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Noções de Climatologia março 2014 Prof. Fernando D. Fagundes ConteúdoConteúdo 3.1 Meteorologia e Climatologia 3.2 Atmosfera e as camadas 3.3 Fluxos: efeito estufa 3.4 Variáveis climáticas 3.5 Caracterização climática 3.6 Circulação geral da atmosfera - El Nino, La Nina - Jatos de baixa altitute 3.7 Variabilidade e Modificação Climática Meteorologia é a ciência que estuda a atmosfera e seus processos físicos. Climatologia é a parte da meteorologia que analisa as características médias e extremas das variáveis meteorológicas ou do tempo (estuda o clima). Tempo estado físico da atmosfera (condições meteorológicas) num dado instante em determinado lugar, como: evaporação, chuva, direção e velocidade do vento, temperatura e umidade do ar, pressão atmosférica, tipo e quantidade de nuvens, insolação real, nevoeiros, podem ser variáveis no dia ou de um dia para outro. Clima conjunto dos fenômenos meteorológicos que caracterizam o estado médio da atmosfera de um lugar, ao longo dos anos. Sendo recomendadas médias de no mínimo 30 anos de observação Tanto a Meteorologia quanto a Climatologia estudam a atmosfera, mas existem diferenças entre as duas ciências. Meteorologia estuda toda a atmosfera, desde a superfície do solo até o limite superior da mesma. Utiliza observações isoladas dos fenômenos meteorológicos de um determinado dia, mês ou ano. Climatologia se preocupa com os eventos que ocorrem na camada atmosférica em contato com a superfície do solo, ou seja, a baixa troposfera. Utiliza observações realizadas com regularidade durante muitos anos, no mínimo 30 anos, de observações. Portanto dois locais que possuem o mesmo clima podem ter condições de tempo meteorológico diferentes em um mesmo momento. Por exemplo: um pode apresentar a ocorrência de chuva, temperatura do ar mais elevada e o outro não. Assim, a condição climática geralmente tem uma abragência geográfica maior que a condição de tempo. ELEMENTOS CLIMÁTICOSELEMENTOS CLIMÁTICOS Valores médios das variáveis meteorológicas que caracterizam o clima: Temperatura do ar Pressão atmosférica Umidade relativa do ar Evaporação e evapotranspiração Precipitação Ventos Radiação solar Insolação FATORES CLIMÁTICOSFATORES CLIMÁTICOS Características físicas que determinam o estado climático Latitude Altitude e relevo Cobertura vegetal e solos Continentes e mares Correntes oceânicas Circulação e massas de ar Atividade humana Latitude Variação da temperatura do ar com a latitude. Principal fator Inclinação dos raios solares Classificação elementar: Tropical (tórrida) Temperadas Glaciais Altitude e relevo Posição no relevo: Variação da temperatura com a altitude e chuvas de origem orográficas Temperatura do ar e pressão: decrescem com a altitude, -0,6° C p/ cada 100 m de altitude (na troposfera). Precipitação: maiores em locais com chuvas de origem orográfica. Influência de serras e outras orografias (relevos) KILIMANJARO - ÁFRICA Cobertura vegetal e solos Extensas áreas de vegetação formam massas de ar, as quais são constituídas por um grande volume de ar praticamente homogêneo quanto à temperatura e umidade do ar. Em razão dos movimentos atmosféricos, as massas de ar podem atuar em locais distantes da sua formação. Ex. Massa de ar Equatorial Continental (Ec) formada na região amazônica atua na região sul durante o verão. Continentes e mares Ação da continentalidade e das correntes marinhas sobre o clima Desigualdade de aquecimento entre continentes e oceanos. Na região litorânea a amplitude térmica é menor. Isso se explica pela proximidade das águas do mar que se aquecem e se resfriam lentamente. Nessa região a umidade do ar é maior. No interior do continente a amplitude térmica aumenta por causa, entre outros fatores, do aquecimento e resfriamento rápido das rochas e solos. O distanciamento do mar deixa o ar mais seco. Maritimidade Continentalidade UR 82% UR 73% Correntes oceânicas/marítimas As correntes marítimas correspondem às massas de água que migram em distintos rumos ao longo dos oceanos e mares. As massas de água que se locomovem não