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Ministério da Educação Universidade Tecnológica Federal do Paraná Câmpus Cornélio Procópio CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM ENGENHARIA DE SEGURANÇA DO TRABALHO DISCIPLINA: GERÊNCIA DE RISCOS TEMA: LÓGICA – OPERAÇÕES E ARGUMENTOS Prof. Me. Armando Paulo da Silva CORNÉLIO PROCÓPIO – 2012 LÓGICA – Ciência que estuda as leis e regras estruturadoras da coerência interna de qualquer pensamento e de qualquer discurso. A lógica clássica é governada por três princípios (entre outros) que podem ser formulados como segue: Princípio da Identidade: Todo objeto é idêntico a si mesmo. Princípio da Contradição: Dadas duas proposições contraditórias (uma é negação da outra), uma delas é falsa. Princípio do Terceiro Excluído: Dadas duas proposições contraditórias, uma delas é verdadeira. Com base nesses princípios as proposições simples são ou verdadeiras ou falsas – sendo mutuamente exclusivos os dois casos; daí dizer que a lógica clássica é bivalente. Para determinar o valor (verdade ou falsidade) das proposições compostas (moleculares), conhecidos os valores das proposições simples (atômicas) que as compõem usaremos a tabela-verdade. TABELA-VERDADE Uma tabela-verdade é uma tabela em que constam todos os possíveis valores lógicos de uma proposição composta a partir dos valores lógicos de suas componentes e conectivos. O número de linhas de uma tabela-verdade: cada proposição simples (atômica) tem dois valores lógicos 0 ou 1, que se excluem. Para n atômicas distintas, há tantas possibilidades quantos são os arranjos com repetição de 2 (0 ou 1) elementos tomados n a n. Segue-se que o número de linhas da tabela-verdade é 2n . CONSTRUÇÃO DA TABELA-VERDADE Tomemos uma proposição composta p:(p1, p2, ...,pn) formada por n proposições simples. O valor lógico de P dependerá do valor lógico de suas componentes e das operações efetuadas entre elas. O valor lógico de P é expresso em sua tabela-verdade, cujo procedimento de construção damos abaixo: 1º Passo: Determinar o número de linhas da tabela verdade que se vai construir. O número de linhas da tabela verdade é dado por 2 n onde n é o número de proposições simples que compõe p. Esta quantia de linhas nos vão permitir escrever todas as possíveis combinações dos valores lógicos das proposições componentes. Exemplo: 1) Para duas variáveis teremos 4 linhas P q 0 0 0 1 1 0 1 1 2) Para três variáveis teremos oito linhas: P q r 0 0 0 0 0 1 0 1 0 0 1 1 1 0 0 1 0 1 1 1 0 1 1 1 2º Passo: Observar a precedência dos conectivos e escrever passo a passo em ordem a seqüência de operações efetuadas para obter P. A ordem de precedência das operações é a seguinte: a) Negação (’) b) Conjunção ( ou ) c) Disjunção inclusiva ( ou ) ou disjunção exclusiva ( ) d) Condicional ( ) e) Bicondicional ( ) Ao efetuar as operações lógicas vale a mesma regra utilizada em expressões numéricas: “na presença de parênteses efetuam-se primeiro as operações no parênteses”. 3º Passo: Aplicar as definições das operações lógicas que o problema exigir. Estudaremos a seguir os conectivos e veremos então alguns exemplos de tabela- verdade. OPERAÇÕES LÓGICAS: A criação de proposições novas a partir de outras proposições é chamada operações lógicas. Cada conectivo indica uma operação lógica diferente. a) Conjunção ou produto lógico (intersecção ou circuito em série): Duas proposições quaisquer podem ser combinadas pelo conectivo “e” para formar uma nova proposição. Tal proposição recebe o nome de conjunção das proposições originais. Simbolicamente representamos a conjunção de duas proposições p e q por qpou