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Formas de Governo Monarquia e República Para estudar DALLARI, Dalmo de Abreu. Elementos de Teoria Geral do Estado. São Paulo: Saraiva, 2015. Ou BONAVIDES, Paulo. Ciência Política. Cap. 14 – Formas de Governo. O QUE ENTENDER POR FORMAS DE GOVERNO Organização das instituições no poder do Estado e como elas se relacionam entre si. Como são as estruturas fundamemntais dos órgãos de um governo e como estão relacionadas. MAQUIAVEL Forma = Regime Político Realeza – Aristocracia – Regime Constitucional (Democracia) Tirania – Oligarquia – Democracia (Demagogia) "Discursos sobre a Primeira Década de Tito Lívio" (1531). Segue a mesma classificação dos regimes políticos que aparecem em Aristóteles, mas adota o pensamento de Políbio de sucessão entre os regimes e de governo misto como alternatica para a melhor forma de governo. ARISTÓTELES "Maquiavel desenvolve uma teoria procurando sustentar a existência de ciclos de governo. O ponto de partida é um estado anárquico, que teria caracterizado o início da vida humana em sociedade. Para se defenderem melhor os homens escolheram o mais robusto e valoroso, nomeando-o chefe e obedecendo-o. Depois, algumas escolhas percebeu-se que aquelas características não indicavam um bom chefe, passando-se a dar preferência ao mais justo e sensato. Essa monarquia eletiva converteu-se depois em hereditária, e algum tempo depois os herdeiros começaram a degenerar, surgindo a tirania. Para coibir os seus males, os que tinham mais riqueza, nobreza e ânimo valoroso organizaram conspirações e se apoderaram do governo, instaurando-se a aristocracia, orientada para o bem comum. Entretanto, os descendentes dos governantes aristocratas, que não haviam sofrido os males da tirania e não estavam preocupados com o bem comum, passaram a utilizar o governo em seu proveito próprio, convertendo a aristocracia em oligarquia. O povo, não suportando mais os descalabros da oligarquia, mas, ao mesmo tempo, lembrando-se dos males da tirania, destituiu os oligarcas e resolveu governar a si mesmo, surgindo o governo popular ou democrático. Mas o próprio povo, quando passou a ser governante, sofreu um processo de degeneração, e cada um passou a utilizar em proveito pessoal a condição de participante no governo. E isto gerou a anarquia, voltando-se ao estágio inicial e recomeçando-se o ciclo, que já foi cumprido muitas vezes na vida de todos os povos. A única maneira de evitar as degenerações, quebrando-se o ciclo, seria a conjugação da monarquia, da aristocracia e da democracia em um só governo” (DALLARI, D. Elementos de Teoria Geral do Estado, p. 222-223). República - O princípio que a move é a Virtude (supremacia do bem público que deve moderar o poder). Monarquia - O princípio que a move é a Honra (forma como os poderes intermediários se subordinam ao poder central. Ser honrado para conseguir o reconhecimento e a distinção do rei). Despotismo - Se impõe pelo Medo. Na verdade, nem seria regime, pois é a própria negação da política e das instituições. A natureza do despotismo é não ter princípio. Na República o povo é tudo. No Despotismo o povo é nada. MONTESQUIEU “O governo republicano é aquele em que o povo, como um todo, ou somente uma parcela do povo, possui o poder soberano; a monarquia é aquele em que um só governa, mas de acordo com leis fixas e estabelecidas, enquanto, no governo despótico, uma só pessoa, sem obedecer a leis e regras, realiza tudo por sua vontade e seus caprichos” MONTESQUIEU Diferentes Monarquias Monarquias Absolutistas : Não possuem limitações jurídicas. Monarquias Constitucionais: Possuem limitações jurídicas. CARACTERÍSTICAS DA MONARQUIA Vitaliciedade O monarca não governa por um tempo determininado. Governa enquanto viver ou tiver condições para continuar governando. Hereditariedade Há uma linha de sucessão. Quando morre o monarca ou deixa o governo