma das seguintes medidas: (a) 3,001 g; (b) 6,023 x 1023 moléculas; (c) 2000 m? Resolução: (a) Essa medida possui quatro algarismos significativos, pois os zeros são algarismos significativos. (b) Essa medida possui quatro algarismos significativos uma vez que o termo exponencial não aumenta o número de algarismos significativos. (c) Essa medida possui um, dois, três ou quatro algarismos significativos. Poderíamos ter evitado a ambiguidade através do uso de notação exponencial. Por exemplo, 2 x 103 teria apenas um algarismo significativo, enquanto 2,00 x 103 teriam três algarismos significativos. Descomplicando os Cálculos Estequiométricos Robson Mendes Matos 10 3.1.2.1. Utilização de Algarismos Significativos na Resolução de Problemas Deve-se observar os seguintes pontos quando da utilização de medidas de grandezas na resolução de problemas: • A certeza dos cálculos de grandeza é limitada pela menor medida exata utilizada. Isto é, o número de algarismos significativos da resposta será o mesmo da medida de grandeza com o menor número de algarismos significativos. • A resposta final para qualquer cálculo deve ser dada com apenas um dígito incerto. Quando o resultado contém mais algarismos significativos do que o correto, deve ser arredondado. Por exemplo, ao calcularmos a área de um retângulo cujas medidas dos comprimentos dos lados são 8,344 cm e 8,4 cm achamos o valor de 70,0896 cm2 (valor encontrado na calculadora), mas devemos relatar o resultadocomo sendo 70 cm2: Área = (8,344 cm)(8,4 cm) = 70,0896 cm2 ⇒ arredondamos para 70 cm2 Devemos arredondar o resultado para dois algarismos significativos porque o número com o menor número de algarismos significativos é 8,4 cm, que tem dois algarismos significativos. Ao arredondar números, devemos prestar atenção no dígito mais à esquerda a ser descartado: • Quando o número mais à esquerda a ser removido é menor do que 5, o número antecedente permanece inalterado. Assim, o arredondamento de 8,348 para dois algarismos significativos fornece 8,3. Quando o dígito mais à esquerda a ser removido é maior ou igual a 5, o número precedente aumenta de 1. Assim ao arredondarmos 5,735 para três algarismos significativos obtemos 5,74 e ao arredondarmos 4,886 para dois algarismos significativos obtemos 4,9. Existe uma pequena variação na regra quando o dígito mais à esquerda a ser removido é exatamente 5, e quando não existem outros números após esse ou quando os números após esse são apenas zeros. Uma prática comum é arredondar para cima se esse número tornar- se par e para baixo se esse número tornar-se impar. Por exemplo, o número 7,6350 seria arredondado para 7,64, uma vez que o número 3 tornar-se-á par. O número 7,6450 também Descomplicando os Cálculos Estequiométricos Robson Mendes Matos 11 seria arredondado para 7,64, mas o motivo aqui seria outro: como o número 4 torna-se ímpar ao ser arredondado para cima (5) ele permanece como quatro (o mesmo que dizer que é arredondado para baixo – de 5 para 4). Em cálculos envolvendo duas ou mais etapas e você escreve as respostas para os passos intermediários, você deve manter, para as respostas intermediárias, pelo menos um dígito a mais do que a grandeza com o menor número de algarismos significativos. Dessa forma você não permite que pequenos erros de arredondamento em cada etapa sejam associados e afetem o resultado final. 3.2. Análise Dimensional Estaremos utilizando nesse curso uma abordagem conhecida como análise dimensional como um apoio na resolução de problemas. A análise dimensional consiste em incluir as unidades das grandezas durante todo o cálculo. As unidades são multiplicadas, divididas ou ‘canceladas’ simultaneamente. A análise dimensional nos dá a certeza de que produziremos respostas com as unidades corretas. Para utilizarmos com sucesso a análise dimensional é fundamental que utilizemos os fatores de conversão de uma unidade para outra. Entende-se por fator de conversão aquela fração cujos numerador e denominador são as mesmas grandezas expressas em diferentes unidades. Por exemplo, 1 L e 1000 mL significam o mesmo volume, 1 L = 1000 mL. Assim, se quisermos transformar 9,0 x 102 mL em litros fazemos da seguinte forma: mLx mL L mLx 12 100,9 1000 1100,9 −== Se quisermos transformar 1,2 L em mililitros utilizamos o seguinte fator de conversão: mLxmL L mLL 3102,11200 1 10002,1 === Observe que a unidade desejada aparecerá no numerador da fração criada e a unidade fornecida aparecerá no denominador. Assim, a unidade no denominador sempre será cancelada com a unidade fornecida. Descomplicando os Cálculos Estequiométricos Robson Mendes Matos 12 Como o numerador e o denominador de um fator de conversão são iguais, multiplicar qualquer grandeza pelo fator de conversão é equivalente a multiplicar a grandeza por 1. O volume 1,2 L = 1,2 x 103 mL. 3.3. Massa Atômica Como o próprio nome diz, a grandeza “massa atômica” refere-se à massa de um átomo. Nas tabelas periódicas modernas atribuiu-se a um dos isótopos do carbono o valor exato de 12, e definiu-se a unidade de massa atômica (u) como sendo a massa de 1/12 de um átomo de carbono. 3.4. Massa Molecular O termo “massa molecular” refere-se à massa da entidade da qual uma substância é constituída. Assim, a massa molecular da H2O corresponde à massa de uma molécula de H2O. O valor da massa molecular de uma substância corresponde à soma das massas atômicas dos átomos que constituem essa substância. Quando nos referimos a substâncias iônicas, como o NaCl por exemplo, não é apropriado falar de moléculas de NaCl, pois ele existe como redes tridimensionais. Ao invés de chamarmos de moléculas de NaCl, dizemos fórmula unitária do NaCl. O mais correto seria nos referirmos à massa de uma espécie iônica como a sua massa fórmula. No entanto, para simplificarmos, diremos que a “massa molecular do NaCl” corresponde à massa de uma fórmula unitária de NaCl. 3.5. Quantidade de matéria A uma determinada massa (por exemplo, 1,0 g) das diferentes substâncias estão associados números diferentes e extremamente grandes de entidades que as compõem (moléculas, átomos, etc.), uma vez que essas entidades têm massas diferentes. Para que o químico trabalhe com um número fixo de entidades, ele lança mão da grandeza “quantidade de matéria”, cuja unidade é o mol. Pode-se definir o mol como sendo a quantidade de matéria de um sistema que contém tantas entidades elementares quantos são os átomos contidos em 12 g de carbono 12. A utilização da unidade mol exige a especificação das entidades elementares (átomos, moléculas, elétrons, etc.). O mol é, portanto, a quantidade Descomplicando os Cálculos Estequiométricos Robson Mendes Matos 13 padrão da grandeza quantidade de matéria, assim como o litro é a quantidade padrão da grandeza volume e o quilograma é quantidade padrão da grandeza massa. A grandeza quantidade de matéria era anteriormente chamada de “número de mols”. Esse termo deve ser evitado, da mesma forma que se evita “número de gramas” para se expressar a massa, “número de metros” para se expressar comprimento. Diz-se muito que o mol é a massa molecular expressa em gramas. No entanto, deve-se lembrar que o mol não se refere à grandeza massa, e sim à grandeza quantidade de matéria. 