Buscar

Saúde familiar

Prévia do material em texto

Saúde Familiar 
 
Filipa Sofia Sampaio 1/1/17 Licenciatura em Enfermagem 
 
 
 
 
1 
 
CONTENTS 
Hábitos Saudáveis ............................................................................................................................................................................ 2 
Plano da Consulta ............................................................................................................................................................................. 4 
Exame físico ....................................................................................................................................................................................... 5 
Consulta Hipertensão..................................................................................................................................................................... 11 
Consulta Diabetes........................................................................................................................................................................... 21 
Doença renal crónica ..................................................................................................................................................................... 46 
Consulta de Planeamento Familiar .............................................................................................................................................. 49 
Sexualidade ................................................................................................................................................................................. 50 
Contracepção .............................................................................................................................................................................. 54 
Interrupção voluntária da gravidez .......................................................................................................................................... 70 
Consulta pré-concepcional ....................................................................................................................................................... 73 
Autovigilância da mama ............................................................................................................................................................ 84 
Autovigilância dos testículos .................................................................................................................................................... 86 
Rastreio Oncológico ................................................................................................................................................................... 86 
Infecções Sexualmente Transmissíveis .................................................................................................................................... 87 
Menopausa ...................................................................................................................................................................................... 88 
Andropausa ..................................................................................................................................................................................... 94 
Plano nacional de vacinação (PNV) .............................................................................................................................................. 97 
 
 
 
 
 
2 
 
HÁBITOS SAUDÁVEIS 
Alimentação Saudável 
 Dieta equilibrada e variada que vai de encontro às necessidades de cada pessoa, 
nomeadamente, peso, sexo, idade e estilo de vida. 
 Adoptar alimentação saudável não implica fazer uma alimentação restritiva ou 
monótona, mas sim variada, uma vez que diferentes alimentos contribuem com 
diferentes nutrientes. 
 Nº de refeições por dia 
o Tomar sempre pequeno almoço 
o Deve ser 5 a 6 refeições por dia, de 3 em 3 horas 
 Composição da alimentação 
o Aumentar consumo de frutas e legumes – 5 porções de frutas e legumes 
por dia (300 a 4000 gr por dia) 
o Aumentar consumo de alimentos ricos em fibra (frutas, legumes, cereais 
integrais, feijão, frutas secas) 
o Aumentar consumo de peixe, carnes brancas, alimentos menos 
processados 
o Aumentar consumo de água – deve ser 1,5l por dia (aprox. 8 copos) 
o Utilizar azeite em vez de óleo 
o Diminuir consumo de alimentos hipercalóricos 
o Diminuir consumo de gordura – consumir menos alimentos ricos em 
gorduras como fast food, fritos 
o Diminuir consumo de sal – não deve exceder os 5 gr por dia 
o Diminuir consumo de açúcar – não deve exceder os 50gr por dia (12 
colheres de café) 
o Diminuir consumo de álcool – não deve exceder os 20 a 30gr diários no 
homem (2 copos de vinho) e os 10 a 20 gr diários na mulher (1 copo de 
vinho). Semanalmente, os homens não devem ingerir mais do que 140gr 
e as mulheres mais do que 80gr 
Atenção aos sumos ou refrigerantes – 1 Iced Tea de limão, com 330 ml, tem 13 gr de 
açúcar. 1 compal light com 330 ml tem 13 gr de açúcar. 1 compal com 330 ml tem 31 
gr de açúcar. 1 sumol, pepsi ou 7up com 330 ml tem 35 ou 36 gr de açúcar. Etc, etc. 
Exercício/ Actividade física 
4 a 7 vezes por semana, durante 30 a 60 minutos, de acordo com a condição física da 
pessoa. 
Segundo a Prefeitura de Londrina (2006), os benefícios da prática de actividade 
física são: 
3 
 
 Diminui a Pressão arterial 
 Diminui a resistência à insulina 
 Melhora a força muscular 
 Melhora a mobilidade articular 
 Melhora o perfil lipídico 
 Melhora a resistência física 
 Aumenta a densidade óssea 
 Controla o peso corporal 
 Diminui o risco cardiovascular 
 
4 
 
PLANO DA CONSULTA 
 
Plano 
1. Iniciar a consulta 
a. Preparar o contexto 
b. Receber o cliente 
c. Estabelecer o plano da consulta 
d. Questionar o cliente sobre como se tem sentido, se tem tido queixas, se 
há algum assunto que gostaria de abordar 
e. Propor tópicos importantes do ponto de vista clínico 
2. Recolha de dados 
a. Entrevista 
i. Explorar queixas, assuntos que o cliente queira abordar 
ii. Avaliar conhecimento, adesão, atitude relativamente a: 
1. Processo patológico 
2. Regime medicamentoso 
3. Regime dietético 
4. Regime de exercício 
5. Autovigilância 
6. Cuidados aos pés 
b. Exame físico 
i. Avaliar pressão sanguínea 
ii. Avaliar glicemia capilar 
iii. Avaliar peso 
iv. Avaliar perímetro abdominal 
v. Avaliar pé 
3. Intervenções 
a. Ensinar, explicar, instruir 
b. Negociar 
4. Encerrar a sessão 
a. Sumarizar 
b. Confirmar e rever plano 
c. Agendar próximo contacto 
Ao longo da consulta 
 Avaliar a perspectiva do cliente 
5 
 
 Pontos de vista 
 Crenças 
 Impacto no seu dia-a-dia 
 Reacções emocionais 
 Expectativas 
 Redes de suporte 
 Demonstrar empatia 
 
EXAME FÍSICO 
 
Avaliar a pressão sanguínea 
 De acordo com a DGS (2011), no consultório, o diagnóstico de hipertensão 
arterial faz-se com base na elevação persistente da pressão sanguínea 
(≥140/90mmHg) em várias medições e em diferentes ocasiões (pelo menos 
duas consultas diferentes com um intervalo mínimo entre elas de uma semana). 
 Assim, preconizam-se as seguintes classificações da pressão arterial: 
o Hipotensão – <90/60 mmHg 
o Óptimo – <120/80 mmHg 
o Normal – 120-129/80-84 mmHg 
o Normal alta – 130-139/85-90 mmHg 
o HTA grau 1 – 140-159/90-99 mmHg 
o HTA grau 2 – 160-179/100-109 mmHg 
o HTA grau 3, grave, crise hipertensiva – ≥ 180/110 mmHg 
o HTA sistólica isolada – ≥ 140 mmHg sistólica e < 90 mmHg diastólica. 
6 
 
 
 Em indivíduos diabéticos ou com insuficiênia renal – aconselhável valores 
<130/80mmHg 
 Segundo a DGS (2011), de acordo com os valores encontrados,a pressão 
sanguínea deve ser reavaliada com a seguinte periodicidade: 
o Se PA < 130 / 85 mmhg, reavaliar até dois anos; 
o Se PA 130-139 / 85-89 mmhg, reavaliar dentro de um ano; 
o Se PA 140-159 / 90-99 mmhg, confirmar dentro de dois meses; 
o Se PA 160-179 / 100-109 mmhg, confirmar dentro de um mês; 
o Se PA ≥ 180 / 110 mmhg, avaliar e iniciar tratamento imediatamente, ou 
avaliar dentro de uma semana, de acordo com o quadro clínico. 
 Procedimento 
o Em ambiente calmo e acolhedor 
o Sem pressas 
o Após 5 ou 10 minutos de descanso 
o Não ter praticado atividade física nos últimos 60 a 90 minutos 
o Após 30 min sem fumar ou ingerir cafeína 
o Com a bexiga vazia 
o Posição sentada, com as costas e pés apoiados, pernas descruzadas, 
imóvel e relaxada, sem falar 
o Braço apoiado sobre a mesa, desnudado e ao nível do coração 
o A avaliação deve ser realizado no membro superior em que houve um 
registo de valores mais elevados de PA. 
o Registo dos valores da pressão sanguínea , o braço em que foi medida, a 
braçadeira utilizada, a hora da medição e, alguma circunstância particular, 
como stress, febre ou agitação. 
7 
 
Avaliar o peso e Calcular IMC 
 De acordo com a DGS (2011), é importante, no tratamento da hipertensão, o 
controlo e manutenção de peso normal, isto é, índice massa corporal igual ou 
superior a 18,5 mas inferior a 25. 
 A utilização do IMC para o diagnóstico de obesidade é importante, uma vez que 
providencia uma medida da gordura corporal total mais fiável quando 
comparada com a medição do peso corporal apenas. Este é calculado a partir 
do peso e altura do indivíduo (National Institutes of Health, 2000). 
 Segundo a DGS (2013), na avaliação do peso a pessoa deve estar descalça e 
com roupa leve, sem acessórios, procedendo o enfermeiro da seguinte forma: 
o Solicitar à pessoa que suba devagar para a plataforma e que fique parada, 
com os pés colocados em posição parelela, com o peso igualmente 
distribuído pelos dois pés no centro da plataforma. 
o Solicitar à pesoa que mantenha posição vertical, imóvel, com a cabeça 
erecta, olhar fixo em frente e braços estendidos ao longo do corpo, com 
as palmas das mãos voltadas para dentro e que mantenha nessa posição. 
o Avaliar cada observação em quilogramas até à primeira casa decimal, isto 
é, os 100g mais aproximados. 
o Para cálculo do peso a registar, subtrair 0,5kg (peso relativo ao uso de 
roupa leve) 
o Registar o peso 
 Valores de peso: 
o Peso normal – IMC entre 18,5 e 24,9 
o Peso comprometido – IMC < 18,5 
o Excesso de peso – IMC > 25 
o Obesidade – IMC > 30 
Avaliar o perímetro abdominal 
 O excesso de gordura abdominal é um importante fator preditivo do risco de 
obesidade ou excesso de peso. 
 A medição do perímetro abdominal é um fator que contribui para o diagnóstico 
de obesidade. 
 Homens com perímetro abdominal > 102 cm e mulheres com perímetro 
abdominal > 89 cm têm maior risco de desenvolver diabetes, dislipidemia, 
hipertensão e doenças cardiovasculares devido ao excesso de gordura 
abdominal (American Association For The Advancement Of Science, 2006). 
8 
 
