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1 2 EGN008 – GESTÃO DE ESTOQUES UNIVERSIDADE DO GRANDE RIO - PROFESSOR JOSÉ DE SOUZA HERDY CSA - ESCOLA DE CIÊNCIAS SOCIAIS E APLICADAS SUMÁRIO 7 CLASSIFICAÇÃO DOS ESTOQUES (MÉTODO ABC: PRINCÍPIO DE PARETO) 3 7.2 EXEMPLO DE CONSTRUÇÃO DO GRÁFICO ................................................ 5 7.3 Aplicação Prática do Método ABC ........................................................................ 7 8 PREVISÃO DE ESTOQUES ........................................................................................ 8 8.1 CARACTERÍSTICAS DA DEMANDA ............................................................... 8 8.2 TÉCNICAS DE PREVISÃO DE CONSUMO .................................................... 11 8.3 MÉTODO DO ÚLTIMO PERÍODO (MUP) ....................................................... 11 8.4 MÉTODO DA MÉDIA MÓVEL SIMPLES (MMS) .......................................... 11 8.5 MÉTODO DA MÉDIA MÓVEL PONDERADA (MMP) .................................. 12 9 LOTE ECONÔMICO DE COMPRAS ....................................................................... 13 9.1 CUSTOS RELACIONADOS AOS ESTOQUES ................................................ 13 9.2 BASE PARA O LOTE ECONÔMICO DE COMPRAS ................................. 14 9.3 CÁLCULO DO LOTE ECONÔMICO DE COMPRAS ...................................... 14 10 CÁLCULOS E TERMINOLOGIA NA GESTÃO DE ESTOQUES ........................ 15 10.1 CONSUMO MÉDIO MENSAL (CMM): .......................................................... 15 10.2 ESTOQUE DE SEGURANÇA (ES) FÓRMULA SIMPLES COM GRAU DE ATENDIMENTO (K) ................................................................................................ 16 10.2.1 GRAU DE ATENDIMENTO ......................................................................... 16 10.3 TEMPO DE RESSUPRIMENTO (TR) .............................................................. 16 10.4 PONTO DE RESSUPRIMENTO (PR) .............................................................. 17 10.5 QUANTIDADE DE RESSUPRIMENTO (QR) ................................................ 17 10.6. INTERVALO DE RESSUPRIMENTO (IR) .................................................... 17 10.7 ESTOQUE MÉDIO (EM) .................................................................................. 18 10.8 NÍVEL OPERACIONAL (NO) ......................................................................... 18 10.9 RUPTURA DE ESTOQUE ................................................................................ 18 REFERÊNCIAS ............................................................................................................. 21 3 7 CLASSIFICAÇÃO DOS ESTOQUES (MÉTODO ABC: PRINCÍPIO DE PARETO) Uma ferramenta muito utilizada na gestão de estoques é a chamada análise ABC. Esse método, bastante empregado na linguagem corrente da gestão dos estoques, é um instrumento de planejamento que permite ao agente orientar seus esforços em direção ao resultados mais significativos para sua organização. É baseado nas conclusões de Pareto que, ao estudar a distribuição ente a população do sistema econômico em que vivia, estabeleceu um princípio, segundo o qual, o maior segmento da renda nacional concentrava-se em uma pequena parcela da população, enquanto a maioria desta absorvia a menor parte da mesma renda. Nas últimas décadas, a partir dos esforços iniciais da General Electric americana, o princípio de Pareto tem sido adaptado ao universo de materiais, particularmente à gerência de estoques, com o nome de classificação ABC. O fundamento do método é aplicável a muitas situações onde seja possível estabelecer prioridades: uma tarefa a cumprir é mais importante que a outra, uma obrigação é mais significativa