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Prova de Introdução à Museologia 2017.1 UNIRIO

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Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro – UNIRIO
Centro de Ciências Humanas e Sociais – CCH
Disciplina: Introdução à Museologia
Curso: Museologia – Noturno
Professor: Mario Chagas
Aluno: Lorran Pires dos Santos
PROVA DE INTRODUÇÃO À MUSEOLOGIA
1. Elabore três diferentes resenhas dos Cadernos do CEOM, nº 41 – Museologia Social, sendo uma da Apresentação (Museologia Social: reflexões e práticas) e as outras duas de artigos de sua livre escolha.
2. A partir da leitura do livro “Há uma gota de sangue em cada museu” estabeleça uma comparação, indicando semelhanças e diferenças, entre o “Anteprojeto de criação do SPAN”, de autoria de Mário de Andrade, e o Decreto-lei 25, de 1937. Atenção: é importante apresentar também o contexto histórico que esses debates se davam.
	Em sua obra de 1974, M.A. estabelece claros entre o modernismo e a produção cultural e política, afirmando que o movimento foi um preparador para as mudanças político-sociais que estavam por vir, instituindo um estado de espírito revolucionário e um sentimento de arrebentação. Além disso, destaca o envolvimento político de intelectuais modernistas. A Revolução de 30 estabeleceu um cenário oportuno para a modernização, o fortalecimento e o reaparelhamento do Estado, que assim passou a interferir nas mais diversas esferas do país, incluindo a cultural, fato constatado pela atuação de intelectuais junto aos órgãos públicos e por ações visando organizar o panorama cultural brasileiro. Foi nesse contexto que M.A. desenvolveu o anteprojeto de criação do SPAN. Após a implantação do SPHAN, o primeiro desafio do diretor foi preparar o projeto de lei federal para organização e proteção do patrimônio cultural brasileiro. O projeto de lei sofreu diversas alterações para ser aprovado, sendo citado por Falcão, como quase uma “versão empobrecida” do referido anteprojeto (1984). Ele destaca:
[...] Partilham projeto e decreto-lei de ponto comum importante, um avanço em relação à situação anterior a 1930: o direito de propriedade privada deixa de ser absoluto. É agora, em nome do interesse cultural público, limitável pelo tombamento. Esse avanço legaliza e legitima também a interferência do Estado na preservação cultural. Daí em diante, porém, o decreto-lei não acompanha o projeto em toda sua ousadia e riqueza. (1984:28).
	Chagas então questiona, se a adição do “H” ao SPAN estaria complementando o anteprojeto, no caso de M.A. ter deixado de fora o histórico. E a resposta vem em seguida, explicando que o anteprojeto usava um sistema de classificação octogonal em que o histórico estava incluso em uma das quatro categorias da arte. Isto se contrasta com o decreto, pois neste a entrada sofre uma redução quando a história é separada da arte, o que é considerado subtrativo para Chagas, pois o conceito de arte adotado por M.A. engloba o tangível e o intangível, ambos sendo passíveis de tombamento. Outra questão discutida são os critérios para a determinação dos bens culturais a serem tombados, principalmente no que se refere à sua origem social, o que reforçado pela observação de Falcão ao fazer uma análise dos tombamentos feitos de 1938 a 1981, revelando que apesar do decreto prever a inclusão de bens de origem ameríndia e popular, na prática eles apresentavam um padrão ideológico diferente do proposto. Por último Chagas afirma que o decreto é mais abrangente, em relação ao número de museus implantados e à estimulação da criação de novos museus, enquanto que no anteprojeto são apenas oito categorias e quatro museus.
3. Escolha uma definição de museologia adotada por Waldisa Russio e uma de Gustavo Barroso. Compare as duas definições levando em conta os contextos históricos, as atuações e vinculações políticas dos autores e também as semelhanças entre as definições.
	Barroso foi o pai fundador do Museu Histórico Nacional e o “pai adotivo” Curso de Museus, responsável pela institucionalização da museologia no Brasil (CHAGAS, 2009, p.25). Sua concepção de museologia é encontrada na introdução do livro Técnica de Museus, de 1951:
Chama-se Museologia o estudo científico de tudo o que se refere aos Museus, no sentido de organizá-los, arrumá-los, conservá-los, dirigi-los, classificar e restaurar os seus objetos. O termo é recente e resultou dos trabalhos técnicos realizados nos últimos decênios sobre a matéria. A Museologia abarca âmbito mais vasto do que a Museografia, que dela faz parte, pois é natural que a simples descrição dos Museus se enquadre nas fronteiras da Ciência dos Museus. Museólogo, portanto, é o técnico ou entendido em Museus. (BARROSO, 1951, p. 6). 