 Segundo a DGS (2013), a avaliação do perímetro abdominal permite valorizar 
clinicamente o peso, na perspectiva do risco de complicaçãoes metabólicas. 
 De acordo com a DGS (2011), é importante, no tratamento da hipertensão, o 
controlo e manutenção de um perímetro da cintura inferior a 94 cm, no homem, 
e inferior a 80 cm, na mulher. 
 Segundo a DGS (2013), a avaliação do perímetro abdominal deve ser feita da 
sequinte forma: 
o Sobre a pele abdominal, solicitando à pessoa que não tenha qualquer 
roupa nessa região e verificando que não é exercida qualquer força sobre 
a zona a analisar; 
o Colocar a pessoa com o tronco na vertical, imóvel, com o abdómen 
relaxado, praços pendentes ao longo do corpo, com as palmas das mãos 
viradas para dentro, cabeça erecta, pés unidos e o peso do corpo 
igualmente distribuído pelos dois pés; 
o A medição deve ser efectuada no ponto médio entre o bordo inferior da 
última costela palpável e o bordo superior da crista ilíaca; no entanto, de 
forma a diminuir a margem de erro, propõe-se fazer a medição na zona 
mais estreita do abdómen, a cintura natural, com a fita métrica colocada 
paralelamente ao chão, sempre no final do ciclo respiratório, sem que a 
fita métrica exerça qualquer compressão sobre a pele mas fique a ela 
ajustada. 
o Calças e cinto desapertados 
o Registar cada medição até ao mais próximo 0,1cm 
 Valores de perímetro abdominal normal: 
o Homem – < 94 
o Mulher – < 80 
Avaliar a glicemia 
De acordo com a Diabetes.co.uk (2017): 
 Valores de glicemia normal: 
o Para indivíduos não diabéticos: 
 Antes das refeições – 72 a 108 mg/dl 
 2h após as refeições – < 140 mg/dl 
o Para indivíduos diabéticos: 
 Antes das refeições – 72 a 126 mg/dl (DM 1 e DM 2) 
 2h após as refeições – <162 mg/dl (DM1) / < 153 md/dl (DM2) 
9 
 
 Hiperglicemia 
o Antes da refeição – > 126 mg/dl 
o 2h após a refeição – ≥ 200 mg/dl 
 Hipoglicemia 
o < 70 mg/dl 
 
 
Avaliação do pé diabético 
Segungo o Ministério da Saúde brasileiro (2016), a avaliação e acompanhamento de 
pessoas com DM reduzem as taxas de amputações. Assim, assumem especial 
importância: 
 A educação das pessoas com DM, para a prevenção da ocorrência de úlceras 
dos pés. 
10 
 
 O exame periódico dos pés das pessoas com DM, que permite identificar 
precocemente as alterações, e iniciar o tratamento adequado de forma 
oportuna, evitando o desenvolvimento de complicações. 
De acordo com Afonso et al (2014), a perda da sensação dolorosa, térmica, táctil, 
vibratória e de pressão constituem fatores de risco importantes para a ulceração nos 
pés das pessoas diabéticas. 
No exame neurológico do pé diabéticom são utilizados, habitualmente, 2 testes para 
avaliar a neuropatia: 
 Monofilamento de 10g de Semmes-Weinstein – Testa a sensibilidade de 
pressão. Teste de eleição para avaliar risco de ulceração. 
o A avaliação deve ser realizada num ambiente calmo e relaxante; 
o Começar por aplicar o monofilamento nas mãos, cotovelo ou testa do 
cliente, de modo a que este perceba o que deve esperar sentir; 
o O cliente deve fechar os olhos para não conseguir ver onde o examinador 
aplica o monofilamento; 
o Aplicar o monofilamento ao longo do perímetro do pé, e não no local da 
úlcera, calosidade, cicatriz ou tecido necrótico; 
o Aplicar o monofilamento perpendicularmente à superfície da pele com 
uma força suficiente para que dobre 
o A duração total da aproximação (contacto com a pele e a remoção do 
monofilamento) deve ser de cerca de dois segundos; 
o Perguntar ao cliente 
o Se sente a pressão aplicada (sim / não); 
o Onde sente a pressão aplicada (pé esquerdo / pé direito); 
o Repetir a aplicação duas vezes no mesmo local, mas alternar com pelo 
menos, uma aplicação "simulada", na qual não é aplicado o 
monofilamento; 
 Diapasão de 128 Hz – Testa a sensibilidade vibratória. 
o A avaliação deve ser realizada num ambiente calmo e relaxante; 
o Começar por aplicar o diapasão nos pulsos, cotovelo ou clavícula do 
cliente, de modo a que este perceba o que deve esperar sentir; 
o O cliente não deve conseguir ver onde o examinador aplica o diapasão, 
nem em que local; 
o Aplicar o diapasão sobre parte óssea do lado dorsal da falange distal do 
1º dedo do pé, perpendicularmente e com uma pressão constante. 
11 
 
o Repetir a aplicação 2 vezes, incluindo, pelo menos, uma aplicação 
"simulada", na qual o diapasão não está a vibrar; 
o Se o cliente não consegue sentir a vibração no 1º dedo, o teste deve ser 
repetido num local mais proximal; 
Classificação de Wagner do pé diabético 
 Grau 0 – Pé sem lesão, mas insensível e deformado.É um pé em risco. 
 Grau 1 – Úlcera que vai até à derme mas não a ultrapassa. 
 Grau 2 – Úlcera profunda mas não complicada. Atinge tendões, cápsula articular 
ou osso. 
 Grau 3 – Úlcera profunda complicada. Há abcesso, osteomielite ou artrite 
séptica. 
 Grau 4 – Gangrena localizada no ante-pé ou calcâneo. 
 Grau 5 – Gangrena de todo o pé. 
 
 
CONSULTA HIPERTENSÃO 
De acordo com as orientações técnicas da Direcção Geral de Saúde, a periodicidade 
recomendada destas consultas é de 6/6 meses (num total de 2 consultas por ano), 
porém é variável de acordo com o controlo tensional do utente. 
O que é a pressão arterial 
 A pressão arterial corresponde à pressão com que o sangue circula nas artérias. 
A pressão atingida quando o coração contrai (sístole) e expulsa o sangue 
corresponde à pressão sistólica, enquanto que a pressão atingida quando o 
coração relaxa (diástole) corresponde à pressão diastólica. 
12 
 
 A pressão arterial varia ao longo do dia e depende das respostas às atividades 
diárias bem como às emoções. 
A pressão arterial é determinada pelo produto do débito cardíaco e da resistência 
vascular periférica. O débito cardíaco é influenciado pela contratilidade e relaxamento 
do miocárdio, o volume sanguíneo circulante, o retorno venoso e a frequência 
cardíaca. A resistência vascular periférica, por sua vez, é influenciada por mecanismos 
vasoconstrictores e vasodilatadores como o sistema nervoso simpático, o sistema 
renina angiotensina e a modulação endotelial, e sofre ainda influência da espessura 
da parede das artérias, existindo um aumento do estímulo vasoconstrictor nos vasos 
nos quais há um espessamento das paredes. O mecanismo da hipertensão arterial 
resulta, em alguns casos, do aumento do débito cardíaco, noutros resulta da elevação 
da resistência vascular periférica, e noutros, ainda, resulta de uma combinação do 
aumento do débito cardíaco e aumento da resistência vascular periférica. 
O que é a Hipertensão – pressão arterial mais elevada do que o normal/adequado. 
Considera-se que um indivíduo é hipertenso quando 
 Tem uma pressão arterial repetidamente igual ou superior a 140mmHg para a 
sistólica e/ou 90mmHg para a diastólica. (Só podemos afirmar que uma pessoa 
é hipertensa quando a sua pressão arterial apresenta o resultado igual ou 
superior a PAS140/PAD90 em 2 consultas diferentes, com um intervalo mínimo 
de 1 semana, ou em situações de repouso e tranquilidade). 
 Para certos doentes, como os diabéticos ou renais ou já com doença 
cardiovascular, recomenda-se que tenham valores inferiores a 130/80mmHg. 
 Nas crianças, considera-se que valores acima de 110/70 mmHg são suspeitos 
antes dos 10 anos de idade. 
 Todos os doentes com HTA grau 3, assim como todos os doentes com grau 1 e 
2 com risco cardiovascular (CV) alto ou muito alto, são candidatos a tratamento 
farmacológico precoce. 
Causas de HTA 
 Hipertensão primária – 90 a 95% dos casos – não há causa orgânica, sendo 
causada por: 
o Predisposição genética/hereditariedade 
o Factores internos de risco 
 Idade (mais comum em idade > 60 anos) 
13 
 
 Género e etnia (mais comum em homens e indivíduos de cor negra) 
o Factores externos de risco 
 Dislipidemia – Hipercolesterolemia e hipertrigliceridemia – 
concentração de lípidos no sangue persistentemente alta, que 
predispõe a aterosclerose. 
 Alimentação 
 Composição – consumo excessivo de gorduras, sal e açúcares 
 Número de refeições 
 Consumo de álcool 
 Tabagismo 
 Sedentarismo 
 Obesidade 
 Stress 
 Uso de anticoncepcionais 
 Hipertensão secundária – 5 a 10% dos casos – são provocados por doenças 
orgânicas ou distúrbios hormonais (distúrbio da tiróide, suprarrenal, síndrome 
de apneia obstrutiva do sono, etc). 
Sintomas de HTA 
 Muitas vezes não apresenta sintomas, excepto se os valores forem muito 
elevados 
 Cefaleias 
 Tonturas 
 Hemorragias nasais (epistaxis) 
 Visão turva 
 Zumbido no ouvido 
 Dor no peito 
Consequências da HTA – A pressão arterial persistentemente elevada pode provocar: 
 Danos nos vasos sanguíneos,principalmente dos principais órgãos vitais do 
organismo tais como o coração, cérebro e rim. 
 Remodelação das artérias – a remodelação das artérias em resposta à elevação 
da pressão arterial reduz a proporção entre diâmetro do lúmen e espessura da 
parede e aumenta a resistência vascular periférica. 
 Maior predisposição para aterosclerose. 
 Doença vascular periférica 
14 
 