que a outra, de modo que a soma de algumas partes dessas tarefas ou obrigações de importância elevada representam, provavelmente, uma grande parcela das obrigações totais. Pode-se fazer uma classificação ABC por peso, por volume, por tempo de reposição, por valor de demanda, por inventário, por custo unitário, por aquisições realizadas e, assim por diante. Consideremos o método ABC aplicado aos estoques. Neste caso, podemos afirmar que, na maior parte das organizações, os estoques apresentam, em média, a seguinte distribuição em termos de quantidade e valor: 4 Na Classe A, estão os itens de valor elevado e que requerem maior cuidado, na Classe B, estão os itens de valor intermediário, já na Classe C, ficam os itens de menor valor. Dessa forma podemos associar o estoque da seguinte maneira: Classe A - controle rigoroso Classe B - controle moderado e Classe C - controle simples. A estratificação apresentada poderá variar de empresa para empresa. Porém, o que desejamos deixar bem claro é a existência, em qualquer organização, dos três extratos (ABC) com suas características de distribuição "quantidade x valor" claramente definidas. 7.1 CONSTRUÇÃO DO GRÁFICO Podemos inferir que uma pequena economia obtida em relação aos materiais da classe A deverá ser mais significativa que uma grande redução de custos em materiais da classe C. Desta forma, as decisões do gerente de estoques deverão, sempre que possível, ser dirigidas para os benefícios decorrentes da boa gestão para os materiais da classe principal. A obtenção da curva ABC para estoques poderá ser feita a partir de dois fatos geradores: inventário dos materiais existentes ou previsão de demanda para determinado exercício. Nos dois casos, a metodologia ser utilizada deverá ser a mesma, conforme o seguinte roteiro: •A partir do inventário físico ou da previsão da demanda, multiplicamos a quantidade de cada item por seus custo unitário e obtemos o valor da existência ou do consumo provável. Este processo poderá eventualmente ser empregado para grupos de materiais em vez de itens, na medida em que aqueles representem materiais com grande afinidade de consumo e valor, e o relacionamento item a item se torne repetitivo e oneroso. No entanto, o procedimento usual é voltado para o levantamento por item de material. Relação dos itens •Com os dados da relação colocadas em ordem decrescente de valor, elaboramos uma tabela que fornecerá os percentuais de itens e de valores correspondentes para a obtenção da curva. Tabulação 5 7.2 EXEMPLO DE CONSTRUÇÃO DO GRÁFICO Na realidade, não há uma regra única e definitiva para se conseguir a melhor separação de classes. O importante é não esquecer que materiais sujeitos a estoque distribuem-se nitidamente quanto à relação item x valor de consumo, em parcelas (A,B e C) com características muito peculiares. Convém ao gerente explorara todas as possibilidades dessa estratificação, para aumentar a razão custo x benefício em sua empresa. Exemplo: Dados os seguintes itens; calcule a classificação ABC. •Os pares de dados referentes à percentagem acumulada em quantidade de itens e valores são plotados um a um, ou em intervalos representativos da curva formada. Elaboração da Curva ABC •Será feita com base no princípio de que a classe A deverá abranger o menor número de itens correspondente ao maior valor possível. A relação média de 10 por cento de itens para 70 por cento em valor é apenas um ponto de referência, pois caberá ao gerente de estoques definir os intervalos de sua conveniência. De um modo geral, podemos identificar na curva ABC dois pontos de inflexão bem nítidos, que deverão corresponder aos limites de A para B e de B para C. Separação em Classes A-B-C Item Código Custo Und CMM Custo