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Rádio Farroupilha - Três Décadas de Liderança no AM

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RÁDIO FARROUPILHA – TRÊS DÉCADAS DE LIDERANÇA NO AM
Bruna Souza�
Karen Vidaleti�
RESUMO
	Desde meados da década de 80, a Rádio Farroupilha mantém o primeiro lugar em audiência no AM, nas praças Porto Alegre e Grande Porto Alegre. Com programação composta por conteúdo de entretenimento e prestação de serviço, a emissora consolidou-se ao dar voz aos ouvintes, que integram em sua maioria as classes C, D e E. Este artigo busca analisar os fatores que fizeram desta uma emissora tão popular entre os gaúchos. Para a sua produção, foram acompanhadas as edições do programa de maior audiência da rádio, o Comando Maior, durante o período de uma semana.
Palavras-chave: Rádio Farroupilha. Rádio popular.
ABSTRACT
Since the mid 80’s, the Farroupilha Radio holds the first place in audience AM, plazas Porto Alegre and Porto Alegre. With programming consisting of entertainment content and service delivery, the station was consolidated to give voice to listeners, comprising mostly the classes C, D and E. This paper analyzes the factors that made ​​this a station so popular among population of Rio Grande do Sul. For its production, the authors accompanied editions of the top rated radio, Comando Maior, during the period of one week.
Key words: Farroupilha Radio, popular radio.
1 INTRODUÇÃO
	Os tempos áureos do rádio passaram, especialmente, o do rádio AM. A modalidade não é mais encontrada nos novos tocadores de músicas e dispositivos móveis. Nos automóveis, é cada mais rara. Por outro lado, é cada vez mais comum a migração de emissoras do AM para o FM, como aconteceu com a Rádio Gaúcha, que, em 2008, passou a contar com duas frequências no dial. Dentro desse processo, o governo federal aprovou um decreto que prevê a mudança de cerca de 2 mil emissoras AM para o FM. A decisão vem embasada no argumento de que emissoras que operam em ondas médias sofrem com níveis crescentes de interferências e ruídos que prejudicam a prestação do serviço. 
A Rádio Farroupilha, no entanto, não só mantém atrações e características que a levaram ao primeiro lugar em audiência. A posição de líder no AM, nas praças Porto Alegre e Grande Porto Alegre, também é conservada. O primeiro lugar foi conquistado em 1983 e desde então é mantido, ou seja, no último mês de julho, a emissora completou três décadas na liderança de audiência. O que fez dessa uma rádio tão popular entre os ouvintes? Quais os fatores que contribuíram para que conquistasse o público?
Para o desenvolvimento deste artigo, as autoras acompanharam pelo período de uma semana a programação da emissora no período da manhã�. É neste turno, de segunda a sexta-feira, das 6h às 11h, e aos sábados, das 7h às 11h, que vai ao ar o programa Comando Maior, atração apresentada pelo comunicador Sérgio Zambiasi, que detém a maior audiência da rádio. 
	Este artigo, portanto, propõe-se a suscitar a reflexão sobre o rádio popular, sua ligação com os ouvintes e os reflexos desse tipo de veículo no cotidiano das pessoas. 
2 UM POUCO DE HISTÓRIA
	A Rádio Farroupilha, que hoje ocupa o prefixo 680 do AM, foi fundada em 24 de julho de 1935 e era de propriedade do general Flores da Cunha. Foi ao ar pela primeira vez pelo prefixo PRH2 e, desde sua estreia, tem em eventos festivos uma marca. Para se ter uma ideia, a festa de inauguração da rádio contou com show de Carmem Miranda e Mário Reis. Atualmente, a cada ano, um grande evento é promovido no Anfiteatro Pôr do Sol, com o objetivo de comemorar o aniversário da rádio e chega a reunir cerca de 100 mil pessoas.
Pelos microfones da Farroupilha ecoaram vozes de intelectuais como Erico Verissimo, Braga Gastal, Souza Lobo, Josué Guimarães, Frederico Arnaldo Balvê, entre outros. Também foi pela Farroupilha que durante muito tempo os gaúchos acompanharam o boletim Repórter Esso. O informativo de cinco minutos revolucionou ao atualizar o público, inicialmente três vezes ao dia, sobre os últimos acontecimentos pelo mundo, com informações fornecidas pela agência norte-americana United Press. O radioteatro foi mais uma das atrações mais populares da emissora e chegou a revelar importantes nomes no segmento. 