interagem com as águas dos lugares que percorrem, desse modo detêm suas características particulares como cor, temperatura e salinidade. A formação das correntes marítimas, de acordo com diversas pesquisas, é derivada, dentre outros fatores, pela influência dos ventos e movimentos terrestres, especificamente o de rotação. CORRENTES MARÍTIMAS Circulação e massas de ar As massas de ar são extensas “bolsas” de ar que realizam deslocamentos ao longo da troposfera, possuem características particulares de temperatura, pressão e umidade relativamente uniforme. Tais características são adquiridas do lugar onde as massas se originam (exemplo: massa polar), porém, ao se deslocarem, interferem no clima e no tempo de distintos lugares por onde passam. O que difere uma massa de ar de outra massa são a temperatura (quente ou fria) e a umidade (seca ou úmida). Quanto à temperatura, elas podem ser equatoriais/ tropicais (quentes) ou polares (frias). Já em relação à umidade, as massas podem ser marítimas (úmidas) ou continentais (secas), exceto quando se formam em regiões de florestas equatoriais, onde há grande umidade em virtude do processo de evapotranspiração. MASSAS DE AR - Frentes. A imagem mostra a chegada de uma frente fria no Brasil, que é resultado do contato de uma massa de ar FRIO com uma massa de ar QUENTE. Circulação e Massas de ar Massas no Brasil Equatorial Continental (mEc) Equatorial Atlântica (mEa) Tropical Atlântica (mTa) Tropical Continental (mTc) Polar Atlântica (mPa) Polar Atlântica Tropical Atlântica Tropical Continental Equatorial Atlântica Equatorial Continental Massas Características Massa Equatorial (mEa) Quente e úmida, dominando a parte litorânea da Amazônia e do Nordeste em alguns momentos do ano, tem seu centro de origem no Oceano Atlântico. Massa Equatorial Continental (mEc) Quente e úmida, com centro de origem na parte ocidental da Amazônia, que domina a porção noroeste da Amazônia durante quase todo ano. Massa Tropical Atlântica (mTa) Quente e úmida originária do Oceano Atlântico nas imediações do trópico de Capricórnio e exerce enorme influência sobre a parte litorânea do Brasil. Massa Tropical Continental (mTc) Quente e seca, que se origina na depressão do Chaco, e abrange uma área de atuação muito limitada, permanecendo em sua região de origem durante quase todo o ano. Massa Polar Atlântica (mPa) Fria e úmida, forma-se nas porções do Oceano Atlântico próximas à Patagônia. Atua mais no inverno quando entra no Brasil como uma frente fria, provocando chuvas e queda de temperatura. O homem interferiu em vários ciclos e sistemas que se encontravam em equilíbrio clorofluorcarbonos (CFCs) e poluentes (gás carbônico, metano...) Atividade humana (antrópica) composição da atmosfera X trocas radiativas do planeta derrubada de florestas evaporação, refletividade, rugosidade e infiltração da água, interferindo no ciclo hidrológico e energético da superfície. construção de grandes cidades rugosidade, refletividade , calor específico da superfície: vento e absorção de energia “ilhas de calor” A ação do homem sobre o Clima já é conhecida, porém ainda não se têm bem claro as conseqüências dessa ação. A atmosfera terrestre é a camada gasosa que envolve a Terra e a acompanha em seus movimentos. A atmosfera apresenta maior densidade de gases próximo à superfície em virtude da maior força de gravidade e a conseqüente concentração dos elementos componentes da atmosferasob a superfície. Constituíção básica: Nitrogênio-N2 (78,08% do volume), o Oxigênio-O2 20,94%) e Argônio-Ar (0,934%). Deses, somente o oxigênio possui interação com a radiação solar camadas: alta e baixa atmosfera. A divisão entre ambas ocorre aproximadamente aos 20km de altitude, na interface conhecida como estratopausa. Possui duas camadas: estratosfera: localiza-se entre a tropopausa e a estratopausa, possui espessura variável e caracteriza-se por apresentar menor variação vertical da temperatura do que as camadas mais próximas da terra. Nas regiões elevadas da estratosfera encontra-se a subcamada de ozônio (O3), responsável pelo controle da quantidade de radiação