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1 RESENHA CRÍTICA Jainara Vitória franco Batista 1. REFERÊNCIA Ditadura militar e democracia no Brasil: história, imageme testemunho / organização Maria Paula Araujo, IzabelPimentel da Silva, Desirree dos Reis Santos. - 1. Ed. – Riode Janeiro: Ponteio, 2013. 2. CREDENCIAIS DO AUTOR O livro foi feito baseado em imagens, fotos, documentos e depoimentos de colaboradores, que ao disponibilizar esses meios de informação ajudou os organizadores á produzirem e montarem uma estrutura para o andamento da história. Os organizadores são compostos por Maria Paula Araujo que é especialista em Ciências Políticas e nos Anos de chumbo, professora titular de História Contemporânea, Doutora em Ciência Política (IUPERJ), Possui graduação em História pela PUC do Rio de Janeiro, Mestrado em História (UFF)Pós- Doutorado (IDES) e Pós- doutorado sênior (ICS). Suas principais obras são: Redemocratização e justiça de transição no Brasil, Democratização, memória e justiça de transição nos países lusófonos, O caminho das armas, Vida de guerrilheira e Lembranças do golpe – 1964. A segunda autora e organizadora é Desirree Dos Reis Santos que possui Mestrado em História (PUC-Rio),Pós-Graduação em Gestão Governamental e Avaliação de Políticas Sociais também (PUC-Rio) treinamento em Metodologias de Pesquisa de Públicos em Museus (Universityof Leicester, UK), Graduação em Arqueologia (UNIRIO) e em História (Bacharel/Licenciatura UFRJ). 2 Os seus principais temas de interesse são: museus, justiça de transição, escravidão, educação, cultura, memória, patrimônio cultural e samba. E por fim a autora Izabel Pimentel da Silva - Doutora em História (UFF), Mestre em História e especialista em "História do Brasil Pós-1930 e Graduada em História (UERJ), pós-doutoranda em História Social(UERJ-FFP),professora permanente do Programa de Pós-Graduação em História Social (PPGHS) e professora de História da América no Departamento de Ciências Humanas (DCH). Atua principalmente nos seguintes temas: Ditaduras Civil-Militares na América do Sul; Luta Armada; História das Esquerdas Sul-Americanas; Arquivos da Repressão; História do Brasil Republicano; História Oral; Memória e Cultura Política. 3 3. RESUMO 3.1. O PRÉ-1964 Os anos que antecederam a ditadura foram muito confusos, já que estava desencadeando um conflito de ideais. A presidência do Brasil tinha sido assumida por pessoas de partidos e ideais distintos; Jânio Quadros e João Goulart, dessa forma, é perspectivo o quanto difícil seria esse governo. Foi tão dificultoso que com menos de três meses de posse, Jânio Quadro renuncia a presidência, onde João Goulart; Jango, só conseguiu enfim assumir no dia 07 de setembro de 1961, pois às direitas estavam vetando a posse de Goulart enquanto os esquerdistas exigiam a posse do novo presidente o mais rápido possível. Mudanças foram realizadas em relação ao regime presidencialista para o parlamentarista, para ser possível a posse ser realizada com certo consentimento da direita. Porém, mais tarde vinha á voltar para o regime inicial, reformas de cunho esquerdista foram propostas; Reforma Agrária, universitária, fiscal, entre outras, causando novamente descontentamento da direita. 3.2. O GOLPE CIVIL- MILITAR DE 1964 A Reforma de cunho de João Goulart desencadeou sérios julgamentos da população, á qual acreditavam que ele queria tornar o Brasil em comunista, o medo do comunismo fez as pessoas apoiarem os ideais dos militares. Além disso, dois momentos foram considerados os estopins para os militares resolverem logo tomar o poder, um, foi o comício do dia 13 de março de 1964, onde neste comício Jango apoiou as mudanças estruturais e o comprometimento em diminuir as desigualdades socioeconômicas. O segundo foi a Revolta dos Marinheiros, na qual o presidente apoiou a causa e negociou com os mesmo o fim da rebelião e os anistiou, esse acordo foi considerado a “gota d’água” para os militares, pois o presidente mostrou incentivar á indisciplina e a quebra de hierarquia das forças armadas. Durante a ida de Jango pra Rio Grande do sul, o senador Auro de Moura Andrade, aproveitou oportunidade e decretou vacância do cargo de presidente, desse modo, em 3 de abril o general Castelo Branco assume a presidência. 