	Para Chagas (2009), a obra delineava certo perfil do profissional que almejava a formação. Para Barroso, o museólogo - era o “técnico ou entendido em museus”- devia ter um conhecimento detalhista, minucioso e enciclopédico. Seu objetivo não era a compreensão da sociedade contemporânea e, muito menos, o entendimento do lugar social dos museus, mas sim as relíquias do passado, os acontecimentos e episódios revestidos de dramaturgia singular. (CHAGAS, 2009, p. 106).
	Comparando a definição de Museologia de Barroso da primeira metade do século XX, com uma definição mais contemporânea, como, a sugerida por Russio Guarnieri, museóloga brasileira, expoente no estabelecimento das bases do pensamento museológico contemporâneo, é possível observar diferenças deveras significativas. De acordo com Guarnieri (2010, p. 78) “A museologia é a ciência do Museu e das suas relações com a sociedade; é, também, a ciência que estuda a relação entre o Homem e o Objeto, ou o Artefato, Tendo o Museu como cenário desse relacionamento”. A autora destaca por meio dessa afirmação, que a museologia é uma ciência em descrição de fenômenos, para considerar o fato museológico, que vai desde a exposição dos objetos de forma inteligível dentro de um contexto, ao estudo da relação do homem com o objeto, e sobre a relação do museu, homem e sociedade (ZEN, 2014, p. 90). 
	Analisando estes dois conceitos, podemos ver que Barroso concebia a Museologia de uma forma mais técnica e sistemática, enquanto que Russio apresenta a Museologia como uma nova ciência, em processo, apresentando um objeto de estudo diferente: “o fato museal”, nome dado à relação entre o homem, sujeito conhecedor, com o objeto, parte da realidade também integrada pelo homem e sobre a qual ele tem poder de agir (GUARNIERI, 1989, p.10). Por outro lado, ambas as definições se assemelham pelo reconhecimento da museologia como ciência.
4. Faça uma análise do desenho animado “Não há tempo para o amor” a partir da sua leitura do texto “No museu com a turma do Charlie Brown” e da sua experiência direta com o referido desenho animado. Essa análise deverá dar ênfase às questões museológicas.
	No desenho, a turma do Charlie Brown, pretendendo fazer uma excursão educativa ao museu de arte da cidade, por exigência da professora, acaba visitando por engano, um supermercado. O criador Charles Schultz relaciona tudo o que lhe parece ter interesse. Introduz o episódio da visita ao museu, confirmando o valor da instituição museológica, enquanto instrumento pedagógico de investigação e de comunicação. Sabe-se que Schultz resistiu à ideia de criação de um museu com o seu espólio, mas nunca recusou a possibilidade de ser aproveitado para exposições. Ele tinha a percepção que os museus e até os espaços comerciais desenvolviam a ação pedagógica, desde que pré-orientados (ANCIAES, 2015).
	A visita de Charlie Brown ao supermercado transcorre com normalidade. As listagens de preço são percebidas como catálogos de exposição; a campanha de preços baixos é percebida como uma estratégia do Museu para superar suas dificuldades financeiras; as latas empilhadas de extrato de tomate são percebidas como esculturas populares; alguns pernis (ou coisa parecida) são percebidos como ossos de dinossauros. A pequena Márcia, apesar de todos os argumentos de Beth Pimentinha, insiste em dizer que o Museu se parece muito com uma mercearia (CHAGAS, 2009).