3.6. Massa molar Qualquer grandeza molar é essa grandeza por mol (grandeza mol–1), ou seja, por quantidade de matéria. Dessa forma a massa molar (Mm) é a massa por mol: n mM m = Eq 1 onde m é massa de uma amostra e n é a quantidade de matéria que a amostra contém. A massa molar de uma substância pode também ser definida como sendo a massa de 1 mol dessa substância: 1 mol ─ Mm Eq. 2 Assim as massas molares do O2, do N2, do HCl e do H2SO4 são as seguintes: Mm(O2) = 32,0 g mol–1 Mm(N2) = 28,0 g mol–1 Mm(HCl) = 36,5 g mol–1 Mm(H2SO4) = 98,0 g mol–1 Nos cálculos estequiométricos deve-se utilizar a massa molar e não a massa molecular. Para se obter a massa molar de uma determinada substância basta associar a unidade g mol–1 aos valores de massa atômica ou massa molecular. Sabendo-se a massa molar de uma determinada substância, pode-se calcular a quantidade de matéria contida em uma determinada amostra de uma substância qualquer. Descomplicando os Cálculos Estequiométricos Robson Mendes Matos 14 Exemplo 3: Calcule a quantidade de matéria contida em 23,0 g de NaOH. Resolução: Deve-se primeiramente achar a massa molecular do NaOH MM(NaOH) = 23,0 + 16,0 + 1,0 = 40,0 u Associando-se o valor para a massa molecular do NaOH à unidade g mol–1 temos que a massa molar do NaOH é: Mm = 40,0 g mol–1 Pela definição (Eq. 2), temos: 1 mol ─ 40,0 g mol-1 x ─ 23,0 g x = 0,575 mol Alternativamente, pode-se utilizar a Eq. 1: moln n g molg n mM m 575,00,230,40 1 =∴=∴= − Sabe-se assim que 23,0 g de NaOH correspondem a 0,575 mol de NaOH. Exemplo 4: Calcule a quantidade de matéria contida em 500,0 g de C6H12O6. Resolução: A massa molar molecular do C6H12O6 é: MM(C6H12O6) = (6x12,01) + (12x1,008) + (6x15,99) = 180,096 u Logo a massa molar de C6H12O6 será: Mm = 180,096 g mol–1 Pela definição (Eq. 2), temos: 1 mol─ 180,096 g mol-1 x ─ 500,0 g x = 2,7762 mol ∴ x = 2,776 mol Alternativamente, pode-se utilizar a Eq. 1: Descomplicando os Cálculos Estequiométricos Robson Mendes Matos 15 moln n g molg n mM m 776,20,500096,180 1 =∴=∴= − Sabe-se assim que 500,0 g de C6H12O6 correspondem a 2,776 mol de C6H12O6. 3.7. Constante de Avogadro A constante de Avogadro (e não número de Avogadro) é o número de entidades por unidade de quantidade de matéria. O valor da constante de Avogadro medido experimentalmente é 6,02214 x 1023 mol–1. Pode-se assim dizer que 1 mol de CH4 contém 6,02214 x 1023 moléculas de CH4, 1 mol de H2O contém 6,02214 x 1023 moléculas de H2O, 1 mol de ouro contém 6,02214 x 1023 átomos de ouro, 1 mol de laranjas contém 6,02214 x 1023 laranjas e assim sucessivamente. 4. Modos de se expressar a concentração de uma solução Estamos constantemente, sem perceber, falando da concentração de algo. Dizer que um estádio de futebol está lotado seria o mesmo que dizer que a concentração de pessoas no estádio é muito alta. Você poderia dizer ao garçom que o prato que ele lhe serviu tem uma alta concentração de sal. O resultado preliminar do último censo realizado no Brasil mostra uma alta concentração de pessoas nas metrópoles. Em todos estes casos estamos fornecendo a concentração em termos qualitativos e é muito pouco provável que as pessoas, por menos instruídas que sejam, não entendam o que você quis dizer. Nada muda quando passamos do cotidiano para o laboratório. Podemos também expressar a concentração de uma solução de maneira qualitativa. Ao qualificar uma solução como concentrada ou diluída, estamos expressando a concentração de maneira qualitativa. Porém, esses termos não têm um significado preciso. Sabe-se apenas que uma solução concentrada tem uma maior proporção de soluto do que uma solução diluída. Todavia, não deixa de ser uma maneira importante de classificar uma solução. Por exemplo, muitas reações ocorrem em meio ácido ou básico. O ácido ou a base, algumas vezes, está presente apenas para dar início à reação e a solução a ser usada pode ser concentrada ou diluída, não sendo necessário medir a quantidade exata do ácido ou da base. Descomplicando os Cálculos Estequiométricos Robson Mendes Matos 16 A concentração de uma solução também pode ser expressa de maneira quantitativa. Usa- se esta maneira quando necessitamos saber a quantidade de soluto em relação à quantidade de solvente ou à quantidade de solução. Existem várias modos de se expressar a concentração de maneira quantitativa. Dentre essas destacamos as seguintes: • Concentração em quantidade de matéria; • Molalidade; • Porcentagem em massa; • Fração em quantidade de matéria ou fração em mol. 4.1. Concentração em quantidade de matéria A concentração em quantidade de matéria era até pouco tempo atrás referida como molaridade. A concentração em quantidade de matéria, c, é definida como a razão entre a quantidade de matéria do soluto (n) e o volume da solução em litros (V). Assim, ),( )()( LemsoluçãoV AnAc = Eq. 3 Trabalhando-se com as unidades na Eq. 2, chega-se à conclusão que a unidade da grandeza concentração em quantidade de matéria deve ser mol L–1: 1)()()()( −=∴=∴= LmolAc L molAc V AnAc Ainda hoje é comum encontrarmos, nos mais variados livros-texto, a concentração em quantidade de matéria sendo chamada de molaridade e tendo a sua unidade como molar, abreviado como M. Recomenda-se no entanto que tanto o termo molaridade quanto a sua unidade molar (M) sejam abandonados e utilize-se apenas concentração em quantidade de matéria e a sua unidade mol L–1. O adjetivo “molar” deve apenas ser utilizado quando se quer expressar uma grandeza por unidade de quantidade de matéria, i. e. volume molar, massa molar, entalpia molar, etc. Alternativamente, para se evitar a memorização de fórmulas, podemos trabalhar a partir de uma variação da definição de concentração em quantidade de matéria. Uma solução 1 Descomplicando os Cálculos Estequiométricos Robson Mendes Matos 17 mol por litro seria aquela que possui 1 mol de um soluto A dissolvido em 1 litro de solução. Desta forma podemos escrever: 1 mol L-1 ─ 1 mol de A ─ 1 L de solução Eq. 4 O raciocínio a partir da Eq. 4 nos leva à resolução tranquila de qualquer problema envolvendo concentração em quantidade de matéria. O primeiro exemplo será resolvido utilizando-se tanto a Eq. 3 quanto a Eq. 4. Todavia, os exemplos subseqüentes serão resolvidos empregando-se apenas a Eq. 4. Fica a cargo de cada um decidir qual o melhor método de resolução. Exemplo 5: Calcule a concentração em quantidade de matéria de uma solução contendo 100 g de sacarose (C12H22O11) em água suficiente para o preparo de 800 mL de solução. Resolução: Inicialmente devemos calcular a massa molecular da sacarose: MM(C12H22O11) = 12 x (12,0 u) + 22 x (1,00 u) +11 x(16,0 u) = 342 u A massa molar da sacarose será então: Mm (C12H22O11) = 342 g mol–1 Para utilizar a Eq. 3, devemos encontrar a quantidade de matéria correspondente a 100 g, utilizando a Eq. 1: M m n n m M n g g mol n molm m = ∴ = ∴ = ∴ = − 100 342 0 29241 , Uma vez que V deve ser expresso em litros, devemos fazer a transformação do volume de mL para L: V mL L mL mL= =800 1 1000 0 800, Agora, utilizando-se a Eq. 3, temos que: c n V c mol L c mol L= ∴ = ∴ = − 0 2924 0 800 0 366 1 , , , Alternativamente: 1 mol L-1 ─ 1 mol de C12H22O11 ─ 1 L de solução Descomplicando os Cálculos Estequiométricos Robson Mendes Matos 18 Como sabemos que em 1 mol de C12H22O11 estão contidos 342 g de C12H22O11, podemos também escrever: 1 mol L-1 ─ 342 g de C12H22O11 ─ 1 L de solução Sabemos que 1 L = 1000 mL, logo, para facilitar os cálculos um pouco mais, escrevemos: 1 mol L-1 ─ 342 g de C12H22O11 ─ 1000 mL de solução Agora podemos fazer nossos cálculos montando uma regra de três composta: 1 mol L-1 ─ 342 g de C12H22O11 ─ 1000 mL de solução x ─ 100 g de C12H22O11 ─ 800 mL de solução Resolvendo a regra de três, podemos escrever: 1 1 366,0 800 1000 342 100 1 − − =∴= Lmolx mL mL g g Lmol x Exemplo 6: Calcule a concentração em quantidade de matéria de uma solução obtida pela dissolução de 5,00 g de NaCl em 95,0 g de água. A densidade da solução resultante é 1,22 g mL–1. Resolução: Inicialmente devemos calcular a massa molecular do NaCl: MM(NaCl) = 23,0 u + 35,5 u = 58,5 u A massa molar do NaCl será então: Mm (NaCl) = 58,5 g mol–1 Pela definição, escrevemos: 1 mol L-1 ─ 1 mol de NaCl ─ 1 L de solução ou 1 mol L-1 ─ 58,5 g de NaCl ─ 1 L de solução ou 1 mol L-1 ─ 58,5 g de NaCl ─ 1000 mL de solução Nos foi informado que a solução tem densidade de 1,22 g mL-1, logo: gmmLmLgm mL m mLg V md 1220100022,1 1000 22,1 11 =∴=∴=∴= −− Descomplicando os Cálculos Estequiométricos Robson Mendes Matos 19 Assim, não estaremos modificando a definição de concentração em quantidade de matéria se escrevermos: 1 mol L-1 ─ 58,5 g de NaCl ─ 1220 g de solução Como a solução do problema foi preparada pela dissolução de 5,00 g de NaCl em 95,0 g de água, a massa da solução será 100,0 g. Podemos agora montar a resolução do nosso problema da seguinte forma: 1 mol L-1 ─ 58,5 g de NaCl ─ 1220 g de solução x ─ 5,00 g de NaCl ─ 100,0 g de solução Resolvendo a regra de três, podemos escrever: 1 1 04,1 0,100 1220 5,58 00,5 1 − − =∴= Lmolx g g g g Lmol x PROBLEMA PROPOSTO 4.1 Qual a concentração em quantidade de matéria de 500,0 mL de solução contendo 48,00 g de Mg(SO)4?Descomplicando os Cálculos Estequiométricos Robson Mendes Matos 20 PROBLEMA PROPOSTO 4.2 Uma solução foi preparada pela dissolução de 0,35 g de H2SO4 em 100 g de água*. Sabendo-se que a densidade da solução resultante é 0,098 g mL-1, qual a concentração em quantidade de matéria da solução? Exemplo 7: Qual a massa de sacarose (C12H22O11) contida em 250,0 mL de uma solução 0,125 mol L-1? Resolução: Inicialmente devemos calcular a massa molecular da sacarose: MM(C12H22O11) = 12 x (12,0 u) + 22 x (1,00 u) +11 x(16,0 u) = 342 u A massa molar da sacarose será então: Mm (C12H22O11) = 342 g mol–1 1 mol L-1 ─ 1 mol de C12H22O11 ─ 1 L de solução ou 1 mol L-1 ─ 342 g de C12H22O11 ─ 1 L de solução ou 1 mol L-1 ─ 342 g de C12H22O11 ─ 1000 mL de solução * No preparo de uma solução de ácido, devemos sempre adicionar o ácido a uma pequena quantidade de água e depois completar o volume para a quantidade desejada. Descomplicando os Cálculos Estequiométricos Robson Mendes Matos 21 0,125 mol L-1 ─ x de C12H22O11 ─ 250 mL de solução Resolvendo a regra de três, podemos escrever: gx mL mL Lmol Lmol g x 7,10 1000 250 1 125,0 342 1 1 =∴= − − Exemplo 8: Qual massa de soluto deve ser usada para se preparar 0,500 g de solução 0,10 mol L-1 de NaCl, cuja densidade é igual a 1,22 g mL–1. Resolução: Inicialmente devemos calcular a massa molecular do NaCl: MM(NaCl) = 23,0 u + 35,5 u = 58,5 u A massa molar do NaCl será então: Mm (NaCl) = 58,5 g mol–1 Se d = 1,22 g mL-1, temos: gmmLmLgm mL m mLg V md 1220100022,1 1000 22,1 11 =∴=∴=∴= −− Pela definição de concentração em quantidade de matéria, escrevemos: 1 mol L-1 ─ 1 mol de NaCl ─ 1 L de solução ou 1 mol L-1 ─ 58,5 g de NaCl ─ 1 L de solução ou 1 mol L-1 ─ 58,5 g de NaCl ─ 1000 mL de solução ou 1 mol L-1 ─ 58,5 g de NaCl ─ 1220 g de solução 1 mol L-1 ─ 58,5 g de NaCl ─ 1220 g de solução 0,10 mol L-1 ─ x ─ 0,500 g de solução Resolvendo a regra de três, podemos escrever: gxx g g Lmol Lmol g x 3 1 1 104,2 1220 500,0 1 10,0 5,58 − − − =∴= PROBLEMA PROPOSTO 4.3 Qual a quantidade em gramas de Mg(SO)4 deve ser utilizada para se preparar 300,0 mL de uma solução 1,32 mol L-1? Descomplicando os Cálculos Estequiométricos Robson Mendes Matos 22 PROBLEMA PROPOSTO 4.4 Qual a massa de H2SO4 para se preparar 1,5 L de solução 6,05 mol L-1? Frequentemente precisamos preparar uma solução diluída a partir de uma solução mais concentrada. Nesses casos você deve sempre se lembrar do seguinte: a diluição não altera a quantidade de matéria do soluto. O exemplo a seguir mostra esse tipo de cálculo. Descomplicando os Cálculos Estequiométricos Robson Mendes Matos 23 Exemplo 9: Qual o volume de uma solução H2SO4 8,0 mol L–1 que deve ser utilizado para se preparar 500,0 mL de uma solução 0,10 mol L–1? Resolução: Primeiramente, vamos descobrir qual a quantidade de matéria necessária para se preparar 500 mL de solução 0, 10 mol L-1 de H2SO4: 1 mol L-1 ─ 1 mol de H2SO4 ─ 1 L de solução ou 1 mol L-1 ─ 1 mol de H2SO4 ─ 1000 mL de solução 0,10 mol L-1 ─ x ─ 500,0 mL de solução Resolvendo a regra de três, podemos escrever: molx mL mL Lmol Lmol mol x 050,0 1000 0,500 1 10,0 1 1 1 =∴= − − Agora, precisamos descobrir o volume de solução 8,0 mol L-1 de H2SO4 que contém 0,050 mol de H2SO4: 1 mol L-1 ─ 1 mol de H2SO4 ─ 1 L de solução ou 1 mol L-1 ─ 1 mol de H2SO4 ─ 1000 mL de solução 8,0 mol L-1 ─ 0,050 mol de H2SO4 ─ x Resolvendo a regra de três, podemos escrever: mLxmLx Lmol Lmol mol mol mL x 3,625,6 0,8 1 1 050,0 1000 1 1 =∴=∴= − − PROBLEMA PROPOSTO 4.5 Qual o volume de uma solução 6,00 mol L-1 de HCl necessário para se preparar uma solução 0,055 mol L-1? Descomplicando os Cálculos Estequiométricos Robson Mendes Matos 24 4.2. Molalidade Define-se a molalidade de uma solução como sendo a relação entre a quantidade de matéria do soluto e a massa do solvente em quilogramas: )()( kgemsolventedomassa AdematériadequantidadeAmolalidade = )( )()( solvm AnAmolalidade = Eq. 5 Trabalhando-se com as unidades na Eq. 5, chega-se à conclusão que a unidade da grandeza molalidade deve ser mol kg–1: 1)()()( )()( −=∴=∴= kgmolAmolalidade kg molAmolalidade solvm AnAmolalidade É extremamente comum, apesar de recomendação contrária da IUPAC, encontrarmos molal como sendo a unidade para a grandeza molalidade. Da mesma forma que fizemos com no sentido de se evitar a memorização de fórmulas, trabalharemos a partir de uma variação da definição de molalidade. Uma solução 1 mol por Descomplicando os Cálculos Estequiométricos Robson Mendes Matos 25 quilograma seria aquela que possui 1 mol do soluto A dissolvido em 1 quilograma de solvente. Desta forma podemos escrever: 1 mol kg-1 ─ 1 mol de A ─ 1 kg de solvente Eq. 6 Optaremos pelo uso da Eq. 6 na resolução de problemas que envolva molalidade. Você deve tomar muito cuidado para não confundir as definições de concentração em quantidade de matéria e molalidade, uma vez que elas são muito parecidas. A concentração em quantidade de matéria depende do volume da solução, enquanto a molalidade depende da massa de solvente. Geralmente, a molalidade é modo de expressar a concentração mais adequado quando estamos estudando soluções dentro de uma faixa de temperaturas, uma vez que a molalidade de uma determinada solução não varia com a temperatura visto que as massas não variam com a temperatura. Já a concentração em quantidade de matéria varia com a temperatura porque o volume vai variar com a expansão ou a contração de uma solução. Exemplo 10: Calcule a molalidade de uma solução contendo 100 g de