Em meados da década de 50, vendida ao Grupo RBS, a rádio adotou a frequência 600 AM e, mais tarde, fixou-se no 680 AM. Há 30 anos na liderança de audiência nas ondas médias, a Farroupilha alcançou o primeiro lugar em 1983, após a contratação do locutor Sérgio Zambiasi, que também assumiu a direção de programação da rádio. O comunicador foi responsável por acrescentar à grade da emissora alguns dos elementos-chave no processo que levou à emissora do 7º ao 1º lugar em audiência em apenas 11 dias. Ainda hoje, a Farroupilha mantém a posição, chegando a alcançar 51% de participação na audiência das praças Porto Alegre e Grande Porto Alegre, de acordo com dados do Ibope. O Comando Maior, programa apresentado por Zambiasi e analisado neste artigo, é a atração de maior público da emissora, que alcança picos de audiência às 9h, com números que vão de 143.042 a 149.750 ouvintes por minuto, de segunda a sexta-feira. (Coletiva.net, 2013). As características que garantiram resultados como esse serão analisadas a seguir. 
3 O popular no rádio: a aproximação com o público
Sabendo que a Rádio Farroupilha é voltada ao público composto por pessoas nas classes C, D e E, economicamente, podemos verificar que os quadros apresentados no Comando Maior são de cunho popular, sendo que é possível observar que o entretenimento, presente em esquetes como charadas, resumo de novelas, vida dos famosos e horóscopo, é parte integrante da base do programa. Tal fenômeno acontece porque, de acordo com Mariana Bessa, “podemos dizer que a história da Rádio no Brasil não está colada à Rádio Informativa; a maior parte das pessoas ainda identifica este meio como um veículo de entretenimento” (BESSA, 2004, p.9). A televisão, antes conhecida como concorrente do rádio, hoje pauta parte desta programação. Gadini (2007) explica que os diários populares acabam por utilizar o recurso televisivo como forma de apostar em uma abordagem da cultura, visto que eles se dirigem a classes populares que, “não por acaso, concentram a população com menores condições de acesso aos bens de consumo, inclusive e, principalmente, os culturais” (GADINI, 2007, p.7). 
Além do entretenimento, o Comando Maior também tem seu viés de jornalismo informativo, contudo, feito de uma maneira um pouco diferente do tradicional, sendo os ouvintes convidados a participar desta ação. Enquetes são realizadas durante toda a manhã com a participação da audiência. Há também a divulgações de informações sobre o trânsito, temperatura e notícias sobre os principais fatos ocorridos no período, o que constitui uma das principais características do jornalismo popular: a prestação de serviço. 
Dentre as muitas participações recebidas durante o programa, uma ouvinte vai ao ar e conversa com Sérgio Zambiasi, locutor responsável pelo programa, como se o mesmo fosse um amigo de anos. Ela narra que está passando por um forte problema no casamento, porém está fazendo de tudo para superar a crise. O locutor, por sua vez, a parabeniza pelo esforço que está realizando. Essa ocorrência não é um fato exclusivo, pelo contrário. Em determinados momentos, os ouvintes entram em contato com a Rádio Farroupilha para opinar, criticar, reclamar sobre determinados serviços ou produtos e também para pedir doações. Zambiasi contou que, certa vez, uma senhora com pouco mais de 70 anos lhe disse que a parte do programa que mais gostava de escutar era a ‘hora do recado’, porque era naquele momento em que ela sabia como estavam seus amigos, quantos de sua época ainda viviam. Era pela Farroupilha que ela recebia informações, a notícia de falecimento ou aviso de doença de alguém querido. “Acho que foi ali que eu aprendi essa relação de prestação de serviços que o rádio faz de forma insuperável. Não há veículo de comunicação que consiga superar o rádio na prestação de serviço” (Zambiasi, 2007).Essa aproximação entre o ouvinte e o rádio acontece, pois, de acordo com Schmitz, o jornalismo popular traz para si a função de representar aqueles que mais precisam.
Na condição de cidadão e consumidor, essa fonte reivindica os seus direitos e utiliza a mídia para intermediar a solução de seus problemas com os poderes públicos e econômicos. Enquanto vítima expõe a sua desgraça, infortúnio e sacrifícios pessoais, quando prejudicada pela violência, tragédia, injustiça ou logro. Busca na mídia, a comoção social. Ao dar voz ao povo, o jornalismo usa como fonte o cidadão, eleitor, contribuinte, consumidor, morador, inquilino, passageiro, pedestre, paciente, torcedor, espectador, ouvinte, leitor, usuário, aluno, empregado, operário, criminoso, sonegador, vítima e por aí vai (SCHMITZ, p.49, 2011). 
