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REIS, Daniel Aarão. O golpe e a ditadura militar 40 anos depois

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REIS, Daniel Aarão; RIDENTI, Marcelo; MOTTA, Rodrigo Patto Sá (orgs.). O golpe e a ditadura militar: 40 anos depois (1964-2004). Bauru, SP:Edusc, 2004.
citar artigo da Revista Intexto sobre as batalhas de memória e depois a introdução (p. 09-10)
“Em 1974, dez anos depois de instaurada a ditadura, só foi possível falar com liberdade sobre o assunto em encontros realizados no exílio. No próprio país, sob o som de clarins, predominavam as ordens do dia, a exaltação do regime militar, da gênese aos celebrados feitos do milagre econômico.[...] Mais tarde, em 1984 e 1994, quando bateram os sinais dos 20 e dos 30 anos do regime militar, a sociedade, embora tendo recobrado as liberdades democráticas, não pareceu ainda muito propensa a debater o tema, como se estivesse mais inclinada a esquecer do que a recordar com espírito crítico um passado que, visivelmente, mais incomodava do que interessava, ou satisfazia, a imensa maioria.” (p. 09)
“Em 2004, quarenta anos depois, pode-se constatar que o cerco do esquecimento enfraqueceu-se. Multiplicaram-se as reportagens e os dossiês, os seminários e os encontros.” (p. 10)
“Uma grata surpresa. Auditórios lotados, em todas as grandes cidades do país, principalmente por gente jovem, querendo ouvir, ler, saber, participar das batalhas de memórias, reapropriar-se criticamente do passado, o seu passado, o de seu país, para situar-se melhor no presente e poder descortinar perspectivas de futuro.” (p. 09)
“uma nova geração de estudiosos, que não viveu pessoalmente os episódios, e extrai sua reflexão de documentos orais e escritos, e não mais da traiçoeira memória.” (p. 10)
Livro é coletanea de estudos apresentados e discutidos em seminários que “comemoraram” os 40 anos do golpe em São Paulo, Rio e Belo Horizonte.
DELGADO, Lucilia de Almeida Neves. 1964: temporalidade e interpretações. In: REIS, Daniel Aarão; RIDENTI, Marcelo; MOTTA, Rodrigo Patto Sá (orgs.). O golpe e a ditadura militar: 40 anos depois (1964-2004). Bauru, SP:Edusc, 2004.
citar esse texto no capítulo sobre 1964
discussão sobre temporalidade
“O tempo é uma categoria da história plena de múltiplos significados.” (p. 15)
paradoxalmente concreto, pouco concludente.
“para um melhor entendimento sobre a produção do conhecimento histórico e historiográfico há que se considerar ao menos dois tempos específicos: o referente ao desenrolar dos acontecimentos e processos, e o relativo à produção de interpretações e narrativas sobre esses mesmos acontecimentos e processos.” (p. 16)
“Dessa forma, o processo histórico que marcou a trajetória republicana brasileira no ano de 1964 tem sido objeto de inúmeras interpretações, ora divergentes, ora complementares. Mas, com certeza, nenhuma delas foi elaborada sem sofrer influência das teorias ou concepções hegemônicas no período em que foi produzida.” (p. 16)
golpe de 64 estimulou inúmeras interpretações: “o olhar dos autores que a analisam; os vícnulos teporicos desses intérpretes e a época ou perído nos quais produziram sua interpretação e sua narrativa sobre o acontecido.” (p. 16)
Temporalidade: “inerente à opção teórica e metodológica dos diferentes autores que produziram essas análises.” (p. 16)
- INTERPRETAÇÕES ESTRUTURALISTAS E FUNCIONAIS
Predominaram na década de 1970, dimensão do tempo longo. Deposição do governo João Goulart se deu por problemas ligados à realidade nacional (subdesenvolvimento e atraso na industrialização no Brasil)
Otávio Ianni – Colapso do populismo no Brasil (1971); Fernando Henrique Cardoso; Maria da Conceição Tavares.
Explicações estruturalistas para o processo econômico, social e político: processo de industrialização tardia no Brasil; denúncia do “pacto populista”; inevitabilidade do golpe.
