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OS ESTUDOS DA TRADUÇÃO
Cassio P Oliveira
Grupo Interinstitucional de Pesquisas em Libras e Educação de Surdos (Giples/UFES/CNPq)
Programa Libras e Acessibilidade (PLA)
INVESTIGANDO A PRODUÇÃO DE CONSTRUÇÕES DE INTERFACE SINTÁTICO-GESTUAL NA INTERPRETAÇÃO SIMULTÂNEA INTERMODAL (Guilherme Lourenço, Universidade Federal de Minas Gerais);
TRADUÇÃO E INTERPRETAÇÃO DE LÍNGUA DE SINAIS (TILS) NA PÓS-GRADUAÇÃO: A AFILIAÇÃO AO CAMPO DISCIPLINAR “ESTUDOS DA TRADUÇÃO” (Maria Lúcia Vasconcellos, Universidade Federal de Santa Catarina);
Flashes da História dos Estudos da Tradução
Dolet (1509 – 1546): “A maneira de bem traduzir de uma língua para outra”;
Dryden (1631 – 1700): “Prefácio às Cartas de Ovídio” (1680), propõe três tipos de tradução: (1) Metáfrase: verter palavra por palavra; (2) Paráfrase: tradução do sentido; (3) Imitação: recriação;
Tytler (1747–1813): “The principles of translation” [Os princípios da tradução] em 1791 – (1) a tradução deve fazer uma transcrição completa da idéia da obra original; (2) o estilo e o modo da escrita devem ser os mesmos do original; (3) a tradução deve conservar toda a naturalidade do original.
Flashes da História dos Estudos da Tradução
Friedrich Schleiermacher (1768-1834): “Sobre os diferentes métodos de tradução”, de 1813 – duas possibilidades em relação à tradução: ou o tradutor deixa o autor em paz e leva o leitor até ele ou o tradutor deixa o leitor em paz e leva o autor até ele;
Lawrence Venuti: empregou, na avaliação das traduções, as expressões “tradução estrangeirizadora” “tradução domesticadora”;
Roman Jakobson “On linguistic aspects of translation” [Os aspectos lingüísticos da tradução] (1959/ 1988) - três tipos possíveis de tradução, lembrando, tradução intra-lingual, tradução inter-lingual e tradução intersemiótica
Munday (2001) aborda a disciplina como oriunda, na segunda metade do século XX, de estudos em línguas modernas, literatura comparada e linguística, e como estabelecida sobre a concepção de que é um campo de investigação, assim como outras áreas da ciência, denominado em inglês como Translation Studies (definição proposta por Holmes e adotada por pesquisadores, grupos e centros de pesquisa).
A escolha de Holmes por Estudos da Tradução em detrimento de várias outras denominações, tais como “ciência da tradução” (Übersetzungswissenschaft, Science de la traduction, Translation Science) e “teoria da tradução” (Theorie des Übersetzens, Théorie de la traduction, Translation theory), pode ser explicada através da ideia de que (1) o termo “ciência”, associa-se mais diretamente à investigação do mundo material e físico, referindo-se às disciplinas já bem definidas (matemática, química, física, biologia), assim como, (2) o termo “teoria” refere-se a algo, muitas vezes, desvinculado da prática.
Nessa perspectiva é que Holmes argumenta que nenhum dos dois termos ajusta-se ao campo disciplinar de investigação da tradução, pois há muito sendo feito na disciplina, e muito mais a se fazer, que não se restringe às questões especificamente teóricas e nem se limita à ideia ciência no sentido estrito deste termo. Já o termo Estudos (Studies), além de ser mais amplo, agrupa em si a ideia da constituição de um novo campo disciplinar na medida em que propõe uma nova maneira de se conceber esse campo de investigação sobre a tradução como um todo, evitando possíveis confusões e desentendimentos provocados pelos uso dos termos “teoria” e “ciência”, visto que esses termos tendem a restringir o campo disciplinar.