x CMM Classe % Posição Categoria 1 123 5,00R$ 630 3.150,00R$ 1,16% 10 C 2 456 26,00R$ 986 25.636,00R$9,48% 5 A 3 789 83,00R$ 621 51.543,00R$ 19,06% 2 A 4 1122 58,00R$ 217 12.586,00R$ 4,65% 8 B 5 1455 98,00R$ 413 40.474,00R$ 14,96% 3 A 6 1788 55,00R$ 309 16.995,00R$ 6,28% 6 B 7 2121 10,00R$ 848 8.480,00R$ 3,14% 9 C 8 2454 69,00R$ 528 36.432,00R$ 13,47% 4 A 9 2787 47,00R$ 361 16.967,00R$ 6,27% 7 B 10 3120 62,00R$ 939 58.218,00R$ 21,52% 1 A 270.481,00R$ 100,00% Classificação ABC pelo Custo de Estoque Totais 6 O Cálculo e a montagem são bem Simples e obedecem 5 etapas: 1. Multiplicar o Custo unitário pelo CMM; 2. Dividir cada valor de Custo x CMM pelo valor total do custo x CMM e multiplicar por 100 para encontrar o valor percentual; 3. Colocar os valores percentuais em sequência decrescente de representatividade (1 é o maior valor e 10 o menor valor percentual); 4. Calcular o Acumulativo percentual para efetuar o corte das categorias. 5. Classificar os itens. Por fim o resultado deverá será esse: A título de ilustração, consideremos o método do prof. Wilson Nogueira Rodrigues , que estudou um processo gráfico para a determinação dos pontos de separação entre as classes A, B e C. A justificativa apresentada para a adoção de tal método é que, em um estoque de muitos itens, as percentagens estão tão próximas umas das outras que se torna difícil, sem incorrer em boa margem de erro, a separação das classes. 1. O processo gráfico do Prof. Wilson Nogueira, ilustrado a seguir, tem por base o seguinte roteiro: 2. Traçado de dois eixos de coordenadas com escalas iguais representando as percentagens acumuladas em itens e valores. 3. Traçado da curva das percentagens acumuladas. 4. União por uma reta dos pontos inicial e final da curva (O e Z). 5. Traçado de uma tangente à curva, paralela à reta OZ, obtendo-se então dois pontos X e Y. 6. Traçado das bissetrizes dos ângulos OXY e XYZ. 7. Onde as bissetrizes cortarem a curva, estarão os pontos de separação das classes A, B e C. Código Classificação Posição Acumulativo Categoria 3120 21,52% 1 21,52% A 789 19,06% 2 40,58% A 1455 14,96% 3 55,54% A 2454 13,47% 4 69,01% A 456 9,48% 5 78,49% A 1788 6,28% 6 84,77% B 2787 6,27% 7 91,05% B 1122 4,65% 8 95,70% B 2121 3,14% 9 98,84% C 123 1,16% 10 100,00% C 7 7.3 Aplicação Prática do Método ABC CLASSE A B C Atividade Análise do comportament o da demanda e do tempo de ressuprimento Alta frequência Ex: Bimestral Média Frequência Ex: Semestral Baixa frequência Ex: Anual Determinação dos estoques de Segurança Cálculo rigoroso com estudos sobre o custo de falta Cálculo flexível com boa margem de segurança Cálculo bastante generoso com grande margem de segurança Sistemas de controle de estoques Revisões periódicas Quantidades fixas Duas gavetas ou duas caixas Rotação dos Estoques Elevado coeficiente de rotação (para as características da empresa) Médio coeficiente de rotação Baixo coeficiente de rotação Inventário Fìsico* Alta frequência Ex: Trimestral Média frequência Ex: Semestral Baixa frequência Ex: anual Frequência anual de ressuprimentos Elevada Média Baixa, de preferência única Cadastro de Fornecedores Pesquisa sistemática para a seleção de novas fontes. Acompanhament o rigoroso da evolução dos preços Menor rotação de fornecedores. Acompanhament o menos rigoroso da evolução dos preços Baixa rotação de fornecedores. Baixo nível de acompanhament o dos preços Análise de Valor Primeira prioridade para desenvolvimento dos estudos Segunda prioridade Terceira prioridade * Uma alternativa válida é o emprego da classificação ABC por custo unitário, e não por valor de demanda. Vá além da sala de aula... Para ver mais exemplos e aprofundar-se no cálculo acesse: http://www.ogerente.com.br/novo/colunas_ler.php?canal=1 