- INTERPRETAÇÕES DO CARÁTER PREVENTIVO DA INERVENÇÃO CIVIL E MILITAR
sociólogo Florestan Fernandes, historiadores Caio Navarro de Toledo, Lucilia de Almeida Neves Delgado
perspectiva preventiva pela “crença” de que o pais caminhava para o socialismo. Governo Goulart expresso pela incapacidade. “ameaça socialista” necessitava de golpe preventivo.
- ANÁLISES QUE PRIVILEGIAM A VERSÃO CONSPIRATÓRIA
ruptura da ordem política se deu conforme “conspiração” entre os seguintes segmentos: setores anticomunistas das forças armadas (alguns vinculados à Escola Superior de Guerra), ´parte expressiva do empresariado nacional, setores conservadores da igreja católica, capital internacional e partidos políticos (em especial, UDN).
Livro. René Dreifuss. 1964- a conquista do estado (1981) que fala em golpe “civil militar”
atuação internacional – amplos investimentos da CIA. Operação “brother-sam”
- INTERPRETAÇÕES QUE DESTACAM AS IDEIAS DE AÇÃO POLÍTICA CONJUNTURAL E DE FALTA DE COMPROMISSO COM A DEMOCRACIA.
Variáveis conjunturais (tempo curto). Predominantemente políticas.
Jorge Ferreira.
Grande repercussão na comunidade academica a partir dos anos 1980; sobre valorizacao dos aspectos políticos.
REIS, Daniel Aarão. Ditadura e sociedade: as reconstruções da memória. In: REIS, Daniel Aarão; RIDENTI, Marcelo; MOTTA, Rodrigo Patto Sá (orgs.). O golpe e a ditadura militar: 40 anos depois (1964-2004). Bauru, SP:Edusc, 2004.
“São conhecidas as artimanhas da memória. Imersa no presente, preocupada com o futuro, quando suscitada, a memória é sempre seletiva. Provocada, revela, mas também silencia. Não raro, é arbitrária, oculta evidências relevantes, e se compraz em alterar e modificar acontecimentos e fatos cruciais. Acuada, dissimulada, manhosa, ou enganada, traiçoeira. Não se trata de afirmar que hpa memórias autênticas ou mentirosas. Às vezes, é certo, é possível flagrar um propósito conscienyte de falsificar o passado, mas mesmo neste caso o exercício não perde o valor porque a falsificação pode oferecer interessantes pistas de compreensão do narrador, de sua trajetória e do objeto recortado.” (p. 29)
Ela “desliza, se faz e refaz em virtude de novas interpelações.” (p. 29)
objetivo do texto: visitar criticamente “batalhas” de memória.
Quando se encerram ou ainda mal se encerram os terrenos de luta na História, se desencadeiam as batalhas pela memória.. “Nelas os vitoriosos no terreno haverão de se desdobrar para garantir os troféus conquistados. E a vitória que fora sua, no campo de luta, poderão perdê-la na memória da sociedade que imaginavam subjugada.” (p. 30)
“os derrotados de ontem, na luta aberta, podem ser os vitoriosos de amanhã, na memória coletivva.” (p. 30)
“Não se tratará de descrever as etapas e os principais acontecimentos do processo de radicalização que desembocou na instauração da ditadura militar. O que importa, para os propósitos do artigo, é chamar a atenção para os grandes traços dos embates que se travaram, para as forças em presença, e principalmente para a forma como interpretaram, na época e depois, os acontecimentos vividos, ou seja, para como elaboraram a memória do que se passara.” (p. 34) 
Pretendo fazer isso?
Ver com a Folha trata Carlos Lacerda em 1964, líder da direita conservadora da UDN, governador da Guanabara.
Capitalistas – empresários – grande mídia - papel crucial, embora não estejam merecendo ainda atenção.