qp ou qp . Utilizaremos em nossos estudos as duas últimas notações por serem as simbologias utilizadas em gerência de riscos. O conectivo e traduz a idéia de simultaneidade. A proposição q p será verdadeira se e somente se p e q forem verdadeiras. A tabela-verdade da operação conjunção é: pa q b) Disjunção inclusiva ou soma lógica(união ou circuito em paralelo): A palavra ou na linguagem do dia a dia pode traduzir tanto a idéia de duas hipóteses mutuamente exclusivas (ou ocorre isso ou ocorre aquilo) quanto a idéias de que pelo menos uma das hipóteses ocorre. Por exemplo, na proposição: “Irei ao clube ou ao cinema” o conectivo “ou” traduz a idéia de exclusão. O mesmo não ocorre na proposição: “Os alunos desta turma jogam futebol ou basquete”. Aqui a idéia é que os alunos praticam pelo menos um dos dois esportes, nada impedindo que pratiquem os dois. É este último sentido que devemos interpretar quando entre duas proposições usarmos o conectivo “ou”. A proposição p ou q, simbolizado por q pq pq p ouou é denominado disjunção de p e q. Tal proposição será verdadeira se pelo menos uma de suas componentes for verdadeira. A tabela-verdade da operação disjunção é: p q c) Disjunção exclusiva: Vimos que na disjunção inclusiva a palavra “ou” indicava que pelo menos uma das proposições seja verdadeira. A lógica digital necessitou da criação de mais uma operação: a disjunção exclusiva, onde o “ou” é usado no sentido de exclusão de uma das possibilidades. A proposição q p (lê-se p ou q, mas não ambas) é denominada disjunção exclusiva de p e q e será verdadeira somente quando os valores lógicos das componentes p e q forem diferentes. A tabela-verdade da operação disjunção exclusiva é mostrada abaixo: p q d) Negação (Complementação ou inversora do circuito): Dada uma proposição p qualquer, podemos formar a partir dela uma nova proposição escrevendo-se “É falso que...” ou “não é verdade que...” ou ainda se possível, inserindo-se um não na proposição p. Tal proposição é denominada negação de p, e é simbolizada por ~ p ou p’ ou p . Se p é verdadeira, p’ é falsa e se p é falsa, p’ é verdadeira, não havendo outra possibilidade. Assim a tabela-verdade da negação é dada por: p p Observação: 1) Embora a negação de uma proposição pareça algo extremamente simples convém ressaltar que negar uma proposição p não é simplesmente afirmar algo diferente do que p afirma. Exemplo: A proposição q: Brasília é capital do Brasil não é negação de p: São Paulo é a capital do Brasil. 2) A negação da negação de p é a própria p. e) Condicional: Dadas duas proposições p e q a proposição da forma “se p, então q” é chamada proposição condicional de p e q e é simbolizada por q p . A condicional q p podem também ser lida por: p implica q p somente se q p é suficiente para q q é necessário para p. Na condicional p é chamada antecedente e a proposição q conseqüente. A proposição do tipo “se p, então q” só será falsa se tivermos p verdadeira e q falsa; em qualquer outro caso ela é verdadeira. A tabela verdade da condicional é dada abaixo: p q f) Bicondicional: Dadas duas proposições p e q a proposição na forma “p se, e somente se, q” é chamada proposição bicondicional e representada por qp . O valor lógico da proposição qp é verdade se os valores lógicos de p e q forem iguais, caso contrário, ou seja, se os valores lógicos de p e q forem diferentes qp será falsa. A tabela verdade da condicional é dada abaixo: p q São utilizadas, sobretudo na linguagem matemática, as seguintes formas de leiturade proposições bicondicionais qp : p se, e somente se, q p equivale a q p é uma condição necessária e suficiente para