1&canallocal=41&canalsub2=132&id=180 8 8 PREVISÃO DE ESTOQUES Na previsão para estoques, a previsão de consumo ou demanda estabelece estimativas futuras dos produtos/serviços comercializados pela empresa. Estabelece, quais produtos, quanto desses produtos e quando serão comprados pelos clientes. A previsão possui três características básicas: 1. É o ponto de partida de todo o planejamento empresarial; 2. Não é uma meta de vendas; 3. Sua precisão deve ser compatível com o custo de obtê-la. 8.1 CARACTERÍSTICAS DA DEMANDA A dificuldade em estabelecer os níveis de estoque se dá pelos critérios de incerteza a cerca da demanda (procura/necessidade) dos clientes. Para melhor compreender esse conceito é necessário considerar os seguintes tipos de demanda: • É do conhecimento da empresa; • Pode ser programada internamente; • Está sob o controle imediato da empresa. • Peças de um produto Demanda Dependente A quantidade de produtos a ser montada determinará a quantidade de peçasa ser produzida. Demanda dependente • Totalmente desconhecida da empresa; • Depende das condições de mercado; • Fora do controle imediato da empresa. • Produto Demanda independente Mercado consumidor Demanda Independente 9 Outra Classificação da Demanda pode ser atribuída de acordo com a evolução do consumo: a) Quanto à Evolução de Consumo Constante (ECC): também conhecida como demanda regular, neste tipo notamos que o volume de consumo permanece constante, sem alterações significativas. Ex.: empresas que mantêm suas vendas estáveis, seja lá qual for seu produto, mercado ou concorrentes. Figura 1 – Demanda Regular b) Quanto à Evolução de Consumo Sazonal (ECS): também conhecida como demanda cíclica, neste tipo o volume de consumo passa por oscilações regulares no decorrer de certos períodos ou do ano, sendo influenciado por fatores culturais e ambientais, com desvios de demanda superiores/inferiores a 30% de valores médios é o caso de: sorvetes, enfeites de natal, ovos de páscoa etc. Figura 2 – Demanda Sazonal 10 c) Quanto à Evolução do Consumo Irregular: Este tipo caracteriza-se pela difícil projeção de vendas, principalmente quando o comportamento da série está combinado com tempos de ressuprimento muito longos ou pouco flexíveis. Mas adiante abordaremos conceitos de previsão de estoques e projeção de demanda adequada a diferentes modelos. Para se decidir quais serão as dimensões e a distribuição no tempo da demanda dos produtos/serviços, é necessário se obter informações básicas de duas categorias: quantitativas e qualitativas • Influência da propaganda. • Evolução das vendas no tempo. • Variáveis cuja evolução e explicação estão ligadas diretamente às vendas. Exemplo: criação de novas áreas ou produtos/serviços; • Variáveis de fácil previsão, relativamente ligadas às vendas (população, renda, faixa etária, etc); • Variações decorrentes de modismos. • Variações decorrentes de situações econômicas. • Crescimento populacional. • Eventos a) Quantitativas • Opinião dos gerentes; • Opinião dos vendedores; • Opinião dos compradores; • Opinião da produção; • Pesquisa de mercado. b) Qualitativas 11 8.2 TÉCNICAS DE PREVISÃO DE CONSUMO A Previsão de Estoques é o ponto de partida, a base da administração de materiais e utiliza técnicas baseadas em: a) Projeção: são aquelas que o futuro será repetição do passado ou as vendas evoluirão no tempo, possui a natureza essencialmente quantitativa; b) Explicação: procura-se explicar as vendas do passadomediante de leis que relacionem as mesmas com outras variáveis cuja evolução é conhecida ou previsível. São aplicações de técnicas de regressão e correlação; c) Predileção: é o estabelecimento da evolução das vendas futuras através de funcionários experientes e conhecedores de fatores de influência nas vendas e no mercado. 