sacarose (C12H22O11) em água suficiente para o preparo de 800,0 mL de solução. Considere que a densidade da solução é 1,12 g mL–1. Resolução: Inicialmente devemos calcular a massa molecular da sacarose: MM(C12H22O11) = 12 x (12,0 u) + 22 x (1,00 u) +11 x(16,0 u) = 342 u A massa molar da sacarose será então: Mm (C12H22O11) = 342 g mol–1 Antes de prosseguirmos com nossos cálculos, vamos encontrar a massa de solvente que foi utilizada para preparar a solução. Assim, calculamos inicialmente a massa da solução: gm mL m mLg V md 0,896 0,800 12,1 1 =∴=∴= − Como a massa da solução é a soma das massas de soluto e solvente, temos que: gmggmmmmmmm solvsolvsolutosolusolvsolutosolvsolu 0,7961000,896 =∴−=∴−=∴+= De posse dos dados, podemos utilizar a Eq. 6 para resolver o problema: Descomplicando os Cálculos Estequiométricos Robson Mendes Matos 26 1 mol kg-1 ─ 1 mol de C12H22O11 ─ 1 kg de solvente Sabendo que em 1 mol de C12H22O11 estão contidos 342 g de C12H22O11, a relação acima pode ser rescrita: 1 mol kg-1 ─ 342 g de C12H22O11 ─ 1 kg de solvente Como 1 kg = 1000 g, simplificamos os cálculos eliminando etapas adicionais de conversão de unidades: 1 mol kg-1 ─ 342 g de C12H22O11 ─ 1000 g de solvente Agora montamos a regra de três composta: 1 mol kg-1 ─ 342 g de C12H22O11 ─ 1000 g de solvente x ─ 100 g de C12H22O11 ─ 796 mL de solvente Resolvendo a regra de três, podemos escrever: 1 1 367,0 796 1000 342 100 1 − − =∴= kgmolx g g g g kgmol x Exemplo 11: Calcule a molalidade de uma solução obtida pela dissolução de 5,00 g de NaCl em 95,0g de água. Resolução: Inicialmente devemos calcular a massa molecular do NaCl: MM(NaCl) = 23,0 u + 35,5 u = 58,5 u A massa molar do NaCl será então: Mm (NaCl) = 58,5 g mol–1 Utilizando a Eq. 6: 1 mol kg-1 ─ 1 mol de NaCl ─ 1 kg de solvente ou 1 mol kg-1 ─ 58,5 g de NaCl ─ 1 kg de solvente 1 mol kg-1 ─ 58,5 de NaCl ─ 1000 g de solvente x ─ 5,00 g de NaCl ─ 95,0 g de solvente Resolvendo a regra de três, podemos escrever: Descomplicando os Cálculos Estequiométricos Robson Mendes Matos 27 1 1 899,0 0,95 1000 5,58 00,5 1 − − =∴= kgmolx g g g g kgmol x PROBLEMA PROPOSTO 4.5 Qual a molalidade de uma solução preparada pela dissolução de 5,85 x 10-3 g de Mg(SO4)2 em 50 g de água? 4.3. Porcentagem em massa A porcentagem em massa é definida pela razão entre a massa do soluto e a massa total da solução: %100% soluçãodamassa solutodomassa massaem = Eq. 7 A memorização da Eq. 7 é totalmente desnecessária se utilizarmos o significado de porcentagem que aprendemos no ensino fundamental. Dizer que uma solução é 70% em massa significa que em cada 100 gramas de solução temos 70 gramas de soluto. Resolveremos todos os problemas envolvendo % em massa raciocinando em cima do significado de porcentagem. Obviamente, esta não precisa ser a sua escolha! Ainda é comum a utilização do termo porcentagem em peso, porém essa denominação é errada. Lembre-se que peso é a força gravitacional sofrida por um corpo nas proximidades de um plana. Assim se a massa de uma pessoa é 70,0 kg, seu peso será 687 kg m s-2, ou 687 N (vide infra), ou seja bem diferente da massa. NPsmkgPsmkgPgmP 68768782,970 22 =∴=∴=∴= → − → − →→→ Descomplicando os Cálculos Estequiométricos Robson Mendes Matos 28 Observe que a % em massa é adimensional. É importante dizer que existem outras formas similares de concentração que às vezes causam confusão: • porcentagem em volume – essa deve ser indicada como, por exemplo 80% v/v; • porcentagem em massa por volume – essa deve ser indicada como, por exemplo 80% m/v No caso da % em massa é desnecessário indicarmos como 80% m/m. Exemplo 12: Calcule a % em massa de uma solução contendo 100,0 g de sacarose (C12H22O11) em água suficiente para o preparo de 800,0 mL de solução. Considere que a densidade da solução é 1,12 g mL–1. Resolução: Inicialmente precisamos achar a massa da solução: gm mL m mLg V md 0,896 0,800 12,1 1 =∴=∴= − Em seguida, montamos uma regra de três simples a partir dos dados fornecidos: 100,0 g de soluto ─ 896,0 g solução x ─ 100 g de solução x = 11,16 g A resposta encontrada nos indica que temos 11,16 g de sacarose em cada 100,0 g de solução, ou seja é o mesmo que dizer 11,16%. Obedecendo a quantidade de algarismos significativos, nossa resposta deve ser 11,1%. Exemplo 13: Calcule a % em massa de uma solução obtida pela dissolução de 5,00 g de NaCl em 95,0 g de água. Resolução: Este é bem simples, basta um pouco de atenção! A massa da solução será a massa de solvente mais a massa de soluto. Logo, a massa da solução é 100,0 gramas. O enunciado Descomplicando os Cálculos Estequiométricos Robson Mendes Matos 29 nos diz, portanto, que cada 100 gramas de solução contém 5,00 gramas de NaCl. Portanto, a % em massa = 5,00% 4.4. Fração em quantidade de matéria Você não deve se intimidar com o nome dado para este modo de expressar a concentração. Aprendemos o conceito de fração nos primeiros anos do ensino fundamental. Imagine que você comprou um queijo no mercado e chegando em casa você dividiu o queijo em quatro. Você comeu uma dessas partes. Sua filha vendo que você estava comendo com prazer, decidiu também comer uma parte. Logo, cada uma de vocês comeu ¼ do queijo. Ou seja, ¼ é a fração do queijo que cada um de vocês comeu. É exatamente este conceito que utilizamos aqui! A fração em quantidade de matéria é a relação entre a quantidade de matéria de um dos componentes e a quantidade de matéria total da solução. soluçãodatotalmatériadequantidade AdematériadedequantidaA =)(χ )()( )()( BnAn AnA + =χ Eq. 8 Analisando-se a Eq. 5, observa-se que a fração em quantidade de matéria é adimensional. mol molA soluçãodatotalmatériadequantidade AdematériadedequantidaA =∴= )()( χχ A fração em quantidade de matéria é muitas vezes também chamada de fração em mol e era comumente chamada de fração molar. Exemplo 14: Calcule as frações em quantidade de matéria de sacarose (C12H22O11) e de H2O de uma solução contendo 100,0 g de sacarose em água suficiente para o preparo de 800 mL de solução. Considere que a densidade da solução é 1,12 g mL–1. Resolução: Inicialmente devemos calcular a massa molecular da sacarose e da água: MM(C12H22O11) = 12 x (12,0 u) + 22 x (1,00 u) +11 x(16,0 u) = 342 u Descomplicando os Cálculos Estequiométricos Robson Mendes Matos 30 A massa molar da sacarose será então: Mm (C12H22O11) = 342 g mol–1 A massa molecular da água é: MM(H2O) = 2 x (1,00 u) + 1 x (16,0 u) = 18,0 u A massa molar da água será então: Mm (H2O) = 18,0 g mol–1 Agora precisamos achar a massa de solvente na solução: gm mL m mLg V md 0,896 0,800 12,1 1 =∴=∴= − Como a massa da solução é a soma das massas de soluto e solvente, temos que: gmggmmmmmmm solvsolvsolutosolusolvsolutosolvsolu 0,7960,1000,896 =∴−=∴−=∴+= Utilizando a Eq. 1, encontramos a quantidade de matéria de sacarose e de água presentes na solução: mol g g sacarosen M m n n mM m m 2924,0 342 0,100)( ==∴=∴= mol g gáguan M m n n mM m m 22,44 0,18 0,796)( ==∴=∴= De posse desses dados basta utilizarmos a Eq. 8 para encontrarmos as frações em quantidade de matéria dos dois componentes da solução: 31057,6 22,442924,0 924,02)()()( )()( −= + =∴ + = x molmol mol sacarose BnAn AnA χχ 994,0 22,442924,0 22,44)()()( )()( = + =∴ + = molmol molágua BnAn AnA χχ É óbvio que a soma das frações em quantidade de matéria dos dois componentes