 Hipertrofia do ventrículo esquerdo – como a hipertensão exige um maior 
esforço por parte do coração, pode levar a uma hipertrofia ventricular e, 
posteriormente, a uma dilatação. 
 Insuficiência cardiaca – hta  aumento da pós-carga  aumento do trabalho 
do coração e o seu consumo de O2  hipertrofia ventricular esquerda (aumento 
da espessura da parede muscular do ventrículo e, posteriormente, dilatação do 
ventrículo)  o coração torna-se menos eficiente a bombear o sangue, 
diminuindo a fracção de ejecção  insuficiência cardíaca  o corpo redistribui 
o sangue que o coração consegue bombear de maneira a que seja preservada 
a irrigação sanguínea de órgãos vitais. 
 Insuficiência renal 
o Presença de PA elevada, associada à rigidez das artérias  aumento da 
pressão nas arteríolas aferentes renais  diminuição progressiva da 
função excretora do rim  ocorrem mudanças na estrutura e na função 
dos nefrónios, que se adaptam à lesão, de modo a tentar manter o 
equilíbrio  aumento do volume de filtração glomerular e do aporte 
sanguíneo dos nefrónios remanescentes – hiperfiltração e hiperperfusão 
glomerular  Por vezes, essas mudanças adaptativas tornam-se excessivas 
ou ineficientes, acelerando a progressão da doença. 
o Glomeruloesclerose isquémica  estreitamento do lúmen e diminuição no 
fluxo sanguíneo glomerular  declínio da função renal. 
 Angina de peito – hta  aumento da pós-carga  aumento do trabalho do 
coração e o seu consumo de O2  consumo de O2 superior ao suprimento  
isquemia 
 Aneurisma dissecante da aorta – parede arterial enfraquecida pela pressão 
arterial elevada pode ceder e dilatar-se, formando um pequeno balão, que 
chamamos aneurisma. 
 EAM 
 AVC 
 Fibrilhação auricular 
 Disfunção eréctil 
Tratamento 
Objectivo do tratamento – reduzir o desenvolvimento de uma doença mais séria em: 
 Coração (angina pectoris, EAM, arritmias e insuficiência cardíaca) 
 Vasos sanguíneos (desenvolvimento aterosclerótico) 
15 
 
 Sistema nervoso central (AVC com hemorragia e trombose) 
 Rins (insuficiência renal). 
Metas tensionais 
 TA <140/90mm Hg em todos os doentes; 
 TA <130/80mm Hg nos doentes de alto risco, doentes diabéticos, doentes com 
insuficiencia renal. 
 Em ambos os casos deverá tentar alcançar-se o menor valor possível com 
conservação de uma boa qualidade de vida; 
 Insistir no controlo sistólico que é mais difícil de alcançar sobretudo em doentes 
diabéticos ou nos idosos; 
 Controlar precocemente a TA antes de se desenvoverem lesões 
cardiovasculares. 
As medidas não farmacológicas que demonstram eficácia para diminuir a TA ou o 
risco Cardiovascular são: 
 Deixar de fumar (tabaco está associado a maior risco cardiovascular) 
 Redução e estabilização do peso corporal; 
 Redução do consumo exagerado de álcool; 
 Exercício físico 
 Redução do consumo de sal; 
 Aumentar o consumo de frutas e de verduras e reduzir as gorduras saturadas. 
Importante  Salientar que o objectivo não é apenas o controlo da pressão 
sanguínea, mas sim reduzir o risco cardiovascular, a morbilidade e mortalidade.~ 
Regime medicamentoso 
Mecanismos do tratamento 
As drogas utilizadas no tratamento da hipertensão atingem os seus efeitos através de 
um ou mais dos seguintes mecanismos: Redução do débito cardíaco 
 Redução da resistência no sistema vascular, causando dilatação dos esfíncteres 
précapilares 
 Redução do volume de sangue circulante 
16 
 
 Aumento da acumulação de sangue no lado venoso do circuito (tratamento de 
emergência). 
Grupos de drogas relevantes 
 Tiazidas (diuréticos) 
 B-bloqueadores (vasodilatadores) 
 IECAs (vasodilatadores) 
 Bloqueadores dos receptores de angiotensina II (vasodilatadores) 
 Bloqueadores dos canais de cálcio (vasodilatadores) 
Na escolha dos fármacos é importante ter em conta: 
 Os ß-bloqueantes, sobretudo em combinação com as tiazidas, não devem ser 
utilizados em doentes com síndrome metabólico ou elevado risco de 
desenvolver diabetes mellitus. 
 Os efeitos adversos dos medicamentos são a principal causa de abandono da 
terapêutica. 
 Deve dar-se preferência aos fármacos de acção prolongada que façam a 
cobertura das 24 horas com uma única dose, de modo a prevenir a subida 
matinal da pressão sanguínea e proteger, sem picos lesivos devido ao 
esquecimento de uma dose. 
 Assume especial importância ter em conta as experiências anteriores de cada 
cliente com os medicamentos. 
 Escolher os fármacos que promovam melhores resultados sobre o risco global 
de saúde do cliente e não apenas sobre a pressão sanguínea. 
 Ter em conta as interacções medicamentosas, principalmente em indivíduos 
polimedicados (ex.: os AINE diminuem os efeitos dos IECA, ARA-II e diuréticos) 
 Ter em conta o custo do medicamento. 
 O tratamento farmacológico deve sempre iniciar-se por monoterapia ou 
associação de fármacos com baixa dosagem. 
 A prescrição das doses deve ser mais lenta em hipertensos não complicados e 
em idosos. Em hipertensos de elevado risco deve-se chegar às metas mais 
depressa. 
 A monoterapia inicial pode ser uma boa opção em hipertensos ligeiros e com 
risco cardiovascular baixo ou moderado. 
17 
 
 As associações de fármacos devem ser preferidas logo desde o início em 
hipertensos nos graus 2 e 3, ou em doentes com risco elevado ou muito 
elevado. 
Regime dietético 
De acordo com a DGS (2011) é recomendado: 
 Adoptar uma dieta variada, nutricionalmente equilibrada, rica em legumes, 
leguminosas, verduras e frutas e pobre em gorduras (totais e saturadas); 
 Limitar o consumo de álcool (máximo 2 bebidas/dia); 
 Diminuir o consumo de sal (valor ingerido inferior a 5,8 g/dia); 
Segundo a OMS (2015), a Associação Portuguesa dos Nutricionistas (2011) e 
Sociedade Portuguesa de Hipertensão (2014), existem medidas que se podem adotar 
para ter uma alimentação saudável, como por exemplo: 
 Tomar sempre pequeno-almoço; 
 Fazer 5 a 6 refeições por dia; 
 Consumir mais água ao longo do dia (cerca de um litro e meio, que corresponde 
a 8 copos); 
 Comer cinco peças de fruta e legumes por dia; 
 Consumir mais peixe; 
 Consumir mais alimentos ricos em fibra como os cereais integrais, as frutas, os 
legumes, as leguminosas; 
 Iniciar as refeições principais com sopa; 
 Comer devagar e mastigar bem os alimentos; 
 Preferir temperos naturais: limão, ervas, alho, cebola, salsa e cebolinha 
 Aumento da ingestão de alimentos ricos em potássio: Feijões, ervilha, vegetais 
de cor verde escura, banana, melão, cenoura, beterraba; Frutas secas, tomate, 
batata inglesa, laranja; 
 Evitar que o consumo de gorduras exceda 30% da ingestão calórica total, 
preferindo o consumo de gorduras insaturadas em vez de gorduras saturadas; 
 Reduzir o consumo de sal para o nível inferior ao recomendado de 5 a 6 gramas 
diárias; 
 Reduzir o consumo de açúcar para menos de 10% da ingestão calórica diária, 
correspondendo a cerca de 50 gramas ou 12 colheres de café de açúcar, ou, 
idealmente, para menos de 5%, que corresponde a 25 gramas; 
18 
 
 Homens hipertensos que bebem álcool devem ser aconselhados a limitar o seu 
consumo diário para 20-30 g, e as mulheres hipertensas devem limitar o seu 
consumo para 10-20 g de etanol por dia. O consumo total de álcool não deve 
exceder 140 g por semana para os homens e 80 g por semana para as mulheres. 
Açúcar, sal e hipertensão 
 O alto consumo de sal/sódio pode provocar aumento de 4mmHg/2mmHg na 
pressão sanguínea; 
 O alto consumo de açúcares adicionados (principalmente frutose) na dieta pode 
provocar aumento de 7mmHg/5mmHg na pressão sanguínea, variabilidade da 
pressão sanguínea, aumentar a frequência cardíaca e a exigência de O2 do 
miocárdio e contribuir para a inflamação, resistência insulínica e disfunção 
metabólica maior; 
 De acordo com DiNicolantonio, 2014, a sacarose e frutose estimulam o sistema 
nervoso simpático, levando a aumento da frequência cardíaca, secreção de 
renina, retenção renal de sódio e resistência vascular periférica, resultando num 
aumento da pressão sanguínea. 
Regime de Exercício 
De acordo com Baptista et al (1997), indivíduos hipertensos com níveis leves e 
moderados de hipertensão e sem lesões de órgãos-alvo podem participar de 
desportos de maior intensidade e de competição, enquanto que indivíduos com 
hipertensão grave e acometimento de órgãos-alvo devem praticar exercícios de baixa 
intensidade, estando a competição desaconselhada. 
De acordo com Baptista et al (1997), Nogueira et al (2012) e a Sociedade Portuguesa 
de Hipertensão (2014), a actividade física regular pode ser benéfica para a prevenção 
e tratamento da hipertensão e para a redução do risco cardiovascular. 
A combinação de exercícios aeróbios associados a exercícios resistidos dinâmicos 
possibilita reduções significativas na pressão arterial média e frequência cardiáca de 
repouso, sendo que os benefícios são superiores relativamete à realização de cada 
uma das modalidades de exercício de forma isolada. 
Exercícios aeróbios 
 Caminhadas, corridas, natação, ciclismo 
19 
 