“Toda essa frente, bastante heterogênea, constituiu um verdadeiro movimento civil, expresso em encontros , comícios e nas famosas Marchas da Família com Deus e pela Liberdade.” (p. 38-39)
as direitas, apareciam agora em posição defensiva (diferente do que ocorreu em 1961), em defesa da legalidade e da democracia. (Golpe seria um recurso para salvar a democracia)
“Encerrado o embate, no campo de luta, iniciaram-se imediatamente as batalhas de memória. AS direitas no poder, enquanto durou a ditadura militar, esmeraram-se em cultivar a memória do golpe como intervenção salvadora, em defesa da democracia e da civilização cristã, contra o comunismo ateu, a baderna e a corrupção. Para isto, mobilizaram-se grandes meiospropagandísticos e educacionais. O esforço, no curto prazo, teve resultados apreciáveis, sem dúvida. A partir de certo momento, já todos, ou quase todos, passavam a referir ao golpe militar, que de fato se verificara, como revolução, como os golpistas gostavam de referir a intervenção militar. Entretanto, progressivamente, na medida mesma em que a ditadura foi se tornando impopular, e que se foi mostrando insustentável a versão de que uma ditadura podia salvar, ou construir, uma democracia, e que a sociedade passou cada vez a aderir e a simpatizar com os valores democráticos, as versões de esquerda, também formuladas desde o momento seguinte à derrota, passaram a aparecer com mais vigor. Nesta memória, apagaram-se a radicalização e o confronto propostos pela maré reformista, sobretudo pelos setores mais radicais, desapareceu o impeto ofensivo que marcara o movimento pelas reformas de base, evaporou-se o reformismo revolucionário. Neste quadro, as esquerdas, e Jango em particular, ressurgiram como vítimas bem intencionadas , atingidas e perseguidas pelo movimento golpista. A ameaça revolucionária, alegariam desde sempre as esquerdas, inexistira na prática, não passara de infelizes declarações retóricas e metafóricas de um punhado de lideranças esquerdistas desavisadas., um fantasma, uma espécie de bicho-papão, habilmente explorados pelas direitas na manipulação deste profundo sentimento humano, que, posto a serviço da política, pode gerar, segundo as circunstâncias, uma tremenda energia: o medo. Para desespero dos militares golpistas, estigmatizados como gorilas, estas versões predominaram, quase incontrastáveis, a partir dos anos 80, quando houve a redemocratização do país.” (p. 39-40)										
“Assim, as esquerdas, derrotadas no campo dos enfrentamentos sociais, históricos, puderam ressurgir vitoriosas, nas batalhas de memória.” (p. 40)
Da celebracao ao estigma do regime:
os militares foram perdendo popularidade e legitimidade ao longo do regime. 1968 - “golpe dentro do golpe”
“Fechou-se a cortina, começaram os anos de chumbo. No entanto, ao mesmo tempo, o país já retomara um ciclo ascendente de desenvolvimento econômico, que se prolongaria até 1973: o milagre brasileiro, gerando contentamento e euforia.” (p. 41) “Anos de ouro” para os que se beneficiaram, e não foram poucos. A ditadura dispunha de altos índices de popularidade.
1974 – dois acontecimentos marcantes
Posse do general Ernesto Geisel, com proposta de transição controlada à democracia. Eleições em novembro, com vitória da oposição (MDB) (evidenciando contradições)
“Os anos seguintes assistiram ao progressivo deslocamento da sociedade brasileira, e de suas elites políticas e econômicas, no rumo da defesa do restabelecimento das instituições democráticas. Passaram a compartilhar esta orientação as decisivas forças de centro e boa parte da própria direita. Porém, não foi um processo linear, nem tranquilo.” (p. 44)
1975 – morte de Vladmir Herzog
EUA – 1976 – presidente Carter. Respeito aos direitos humanos e os regimes democráticos. 
“Ou seja, a ditadura, como fórmula política, perdia legitimidade aos olhos de grande parte dos de cima: capitalistas, chefes militares, políticos de exprssão, formadores de opinião.” (p. 45)
Folha até o milagre econômico apoiou e lucrou, em meados de 1975 muda a postura, indo na onda de um processo de distensão e com o fim da censura.
“São evidentes as dificuldades da sociedade brasileira em recordar o ´reíodo da ditadura militar.” (p. 49)
“A sociedade brasileira, depois que aderiu aos valores e às instituições democráticas, enfrenta grandes dificuldades em compreender como participou, num passado ainda muito recente, da construção de uma ditadura.” (p. 49)
“Mas a ditadura militar, não há como negá-la, por mais que seja doloroso, foi um processo de construção histórico-social, não um acidente de percurso. […] Reconhecê-lo pode ser um exercício preliminar para compreender seus profundos fundamentos históricos e sociais para criar condições para que o abominável não volte a assombrar e a atormentar a história destes brasis.” (p. 50)
“Na gênese da ditadura, tendeu-se a apagar o grande embate social. O projeto reformista revolucionário evaporou-se, transformado em um fantasma. As esquerdas foram vitimizadas . Os amplos movimentos sociais de direita, praticamente apagados. Os militares, estigmatizaos gorilas, culpados únicos pela ignomínia do arbítrio. A ditadura, quem a apoiou? Muito poucos, raríssimos, nela se reconhecem ou com ela desejam ainda se identificar. Ao contrário, como se viu, quase todos resistiram. Mesmo a esquerda revolucionária transmudou-se numa inventada resistência democrática de armas na mão.” (p. 50)
TOLEDO, Caio Navarro de. 1964: o golpe contra as reformas e a democracia. In: REIS, Daniel Aarão; RIDENTI, Marcelo; MOTTA, Rodrigo Patto Sá (orgs.). O golpe e a ditadura militar: 40 anos depois (1964-2004). Bauru, SP:Edusc, 2004.