de uma solução será igual a 1: Descomplicando os Cálculos Estequiométricos Robson Mendes Matos 31 1)()( =+ águasacarose χχ Assim poderíamos ter calculado a fração em quantidade de matéria da água da seguinte forma: 994,01057,61)( 3 =−= −xáguaχ Exemplo 15: Calcule a fração em quantidade de matéria de ambos os componentes de uma solução obtida pela dissolução de 5,00 g de NaCl em 95,0 g de água. Resolução: Inicialmente devemos calcular a massa molecular do cloreto de sódio e da água: MM(NaCl) = 23,0 u + 35,5 u= 58,5 u A massa molar do cloreto de sódio será então: Mm (NaCl) = 58,5 g mol–1 A massa molecular da água é: MM(H2O) = 2 x (1,00 u) + 1 x (16,0 u) = 18,0 u A massa molar da água será então: Mm (H2O) = 18 g mol–1 Utilizando a Eq. 1, encontramos a quantidade de matéria de cloreto de sódio e de água presentes na solução: molx g gNaCln M m n n mM m m 2105547,8 5,58 00,5)( −==∴=∴= mol g gáguan M m n n mM m m 278,5 0,18 0,95)( ==∴=∴= De posse desses dados, basta utilizarmos a Eq. 8 para encontrarmos as frações em quantidade de matéria dos dois componentes da solução: 2 2 2 1059,1 278,5105547,8 105547,8)()()( )()( − − − = + =∴ + = x molmolx molxNaCl BnAn AnA χχ Descomplicando os Cálculos Estequiométricos Robson Mendes Matos 32 984,0 278,5105547,8 278,5)()()( )()( 2 = + =∴ + = − molmolx molágua BnAn AnA χχ Poderíamos ter calculado a fração em quantidade de matéria da água da seguinte forma: 984,01059,11)( 2 =−= −xáguaχ 4.5. Problemas Propostos1) Se uma balança tem uma precisão de ±0,001g, com quantos algarismos significativos deve ser informada uma massa de 16 g medida neste instrumento? 2) Dê o número de algarismos significativos de cada uma das seguintes medidas: (a) 9,538 kg; (b) 1,4 x 104 m; (c) 0,00452 mL? 3) Calcule a quantidade de matéria em 1 kg de CaCl2. 4) Calcule a massa contida em 2,45 mol de H2SO4. 5) Sabe-se que 3,0 mol de uma determinada substância tem uma massa de 144 g. Qual a massa molar dessa substância? 6) Calcule a quantidade de matéria em 120,0 g de HCl. Descomplicando os Cálculos Estequiométricos Robson Mendes Matos 33 7) Calcule a quantidade de matéria em 38,6 g de ácido sulfúrico. 8) Calcule a quantidade de matéria em 189,0 g de glicose (C6H12O6). 9) Calcule a massa de 0,06 mol de álcool etílico (C2H5OH). 10) Qual a massa de 1,32 mol de ácido nítrico (HNO3)? 11) Qual a massa de KCl presentes em 50,0 mL de uma solução 0,020 mol L–1 desse sal? Descomplicando os Cálculos Estequiométricos Robson Mendes Matos 34 12) Calcule a concentração em quantidade de matéria de uma solução obtida pela dissolução de 37,0 g de H2SO4 em água suficiente para se obter 500 mL de solução. 13) Qual a concentração em quantidade de matéria de 250 mL de solução contendo 26,8 g de cloreto de cálcio (CaCl2)? 14) Pretende-se preparar 500 mL de uma solução 1,05 x 10–3 mol L–1 de glicose (C6H12O6). Qual deve ser a massa de glicose a ser utilizada? 15) Adicionou-se 242 g de NaCl em uma quantidade de água suficiente para o preparo de 1000 mL de solução. Qual a concentração em quantidade de matéria da solução obtida? Descomplicando os Cálculos Estequiométricos Robson Mendes Matos 35 16) Qual a massa de nitrato de sódio (NaNO3) necessária para se preparar 100 mL de uma solução 0,02 mol L–1? 17) Qual a massa de MgCl2 necessária para o preparo de 2,50 x 103 mL de solução 0,03 mol L–1? 18) Qual a massa de tolueno (C7H8) que deve ser dissolvida em uma quantidade suficiente de benzeno (C6H6) para se obter 250 mL de uma solução 0,250 mol L–1? 19) Qual a massa de Na2CO3 contida em 250 mL de uma solução 2,00 mol/L de Na2CO3? Descomplicando os Cálculos Estequiométricos Robson Mendes Matos 36 20) Uma solução é preparada pela dissolução de 4,35 g de glicose (C6H12O6) em água suficiente para perfazer 25,0 mL de solução. Calcule a concentração em quantidade de matéria de glicose nessa solução. 21) Calcule a concentração em quantidade de matéria de uma solução preparada a partir da dissolução de 5,00 g de tolueno (C7H8) em 225 g de benzeno. A densidade da solução é 0,876 g/mL. 22) Qual a concentração em quantidade de matéria de uma solução contendo 0,245 g de KCl em água suficiente para perfazer um 500 mL de solução? Descomplicando os Cálculos Estequiométricos Robson Mendes Matos 37 23) Calcule a concentração em quantidade de matéria de NaCl em uma solução contendo 68,52 g de soluto em água suficiente para perfazer 500 mL de solução. 24) Qual deve ser o volume de uma solução aquosa 3,61 mol L–1 que contém 58,9 g de KI? 25) Qual a quantidade de matéria de NaCl presente em 250 mL de uma solução 0,10 mol L–1 desse sal? 26) Qual o volume de HCl 6,03 mol L–1 deve ser utilizado para se preparar 1,00 L de uma solução 0,05 mol L–1? 27) Pretende-se preparar 250 mL de solução 0,448 mol L–1 de MgCl2. Qual o volume de solução 1,35 mol L–1 deve ser utilizado no preparo dessa solução? Descomplicando os Cálculos Estequiométricos Robson Mendes Matos 38 28) 125 mL de uma solução 2,46 mol L–1 de NaCl foram diluídos para 950 mL. Qual é a concentração em quantidade de matéria da solução final? 29) Para se obter uma solução 0,245 mol L–1 de Na3PO4 adicionou-se 50,00 mL de água a uma solução 0,900 mol L–1 desse sal. Qual o volume final da solução? 30) Qual será a concentração final de 105,0 mL de uma solução de NaCl obtida misturando- se 40,0 mL de NaCl 0,150 mol L–1 e 65,0 mL de NaCl 0,190 mol L–1? Descomplicando os Cálculos Estequiométricos Robson Mendes Matos 39 31) Qual o volume de HNO3 2,5 mol L–1 necessário para preparar 500 mL de uma solução 0,15 mol L–1? 32) Qual a molalidade de uma solução obtida pela dissolução de 28,6 g de sacarose (C12H22O11) em 101,4 g de água? 33) Qual é a molalidade de uma solução obtida através da dissolução de 35,0 g de naftaleno (C10H8) em 425 g de tolueno (C7H8)? 34) Qual será a molalidade de uma solução obtida pela dissolução de 4,50 g de NH3 em 330 g de água. Descomplicando os Cálculos Estequiométricos Robson Mendes Matos 40 35) Qual a massa de NaCl dissolvidos em 600 mL de água para se preparar uma solução 0,15 mol kg–1 desse sal? 36) Qual a massa de H2SO4 presente uma solução 0,150 mol kg–1 desse ácido preparada com 500 mL de água? 37) Qual a massa de KI que deve ser utilizada para o preparo de uma solução 0,350 mol kg–1 desse sal em 5,00 x 103 mL de água? 38) Calcule a % em massa de uma solução obtida pela dissolução de 37,0 g de H2SO4 em água suficiente para se obter 500 mL de solução com d = 1,32 g mL–1. Descomplicando os Cálculos Estequiométricos Robson Mendes Matos 41 39) Qual é a % em massa de uma solução obtida através da dissolução de 35,0 g de naftaleno (C10H8) em 425 g de tolueno (C7H8)? 40) Qual a massa de KCl presentes em 50,0 mL de uma solução 20% desse sal (d = 1,02 g mL–1)? 41) Calcule a % em massa de uma solução obtida pela dissolução de 37,0 g de H2SO4 463 g de água. 42) Calcule a % em massa de uma solução de iodo (I2) preparada pela dissolução de 0,045 mol de I2 em 115 g de CCl4? Descomplicando os Cálculos Estequiométricos Robson Mendes Matos 42 43) Qual é a % em massa de íons estrôncio (Sr2+) na água do mar sabendo-se que ela contém 0,0079 g de Sr2+ por quilograma de água. 44) Qual a % em massa de 250 mL de solução contendo 26,8 g de cloreto de cálcio (CaCl2) (d = 1,15 g mL–1)? 