ultravioleta de origem solar que atinge a Terra; troposfera: compreendida entre a superfície terrestre e a tropopausa, a mesma apresenta maior espessura no equador (aproximadamente 16.000m) e menor nos pólos (em média 8.000m). Esta camada é o principal meio de transporte de massa (água, partículas sólidas, poluentes, etc.), energia (energia térmica recebida do sol), e quantidade de movimento (ventos) sobre a superfície da terra, dando origem assim aos principais fenômenos meteorológicos de interesse. Concentração de partículas sólidas decai com a altura, conforme um gradiente exponencial. Com relação à temperatura, observa-se, em média, valores mais altos nas camadas próximas à superfície terrestre. É o efeito da radiação térmica das superfície terrestre. Perfil térmico e características da troposferaPerfil térmico e características da troposfera Com relação ao perfil térmico, a temperatura do ar diminui à medida que aumenta a altitude em uma razão de 6,5°C para cada km de elevação (-6,5°C/Km), ou seja, -0,65°C/100m. 99% do vapor d’água; 75% da massa da atmosfera; decréscimo da pressão atmosférica com aumento da altitude; veloc. do vento tende a aumentar com a altitude: diminuição da força de atrito. Perfil térmico normal da troposfera IMPORTÂNCIA AGROCLIMÁTICAIMPORTÂNCIA AGROCLIMÁTICA Os principais fenômenos meteorológicos de interesse agrícola ocorrem nesta camada: formação de nuvens, chuva, granizo, neblina, orvalho e vento, entre outros. Os poluentes lançados tendem a ficar concentrados na troposfera: alguns têm interação muito forte com a radiação solar e terrestre (gás carbônico, ozônio, metano,...), outros podem reagir na troposfera (óxidos de nitrogênio e de enxofre) formando chuva ácida. AÇÃO TERMOREGULADORA maior interação c/ a radiação solar: oxigênio e ozônio; maior interação c/ a radiação terrestre: gás carbônico; vapor d’água interage com os dois tipos de radiação: solar e a terrestre. Período diurno: a atmosfera absorve parte da radiação solar, evitando que ocorra um superaquecimento da superfície. Durante o dia: retém parte da radiação terrestre à noite evita que ocorra um super-resfriamento da superfície a redução de temperatura durante a noite seria drástica a ponto de comprometer a vida na superfície da Terra. AÇÃO TERMOREGULADORAAÇÃO TERMOREGULADORA efeito estufa CFCs – sintetizados Gás carbônico e metano – naturais intensificados Efeito Estufa CONCEITO : A radiação solar de onda curta penetra a atmosfera, aquecendo a superfície da terra. Parte desta radiação é absorvida e parte é refletida de volta para a atmosfera (albedo). A parcela absorvida produz aquecimento na superfície que emite radiação de onda longa (radiação térmica) que pode ser absorvida pelos gases encontrados na atmosfera, como o vapor d’água e o dióxido de carbono (CO2). A absorção desta radiação de onda longa aquece a atmosfera, aumentando a temperatura da superfície. Este é o denominado efeito estufa. O efeito estufa é um processo natural. A potencial modificação climática é resultante do aquecimento adicional da atmosfera devido ao aumento da emissão de gases produzido pelas atividades humana e animal na Terra, além dos processos naturais já existentes. Os principais gases que contribuem para este processo são : o dióxido de carbono CO2, metano (CH4) , óxido de nitrogênio e CFC (clorofluor-carbono). O CO2 é produzido pela queima de combustíveis fósseis e produção de biomassa O principal componente do clima é radiação solar, sua variação espacial e temporal; Fluxos de energia: radiação solar de onda curta; albedo; radiação térmica de onda longa; absorção atmosférica Condições normais: temperatura alta no Oeste do Pacífico com formações convectivas e temperatura do mar na Costa do Peru frio; El Nino: Diminuem os ventos e a temperatura do mar aumenta e o sistema convectivo se move para o oeste, aumentando a temperatura do mar junto a costa do Peru. Estas condições aumentam a umidade nos sistemas alterando as condições de precipitações na América do Sul e, em diferentes partes do Mundo. O aumento da temperatura do mar diminui a produção dos peixes