	O vídeo é instigante e propiciaa abordagem de temas como:
a) olhar museológico: a confusão feita por Charlie Brown na verdade revela a existência de um modo especificamente museológico de olhar o mundo, capaz de transformar os mais diferentes espaços/cenários em museu, atuando em relação às funções dos objetos/bens culturais e dos espaços/cenários com as propriedades transformativa e aditiva. Isso se esclarece à medida que se compreende que o supermercado não perdeu sua função, apesar de ter sido transformado em museu aos olhos de Charlie Brown e seus amigos.
b) fato museal: Chagas discute o objeto de estudo da Museologia para Russio, denota que atribuição de sentidos e valores extrínsecos a objetos/signos ocorre culturalmente. O desenho discutido desponta brutalmente a falta de significado dos objetos em si, revelando a possibilidade de ocorrência desse mesmo fato museal fora do âmbito do museu-instituição e que o campo de estudo da Museologia não se restringe aos museus e aos objetos musealizados, mas envolve a relação homem-realidade mediatizada pelos bens culturais.
c) processo de musealização: se desenvolve a partir da aplicação do conceito museu a um espaço/cenário determinado e está vinculado a uma intencionalidade representacional. Chagas afirma que tudo é potencialmente museável, mas, apenas determinado recorte da realidade será musealizado de fato. A passagem do museável para o musealizado é que se designa de processo de musealização.
d) a imagem-museu: este ponto tratou da analogia museu-supermercado feita por Charlie Brown
. Disserta-se que as imagens vinculadas ao museu são estabelecidas efetivamente a partir da experiência dos indivíduos e dos grupos sociais com as três funções básicas dos museus: preservação, investigação e comunicação de bens culturais. Faz-se uma comparação entre os dois cenários, acerca da exibição para um grande público um sem número de objetos/bens culturais, gerando com isso a possibilidade, já verificada anteriormente, de ocorrência do fato museal, e o fato de um ser o templo da memória e do outro ser o templo do consumo.
e) construção de discurso: a partir da ideia do discurso construído por Charlie Brown a partir da realidade apresentada e os objetos/bens culturais ali expostos, é feita uma discussão entre discurso construído pelo participante e o discurso construído por aqueles que no museu operam com a linguagem das exposições (função comunicação).
 f) a ação educativa: a educação e o lazer são, por definição, onjetivo das instituições museológicas, apesar da resistência de muitos profissionais. O que não é o caso da professora de Charlie Brown, que compreende o potencial educativo dos museus e tenta, ainda que de forma simples, atualizá-lo através de uma visita escolar. A visita escolar, contudo, é tão só um pedaço de todo esse potencial. 
5. A chegada da família real ao Brasil produziu um impacto sem precedentes no panorama cultural do Brasil, incluindo aí o campo museal. Examine e desenvolva o conteúdo dessa afirmação com base na leitura do livro “Há uma gota de sangue em cada museu”.
	A chegada da família real no Rio de Janeiro, trazendo consigo cerca de 15 mil pessoas vindas do continente europeu, transformou completamente os cenários político, econômico, social e cultural da cidade. Para Chagas (2009, p. 70), O Brasil era quase um deserto, do ponto de vista museal, este desse grande acontecimento, mas isto começou a mudar quando ouve a necessidade de atender as exigências sociais da época. Isto se deu principalmente pela materialização de fragmentos do sonho do exílio, que era como os museus brasileiros eram apresentados no século XIX. Esse sonho também requereu a criação de um pedaço da Europa no Brasil, o que envolveu a criação de equipamentos e desenvolvimentos de ações que trouxessem nostalgia europeia à cidade. Com isso houve a criação do Banco do Brasil (1808), Hospital e Acervo Militar (1808), a criação do Horto real de Aclimatação (atual Jardim Botânico), como também diversos investimento públicos e particulares, criação de palácios e diversas residências, alem de outras repartições e órgãos públicos que só tinham em Lisboa (CHAGAS, 1999, p. 28). Assim começou as mudanças no que anteriormente era um deserto museal, considerando que essas instituições possam ser incluídas na categoria museu, o que soaria estranho na época, mas na verdade muitas dessas instalações se tornariam museus na atualidade, como o CCBB do RJ. Vale destacar também a criação da Biblioteca Real (1810), o Teatro Real de São João (1812), que tinha por modelo o Teatro São Carlos, em Lisboa, a Escola Real de Ciências Artes e Ofícios (1815), a Missão Artística Francesa (1816) e o Museu Real (1818), que viria a se tornar o atual Museu Nacional, que foi dirigido por um período por Laudislau Netto, que sonhava com um grande museu que encarnasse as “esperanças do mundo científico” brasileiro e fosse pudesse exaltar o “amor próprio nacional” (CHAGAS, 1999, p. 31).
6. O que é documento? O que é patrimônio?
	O QUE É DOCUMENTO?