45) Qual a % em massa de Na2SO4 em uma solução contendo 11,7 g de Na2SO4 em 443 g de água. 46) Qual a % em massa de prata de um mineral que contém 5,95 g de prata por tonelada de mineral. 47) Pretende-se preparar 500 mL de uma solução 65% de glicose (C6H12O6), cuja densidade é 1,42 g mL–1. Qual deve ser a massa de glicose a ser utilizada? Descomplicando os Cálculos Estequiométricos Robson Mendes Matos 43 48) Adicionou-se 242 g de NaCl em uma quantidade de água suficiente para o preparo de 1000 mL de solução (d = 1,26 g mL–1). Qual a % em massa da solução obtida? 49) Qual a massa de nitrato de sódio (NaNO3) necessária para se preparar 250 g de uma solução 15%? 50) Qual a massa de MgCl2 necessária para o preparode 2,50 x 103 mL de solução 25%, cuja densidade é 1,45 g mL–1? 51) Qual a massa de tolueno (C7H8) que deve ser dissolvida em uma quantidade suficiente de benzeno (C6H6) para se obter 250 g de uma solução 16,2%? 52) Qual a massa de Na2CO3 contida em 250 mL de uma solução 13,5% de Na2CO3 (d = 1,15 g mL–1)? Descomplicando os Cálculos Estequiométricos Robson Mendes Matos 44 53) Uma solução é preparada pela dissolução de 4,35 g de glicose (C6H12O6) em 25,0 mL de água. Calcule a fração em quantidade de matéria de glicose nessa solução. 54) Calcule a fração em quantidade de matéria de ambos os componentes de uma solução preparada a partir da dissolução de 5,00 g de tolueno (C7H8) em 225 g de benzeno. 55) Qual a fração em quantidade de matéria do soluto em uma solução contendo 0,245 g de KCl em água suficiente para perfazer um 500 mL de solução com densidade igual a 1,39 g mL–1? Descomplicando os Cálculos Estequiométricos Robson Mendes Matos 45 56) Calcule a fração em quantidade de matéria de NaCl em uma solução contendo 68,52 g de soluto dissolvidos em 420 mL de água. 57) Qual o volume de água a ser adicionado em 58,9 g de KI para se obter uma solução cuja fração em quantidade de matéria desse sal é 0,075? 58) Qual a quantidade de matéria de NaCl a ser dissolvida em 250 mL água para se preparar uma solução cuja fração em quantidade de matéria do soluto é 0,0450? Descomplicando os Cálculos Estequiométricos Robson Mendes Matos 46 59) Qual a fração em quantidade de matéria de sacarose de uma solução obtida pela dissolução de 28,6 g de sacarose (C12H22O11) em 101,4 g de água? 60) Qual será a fração em quantidade de matéria de amônia de uma solução obtida pela dissolução de 4,50 g de NH3 em 330 g de água. 61) Qual a massa de NaCl dissolvidos em 600 mL de água para se preparar uma solução com fração em quantidade de matéria de NaCl igual a 1,67 x 10–3? Descomplicando os Cálculos Estequiométricos Robson Mendes Matos 47 62) Qual a massa de H2SO4 dissolvido em 500 mL de água para se preparar uma solução cuja fração em quantidade de matéria de ácido sulfúrico é 0,0150? 63) Qual a massa de KI que deve ser dissolvida em 5,00 x 103 mL de água para se preparar uma solução com fração em quantidade de matéria desse sal igual a 3,22 x 10–2? 64) Qual (a) a concentração em quantidade de matéria; (b) a molalidade; (c) a % em massa e (d) a fração em quantidade de matéria de ambos os componentes de uma contendo 7,5 g de CH3OH e 245 g de H2O? (A densidade da solução é 0,934 g mL–1.) Descomplicando os Cálculos Estequiométricos Robson Mendes Matos 48 65) Calcule (a) a concentração em quantidade de matéria; (b) a molalidade (c) a % em massa e (d) a fração em quantidade de matéria de fenol de uma solução preparada pela dissolução de 25,5 g de fenol (C6H5OH) em 495 g de etanol (CH3CH2OH). (A densidade da solução é 1,10 g mL–1.) 66) Uma solução preparada pela dissolução de 571,6 g de H2SO4 em água suficiente para perfazer 1 L tem uma densidade de 1,329 g mL–1. Calcule (a) a concentração em quantidade de matéria; (b) a molalidade, (c) a % em massa; e (d) a fração em quantidade de matéria de H2SO4 nessa solução. Descomplicando os Cálculos Estequiométricos Robson Mendes Matos 49 67) Calcule (a) a concentração em quantidade de matéria; (b) a molalidade; (c) a % em massa; e (d) a fração em quantidade de matéria de ácido ascórbico em uma solução preparada a partir de 80,5 g (vitamina C, C6H8O6) de ácido ascórbico dissolvidos em 210 g de água. A densidade da solução resultante é 1,22 g mL–1. 68) Uma solução é preparada a partir da dissolução de 15,0 mL de CH3OH (d = 0,79 g mL–1) em 90,0 mL de CH3CN (d = 0,786 g mL–1). Calcule: (a) a concentração em quantidade de matéria; (b) a molalidade; (c) a % em massa; e (d) a fração em quantidade de matéria de metanol na solução. Descomplicando os Cálculos Estequiométricos Robson Mendes Matos 50 69) Calcule a concentração em quantidade de matéria de uma solução de amônia (NH3) 28% em massa cuja densidade é 0,853 g mL–1. 70) Calcule (a) a percentagem em massa; e (b) a fração em quantidade de matéria de cafeína (C8H10N4O2) em uma solução 0,0750 mol/kg de cafeína em clorofórmio (CHCl3). 71) Calcule a molalidade e a % em massa do ácido clorídrico (HCl) comercial. Dados: c =12,0 mol L–1 e d = 1,18 g mL–1. Descomplicando os Cálculos Estequiométricos Robson Mendes Matos 51 72) Calcule a fração em quantidade de matéria e a % em massa de CaCl2 de uma solução 0,100 mol kg–1. 73) A dissolução de 15,0 g de ácido cítrico (C6H8O7) em 35,0 g de água produz uma solução cuja densidade é igual a 1,13 kg L–1. Calcule (a) a concentração em quantidade de matéria; (b) a molalidade; (c) a % em massa e (d) a fração em quantidade de matéria de ácido cítrico dessa solução. Descomplicando os Cálculos Estequiométricos Robson Mendes Matos 52 5. Balanceamento de equações químicas Para que uma equação química esteja completa é preciso que o número de átomos de um tipo nos reagentes seja igual ao número de átomos do mesmo tipo no lado dos produtos. Este processo é chamado de balanceamento de equações químicas. Não podemos esquecer que ao lidarmos com equações iônicas, as cargas também devem estar balanceadas. Através do balanceamento, obtemos os índices estequiométricos da reação. Os índices estequiométricos nos fornecem a proporção na qual a reação ocorre. Existem dois métodos simples para balancearmos uma equação química: por tentativa e através do número de elétrons transferidos (no caso de reações de oxirredução). 5.1. Por tentativa Como o próprio nome diz, tentamos acertar os índices estequiométricos de tal forma que cada lado da equação tenha o mesmo número de átomos do mesmo tipo. Vejamos alguns exemplos. Descomplicando os Cálculos Estequiométricos Robson Mendes Matos 53 A equação não balanceada da combustão do metano é: CH4(g) + O2(g) → CO2(g) + H2O(l) Temos um C a esquerda, portanto colocaremos o índice 1 para o C à direita. Temos 4 H à esquerda e precisamos colocar um índice 2 para o H2O. Assim temos um total de 4 átomos de oxigênio à direita, exigindo o índice 2 para o O2. Desta forma a equação balanceada é: CH4(g) + 2O2(g) → CO2(g) + 2H2O(l) Balanceando a equação abaixo: H2(g) + I2(g) → HI(g) temos: H2(g) + I2(g) → 2HI(g) Observe no exemplo a seguir, que uma vez que o íon NO3 aparece da mesma forma à esquerda e à direita, podemos fazer o seu balanceamento como NO3 ao invés de contar analisar o número de átomos de N e de O separadamente. Note também, que neste caso a equação já está balanceada como escrita. AgNO3(aq) + NaCl → AgCl + NaNO3 Note que a equaçãoabaixo já está balanceada. Ela possui número iguais de átomos do mesmo tipo em ambos os