4 Portanto, a repressão e violência que era usada para reprimir quem eles julgavam “esquerdista” se iniciaram assim que o general assumiu o cargo. Atos Institucionais foram decretados, principalmente voltados á repressão. 3.3. FORMAS DE LUTA E RESISTENCIA POLÍTICA Quando se instalou oficialmente á Ditadura Militar, várias eram as formas de resistência. Durante os primeiros anos, estudantes e artistas se manifestaram insistentemente contra a essa enorme repressão. Entretanto, esses movimentos sofriam grandes repressões do estado. Embora a constante repressão as forças tanto dos estudantes como dos artistas vinha ganhando mais importância, por eles continuarem firmes na luta pela liberdade, os artistas realizavam show se opondo a ditadura, enquanto, os estudantes realizavam importantes passeatas, que ganhavam cada vez mais visibilidade. Porém, em 1968 a repressão aumentou ainda mais com a promulgação do famoso e severo AI-5, sendo o ato que mais reprimiu a população, onde tinha como principais realizações cassar mandatos, fecharem o Congresso Nacional, suspender Habeas Corpus e proibir as realizações de reuniões para qualquer finalidade, entre outras restrições. Entre o final de 1969 e o início de 1970, o país passou por uma situação pior que o AI-5. Essa época ficou conhecida como anos de chumbo, onde a repressão era realizada de uma forma mais violenta, com as utilizações de armas de fogo contra os que opusessem ao regime, momento esse que deixou um saldo de inúmeros mortos, desaparecidos, presos, exilados e banidos.Com a posse do novo presidente Ernesto Geisel em 1974, o Brasil começou a participar do processo de abertura política, com intuito de caminharem para um regime mais liberal, de certa forma eles queriam uma ditadura “reformada”, porém a resposta da população foi à organização de uma luta pela liberdade democrática, pressionando assim essa “abertura política”. 3.4. PRISÃO, CLANDESTINIDADE E EXÍLIO No decorrer dos anos a ditadura ficava cada vez mais violenta e as repressões eram cada vez mais severas. Por conta disso, com o desenrolar da ditadura e vendo o endurecimento e severidade do regime, alguns esquerdistas se exilaram em outros países tentando sobreviver a essa época. Muitos dos esquerdistas buscavam exílio, 5 pois a vida na prisão chegava a ser desumana, sendo sinônimo de torturas, tanto fisicamente, quanto psicologicamente. A maioria dos esquerdistas foi presa no decorrer desses períodos que se passava de ditadura, alguns tiveram sorte e conseguiram se exilarem antes de serem presos ou até mesmo mortos, concluindo que a clandestinidade marcou a vida de muitos desses ex-militantes, visto que quem participava dos movimentos esquerdistas, tinham que viver como clandestinos para não serem pegos pelo sistema; identidades falsas, códigos aparelhos e regras de vivência eram aplicados em seu cotidiano, eles não podiam chamas a atenção do governo para si.O exílio poderia ser a salvação para alguns, porém a morte para outros, muitos não agüentaram as dificuldades impostas e acabaram por ser suicidar, e assim nunca voltaram para o seu país. 3.5. A LUTA DOS FAMILIARES DE MORTOS E DESAPARECIDOS POLÍTICOS NO BRASIL Durante este severo período, a perseguição por pessoas era um horror vivido pela sociedade, onde eram assassinadas, outras sumiam sem razão alguma, a família nem sequer sabia se estava vivo ainda. O governo perseguia e “dava fim” a qualquer pessoa que julgada ser disseminadora de ideais comunistas. A busca dos familiares por seus parentes era questão frustrante, devido ameaças que eram feita pelo governo caso perguntassem demais, quem investigasse ou se metessem demais, pagava um preço altíssimo, chegando a dar lhes até mesmoa vida. A forma que o governo conseguia se desfazer dessas acusações era dar um atestado de paradeiro ignorado ou presumida. Em virtudes dessa repressão e preocupação as famílias se juntaram e formaram a Comissão de Familiares de Desaparecidos Políticos. Em 28 de agosto foi promulgada a lei da Anistia, o que já era considerado uma vitória sobre o regime, onde todos os exilados puderam voltar a viver em seu país natal. 