 Actividades realizadas por longos períodos de tempo em menor intensidade. 
Exercícios como caminhar, correr, nadar e pedalar requerem grande quantidade 
de oxigénio para gerar energia por período prolongado de tempo. 
 São geralmente os preferidos, pelos seus conhecidos efeitos condicionantes 
cardiocirculatórios. 
 A natação, além de ser uma atividade aeróbia, mantém a FC em níveis mais 
baixos e, portanto, pacientes sintomáticos poderiam exercitar-se mais, além do 
que não sofre ação da gravidade e facilita o retorno venoso; há baixas 
incidências de lesões osteomusculares e tem menor custo energético, sendo, 
portanto, uma opção favorável. 
 O treino aeróbico intervalado também demonstrou uma redução da pressão 
sanguínea. 
 Os doentes hipertensos devem ser aconselhados a participar em pelo menos 30 
minutos de exercício aeróbico dinâmico de intensidade moderada (caminhada, 
corrida, ciclismo ou natação) em 5-7 dias por semana. 
Exercícios resistidos ou anaeróbios (musculação) 
 Musculação, sprints, saltos 
 Exercícios que consistem de movimentos de alta intensidade e pouca duração 
(rápidos). São geralmente usados por atletas para desenvolver força e 
bodybuilders para construir massa muscular. 
 Estudos têm demonstrado efeitos benéficos de sua realização em programas de 
reabilitação cardíaca 
 O treino de resistência pode levar a uma redução do trabalho cardiovascular, 
ajudando a reduzir o risco de enfarte agudo do miocárdio e doenças coronárias. 
 A prática de musculação com hipertensos deve ser cuidadosamente controlada, 
sendo que as principais recomendações expostas na literatura científica 
apontam para a não realização de exercícios isométricos e de alta intensidade, 
devido ao aumento súbito e imediato da pressão arterial. 
 Devem então ser realizados exercícios de resistência dinâmicos, 2 a 3 vezes por 
semana, em dias não consecutivos e preferencialmente acompanhados. 
 Não utilizar cargas elevadas Controlar a respiração durante os movimentos 
 Após a musculação, fazer uma sessão de 10 a 15 minutos de alongamento, pois 
além da melhora da postura, ajudam a oxigenar a musculatura, trazendo um 
relaxamento e uma sensação de bem estar. 
20 
 
 A prática da musculação não deve consistir como modalidade de treino primária 
para hipertensos, devendo ser combinada com o treino aeróbio. 
Efeitos do exercício físico: 
Os efeitos fisiológicos do exercício físico podem ser classificados em agudos 
imediatos, agudos tardios e crónicos. 
 Efeitos agudos imediatos – são os que ocorrem no período peri e pós-imediato 
do exercício físico, como elevação da freqüência cardíaca, da ventilação 
pulmonar e a sudorese. 
 Efeitos agudos tardios – acontecem ao longo das primeiras 24 e 48 horas (às 
vezes, até 72 horas) que se seguem a uma sessão de exercício e podem ser 
identificados na discreta redução dos níveis tensionais, especialmente nos 
Hipertensos, na expansão do volume plasmático, na melhora da função 
endotelial e na potencialização da ação e do aumento da sensibilidade 
insulínica na musculatura esquelética. 
 Efeitos crónicos – também denominados de adaptação, resultam da exposição 
frequente e regular às sessões de exercícios e representam aspectos 
morfofuncionais que diferenciam um indivíduo fisicamente treinado de outro 
sedentário, tendo como exemplos típicos a bradicardia relativa de repouso, a 
hipertrofia muscular, a hipertrofia ventricular esquerda fisiológica e o aumento 
do consumo máximo de oxigênio (VO2 máximo). 
Autovigilância da pressão sanguínea 
Importância/ vantagens da autovigilância da pressão arterial 
 Possibilidade de efectuar medições frequentes, ao longo do dia, durante vários 
dias, semanas ou meses; 
o Permite perceber os efeitos do tratamento em diferentes alturas do dia e 
durante períodos mais longos; 
o Permite ao cliente perceber o que pode provocar alterações na sua PA (a 
alimentação, o stress, o exercício físico e a medicação) e qual a melhor 
maneira para a controlar; 
 Permite estabelecer um perfil tensional da pessoa mais fidedigno, visto que, 
muitas vezes, em contexto de consulta, os valores de PA podem estar alterados 
– Inexistência de reacção de alerta à medição da PA (detecção do efeito de bata 
branca e da hipertensão mascarada); 
21 
 
 Método cómodo 
 Baixo custo relativo; 
 Maior facilidade de utilização (dos dispositos semi-automáticos); 
 Maior envolvimento do cliente na gestão da doença; 
 Maior compromisso do cliente relativamente ao tratamento; 
 Maior adesão ao tratamento; 
 Melhoria do controlo dos valores tensionais 
 Possibilidade de armazenamento digital, impressão, download ou 
teletransmissão dos valores de PA (em alguns dispositivos / sistemas). 
A auto-avaliação da Pressão arterial deve ser realizada da seguinte forma: 
 Na avaliação inicial, avaliação do tratamento, e sete dias antes da cada ida ao 
consultório: 
o Duas avaliações por dia, durante sete dias, de manhã e à tarde (antes de 
tomar a medicação e em jejum), sendo que em cada avaliação devem ser 
feitas duas medições com um intervalo de 1 a 2 minutos entre elas. 
o As avaliações do primeiro dia não devem ser tidas em consideração. 
 Acompanhamento a longo prazo 
o Duas avaliações por dia (de manhã e à tarde, antes de tomar a medicação 
e em jejum), uma a duas vezes por semana, sendo que em cada avaliação 
devem ser feitas duas medições com um intervalo de 1 a 2 minutos entre 
elas. 
CONSULTA DIABETES 
De acordo com a Direcção Geral de Saúde, a periodicidade recomendada é de 4/4 
meses (num total de 3 consultas por ano), porém é variável de acordo com o controlo 
glicémico do utente. 
O que é a diabetes – De acordo com a Diabetes Monitor (2012), e a International 
Diabetes Foundation (2015), a diabetes é um distúrbio metabólico crónico que afecta 
a capacidade do corpo utilizar a glicose para produzir energia. Isto pode ocorrer 
devido a: 
 Produção insuficiente de insulina 
 Utilização anormal/ resposta celular anormal da insulina 
22 
 
A insulina é uma hormona produzida no pâncreas, que permite que a glicose presente 
na corrente sanguínea entre nas células para ser utilizada como energia. Na diabetes, 
a falta ou ineficácia da insulina faz com que a glicose não seja capaz de entrar nas 
células e, como resultado, a glicose permanece na corrente sanguínea e os seus níveis 
aumentam, provocando hiperglicemia. 
Há três tipos principais de diabetes: 
 DM tipo 1 
 DM tipo 2 
 Diabetes gestacional 
DM tipo 1 
 Ocorre provavelmente devido a um processo autoimune, em que o sistema 
imunitário ataca e destrói as células beta pancreáticas (linfócitos T reagem 
contra células dos ilhéus), responsáveis pela produção de insulina, podendo 
também ser provocado por uma infecção viral. 
 Passa a haver uma produção insuficiente de insulina, resultando em 
insulinopenia absoluta (ausência de insulina). 
 Menos comum, corresponde a 5 a 10% dos casos. 
 Mais frequente em crianças, adolescentes e adultos jovens. 
 Desenvolve-se frequentemente de forma súbita, originando sintomas como 
boca seca, sede, maior frequência de micções, falta de energia, cansaço 
extremo, fome, perda súbita de peso, visão enevoada. 
DM tipo 2 
 Este tipo de diabetes está associado a factores de risco como excesso de peso, 
etnia, história familiar de diabetes, idade avançada, etc. 
 Inicia-se tipicamente com uma resistência à insulina, em que as células não 
conseguem responder à insulina de forma adequada, e esta se torna ineficaz. É 
uma doença progressiva na qual, à medida que o tempo passa, o pâncreas vai 
perdendo a sua capacidade de produzir insulina, havendo então uma produção 
insuficiente de insulina. 
 Mais comum, corresponde a 90 a 95% dos casos. 
 Mais comum em adultos, mas tem vindo a aumentar a sua incidência entre 
crianças e adolescentes. 
23 
 
 Os sintomas mais comuns incluem maior frequência de micções, sede, perda de 
peso e visão enevoada. Muitas pessoas com diabetes tipo 2 passam um longo 
período de tempo desconhecendo que têm essa patologia, uma vez que os 
sintomas são geralmente menos marcados do que os sintomas da diabetes tipo 
1 e desenvolve-se durante anos, demorando a serem identificados. 
Diabetes gestacional 
 Hiperglicemia que é diagnosticada pela primeira vez durante a gravidez, no 
segundo ou terceiro trimestre. Esta diabetes não estava presente antes da 
gestação e desaparece, normalmente, após o parto. 
 É feito um rastreio utilizando o teste de tolerância a glicose oral entre as 24 e 
28 semanas de gestação. 
 A hiperglicemia durante a gravidez aumenta o risco de hipertensão arterial e 
macrossomia fetal. 
 A terapêutica inclui dieta saudável, exercício físico ligeiro e monitorização dos 
valores da glicemia. 
 Em alguns casos, poderá ser necessária a utilização de medicamentos via oral 
ou insulina. 
Diagnóstico 
O diagnóstico de diabetes é feito com base nos seguintes parâmetros (DGS,2011): 
 Glicemia de jejum ≥ 126 mg/dl; ou 
 Sintomas clássicos + glicemia ocasional ≥ 200 mg/dl; ou 
 Glicemia ≥ 200mg/dl às 2h na prova de tolerância à glicose oral (PTGO) com 75 
g de glicose; ou 
 Hemoglobina glicada A1c (HbA1c) ≥ 6,5%. (Hemoglobina Glicada é uma forma 
de hemoglobina presente naturalmente nos eritrócitos humanos que é útil na 
identificação de altos níveis de glicémia durante períodos prolongados. Este 
tipo de hemoglobina é formada a partir de reacções não enzimáticas entre a 
hemoglobina e a glucose. Quanto maior a exposição da hemoglobina a 
concentrações elevadas de glucose no sangue, maior é a formação dessa 
hemoglobina glicada). 
 O diagnóstico de diabetes numa pessoa assintomática não deve ser realizado 
com base num único valor anormalde glicemia em jejum ou de hemoglobina 
24 
 
glicada, devendo ser confirmado numa segunda análise, após uma ou duas 
semanas. 
O diagnóstico de hiperglicemia intermédia ou rismo aumentado para 
desenvolvimento de diabetes é feito com base nos seguintes parâmetros: 
 Glicemia de jejum ≥ 110 e < 126 mmg/dl; 
 Glicemia ≥ 140 e < 200 mg/dl às 2h na prova de tolerância à glicose oral (PTGO) 
com 75g de glicose. 
O diagnóstico de diabetes gestacional é feito com base nos seguintes parâmetros: 
 Glicemia de jejum, avaliada na 1ª consulta de gravidez, ≥ 92mg/dl e < 126 
mg/dl. 
 Se glicemia de jejum < 92mg/dl, realizar prova PTGO com 75 g de glicose às 24 
a 28 semanas de gestação. Aí, é diagnosticada diabetes gestacional se: 
o Às 0h, glicemia ≥ 92 mg/dl; 
o À 1h, glicemia ≥ 180 mg/dl; 
o Às 2h, glicemia ≥ 153 mg/dl. 
 
