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Mecanismos de injúria à célula Letícia Yamasaki Buck Universidade do Oeste Paulista – UNOESTE 2013 Relação célula-injúria Resposta à lesão depende do tipo, intensidade e duração do estímulo. Consequências da injúria dependem do tipo, estado e adaptabilidade da célula. O comprometimento de algum sistema celular produz efeitos secundários generalizados. Primeiro há alteração bioquímica e depois morfológica Causas de injúria celular Hipóxia e Anóxia Agentes físicos Agentes químicos Agentes infecciosos Reações imunes Alterações genéticas Alterações nutricionais Hipóxia e anóxia Falta de oxigênio leva ao decréscimo da fosforilação oxidativa mitocondrial. Produção de ATP é diminuída. Diminuição de todos os mecanismos celulares dependentes de energia Hipóxia e anóxia 1. Diminuição da atividade da Bomba de Na+/K+. Influxo de Na+ e água. Edema celular (RE e mitocôndria). 2. Glicólise anaeróbica Ácido lático - pH Dano a cromatina nuclear (condensação do DNA) Mecanismos enzimáticos prejudicados Meio extracelular Meio intracelular Ca+ Ca+ Ca+ Ca+ Ca+ Ca + Na+ Na+ Na+ Na+ Na+ Na+ H2O Na+ Na+ Na+ H2O H2O H2O H2O H2O H2O H2O Hipóxia e anóxia 3. Desacoplamento dos ribossomos Queda de síntese proteica Deposição de lipídeos 4. Diminuição da síntese de ATP acúmulo de FADH e NADH2 redução da atividade do ciclo de Krebs aumento de acetil CoA Dano ao DNA celular Informação genética Transcrição Tradução Proteína Alterações em seqüências de bases – mutações Mecanismo de síntese proteica prejudicado Não produção Formação de proteínas defeituosas – anômalas Formação de proteínas nocivas Neoplasias Acúmulo de radicais livres “Móleculas que apresentam elétrons não-emparelhados na órbita externa do átomo” Reativos a qualquer outro tipo de molécula: lipídeos,proteínas e ácidos nucleicos. Podem iniciar reações em cadeia com a formação de novos radicais livres. São gerados de reações de oxirredução, com participação do oxigênio O2 -*, OH*, CCl3* Stress oxidativo Acúmulo de radicais livres Mecanismos celulares de inativação Antioxidantes Bloqueiam a formação ou promovem inativação dos RL. Vit E, vit C, SOD. Mecanismos enzimáticos Catalase Superóxido dismutase Glutation peroxidase Acúmulo de radicais livres Efeitos dos radicais livres na injúria celular a) Degradação de fosfolipídeos de membrana Memb. plasmática e de organelas - OH* Interação é instável e altamente reativa Reação em cadeia autocatalítica (propagação) Lesão celular grave Acúmulo de radicais livres b) Modificação oxidativa de proteínas Oxidação de aminoácidos – pontes dissulfeto Fragmentação de proteínas c) Lesão ao DNA Reação com Timina DNA nuclear e mitocondrial Influxo de cálcio Ca+ é um importante mediador da injúria celular. [Ca+] citoplasmática<1µmol (mitocôndria e RE) [Ca+] extracelular = 1,3mmol Essa [Ca+] é modulada pelos canais de Ca+ ATP dependente Aumento da [Ca+] Ativação de enzimas ATPases Fosfolipases Proteases Endonucleases Meio extracelular Meio intracelular Ca+ Ca+ Ca+ Ca+ Ca+ Ca + Na+ Na+ Na+ Na+ Na+ Na+ H2O Na+ Na+ Na+ H2O H2O H2O H2O H2O H2O H2O Ca+ Ca+ Permeabilidade de membrana Perda da capacidade seletiva Mitocôndria, MP e outras organelas Resultado de injúria - ATP, Ca+, RL. Toxinas bacterianas Proteínas virais Sistema complemento Vários agentes físicos e químicos Lesão reversível e irreversível ATP, perda da integridade de membrana, defeitos de síntese proteica e dano ao DNA. Injúria é retirada retorno da homeostasia REVERSÍVEL Injúria excessiva ou persistente morte IRREVERSÍVEL Lesão reversível e irreversível “Linha” de irreversibilidade Difícil determinar – vários mecanismos Inabilidade de reversão da disfunção mitocondrial Distúrbios graves das funções das membranas Degenerações 2013 Degenerações Injúria celular reversível Fatores que causem alterações do metabolismo celular ou tissular, usualmente reversíveis, ocorrendo perda da habilidade de manter o estado de homeostase normal ou adaptado. Degenerações Classificação Os processos degenerativos podem ser agrupados e classificados de acordo com a natureza química da substância que se acumula na célula e/ou interstício lesados. Acúmulo intracelular de Designações Água Degeneração hidrópica Lipídeos Esteatose e Lipidoses Proteínas Transformação hialina Glicídeos Infiltração glicogênica Degeneração hidrópica Acúmulo intracelular de água, consequência de desequilíbrios no controle do gradiente osmótico na membrana citoplasmática e nos