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SECRETARIA DE ESTADO DE DEFESA CIVIL CORPO DE BOMBEIROS MILITAR DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO ESCOLA SUPERIOR DE COMANDO DE BOMBEIRO MILITAR MANUAL DE ELABORAÇÃO DE MONOGRAFIAS 2013 CSC/QOC CSC/QOS CSA/QOC CSA/QOS SECRETARIA DE ESTADO DE DEFESA CIVIL CORPO DE BOMBEIROS MILITAR DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO ESCOLA SUPERIOR DE COMANDO DE BOMBEIRO MILITAR MANUAL DE ELABORAÇÃO DE MONOGRAFIA 2013 Organizadores: JANIRO GODOY DE ABREU - TEN CEL BM RR TELMO ALVES DE CARVALHO PROF. Digitação e formatação: WAGNER MERCÊS DA SILVA BARBOSA – SUB TEN BM ATUALIZADO EM 04/12/2012 SUMÁRIO APRESENTAÇÃO.......................................................................................................7 1 INTRODUÇÃO .........................................................................................................9 2 O QUE É MONOGRAFIA.......................................................................................10 3 ETAPAS DO TRABALHO MONOGRÁFICO ..........................................................11 3.1 PROJETO DE MONOGRAFIA ............................................................................11 3.1.1 Escolha do tema...............................................................................................13 3.1.5 Formulação dos objetivos da pesquisa ............................................................25 3.1.5.1 Objetivo geral ................................................................................................26 3.1.5.2 Objetivos específicos.....................................................................................26 3.1.6 Referencial teórico ...........................................................................................27 3.1.7 Metodologia......................................................................................................29 3.1.8 Cronograma .....................................................................................................29 3.1.9 Plano provisório de trabalho.............................................................................29 3.1.10 Avaliação do projeto monográfico ..................................................................30 3.2 COLETA DE DADOS ..........................................................................................32 3.2.1 Técnicas de coleta de dados............................................................................33 3.2.1.1 Levantamento bibliográfico............................................................................33 3.2.1.2 Levantamento documental ............................................................................34 3.2.1.3 Entrevista ......................................................................................................34 3.2.1.4 Questionário e formulário ..............................................................................36 3.2.1.5 Observação ...................................................................................................38 3.3 REDAÇÃO DO TRABALHO MONOGRÁFICO....................................................39 3.3.1 Características da linguagem científica............................................................39 3.4 CITAÇÕES, PARÁFRASES E PLÁGIOS............................................................43 3.4.1 Tipos de citação ...............................................................................................44 3.4.1.1 Citação ..........................................................................................................44 3.4.1.2. Citação indireta ............................................................................................45 3.4.1.3 Citação de citação.........................................................................................46 3.4.2Sistemas de citação ..........................................................................................46 3.4.2.1 Sistema autor-data ........................................................................................46 3.4.2.2 Sistema numérico..........................................................................................49 3.4.2.3 Sinais e convenções......................................................................................53 3.4.3 Paráfrases ........................................................................................................54 3.4.4 Plágios..............................................................................................................56 4 NORMAS PARA COMPOSIÇÃO FÍSICA DO TRABALHO MONOGRÁFICO........57 4.1 REGRAS GERAIS DE FORMATAÇÃO...............................................................58 4.1.1 Papel ................................................................................................................58 4.1.2 Margens ...........................................................................................................58 4.1.3 Espacejamento.................................................................................................59 4.1.4 Paginação ........................................................................................................60 4.1.5 Indicativo de seção...........................................................................................61 4.1.6 Figuras ou ilustrações ......................................................................................62 4.1.7 Tabelas.............................................................................................................63 4.2 PARTE EXTERNA ..............................................................................................63 4.2.1 Capa.................................................................................................................63 4.2.2 Lombada ..........................................................................................................64 4.3 PARTE INTERNA................................................................................................64 4.3.1 Pré-textual ........................................................................................................64 4.3.1.1 Folha de rosto ...............................................................................................64 4.3.1.2 Errata.............................................................................................................64 4.3.1.3 Folha de aprovação.......................................................................................65 4.3.1.4 Folha de proposição.....................................................................................65 4.3.1.5 Dedicatória ....................................................................................................65 4.3.1.6 Agradecimentos ............................................................................................65 4.3.1.7 Epígrafe.........................................................................................................65 4.3.1.8 Resumo na língua vernácula.........................................................................66 4.3.1.9 Abstract .........................................................................................................66 4.3.1.10 Lista de figuras ou ilustrações .....................................................................66 4.3.1.11Lista de tabelas ............................................................................................664.3.1.12 Lista de abreviaturas e siglas ......................................................................66 4.3.1.13 Sumário .......................................................................................................67 4.3.2 Parte textual .....................................................................................................67 4.3.2.1 Introdução .....................................................................................................67 4.3.2.2 Desenvolvimento...........................................................................................67 4.3.2.3 Conclusão .....................................................................................................68 4.3.3 Parte pós-textual ..............................................................................................68 4.3.3.1 Referências ...................................................................................................68 4.3.3.2 Glossário .......................................................................................................68 4.3.3.3 Apêndice(s) ...................................................................................................69 4.3.3.4 Anexo(s) ........................................................................................................69 5 NORMAS PARA INDICAÇÃO DE REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.................69 5.1 REGRAS GERAIS DE APRESENTAÇÃO..........................................................69 5.2 TRANSCRIÇÕES DOS ELEMENTOS................................................................70 5.2.1 Autoria ..............................................................................................................70 5.2.1.3 Mais de dois autores .....................................................................................71 5.3 RESPONSABILIDADE INTELECTUAL DIFERENTE DE AUTOR ......................71 5.3.1 Autoria desconhecida.......................................................................................71 5.3.2 Autoria cooperativa ..........................................................................................72 5.4 TÍTULO E SUBTÍTULO .......................................................................................72 5.5 PERIÓDICOS NO TODO ....................................................................................72 5.6 LOCAL DA PUBLICAÇÃO...................................................................................73 5.7 EDITORA ............................................................................................................73 5.8 DATA DA PUBLICAÇÃO.....................................................................................73 5.9 DESCRIÇÃO FÍSICA ..........................................................................................74 5.9.1 Documento em um único volume .....................................................................75 5.9.2 Documento em mais de um volume .................................................................75 5.9.3 Partes de publicações ......................................................................................75 5.9.4 Séries e coleções .............................................................................................75 5.10 MODELOS DE REFERÊNCIAS ........................................................................76 5.10.1 Monografia no todo ........................................................................................76 5.10.1.1 Livro.............................................................................................................76 5.10.1.2 Dissertação ou tese.....................................................................................76 5.10.1.3 Dicionário ....................................................................................................77 5.10.1.4 Folheto ........................................................................................................77 5.10.1.5 Manual.........................................................................................................77 5.10.2 Monografia no todo em meio eletrônico .........................................................77 5.10.3 Parte de monografia.......................................................................................78 5.10.4 Parte de monografia em meio eletrônico........................................................78 5.10.5 Publicação periódica ......................................................................................78 5.10.5.1 Publicação periódica no todo ......................................................................79 5.10.5.2 Partes de revistas e boletim etc. .................................................................79 5.10.5.3 Artigo e/ou matéria de revista, boletim etc. ................................................79 5.10.5.4 Artigo e/ou matéria de revista, boletim etc. meio eletrônico .......................80 5.10.5.5 Artigo ou matéria de jornal ..........................................................................80 5.10.5.6 Artigo ou matéria de jornal em meio eletrônico ...........................................81 5.10.6 Eventos ............................................................................................................1 5.10.6.1 Eventos no todo ..........................................................................................82 5.10.6.2 Eventos no todo em meio eletrônico ...........................................................82 5.10.6.3 Trabalhos apresentados em eventos ..........................................................82 5.10.7 Documentos jurídicos .....................................................................................83 5.10.7.1 Legislação ...................................................................................................83 5.10.7.2 Jurisprudência .............................................................................................84 5.10.7.3 Doutrina.......................................................................................................84 5.10.8 Documentos bíblicos ........................................................................................1 5.10.9 Documentos iconográficos .............................................................................85 5.10.10 Documentos iconográficos em meio eletrônico ............................................86 5.10.11 Documentos cartográficos............................................................................86 5.10.12 Documentos cartográficos em meio eletrônico.............................................86 5.10.13 Documentos sonoros....................................................................................87 5.10.15 Entrevistas e depoimentos ...........................................................................87 5.10.16 Correspondências ........................................................................................88 REFERÊNCIAS.........................................................................................................89 ANEXO A – MODELO DE CAPA ..............................................................................91 ANEXO B – MODELO DE LOMBADA ......................................................................92 ANEXO C – MODELO DE FOLHA DE ROSTO ........................................................93 ANEXO D - MODELO DE ERRATA ..........................................................................94 ANEXO E – MODELO DE FOLHA DE APROVAÇÃO ..............................................94 ANEXO F – MODELO DE FOLHA DE PROPOSIÇÃO .............................................95 ANEXO G - MODELO DE DEDICATÓRIA................................................................96 ANEXO H – MODELO DE AGRADECIMENTO ........................................................97ANEXO I – MODELO DE EPÍGRAFE .......................................................................98 ANEXO J – MODELO DE RESUMO EM LINGUA VERNÁCULA .............................99 ANEXO K – MODELO DE ABSTRACT...................................................................101 ANEXO L- MODELO DE LISTA DE FIGURAS .......................................................102 ANEXO M – MODELO DE LISTA DE TABELAS ....................................................103 ANEXO N– MODELO DE LISTA DE ABREVIATURAS ..........................................104 ANEXO O – MODELO DE SUMÁRIO.....................................................................104 ANEXO P- MODELO DE ILUSTRAÇÕES...............................................................105 ANEXO Q- MODELO DE TABELAS .......................................................................107 ANEXO R- MODELO DE GRÁFICOS....................................................................108 ANEXO S- MODELO DE REFERÊNCIAS ..............................................................109 ANEXO T- MODELO DE GLOSSÁRIO...................................................................110 ANEXO U- MODELO DE APÊNDICE .....................................................................111 ANEXO V- MODELO DE ANEXO ...........................................................................112 7 APRESENTAÇÃO A monografia, documento a ser elaborado pelo Oficial Aluno, durante o curso, tem o objetivo de mostrar o conhecimento que detém sobre um assunto de cunho profissional que está sendo ou venha a ser aplicado na Corporação. O tema escolhido deve ser fruto da experiência e conhecimento profissional do autor, enriquecido de pesquisa científica para sua execução e posterior apresentação. O trabalho requer conhecimento na área de Metodologia Científica para elaboração do projeto de pesquisa e do seu desenvolvimento, que serão base da Monografia (Trabalho Final de Curso). O Coordenador do Curso apresentará, na primeira semana de aula, o formulário de escolha do tema, com um prazo para devolução nunca superior a 15 (quinze) dias. Antes de apresentar as propostas preenchidas com 3 (três) temas sugeridos, por ordem de preferência, é necessário realizar uma pesquisa inicial em livros, revistas e jornais que abordam o assunto referente aos temas propostos para preenchimento dos tópicos e a proposição do trabalho. Verificar também na Biblioteca da ESCBM se o tema escolhido já não foi apresentado em anos anteriores, com o mesmo enfoque ou profundidade. O assunto escolhido deve ser delimitado, definindo um foco preciso para não se perder em divagações que poderão absorver grande parte do tempo de pesquisa. Após a aprovação do tema será preciso: - Elaborar o Projeto de pesquisa buscando: Dividir o tempo que será dedicado a cada etapa, desde a leitura da bibliografia, levantamento de experiências profissionais e pessoais (entrevistas, estudos de caso...) até a redação, observando-se