25 
 
Sinais e sintomas 
 Poliúria – devido à hiperglicemia, que leva a um aumento da glucose na urina, 
resultando em poliúria osmótica. 
 Polidipsia – aumento do consumo de água devido à hiperosmolaridade e perda 
de água decorrente da poliúria. Estes processos estimulam a sede. 
 Polifagia – devido a um estado catabólico induzido pela falta de glucose nas 
células, resultando na quebra de gorduras e proteínas para produção de 
energia. O doente tem uma grande quantidade de glucose no sangue, mas esta 
glucose não entra nas células. 
 Perda de peso, fadiga, fraqueza, visão turva, má cicatrização, susceptibilidade a 
infecções, parestesias. 
Factores de risco para o desenvolvimento de diabetes mellitus tipo 2: 
 Excesso de peso (IMC entre 25 e 30) e obesidade (IMC ≥ 30). 
 Perímetro abdominal ≥ 94 cm nos homens e ≥ 80 cm nas mulheres. 
 Idade ≥ 45 anos em pessoas da europa e ≥ 35 anos em pessoas de outra região 
do mundo 
 Vida sedentária 
 História familiar de diabetes, principalemente de familiar de primeiro grau 
 História de doença cardiovascular prévia 
 Hipertensão arterial 
 Dislipidemia 
 Intolerância à glicose em jejum e diminuição da tolerância à glicose prévias 
 Consumo de fármacos que predisponham para o desenvolvimento de diabetes 
FINDRIKSK 
o risco de vir a desenvolver diabetes em 10 anos pode ser avaliado através da 
aplicação do Finish Diabetes Risk Score, que inclui parâmetros como idade, IMC, 
perímetro abdominal, prática de actividade física (pelo menos 30 min/dia), consumo 
de vegetais e fruta, toma de medicamentos para a HTA, presença de níveis elevados 
de glicemia anteriormente, existência de membros da família a quem tenha sido 
diagnosticado diabetes. 
 Pontuação < 7 – risco baixo 
 Pontuação 7 a 11 – risco ligeiro 
26 
 
 Pontuação 12 – 14 – risco moderado 
 Pontuação 15 a 20 – risco alto 
 Pontuação > 20 – risco muito alto 
Em função da pontuação, deve proceder-se da seguinte forma: 
 Pontuação < 11 – reavaliação a 3 anos 
 Pontuação 12 a 14 – intervenção anual sobre estilos de vida, avaliação e 
correcção de factores de risco. 
 Pontuação ≥ 15 – marcação de consulta médica e de enfermagem nos 60 dias 
imediatos. 
27 
 
 
28 
 
Complicações 
 Pâncreas – redução do número e tamanho dos ilhéus (tipo 1); deposição de 
proteína amilóide (tipo 2) (Amyloid is an abnormal protein that is usually 
produced in your bone marrow and can be deposited in any tissue or organ). 
 Vasos sanguíneos – aterosclerose, arteriosclerose, hipertensão. Doença vascular 
periférica, hipoperfusão nas extremidades, o que prejudica a cicatrização. 
 Rim – proteinúria, microalbuminúria, nefropatia diabética, pielonefrite 
 Olho – retinopatia, cataratas, glaucoma 
 GI – diarreia, obstipação, gastroparesia 
 GU – disfunção eréctil, candidíase vaginal 
 Sistema nervoso – neuropatias simpática, motora e sensitiva periféricas (perda 
sensitiva mais do que perda motora); diminuição da sensibilidade leva a uma 
maior susceptibilidade de lesões. 
 Pele e tecidos moles das extremidades – úlceras, gangrena, infecções, má 
cicatrização, necessidade de amputação das extremidades. 
 Dentes – doença periodontal. 
 Cetoacidose diabética 
 Coma hiperosmolar não cetónico 
Cetoacidose diabética 
 Complicação aguda que afecta 25% dos doentes com diabetes mellitus tipo 1 , 
mas pode afectar também doentes com diabetes mellitus tipo 2 
 Hiperglicemia , glucose > 250mg/dl 
 Cetose 
 Acidose metabólica com anion gap aumentado 
 Patogénese 
o Produção e utilização deficiente de insulina, associada a excesso de 
glucagon (glucagon induz lipólise em condições de depleção de insulina, 
como a diabetes mellitus tipo 1), provoca hiperglicemia. 
o As lipases são activadas em resposta aos altos níveis de adrenalina e 
glucagon. As lipases vão promover a lipólise, isto é, quebra dos 
triglicerídeos em ácidos gordos livres e glicerol, resultando na libertação 
dos ácidos gordos armazenados no tecido adiposo e mobilização 
hepática de ácidos gordos livres. 
o Ocorre a conversão de gorduras em glicose, com consequente libertação 
de corpos cetónicos. 
29 
 
o A diurese osmótica causada pela hiperglicemia leva a uma depleção de 
volume severa e desequilíbrios electrolíticos. 
o A insuficiência de insulina e a acidose levam a uma mobilização do 
potássio do compartimento intracelular para o sangue. Assim, o potássio 
sérico está geralmente normal ou elevado apesar das grandes perdas de 
urina. A infusão rápida de insulina pode resultar em hipocaliémia 
profunda. 
 Sinais e sintomas – náuseas, vómitos, sede, dor abdominal, fadiga, fraqueza, 
taquicardia, pele seca e ruborizada, hálito cetónico, alteração do estado de 
consciência. 
Coma hiperosmolar não cetónico 
 Hiperglicemia marcada 
 Não ocorre acidose ou cetose 
 Maior desidratação que na cetoacidose 
 Hiperosmolaridade 
 Glucose > 600 
 Osmolalidade sérica >320 
Hipoglicemia 
 Caracterizada por níveis de glicemia < 70 mg/dl 
 É geralmente causada por comer pouco ou menos frequentemente do que o 
normal, maior actividade física do que o normal, toma excessiva de 
medicamentos hipoglicemiantes, etc. 
 Os sintomas de hipoglicemia incluem nervosismo, irritabilidade, tremores, 
sudorese, palidez, cansaço, confusão, síncope, convulsões. 
 No caso de hipoglicemia, a pessoa deve consumir 10 a 15 gr de um hidrato de 
carbono (aproximadamente um copo de sumo de fruta, 2 a 3 pacotes de açúcar, 
4 colheres de chá de mel, 3 a 5 rebuçados, etc), reavaliar a glicemia capilar após 
15 min e, se os valores ainda estiverem abaixo dos 70mg/dl, ir consumindo 10 
a 15gr de hidrato de carbono a cada 15 min até que os níveis de glicemia 
aumentem. Em pessoas que não podem engolir, é aconselhável a utilização de 
pasta de açúcar ou, se possível, a administração de glucagon. Após a 
estabilização, dentro de 10 a 15 minutos deve fazer uma refeição rica em 
hidratos de carbono de absorção lenta, como pão, massas, bolachas de água e 
sal ou tostas. 
30 
 
 É importante que familiares e amigos saibam identificar os sinais de 
hipoglicemia e saibam como proceder. 
 A pessoa deve ser aconselhada a não conduzir na presença de sintomas de 
hipoglicemia, e deve transportar consimo algum tipo de hidrato de carbono que 
possa consumir caso os níveis de glicemia baixem (como 3 a 4 pacotes de açúcar 
na carteira) e ainda transportar algo que a identifique como diabética (na 
carteira, por exemplo) e os medicamentos que utiliza. 
Hiperglicemia 
 Caracterizada por valores ≥ 200 mg/dl 
 É geralmente causada por consumir excesso de hidratos de carbono, ter menor 
actividade do que o normal, atraso ou esquecimento na toma de medicamentos 
hipoglicemiantes, doença, infecção, stress. 
 Pessoas com diabetes tipo 2 podem não sentir sintomas de hiperglicemia com 
valores inferiores a 300mg/dl. Valoressuperiores a 300 mg/dl aumentam o risco 
de desidratação. Sintomas de hiperglicemia incluem boca seca, sede, poliúria, 
cansaço, visão enevoada, perda de peso, dor de estômago, vómitos, pele seca 
e ruborizada. 
 A actuação nestes casos inclui a administração de insulina e hidratação – caso 
a pessoa não tenha problemas renais graves ou problemas de coração que 
causem edema, é aconselhável beber bastante água, uma vez que isso ajuda o 
organismo a eliminar o excesso de glicose no sangue. Se a pessoa tiver valores 
de glicemia acima dos 200mg/dL e sentir mal-estar ou sem forças/prostrado, 
deve contactar o médico ou ligar 112. 
Medidas para controlar os valores de glicemia capilar (Controlar a diabetes, 2017): 
 Manter uma rotina e horários diários de refeições e exercício físico, e não 
esquecer de tomar a medicação. 
 Verificar os níveis de glicemia e registar. 
 Estabelecer, em conjunto com os profissionais de saúde, objetivos para o peso, 
atividade física, níveis de glicemia e HbA1C. 
 Usar um objeto que informe as outras pessoas que sofre de diabetes, em caso 
de emergência, como um fio, pulseira ou cartão. 
 Ter sempre hidratos de carbono de absorção rápida (como rebuçados ou 
pacotes de açúcar) para poder tratar em qualquer altura as hipoglicemias. 
31 
 