q. Exemplo: Construa a tabela-verdade da proposição P(p,q,r): p+r’ q.r’ P q r r’ p+ q. TAUTOLOGIA, CONTRADIÇÃO E CONTINGÊNCIA Tautologia ou Fórmula logicamente válida: Quando uma proposição composta é sempre verdadeira sejam quais forem os valores lógicos de suas componentes. Exemplo: p + p’ Contradição ou contra-tautologia ou fórmula logicamente falsa: Quando uma proposição composta é sempre falsa sejam quais forem os valores lógicos de suas componentes. Exemplo: p p’ Contingência ou indeterminada: Quando na tabela-verdade de uma proposição composta ocorrerem os valores 1 e 0. Exemplo: p + q Exercício Construa a tabela verdade das seguintes proposições: a) (p q)’ b) (p q’)’ c) (p q) (p + q) d) (p q)’+ (q p)’ e) p’ ( q p) f) (p q) ( p q ) g) q q’ p h) p (p r’) q + r i) (p + q r)+(p’ q+r’) Resumo das portas lógicas SIMBOLOGIA MATÉMÁTICA DESIGNAÇÃO ou XX Y Y X Y Y X Leis Comutativas ou X Y Y X X Y Y X ( ) ( ) ou X ( ) ( )X Y Z X Y Z Y Z X Y Z Leis Associativas ( ) ( ) ou X ( ) ( )X Y Z X Y Z Y Z X Y Z ( ) ( ) ( ) ouX Y Z X Y X Z ( ) ( ) ( )X Y Z X Y X Z Leis Distributivas ( ) ( ) ( ) ouX Y Z X Y X Z ( ) ( ) ( )X Y Z X Y X Z ouX X X X X X Leis Idempotentes ou X X X X X X ( ) ou ( )X X Y X X X Y X Leis de Absorção ( ) ou ( )X X Y X X X Y X ou X X X X Complementação 1 ou 1X X X X ( ) 1 ou ( 1 ) ( ) ou ( )X Y X Y X Y X Y Teorema de Morgan (X+Y) • ou ( )X Y X Y X Y ou X X Leis de Identidades ou X X X X 1 X X ou 1 X X 1 1 ou 1 1X X Obs: ( = conjunto vazio; 1 = conjunto universo) FIGURA 5.9 - Regras da Álgebra Booleana ARGUMENTOS E REGRA DE INFERÊNCIA (EQUIVALÊNCIAS TAUTOLÓGICAS) DEFINIÇÃO: Argumentar é apresentar uma proposição como sendo conseqüência de uma ou mais proposições p1, p2 ...pn ( 1n ). As proposições P1, P2 ...Pn são chamadas de premissas do argumento e a proposição C é chamada de conclusão. Um argumento de premissas p1, p2, ...,pn e conclusão C, indica-se por: p1, p2, ...,pn C Exemplo: p1: Todos os homens são mortais. p2: Sócrates é homem. C: Logo Sócrates é mortal. Um argumento p1, p2,...,pn C é válido se, e somente se, a conclusão for verdadeira sempre que as premissas forem verdadeiras. Quando ocorrer de todas as premissas serem verdadeiras e a conclusão ser falsa, o argumento não é válido, sendo chamado de sofisma ou falácia. Exemplo: P1: Todos os tubarões são antropófagos. P2: Existem índios que são antropófagos. C: Existem índios que são tubarões. CONDICIONAL ASSOCIADA A UM ARGUMENTO VÁLIDO: Seja o argumento p1, p2, ...,pn C. Este argumento será válido se a proposição p1, p2,...,pn C ou em outras palavras se p1, p2 ...pn C for uma tautologia. De fato, a proposição condicional só é falsa se tivermos a conjunção de todas as proposições como verdadeira (o que só ocorre quando p1, p2 ...pn são verdadeiras) e a conclusão como falsa, o que não pode ocorrer em um argumento válido. Exemplo: Verifique se o argumento p + q , p’ q é válido. Construindo a tabela – verdade, temos: p q p+q p’ (p+q).p’ (p+q).p’ q Como observamos pela tabela – verdade (p+q).p’ q é uma tautologia, logo o argumento é válido. REGRAS DE INFERÊNCIA: As regras de inferência são argumentos válidos simples: 1) União ( ): p, q p.q 2) Modus Ponens (MP): p q, p q 3) Modus Tollens (MT): p q, q’ p’ 4) Adição (A): p p + q 5) Simplificação (S): p.q p ou p.q q. 6) Silogismo hipotético (SH): p q , q r p r 7) Silogismo disjuntivo (SD): p + q , p’ q 8) Dupla negação (DN): (p’)’ p ou p (p’)’ VALIDADE DE UMA PROPOSIÇÃO MEDIANTE REGRAS DE INFERÊNCIA OU EQUIVALÊNCIA. Veremos a seguir alguns exemplos de como se pode demonstrar que um argumento é válido utilizando-se as regras de inferência e as equivalências lógicas. Para isso partimos das premissas e utilizando as regras de inferência ou equivalências chegamos à conclusão. DEMONSTRAÇÃO DIRETA Exemplo 1: Provar s’ dadas as premissas. 