Logo, percebe-se que a Farroupilha, apesar de informar, não chega a dedicar-se à produção jornalística, mas repercute muitos dos acontecimentos de interesse de seu público. Relatos que expõem falhas e deficiências do serviço público são exemplos encontrados durante a programação. A pesquisadora Márcia Franz Amaral sustenta que, no jornalismo popular, “as dificuldades do cotidiano são apresentadas como passíveis de serem superadas pelo leitor, desde que ele conheça o caminho das oportunidades” (AMARAL, 2003, p.16). Ela refere-se aos veículos impressos, no entanto, o mesmo pode ser aplicado ao rádio popular.
Outro aspecto a se considerar está na locução do conteúdo informativo. Na Rádio Farroupilha, é comum que as notícias sejam lidas não no tradicional formato de nota radiofônica, mas sim como uma crônica policial, na qual o ouvinte tem inclusive citações de personagens relacionados ao fato. A temática policial é mais um ponto de destaque em veículos populares, que abordam questões como criminalidade e seus efeitos na sociedade. “O fato de a violência se apresentar como um desvio, em relação a determinados estados tidos como normais, garante-lhe um lugar efetivo na mídia – que, por princípio, necessita de acontecimentos com tal carga de ruptura” (FERREIRA DIAS, 1997). Ao relatar casos de insegurança, a emissora não apenas informa a população como também contribui para pressionar o poder público a desenvolver políticas públicas para controle da situação.
	Na Farroupilha, Zambiasi foi o responsável por tornar o ouvinte parte da programação da rádio. Na concepção do comunicador, para fazer um veículo a serviço da comunidade, o locutor não deveria ser o “senhor do estúdio”. Para ele, é preciso “propor que o ouvinte interaja com a rádio, participe e sinta-se não apenas um ouvinte, mas um elemento da programação da emissora” (ZAMBIASI, 2007). A transformação do público de receptor passivo em emissor, enunciador, atuante no processo de produção de conteúdo, é outra característica dos veículos populares. Esses, além de prestar apoio aos interesses dos trabalhadores e comunidades, muitas vezes, funcionam como instrumento de movimentos populares. Através deles, a sociedade tem uma ferramenta de reivindicação para causas que impactam no cotidiano pessoal ou da comunidade (PEDROSO, 2001). 
Dentro dessa ideia, na Farroupilha, deu início a uma espécie de rede de solidariedade, em que os ouvintes podem expor necessidades, como, por exemplo, compartilhar as dificuldades enfrentadas na busca por emprego, na procura por um familiar ou amigo com quem perdeu contato, em conseguir um medicamento específico ou uma cadeira de rodas, e deixar um apelo. Zambiasi explica como essa prática, hoje consolidada na emissora, surgiu:
Um determinado dia uma pessoa telefona e ali ela me proporcionou um momento impressionante. “Eu queria te dizer que sou separada, mãe de 3 crianças, estou desempregada, moro aqui no Partenon e não consigo emprego por causa da criança pequena. Sou costureira profissional e, se eu conseguisse uma máquina de costura, eu ficaria em casa, cuidado dos meus filhos. Costuro para a vizinhança, sobrevivo…” Isso ela dizendo no ar. O que me restou dizer foi que se alguém tivesse me telefonasse que eu buscava. Ligou uma senhora de Novo Hamburgo, dizendo que tinha uma máquina nova (...) Então eu falei que estava indo lá buscar. Fui, conheci a família, peguei a máquina e entreguei para essa senhora. E, a partir daquele momento, as pessoas perceberam que elas poderiam achar um jeito de se encontrar. (ZAMBIASI, 2007)
	Práticas como essa contribuem para fortalecer a afinidade da emissora com o público, aspecto que vem ao encontro do conceito de Márcia Franz Amaral (2006) para o segmento popular. Segundo ela, esses veículos incorporam elementos culturais destinados ou produzidos pelos setores populares da sociedade e são caracterizados, também, “pela sua proximidade e empatia pelo público-alvo, por intermédio de algumas mudanças de pontos de vista, pelo tipo de serviço que presta e pela sua conexão com o local e o imediato” (AMARAL, 2006, p.16).
4 A prática do comercial na radiodifusão
A prática de divulgação de marcas pelos meios de imprensa é bastante recorrente e isso não seria diferente na Rádio Farroupilha. Nos meios populares, a publicidade faz uso dos seus apresentadores como garotos-propaganda para assim aproximar o produto do consumidor. Com o crescente poder aquisitivo da classe à qual esse tipo de jornalismo se volta, essas marcas investem cada vez mais neste tipo de mídia�. 