Sem querer travar uma batalha semântica. 1964 não foi propriamente uma “revolução” 
próprio Geisel afirma “o que houve em 1964 não foi uma revolução. As revoluções se fazem por uma ideia, em favor de uma doutrina.'” Apud> GASPARI, ditadura envergonhada, p. 138
“Para o vitorioso de 1964 , o movimento se fez contra Goulart , contra a corrupção, contra a subversão. Estritamente falando, afirmou o general, o movimento liderado pelas forças armadas não era a favor da construção de algo novo no país.” (p. 68)
“Mais apropriado seria então afirmar que 1964 significou um golpe contra a incipiente democracia política brasileira; um movimento contra as reformas sociais e políticas.” (p. 68)
Anos 1970. proliferação da imprensa alternativa no combate à ditadura.
Momento de uma multiplicidade de modelos de enfrentamento e resistência. Ver p. 161. p. 173.
KUSHNIR, Beatriz. Cães de guarda: entre jornalistas e censores. In: REIS, Daniel Aarão; RIDENTI, Marcelo; MOTTA, Rodrigo Patto Sá (orgs.). O golpe e a ditadura militar: 40 anos depois (1964-2004). Bauru, SP:Edusc, 2004.
jornalistas x censores
“se muitos dos censores eram jornalistas, ema uma parte da grande imprensa, no período pós-1968, havia jornalistas que eram policiais. Neste sentido, trata-se de mapear uma experiência de colaboracionismo de uma parcela da imprensa com os órgãos de repressão no pós-AI-5. Ou seja, tem-se como mote a atuação de alguns setores das comunicações do país e suas estreitas (permissivas) conexões com a ditadura civil-militar no pós-1964. Além de não fazer frente ao regime e às suas formas violentas de ação, parte da imprensa também apoiou a barbárie.” (p. 250)
Ver ABRAMO p. 118-120
Empresas jornalisticas vistas como empresas oligárquicas e familiares. (clãs, feudos, cita a autora)
Autora analisa a Folha da Tarde do grupo Folha.
“Como se poderá notar, a trajetória da Folha da Tarde espelha tanto as rupturas e mudanças no panorama brasileiro, como ainda os caminhos percorridos pelo Grupo Folha da Manhã para se adaptar aos percalços e à efervescência política daquele período, perdendo poucos anéis mas jamais os dedos.” (p. 251)
Folha, em menor escala, também
RELER CAES DE GUARDA.
Folha da Tarde, inicialmente caráter de esquerda (contrário da Folha)
“As unioes e separações dos Frias com figuras como Claudio Abramo e seus pares indicam os difíceis caminhos que unem idealismo e realidade no Brasil pós-1968.” (p. 253)
Folha da Tarde renasce em 1967, muito diferente do jornal existente entre 1949-1959
linha editorial de oposição ao governo, até quando se permitiu
maioria dos jornalistas tinha alguma relação com a militância, ainda que ao menos simpatizante.