1) t 2) t q’ 3) q’ s’ Demonstração: 1) t premissa 2) t q’ premissa 3) q’ s’ premissa 4) q’ Modus Ponens 1 e 2 5) s’ Modus Ponens 3 e 4 c.q.d. Exemplo 2: Provar r + s’ dadas as premissas: 1) s. q 2) t q’ 3) t’ r Demonstração: 1) s.q premissa 2) t q’ premissa 3) t’ r premissa 4) q s 1 5) (q’)’ DN 4 6) t’ MT 2 e 5 7) r MP 3 e 6 8) r + s’ A 7 c.q.d. Exemplo 3: Provar a dadas as premissas: 1) a’ b 2) b c 3) c’ Demonstração: 1) a’ b premissa 2) b c premissa 3) c’ premissa 4) b’ MT 2 e 3 5) (a’)’ MT 1 e 4 6) a DN 5 c.q.d. Exemplo 4: Provar a dadas as premissas: 1) a’ c 2) c m’ 3) m + r 4) r’ Demonstração: 1) a’ c premissa 2) c m’ premissa 3) m + r premissa 4) r’ premissa 5) m SD 3 e 4 6) (m’)’ DN 5 7) c’ MT 2 e 6 8) (a’)’ MT 1 e 7 9) a DN 8 c.q.d Utilizando as regras de inferência faça as demonstrações abaixo, indicando a cada passo as regras utilizadas: a) Provar t’dadas as premissas: b) Provar s dadas as premissas: 1. p s 1. t r 2. p . q 2. r’ 3. s.r t’ 3. t+ s 4. q r c) Provar t.s dadas as premissas: d) Provar s dadas as premissas: 1. c s 1. p q.r 2. t’ j’ 2. p 3. c.j 3. t q’ 4. t+s Página 90 CAPITULO 8 Fundamentos Matemáticos de Confiabilidade 8.1) ÁLGEBRA BOOLEANA A álgebra Booleana foi desenvolvida pelo matemático George Boole para o estudo da lógica. Suas regras e expressões em símbolos matemáticos permitem aclarar e simplificar problemas complexos. Ela é especialmente útil onde condições podem ser expressas em não mais do que dois valores, tais como “”sim” ou “não”, “falso” ou “verdadeiro”, “alto” ou “baixo”, “0 (zero)” ou “1 (um)”, etc. A lógica Booleana é largamente aplicada em diversas áreas como, por exemplo, a de computadores e outras montagens eletromecânicas, que incorporam um grande número de circuitos “liga-desliga”. É também utilizada em análises de probabilidade, em estudos que envolvem decisões, e mais recentemente, em Segurança de Sistemas. A principal diferença entre as várias disciplinas que se utilizam à Álgebra Booleana está na notação e na simbologia. Neste capítulo, apresentaremos somente os elementos básicos e as expressões comumente encontradas nas análises de segurança. Da chamada “Matemática Moderna” temosque um conjunto pode ser uma coleção de elementos, condições, eventos, símbolos, idéias ou identidades matemáticas. A totalidade de um conjunto será aqui expressa pelo número 1 (um), e um conjunto vazio pelo número 0 (zero). Os números 1 e 0 não são valores quantitativos: 1 + 1 não é igual a 2. Eles são meramente símbolos. Não há valores intermediários entre os dois como nos cálculos de probabilidade. Com o desenvolvimento da lógica Booleana para sistemas eletrônicos, foi introduzido o conceito de módulos ou comportas. Seus símbolos são usados em diagramas lógicos para indicar os inter-relacionamentos em circuitos. Estes circuitos empregam numerosos dispositivos bi-estáveis ou de dois estados, que podem ser considerados abertos ou fechados, ligados ou desligados. As tabelas de verdades são recursos para indicar quando uma condição específica resultará uma saída, quando qualquer combinação de entradas estará presente. Como vimos até aqui, o símbolo 1 indica que uma entrada ou saída está ou estará presente, e o 0 indica que não está ou não estará presente. As tabelas de verdades, mostradas a seguir, são para um módulo de duas entradas. Módulos com mais entradas são mais freqüentes, diferindo apenas em complexidade.
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