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2011 Rodrigo Moreno Marques - Reprodução permitida, desde que citada a fonte. 1 CABEAMENTO ESTRUTURADO INFRA-ESTRUTURA E PROJETO DE REDES PARTE I Autor: Rodrigo Moreno Marques INTRODUÇÃO.................................................................................................................................3 UNIDADE I - REDE LOCAL DE COMPUTADORES E OUTROS CONCEITOS BÁSICOS .............6 1.1 – Redes de Computadores.......................................................................................................6 1.2 – Enlaces de Comunicação e Topologias físicas...................................................................7 1.3 – Rede Local de Computadores (LAN)....................................................................................8 1.4 – Componentes da LAN ...........................................................................................................9 1.5 – Futuro das LANs: o cabeamento estruturado será substituído pelas redes sem fio? ... 12 1.6 – Conceitos básicos em redes de computadores e telecomunicações.............................. 14 UNIDADE II - MATERIAIS EMPREGADOS EM CABEAMENTO ESTRUTURADO ...................... 21 2.1 – Cabos metálicos.................................................................................................................. 21 2.2 – Acessórios para cabeamento metálico.............................................................................. 23 2.3 – A classificação dos materiais metálicos em categorias e classes .................................. 25 2.4 – Fibras óticas e acessórios.................................................................................................. 29 2.5 – Cabo de par trançado versus fibra ótica: velocidade em redes IEEE 802.3 .................... 35 2.6 – Espelhos e caixas de sobrepor .......................................................................................... 36 2.7 – Racks.................................................................................................................................... 36 UNIDADE III – CONECTORIZAÇÃO DE CABOS E O SINAL ELÉTRICO IEEE 802.3 ................. 38 3.1 – Conexão transparente (pino-a-pino) .................................................................................. 38 3.2 – Sinalização em rede Ethernet/Fast Ethernet, conexão transparente vs cross-over ....... 39 3.3 – Codificação adotada na transmissão 100Mbps (100BaseTX)........................................... 41 3.4 – Conectorização de cabos de 25 pares ............................................................................... 42 3.5 – Sinalizações em redes Gigabit Ethernet e respectivas categorias de cabos.................. 43 3.6 – Codificações adotadas em 1Gbps (1000BaseT) e 10Gbps (10GbaseT)........................... 46 UNIDADE IV – TRANSMISSÃO ÓTICA......................................................................................... 47 4.1 – Espectro de frequências ..................................................................................................... 47 4.2 – Transmissão ótica em rede local (IEEE 802.3) .................................................................. 48 4.3 – Opções de meio para tecnologia Gigabit Ethernet ........................................................... 50 4.4 – Opções de meio para 10 Gigabit Ethernet......................................................................... 50 4.5 – Especificação de fabricantes de fibras.............................................................................. 51 4.6 – Fibras especiais que operam na banda E.......................................................................... 52 4.7 – Uma tabela prática............................................................................................................... 53 4.8 – Arquiteturas para longas distâncias .................................................................................. 53 4.9 – Fontes de luz em equipamentos óticos ............................................................................. 54 4.10 – Os diversos tipos de módulos óticos .............................................................................. 55 4.11 – Transmissão ótica em redes metropolitanas (MAN): WDM, DWDM, CWDM ................. 56 UNIDADE V – NOVAS FRONTEIRAS A SEREM ALCANÇADAS: 40Gbps e 100Gbps .............. 60 5.1 – Arquitetura em par metálico ............................................................................................... 60 5.2 – Arquitetura em fibras óticas ............................................................................................... 