Assim sendo, a denominação “Estudos da Tradução” parece mais adequada na medida em que engloba em si as diversas atividades de pesquisa que tem a atividade tradutória (translating) e as traduções (translation) como seu objeto de investigação. 
Portanto, a designação da disciplina como Estudos da Tradução abarca tanto os estudos descritivos e teóricos sobre a tradução, quanto os estudos aplicados, abrangendo as mais diversas áreas e subáreas vinculadas à tradução. 
Estudos da Tradução devem ser entendidos como uma designação coletiva e abrangente para todas as atividades de pesquisa que têm o fenômeno da tradução e do traduzir como sua base ou foco. 
KOLLER, W., 1971 apud HOLMES, 2000, p. 176
Os Estudos da Tradução constituem um campo de conhecimento acadêmico que tem como objetivo investigar a tradução, sendo que o termo tradução refere-se à tradução literária e não literária, à interpretação, à dublagem e à legendagem.
Routledge Encyclopedia of Translation Studies BAKER, 1998, p.277.
OS MAPEAMENTOS DO CAMPO DISCIPLINAR
Os mapeamentos propõe certa organização, em áreas e subáreas, definindo como o campo disciplinar abarca a diversidade de abordagens da tradução e do traduzir, ao mesmo tempo em que afirma sua unidade com base em seus fundamentos teóricos e metodológicos próprios. 
The Name and Nature of Translation Studies
HOLMES (1972)
OBJETIVOS DOS ESTUDOS DA TRADUÇÃO:
o de descrever a atividade tradutória, o processo (translating), e as traduções, o produto (translation), de acordo com sua manifestação no mundo da experiência;
 o de estabelecer princípios gerais através dos quais tais fenômenos possam ser explicados e previstos. 
The map
WILLIAMS E CHESTERMAN (2002)
PROPÓSITOS DO MAPEAMENTO:
orientar, principalmente, estudantes e pesquisadores em um campo que consideram relativamente novo; 
 oferecer tanto um arcabouço conceitual como um conjunto de procedimentos essenciais à pesquisa em tradução, possibilitando ampla visão de aspectos teóricos, epistemológicos e metodológicos da pesquisa sobre a tradução e o traduzir.
Na verdade, estamos falando de uma interdisciplina, em interface com uma vasta amplitude de conhecimento, o que significa que a investigação em tradução é possível a partir de muitos ângulos diferentes, do científico ao literário, cultural e político.
HATIM, MUNDAY, 2004, p.09.
HATIM, MUNDAY, 2004, p.08.
Atualmente, a Saint Jerome Publishing, uma editora especializada em ET e Estudos Interculturais, classifica suas publicações com base em vinte e sete categorias, ou subáreas, vinculadas ao campo disciplinar dos Estudos da Tradução.
Diferentes tentativas de categorizar e mapear os Estudos da Tradução têm sido empreendidas desde a proposta seminal de Holmes. Vemos que os Estudos da Tradução, ao enfocar os diversos fenômenos vinculados à tradução a partir de múltiplas possibilidades de abordagem, apresentam-se como uma área multilíngue e interdisciplinar que cada vez mais se expande na academia e conquista reconhecimento como uma área de conhecimento autônoma e singular.
