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2017.1 CPTE ROTEIRO 2

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IBMEC CENTRO RIO CIÊNCIA POLÍTICA E TEORIA DO ESTADO
O MUNDO POLITIZADO
“As nossas cidades são uma malha política. A água que bebemos, o ar que respiramos, a segurança de nossas ruas, a dignidade de nossos pobres, a saúde de nossos velhos, a educação de nossos jovens e a esperança para nossos grupos minoritários – tudo está em estreita ligação com as decisões políticas feitas na prefeitura, na capital do Estado, ou no Dis trito Federal, nos governo federal”. (Karl Deutsch, A natureza da política, in Norberto Bobbio et. al., Curso de introdução à Ciência Política, Unidade II, 2.ed. Brasília: UNB, 1984, p. 5) 
POLÍTICA E INTERESSES
“Política é a promoção de interesses”. (Idem, p.11)
 Interesse = estar entre
Interesse implica que no meio de uma enorme quantidade de coisas e de acontecimentos não compensadores, há certos elementos compensadores que devem ser analisados com cautela.
Qual é o meu interesse?
O que há nisso para mim?
O interesse de alguém numa situação consiste, em geral, nos benefícios ou recompensas que dela se pode extrair.
A ambiguidade do conceito – interesse. Implica uma pretensão ou expectativa de recompensa. 
Aspectos subjetivos e objetivos do conceito:
Na dimensão subjetiva: descreve uma situação de atenção. As pessoas estão interessadas por tudo aquilo que lhes chama a atenção.
Na dimensão objetiva: traduz a real probabilidade de recompensa
A política e a distribuição de valores
A política diz respeito à interação de interesses – a reivindicação e distribuição de recompensas, isto é de valores.
A política tem sido definida como o processo pela qual os valores (coisas ou relacionamentos que as pessoas gostariam de ter ou de usufruir) são alocados numa sociedade, de um modo imperativo – por uma forma permanente e confiável – que é legítima – no sentido de se adaptar àquilo que as pessoas crêem ser certo ou errado.
Os 8 valores básicos:
Poder
esclarecimento
riqueza
bem-estar
habilidade
afeição
retidão
deferência
 Pressupostos: liberdade + segurança
A FUNÇÃO DA POLÍTICA
Philippe Schmitter
“Para nós, a função da política é a de resolver conflitos, entre indivíduos e grupos sem que este conflito destrua um dos partidos em conflito. Talvez resolução não seja a melhor expressão porque implica (falsamente) que a atividade política põe fim ao conflito. Ao contrário, existem conflitos permanentes dentro de qualquer sociedade que a política não pode extinguir, embora a sociedades sem conflito seja um antigo sonho de muitos, filósofos políticos. A política pode simplesmente ‘desarmar’ o conflito, canalizá-lo, transformá-lo em formas não-destrutivas para os partidos e a coletividade em geral”. 
Para que um ato social seja político, precisa satisfazer duas condições:
“1ª – A condição necessária é que o ato deva ser controverso, indicando um conflito, um antagonismo entre interesses expressos por diferentes indivíduos ou grupos. Isto implica que muitos atos governamentais não sejam políticos por não serem controversos, tal como a publicação de documentos, a vacinação de cães, etc. Mas devemos insistir em que qualquer acontecimento social é potencialmente político. 
“2º - A condição suficiente para que os conflitos sejam políticos é a de que os autores reconheçam reciprocamente suas limitações nas reivindicações das suas exigências. Isto quer dizer que os conflitos políticos acontecem dentro de um quadro (framework) de restrições mútuas, o que implica que o conflito político exige certo grau de integração, de cooperação entre os combatentes; ‘integração’ ou ‘cooperação’ entre indivíduos e grupos, é, então, o segundo elemento da equação política. Essa qualidade de autolimitação ou restrição mútua pode ser baseada em uma crença comum nos atores em conflito (então haveria uma estrutura de autoridade entre eles) ou pode ser simplesmente prudência baseada no medo e na antecipação do poder de retaliação do oponente. Mas a partir do momento em que os combatentes decidem limitar reciprocamente os seus esforços competitivos em vez de se destruírem, estão a nosso ver numa situação política”.
Philippe Schmitter, Reflexões sobre o conceito de política, in Norberto Bobbio et. al., Curso de introdução à Ciência Política, Unidade I, 2.ed. Brasília: UNB, 1984, pp. 36-7. 
A POLÍTICA ENTRE A UNIDADE E A PLURALIDADE
‘A política baseia-se na pluralidade dos homens’. Hannah Arendt, O que é política, Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1998, p. 21.
“A política trata da convivência entre diferentes. Os homens se organizam politicamente para certas coisas em comum, essenciais num caos absoluto, ou a partir do caos das diferenças”. Idem, pp. 21-2.
ARISTÓTELES 
“A sociedade política que se tornar progressivamente uma unidade deixará de ser sociedade política. A pluralidade, neste caso, é natural; e quanto mais a sociedade política se afastar da pluralidade, em direção à unidade, menos sociedade política será e mais próxima estará de uma família, que por sua vez tornar-se-á um indivíduo. Digo isso porque a família, claro está, é mais unidade do que sociedade política, assim como o indivíduo o é em relação à família. Assim, mesmo que fosse possível realizar essa unidade, ela não deveria ser feita, pois destruiria a sociedade política. Porque a sociedade política consiste não simplesmente de homens, mas de diferentes espécies de homens; não se pode fazer uma sociedade política a partir de homens iguais”. (Aristóteles, Política, II, 2) 
O SIGNIFICADO DA POLÍTICA (Norberto Bobbio, Dicionário de Política. Verbete Política)
Definição clássica. Grécia antiga. Aristóteles. A política. O homem como animal político.
Pólis. Politikós. Tudo o que se refere a cidade, ao urbano, ao civil, ao público.
Conjunto de atividades que têm de algum modo, como termo de referência, a polís, isto é, o Estado.
Pertencem a esfera da política atos como:
- o exercício de um domínio exclusivo/soberano sobre um determinado território
- comandar ou proibir algo com efeitos vinculantes para todos os membros de determinado grupo social
- legislar com normas válidas erga omnes
- extrair e distribuir recursos de um setor para outro da sociedade
Pertencem à esfera da política, ações como conquistar, manter defender, ampliar, reforçar, abater, derrubar o poder estatal.
O conceito de política como Práxis humana está intimamente relacionado com a noção de poder.
 Quem faz política busca ou exerce o poder.
Weber: “Todo homem, que se entrega à política, aspira ao poder – seja porque o considere como instrumento a serviço da consecução de outros fins, ideais ou egoístas, seja porque deseje o poder ‘pelo poder’, para gozar o sentimento de prestígio que ele lhe confere.

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