lados. As cargas em ambos os lados são iguais, ou seja, +2. Zn(s) + Cu2+(aq) → Zn2+(aq) + Cu(s) Outros exemplos: não balanceada: H2(g) + O2(g) → H2O(l) balanceada: H2(g) + ½O2(g) → H2O(l) não balanceada: S8(s) + O2(g) → SO3(s) balanceada: S8(s) + 12O2(g) → 8SO3(s) não balanceada: C(s) + O2(g) → CO2(g) balanceada: C(s) + O2(g) → CO2(g) não balanceada: Mg(s) + O2(g) → MgO(s) balanceada: 2Mg(s) + O2(g) → 2MgO(s) Descomplicando os Cálculos Estequiométricos Robson Mendes Matos 54 não balanceada: AgNO3(aq) + NaOH(aq) → Ag2O(s) + NaNO3(aq) + H2O(l) balanceada: 2AgNO3(aq) + 2NaOH(aq) → Ag2O(s) + 2NaNO3(aq) + H2O(l) não balanceada: Na(s) + H2O(l) → NaOH(aq) + H2(g) balanceada: 2Na(s) + 2H2O(l) → 2NaOH(aq) + H2(g) não balanceada: Fe(s) + HCl(aq) → FeCl2(aq) + H2(g) balanceada: Fe(s) + 2HCl(aq) → FeCl2(aq) + H2(g) não balanceada: MgBr2(aq) + Cl2(g) → MgCl2(aq) + Br2(l) balanceada: MgBr2(aq) + Cl2(g) → MgCl2(aq) + Br2(l) 5.2. Através do número de elétrons transferidos Antes de abordarmos o balanceamento de equações nas quais existe transferência de elétrons, vamos recordar alguns termos importantes. Se existe transferência de elétrons, estamos diante de uma reação de oxirredução, isto é, um reagente sofrerá redução e o outro sofrerá oxidação. Lembre-se que: • redução: ocorre uma redução no número de oxidação, ou seja, envolve o ganho de elétrons. A espécie sofrendo redução é chamada de agente oxidante. • oxidação: ocorre aumento no número de oxidação, ou seja, envolve a perda de elétrons. A espécie sofrendo oxidação é chamada de agente redutor. Só existe oxidação se houver redução. Para que uma espécie perca elétrons é preciso que alguém aceite estes elétrons. Para balancearmos reações de oxirredução vamos seguir o roteiro abaixo: • determine o número de oxidação de cada elemento; • descubra quem está sofrendo redução e quem está sofrendo oxidação; • determine o número de elétrons ganhos e perdidos; • iguale o número de elétrons ganhos e perdidos; Descomplicando os Cálculos Estequiométricos Robson Mendes Matos 55 • complete o índice dos reagentes sem mudar o índice daqueles que sofreram oxirredução. Vejamos alguns exemplos da aplicação deste roteiro. Exemplo 1: O Mn varia de +4 para +6, logo perde 2 elétrons, enquanto o Cl passa de +5 para -1, ou seja, ganha 6 elétrons. Todos os outros átomos não variam o número de oxidação. O número de elétrons ganhos tem que ser igual ao número de elétrons perdidos, logo fazemos 2 elétrons x 3 = 6 elétrons (MnO2) 6 elétrons x 1 = 6 elétrons (KClO3) Assim, para que o KClO3 ganhe 6 elétrons, são necessárias três unidades de MnO2. Portanto, podemos escrever: Agora podemos fazer o balanceamento por tentativa, sem modificar os índices do MnO2 e do KClO3. Como temos 3 Mn à esquerda, adicionamos 3 como índice do K2MnO4. Temos um Cl à esquerda, portanto o índice do KCl ser á 1. Temos agora 7 K à direita. Para balancearmos adicionamos o índice 6 no KOH. 3MnO2 + KClO3 + 6KOH → 3K2MnO4 + KCl + H2O Descomplicando os Cálculos Estequiométricos Robson Mendes Matos 56 Só nos resta agora balancear os átomos de H e O. Do lado esquerdo temos 6 H, logo precisamos de 3 H2O. Isto faz com que tenhamos 15 O à esquerda e 15 O à direita. Logo a equação balanceada é: 3MnO2 + KClO3 + 6KOH → 3K2MnO4 + KCl + 3H2O Exemplo 2: C + H2SO4 → CO2 + SO2 + H2O O C varia de zero para +4, logo perde 4 elétrons, enquanto o S passa de +6 para +4, ou seja, ganha 2 elétrons. Todos os outros átomos não variam o número de oxidação. O número de elétrons ganhos tem que ser igual ao número de elétrons perdidos, logo fazemos 4 elétrons x 1 = 4 elétrons (C) 2 elétrons x 2 = 4 elétrons (H2SO4) Assim, para que o C ganhe 4 elétrons, são necessárias duas unidades de H2SO4. Portanto, podemos escrever: Agora podemos fazer o balanceamento por tentativa, sem modificar os índices do C e do H2SO4. Como temos 2 S e 1 C à esquerda, adicionamos 2 e 1 como índices do SO2 e do CO2, respectivamente. Temos 4 átomos de H à esquerda, portanto o índice do H2O ser á 2. Com isto temos 8 O à esquerda e 8 O à direita. Logo a equação balanceada é: Descomplicando os Cálculos Estequiométricos Robson Mendes Matos 57 C + 2H2SO4 → CO2 + 2SO2 + 2H2O Exemplo 3: Neste caso precisamos prestar muita atenção. Temos mais de um átomo, tanto no agente redutor quanto no agente oxidante! O Cr varia de +6 para +3, logo cada Cr ganha 3 elétrons, mas como são 2 átomos de Cr, temos 6 elétrons envolvidos na redução. Cada C passa de zero para +4, ou seja, perde 4 elétrons. Porém a espécie C6H12O7 possui 6 átomos de C, logo são 24 elétrons envolvidos na oxidação. Igualando o número de elétrons envolvidos na oxidação e na redução temos: 3 elétron x 2 átomos de Cr x 4 = 24 elétrons (K2Cr2O7) 4 elétrons x 6 átomos de C x 1 = 24 elétrons (C6H12O7) Assim, precisamos que 5 unidades de K2Cr2O7 para ganhar 24 elétrons de uma unidade de C6H12O7. Portanto, podemos escrever: Fazendo o balanceamento dos átomos restantes, por tentativa, chegamos à seguinte equação: Exemplo 4: Descomplicando os Cálculos Estequiométricos Robson Mendes Matos 58 O C varia de +3 para +4, logo perde 1 elétron, enquanto o Mn passa de +7 para +2, ou seja, ganha 5 elétrons. Todos os outros átomos não variam o número de oxidação. O número de elétrons ganhos tem que ser igual ao número de elétrons perdidos. Aqui temos que prestar muita atenção, pois cada carbono perde 1 elétron, mas H2C2O4 possui 2 átomos de carbono. Assim, fazemos: 1 elétron x 2 átomos de C x 5 = 10 elétrons (H2C2O4) 5 elétrons x 2 = 10 elétrons (KMnO4) Assim, 5 unidades de H2C2O4 perdem 10 elétrons para que 2 unidades de KMnO4 ganhe esses 10 elétrons. Portanto, podemos escrever: Agora podemos fazer o balanceamento por tentativa, sem modificar os índices do H2C2O4 e do KMnO4. Como temos 10 C e 2 Mn à esquerda, adicionamos 10 e 2 como índices do H2C2O4 e do MnO, respectivamente. Colocando os índices 1 e 5 para K2O e H2O, respectivamente, iguala o número de átomos de K, H e O dos dois lados da equação. Logo a equação balanceada é: Descomplicando os Cálculos Estequiométricos Robson Mendes Matos 59 Exemplo 5: O iodo varia de -1 para zero, logo perde 1 elétron, enquanto o Mn passa de +4 para +2, ou seja, ganha 2 elétrons. Como o número de elétrons ganhos tem que ser igual ao número de elétrons perdidos, temos 2 elétrons envolvidos no processo. 