	As ideias de Hernández (2006) estabelecem uma proximidade da Museologia com a Documentação, uma vez que, dentro dos museus, existem diversos tipos de documentos, alguns cujo suporte é o papel, outros que utilizam qualquer outro suporte disponível, como pedra, metal, osso ou madeira. Todavia, “[...] em todo caso, qualquer suporte pode conter determinado conhecimento e servir de meio de transmissão desse conhecimento” (HERNÁNDEZ, 2006, p. 163). Para Chagas (1994), o documento se desdobra em objetos, livros, papéis, coleção, patrimônio cultural e natural, assim, os documentos estão presentes tanto nos museus quanto nos arquivos e nas bibliotecas. Meneses (1998), ao definir as características do objeto, também direciona a compreensão do objeto como documento, considerando-o como um suporte de informação. Segundo o autor, no objeto encerram-se as informações intrínsecas, aquelas que referenciam aos atributos físico-químicos (forma geométrica, cor, peso, textura, dureza, etc) e as informações extrínsecas, as quais são inferidas, dando origem aos discursos sobre o artefato, que podem ser falsos, enquanto sua integridade física corresponde à verdade objetiva. Assim, cabe ao historiador, por meio do objeto/documento, interpretar as informações que aquele lhe fornece, e desse conhecimento produzido origina o que pode ser chamado de sistema documental. Para Chagas (1994) o documento pode ser compreendido sob duas vias: a primeira remete à própria origem da palavra docere, “aquilo que ensina”, mais precisamente, o documento se torna um instrumento a partir do qual algo pode ser ensinado a alguém; a segunda via refere-se ao entendimento de documento como “suporte de informação”, e que só pode ser considerado como tal se for interrogado. Desse modo, os documentos em seu nascedouro são apenas coisas e objetos, pois, para serem vistos como documentos, precisam ser problematizados e questionados. Para Meneses (1998), por sua vez, o objeto pode funcionar desde sua criação como um documento, porque pode fornecer informações diferentes daquelas previstas para a sua funcionalidade.
	O QUE É PATRIMÔNIO?
	"Patrimônio" vem do latim patrimoniu (patri, pai + monium, recebido). O termo está, historicamente, ligado ao conceito de herança. Pode ser definido como um:
[...] conjunto de todos os bens ou valores, naturais ou criados pelo homem, materiais ou imateriais, sem limite de tempo nem de espaço, que seriam simplesmente herdados de ascendentes e ancestrais de gerações anteriores ou reunidos e conservados para serem transmitidos aos descendentes de gerações futuras. O patrimônio é um bem público no qual a preservação deve ser assegurada pelas coletividades. [...] A adição de recursos naturais e culturais de caráter local contribui para a concepção e para a constituição de um patrimônio de feição universal (DESVALÉES, 2000, p. 41 apud LIMA, 2012, tradução e grifo nosso).
7. O que é museu? O que é museologia? O que é processo de musealização?
	O QUE É MUSEU?
	O termo “museu” tanto pode designar ainstituição quanto o estabelecimento, ou o lugar geralmente concebido para realizar a seleção, o estudo e a apresentação de testemunhos materiais e imateriais do Homem e do seu meio. A forma e as funções do museu variaram sensivelmente ao longo dos séculos. Seu conteúdo diversificou-se, tanto quanto a sua missão, seu modo de funcionamento ou sua administração. O termo é muito abrangente e apresenta inúmeras definições, algumas delas discutidas no livro Conceitos-chave da Museologia (DESVALLÉES & MAIRESSE, 2013).
1. A maioria dos países definiu o museu por textos legislativos ou por meio de suas organizações nacionais: Por exemplo, a definição profissional de museu mais conhecida atualmente continua sendo a que se encontra nos estatutos do Conselho Internacional de Museus (ICOM), de 2007: “o museu é uma instituição permanente, sem fins lucrativos, a serviço da sociedade e do seu desenvolvimento, aberta ao público, que adquire, conserva, estuda, expõe e transmite o patrimônio material e imaterial da humanidade e do seu meio, com fins de estudo, educação e deleite”.
2. Para muitos museólogos, particularmente aqueles que de algum modo foram influenciados pela museologia ensinada nos anos 1960-1990 pela escola tcheca (Brno e a International Summer School of Museology): museu constitui um meio, entre outros, pelo qual se dá uma “relação específica do Homem com a realidade”, sendo esta relação determinada pela “coleção e a conservação, consciente ou sistemática, e [...] a utilização científica, cultural e educativa de objetos inanimados, materiais, móveis (sobretudo tridimensionais) que documentam o desenvolvimento da natureza e da sociedade” (GREGOROVÁ, 1980).