é substituído pelo herdeiro da coroa. Houve alguns casos de monarquias eletivas. Irresponsabilidade O monarca não tem responsabilidade política. Não deve explicações ao povo ou a órgãos sobre os motivos de sua orientação política. CONSTITUIÇÃO DE 1824 Art. 3. O seu Governo é Monarchico Hereditario, Constitucional, e Representativo. Art. 4. A Dynastia Imperante é a do Senhor Dom Pedro I actual Imperador, e Defensor Perpetuo do Brazil. Art. 117. Sua Descendencia legitima succederá no Throno, Segundo a ordem regular do primogenitura, e representação, preferindo sempre a linha anterior ás posteriores; na mesma linha, o gráo mais proximo ao mais remoto; no mesmo gráo, o sexo masculino ao feminino; no mesmo sexo, a pessoa mais velha á mais moça. Art. 118. Extinctas as linhas dos descendentes legitimos do Senhor D. Pedro I, ainda em vida do ultimo descendente, e durante o seu Imperio, escolherá a Assembléa Geral a nova Dynastia. Art. 119. Nenhum Estrangeiro poderá succeder na Corôa do Imperio do Brazil. Art. 99. A Pessoa do Imperador é inviolavel, e Sagrada: Elle não está sujeito a responsabilidade alguma. Art. 100. Os seus Titulos são "Imperador Constitucional, e Defensor Perpetuo do Brazil" e tem o Tratamento de Magestade Imperial. ARGUMENTOS FAVORÁVEIS À MONARQUIA 1. Sendo vitalício e hereditário, o monarca está acima das disputas políticas, podendo assim intervir com grande autoridade nos momentos de crise política. 2. O monarca é um fator de unidade do Estado, pois todas as correntes políticas têm nele um elemento superior, comum. 3. Sendo o ponto de encontro das correntes políticas, e estando à margem das disputas, o monarca assegura a estabilidade das instituições. 4. O monarca desde o nascimento, recebe uma educação especial, preparando-se para governar. Na monarquia não há, portanto, o risco de governantes despreparados. ARGUMENTOS CONTRÁRIOS À MONARQUIA 1. Se o monarca não governa é uma inutilidade dispendiosa, que sacrifica o povo sem qualquer proveito. 2. A unidade do Estado e a estabilidade das instituições não podem depender de um fator pessoal, mas devem repousar na ordem jurídica, que é um elemento objetivo e muito mais eficaz. 3. Se o monarca governa, será extremamente perigoso ligar o destino do povo e do Estado à sorte de um indivíduo e de sua família. Mesmo com a educação especial que se ministra ao herdeiro da coroa, não têm sido raros os exemplos de monarcas desprovidos das qualidades de liderança e de eficiência que se exigem de um governante. 4. A monarquia é antidemocrática, uma vez que não assegura ao povo o direito de escolher seu governante. E como o monarca é hereditário, vitalício e irresponsável dispõe de todos os elementos para sobrepor sua vontade a todas as demais. Não há a supremacia da vontade popular própria de governos democráticos. Historicamente, República é a forma de governo que se opôs às Monarquias Absolutistas para a instalação de um governo popular, portanto, democrático. Na República: Limita-se o poder dos governantes. Atribui-se responsabilidade política ao povo. Assegura-se liberdades individuais. Garante-se a laicidade do Estado. Obs.: Em Repúblicas ditatoriais nada disso acontece. A REPÚBLICA Etimologia Res Publica = coisa pública CARACTERÍSTICAS DA REPÚBLICA Temporariedade O Chefe do Governo recebe um mandato com o prazo predeterminado. Procura-se em lei evitar reeleições sucessivas. Efetividade O Chefe do Governo é eleito pelo povo, não se admitindo a sucessão hereditária. O povo não pode ser impedido de participar da escolha. Responsabilidade O Chefe do Governo é politicamente responsável, devendo prestar contas de sua condução política. Manifesto Republicano de 1870 Em um regime de compressão e de violência, conspirar seria o nosso direito. Mas, no regime das ficções e da corrupção em que vivemos, discutir é o nosso dever. As condições da luta política hão variado completamente