Carlos Panafiel, então diagramador do jornal em entrevista para a autora por e-mail entre os dias 18 e 22/05/2000 :
“[...] o AI-5 mexeu na redacao . Nossa primeira reação foi que, como jornal, estávamos mortos. Daí em diante a linha à esquerda do jornal era meio impossível.Sabíamos que o pouco de liberdade que poderíamos ter da censura oficial. [seria confrontada] com a censura interna (Frias, Caldeira e cia.). Houve um desanimo geral e muitos saíram nessa ocasião. Só continuaram os que não tinham muita opção, afinal o AI-5 tinha mexido com toda a imprensa. [Assim], ou se partia para fazer jornais clandestinos ou se ficava onde estava.” (p. 255)
“Com a decretação do AI-5, muitos proprietários de empresas de jornal criam alternativas para se adaptarem aos “novos tempos”. Na mesma semana que o regime autoritário endureceu, em vários orgãos de imprensa os jornalistas mais combativos foram demitidos.” (p. 255)
grupo Folha muda completamente a postura, recebendo muitas críticas:
“[...] a imprensa, censurada aqui e ali, não oferecia resistência mais séria ao governo quando se tratava das organizações de esquerda revolucionária. E aqui distinguimos muito bem os jornalistas dos donos de jornal. É preciso que se diga, a bem da verdade, que muitos jornalistas arriscaram seus empregos e mesmo a vida, enviando notícias para o exterior e passando algumas informações apesar da censura. Jornais, como a Folha de S. Paulo, transformaram-se em porta-vozes do governo militar e mesmo cúmplices de algumas ações.” (p. 256)
rever citação no livro de Kushnir.
“Acusam-se o jornal e a empresa Folha da Manhã de algo extremamente sério: de terem sido entregues à repressão como órgãos de propaganda, enquanto papel, tintas e funcionários eram pagos pelo Grupo.” (p. 256)
Folha da Tarde: “O jornal era tido como “o de maior tiragem”, devido ao grande número de policiais que compunham sua redação no pós-AI-5. Muitos também a conheciam , por isso, como a “delegacia”.” (p. 256)
Pressão sobre os donos de jornais era muito grande :
“Por uma questão de sobrevivência , o Grupo Folha não tinha censor. Tinha decidido não enfrentar o regime. Fez autocensura.” (Boris Casoy, entrevista à autora por e-mail 18/03/1999) p. 258
Deixar claro que o Grupo Folha (não apenas a Folha) era cúmplice do regime nos anos 70 e não mudou de forma tao “brusca”.
“A Folha da Tarde foi um porta-voz, e, como tal, conhecida como o Diário Oficial da Oban, ao reproduzir informes do governo como se fossem matérias feitas pelo próprio jornal.” (p. 259-260) 
“Ao meu ver, Boris Casoy definiu a coisa com mais precisão: a Folha da Tarde era de extrema direita porque o regime era de extrema direita. Se o regijme fosse de extrema esquerda, a Folha da Tarde seria igualzinha, com os mesmos dirigentes, e seria de extrema esquerda. Na verdade, a Folha da Tarde era o jornal da Polícia. Se a polícia fosse a Gestapo, como a nossa parecia aspirar ser, seria Gestapo. Se fosse KGB, seria KGB numa boa, sem problemas. Não havia, no direitismo da Folha da Tarde, nenhuam raiz econômica: era apenas a supremacia da ordem que valia.” ( Carlos Brickman em entrevista à autora, 21/04/1999)
1984 – não havia mais espaço para aquela Folha da Tarde. País buscava novos ares e a Folha queria dar esta informação ao público. Tirar os “tiras” da redação foi essencial.
As vendas (novamente) justificavam essa mudança
“Visto desta forma, ao que parece, tudo tomou um lugar, apaziguando dilemas, o que pode causar um certo desconforto para quem não se enquadrou na “nova ordem social”. Por isso, é importante sublinhar o tom dessa transição, tanto na Folha da Tarde, como no país. Ela assinala como as elites brasileiras não perderam o controle e reafirmaram, nesses episódios, e em muitos outros, a tradição da conciliação.” (p. 261)
“No caso da Folha da Tarde, os jornalistas responsáveis, íntimosdo círculo policial repressivo, trocaram intencionalmente a narrativa de um acontecimento pela publicação de versoes que corroborassem o ideários autoritário oficial. Certamente, acreditavam em suas ações, compactuando sempre com o poder vigente. A essa atitude se pode dar o nome de autocensura, e também, o de colaboração.” (p. 261)
“Fiéis aos seus “donos”, esses cães de guarda farejaram uma brecha, protegeram uma suposta morada e, principalmente, ao defender o castelo, venderam à sociedade uma imagem errônea. Quando o “tabuleiro do poder”modificou-se, muitos desses servidores foram aposentados, outros construíram para si uma imagem positiva e até mesmo heróica, distanciando-se do que haviam feito.” (p. 261-262)

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