8.3 MÉTODO DO ÚLTIMO PERÍODO (MUP) É o mais simples, sem fundamento matemático, utiliza como previsão para o próximo período o valor real do período anterior. Ex: Uma empresa, registrou nesse ano o seguinte histórico de vendas do produto X: De acordo com o método MUP calcular a previsão de demanda para Maio. Para Maio (MUP)= o último período foi Abril, 105 unidades portanto, a previsão para agosto será de 105 unidades. Este método é muito precário, pois não utiliza nenhum tipo de informação externa, de sazonalidade. Infelizmente muitas empresas adotam-no pela simplicidade ou mesmo pela falta de conhecimentos por parte dos responsáveis pelos estoques. 8.4 MÉTODO DA MÉDIA MÓVEL SIMPLES (MMS) A previsão do próximo período é obtida por meio de cálculo da média aritmética do consumo dos períodos anteriores. Como resultado desse modelo, teremos valores menores que os ocorridos, caso o consumo tenha tendências crescente, e maiores se o consumo tiver tendências decrescentes, nos últimos períodos. Por isso este método também não é muito confiável, pois desconsidera tendências de demanda real. Exemplo: Usando os mesmos valores do exemplo anterior temos: P (MMS)= (C1+C2+C3+...............+ Cn) n P(MMM)= 106 + 91 + 91 + 105 = 98,25 ou 99 unidades 4 Mês Jan Fev Mar Abr Quantidade 106 91 91 105 12 8.5 MÉTODO DA MÉDIA MÓVEL PONDERADA (MMP) A previsão é dada através de ponderação dada a cada período, de acordo com a sensibilidade do administrador, obedecendo algumas regras: 1ª O período mais próximo recebe peso de maior ponderação e para os outros haverá uma redução gradativa para os mais distantes. 2ª O período mais antigo recebe peso de menor ponderação. 3ª A soma das ponderações deve ser sempre 100%. Este modelo elimina em parte algumas precariedades dos modelos anteriores, mas mesmo assim como está sujeito ao arbitramento dos percentuais pelo administrador, uma análise mal feita resultará numa previsão equivocada, ocasionando muitos prejuízos. P(MMP)= (C1xP1) + (C2xP2) + (C3xP3)+ ........+(CnxPn) Para o exemplo em questão daremos as ponderações para cada período, conforme o enunciado (regra): P(MMP)= (106 x 0,05) + (91 x 0,15) + (91 x 0,30) + (105 x 0,5) P(MMP)= 5,3 + 13,65 + 27,3 + 52,5 = 98,75 ou 99 unidades Onde P(MMP)= Previsão próximo período através do método da média ponderada. C1,C2,C3,Cn= Consumo nos períodos anteriores P1,P2,P3,Pn = Ponderação dada a cada período Obs.: Reforçando o enunciado anterior, as ponderações são fundamentadas de acordo com influência do mercado. A soma deverá ser 100% sendo o maior valor para o ultimo período (o anterior ao que será calculado), para o período mais recente (40% a 60%) e para o último (5%). Vá além da sala de aula... Existem ainda modelos mais apurados de cálculo que poderão ser vistos com mais detalhes em: http://www.logisticadescomplicada.com/controle-de- estoques-logistica-e-previsao-de-demanda/ Mês Quant Peso Jan 106 5% Fev 91 15% Mar 91 30% Abr 105 50% 100%Totais 13 9 LOTE ECONÔMICO DE COMPRAS Um dos principais desafios do Gestor de Estoques é o de dimensionar corretamente os níveis de quantidade para o atendimento das necessidades dos clientes dentro de períodos de tempo. Boa parte dos esforços desse trabalho de planejamento está ligada à programação das aquisições de itens que serão realizadas. Uma ferramenta de grande valia nesse momento é o cálculo do Lote Econômico de Compras (LEC). Podemos definir o Lote Econômico de Compras (LEC) como a quantidade a ser adquirida de um item que vai minimizar os custos de estocagem e de aquisição. 