3.6. ANISTIA AMPLA, GERAL E IRRESTRITA A partir dos anos 70, muitos esquerdistas e opositores a ditadura militar começaram a levantar a bandeira política pela luta da anistia geral de presos políticos. Pelo fato de a ditadura ter prendido muitas pessoas, dentre elas jovens 6 estudantes que se opunham ao sistema, esse foi considerado o estopim para todos esses processos e todas essas organizações formadas para lutar por essa anistia; o Comitê 1º de Maio pela Anistia, o Comitê Brasileiro pela Anistia (CBA)- 1978. Seus principais componentes eram pessoas que tinham certas ligações com os presos políticos; familiares de mortos e desaparecidos, militantes esquerdistas, estudantes, grupo chamado parlamentarista autênticos, entre outros componentes. Em 28 de Agosto de 1979 foi promulgada uma lei que possibilitava certa anistia, porem cheia de restrições e imposta apenas a alguns presos; esse ato foi considerado uma vitória tanto dos esquerdistas quanto dos militares no poder. Com o surgimento de outros problemas sociais o tema ficou um pouco recluso, porém voltou ao seu ápice em 2001 no governo de Fernando Henrique Cardoso, o qual criou o Comitê de anistia que tinha como principal função procurar “reparar” os danos provocados pela ditadura a essas famílias. Porém esse Comitê de anistia ainda tem suas falhas, muito dos crimes nunca foram esclarecidos, tentar reparar esses tipos de danos causados nos corações de inúmeras famílias brasileira com indenizações é algo irrelevante, pois nem todo dinheiro do mundo pode pagar tamanha crueldade. 3.7. ARTE E REVOLUÇÃO Durante o período da ditadura militar toda e qualquer forma de liberdade era altamente reprimida, pois nenhum tipo de idéia que fugisse do que o governo regente pregava era aceita. O medo de os civis de oporem ao sistema era tão grande que toda manifestação artística era controlada, seja apenas uma música ou até mesmo uma peça de teatro. Artista usava o seu meio de trabalho para disseminar idéias de cunho esquerdistas e contrárias ao regime. Programas de televisão não poderiam passar nenhum tipo de mensagem que pudesse ser interpretada como idéias comunistas, pois a repressão aos meios de comunicação era enorme, por ser um veiculo que atingia grandes números de pessoas, incentivando uma revolta comunista. Nos anos de 1960 artistas de passaram a exercer um importante papel importante na luta contra a ditadura; Geraldo Vandré, Nara Leão, Edu Lobo e Chico Buarque de Hollanda.Teatros exibiam peças onde o elenco se dirigia de forma agressiva ao público, exibindo cenas de nudez, sexo e alguns chegaram até mesmo a expor problemas sociais nas suas apresentações; o 7 teatro Arena de São Paulo, que após o golpe começou a criticar a ditadura nas apresentações. Arena de São Paulo juntamente com o Extinto centro popular de cultura da UNE, produziram um show no qual o seu principal intuito era criticar a ditadura; Show opinião. Foi considerada a maior expressão artística contraria a ditadura. Outros shows foram realizados pela Arena; Arena contra zumbi, Arena contra Tiradentes, onde as principais pautas foram a opressão e luta pela liberdade.Muitos artistas foram presos nesse período, o cárcere para alguns foi um meio onde conseguiram desenvolver inúmeros projetos artísticos, os que não foram detidos tiveram que partir para o exílio, pois muitos deles eram perseguidos pela ditadura. 