pela redução de nutrientes na costa sulamericana. Está associado também a um período em que os ventos mudam de direção de oeste para leste Temperatura baixa na costa do Pacífico, maior quantidade de nutrientes; ventos fortes no sentido leste –oeste; Maior mistura das camadas e aprofundamento do epiliminio El Nino: Aumento de Inundações no Sul e Sudeste; Redução de precipitação no Nordeste; demora da ocorrência das precipitações no período chuvoso no Sudeste. La Nina: diminuição das precipitações no Sul e Sudeste do Brasil com aumento no Nordeste brasileiro; ocorrência de precipitação maior no período de outubro a dezembro no Sudeste VARIABILIDADE DOS PRINCIPAIS COMPONENTES NO ÚLTIMO MILENIO VARIABILIDADE DA TEMPERATURA NO GLOBO E NO HEMISFÉRIO NORTE PrognósticosPrognósticos Mudanças do fenômeno Avaliação de mudanças para a Segunda metade do século 201 Avaliação em mudanças projetadas para o século 21 Altas temperaturas máximas e mais dias quentes sobre quase todas as áreas Provável Muito provável Altas temperaturas mínimas, poucos dias frios e dias com geada em quase todas as áreas Muito provável Muito provável Reduzido intervalo para a temperatura diária em quase todas as áreas Muito provável Muito provável Aumento do índice de calor: é uma combinação de temperatura, umidade e efeitos medidos no conforto humano Provável em muitas áreas Muito provável em muitas áreas Eventos de precipitação mais intensos Provável sobre muitas áreas do hemisfério norte de meia e alta latitude Muito provável sobre muitas áreas Aumento do verão continental seco e associado ao risco de estiagem Provável em muitas áreas Provável para muitas regiões de latitude média no interior dos continentes Aumento em picos de intensidade de ventos de ciclones tropicais Não foi observado e poucos análises Provável sobre algumas áreas Aumento da média ciclones tropicais e intensidade de precipitação Dados insuficientes Provável sobre muitas áreas Sazonalidade: geralmente climas com características tropicais = verão úmido e inverno seco; temperado = verão seco e inverno úmido Características das regiões brasileiras: Grande parte do território brasileiro possui verão úmido com inverno seco= Sudeste, Centro-Oeste, Norte e parte do Nordeste. No Sul existe uma zona de transição com inverno úmido e verão seco no RS (com mudanças em anos de El Nino); Ano hidrológico: Sudeste: outubro a setembro; RS : maio- abril. Movimentos que caracterizam o clima na região. Variabilidade e Modificação Variabilidade e Modificação ClimáticaClimática IPCC (2001b) define Modificação Climática (Climate Change) como as mudanças de clima no tempo devido a variabilidade natural e/ou resultado das atividades humanas (ações antrópicas). Framework Convention onClimate Change adota para o mesmo termo a definição de mudanças associadas direta ou indiretamente a atividade humana que alterem a variabilidade climática natural observada num determinado período. Variabilidade climática: terminologia utilizada para as variações de clima em função dos condicionantes naturais do globo terrestre e suas interações; Modificação climática: são as alterações da variabilidade climática devido as atividades humanas. Prognóstico com modelos GCMPrognóstico com modelos GCM Os modelos GCM (Modelos Globais Climáticos) são tridimensionais no espaço e consideram os principais processos e suas interações. Estes modelos buscam representar os diferentes processos na atmosfera e sua interação com a superfície da terra e água usando equações matemáticas. Os modelos discretizam o globo em elementos de 100 a 1000 km de lado e de 1 a 5 km de altura. A topografia e os processos físicos do sistema em cada elemento são valores médios. O aquecimento ocorrido nos últimos 100 anos é muito improvável que seja devido apenas a variabilidade climática de origem natural; As simulações mostraram que a variabilidade natural não explica o aquecimento ocorrido na última metade do século 20. O melhor resultado foi obtido quando também foram considerados os efeito antropogênico nas simulação
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