9.1 CUSTOS RELACIONADOS AOS ESTOQUES 1. Custos proporcionais aos estoques: São os custos que crescem com o aumento do estoque médio. Por exemplo: Quanto maior o estoque, maior o capital investido. Quanto maior o estoque, maior a área necessária, maior o aluguel. Quanto maior o estoque, maior o número de pessoas e equipamentos para manusear o estoque. Quanto maior o estoque, maior a cobertura do seguro. 2. Custos Inversamente Proporcionais aos Estoques: São os custos que diminuem com o aumento do estoque médio. Quanto mais vezes comprar (ou se preparar a fabricação), menores serão os estoques médios e maiores serão os custos decorrentes dos processos de compras (ou de preparação). As despesas que compõem o custo de obtenção incluem: mão de obra (emissão e processamento do pedido); material utilizado na confecção do pedido (papel, envelopes, selos, etc.); custos indiretos (telefonemas, energia, etc.) 3. Custos Independentes: Os custos independentes são aqueles que independem do estoque médio mantido pela empresa, ou seja, independe da quantidade estocada. Também são chamados de custos fixos, como, por exemplo, o custo do aluguel de um galpão. Ele geralmente é um valor fixo, independente da quantidade estocada. É medido por R$/mês e é representado por CI. 4. Custo Total: Se somarmos os três fatores de custo analisados até aqui, teremos os custos totais decorrentes da necessidade de se manter estoques (CT). 14 9.2 BASE PARA O LOTE ECONÔMICO DE COMPRAS Numa análise mais apurada dos custos de estoques temos: É possível perceber que o Lote Econômico de Compras (LEC) surge como o ponto de equilíbrio entre os custos, assinalando a alternativa mais viável de aquisição do ponto de vista econômico. Porém para que o LEC seja considerado, algumas suposições precisam ser atendidas: A demanda considerada é conhecida e constante; Não há restrições quanto ao tamanho dos lotes (os caminhões de transporte não tem capacidade limitada e o fornecedor pode suprir tudo o que desejarmos); Os custos envolvidos são apenas de estocagem (por unidade) e de pedido (por ordem de compra); O lead time é constante e conhecido; Não é considerada a possibilidade de agregar pedidos para mais de um produto do mesmo fornecedor. Tais limitações fazem com que o método do Lote Econômico de Compras seja muito criticado por muitos especialistas, mas uma vez adequado a realidade de cada negócio pode configurar como uma importante ferramenta para a adequação dos níveis de estoques. 9.3 CÁLCULO DO LOTE ECONÔMICO DE COMPRAS A fórmula para o cálculo do lote Econômico de Compras LEC é a seguinte: 𝑳𝑬𝑪 = √ 𝟐𝑪𝑷𝑫 𝑪𝑨 Onde: Cp = Custo de Obtenção D = Demanda Ca = Custo de Armazenagem 15 Aplicação Prática: A Esporte Fino LTDA é uma loja de roupas masculinas que compra em média 400 exemplares de um determinado modelo de camisas por ano. Cada vez que o fornecedor deste produto entrega um pedido os custos do processo de aquisição ficam em torno de R$ 100,00 e cada camisa descarregada custa para a loja R$ 30,00. O custo anual de manutenção dos estoques da loja para esse produto é de R$ 2,00 por camisa. Qual o LEC para esse produto? 𝑳𝑬𝑪 = √ 𝟐𝑪𝑷𝑫 𝑪𝑨 𝑳𝑬𝑪 = √ 𝟐𝒙𝟏𝟎𝟎𝒙𝟒𝟎𝟎 𝟐 𝑳𝑬𝑪 = √ 𝟖𝟎. 𝟎𝟎𝟎 𝟐 𝑳𝑬𝑪 = √𝟒𝟎. 𝟎𝟎𝟎 𝑳𝑬𝑪 = 𝟐𝟎𝟎 𝒖𝒏𝒊𝒅𝒂𝒅𝒆𝒔 10 CÁLCULOS E TERMINOLOGIA NA GESTÃO DE ESTOQUES 10.1 CONSUMO MÉDIO MENSAL (CMM): Equivale a média dos consumos registrados em meses anteriores de um determinado item. Também pode aparecercomo Demanda (D) ou receber o valor da previsão de demanda para o período. Mais adiante estudaremos cálculos mais detalhados de demanda. Para efeito de Consumo Médio Mensal utilizamos os registros da demanda consolidada dos últimos meses. CMM = (Consumo Mês 1 + Consumo Mês 2 + ... Consumo Mês N) Número de Meses Onde: CMM é o Consumo Médio Mensal Exemplo: CMM = (100un + 105un + 95un + 102un + 98un) 5 meses CMM =100 unidades 16 10.2 ESTOQUE DE SEGURANÇA (ES) FÓRMULA