1 elétron x 2 = 2 elétrons (KI) 2 elétrons x 1 = 2 elétrons (MnO2) Assim, 2 unidades de KI fornecem 2 elétrons para 1 unidade de MnO2 e podemos escrever: Fazendo o balanceamento por tentativa, sem modificar os índices do KI e do MnO2. A equação balanceada será: Exemplo 6: Descomplicando os Cálculos Estequiométricos Robson Mendes Matos 60 Balanceando: Exemplo 7: Balanceando: Exemplo 8: Balanceando: Descomplicando os Cálculos Estequiométricos Robson Mendes Matos 61 Exemplo 9: Balanceando: Exemplo 10: Balanceando: Exemplo 11: Balanceando: Descomplicando os Cálculos Estequiométricos Robson Mendes Matos 62 6. Cálculos estequiométricos Faremos uma abordagem de cálculos estequiométricos através da resolução de problemas. Iniciaremos com um problema simples e iremos aumentando o grau de dificuldade deste mesmo problema adicionando outras variáveis. Exemplo 1: A fermentação da glicose ocorre segundo a equação abaixo: C6H12O6→ C2H5OH + CO2 (equação não balanceada) Calcule a quantidade de álcool etílico que será produzido a partir de 489,0 g de glicose? Resolução: Inicialmente fazemos o balanceamento da equação. O balanceamento por ser feito por tentativa. Mas primeiro fazemos o balanceamento dos hidrogênios, pois ele só aparece em um dos produtos. A equação balanceada será: C6H12O6 → 2C2H5OH + 2CO2 Agora devemos calcular a massa molecular da glicose e do álcool etílico: MM(C6H12O6) = 6 x (12,0 u) + 12 x (1,00 u) +6 x(16,0 u) = 180,0 u MM(C2H6O) = 2 x (12,0 u) + 6 x (1,00 u) +1 x(16,0 u) = 46,0 u As massas molares da glicose e do álcool etílico são: Mm (C6H12O6) = 180 g mol–1 e Mm (C2H6O) = 46 g mol–1 De acordo com a equação temos: 1 mol de glicose ─ 1 mol de álcool etílico 180,0 g mol-1 de glicose ─ 2 x 46,0 g mol-1 de álcool etílico 489,0 g ─ x Descomplicando os Cálculos Estequiométricos Robson Mendes Matos 63 g molg gmolgx x 93,249 0,180 0,4890,462 1 1 == − − Serão produzidos 249,9 g de álcool etílico. Exemplo 2: A fermentação da glicose ocorre segundo a equação abaixo: C6H12O6 → C2H5OH + CO2 (equação não balanceada) Calcule a quantidade de álcool etílico que será produzido a partir de 489,0 g de glicose, considerando que o processo tem um rendimento de 75,00%? Resolução: Inicialmente fazemos o balanceamento da equação. O balanceamento por ser feito por tentativa. Mas primeiro fazemos o balanceamento dos hidrogênios, pois ele só aparece em um dos produtos. A equação balanceada será: C6H12O6 → 2C2H5OH + 2CO2 Agora devemos calcular a massa molecular da glicose e do álcool etílico: MM(C6H12O6) = 6 x (12,0 u) + 12 x (1,00 u) +6 x(16,0 u) = 180,0 u MM(C2H6O) = 2 x (12,0 u) + 6 x (1,00 u) +1 x(16,0 u) = 46,0 u As massas molares da glicose e do álcool etílico são: Mm (C6H12O6) = 180 g mol–1 e Mm (C2H6O) = 46 g mol–1 De acordo com a equação temos: 1 mol de glicose ─ 1 mol de álcool etílico 180,0 g mol-1 de glicose ─ 2 x 46,0 g mol-1 de álcool etílico 489,0 g ─ x g molg gmolgx x 93,249 0,180 0,4890,462 1 1 == − − Se o processo tivesse um rendimento de 100%, ou seja, se não houvesse nenhuma perda durante a reação, obteríamos 249,93 g de álcool. Portanto, precisamos fazer um cálculo adicional: Descomplicando os Cálculos Estequiométricos Robson Mendes Matos 64 249,93 g de álcool ─ 100% de rendimento x ─ 75,00% gxx 45,187 %100 %00,7593,249 == Serão produzidos 187,5 g de álcool etílico. Exemplo 3: A fermentação da glicose ocorre segundo a equação abaixo: C6H12O6 → C2H5OH + CO2 (equação não balanceada) Calcule a quantidade de álcool etílico que será produzido a partir de 489,0 g de glicose com pureza de 98,2% e considerando que o processo tem um rendimento de 85,0%? Resolução: Inicialmente fazemos o balanceamento da equação. O balanceamento por ser feito por tentativa. Mas primeiro fazemos o balanceamento dos hidrogênios, pois ele só aparece em um dos produtos. A equação balanceada será: C6H12O6 → 2C2H5OH + 2CO2 Agora devemos calcular a massa molecular da glicose e do álcool etílico: MM(C6H12O6) = 6 x (12,0 u) + 12 x (1,00 u) +6 x(16,0 u) = 180,0 u MM(C2H6O) = 2 x (12,0 u) + 6 x (1,00 u) +1 x(16,0 u) = 46,0 u As massas molares da glicose e do álcool etílico são: Mm (C6H12O6) = 180 g mol–1 e Mm (C2H6O) = 46 g mol–1 Antes de iniciarmos o cálculo de quanto do álcool será produzido, precisamos calcular a pureza da glicose. A pureza nada mais é do que a porcentagem em massa. Quando é dito que a glicose tem uma pureza de 98,2%, significa dizer que de cada 100 g do material utilizado (“solução), apenas 98,2 g é glicose, o restante é impureza. Assim: 100 g da amostra ─ 98,2 g é glicose 489,0 g ─ x Descomplicando os Cálculos Estequiométricos Robson Mendes Matos 65 g g gg x 2,480 100 2,980,489 == Logo, a quantidade de glicose que foi realmente utilizada no processo é 480,2 g. De acordo com a equação temos: 1 mol de glicose ─ 1 mol de álcool etílico 180,0 g mol-1 de glicose ─ 2 x 46,0 g mol-1 de álcool etílico 480,2 g ─ x g molg gmolgx x 4,245 0,180 2,4800,462 1 1 == − − Se o processo tivesse um rendimento de 100%, ou seja, se não houvesse nenhuma perda durante a reação, obteríamos 245,4 g de álcool. Portanto, precisamos fazer um cálculo adicional: 245,4 g de álcool ─ 100% de rendimento x ─ 85,0% gxx 6,208 %100 %0,854,245 == Assim, obteremos 208,6 g de álcool etílico. Exemplo 4: A fermentação da glicose ocorre segundo a equação abaixo: C6H12O6 → C2H5OH + CO2 (equação não balanceada) Calcule o volume de álcool etílico que será produzido a partir de 489,0 g de glicose. Considere que a glicose tenha pureza de 97,6%, que o processo tenha um rendimento de 96,0% e que d = 0,789 g mL-1? Resolução: Inicialmente fazemos o balanceamento da equação. O balanceamento por ser feito por tentativa. Mas primeiro fazemos o balanceamento dos hidrogênios, pois ele só aparece em um dos produtos. A equação balanceada será: C6H12O6 → 2C2H5OH + 2CO2 Descomplicando os Cálculos Estequiométricos Robson Mendes Matos 66 Agora devemos calcular a massa molecular da glicose e do álcool etílico: MM(C6H12O6) = 6 x (12,0 u) + 12 x (1,00 u) +6 x(16,0 u) = 180,0 u MM(C2H6O) = 2 x (12,0 u) + 6 x (1,00 u) +1 x(16,0 u) = 46,0 u As massas molares da glicose e do álcool etílico são: Mm (C6H12O6) = 180 g mol–1 e Mm (C2H6O) = 46 g mol–1 Antes de iniciarmos o cálculo de quanto do álcool será produzido, precisamos calcular a pureza da glicose. A pureza nada mais é do que a porcentagem em massa. Quando é dito que a glicose tem uma pureza de 97,6%, significa dizer que de cada 100 g do material utilizado (“solução), apenas 97,6 g é glicose, o restante é impureza. Assim: 100 g da amostra ─ 97,6 g é glicose 489,0 g ─ x g g gg x 3,477 100 6,970,489 == Logo, a quantidade de glicose que foi realmente utilizada no processo é 477,3 g. De acordo com a equação temos: 1 mol de glicose ─ 1 mol de álcool etílico 180,0 g mol-1 de glicose ─ 2 x 46,0 g mol-1 de álcool etílico 477,3 g ─ x g molg gmolgx x 9,243 0,180 3,4770,462 1 1 == − − Se o processo tivesse um rendimento de 100%, ou seja, se não houvesse nenhuma perda durante a reação, obteríamos 243,9 g de álcool. Portanto, precisamos fazer um cálculo adicional: 243,9 g de álcool ─ 100% de rendimento x ─ 97,6% gxx 0,238 %100 %6,979,243 == Agora precisamos transformar a massa encontrada em volume: Descomplicando os Cálculos Estequiométricos Robson Mendes Matos 67 mL mLg g v d m v v md 3,366 789,0 0,238 1 ==∴=∴= − Assim, obteremos 366 mL de álcool etílico. Exemplo 5: Precisamos obter 5,45 L de álcool etílico. No nosso laboratório, no momento, o único reagente disponível para esta reação é um frasco de glicose que tem 68,4% de pureza. Sabe-se que a fermentação da glicose tem rendimento de 98,7% e que a densidade do álcool etílico é 0,789 g mL-1. Quanto da nossa amostra de glicose devemos utilizar para obtermos a quantidade de álcool desejada? C6H12O6 → C2H5OH + CO2 (equação não balanceada) Resolução: Inicialmente fazemos o balanceamento da equação. O balanceamento por ser feito por tentativa. Mas primeiro fazemos o balanceamento dos hidrogênios, pois ele só aparece em um dos produtos. A equação balanceada será: C6H12O6 → 2C2H5OH + 2CO2 Agora devemos calcular a massa molecular da glicose e do álcool etílico: MM(C6H12O6) = 6 x (12,0 u) + 12 x (1,00 u) +6 x(16,0 u) = 180,0 u MM(C2H6O) = 2 x (12,0 u) + 6 x (1,00 u) +1 x(16,0 u) = 46,0 u As massas molares da
Compartilhar