os prazos estipulados pela Divisão de Ensino; - Registrar em fichas ou arquivos de computador os dados essenciais de cada uma das leituras; - Concluir o Projeto entregando ao professor de Metodologia da Pesquisa para correção no prazo estabelecido e; - Iniciar a redação da monografia com os dados da pesquisa coletados durante a elaboração do Projeto; 8 - Aproveitar os conhecimentos adquiridos no decorrer do Curso, que serão levados em conta pela banca na apreciação do texto monográfico. Os trabalhos deverão ser defendidos perante a Banca Examinadora, com apresentação através de recursos audiovisuais (slides, transparências, vídeos...). Este manual foi atualizado de acordo com as normas da ABNT 2012, atendidas as particularidades dos Cursos da Escola Superior de Comando de Bombeiro Militar. Rio de Janeiro 04 de dezembro de 2012. TEN CEL BM RR JANIRO GODOY DE ABREU 9 1 INTRODUÇÃO Este manual tem como principal objetivo desfazer possíveis dúvidas dos alunos do Curso Superior de Bombeiro Militar no que se refere à elaboração do trabalho monográfico, bem como orientá-los no sentido da padronização de suas futuras produções acadêmicas. Como o intuito do manual é ser um instrumento prático e funcional, a sua linguagem é simples, incluindo inúmeros exemplos para facilitar a compreensão de como se deve ser apresentado este tipo de trabalho de modo que este atenda a normatização e as exigências estabelecidas pela Escola Superior de Comando de Bombeiro Militar. Para tanto, este manual foi desenvolvido com base nos procedimentos normalizadores estabelecidos pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), tendo em vista as seguintes NBRs: � ABNT NBR 6023: 2002-Informação e documentação-Referências- Elaboração; � ABNT NBR 6024:2012-Informação e documentação-Numeração progressiva das seções de um documento-Apresentação; � ABNT NBR 6027:2003- Informação e documentação –Sumário- Apresentação; � ABNT NBR 6028:2003-Informação e documentação – Resumo – Apresentação; � ABNT NBR 10520- Informação e documentação – Citações em documentos – Apresentação; � ABNT NBR 14724:2011-Informação e documentação –Trabalhos acadêmicos- Apresentação e � ABNT NBR 15287:2011- Projeto de pesquisa-Apresentação De modo complementar, recorremos à literatura especializada, em particular, a trabalhos já consagrados na área de metodologia da pesquisa, referendados no final do manual. 10 2 O QUE É MONOGRAFIA Segundo Lakatos e Marconi(1992, p.151), monografia é: [...] um estudo sobre um tema específico ou particular, com suficiente valor representativo e que obedece a rigorosa metodologia. Investiga determinado assunto não só em profundidade, mas em todos os seus ângulos e aspectos, dependendo dos fins a que se destina. De acordo com Barqueiro (1979), citado por Lakatos e Marconi (1992), a monografia não pode se limitar a mera repetição do que já foi dito por outros autores sobre um determinado tema; ser a manifestação de opiniões pessoais sem fundamento em dados comprovados ou a exposição de idéias abstratas. Ela deve ser o resultado de um processo de investigação rigoroso que leve ao esclarecimento de fatos não plenamente conhecidos ou teorias obscuras. O processo de investigação científica, porém, não deve se limitar ao simples acúmulo de informações e observações. É preciso procurar relações e regularidades entre elas. Portanto, é importante saber exercer a reflexão sobre os dados coletados seja no laboratório ou no campo. Como afirma Salomon(2004,p.221), “Sem a marca da reflexão,a monografia transforma-se facilmente em ‘mero relatório do procedimento da pesquisa’ ou ‘compilação de obras alheias’ ou ‘medíocre divulgação’.” A reflexão é fundamental tanto no processo de elaboração quanto de comunicação do trabalho monográfico. No processo de elaboração, por exemplo, a atividade reflexiva nos ajuda a escolher o tema, o(s) problema(s), a(s) hipótese(s), os objetivos, a metodologia a ser aplicada, a calcular o tempo necessário a realização da pesquisa, a observar os limites e dificuldades do nosso trabalho. Já no processo de comunicação, ela nos auxilia a manter organicamente unidas as partes que compõem a monografia (introdução, desenvolvimento e conclusão), formando uma estrutura ordenada e lógica. 11 3 ETAPAS DO TRABALHO MONOGRÁFICO Descrever as etapas do trabalho monográfico é o principal objetivo dessa seção. Na subseção 3.1, nos ocuparemos do projeto monográfico ou projeto de pesquisa, considerado fundamental a realização de todo e qualquer trabalho monográfico seja do curso de graduação oupós-graduação. Na subseção 3.2, serão apresentadas as principais técnicas de coleta de dados utilizadas em pesquisas na área de administração. Na subseção 3.3, apresentaremos algumas diretrizes básicas para facilitar o procedimento na elaboração da redação do trabalho monográfico. 3.1 PROJETO DE MONOGRAFIA O projeto de monografia ou projeto de pesquisa é a primeira etapa do trabalho monográfico. Ele é um documento que descreve o planejamento e a estrutura da pesquisa a ser realizada pelo aluno com ajuda de um orientador. Por pesquisa entendemos “[...] o procedimento racional e sistemático que tem como objetivo proporcionar respostas aos problemas que são propostos” (GIL,2002,p.17). Os problemas podem ser de ordem prática ou teórica. Os de ordem prática decorrem do desejo de conhecer com objetivo de fazer algo de maneira eficiente ou eficaz. Os de ordem teórica decorrem do desejo de conhecer pela simples satisfação de conhecer. Existem diferentes tipos de pesquisa bem como diferentes modos de classificá-las. Aqui, adotaremos a classificação proposta por Vergara (2003). Segundo a classificação proposta por Vergara (2003, p.46-49), podemos classificar os diferentes tipos de pesquisa a partir de dois critérios: quanto aos fins e quanto aos meios. Observe as tabelas abaixo. Tabela 1-Tipos de pesquisa quanto aos fins Tipo de pesquisa Características Exploratória Visa proporcionar maior familiaridade com o problema com vistas a torná-lo explícito ou a construir hipóteses. Envolve levantamento bibliográfico; entrevistas com pessoas que tiveram experiências práticas com o problema pesquisado; análise de exemplos que estimulem a compreensão. Assume, em geral, as formas de Pesquisas Bibliográficas e Estudos de Caso. 12 Descritiva Visa descrever as características de determinada população ou fenômeno ou o estabelecimento de relações entre variáveis. Envolve o uso de técnicas padronizadas de coleta de dados: questionário e observação sistemática. Assume, em geral, a forma de Levantamento. Explicativa Visa identificar os fatores que determinam ou contribuem para a ocorrência dos fenômenos. Aprofunda o conhecimento da realidade porque explica a razão, o “porquê” das coisas. Quando realizada nas ciências naturais, requer o uso do método experimental, e nas ciências sociais requer o uso do método observacional. Assume, em geral, a formas de Pesquisa Experimental e Pesquisa Expost-facto. Metodológica Refere-se ao tipo de pesquisa voltada para a inquirição de métodos e procedimentos adotados como científicos. Aplicada Tem por objetivo a resolução de problemas concretos que podem ser imediatos ou não. Intervencionista Tem como principal objetivo interferir na realidade para modificá- la. Distingue-se da pesquisa aplicada pelo compromisso de não só propor resoluções dos problemas, mas também de resolvê-los de forma efetiva. Adaptado do livro “Projeto e relatórios de pesquisa em administração” de Sylvia Constant Vergara. Tabela 2-Tipos de pesquisa quanto aos meios de investigação Tipo de pesquisa Características Pesquisa de campo É um tipo de investigação empírica realizada no local onde ocorre ou ocorreu o fenômeno. Pesquisa de laboratório Ocorre em situações controladas, valendo-se de instrumental específico e preciso. Tais pesquisas, quer se realizem em recintos fechados, quer ao ar livre, em ambientes artificiais ou reais, em todos os casos, requerem um ambiente adequado, previamente estabelecido e de acordo com o estudo a ser realizado. Documental Vale-se de documentos originais, que ainda não receberam tratamento analítico por nenhum autor. Assim, esta pesquisa não se confunde com a bibliográfica. Bibliográfica Elaborada a partir de material já publicado, como livros, artigos, periódicos, Internet, etc; Experimental A pesquisa experimental é o método de investigação que envolve a manipulação de tratamentos na tentativa de estabelecer relações de causa efeito nas variáveis investigadas. A variável independente é manipulada para julgar seu efeito sobre uma variável dependente Ex post facto Quando o experimento se realiza depois dos fatos; Participante A pesquisa participante implica em uma interação social entre o pesquisador e os indivíduos observados. O pesquisador participa da vida da comunidade que ele está estudando, podendo mesmo viver 13 na comunidade. Ele recolhe os dados de sua observação através de notas de campo que ele preenche retrospectivamente, ou seja, depois que ele participou de um evento, e não durante a ocorrência deste evento. Pesquisa- ação Pesquisa concebida em associação com uma ação; os pesquisadores e participantes da situação ou problema estão envolvidos de modo cooperativo