Pé diabético 
De acordo com Afonso et al (2014) e Revilla et al (2007), as disfunções nos pés dos 
diabéticos e consequentes lesões são desencadeadas por uma tríade de patologias: 
 Neuropatia (simpática, sensorial, motora) 
 Vasculopatia (doença vascular periférica) 
 Alterações imunológicas e infecção 
Neuropatia – A hiperglicemia prolongada, por mecanismos ainda não completamente 
conhecidos, atua sobre as fibras nervosas provocando degenerescência dos axónios. 
Primeiro são atingidas as fibras simpáticas, porque são quase desprovidas de mielina, 
seguindo-se as grossas fibras somáticas, sensitivas e motoras. 
 A neuropatia simpática tem como consequência a vasodilatação (devido à 
perda de tónus vasoconstritor) ao nível de artérias e arteríolas e o bloqueio da 
produção de suor pelas glândulas sudoríparas, dando origem a um pé mais 
quente e edemaciado, mas de pele seca e quebradiça, favorecendo a formação 
de fissuras, possíveis portas para entrada das bactérias patogénicas. 
 A neuropatia motora provocada pela lesão dos axónios e das bainhas de mielina 
dos nervos motores é responsável pela atrofia dos pequenos músculos 
intrínsecos do pé, dando origem a alterações estruturais da arquitetura do pé, 
que são responsáveis pelo desenvolvimento de áreas de hiperpressão intrínseca 
ou áreas de fácil hiperpressão extrínseca, áreas potenciais de formação de 
calosidades e úlceras. 
 A neuropatia sensitiva impede o doente de se defender das agressões quer 
intrínsecas quer extrínsecas antes que estas conduzam à formação de úlcera por 
traumatismo direto, extrínseco, como seja o sapato inadequado, a queimadura, 
ou outro. 
Angiopatia – A doença arterial periférica caracteriza-se pela presença de aterosclerose 
(que por sua vez leva a diminuição da perfusão distal ou isquemia devido à estenose 
e obstrução arterial) e calcificação da túnica média, produzindo um vaso rígido sem 
estreitamento do lúmen. A pessoa diabética com doença arterial periférica pode estar 
assintomática, sofrer claudicação intermitente, ter dor isquémica em repouso, úlceras 
e gangrena. A doença arterial periférica predispõe ainda a alterações ungueais (das 
unhas), tais como unhas engrossadas. O espessamento ungueal seguido de trauma 
provoca, com frequência, infecção no tecido subjacente à unha. As alterações 
32 
 
ungueais levam ao aparecimento de outras doenças da unha como, por exemplo, as 
onicomicoses. 
Onicomicoses – Intervêm na etiologia das onicomicoses as alterações no sistema 
imunitário e a vasculopatia, por diminuir a capacidade do organismo em combater 
este tipo de infeção. Qualquer alteração provocada pelas infeções micóticas (lesões 
vesiculares, rotura da pele, maceração interdigital) pode favorecer o início de uma 
infeção bacteriana. 
Factores de risco no pé diabético (Revilla et al, 2007): 
 Úlcera ou amputação prévia 
 Complicações tardias da diabetes 
 Diminuição da acuidade visual 
 Desconhecimentos dos riscos da doença 
 Condições socioeconómicas deficientes 
 Depressão 
 Pele seca do pé 
 Presença de calosidades, gretas ou onicomicoses 
 Presença de edema 
 Deformidade dos dedos ou rigidez articular 
 Neuropatia 
 Doença arterial periférica 
 Uso inadequado de meias e calçado 
Identificação do pé em situação de risco (Revilla et al, 2007): 
 Baixo risco – ausência de factores de risco – vigilância anual; 
 Médio risco – um ou mais factores de risco, excepto neuropatia, DAP, 
deformação, ulceração ou amputação prévias – vigilância semestral; 
 Alto risco – existência de neuropatia, DAP, deformação, ulceração, amputação 
prévias – vigilância mansal a trimestral. 
Tratamento 
A intervenção terapêutica na diabetes tem como objectivos a ausência de sintomas 
de descompensação aguda, a diminuição de complicações tardias vasculares e o 
aumento/manutenção da qualidade de vida. O objectivo relativamente à 
hemoglobina glicada é manter valores < 6,5%. 
33 
 
Regime Medicamentoso 
DM 1 – de acordo com a International Diabetes Foundation (2015), a terapêutica 
principal é a insulina, associada a monitorização regular da glicemia, manutenção de 
dieta saudável e prática regular de exercício físico. A insulinoterapia é indispensável 
nestes casos, para assegurar a sobrevivência, devido ao estado de insulinopenia 
absoluta. 
DM 2 – de acordo com a International Diabetes Foundation (2015), e a DGS (2013), a 
terapêutica principal é a adopção de dieta saudável, actividade física regular, e 
manutenção de peso corporal adequado. No entanto, a maioria das pessoas necessita 
de intervenção farmacológica. 
A escolha do grupo farmacológico ou fármaco antidiabético oral deve ter em conta a 
efectividade terapêutica, os efeitos extraglicémicos capazes de modular a longo prazo 
a história natural de diabetes, as complicações, a segurança, a tolerabilidade, a 
facilidade de administração e o custo. A eficácia do antidiabético oral depende das 
caracteríscias do medicamento, das características do indivíduo, da duração da 
diabetes, do valor basal inicial de glicemia, das terapêticas anteriores, comorbilidades, 
etc. 
O tratamento farmacológico inicia-se com antidiabéticos orais, sendo a metformina 
o fármaco de eleição (especialmente em pessoas com excesso de peso) em regime 
de monoterapia, em doses crescentes, desde que não haja contraindicação ou 
intolerância, sendo introduzidos outros antidiabéticos orais e/ou insulina se os 
objectivos terapêuticos não forem atingidos. Deve considerar-se a opção por um 
secretagogo de insulina ou de outro sensibilizador de insulina nas pessoas com DM 
2 com intolerância ou contraindicação para o uso de metformina. 
Fármacos mais utilizados: 
 Inibidores da alfa glicosidase – diminuem velocidade de degradação e absorção 
dos hidratos de carbono – acarbose, miglitol, voglibose, etc. 
 Secretagogos de insulina – sulfonilureias – estimulam libertação de insulina – 
clorpropamida, tolezamida, tobutamide, glibenclamida, gliclazida, etc. 
 Secretagogos de insulina – meglitinidas – estimulam libertação de insulina – 
nateglinide, repaglinide, etc. 
 Sensibilizadores de insulina – tiazolidinedionas – Aumentam a sensibilidade à 
insulina principalmente no músculo – proglitazona, rosiglitazona. 
34 
 
 Sensibilizadores de insulina – biguanidas – Aumentam a sensibilidade à insulina 
principalmente no fígado – metformina 
 Agonistas e produtos miméticos do GNP1 (receptor do peptídeo glucagon 
símile 1, aumenta a secreção de insulina) – exenatide, sitagliptina. Análogos de somatostatina – octreozide 
 Outros – insulina exógena, glucagon exógeno, diazóxido. 
Notas relativas à insulinoterapia 
 A dose de insulina deve ser individualizada e titulada para que os objetivos 
terapêuticos definidos sejam: 
o Glicemia em jejum ≤ 100 mg/dl (≤ 5.6 mmol/l); 
o HbA1c < 7 %. 
 Em doentes idosos ou com doença cardiovascular grave deve optar-se por 
objetivos terapêuticos menos exigentes. 
 Recomenda-se que a titulação da dose de insulina tenha por base algoritmos 
publicados e reconhecidos, onde é recomendado que a insulina basal seja 
aumentada duas a três unidades cada três dias, caso os alvos terapêuticos 
definidos não sejam atingidos. 
 Quando há necessidade de intensificação da terapêutica insulínica, esta deve 
ser sempre individualizada e acordada com a pessoa com diabetes. 
 Qualquer que seja o esquema terapêutico de insulina utilizado recomenda-se a 
terapêuticaconcomitante com metformina, caso não exista contraindicação 
médica, tendo em conta o efeito positivo no controlo do aumento de peso e a 
sua ação insulinossensibilizadora 
 
 
35 
 
 
36 
 
Regime dietético 
De acordo com a DGS (2013), a manutenção de peso adequado é de extrema 
importância para a prevenção e tratamento da diabetes, principalmente DM2. 
Assim, segundo a OMS (2015), Controlar a Diabetes (2017), Associação Portuguesa 
dos Nutricionistas (2011), ULSM (2011) e DGS (2011, 2013), a alimentação do cliente 
diabético deve cumprir as seguintes recomendações: 
 Consumir regularmente alimentos ao longo do dia, fazendo cerca de 5 a 6 
refeições por dia, não esquecendo o pequeo almoço e não ultrapassando as 3h 
entre cada refeição. 
 Comer devagar e mastigar bem os alimentos; 
 Dieta variada, nutricionalmente equilibrada, rica em hortícolas e frutas, de modo 
a atingir no mínimo 400mg/dia, o que equivale a cerca de 2 a 3 peças de fruta 
por dia e 2 sopas pequenas de legumes, às refeições principais. 
 Começar as refeições principais por uma sopa rica em legumes e hortaliças. 
 Não ingerir fruta isoladamente. 
 Consumir mais alimentos ricos em fibra como os cereais integrais, as frutas, os 
legumes, as leguminosas; 
 Consumir mais peixe; 
 Preferir fontes de proteína com menos gordura, como leite meio gordo, frango, 
peru 
 Consumir mais água ao longo do dia (cerca de um litro e meio, que corresponde 
a 8 copos); 
 Reduzir o consumo de gorduras, especialmente a de origem animal, dando 
preferência ao azeite para temperar e cozinhar. Evitar que o consumo de 
gorduras exceda 30% da ingestão calórica total, preferindo o consumo de 
gorduras insaturadas em vez de gorduras saturadas; 
 Reduzir do consumo de sal (valor ingerido inferior a 5,8 g/dia); 
 Usar ervas aromáticas (aipo, alecrim, alho, cebolinho, coentro, estragão, hortelã, 
louro, salsa, orégão, etc.) e especiarias (açafrão, baunilha, canela, caril, colorau, 
noz-moscada, etc.) para que os cozinhados fiquem mais saborosos. 
 Reduzir o consumo de açúcar para menos de 10% da ingestão calórica diária, 
correspondendo a cerca de 50 gramas ou 12 colheres de café de açúcar, ou, 
idealmente, menos de 5%, que corresponde a cerca de 25 gramas; 
 Ler cuidadosamente os rótulos dos alimentos é fundamental na seleção de 
alimentos com reduzido teor de açúcares, gorduras e sal. Sob a designação de 
37 
 