3.8. REDEMOCRATIZAÇÃO E O DIREITO À MEMORIA, À VERDADE E À JUSTIÇA Entre 1979 e 1985 no Brasil ocorreu um processo de transição da política, que passou de uma ditadura para o marcos do estado democrático. O motivo dessa transição foi o resultado do aprofundamento da conjuntura anterior, durante o governo de Geisel: um lado era do projeto de “abertura controlada” do regime e o outro foi conta da mobilização de setores populares que tinham intenção de “alargar” o espaço democrático. O presidente João Batista deu continuidade ao projeto de abertura dos militares. E no ano de 1979 foi sancionada a lei de anistia e em Novembro do mesmo ano foi eliminado o bipartidarismo. E novos partidos surgiram, como: PMDB; PDS; PDT; PTB e o PT. Mas, nessa nova conjuntura a grande campanha política que se destacou pela sociedade foi a campanha pelas eleições diretas para presidência da república conhecida como, “diretas já!”. 3.9. LUGARES DE MEMÓRIA Hoje em dia a gente passa por inúmeros lugares e na maioria das vezes nós conhecemos a relação direta deles com vários momentos fundamentais que foram vividos na nossa história. E esses lugares importantes nos cercam, porém, a maioria não nos transmite a totalidade do seu significado. Na visão do historiador francês Pierre Nora, esses lugares que foram construídos historicamente teriam uma tripla função: são lugares materiais, funcionais e simbólicos onde a memória coletiva se ancora e se expressa. Ainda possuem um grande valor como monumentos que 8 podem revelar alguns conflitos e disputas que envolveram o processo de construção da memória. Alguns acontecimentos no período da Ditadura Militar ainda estão aqui, entre nós, muito próximos, mas não totalmente visíveis. A muitas lacunas sobre as informações oficiais do regime militar, muitas vítimas e desaparecidos, os políticos ainda aguardam que essas histórias sejam esclarecidas e lembradas. Dessa forma, as lembranças desse período são marcantes e tornam um meio fundamental que serve como fonte de conhecimento, estudo e ensino. Através dessas memórias é possível uma comunicação entre as atuais gerações e a geração que voltou para a redemocratização do país e ao respeito aos direitos humanos. Isso é o principal caminho para que aprendam com algumas dificuldades do passado para que elas nunca mais aconteçam. 9 4. APRECIAÇÃO CRÍTICA DO RESENHISTA A obra retrata bem especificado todo o momento do golpe militar, além de esclarecer que não se trata somente de uma “golpe militar”, mais também” civil militar”, visto que a população na maioria composta por conservadores dos bons costumes queria tirar o presidente do seu cargo. A leitura se torna suave devido a escrita que não é complexa, a estrutura do texto com imagens da época, músicas, poemas que retratam como foi esse período e a sugestão de documentários e filmes que tende a trazer mais conhecimento, cativa quem estar lendo. Mas, á falta de profundidade sobre alguns temas que só foi repassado o básico, como os movimentos dos estudantes, que só foi citado a “Passeata dos cem mil” por alto, não ouve em nenhum momento a citação do surgimento União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (UBES), a morte do estudante Edson Luís que se tornou um símbolo para os estudantes e nem a tortura que passaram, nem um depoimento sobre os castigo e métodos de tortura que foram submetidos. A obra fala sobre que pessoas passaram por torturas, no entanto, não ouve a menção e explicação de como era esses meios de tortura; os instrumentos usados e métodos para se obter informações. Além de não falar sobre o marco da ditadura militar no Brasil que foi a “ Casa da Morte “. Esses foram os fatores que deixaram a desejar, porém, a organização de idéias foi perspicaz e satisfatório para se entender como surgiu a Ditadura Militar e redemocratização. A obra é ao ver destinado a qualquer pessoa que tenha interesse sobre conhecer sobre o assunto, mas especificamente alunos e professores, por se se tratar de uma linguagem clara e de fácil compressão sobre o conteúdo de Ditadura e Militar e democracia, aonde devem ser abordado pelos professores aos alunos, especificamentede ensino média 10
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