ou participativo; Estudo de caso É o tipo de pesquisa no qual um caso (fenômeno ou situação) individual é estudado em profundidade para obter uma compreensão ampliada sobre outros casos (fenômenos ou situações) similares Adaptado do livro “Projeto e relatórios de pesquisa em administração” de Sylvia Constant Vergara. Como afirma Vergara (2003), os tipos de pesquisa não são mutuamente excludentes. Uma pesquisa pode ser ao mesmo tempo, bibliográfica, documental, de campo e estudo de caso. 3.1.1 Escolha do tema A escolha do tema de pesquisa não é uma tarefa fácil.Escolher um tema exige reflexão profunda para embasar a decisão do pesquisador (GRESSLER,2003). O tema de pesquisa pode surgir de diferentes situações, tais como: � Experiência pessoal ou profissional; � Experiência científica própria ou alheia; � Estudo ou leitura de textos. Antes de optar por determinado tema, convém certificar-se de que não existem estudos exaustivos anteriores. Procure não reinventar a roda ou redescobrir a pólvora. Devemos nos voltar para as questões que ainda não foram respondidas, para as que foram deixadas de lado por outros pesquisadores e para as que não foram se quer formuladas. Por isso, antes de escolher o tema é preciso: � Analisar o que você e as outras pessoas sabem sobre o tema; � Anotar as lacunas, os aspectos obscuros do conhecimento sobre o tema escolhido; 14 � Observar as incongruências e contradições em assuntos polêmicos e nas conclusões não demonstradas; � Seguir as sugestões de leituras, conferências ou da simples reflexão. Existem algumas perguntas que podem ajudar na escolha do tema de pesquisa como, por exemplo: � Das coisas que estudo, o que mais me interessa? � Quais assuntos me deixam curioso (a)? � Em meu trabalho aparecem dúvidas que eu não sei resolver e que me aguçam a curiosidade? � Que tema despertou meu interesse? � Esse tema está dentro do meu alcance? � Tenho acesso ao material necessário para enfrentar esse tema? � Poderei concluir minha pesquisa dentro do prazo estabelecido? Após a escolha do tema, é preciso delimitá-lo. Delimitar é indicar a abrangência do estudo, ou seja, é estabelecer os limites extensionais e conceituais do tema em questão. Segundo Salvador (1977), para delimitar o tema é preciso distinguir o sujeito e o objeto da questão. O sujeito é a realidade a respeito da qual se deseja saber alguma coisa. É o universo de referência. Podem ser coisas, fatos ou pessoas a cujo propósito realiza-se um estudo com a intenção de melhor conhecê-los ou de agir sobre eles. O objeto é o tema propriamente dito. É o que se quer saber ou o que se quer fazer a respeito do sujeito. É o conteúdo a se focalizar. Identificado o sujeito e o objeto, cabe agora, especificar os limites da extensão do sujeito e do objeto, mediante: � Adjetivos explicativos ou restritivos. Pelos adjetivos explicativos, designam-se asqualidades, condições ou estados essenciais ao sujeito ou ao objeto. Exemplo: Tema: Formação do cadete militar Sujeito: Cadete militar Tema: Formação 15 � Complementos nominais de especificação. São pessoas ou coisas que, acrescentados a substantivos ou adjetivos especificam a ação ou sentimentos que os mesmos substantivos ou adjetivos designam. � Determinação das circunstâncias. Para limitar ainda mais a extensão do assunto podemos acrescentar as circunstâncias de tempo e espaço. Como afirma Eco (2001, p.10), “[...] quanto mais se restringe o campo, melhor e com mais segurança se trabalha “.(grifo do autor) 3.1.2 Pesquisa bibliográfica preliminar Após a delimitação do tema, tem início a pesquisa bibliográfica preliminar. Todo tipo de pesquisa envolve uma etapa de pesquisa bibliográfica. Naturalmente, existe aquele tipo de pesquisa que é centrado principalmente na consulta a fontes documentárias. Neste caso, além da procura exploratória inicial, haverá um aprofundamento quando da fase da coleta de dados com relação a outras fontes bibliográficas. Exemplo: Tema: Formação cultural do cadete militar. O adjetivo restritivo ou acidental é um acréscimo arbitrário. Exemplo: Tema: Formação cultural do cadete militar do Corpo de Bombeiros. Ao sujeito cadete militar, pode-se acrescentar a especificação do Corpo de Bombeiros Exemplo: Tema: Formação cultural do cadete militar do Corpo de Bombeiros do Estado do Rio de Janeiro entre 2000 e 2011. O está delimitado. 16 Aqui a preocupação primeira está numa procura bibliográfica inicial que tem por objetivo possibilitar ao pesquisador uma visualização dos parâmetros e variáveis implícitas no tema de pesquisa. Essa análise preliminar é indispensável, para que o pesquisador posa bem planejar as etapas subseqüentes de sua busca intelectual. Por isso, no levantamento bibliográfico preliminar, recomenda-se a consulta, de início, a obras de referência, tais como enciclopédias e dicionários gerais especializados. O objetivo é obter uma vasta gama de informações relevantes sobre o assunto específico com o mínimo de palavras. Além do mais, nas obras de referência, sempre no final de cada verbete, existe sempre uma indicação bibliográfica com relação ao tema procurado, fazendo com que o pesquisador tome conhecimento não somente dos conceitos, das divisões e estrutura do conhecimento procurado,mas também das principais fontes e autores que estão produzindo obras importantes sobre o tema escolhido. Outras fontes de consulta, nesta fase do planejamento da pesquisa, são os livros introdutórios, as bibliografias retrospectivas, os artigos e periódicos informativos. Recomenda-se que o pesquisador elabore um guia bibliográfico, ou seja, uma relação de obras mais importantes para consulta. No guia deve ser incluído, além das referências bibliográficas, informações resumidas sobre a obra e a importância que ela terá com relação ao assunto específico da pesquisa. O guia bibliográfico deve ser confeccionado em forma de fichas. Como diz o ditado chinês: “A tinta mais pálida é melhor que a memória mais fiel”. Não podemos confiar apenas em nossa memória. Depois de ter lido o quinto ou décimo texto fica difícil lembrar, em detalhes, o que conteúdo do primeiro texto. Os pesquisadores mais experientes costumam utilizar o sistema de fichas para anotar as referências bibliográficas e a documentação pesquisada. Observe como funciona este sistema. Em geral, dividimos as fichas em: � Ficha bibliográfica; � Ficha de citação e � Ficha de leitura. A ficha quer bibliográfica, quer de citação, quer de leitura, compreende: � Cabeçalho; � Indicação bibliográfica; 17 � Corpo da ficha O cabeçalho da ficha deve conter: � Título Genérico; � Título específico; � Número de classificação da ficha. A composição do cabeçalho deve obedecer ao plano de trabalho, que assume a forma de um índice hipotético onde o pesquisador dispõe cada capítulo ou seção do trabalho a ser desenvolvido ao longo da pesquisa. Observe abaixo um exemplo de ficha com base no plano de trabalho provisório. 18 As indicações bibliográficas da ficha são, praticamente, a transcrição da folha- da ficha do catalográfica da obra. Todas as indicações bibliográficas devem obedecer as normas estabelecidas pela ABNT-Associação Brasileira de Normas Técnicas. Observe o exemplo abaixo: 19 Nas fichas bibliográficas, o corpo da ficha é constituído pelos comentários sobre a obra ou parte da obra. Já nas fichas de citação, o corpo da ficha é constituído pela cópia de partes do texto consultado. 20 Enquanto que nas fichas de leitura, o corpo da ficha é formado pelas observações pessoais do pesquisador sobre a obra consultada, tendo por base o problema de pesquisa. Observe abaixo os exemplos de ficha bibliográfica, de citação e de leitura: 3.1.3 Formulação do problema de pesquisa Segundo Salvador (1977), “Problema de pesquisa é uma questão que envolve intrinsecamente uma dificuldade teórica ou prática para qual deve ser encontrada uma solução.” O problema de pesquisa origina-se na mente, a partir de um conhecimento incompleto ou uma compreensão falha e é resolvido através de procedimentos lógicos e metodológicos adequados. Implica o incremento do nosso conhecimento sobre determinado tema. Entretanto, o problema de pesquisa não deve ser uma pura criação da mente do pesquisador. Ele deve surgir por ocasião das leituras, dos debates, das experiências, da aprendizagem, enfim da vivência intelectual do investigador. Antes de definir o problema de pesquisa é preciso: 21 � considerar os quadros teóricos existentes, os paradigmas de pesquisa empírica e os modelos de verificação existentes na ciência atual, utilizados; � conhecer os trabalhos de pesquisa realizados anteriormente sobre o mesmo tema, verificando as teorias e dados utilizados; � com base nessas teorias e dados, formular uma bateria de perguntas sobre o tema, procurando identificar: � verificar se o tópico ou tema escolhido é um fenômeno que constitui um campo para análise; � procurar a relação existente entre as variáveis. � Verificar a consistência ou inconsistência das teorias e dados apresentados � Verificar as lacunas existentes no conhecimento sobre o assunto; � Realizar um levantamento provisório de dados. Nem todo problema é passível de tratamento científico. Problemas do tipo: � A igualdade é tão importante quanto