3. Nessa mesma perspectiva, e ultrapassando o caráter limitado do museu tradicional, o museu é definido: como um instrumento ou função concebida pelo Homem em uma perspectiva arquivística, de compreensão e de transmissão. Judith Spielbauer (1987) concebe o museu como um instrumento destinado a favorecer “a percepção da interdependência do Homem com os mundos natural, social e estético, oferecendo-lhe informação e experiência, e facilitando a compreensão de si mesmo em um contexto mais amplo”. O museu pode ainda se apresentar como “uma função específica, que pode tomar a forma ou não de uma instituição, cujo objetivo é garantir, por meio da experiência sensível, o acúmulo e a transmissão da cultura entendida como o conjunto de aquisições que fazem de um ser geneticamente humano, um homem” (DELOCHE, 2007).
4. Essa última acepção remete, notadamente, aos princípios do ecomuseu na sua concepção inicial: como uma instituição museal que associa ao desenvolvimento de uma comunidade a conservação, a apresentação e a explicação de um patrimônio natural e cultural pertencente a esta mesma comunidade, representativo de um modo de vida e de trabalho, sobre um dado território, bem como a pesquisa que lhe é associada.
5. Com o desenvolvimento da informática e do mundo digital se impôs progressivamente uma noção de museu impropriamente denominado de “virtual” (ou cibermuseu – noção mais utilizada em francês): definido de maneira geral como “uma coleção de objetos digitalizados, articulada logicamente e composta por diversos suportes que, por sua conectividade e seu caráter multiacessível, permite transcender os modos tradicionais de comunicação e de interação com o visitante [...]; ele não dispõe de um lugar ou espaço real, e seus objetos, assim como as informações associadas, podem ser difundidos aos quatro cantos do mundo” (SCHWEIBENZ, 2004).
	O QUE MUSEOLOGIA?
	Etimologicamente, a museologia é “o estudo do museu” e não a sua prática – que remete à “museografia” –, mas tanto o termo, confirmado nesse sentido amplo ao longo dos anos 1950, como o seu derivado “museológico” – sobretudo em sua tradução literal em inglês (museology e seu derivado museological) – apresentam cinco acepções bem distintas: 1) A primeira e a mais disseminada, visa aplicar, muito amplamente, o termo “museologia” a tudo aquilo que toca ao museu e que remete, geralmente, no dicionário, ao termo “museal”. Podemos, assim, falar em departamentos museológicos de uma biblioteca (a reserva técnica ou os gabinetes de numismática), e ainda de questões museológicas (relativas ao museu), etc.; 2) A segunda acepção do termo é geralmente utilizada em grande parte do meio universitário ocidental e aproxima-se da etimologia do termo que remete ao “estudo do museu”. As definições mais correntemente utilizadas se aproximam daquela que foi proposta por Georges Henri Rivière: “Museologia: uma ciência aplicada, a ciência do museu. Ela o estuda em sua história e no seu papel na sociedade, nas suas formas específicas de pesquisa e de conservação física, de apresentação, de animação e de difusão, de organização e de funcionamento, de arquitetura nova ou musealizada, nos sítios herdados ou escolhidos, na tipologia, na deontologia” (RIVIÈRE, 1981); 3) A partir dos anos 60, nos países do Ocidente, a museologia passou a ser progressivamente considerada como um verdadeiro campo científico de investigação do real (uma ciência em formação) e como disciplina independente. Isto influenciou amplamente o ICOFOM nos anos 1980-1990, apresenta a museologia como o estudo de uma relação específica entre o homem e a realidade, estudo no qual o museu, fenômeno determinado no tempo, constitui-se numa das materializações possíveis. “A museologia é uma disciplina científica independente, específica, cujo objeto de estudo é uma atitude específica do Homem sobre a realidade, expressão dos sistemas mnemônicos, que se concretiza por diferentes formas museais ao longo da história. A museologia tem a natureza de uma ciência social, proveniente das disciplinas científicas documentais e mnemônicas, e ela contribui à compreensão do homem no seio da sociedade” (STRÁNSKÝ, 1980); 4) Esta acepção foi influenciada pelo surgimento da nova museologia nos anos 1980, enfatizou a vocação social dos museus e seu caráter interdisciplinar, ao mesmo tempo que chamou a atenção para modos de expressão e de comunicação renovados. Interessava-se principalmente nos novos tipos de museus concebidos em oposição ao modelo clássico e à posição central que ocupavam as coleções nesses últimos: tratava-se dos ecomuseus, dos museus de sociedade, dos centros de cultura científica e técnica e, em geral, da maior parte das novas proposições que visavam à utilização do patrimônio em benefício do desenvolvimento local; 5) Enfim, a museologia, segundo uma quinta acepção aqui privilegiada por englobar todas as outras, inclui um campo muito vasto que compreende o conjunto de tentativas de teorização ou de reflexão crítica ligadas ao campo museal.