SIMPLES COM GRAU DE ATENDIMENTO (K) Também chamado de estoque mínimo, é a menor quantidade que deve existir em estoque, para manter ininterrupto o fluxo de venda e/ou consumo em caso de situações anormais como Atraso na entrega por parte do fornecedor, Falta de material no mercado, Aumento das vendas e/ou consumo na produção, etc. O estabelecimento de uma margem de segurança é o risco que a empresa está disposta a assumir com a ocorrência de falta de estoque. Além disso, estoque mínimo elevado pode gerar grau de imobilização financeira elevada e elevação dos custos ao passo que Estoque mínimo reduzido pode acarretar perda de vendas e paralisação da produção. ES = CMM x K Exemplo: CMM = 100 GA = 60% ES = 100 x 0,6 = 60 un Onde: CMM = Consumo Médio Mensal K = fator de segurança proporcional ao grau de atendimento (GA) desejado para o item. 10.2.1 GRAU DE ATENDIMENTO O Grau de atendimento está diretamente relacionado com a certeza a cerca da previsão de demanda. Quanto maior a certeza da previsão de demanda menores serão os valores para risco e o grau de atendimento. GA = 1- RISCO Exemplo: GA = 60% ou 0,6 0,6 = 1 – Risco Risco = 1- 0,6 = 0,4 ou 40% Onde: GA = Grau de Atendimento Risco = a possibilidade de não atender a demanda. 10.3 TEMPO DE RESSUPRIMENTO (TR) É o tempo gasto desde a verificação de que o estoque precisa ser reposto até a chegada efetiva do material no almoxarifado da empresa. Este tempo pode ser desmembrado em três partes: - Emissão do pedido: tempo que leva desde a emissão do pedido de compra pela empresa até ele chegar ao fornecedor. - Preparação do pedido: tempo que leva o fornecedor para fabricar os produtos, faturamento e deixá-los em condições de transporte. - Transporte: tempo que leva da saída do fornecedor até o recebimento pela empresa dos materiais encomendados. Para adequação na Fórmula é necessário realizar alguns ajustes: Fator TR = Tempo de Reposição Tempo do Período Exemplo: TR Dias Fator TR 1 0,03 3 0,10 5 0,17 10 0,33 15 0,50 30 1,00 Tabela de TRs 17 TR = 5 dias Tempo do Período = 1 mês Fator TR = 5 dias = 0,17 30 dias 10.4 PONTO DE RESSUPRIMENTO (PR) Ponto de Ressuprimento (PR): Representa, em quantidade, quando um determinado item necessita de um novo suprimento (novo pedido). O saldo em estoque deverá ser suficiente até a entrada de um novo ressuprimento. PR = (CMM x TR) + ES. Exemplo: CMM = 100 un ES = 60 un TR = 5 dias PR = (100 x 0,17) + 60 PR = 77 un Onde: PR = Ponto de Ressuprimento CMM = Consumo Médio Mensal TR = Tempo de Ressuprimento 10.5 QUANTIDADE DE RESSUPRIMENTO (QR) É a quantidade a ser adquirida quando o nível do estoque atingir o ponto de Ressuprimento. OBS: não se levando em consideração os aspectos de ordem financeira e variações de estoque. QR = CMM x IR Exemplo: CMM = 100 un IR = 1 mês QR = 100 x 1 QR = 100 unidades Onde: QR = Quantidade de Ressuprimento CMM = Consumo Médio Mensal IR = Intervalo de Ressuprimento 10.6. INTERVALO DE RESSUPRIMENTO (IR) É o tempo relacionado ao número de pedidos possíveis de serem efetuados e atendidos entre uma reposição e outra. IR = QR CMM Exemplo: CMM = 100 um QR = 100 um IR = 100 100 IR= 1 mês Onde: QR = Quantidade de Ressuprimento CMM = Consumo Médio Mensal IR = Intervalo de Ressuprimento 18 10.7 ESTOQUE MÉDIO (EM) É a quantidade de itens em estoque que serve de balizador para outros cálculos e como medida de tendência para indicadores de desempenho do estoque. EM = (QR/2) + ES Exemplo: QR = 100 ES = 60 EM = (100/2) + 60 EM = 50 + 60 EM = 110 unidades Onde: QR = Quantidade de Ressuprimento ES = Estoque de Segurança EM = Estoque Médio 10.8 NÍVEL OPERACIONAL (NO) É a quantidade de itens em estoque necessária para atender a demanda e suas possíveis oscilações. NO = QR + ES Exemplo: QR = 