60 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .............................................................................................. 62 EDIÇÃO 2013 ATUALIZADA Cabeamento Estruturado Autor: Rodrigo Moreno Marques Infra-Estrutura e Projeto de Redes 2011 Rodrigo Moreno Marques - Reprodução permitida, desde que citada a fonte. 2 Cabeamento Estruturado Autor: Rodrigo Moreno Marques Infra-Estrutura e Projeto de Redes 2011 Rodrigo Moreno Marques - Reprodução permitida, desde que citada a fonte. 3 INTRODUÇÃO Com a tecnologia Ethernet (IEEE 8023.3), difundida a partir de meados dos anos 90, as então promissoras redes locais Token Ring foram rapidamente substituídas pela nova concorrente, bem mais rápida, confiável, robusta e com custos cada vez mais atraentes. Essa e outras modernas tecnologias exigiram mudanças nas técnicas de cabeamento existentes. Até então, o cabeamento em edifícios comerciais era constituído por vários tipos de cabos incompatíveis entre si, cada um deles adequado a uma aplicação específica como: transmissão de voz, dados, imagem, sistemas de automação e controle, sistemas de segurança, etc. Era necessário que o conceito e as tecnologias de cabeamento interno fossem redefinidos para adequação as novas e futuras aplicações. Para atender esta demanda, em 1991 os organismos Instituto de Padronização Nacional Americano (ANSI), Aliança de Indústrias de Eletrônicos (EIA) e Associação de Industrias de Telecomunicações (TIA) publicaram a norma ANSI/EIA/TIA 568, que trazia pela primeira vez o conceito de cabeamento estruturado e a especificação dos cabos de pares trançados categoria 3. Os boletins técnicos (TSB – Technical Systems Bulletin) que complementaram essa norma foram reunidos na norma EIA/TIA 568-A lançada em 1995, onde aparecia a descrição dos cabos categoria 4 e 5. A Organização Internacional para Padronização (ISO – International Orgazation for Standardization) também editou a sua versão sobre o tema em 1995 (ISO/IEC 11801). A norma NBR 14565 da ABNT - Associação Brasileira de Normas Técnicas), cuja primeira versão é de 2000, já nasceu desatualizada pois reconhecia no máximo os cabos categoria 5 enquanto o mercado já adotava os cabos categoria 5e (extended). Em 2001 os americanos aprovaram um adendo à sua norma que padronizava o cabeamento categoria 5e e eliminava a categoria 5. Em 2002 eles normatizaram o cabeamento categoria 6a (augmented), enquanto a ISO concebia a inovadora categoria 7. No ano de 2007 foi publicada a segunda edição da norma brasileira que deixou de ter a cara dos documentos americanos e passou a se basear nas normas da ISO, inclusive em relação à nova categoria 7. Essa norma brasileira trouxe a vantagem de reconhecer as categorias de cabos já adotadas internacionalmente. Porém, esse documento tem alguns pontos negativos. Em primeiro lugar, não trouxe um modelo de projeto como o que existia na versão anterior. Além disso, o documento se preocupa demais com complexas equações matemáticas (referentes aos limites dos vários testes de certificação de cabeamento) que poucointeressam para os profissionais de projeto e execução de infra-estruturas de redes. Não quero aqui menosprezar o estudo do teste e da certificação de cabling, muito antes pelo contrário. Conhecer profundamente esse assunto é fundamental, o que se mostra pouco útil é centrar a discussão em abstratas equações matemáticas. No final do ano de 2008 e início do ano de 2009 a ANSI/TIA publicou uma nova versão das suas normas para cabeamento que passaram a serem organizadas nos documentos 568-C.0, 568-C.1, 568-C.2, 568-C.3. Além de reorganizar as normas 568-B, que já contava com dezenas de adendos (TSB), uma nova nomenclatura foi estabelecida para os componentes do cabeamento e seus subsistemas. Hoje, enquanto as categorias 6 e 6a ganham cada vez mais o mercado, e quando a categoria 7 ainda não começou a ser adotada de fato, já está em estudo pelos órgãos normatizadores a futura categoria 7a. E as fibras óticas? Onde entram nesse embate que envolve fabricantes de cabos e equipamentos, projetistas, instaladores e usuários desses sistemas? São estes alguns dos temas que iremos discutir a partir de agora nos vários capítulos dessa apostila. Cabeamento Estruturado Autor: Rodrigo Moreno Marques Infra-Estrutura e Projeto de Redes 2011 Rodrigo Moreno Marques - Reprodução permitida, desde que citada a fonte. 