	O QUE É MUSEALIZAÇÃO?
	De um ponto de vista mais estritamente museológico, a musealização é a operação de extração, física e conceitual, de uma coisa de seu meio natural ou cultural de origem, conferindo a ela um estatuto museal – isto é, transformando-a em musealium ou musealia, em um “objeto de museu” que se integre no campo museal. O processo de musealização não consiste meramente na transferência de um objeto para os limites físicos de um museu, como explica Zbyněk Stránský [1995]. Um objeto de museu não é somente um objeto em um museu. Por meio da mudança de contexto e do processo de seleção, de “thesaurização” e de apresentação, opera-se uma mudança do estatuto do objeto. Seja este um objeto de culto, um objeto utilitário ou de deleite, animal ou vegetal, ou mesmo algo que não seja claramente concebido como objeto, uma vez dentro do museu, assume o papel de evidência material ou imaterial do homem e do seu meio, e uma fonte de estudo e de exibição, adquirindo, assim, uma realidade cultural específica.
8. Visite o site http://eravirtua.org/mrepublica_01_br/ e participe da visita virtual. Faça uma comparação entre a “visita virtual” e a “visita presencial” ao Museu da república.
	Na visita presencial podemos observar mais detalhadamente, a arquitetura do local com seus desenhos talhados em gesso, os quadros, as estátuas,os objetos, apreciando melhor suas texturas e cores ao vivo. Na visita virtual, há uma maior riqueza de detalhes quanto à mediação, por exemplo, existem ícones, que quando clicados, oferecem maiores informações sobre determinados objetos. Além disso, são apresentadas informações sobre a criação da Rua do Catete e os detalhes da arquitetura exterior do local, que contam a sua história desde a época que era moradia do Conde de Nova Friburgo até finalmente se tornar um museu, particularidades que só seriam transmitidas na visita presencial, com o acompanhamento de um guia. Outra diferença é que na visita virtual ainda é possível visitar algumas partes do museu que hoje são restritas, como o quarto de Getúlio Vargas, levando em consideração que o projeto o museu virtual foi realizado em 2010. 
9. Apresente uma análise da entrevista de Hughes de Varine contida no nº 41 dos Cadernos do CEOM, dossiê de Museologia Social.
10. A professora Maria Célia Teixeira Moura Santos caracteriza-se por ter uma produção teórica inteiramente articulada com a prática e socialmente comprometida. Leia e compare os seguintes textos de sua autoria: “Um compromisso social com a museologia” (2014) e “Reflexões sobre a Nova Museologia” (2002).
	No texto de 2002, é feito um retrospecto histórico a nível mundial da Nova Museologia, indo das contestações sociais dos anos 60 que culminaram o maio francês, até os acontecimentos nacionais, onde está totalmente inserida e atuante. Em seguida, aponta os fundamentos da Nova Museologia: reconhecimento da identidade e cultura dos grupos humanos; utilização da memória coletiva como referencial básico para o entendimento e transformação da realidade; incentivo á aprovação e reapropriação do patrimônio; interpretação da relação homem e meio ambiente, da influência da herança cultural, identidade dos indivíduos e dos grupos sociais. Posteriormente Santos reconhece novas expressões: patrimônio global (ou integral), museu integral (ênfase nos homens, na comunidade), museologia ativa (experiências com a referencial da Nova Museologia- ecomuseu, museu comunitário, museu de vigilância) e conceitua a Nova Museologia como esse movimento que aproveita as fissuras dentro do sistema de políticas culturais existentes e organiza os museus de forma criativa, interagindo com os grupos sociais, aplicando ações de pesquisa, preservação e comunicação, com a participação de membros da comunidade. Seu objetivo principal seria empregar o patrimônio cultural para o exercício da cidadania e desenvolvimento social.