açúcares engloba-se, por exemplo, sacarose (vulgar açúcar de mesa), glucose, 
dextrose, frutose, maltose, lactose, açúcar invertido, mel, xarope de glicose, 
xarope de milho, etc. 
 Poderão ser utilizados adoçantes ou edulcorantes em substituição do açúcar, 
mas sempre em pequenas quantidades. Estes dividem-se em energéticos (ex.: 
frutose, sorbitol, xilitol, manitol) e não energéticos (ex.: sacarina, ciclamato de 
sódio, aspartame, acessulfame de potássio, sucralose). Estes últimos 
praticamente não fornecem calorias e não interferem nos níveis de glicemia. 
Poderá ser utilizado stevia, que é um adoçante de origem vegetal. 
 Reduzir o consumo de álcool (máximo 30ml/dia ou 2 copos/dia para os homens 
e 15ml/dia ou 1 copo/dia para as mulheres) . 
 Reduzir o consumo de café (máximo 300mg/dia ou 2 a 3 cafés/dia). 
 O consumo de alimentos especialmente ricos em açúcar, como os refrigerantes, 
bolos, pastéis, gelados, chocolates, mel, compotas e outros doces, deve ser 
feito, preferencialmente, no final das refeições, e a sua ingestão não deve ser 
diária mas sim reservada para consumos ocasionais e de festa. Nestas situações, 
pode optar por partilhar a sobremesa com alguém e/ou servir-se de menos 
arroz/ massa/ batata/ leguminosas. 
 Cessação tabágica 
De acordo com a American Diabetes Association (2013), tanto a quantidade como o 
índice glicémico do hidrato de carbono influenciam os níveis glicémicos, pelo que 
estar atento a estes factores é importante para melhorar o controlo glicémico. 
Índice glicémico (IG): 
 O índice glicémico diz respeito à forma como o hidrato de carbono aumenta o 
nível de glicose na corrente sanguínea. Alimentos com alto índice glicémico 
aumentam mais a glicose na corrente sanguínea do que alimentos com baixo 
ou médio índice glicémico. 
 O índice glicémico de um alimento é influenciado por diferentes factores, tais 
como: 
o Quantidade de fibra – maior quantidade de fibra leva a um menor o índice 
glicémico 
o Processamento – comidas menos processadas contêm menor índice 
glicémico: peça de fruta tem menor índice glicémico do que o sumo; 
batata tem menor índice glicémico do que puré; etc. 
o Maturação – frutos e legumes mais verdes têm menor índice glicémico. 
38 
 
o Método de cozedura – menor tempo de cozedura leva a menor índice 
glicémico. 
 Exemplos de comidas com baixo índice glicémico incluem feijões, lentilhas, 
vegetais, batata doce, grande parte das frutas, cereais integrais, etc. 
Regime de exercício 
De acordo com a DGS (2013), a actividade física melhora o controlo glicémico e a 
sensibilidade à insulina e diminui o risco cardiovascular. 
Segundo a ULSM (2011), o indivíduo portador de diabetes deverá praticar actividade 
física regularmente, por exemplo, caminhar 30min/dia, 5-7 dias/semana. 
De acordo com a DGS (2013) e CDC (2016) , a actividade física deverá ser adequada à 
situação de saúde: 
 Pessoas com DM 1 deverão praticar uma caminhada diária de 30 a 40 min/dia 
ou exercícios equivalentes. 
 Pessoas com DM 2 deverão praticar 90 a 150 min/semana de actividade física 
aeróbia fraccionada (nunca menos do que 10 min de cada vez) e com 
intensidade moderada, intercalada com exercícios de resistência/força, 3 vezes 
por semana, se não existirem contraindicações. 
 Numa pessoa que não esteja habituada a praticar exercício físico, é importante 
começar com exercícios simples, ligeiros, de curta duração (10 min de cada vez, 
por exemplo), e ir aumentando progressivamente o nível de dificuldade, 
complexidade e duração. É mais benéfico realizar actividade física diariamente, 
ainda que durante pouco tempo, sendo preferível andar 10 a 20 min/dia do que 
1h/semana,por exemplo. 
Autovigilância da glicemia capilar 
De acordo com o National Institute of Diabetes and Digestive and Kidney Diseases 
(2016), a autovigilância da glicemia capilar permite que a pessoa perceba se a 
diabetes está controlada e quais os factores que promovem alteração nos níveis 
glicémicos, promovendo assim uma melhor gestão da doença. 
Para a autovigilância da glicemia capilar, é utilizada uma máquina que avalia uma 
pequena gota de sangue do dedo da pessoa para medir os níveis de glicemia. 
39 
 
A frequência da vigilância da glicemia capilar depende da patologia e da terapêutica 
utilizada. Os momentos comuns de avaliação da glicemia capilar são: de manhã em 
jejum, antes das refeições, 2h após as refeições e antesde deitar. 
Os valores alvo de glicemia capilar são definidos pelo médico. Geralmente são: antes 
da refeição – 80 a 130 mg/dl; 2h após a refeição: < 180 mg/dl. 
De acordo com a Diabetes.co.uk (2017): 
 Valores de glicemia normal: 
o Antes das refeições – 72 a 126 mg/dl (DM 1 e DM 2) 
o 2h após as refeições – <162 mg/dl (DM1) / < 153 md/dl (DM2) 
 Hiperglicemia 
o Antes da refeição – > 126 mg/dl 
o 2h após a refeição – ≥ 200 mg/dl 
 Hipoglicemia 
o < 70 mg/dl 
Autovigilância dos pés 
De acordo com Maia e Silva (2005), o cliente diabético deve vigiar os pés diariamente, 
procurando por calosidades, fissuras, micoses e/ou ferimentos. 
Cuidados aos pés (Afonso et al, 2014): 
 Inspecção diária dos pés, incluindo entre os dedos, para procura de calosidades, 
rachaduras, micoses e ferimento (pelo doente ou outra pessoa); 
 Lavagem diária dos pés e confirmar previamente a temperatura da água (deve 
ser inferior a 37º, evitar lavar com água quente, pois os clientes acometidos com 
neuropatia possuem perda de sensibilidade, não conseguem avaliar 
devidamente a temperatura da água e, consequentemente, têm risco de 
queimadura. Testar temperatua da água com o cotovelo, por exemplo); 
 Pés devem ser cuidadosamente secos, nomeadamente entre os dedos; 
 Utilizar creme hidratante se a pele estiver seca (não aplicar entre os dedos, pois 
esta zona deve ser mantida seca); 
 Não expor os pés a temperaturas extremas; 
 Não cortar ou utilizar produtos químicos ou adesivos para remover as 
superfícies córneas ou calosidades (apenas deve ser realizado por especialistas); 
 Cortar as unhas a direito, não muito rentes; 
40 
 
 Evitar andar descalço e não utilizar calçado sem meias; 
 Mudar diariamente de meias; 
 Utilizar as meias com as costuras para fora ou, de preferência, sem qualquer 
costura; 
 Certificar-se de que as meias não ficam com dobras; 
 Utilizar meias de preferência de fibras naturais (lã ou algodão), a fim de 
absorverem a umidade dos pés, pois materiais sintéticos podem causar 
transpiração excessiva, tornando os espaços interdigitais locais propícios para 
o crescimento de fungos 
 Utilizar meias claras como forma de despiste fácil de qualquer serosidade 
reveladora de lesão não percepcionada pelo doente; 
 Utilizar calçado apropriado: 
o Cómodo 
o Leve 
o De biqueira larga e redonda (para que a zona digital não seja comprimida 
e não haja risco de lesão e alterações morfológicas como dedos em garra, 
hállux valgus, etc). 
o Fundo, perfeitamente adequado ao pé (nem muito apertado nem muito 
largo), às suas deformações e alterações biomecânicas., utilizando 
palmilhas para aliviar a pressão se necessário. 
o Deve ter atacadores ou tiras de velcro, para permitir a adaptação às 
alterações de volume dos pés devido ao edema. O calçado tipo mocassim 
(sem atacadores) deve ser banido do dia-a-dia do diabético porque não 
possui forma de ajustar ao pé e a solução para que não escorregue ou 
chinele é utilizar um tamanho mais pequeno levando a uma compressão 
digital. 
o Altura do tacção deve medir 2 a 3 cm com uma base ampla para evitar a 
instabilidade da marcha e facilitar o relaxamento da musculatura posterior 
da perna. 
o A palmilha do sapato deve ser amovível, para permitir colocar a palmilha 
ortopodológica. 
o Interior do sapato deve ser liso e sem costuras, para evitar lesões. 
 Comprar os sapatos de preferência à tarde. Um sapato que de manhã está 
ajustado, à tarde pode ficar apertado pelo edema. Não podemos esquecer de 
reforçar ao doente, e seus familiares, que a sua sensibilidade está comprometida 
impedindo-o de se defender das agressões extrínsecas; 
41 
 
 Inspeccionar e palpar diariamente o interior dos sapatos antes de os calçar para 
evitar calçá-los com objetos estranhos no seu interior. 
 Fazer exercício físico moderado e adequado à sua situação clínica (ex: 
caminhadas diárias); 
 Não fumar; 
 Controlar a glicemia, tensão arterial e lípidos (controlar a alimentação); 
 Assegurar-se que os pés são observados regularmente por um profissional de 
saúde; 
 Informar imediatamente o profissional de saúde no caso de surgirem flictenas, 
fissuras, arranhões, dor, alterações da cor ou outras alterações 
neurocirculatórias. 
Controlo metabólico no DM 
 Hemoglobina glicada A1c – alvo 6,5% ou menos. 
 Glicemia pré-prandial – 90-130 mg/dl 
 Glicemia pós-prandial - < 140 mg/dl 
 Tensão arterial – alvo deverá ser <130/80 (se insuficiência renal, proteinúria > 
300 mg/24h, TA alco deverá ser < 125/75). 
 Lípidos sanguíneos 
o LDL =/< 100 mg /dl 
o HDL 
 Homem > 40 mg/dl 
 Mulher > 46 mg/dl 
o Triglicerídeos < 150 mg/dl 
 Cessação tabágica obrigatória (permite diminuir o risco cardiovascular) 
 Actividade física regular 
 Controlo de peso IMC < 25 (em caso de excesso de peso, redução de pelo 
menos 5%) 
 Perímetro da cintura 
o Homem < 94 cm 
o Mulher < 80 cm. 
De acordo com as orientações técnicas da Direcção Geral de Saúde, a periodicidade 
recomendada é de 4/4 meses (num total de 3 consultas por ano), porém é variável de 
acordo com o controlo glicémico do utente. 
42 
 
 
43 
 
 
 