INTERPRETAÇÃO SIMULTÂNEA E MEMÓRIA DE TRABALHO
É preciso levar em consideração uma visão mais detalhada que englobe não apenas o input e o output, mas também as etapas do processo, assim como os recursos cognitivos envolvidos (Lourenço, 2015, p.322)
Modelo de Esforços (Gile, 1995);
esforço de ouvir e analisar; 
esforço de memória; 
esforço de produção; 
o esforço de coordenação;
esforço cognitivo (ou “energia mental”, segundo o autor) 
Memória de trabalho (working memory) Baddeley e Hitch (1974)
É um conceito derivado da noção de memória de curto-prazo, porém, ao invés de fazer referência apenas à capacidade de armazenamento de informações, a memória de trabalho é um componente cognitivo que combina armazenamento, processamento e controle executivo dos processos cognitivos em operação (TIMAROVÁ, 2008, p. 1)
A interpretação simultânea, a memória de trabalho e o Executivo Central 
Mizuno (2005)
Mizuno propõe que a compreensão da mensagem é realizada pelo sistema de compreensão da linguagem, enquanto a produção, por sua vez, se dá no sistema de produção da linguagem. Assim, esses dois processos contam com o suporte do Executivo Central. Adicionalmente, o Executivo Central está envolvido na conversão da mensagem da língua fonte para a língua alvo, assim como a memó- ria de longo prazo (MIZUNO, 2005, p. 741). 
A partir da constatação do papel central da memória de trabalho no processo de interpretação,
é possível questionarmos se o fato de a interpretação simultânea demandar um esforço cognitivo e de processamento consideráveis traz efeitos para a produção do intérprete quando este tem a sua L2 como língua alvo. Em outras palavras, qual o impacto do uso rigoroso da memória de trabalho e do Executivo Central durante uma tarefa de interpretação para a produção em L2 do falante? 
Hipótese das Interfaces
Aquisição de L1 – desenvolvimento uniforme – estado final (ultimate attainment) regular e previsível no falante;
O estado-final atingido pela maioria dos falantes de uma L2 nem sempre é convergente (target-like) com o estado-final de um falante nativo;
Sob a perspectiva da Linguística Gerativa, surge então a pergunta sobre a relação entre a aquisição da L2 e o acesso que o falante tem à Gramática Universal (GU) ao longo desse processo.
Tem-se a posição de que a GU encontra-se totalmente acessível ao falante de L2 e de que o processo de aquisi- ção de uma segunda língua é plenamente capaz de resultar em uma gramática bastante semelhante à de um falante nativo (native-like grammar) (SCHWARTZ ; SPROUSE, 1994, 1996);
Esta posição de acesso completo à GU explica que a L1 serve como base ou estado inicial para a aquisição da L2. À medida que o falante recebe o input da L2, há uma reestruturação dessa interlíngua e que este processo segue restrições da própria GU. Assim, é possível que se tenha como resultado uma gramática native-like.
Jackendoff (2002, p. 111) que diz que “a língua compreende um número de sistemas combinatórios independentes, que estão alinhados uns com os outros por meio de uma coleção de diferentes sistemas de interface”
Assim, há, pelo menos, dois tipos de interfaces: interfaces externas e interfaces internas. Àquelas são referentes à integração dos módulos internos da gramática, tais como sintaxe, morfologia, fonologia e semântica, enquanto estas se referem à integração aos domínios externos, tais como o sistema articulatório-perceptual e o sistema conceitual-intencional.
No típico estado final da gramática da L2, caracterizada pela opcionalidade, as variantes opcionais não se encontram em variação livre: alcança-se um estado estável, em que a opção pela construção convergente é fortemente, mas não categoricamente, preferida, e a opção não-convergente emerge em algumas circunstâncias. (SORACE, 1999, p. 666)
A integração das informações espaciais ao sistema linguístico
Nas línguas de sinais, cada nominal é associado a uma localização específica no espaço de sinalização.
Essa associação pode se dar por meio da apontação (pointing) em direção a um ponto específico no espaço, por meio da direção do olhar ou ainda ao se realizar o sinal naquele ponto específico;
Nesse sentido, o espaço é utilizado nas línguas de sinais para o estabelecimento de referentes.
Forma pronominais de 1ª, 2ª e 3ª do singular com referente ausente, respectivamente. (QUADROS E KARNOPP, 2004, p. 131)
A concordância nas línguas de sinais acontece quando a localização e/ou a direção do verbo é determinada pela localização espacial dos argumentos.
Obrigado!
Cassio
cassio.tils@gmail.com

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