a liberdade? � O amor é melhor dos sentimentos? Questões que indagam sobre o certo ou o errado das coisas não são problemas científicos, mas problemas de valor. Problemas com, por exemplo: � Como melhorar o ensino na ESCBM? � Como diminuir os congestionamentos na Av. Brasil? � O que podemos fazer para melhorar a distribuição de renda no Brasil? � Como reformular o ensino público? Questões que indagam a cerca de como fazer algo não são problemas científicos, mas problemas de engenharia. Todo problema científico deve refletir ou estabelecer a relação entre duas ou mais variáveis. Observe o exemplo no quadro abaixo: 22 O problema de pesquisa deve ser estabelecido de modo a permitir a formulação de hipóteses, ou seja, uma solução provisória para o problema.3.1.4 Formulação da(s) hipótese(s) de pesquisa Segundo Gressler (2003, p.121), Hipóteses e problemas são ferramentas intelectuais que dão uma direção a todo procedimento relativo a uma investigação. Uma hipótese é uma explicação antecipada da relação entre duas ou mais variáveis. Como ilustração considere o seguinte problema: “Até que ponto o uso de equipamentos de proteção individual (EPI) reduz o número de acidentes de trabalho no Corpo de Bombeiros Militar do Estado do Rio de Janeiro (CBMERJ)?” A hipótese pode ser a seguinte: “O uso de equipamentos de proteção individual (EPI) reduz em 90% os casos de acidentes de trabalho no Corpo de Bombeiros Militar do Estado do Rio de Janeiro (CBMERJ).” Segundo Lakatos e Marconi (1992), não existe regras fixas que limitem a elaboração de hipóteses assim como não há limites para a criatividade humana. Entretanto, existem algumas fontes que podem gerar hipóteses como, por exemplo: � Conhecimento familiar; � Observação; Exemplo: TEMA: Até que ponto o uso de equipamentos de proteção individual (EPI) reduz o número de acidentes de trabalho no Corpo de Bombeiros Militar do Estado do Rio de Janeiro (CBMERJ)? Variável X= Uso de equipamentos de proteção individual (EPI) Variável Y= redução do número de acidentes de trabalho no CBMERJ X Y 23 � Comparação com outros estudos; � Dedução lógica de uma teoria; � A cultura geral em que a ciência se desenvolve; � Analogias; � Experiência pessoal, idiossincráticas; � Casos discrepantes na própria teoria. Existem vários tipos de hipóteses.De acordo com a taxonomia proposta por Gil(1987), podemos classificar as hipóteses em: � Hipóteses casuísticas; � Hipóteses que se referem à freqüência de acontecimentos; � Hipóteses que estabelecem relação entre variáveis. As hipóteses casuísticas são mais freqüentes na pesquisa histórica, pois os fatos são únicos. As hipóteses casuísticas se referem a algo que ocorrem em determinado caso; quando apresentamos determinada característica de um objeto, uma pessoa ou um fato específico. Por exemplo, podemos formular a hipóteses de que Sócrates nunca existiu, que o pensamento filosófico a ele atribuído foi na realidade elaborado por Platão. Já as hipóteses que se referem à freqüência de acontecimentos são comuns em estudos antropológicos, psicológicos e sociológicos. Elas procuram antecipar a ocorrência, em maior ou menor intensidade, de uma determinada característica num grupo ou cultura. Por exemplo, podemos formular a hipótese de que o habito de leitura é mais intenso na faixa etária entre 15 e vinte anos. As hipóteses que estabelecem relações entre duas ou mais variáveis são mais complexas. Em geral, elas estabelecem relações causais entre as variáveis. Segundo Gil (1987), as relações podem ser: � Relação causal determinista: Se X ocorre, sempre ocorrerá Y. Exemplo: Sempre que alguém fala de forma articulada (Y), tem mais de dois anos de idade (X) 24 � Relação causal suficiente: A ocorrência de X é suficiente, independente de qualquer outra coisa, para a subseqüente ocorrência de Y.Exemplo: a destruição do nervo óptico (X) é condição suficiente para a cegueira (Y). � Relação causal coextensiva: Se X ocorre, então ocorrerá Y. Exemplo: À medida que se desce na escala social (X1) e aumenta o volume das classes sociais (X2), as pessoas empregam atributos mais gerais como critérios para situar um indivíduo na estrutura (Y). � Relação causal reversível: Se X ocorre, então Y ocorrerá; e se Y ocorre, então X ocorrerá. Exemplo: Quem estuda mais (X) tira melhores notas (Y); melhores notas (Y) estimulam a estudar mais (X) . � Relação causal necessária: Se ocorre X e somente X, então ocorrerá Y. Exemplo: A experiência anterior com entorpecentes (X) e somente se houve experiência anterior, é condição para adquirir o vício (Y). � Relação causal substituível: Se X ocorre, então Y ocorre, mas se H ocorre, então também Y ocorre. Exemplo: Se uma planta deixar de receber água (X), então morrerá (Y); se é submetida a um excesso de radiação (H), então perecerá (Y). � Relação causal irreversível: Se X ocorre, então Y ocorrerá, mas, se Y ocorre, então nenhuma ocorrência se produzirá. Exemplo: mais conhecimento (X) podem trazer maior prestígio (Y), mas maior prestígio (Y) não trará maiores conhecimentos (X). � Relação causal seqüencial: Se X ocorre, então ocorrerá Y mais tarde. Exemplo: se infância feliz (X), então maior êxito na idade adulta (Y). � Relação causal contingente: Se X ocorre, então ocorrerá Y somente se M está presente. Exemplo: A ingestão de bebidas alcoólicas (X) produzirá embriaguês (Y), porém somente se a quantidade ingerida for elevada (M). � Relação causal probabilista ou estocástica: Dada a ocorrência de X, então provavelmente ocorrerá Y. Exemplo: A ausência da figura paterna (X) 25 contribui para uma maior probabilidade de conduta anti-social (Y) por parte do menor. 3.1.5 Formulação dos objetivos da pesquisa Os objetivos mostram onde se pretende chegar com o trabalho de pesquisa. Apontam os resultados teóricos e práticos a serem alcançados. Os objetivos devem ser formulados com a utilização de verbos no infinitivo, tais como, por exemplo,analisar, avaliar, compreender, constatar, demonstrar, descrever, elaborar, entender, estudar, examinar, explicar, identificar, inferir, mensurar, verificar, etc.Observe a tabela abaixo: Tabela 3-Verbos úteis para expressar objetivos Aplicação Compreensão Conhecimento aplicar descrever apontar demonstrar discutir definir dramatizar explicar inscrever empregar expressar marcar ilustrar identificar nomear interpretar localizar recordar inventariar reafirmar registrar operar revisar relatar praticar traduzir repartir tratar transcrever sublinhar usar Análise Síntese Avaliação analisar compor avaliar calcular conjugar escolher categorizar construir estimar comparar coordenar julgar contrastar criar medir criticar dirigir selecionar debater erigir taxar diferenciar esquematizar validar distinguir formular valorizar examinar organizar experimentar planejar investigar propor provar reunir 26 Os objetivos dividem-se em: � Geral: � Específicos: 3.1.5.1 Objetivo geral Relaciona-se diretamente ao problema. Ele esclarece e direciona o foco central da pesquisa de maneira ampla. 3.1.5.2 Objetivos específicos Definem os diferentes pontos a serem abordados, visando confirmar as hipóteses e concretizar o objetivo geral. Exemplo: Problema de Pesquisa Como os programas de televisão influenciam o comportamento de jovens entre 12 e 16 anos, com passagem pela polícia, na cidade do Rio de Janeiro? Objetivo Geral: Avaliar a influência dos programas de televisão no comportamento de jovens, entre 12 e 16, que tiveram passagem pela polícia na cidade do Rio de Janeiro. Exemplo: Problema de Pesquisa Como os programas de televisão influenciam o comportamento de jovens entre 12 e 16 anos, com passagem pela polícia, na cidade do Rio de Janeiro? Objetivos específicos: � Identificar os jovens que assistem freqüentemente programas de televisão e que tiveram passagem pela polícia; � Analisar o conteúdo geral dos programas de televisão veiculados pelas emissoras da cidade do Rio de janeiro; � Estudar a reação de jovens internos à informação violenta contida nos programas de televisão; 27 3.1.6 Referencial teórico A revisão teórica ou quadro de referência teórico consisteno corpo teórico no qual a pesquisa encontrará seus fundamentos. Todo projeto deve conter os pressupostos teóricos aos quais as interpretações irão se conformar. Eles são inevitáveis simplesmente porque não podemos evitar os pressupostos, sob pena de ficarmos imersos tão somente no senso comum. O quadro teórico é um mapa que nos guia durante toda a pesquisa. No inicio do estudo, antes do levantamento bibliográfico, é um quadro simples. O desafio do (a) pesquisador (a) é melhorar e detalhar seu quadro ao longo do estudo, acrescentando novos fatos e informações. Observe o exemplo abaixo: Quadro teórico inicial Quais os fatos? Qual o contexto? Qual a história do problema e o seu contexto? Quais os atores envolvidos? Conceitos Teorias Hipóteses proposições 28 Com base no exemplo acima, a revisão de literatura precisa responder as seguintes questões: � Como outros pesquisadores abordaram o tema da evasão escolar? � Que outros conceitos seriam importantes para esclarecer o problema? � Quais as outras teorias ou hipóteses que existem sobre evasão? � Quais as metodologias aplicadas? Tema: Análise da evasão na Escola Manoel das Couves FATOS � Taxa de evasão em torno de 30%. � Escola pública localizada na área urbana do Rio de Janeiro ATORES � Professores da rede pública estadual. � Filhos de trabalhadores informais. HISTÓRICO/CONTEXTO � A escola foi inaugurada em 1990 � Vandalismos e problemas estruturais � Rodízio de professores anualmente CONCEITO Evasão: total de alunos matriculados menos total de alunos com pedido de H.E. (Histórico escolar) dividido por total de alunos matriculados inicialmente TEORIA A evasão escolar está diretamente relacionada diretamente a condição socioeconômica dos alunos e ao quadro de violência. HIPÓTESE � Os alunos abandonam a escola porque precisam trabalhar para ajudar no orçamento familiar. � O conflito entre grupos rivais levam aos alunos a procurar uma escola mais segura. 