4 Vamos lá. Mas antes vamos conhecer a definição de REDE INTERNA ESTRUTURADA de acordo com a norma da ABNT lançada em 2000: "Entende-se por rede interna estruturada aquela que é projetada de modo a prover uma infra-estrutura que permita evolução e flexibilidade para serviços de telecomunicações, sejam de voz, dados, imagem, sonorização, controle de iluminação, sensores de fumaça, controle de acesso, sistemas de segurança, controles ambientais (ar- condicionado e ventilação) e outros. Considerando-se a quantidade e a complexidade destes sistemas, é imprescindível a implementação de um sistema que satisfaça as necessidades iniciais e futuras em telecomunicações e que garanta a possibilidade de reconfiguração ou mudanças imediatas, sem a necessidade de obras civis adicionais". Essa definição da ABNT exprime os principais objetivos da implantação de um sistema de cabeamento estruturado, que podem ser resumidos em quatro princípios básicos: Garantir que o cabeamento atenda a critérios técnicos e de desempenho mínimos necessários; Convergir todos os serviços de telecomunicações internos, incluindo voz e vídeo, para um mesmo padrão de cabeamento capaz de suportar todos eles; Implantar um cabeamento dimensionado para suportar a evolução futura dos sistemas de telecomunicações, como, por exemplo, aumento de velocidade de transmissão de dados em redes locais. Evita-se assim, a troca do cabeamento existente cada vez que for adotado um novo padrão de rede para transmissão de dados, voz, imagem, etc; Evitar a necessidade de modificações no cabeamento em caso de mudança do lay-out dos escritórios e áreas de trabalho. De maneira similar, a nova edição da norma da ABNT de 2007 estabelece como sendo seu escopo "um cabeamento genérico para uso nas dependências de um único ou um conjunto de edifícios em um campus", cobrindo cabeamento metálico e ótico, sendo o cabeamento concebido para suporte de serviços de voz, dados, texto, imagem e vídeo. Essa norma não cobre os requisitos de proteção e segurança elétrica, proteção contra incêndio e compatibilidade eletromagnética. Objetivo dessa apostila Este trabalho tem por objetivo apresentar uma introdução a infraestrutura das redes locais de computadores, com ênfase nos meios físicos guiados (cabos e todos os seus variados acessórios), alguns conceitos básicos relativos aos sinais em redes, além de reunir de forma resumida os principais aspectos teóricos, normativos e práticos que envolvem o projeto e a implantação de cabeamento estruturado em ambientes corporativos. Não é intenção do autor que este texto substitua as normas originais. Cabeamento Estruturado Autor: Rodrigo Moreno Marques Infra-Estrutura e Projeto de Redes 2011 Rodrigo Moreno Marques - Reprodução permitida, desde que citada a fonte. 5 O autor Mestre em Ciência da Informação pelo PPGCI/UFMG, Especialista em Engenharia de Telecomunicações pela UFMG, o Engenheiro Eletricista Rodrigo Moreno Marques tem experiência profissional nas áreas de redes de computadores, telecomunicações e sistemas de informação. Trabalhou durante cinco anos com redes locais, equipamentos de conectividade, cabeamento estruturado e integração de sistemas. Atuou na empresa Telemar/Oi por seis anos no desenvolvimento de soluções para transmissão de dados, voz e imagens em redes MAN e WAN corporativas. Desde 2001 dedica-se a docência, em cursos de graduação e pós-graduação na área de tecnologia da informação, redes de computadores, telecomunicações e gestão de TI. Atualmente é professor da Universidade FUMEC, do Instituto de Educação Continuada da PUC Minas e de outras instituições de ensino superior. Cursa doutorado em Ciência da Informação na UFMG, onde desenvolve pesquisas voltadas para as políticas de informação e comunicação nacionais. Currículo lattes: http://lattes.cnpq.br/4390865555343440 Contatos: rodrigomorenomarques@yahoo.com.br Cabeamento Estruturado Autor: Rodrigo Moreno Marques Infra-Estrutura e Projeto de Redes 2011 Rodrigo Moreno Marques - Reprodução permitida, desde que citada a fonte. 6 UNIDADE I - REDE LOCAL DE COMPUTADORES E OUTROS CONCEITOS BÁSICOS 1.1 – Redes de Computadores Uma rede de computadores é composta por equipamentos processadores interligados entre si através de um sistema de comunicação de dados para, principalmente, permitir a troca de informações. Além de estações de trabalho (workstation) dos usuários, estas redes permitem que sejam interligados outros dispositivos compartilhados, de forma a permitir que os recursos disponíveis sejam melhor aproveitados. Alguns exemplos: Vários usuários de uma rede podem utilizar uma mesma impressora compartilhada, evitando- se que cada computador tenha uma impressora dedicada; Todos os usuários podem acessar um único servidor de banco de dados com back-up periódico, liberando as estações de armazenando local sem cópia de segurança, Todos os usuários podem originar e receber ligações telefônicas através dos microcomputadores da rede dotados de kit multimídia através de um computador "servidor de voz". Esta máquina irá acolher as chamadas internas e externas e distribuí-las aos destinatários, que poderão atende-las on line ou armazena-las eletronicamente. As redes de computadores são projetadas para fornecer uma transferência de dados ágil e rápida entre os equipamentos, além de permitir que os vários usuários acessem bancos de dados compartilhados, executando consultas e modificações nestas bases de dados de forma controlada. Dentre outras aplicações, as redes permitem também que sejam definidos nomes de usuários e senhas para que cada um deles tenha acesso limitado aos recursos disponíveis, podendo ler, criar e/ou modificar apenas aqueles dados ou programas bem definidos, de acordo com a função/cargo que cada um deles ocupa na corporação. As redes de computadores podem ser classificadas como LAN, MAN ou WAN. Pode-se caracterizar uma LAN (local area network) ou rede local como sendo uma rede que permite a interconexão de equipamentos de comunicação de dados numa pequena região. De fato, tal definição é bastante vaga principalmente no que diz respeito às distâncias envolvidas. Em geral, nos dias de hoje, costuma-se considerar “pequena região” distâncias entre 100m e 25 Km,muito embora as limitações associadas às técnicas utilizadas em redes locais não imponham limites a essas distâncias. Outras características típicas encontradas e comumente associadas a redes locais são: altas taxas de transmissão (10 Mbps, 100 Mbps, 1 Gbps ou 10 Gbps) e baixas taxas de erro (de 10-8 a 10-11). É importante notar que os termos “pequena região”, “altas taxas de transmissão” ou “baixas taxas de erro” são susceptíveis à evolução tecnológica; os valores que associamos a estes termos estão ligados à tecnologia atual e certamente não serão mais os mesmos dentro de poucos anos. Outra característica dessas redes é que elas são, em geral, de propriedade privada. As redes MAN (metropolitan area networks), ou redes metropolitanas, são aquelas cujos enlaces estão situados dentro dos limites de uma cidade. As redes WAN (wide area networks) são redes de grande abrangência e podem interligar computadores localizados em diferentes cidades ou entre países distintos. Em geral, tanto as MAN quanto as WAN empregam infra-estrutura alugada de empresas de telecomunicações para implementação de seus enlaces. Sobretudo por questões de custo dos enlaces alugados, em geral em MANs e WANs as taxas de transmissão contratadas são bem mais baixas do que aquelas das redes locais, sendo usual a oferta de links a partir de 64kbps e seus múltiplos (Nx64kbps até 2Mbps), 34Mbps, Nx155Mbps e, mais recentemente, estão sendo oferecidos pelo mercado de telecom enlaces privativos com 10Mbps, 100Mbps ou Gbps. Cabeamento Estruturado Autor: Rodrigo Moreno Marques Infra-Estrutura e Projeto de Redes 2011 Rodrigo Moreno Marques - Reprodução permitida, desde que citada a fonte. 7 1.2 – Enlaces de Comunicação e Topologias físicas As linhas de transmissão de dados ou canais de comunicação, também conhecidas como enlaces (ou links) de comunicação, podem ter duas classificações (configurações) físicas básicas: Ligação ponto-a-ponto: Caracteriza-se pela presença de apenas dois pontos de comunicação, um em cada extremidade do enlace. Figura: Dois links ponto-a-ponto Ligação multiponto: Caracteriza-se pela presença de três ou mais dispositivos de comunicação que podem utilizar o mesmo enlace. Figura: Um link multiponto Basicamente, a topologia física de uma rede representa a forma com que seus componentes (estações de trabalho, servidores, impressoras, etc.) estão conectados e caracteriza o caminho de comunicação entre os elementos da rede. A correta definição da topologia física a ser adotada é um dos aspectos mais importantes no projeto de uma LAN, afetando aspectos como performance (velocidade de transmissão de dados), custos, disponibilidade (tempos de interrupção para manutenção) e administração/gerência. Simplificadamente podemos dizer que as topologias físicas de rede mais empregadas em redes locais (LAN) são: anel, barramento e estrela. Topologia em anel: Na topologia em anel as estações se interligam através de um meio transmissão (ponto-a-ponto ou multiponto) formando uma caminho totalmente fechado. Topologia em barramento: Esta topologia apresenta sempre uma configuração multiponto, onde as estações se conectam ao mesmo meio de transmissão, que forma um caminho não fechado, com duas extremidades onde são instalados os terminadores de rede (ou casadores de impedância). Topologia em estrela: Na topologia em estrela cada estação de trabalho se conecta a um ponto de concentração da rede, que em geral é um equipamento (hub ou switch). Topologia em árvore: é composta por várias sub-redes em estrela ligadas a um ou mais equipamentos concentradores através de enlaces de maior taxa de transmissão. Esse tipo enlace que interconecta as sub-redes é conhecido como backbone ou “espinha dorsal da rede”. 