	No texto de 2014, relata extensiva e detalhadamente, sua vida estudantil, acadêmica e profissional, é possível observar como sua história particular está entrelaçada com a da Museologia nacional. De estudante, professora, palestrante, organizadora de cursos, implantação de novos museus, seu ativismo é claro em prol das comunidades e educação popular. Muito antes da divulgação do documento Santiago, ela concretizava ações museológicas pautadas no diálogo, troca de saberes, de experiências. Colaborou com a formação de museólogos, com ênfase no caráter científico da Museologia. Suas ações com base na Nova Museologia são exportadas para Portugal, aonde a proposta ainda se afirmava. Participa em processos organizacionais diversos. Finalmente, reitera como é importante utilizar o acadêmico, o prático e o comunitário, sempre enfatizando a discussão acerca da presença do social na Museologia.
11. Levando em conta a Observação 2 e com base nos textos até agora lidos e nos debates, apresentações e conversas em sala de aula elabore uma questão diferente de todas as anteriores e apresente sua resposta.
Segundo Mario Moutinho: “Na medida em que se tornou corrente falar de Museologia tradicional ou, para certos autores, museologia instituída e Nova Museologia ou Museologia comunitária, é lícito perguntarmo-nos onde reside a diferença. O que é que de fato se alterou de tão importante que justifique corte tão radical?” Examine essa questão acompanhando a discussão realizada por Mario Moutinho em seu livro Museu e Sociedade.
R: Anteriormente o foco não era o objeto ligando o visitante à proposta corrente na exposição, e sim o objeto em si, que era a coisa mais importante dentro do museu. Ele quem comunicava sozinho e tinha uma transmissão com o visitante passando assim a informação, sem outros transmissores comunicativos, mas na nova museologia o foco mudo para a relação homem objeto. Esse é a distinção da museologia tradicional para a nova museologia, o objeto deixa de ser o foco principal, é sua relação com o homem que conta. Logo, os museus devem se preparar para isso e graças a isso foi possível surgir museus novos como os ecomuseus e os museus comunitários. É basicamente o que foi visto na declaração de que quebec, o visitante deve ser instruído a visitar o museu porque sente que algo pode sair dali, pode ser aprendizado ou apenas diversão.
REFERÊNCIAS
ANCIAES, A. Uma turma divertida. Um supermercado e uma função de museologia social: Charlie Brown - Snoopy e companhia. Disponível em: <http://cumpriraterra.blogspot.com.br/2015/12/60-uma-turma-divertida-um-supermercado.html>. Acesso em: 04 jul. 2017.
BARROSO, G. Introdução à Técnica de Museus. Rio de Janeiro: Gráfica Olímpica, 1951.
CHAGAS, M. S. Em busca do documento perdido: a problemática da construção teórica na área da Documentação. Caderno de museologia, n. 2, 1994. P. 29-47.
________. Há uma gota de sangue em cada museu: a ótica museológica de Mário de Andrade. Cadernos de Sociomuseologia, v. 13, Lisboa: ULHT, 1999.
________. No museu com a turma do Charlie Brown. Cadernos de Sociomuseologia, [S.l.], v. 2, n. 2, mai. 2009.
DELOCHE, B. 2007. “Définition du musée”, in Mairesse F. et Desvallees A., Vers une redéfinition du musée?, Paris, L’Harmattan.
DESVALÉES, A.; MAI RESSE, F. (Dir.). Concepsts clés de muséologie. ICOFOM. 2010. 87 p.
________. Conceitos-chave de Museologia. Tradução: Bruno Brulon Soares, Marília Xavier Cury. ICOM: São Paulo, 2013.
GREGOROVÁ, A. 1980. “La muséologie – science ou seulement travail pratiquedu musée”, MuWoP- DoTraM, n.1, p. 19-21.
GUARNIERI, W. R. Museu, Museologia, Museólogos e Formação. Revista de Museologia, São Paulo, v. 1, ano 1, n. 1, p. 7-11, 1989.
HERNÁNDEZ, F. H. Museología como ciencia de la documentación. In: YEPES, J. L. (Coord.). Manual de ciências de la documentación. 2 ed. Madrid: Pirámide, 2006. p. 159-178. 
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