29 3.1.7 Metodologia Neste item o pesquisador (a) deverá explicar como conduzirá o trabalho de pesquisa. É importante que ele (a) saiba utilizar adequadamente os métodos e técnicas de investigação. A escolha do tipo de pesquisa, o método de abordagem e o método de procedimento devem estar de acordo com o problema e os objetivos do trabalho. Para verificar o tipo de pesquisa a ser realizada, consulte a subseção 3.1. 3.1.8 Cronograma O cronograma é um dos instrumentos de planejamento do trabalho monográfico. Ele assume a forma de um diagrama onde são definidas e detalhadas todas as etapas da pesquisa a serem executadas durante um período de tempo previamente estimado pelo pesquisador. Observe o exemplo abaixo. Meses Etapas Jan. Fev. Mar. Abr. Maio Jun. Jul. Levantamento das fontes Entrevistas Tabulação dos dados Análise dos dados Relatório final 3.1.9 Plano provisório de trabalho Trata-se de uma primeira estruturação do trabalho, baseada em grandes idéias referentes ao assunto estudo. Esta etapa é fundamental. Antes de começar a escrever, deve-se ter presente na mente as grandes linhas que serão as colunas mestras do trabalho. Se necessário o roteiro provisório será reformulado no decorrer do trabalho, pois poderão surgir novas idéias exigidas pelas primeiras e outras poderão perder valor. O plano de trabalho provisório deve auxiliar na organização do material de pesquisa. 30 Observe o exemplo abaixo tendo por base como tema de pesquisa “ Educação Ambiental no Brasil.” 3.1.10 Avaliação do projeto monográfico O projeto de monografia ou projeto de pesquisa deverá ser entregue ao professor de Metodologia da Pesquisa no prazo estabelecido pela Divisão de Ensino da Escola Superior de Comando de Bombeiro Militar. A estrutura gráfica será definida pelas recomendações da ABNT 15287:2011 e deverá conter os seguintes elementos: � Parte externa � Capa � Lombada (opcional) � Elementos pré-textuais � Folha de rosto � Lista de ilustrações (se houver) � Lista de tabelas (se houver) � Lista de abreviaturas e siglas (se houver) � Lista de símbolos (se houver) � Sumário 31 � Elementos textuais � Justificativa � Problema de Pesquisa � Hipótese(s) de pesquisa � Objetivos � Objetivo geral � Objetivos específicos � Quadro teórico de referência � Metodologia � Cronograma � Plano provisório de trabalho � Elementos pós-textuais � Referências bibliográficas � Glossário (se houver) � Apêndice(s) (se houver) � Anexo(s) (se houver) A redação do documento obedecerá as recomendações contidas na subseção 3.3 e na seção 4. A avaliação será realizada pelo professor de Metodologia da Pesquisa com base nos seguintes critérios: � Título (Valor: 0,5) � É adequado aos objetivos, problemas e hipóteses? � Está relacionado a atividade fim do CBMERJ? � Justificativa (Valor:1,5) � É convincente quanto à sua relevância científica, social e profissional? � É oportuno o estudo? � Responde ao “por quê” da investigação? � Os problemas apresentados (Valor: 1,5) � São significantes? � Estão devidamente delimitados? � Estão claramente formulados? � Objetivos (Valor:1,0) � Estão claramente redigidos? � São passíveis de serem alcançados? � Quadro teórico de referência (Valor:1,5) � Obedece a uma seqüência lógica? � Apresenta clareza de idéias, conceitos e teorias? � Elabora as suas próprias conclusões? � Metodologia (Valor:2,0) � Apresenta as razões da escolha do paradigma? � É apropriada a modalidade de pesquisa? � Antecipa o que será medido, observado, analisado, para demonstrar o avanço ou progresso obtido? � Os procedimentos para coleta e análise de dados são explicitados? � Cronograma (Valor:0,5) � O cronograma é adequado as etapas da pesquisa? � O cronograma está de acordo com o tempo exigido para a realização do tipo de pesquisa? 32 � Plano provisório de trabalho (Valor:0,5) � O plano de trabalho está de acordo com os objetivos da pesquisa? � Apresentação gráfica (Valor:1,0) � A estrutura do trabalho apresenta os elementos pré-textuais, textuais e pós-textuais. � A apresentação gráfica obedece às normas da ABNT? 3.2 COLETA DE DADOS Segundo Laville (1999, p.123), "Para os pesquisadores, os dados são esclarecimentos, informações sobre uma situação, um fenômeno, um acontecimento." São os dados que permitem verificar as hipóteses e construir a demonstração. Os dados podem ser de dois tipos: � dados criados ou engendrados � dados existentes Os dados criados ou engendrado são dados coletados após uma intervenção deliberada, que visa a provocar uma mudança. Os dados existentes são dados já presentes na situação em estudo e que o pesquisador faz aparecer sem tentar modificá-los por uma intervenção. Observe o exemplo abaixo com o mesmo título e hipótese diferente. Exemplo:Tema: Violência na escolaProblema: Como podemos diminuir os atos violentos entre os alunos da rede estadual de ensino?Hipótese: a celebração de encontros interculturais permite diminuir a agressividade dos alunos que deles participam em relação as pessoas provenientes de comunidades diferentes da sua. A relação é de causa e efeito. Encontros interculturais Diminuição de atos violentos33 3.2.1 Técnicas de coleta de dados As técnicas de pesquisa são os instrumentos específicos que ajudam no alcance dos objetivos almejados. As técnicas mais comuns são; � levantamento bibliográfico � levantamento documental � entrevista � questionário e formulário � observação (participante ou não participante) 3.2.1.1 Levantamento bibliográfico A finalidade do levantamento bibliográfico é colocar o pesquisador em contato com o que já foi produzido e registrado a respeito do tema de pesquisa. Toda pesquisa bibliográfica se desenvolve a partir de material já elaborado, por exemplo, livros e artigos científicos. Não existem regras fixas para se realizar uma pesquisa bibbliográfica. Entretanto, segundo GIL( 1987,p. 72),é possível arrolar algumas tarefas que devem ser realizadas pelo pesquisador, tais como: � exploração das fontes bibliográficas; � leitura do material; � elaboração das fichas; Exemplo:Tema:Violência na escola Problema: Como os alunos da rede pública estadual podem chegar a agredir-se mutuamente?Hipótese: Os alunos são agressivos com pessoas de comunidades diferentes porque conhecem mal a cultura delas. Não há relação de causa e efeito. O que se deseja não é modificar o conhecimento e nem a atitude, mas verificar a existência ou não do vínculo entre os dois fatores (agressão física mútua e desconhecimento da cultura das comunidades). 34 � ordenação e análise das fichas e � conclusões. 3.2.1.2 Levantamento documental A pesquisa documental assemelha-se a pesquisa bibliográfica. A única diferença entre ambas está na natureza das fontes. Enquanto na pesquisa bibliográfica o pesquisador se utiliza da contribuição de diferentes autores sobre determinado tema, a pesquisa documental é realizada com material que ainda não recebeu tratamento. O delineamento da pesquisa documental é o mesmo da pesquisa bibliográfica. 3.2.1.3 Entrevista As entrevistas constituem uma técnica alternativa para se coletar dados não documentados, sobre um determinado tema. Entre as técnicas utilizadas, destacam- se: � entrevista pessoal/formal/estruturada � entrevista semi-estruturada � entrevista livre-narrativa � entrevista orientada � entrevista de grupo � entrevista informal A entrevista pessoal, formal ou estruturada é utilizada quando o entrevistador usa um esquema de questões sobre um determinado tema, a partir de um roteiro (pauta), previamente preparado. Na entrevista semi-estruturada, o pesquisador organiza um conjunto de questões sobre o tema que está sendo estudado, mas permite, e às vezes até incentiva, que o entrevistado fale livremente sobre assuntos que vão surgindo como desdobramentos do tema principal. Já a entrevista livre-narrativa também denominada não-diretiva; o entrevistado é solicitado a falar livremente a respeito do tema pesquisado. 