decerto tempo a esta parte. Já não são mais os partidos regulares que pleiteiam, no terreno constitucional, as suas ideias e os seus sistemas.São todos os partidos que se sentem anulados, reduzidos àimpotência e expostos ao desdém da opinião pela influência permanente de um princípio corruptor e hostil à liberdade e ao progresso de nossa pátria. Manifesto Republicano de 1870 Neste país, que se presume constitucional, e onde só deveriam ter ação poderes delegados, responsáveis, acontece, por defeito do sistema, que só há um poder ativo, onímodo, onipotente, perpétuo, superior à lei e à opinião e esse é justamente o poder sagrado inviolável e irresponsável. O privilégio, em todas as suas relações com a sociedade – tal é, em síntese, a fórmula social e política do nosso país, privilégio de religião, privilégio de raça, privilégio de sabedoria, privilégio de posição, isto é, todas as distinções arbitrárias e odiosas que criam no seio da sociedade civil e política a monstruosa superioridade de um sobre todos ou de alguns sobre muitos. Manifesto Republicano de 1870 Por ato próprio, o fundador do Império e chefe da dinastia reinante se consagrou inviolável, sagrado e irresponsável. A infalibilidade do arbítrio pessoal substituiu assim a razão e a vontade coletiva do povo brasileiro.Que outras condições, em diverso regime, constituem o absolutismo? Quando não fossem bastantes estes atributos de supremacia, as faculdades de que se acha investido o soberano pela Carta outorgada em 1824 bastavam para invalidar as prerrogativas aparentes com que essa Carta simulou garantir as liberdades públicas. Manifesto Republicano de 1870 Ainda quando se presumisse a independência e a liberdade na escolha dos mandatários do povo, ainda quando ao lado do poder que impõe pela força não existisse o poder que corrompe pelo favoritismo, bastava a existência do Poder Moderador, com as faculdades que lhe dá a Carta, como veto secundado pela dissolução, para nulificar de fato o elemento democrático. Uma Câmara de Deputados, demissível à vontade do soberano, e um Senado vitalício, à escolha do soberano, não podem constituir de nenhum modo a legítima representação do país. Manifesto Republicano de 1870 A soberania nacional só pode existir, só pode ser reconhecida e praticada em uma nação cujo Parlamento, eleito pela participação de todos os cidadãos, tenha a suprema direção e pronuncie a última palavra nos públicos negócios. Desta verdade resulta que quando o povo cede uma parte de sua soberania, não constitui um senhor, mas um servidor, isto é um funcionário. Ora, a consequência é que o funcionário tem de ser revogável, móvel, eletivo, criando a fórmula complementar dos estados modernos – a mobilidade nas pessoas e a perpetuidade nas funções – contra a qual se levantam nos sistemas, como o que nos rege, os princípios da hereditariedade, da inviolabilidade, da irresponsabilidade. Manifesto Republicano de 1870 Somos da América e queremos ser americanos. A nossa forma de governo é, em sua essência e em sua prática, antinômica e hostil ao direito e aos interesses dos estados americanos. A permanência dessa forma tem de ser forçosamente, além da origem de opressão no interior, a fonte perpétua da hostilidade e das guerras com os povos que nos rodeiam. Perante a Europa passamos por ser uma democracia monárquica que não inspira simpatia nem provoca adesão. Perante a América passamos por ser uma democracia monarquizada, onde o instinto e a força do povo não podem preponderar ante o arbítrio e a onipotência do soberano. Em tais condições pode o Brasil considerar-se um país isolado, não só no seio da América, mas no seio do mundo. O nosso esforço dirige-se a suprimir este estado de coisas, pondo-nos em contato fraternal com todos os povos, e em solidariedade democrática com o continente de que fazemos parte.
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