100un ES = 60 um NO = 100 + 60 NO = 160 unidades Onde: QR = Quantidade de Ressuprimento ES = Estoque de Segurança 10.9 RUPTURA DE ESTOQUE É caracterizado quando o estoque chega a zero e não pode atender uma necessidade de consumo. APLICAÇÃO PRÁTICA 1) A empresa XYZ possui um determinado produto que apresentou o seguinte registro de demanda consolidada nos último 6 meses: O tempo de entrega pelo fornecedor desse item é de em média 5 dias, e o estoque de segurança que a empresa mantém equivale a 20% do consumo médio mensal. Com base nessas informações, qual seria o ponto de ressuprimento desse item? Mês Jan Fev Mar Abr Quantidade 108 107 90 105 Demanda Consolidada do Produto 1 19 Resolução: CMM = (Consumo Mês 1 + Consumo Mês 2 + ... Consumo Mês N) Número de Meses CMM = (108 + 107 + 90 + 105) = 102,5 ou 103 unidades. 4 ES = CMM x K ES = 103 x 0,20 = 20,6 ou 21 unidades PR = (CMM x TR) + ES PR = (103 x 0,17) + 21 PR = 17,51 + 21 = 38,51 ou 39 unidades. MÉTODO DAS QUANTIDADES FIXAS 2) Determinado item de material apresenta uma consumo médio mensal de 1800 unidades e são feitos, normalmente, 6 ressuprimeníos por ano. O estoque de segurança corresponde à metade da demanda durante o tempo de ressuprimento que é, em média, de l mês. Calcular: a) o ponto de ressuprimento b) a quantidade de ressuprimento c) o nível de ressuprimento d) o estoque médio, considerando um estoque de segurança igual a 600 unidades e) o ponto de ressuprimento considerando um estoque de segurança para l0 dias de consumo Dados: CMM ou D = 1800 unidades/mês IR = 2 meses TR = l mês ES = 0,5 (D x TR) a) ponto de ressuprimenfo (PR): PR = 1800 x 1 + 0,5 (1800 x 1) PR= 1800 + 0,5 x, 1800 PR= 1800 + 900 PR= 2.700 unidades b) quantidade de ressuprimento (QR): QR= D x IR QR = 1.800 x 2 QR = 3600 unidades c) nível de ressuprimento (NR): NR = 1800 (1 +2) + 0,5 x (1800 x 1) NR= 1800 x 3 + 0,5 x 1800 NR = 5400 + 900 NR= 6300 unidades d) estoque médio (EM) EM = (QR/ 2) + ES EM = (3600/2) + 900 EM = l800 + 600 20 EM= 2400 unidades e) ponto de ressuprimento (PR ) PR = D x TR + ES PR= 1800x1 +(10x60) PR = 1800 + 600 PR = 2400 unidades MÉTODO DAS REVISÕES PERIÓDICAS 3) Determinado item de material apresenta uma consumo médio semanal (CMS) de 100 unidades Considerando-se que é mantido um estoque de segurança (ES) de 200 unidades e que o intervalo entre revisões (IR) é de 4 semanas, determinar: a) O Nível de Ressuprimento (NR), com base no Tempo de Ressuprimento (TR) médio de 2 semanas; b) A Quantidade de Ressuprimento (QR) na atual revisão, considerando-se que o Estoque Físico (EF) existente 6 de 300 unidades; c) O Estoque Médio (EM) ao longo de varias revisões. Dados: D = 100 unidades/semana ES = 200 unidades IR = 4 semanas TR = 2 semanas EF = 300 unidades a) Cálculo do Nível de Ressuprimento (NR): NR = D (TR + IR) + ES NR=100 x (2+4)+ 200 NR = (100x6)+ 200 NR = 600 + 200 NR = 800 unidades b) Cálculo da Quantidade de Ressuprimento (QR): QR = NR - EF QR = 800-300 QR = 500 unidades c) Cálculo do Estoque Medio (EM): EM = (D x IR) : 2 + ES, ou EM = = (QR:2) + ES QR = D x IR QR = 100x4 QR = 400 unidades ou, EM = (QR:2) + ES EM = (400 : 2) + 200 EM = 200 + 200 EM = 400 unidades 21 REFERÊNCIAS DIAS, Marco Aurélio P. . Administração de Materiais: Uma Abordagem Logística, 6ª edição. Atlas, 04/2015. VitalSource Bookshelf Online. BALLOU, Ronald H.. Marketing Empresarial: transporte, administração de materiais e distribuição física. São Paulo: Atlas, 2001. BOWERSOX, Donald J.; Closs, David J.. Marketing Empresarial: o processo de integração da cadeia de suprimento. São Paulo: Atlas, 2001. AGRADECIMENTOS: Aos Professores Luiz Moura e Pablo de Barros que cederam parte desse material.
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