35 Na entrevista orientada, o entrevistador focaliza sua atenção sobre uma experiência dada e os seus efeitos — isto quer dizer que sabe por antecipação os tópicos ou informações que deseja obter com a entrevista. A entrevista de grupo é utilizada quando o pesquisador precisa fazer uma avaliação global. Neste caso, todos os membros do grupo pesquisado respondem simultaneamente as questões formuladas. A entrevista informal é utilizada, em geral, em estudos exploratórios a fim de possibilitar ao pesquisador um conhecimento mais aprofundado da temática que está sendo investigada. Pode fornecer pistas para o encaminhamento da pesquisa. O uso da entrevista como técnica de pesquisa possui pontos positivos e negativos. Entre os pontos positivos, podemos citar: � Pode ser utilizada com todos os segmentos da população: analfabetos ou alfabetizados. � Fornece uma amostragem muito melhor da população geral: o entrevistado não precisa saber ler ou escrever. � Há maior flexibilidade, podendo o entrevistador repetir ou esclarecer perguntas, formular de maneira diferente; especificar algum significado, como garantia de estar sendo compreendido. � Oferece maior oportunidade para avaliar atitudes, condutas, podendo o entrevistado ser observado naquilo que diz e como diz: registro de reações, gestos etc. � Dá oportunidade para a obtenção de dados que não se encontram em fontes documentais e que sejam relevantes e significativos. � Há possibilidade de conseguir informações mais precisas, podendo ser comprovadas, de imediato, as discordâncias. � Permite que os dados sejam quantificados e submetidos a tratamento estatístico. Entre os pontos negativos, que limitam a utilização desta técnica, estão: � a dificuldade de expressão e comunicação de ambas as partes. � a incompreensão, por parte do informante, do significado das perguntas, da pesquisa, que pode levar a uma falsa interpretação. � a possibilidade de o entrevistado ser influenciado, consciente ou inconscientemente, pelo questionador, pelo seu aspecto físico, suas atitudes, idéias, opiniões etc. 36 � a falta de disposição do entrevistado em dar as informações necessárias. � a retenção de alguns dados importantes por parte do entrevistado, receando que sua identidade seja revelada. � o pequeno grau de controle sobre uma situação de coleta de dados. 3.2.1.4 Questionário e formulário O questionário e o formulário são instrumentos de coleta de dados, construído por uma série ordenada de perguntas, que devem ser respondidas por escrito e sem a presença do pesquisador. A elaboração do questionário exige alguns critérios, tais como: � classificação das perguntas; � conteúdo, vocabulário; � ordem das perguntas. As perguntas podem ser: � abertas, � fechadas ou � de múltipla escolha. Observe os exemplos no quadro abaixo. As perguntas devem ser formuladas de maneira clara, objetiva, precisa, em Exemplo de pergunta aberta Que informação você precisa para continuar seu trabalho? Exemplo de perguntas fechadas Você gosta de açúcar ou adoçante? Exemplo de perguntas de múltipla escolha Qual é, para você, a principal vantagem de trabalhar no CBMER. ( ) Maior liberdade no trabalho ( ) Maior liberdade em relação ao chefe ( ) Variações no serviço ( ) Desenvolvimento e aperfeiçoamento técnico 37 As perguntas devem ser formuladas de maneira clara, objetiva, precisa, em linguagem acessível ou usual do informante, para serem entendidas com facilidade. Em geral, o questionário ou formulário deve iniciar com perguntas gerais, chegando aos poucos as específicas (técnica do funil), e no final as questões de fato, para não causar insegurança. Depois de redigido, o questionário precisa ser testado antes da sua utilização, aplicando-se alguns exemplares em uma pequena população escolhida. A análise dos dados oferecidos pelo pré-teste ajudará a corrigir as possíveis falhas como, por exemplo: � ambigüidade ou linguagem inacessível; � perguntas supérfluas; � ordem das perguntas. Assim como a entrevista, o questionário e o formulário possuem pontos positivos e negativos. O uso de questionário ou formulário: � economiza tempo. � atinge maior número de pessoas simultaneamente. � abrange uma área geográfica mais ampla. � economiza pessoal. � obtém respostas mais rápida e mais precisas. � aumenta a segurança, pelo fato de as respostas não serem identificadas. � diminui o risco de distorção, pela não influência do pesquisador. � aumenta a uniformidade na avaliação, em virtude da natureza impessoal do instrumento.� ajuda a obter respostas que materialmente seriam inacessíveis. Por outro lado, o uso dessa técnica tem como pontos negativos: � percentagem pequena dos questionários que voltam. � grande número de perguntas sem respostas. � não pode ser aplicado a pessoas analfabetas. � impossibilidade de ajudar o informante em questões mal compreendidas. � dificuldade de compreensão, por parte dos informantes, leva a uma uniformidade aparente. 38 � na leitura de todas as perguntas, antes de respondê-las, pode uma questão influenciar a outra. � a devolução tardia prejudica o calendário ou sua utilização. � o desconhecimento das circunstâncias em que foram preenchidos toma difícil o controle e a verificação. � nem sempre é o escolhido quem responde ao questionário, invalidando, portanto, as questões. � exige um universo mais homogêneo. 3.2.1.5 Observação A observação é sempre seletiva, porque o pesquisador vai observar uma parte da realidade, natural ou social, a partir de sua proposta de trabalho e das próprias relações que se estabelecem entre os fatos reais. Segundo os meio utilizados, a observação pode ser: � estruturada ou � não estruturada O pesquisador pode ir a campo com um roteiro previamente estabelecido ou não. Segundo o grau de participação do pesquisador, a observação pode ser: � participante ou � não participante Na observação participante o observador partilha, na medida do possível, as atividades, as ocasiões, os interesses e os afetos de um grupo de pessoas ou comunidade. Já na observação não participante, o pesquisador somente observa os informantes. Em ambos os casos, tudo deve ser documentado através de um diário de campo onde são registradas as atividades, eventos, pessoas, interações, utilização de ferramentas, etc. A observação é utilizada em conjunto com outras técnicas e serve para facilitar a triangulação dos dados. 39 3.3 REDAÇÃO DO TRABALHO MONOGRÁFICO Todo pesquisador precisa escrever para transmitir o conhecimento obtido através do trabalho de investigação. O seu objetivo não é agradar, divertir ou proporcionar entretenimento ao leitor. Sua principal intenção é transmitir informações científicas. Por isso, ele precisa aprender a escrever de acordo com os padrões exigidos pela ciência. A subseção 3.3 tem por objetivo apresentar algumas regras práticas da redação científica. 3.3.1 Características da linguagem científica A ciência é uma linguagem informativa e técnica. Enquanto informativa, ela é dissertativa, isto é, visa discutir opiniões, conhecimentos ou informações. Portanto, ela é de ordem cognoscitiva e racional e deve convencer o leitor pela força dos argumentos. Enquanto técnica, a linguagem científica é acadêmica e didática, ou seja, visa a transmitir conhecimentos com precisão e objetividade. Para transmitir informações de forma objetiva, a linguagem científica precisa seguir alguns princípios que lhe confiram: � Clareza: � Concisão: � Coesão � Coerência: � Correção � Precisão Todo texto científico deve ser escrito para ser entendido. A possível dificuldade do leitor deve estar na falta de compreensão do assunto, mas nunca na obscuridade do raciocínio do autor. Para se obter clareza recomenda-se o período curto de cinco a quinze palavras. Outra prática igualmente necessária é o uso de orações coordenadas e da voz ativa. Observe no quadro abaixo um exemplo de falta de clareza. 40 Além de ser claro, o texto científico precisa ser conciso. Portanto, é importante evitar alguns vícios de redação como, por exemplo, pares redundantes, modificadores desnecessários e uso de formas negativas Observe os exemplos no quadro abaixo. Exemplos de falta de clareza: Meu pai recebeu uma carta em que o irmão lhe contava como sua mulher sofrera um acidente de automóvel. Mulher de quem? Lembre-se de que lhe disse que a separação de nossa amiga Sílvia não ocorreu por culpa sua. Culpa de quem? Diante do ocorrido entre você e seu filho, fiquei sem saber se o que eu lhe disse concorreu para agravar a situação. Disse ao filho ou a você? Exemplo de pares redundantes Analisando o uso do Equipamento de Proteção Individual (EPI), comprovou-se e confirmou-se a importância prevista e esperada da diminuição do número de acidentes de trabalho no CBMERJ, facilitando e auxiliando o entendimento e a compreensão do uso desse tipo de equipamento na corporação Exemplo de modificadores desnecessários Errado: De modo geral, o Equipamento de Proteção Individual é todo dispositivo utilizado pelo soldado combatente bem como pelo oficial bombeiro militar destinado, basicamente,à proteção de riscos suscetíveis de ameaçar a segurança e a saúde no trabalho. Certo: Equipamento de Proteção Individual é todo dispositivo utilizado pelo soldado combatente e pelo oficial destinado à proteção de riscos suscetíveis de ameaçar a segurança e a saúde no trabalho. 