 
44 
 
 
45 
 
 
46 
 
DOENÇA RENAL CRÓNICA 
A doença renal crónica (DRC) é definida por lesão renal caracterizada por alterações 
estruturais ou funcionais dos rins com ou sem redução da taxa de filtração glomerular 
(TFG), manifestadas por alterações patológicas ou indícios de lesão renal em exames 
de sangue, de urina ou de imagens, irreversíveis, que podem evoluir 
progressivamente para uremia, insuficiência renal crónica (IRC) e falência renal. 
A definição de DRC engloba um conjunto misto de processos fisiopatológicos 
associados a uma função renal anormal e a um declínio progressivo da taxa de 
filtração glomerular (TFG). 
A TFG normal varia de acordo com a idade, sexo, superfície corporal. Nos adultos 
jovens é cerca de 120-130 ml/min/1,73m2. Diminui com a idade, sendo a partir dos 
70 anos aproximadamente 75ml/min/1,73m2. 
Estádios de DRC – As directrizes da National Kidney Foundation (NKF) definem 5 
estádios de DRC com base na TFG: 
 Estádio 1 (TFG igual ou superior a 90 ml/min, com proteinúria ou hematúria) – 
lesão renal com TFG normal ou aumentada. 
 Estádio 2 (TFG 60-89 ml/min, com proteinúria ou hematúria) – lesão renal com 
diminuição leve da TFG. 
 Estádio 3 (TFG 30-59 ml/min) – redução moderada da TFG. 
 Estádio 4 (TFG 15-29 ml/min) – redução grave da TFG. 
 Estádio 5 (TFG inferior a 15 ml/min) – falência grave. 
Nas fases iniciais da doença há uma hiperfunção renal patológica, traduzida por uma 
TFG elevada. Aparece inicialmente a microalbuminúria, que depois evolui para 
macroalbuminúria, e a TFG diminui progressivamente para um valor 
<60ml/min/1,73m2. Nesta fase aumenta significativamente o risco cardiovascular. 
Insuficiência renal crónica – A IRC corresponde aos estádios 3,4 e 5 da DRC, isto é, 
quando a TFG é menor que 60 mL/min/1,73 m2, por três meses ou mais, com ou sem 
lesão renal. Caracteriza-se por redução irreversível e significativa da quantidade de 
nefrónios (unidades básicas do rim), visível através da reduzida TFG. 
Depois de estabelecida a DRC, a disfunção renal, geralmente, permanece estável por 
meses ou declina vagarosamente no decorrer de meses a anos. Estima-se que cerca 
de 5 a 10% da população sofra de DRC. Esta constitui por si só um factor de risco 
47 
 
cardiovascular independente, aumentando de forma significativa a morbilidade e 
mortalidade dos doentes. 
Factores de Risco 
Determinados factores aumentam o risco de desenvolver DRC, tais como 
 HTA 
 Diabetes 
 Doenças auto-imunes 
 Idade avançada, > 65 anos 
 Descendência africana 
 História familiar de doençarenal 
 Episódios anteriores de insuficiência renal aguda 
 Existência de proteinúria, sedimento urinário anormal ou anormalidades 
estruturais do trato urinário. 
Doenças que predispõem para DRC 
A nefropatia diabética constitui a causa mais comum de DRC, geralmente secundária 
à Diabetes tipo 2, seguindo-se a HTA secundária como a segunda principal causa de 
DRC. 
 Diabetes Mellitus 
 Hipertensão 
 Glomerulnefrite 
 Doença Vascular 
 Doença Renal Poliquística 
 
 
48 
 
Consequências da doença renal crónica: 
 Calcificação cardiovascular (quando está em excesso, o fósforo sanguíneo liga-
se ao cálcio circulante, formando o fosfato de cálcio, uma substância insolúvel 
que precipita nos vasos sanguíneos e provoca a calcificação destes vasos, 
obstruindo o normal fluxo de sangue); 
 Calcificação dos tecidos moles; 
 Hiperparatiroidismo secundário; 
 Hiperfosfatemia 
 Hiperpotassemia 
 Alterações da glicemia 
 Dor nos ossos, nas articulações e nos músculos 
 Danos aos nervos de pernas e braços (neuropatia periférica) 
 Osteopenia (diminuição da massa óssea); 
 Aumento do risco de fracturas; 
 Anemia; 
 Hipertensão; 
 Prurido (comichão) intenso e difuso que pode levar a lesões cutâneas graves e 
impedir um descanso profícuo (devido à hiperfosfatémia). 
 Olhos vermelhos; 
 Disfunção sexual. 
 
49 
 
CONSULTA DE PLANEAMENTO FAMILIAR 
 
Principais objectivos das consultas de Planeamento Familiar: 
 Promover a vivência da sexualidade de forma saudável e segura; 
 Regular a fecundidade segundo o desejo do casal; 
 Preparar para uma maternidade e paternidade responsáveis; 
 Reduzir a mortalidade e a morbilidade materna, perinatal e infantil; 
 Reduzir a incidência das DTS e as suas consequências, nomeadamente a 
infertilidade; 
 Melhorar a saúde e o bem-estar dos indivíduos e da família. 
Podem ser inscritos na consulta de planeamento familiar: 
 Indivíduos em idade fértil: 
o Mulheres até aos 54 anos; 
o Homens, sem limite de idade. 
 Aconselha-se a primeira consulta de planeamento familiar no início da 
adolescência (puberdade), antes da primeira relação sexual. 
Periodicidade das consultas: 
 Preconiza-se a realização de 1 consulta médica e 2 consultas de enfermagem 
por ano. 
Em que consiste a consulta: 
 Preenchimento do boletim de planeamento familiar (livrinho laranja) e ficha de 
planeamento familiar. A pessoa deverá levar sempre o seu boletim de PF 
quando se dirigir a esta consulta. 
 Avaliação do estado de saúde geral (avaliação da pressão sanguínea, peso, IMC). 
 Abordagem de temas sobre sexualidade, consoante os conhecimentos e 
necessidades da pessoa. 
 Fornecimento de informação sobre métodos contraceptivos (quais existem, 
vantagens e desvantagens, etc). 
 
 
50 
 
SEXUALIDADE 
A sexualidade é um aspecto inerente ao ser humano, que inclui várias vertentes, tais 
como o sexo, a identidade de género, a orientação sexual, o erotismo, o prazer, a 
intimidade e a reprodução, e é vivenciada e expressa de diferentes formas, como 
pensamentos, fantasias, desejos, crenças, atitudes, valores, papéis, comportamentos 
e relacionamentos. 
A sexualidade é influenciada por diferentes factores, de ordem biológica, psicológica, 
social, económica, política, ética, legal, histórica, religiosa e espiritual. 
Dimensão psicológica da sexualidade 
Diferença entre amigo/colega, namorar/curtir, amor/paixão. 
Dimensão biológica da sexualidade 
Hormonas sexuais 
Substâncias produzidas nas gónadas a partir da puberdade, sendo responsáveis pelo 
aparecimento das características sexuais secundárias. 
 Testosterona 
o Produzida nos testículos 
o Desempenha um papel importante no desejo e comportamento sexual. 
o Existe tanto no homem como na mulher, em níveis que se mantêm mais 
ou menos constantes ao longo da vida. 
o Homens possuem quantidades superiores comparativamente às 
mulheres, pelo que os homens se mostram mais resistentes à diminuição 
do desejo sexual. 
 Estrogénios 
o Produzidos nos ovários 
o Presentes na mulher, estimulam o desejo sexual 
o São inibidos pelas hormonas prolactina e progesterona 
 Progesterona 
o Produzida nos ovários 
A produção destas hormonas ocorre devido a estímulos emitidos pelo hipotálamo 
(região do cérebro com função reguladora de processos metabólicos), liberando 
fatores hormonais gonadotróficos, com ação na hipófise (glândula do sistema 
51 
 
nervoso) que libera FSH (hormona folículo estimulante) e LH (hormona luteinizante), 
atuando sobre as gónadas. 
FSH e LH nos testículos – nos testículos, o FSH estimula as células dos tubos 
seminíferos a desencadearem o processo de divisão meiótica para produção de 
espermatozóides, enquanto o LH estimula as células intersticiais na produção de 
testosterona afirmando os caracteres sexuais secundários. 
FSH e LH nos ovários – o FSH e LH estimulam o crescimento e amadurecimento das 
células foliculares, bem como o aumento da secreção de estrógeneo pelos folículos 
em desenvolvimento. A inibição de FSH causa morte dos folículos não dominantes. O 
pico de LH inicia a ovulação (ruptura do folículo maduro, o oócito é lentamente 
expelido) e determina a transformação do folículo eclodido em corpo amarelo/lúteo. 
Puberdade 
A adolescência corresponde ao período de desenvolvimento que decorre entre o 
início da puberdade e o estado adulto, durante o qual ocorre crescimento do 
indivíduo a nível psicológico e biológico, envolvendo o desenvolvimento da 
identidade, a modificação do corpo e a maturação a nível sexual (Abreu, 2010). 
A puberdade diz respeito ao período em que é atingida a maturação dos órgãos 
sexuais, que se tornam biologicamente competentes para a reprodução. Durante este 
período, os jovens despertam para a sexualidade, vivenciando as primeiras paixões e 
a intensificação do desejo sexual (Abreu, 2010). 
O período da puberdade (Papalia, Olds e Feldman, 2000) 
 A duração do período da puberdade é semelhante para ambos os sexos, sendo 
aproximadamente de 4 anos. 
 Tem inicio em tempos distintos para o sexo masculino e feminino 
o O sexo feminino atinge, geralmente, a puberdade entre os 9,5 e os 14,5 
anos 
o O sexo masculino a atinge a puberdade entre os 10,5 e os 16 anos 
 
As mudanças que ocorrem durante a puberdade, decorrentes do desenvolvimento 
das características sexuais secundárias, incluem: 
52 
 
 Aparecimento de pilosidade, alterações na voz, aparecimento de acne; 
 Sexo masculino – crescimento do pénis, dos testículos e do escroto, 
aparecimento da barba, primeira ejaculação, acentuamento do odor corporal; 
 Sexo feminino – aumento do útero, da vagina, do clítoris e dos lábios vaginais, 
distribuição da gordura pelo corpo, com a formação da silhueta feminina, 
primeira menstruação (o desenvolvimento da estatura estagna a partir da 
primeira menstruação); 
De acordo com Abreu (2010) e Papalia, Olds e Feldman (2000),o período da 
puberdade é marcado por atracção pela novidade, vontade de experimentar 
sensações novas e elevada impulsividade, podendo conduzir a situações de risco 
como a prática de actividade sexual desprotegida. Tem-se verificado uma tendência 
para a primeira relação sexual acontecer cada vez mais cedo. 
Ejaculação 
Segundo Mattos (2005), a ejaculação corresponde à libertação de esperma e está 
dependente da erecção do pénis, que é estimulada por um aumento do afluxo 
sanguíneo aos tecidos nessa região. 
Após uma primeira ejaculação há um perído de tempo durante o qual pode ocorrer 
uma segunda ejaculação, que varia entre minutos a horas (Silva, 2012). 
De acordo com a FPA (2014) e Warren (2013), o tempo de sobrevivência dos 
espermatozóides no sistema reprodutor feminino após a penetração seguida de 
ejaculação é, em condições

Continue navegando