Durante os programas analisados, percebeu-se que em cada saída e entrada de bloco pelo menos um anúncio publicitário era feito pelo locutor. Em uma destas vezes, Zambiasi deu dicas de como preparar uma receita de arroz Blue Ville, patrocinadora daquele bloco. A propaganda vai além do convencional. Um representante da marca entrou em contato telefônico com a Farroupilha e apresentou uma comerciante que tem os diferentes tipos de arroz Blue Ville em seu estabelecimento. O diferencial é que o mercado, cujo endereço foi divulgado, fica em um bairro de periferia de Viamão, cidade da Região Metropolitana de Porto Alegre, local que, certamente, tem uma parte considerável de ouvintes da rádio. Nesta situação, o que se buscou foi aproximar a audiência daquela região ao mercado e a marca. 
O comercial no rádio tem uma importância significativa não somente nas contas das emissoras, mas também histórica. Sabendo que o rádio no Brasil nasceu voltado para a elite, pois não existia naquele momento lojas no País que vendessem o aparelho e as emissoras não possuíam fins lucrativos, os programas acabavam sendo voltados ao público A e B. Contudo, após o decreto nº 21.111, de março de 1932, a situação mudou, visto que a lei autorizava a veiculação de propaganda e a criação da radiodifusão comercial. Adrine Lorezon explica que esse decreto não só auxiliou no desenvolvimento econômico das emissoras, mas também ajudou na organização e na criação de programação. 
A autorização para a veiculação de propagandas provocou grande mudança no conteúdo do veículo, que até então era erudita, instrutivo e cultural, tornando-se agora veículo de lazer e diversão. [...] As emissoras trataram de se organizar como empresas para disputar o mercado e perceberam que não podiam viver na improvisação. [...] O objetivo principal das emissoras passou a ser alcançar grandes audiências (LOREZON, 2009, p.41).
Sendo assim, o rádio tornou-se rapidamente mais popular e conquistou grandes audiências, pois a sua versatilidade atingiu diversas camadas sociais, mais rapidamente que o jornal impresso, o que tornou a radiodifusão um dos principais meios de informação rápida (até hoje), visto que as ondas magnéticas chegam a qualquer local. 
5 Farroupilha lidera audiências mesmo com baixas no AM
Com a evolução tecnológica as emissoras AM perdem audiência. Hoje é quase impossível encontrar o prefixo nos novos tocadores de música, nos automóveis é rara. Nos dispositivos móveis a modalidade praticamente inexiste, sendo acessível, em alguns casos, apenas por aplicativos. Cada vez mais rara nos rádios, emissoras como a Rádio Gaúcha, pertencente ao mesmo grupo quea Farroupilha, migram para o FM. Dentro deste processo, o governo federal aprovou decreto de lei que permite a mudança de 2 mil emissoras de AM para o FM. Ainda aguardando publicação no Diário Oficial da União, a medida tem como base o argumento de que as emissoras que operam em ondas médias sofrem com níveis crescentes de interferências e ruídos que prejudicam a prestação de serviços. 
Entretanto, a Rádio Farroupilha mantém ao longo do tempo a preferência dos ouvintes, desde 1983, quando se tornou líder de audiência no AM, nas praças de Porto Alegre e Região, no período da manhã. 
Vera Lucia Spacil Raddatz (2011) explica que apesar da limitação do AM, os rádios nesta sintonia ainda produzem impactos consideráveis na vida dos ouvintes, pois 
tem a propriedade de dialogar com eles e inseri-los de todas as formas nas suas rotinas de produção, dando sentido ao que narra e produzindo novos significados e representações, principalmente no trato das informações. Quanto a esse aspecto, a informação local é a que tem para ele mais valor, porque ele emerge do interesse do público ouvinte e a sua atuação na sociedade (KLÖCKNER et PRATA, 2011, p.232).
Logo, quando o jornalismo popular se alia ao AM entende-se o motivo do sucesso de três décadas da Rádio Farroupilha. Para Raddatz, esse fenômeno acontece porque ao narrar o dia a dia dos ouvintes, experimenta essa experiência e se aproxima cada vez mais deles. “Cria vínculos e fortalece tanto os enunciados de seus receptores como de si mesmo, ambos responsáveis pelos sentidos construídos no desenho dessa trajetória de referências comuns” (KLÖCKNER et PRATA, 2011, p.243).
Sendo assim, pode-se dizer que tanto o jornalismo popular quanto o AM auxiliam na manutenção do sucesso da emissora estudada.
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS
A partir do desenvolvimento deste artigo, foi possível identificar aspectos que posicionam a Rádio Farroupilha como emissora popular e contribuem para gerar bons resultados em audiência. Até mesmo a publicidade ganha formato diferente na Rádio Farroupilha. Ela não passa apenas uma mensagem comercial, passa também uma informação que pode ser útil ao ouvinte, como dicas de receita para prepara o arroz da marca patrocinadora da rádio.