mecanismos de absorção e eliminação de água e eletrólitos intracelulares. Degeneração hidrópica Tumefação turva Processo inicial Aspecto homogêneo Degeneração vacuolar Processo mais avançado da tumefação turva. Formação de vacúolos intracitoplasmáticos mal delimitados (citoplasma “rendilhado”) Degeneração hidrópica Causas: Hipóxia, Infecções bacterianas e virais, Hipertermia, Intoxicações endógenas e exógenas, Etc... Degeneração hidrópica Mecanismo: ↓O2 → ↓Respiração mitocondrial → ↓ATP: ↓Atividade da Bomba de Na/K, com ↑Na+ e H2O e ↓K+ ↓Síntese e reciclagem de fosfolípides → Perda de fosfolípides e da integridade da membrana com ↑Ca+2 e ativação de enzimas líticas - Fosfolipases, proteases, ATPases e Endonucleases ↑Respiração anaeróbica, com ↑de lactatos e ↓pH (acidofilia citoplasmática com perda dos grânulos da matriz, condensação da cromatina nuclear). Degeneração hidrópica Características microscópicas Aumento do volume celular, com alteração da proporção citoplasma/núcleo e vacuolização citoplasmática A água se encontra compartimentalizada e, de acordo com a distensão pode ocasionar ruptura celular (base para a formação de vesículas nas viroses epiteliotrópicas vesiculares). Vacúolos aumentam de volume, freqüência e intensidade de acordo com o estágio da lesão. Degeneração gordurosa Conceito: Acúmulo anormal reversível de lípideos no citoplasma de células parenquimatosas (principalmente de túbulos renais, hepatócitos, e fibras do miocárdio - células que normalmente metabolizam muita gordura) Ocorre em células em que normalmente lípideos não seriam evidenciados histologicamente, formando vacúolos (pequenos e múltiplos ou único e volumoso) em consequência de desequilíbrios na síntese, utilização ou mobilização LÓBULO CLÁSSICO ÁCINO PORTAL LÓBULO PORTAL Degeneração gordurosa Esteatose hepática 1. Supressão da síntese proteica Não há formação de proteína – sem liberação de TG Desnutrição Produtos tóxicos (CCl4 – forma radicais livres que destroem membranas de RE). Aflatoxina – liga-se ao DNA nuclear e interfere na síntese de proteínasDegeneração gordurosa Esteatose hepática 2. Supressão da oxidação de AG HIPÓXIA ↓O2 - ↓ fosforilação oxidativa - ↓ ATP Não há oxidação de AG em TG (ou colesterol e fosfolipídeos) Hepatócitos mais afetados: centrolobular Degeneração gordurosa Esteatose hepática 3. Excesso de AG Dieta rica em lipídeos Foie grass (patê de fígado de ganso) Mobilização excessiva do tecido adiposo Inanição (↓ lipídeo e proteínas) Desequilíbrio energético (vacas em alta produção leiteira) Diabetes mellitus Degeneração gordurosa Características macroscópicas: Volume e coloração: causa da quantidade de lipídeo acumulado. ↑ de volume,↓consistência (órgão mais pastoso), ↑ friabilidade e amarelamento, além da presença de gorduras emulsionadas na faca ao corte. No fígado: ↑ de volume e peso com bordas abauladas e consistência amolecida, coloração amarelada, superfície externa lisa e brilhante, e superfície de corte untuosa, sem marcação lobular. No coração: afeta principalmente os músculos papilares, determinando o aparecimento de listas amareladas ("tipo coração tigrado") quando focal. Todo amarelado e flácido quando difusa. Nos rins: ↑ de volume, palidez e amarelamento. Degeneração gordurosa Características microscópicas: Vacuolização citoplasmática (vacúolos bem delimitados) No processamento de rotina (e utilizando-se de HE), o álcool e o xilol dissolvem os lípides tornando o lipossomo um vacúolo vazio (espaço claro = imagem negativa do lípide). Nos hepatócitos: Vacúolos pequenos e múltiplos (fase mais precoce) que podem se coalescer formando um único e volumoso, deslocando o núcleo para a periferia ("Célula em anel de sinete"). A esteatose é quase sempre precedida de Tumefação celular e às vezes ocorre simultaneamente com essa e com necrose. DEGENERAÇÃO HIALINA Conceito: Acúmulo intracelular de material de natureza protéica, conferindo às células e tecidos afetados um aspecto hialino [gr. "hyalos" = vítreo, claro, homogêneo, translúcido, amorfo, denso, eosinofílico e refringente]. DEGENERAÇÃO HIALINA Causas Corpúsculos de inclusão celular Aflatoxina: alteração de DNA e síntese de proteínas anormais Catarata senil Acúmulo excessivo de proteínas normais Acúmulo nas células de epitélio tubular renal na proteinúria Células das vilosidades intestinais do intestino delgado no recém nascido aleitado com colostro. Corpúsculos de inclusão viral
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