41 O texto científico também precisa de coesão. A coesão tem por objetivo dar consistência ao texto, interligando suas partes para que tenha uma unidade de sentido, evitando a repetição de palavras. Existem varias estratégias de coesão, que dependem da escolha estilística do autor: � Coesão referencial � Coesão léxica � Coesão por elipse � Coesão por substituição A coesão referencial se realiza pela citação de elementos do próprio texto. Para efetivar essas citações são utilizados pronomes pessoais, possessivos, demonstrativos ou expressões adverbiais que indicam localização (a seguir, acima, abaixo, anteriormente, aqui, onde). Observe o exemplo o quadro abaixo. Já a coesão léxica é obtida através de relações de sentido entre as palavras, ou seja, do emprego de sinônimos. Observe o exemplo abaixo. Exemplo: A explosão da informação é uma das causas do stress do homem moderno. Ela pode provocar diversas formas de ansiedade. Exemplo: O Doutor Fulano de tal falou ao nosso repórter no intervalo do congresso. O cientista entrevistado reconhece que a partir do emprego dos conhecimentos científicos foi possível racionalizar os sistemas de produção. Agora esse estudioso quer contribuir para a democratização do saber. Exemplo do uso de formas negativas. No lugar de Usar poucos diferente semelhante impediu impossível incerto não muitos não o mesmo não diferente não permitiu não é possível não é certo 42 A coesão do texto científico também pode ser assegurada através da omissão de um termo a fim de evitar sua repetição. Observe o exemplo abaixo. Outra forma de garantir a coesão textual é através da substituição de substantivos, verbos, períodos ou largas parcelas de texto por conectivos ou expressões que resumem e retomam o que já foi dito. Alguns exemplos de expressões que servem a esse objetivo são: Diante do que foi exposto; A partir dessas considerações; Diante desse quadro; Em vista disso; Tudo o que foi dito. A coerência é outro princípio importante. Entenderemos como coerência a ligação das partes do texto com seu todo. Ao elaborar o texto, temos que criar condições para que haja uma unidade de coerência, dando ao texto mais fidelidade. Observe abaixo um exemplo de falta de coerência. Do mesmo modo, o uso correto do idioma é essencial. O texto científico precisa obedecer o uso correto:� da grafia das palavras e acentuação � do significado das palavras: verificar conceitos com duplo significado � das abreviaturas � dos nomes de instituições � da revisão gramatical como: � pontuação; � concordância; � regência verbal; � ordem das palavras; � emprego de maiúsculas; Exemplo: O presidente Lula foi a Portugal. Lá foi homenageado. Exemplo de falta de coerência: “Estava andando sozinho na rua, ouvi passos atrás de mim, assustado nem olhei, saí correndo, era um homem alto, estranho, tinha em suas mãos uma arma.” Se o narrador não olhou, como soube descrever o personagem? 43 Recomenda-se também o cuidado com a precisão das palavras. O texto deve expressar fielmente o pensamento do autor. A precisão depende da escolha do vocabulário adequado. A linguagem científica é aquela em que os símbolos representam idéias. Portanto, a tarefa do redator é dupla: � Conhecer a significação literal dos termos, tal como se encontra nos dicionários e � Determinar que significação eles recebem no contexto do trabalho. No campo científico, as palavras são definidas operacionalmente. Uma definição operacional é um procedimento que atribui um significado comunicável a um conceito através da especificação de como o conceito é aplicado dentro de um conjunto específico de circunstâncias. Observe o exemplo abaixo. 3.4 Citações, paráfrases e plágios De acordo com a ABNT NBR 10520/2002, citação é menção de uma informação extraída de outra fonte. Segundo Eco (2001, p.121), “[...] as citações são praticamente de dois tipos: (a) cita-se um texto a ser depois interpretado e (b) cita-se um texto em apoio a nossa interpretação.” Na opinião de Eco (2001) existem algumas regras para a citação de outra fonte como, por exemplo: � Os textos objeto de análise interpretativa são citados com razoável amplitude; � Os textos da literatura crítica só são citados quando, com sua autoridade, corroboram ou confirmam afirmação nossa; Exemplo: Definição operacional da palavra Consumidor � Definição do dicionário: 1 que ou aquele que adquire mercadorias, riquezas e serviços para uso próprio ou de sua família � Definição operacional: Comprador do sexo masculino, na faixa etária entre 20 e 30 anos, com renda entre dois a cinco salários mínimos, que freqüenta regularmente o Niterói Shopping. 44 � A citação pressupõe que a idéia do autor citado seja compartilhada, a menos que o trecho seja precedido e seguido de expressões críticas; � De todas as citações devem ser claramente reconhecíveis o autor e a fonte impressa ou manuscrita; � As citações de fontes primárias devem de preferência ser escolhidas da edição crítica ou da edição mais conceituada; � Quando se estuda um autor estrangeiro, as citações devem ser na língua original; � A remissão ao autor e a à obra deve ser clara; � Quando uma citação não ultrapassar duas ou três linhas, pode-se inseri-la no corpo do parágrafo entre aspas duplas; � As citações dêem ser fiéis; � Citar é como testemunhar num processo. O uso de integral ou parcial de uma produção intelectual sem citação é considerado plágio (vide subseção 3.4.3). 3.4.1 Tipos de citação As citações e, um trabalho monográfico pode ser de três tipos: � Direta � Indireta � Citação de citação 3.4.1.1 Citação É a transcrição literal de um texto ou parte dele, conservando-se a grafia, pontuação, uso de maiúsculas e idioma. Usada somente quando absolutamente necessário e essencial. Exemplo: Além de artífice e produtor de conceitos, o intelectual seria ainda como um comerciante, fazendo circular idéias como aquele fazia circular mercadorias e sendo por isso remunerado. "As cidades são centros de irradiação na circulação dos homens, tão plenas de idéias como de mercadorias, lugares de trocas, mercados e encruzilhadas do comércio intelectual" (LE COFF, 1993, p.25). 45 As citações até três linhas devem ser inseridas no parágrafo. As citações com mais de três linhas devem ser inseridas em um parágrafo a parte com recuo 4 centímetros da margem esquerda do texto e fonte 11. 3.4.1.2. Citação indireta Citação indireta ou paráfrase ( a paráfrase será estudada separadamente na subseção 3.4.4) é a reprodução da idéia ou o pensamento do autor da obra, transcritas com as palavras do autor do trabalho. Mesmo desta forma há necessidade de se colocar o sobrenome do autor, em seguida o ano da publicação entre parênteses, pois o texto foi produzido por alguém, e esta pessoa precisa ser referenciada. Não é necessário transcrever a página onde a citação foi retirada já que se trata de uma idéia sobre o trecho e não de uma citação direta. Exemplo: Os aristotélicos heterodoxos postulam uma concepção de nobreza que buscava distingui-la da nobreza tradicional. Tratava-se não de uma nobreza de sangue, mas de uma nobreza adquirida por um esforço pessoal - o "filósofo" se enobrecia por uma superioridade intelectual, em razão da escolha por viver segundo o intelecto e pela virtude a ela correspondente, pois [...] a filosofia se atesta na maneira de viver e de desejar. Ainda que insistindo em falar dos rigores de sua condição, os "pobres mestres e estudantes da universidade de Paris" vivem como antigos aristocratas e cantam até os prazeres da abstinência - ou, melhor dizendo, da abstenção - egoísta. A universidade é uma instituição de pobreza onde se ganha a vida com dificuldades, mas é nesse lugar de miséria que se goza a alegria da emulação e do reconhecimento, o charme da virtude (DE LIBERA, 1991, p.242). 4 cm Exemplo: Segundo Sperb (1972), a pesquisa em ação exige capacidade de planejamento em conjunto, paciência no processo de identificação dos problemas e das soluções. Esta modalidade de estudo estimula a participação, pois a solução desses problemas é de interesse dos elementos envolvidos, que se sentem valorizados. 46 3.4.1.3 Citação de citação Citação de citação é a informação colhida de um autor que mencionou outro, ao qual não se teve acesso ao documento original. A indicação é feita pelo nome do autor original, seguido da expressão citado por ou apud e do nome do autor da obra lida. 3.4.2Sistemas de citação Conforme a ABNT NBR 10.520/2002, toda citação deve ser acompanhada da indicação da autoria da mesma, podendo ser utilizado dois tipos de chamadas: � Sistema autor-data (Sistema Havard) ou � Sistema numérico ( Sistema Clássico ou Oxiford). 3.4.2.1 Sistema autor-data No sistema autor-data indica-se a fonte, pelo sobrenome do autor, nome da instituição responsável ou pelo título, seguido da data de publicação do documento, separados por vírgula e entre parênteses (citação indireta ou paráfrase). Para as citações diretas, inclui-se a indicação de página. As chamadas pelo sobrenome do autor, pela instituição, responsável ou título incluído na sentença devem ser em letras maiúsculas e minúsculas e, quando Exemplo 1: Segundo Salomon (1972, p.207), citado por Lakatos e Marconi (1992, p. 151), monografia é o “tratamento escrito de um tema específico que resulte de interpretação científica com escopo de apresentar uma contribuição relevante ou original e pessoal à ciência”. Exemplo 2: Segundo Salomon (apud LAKATOS e MARCONI,1992, p. 151), monografia é o “tratamento escrito de um tema específico que resulte de interpretação científica com escopo de apresentar uma contribuição relevante
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