Entretanto, o principal fator a ser destacado está na afinidade e empatia entre o público e a emissora. O locutor não é visto como um ser inalcançável, mas sim um amigo, alguém com quem o ouvinte pode contar. É comum que o comunicador coloque-se no lugar do ouvinte, buscando compreender suas necessidades e aflições. Como resultado, tem-se momentos que poderiam ser facilmente descritos como conversas entre velhos conhecidos. 
	O vínculo entre locutor e ouvinte é tão grande a ponto de ultrapassar a barreira das ondas sonoras e partir para ações concretas. Um exemplo está no caso em que o comunicador passa a atuar como um intermediário em uma espécie de rede de solidariedade. 
Esta relação entre locutor e ouvinte explica a grande audiência que a emissora mantém ao longo destas três últimas décadas. Este sucesso acaba se comprovando quando a Farroupilha realiza festas no Anfiteatro Pôr do Sol, sempre lotada dos fãs da rádio. 
Tal fato mostra o quão importante é o jornalismo popular para a manutenção das emissoras que estão em AM. Seguindo a mesma receita por anos a Farroupilha mostra que representar a sociedade é a melhor forma de aproximar a audiência do veículo, e assim entender o que ele deseja saber e o que é de relevância para informar. A Farroupilha nestes 30 anos de supremacia nas manhãs mostra que o ouvinte é quem faz os meios de comunicação e que os locutores são apenas mediadores nesta ação. Ser social, neste caso, não é apenas divulgar é também cobrar melhorias tanto da sociedade tanto dos governos, é criar redes solidárias. Neste estudo, chegamos à conclusão de que o radiojornalismo pode sim ser um grande representante da sociedade, desde que ele exerça essa função em prol das pessoas e não de empresas. 
7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
AMARAL, Márcia Franz. Jornalismo Popular. São Paulo: Contexto, 2006.
BESSA, Mariana Forbes. “O aspecto vocal no rádio jornalismo”, tese de licenciatura apresentada no curso de Comunicação Social, do Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas. Faculdade Nova de Lisboa. Lisboa, 2004.
COLETIVA.NET. Rádio Farroupilha celebra 30 anos de liderança no AM. Disponível em < http://www.coletiva.net/site/noticia_detalhe.php?idNoticia=50733> Acesso em 30 de ago. 2013. 
FERREIRA DIAS, Ana Rosa. O discurso da violência no jornalismo popular. Disponível em <http://www.pucsp.br/pos/lgport/downloads/publicacao_docentes/-discurso_violencia_ana.pdf> Acesso em 30 ago. 2013. In: Tópicos em Linguística de Texto e Análise da Conversação, 1997.
GADINI, Luiz. “A lógica do entretenimento no jornalismo cultural brasileiro”, in Revista de Economía Política de Las Tecnoligías de La Información y Comunicación, volume IX, número 1, janeiro a abril. Sergipe, Universidade Federal de Sergipe, 2007.
KLÖCKNER, Luciano; PRATA, Nair (orgs). Mídia sonora em 4 dimensões: 1º ouvintes e falantes, 2º memória política, 3º programas de rádio, 4º tecnologia e futuro. Porto Alegre, Edipucrs, 2011.
LOREZON, Adriane. Poder local no ar: municipalização das rádios comunitárias e fortalecimento de esferas públicas locais no Brasil. Brasília, Abravídeo, 2009.
Schmitz, Aldo Antonio. Fontes de notícias: ações e estratégicas das fontes no jornalismo. Florianópolis, Combook, 2011.
ZAMBIASI, Sérgio. Entrevista ao projeto Vozes do Rádio. Famecos. Porto Alegre: PUCRS. Disponível em: <http://eusoufamecos.uni5.net/vozesdoradio/entrevista-completa-8/> Acesso em 21 de ago. 2013.
� Bacharela em Jornalismo pela PUCRS. Bolsista de iniciação científica PIBIC/CNPQ, de 2010 a 2011. E-mail: bruna.santosdesouza@gmail.com
� Bacharela em Jornalismo, pela PUCRS. E-mail: kvidaleti@gmail.com
� Análise dos programas foi realizada de 19 a 24 de agosto de 2013.
� De acordo com dados do IBOPE o rádio, apesar de ser o quinto meio a receber publicidade no primeiro semestre de 2013 atingiu R$ 2.182.804.530, aumento de 5% em comparação ao ano anterior.

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