1o Enlace ponto-a-ponto 2o Enlace ponto-a-ponto Enlace multiponto Cabeamento Estruturado Autor: Rodrigo Moreno Marques Infra-Estrutura e Projeto de Redes 2011 Rodrigo Moreno Marques - Reprodução permitida, desde que citada a fonte. 8 1.3 – Rede Local de Computadores (LAN) Atualmente as topologias mais empregadas em redes locais de computadores (LAN) são as topologias em estrela e em árvore. Os equipamentos concentradores são os switches. (a) Anel ponto-a-ponto (b) Anel multiponto (c) Rede em barramento (d) Rede em estrela (e) Rede em árvore (estrela estendida) Figura: Topologias Físicas Os primeiros sistemas de computação a possuírem acessos interativos de usuários a um grande computador central (mainframe) basearam-se na interface serial RS-232. Neste sistema todo processamento e armazenamento de dados é realizado pelo mainframe e os terminais de acesso são usados somente para entrada e saída de informações a serem processadas no mainframe. A evolução dos sistemas trouxe as redes locais Token Ring em anel e barramento (desenvolvidas pela IBM), cujas estações autônomas (com capacidade de processamento e armazenamento) conectam-se em geral através de cabo coaxial. Estas implementações apresentam a grande desvantagem de serem vulneráveis a desconexão acidental do cabo coaxial (o que interrompe o tráfego de dados em toda a rede), além de serem limitadas a uma velocidade máxima de 16 Mbps. A topologia em estrela elimina este risco, uma vez que a interrupção em um dos cabos de pares trançados irá afetar apenas a estação conectada através deste cabo. Na topologia em árvore, há o risco de rompimento de um backbone, o que pode isolar um grupo de estações dos servidores localizados em outro ambiente. Além disso, o equipamento concentrador empregado nas redes da família Ethernet (hub ou switch) pode estar sujeito a uma pane, o que poderá interromper o funcionamento de toda a rede. Cabeamento Estruturado Autor: Rodrigo Moreno Marques Infra-Estrutura e Projeto de Redes 2011 Rodrigo Moreno Marques - Reprodução permitida, desde que citada a fonte. 9 As primeiras redes Ethernet (10Mbps) adotavam o cabo coaxial, mas hoje esse tipo de cabo não é admitido pelas normas de cabeamento estruturado. Empregam-se fibras óticas e principalmente cabos de pares trançados, que podem ser revestidos de uma malha para blindagem eletromagnética ou sem blindagem, sendo este último o mais comum. Apesar de mais cara do que as suas antecessoras, a infra-estrutura em estrela ou árvore com cabos de pares trançados permitiu o aumento da banda disponível para transmissões, o que será discutido nas próximas unidades. Com a evolução dos switches da família Ethernet, a topologia em árvore começa a ganhar um novo recurso. Alguns equipamentos mais sofisticados permitem a implementação de links redundantes (em loop, ou seja, em anel), que servem de rotas alternativas caso o canal principal deixe de operar. É aqui que entram os protocolos Spanning Tree e Rapid Spanning Tree. É importante notar, porém, que em redes Ethernet que não possuam esse tipo de recurso, caso algum cabo seja ligado formando um caminho em anel, toda a rede local irá travar instantaneamente. Figura: Exemplos de topologias com rotas em anel (opcionais) e com redundâncias Fonte: Norma ABNT NBR 14565 (2007) Todas as questões relativas as topologias de redes apresentadas até aqui se referem ao conceito de topologia física, ou seja, a maneira como os elementos da rede estão fisicamente conectados, incluindo encaminhamento de cabos, conexão de equipamentos, etc. Outro conceito diferente deste é o da topologia lógica, relativo a forma como os dados trafegam na rede, independente de sua topologia física, isto é, independente dos tipos de cabos que interligam os equipamentose do desenho dos caminhos formados por estas conexões. Para entender melhor a diferença entre topologia física e topologia lógica podemos usar o exemplo de uma rede local Ethernet implementada com hubs: sua topologia física é do tipo estrela, mas sob o ponto de vista das aplicações (tráfego dos dados) seu funcionamento é do tipo barramento. 1.4 – Componentes da LAN A chamada infra-estrutura de uma rede local é composta basicamente por três tipos de componentes: Equipamentos (hardware) ativos; Equipamentos (hardware) passivos; Sistema operacional de rede (software de rede). Cabeamento Estruturado Autor: Rodrigo Moreno Marques Infra-Estrutura e Projeto de Redes 2011 Rodrigo Moreno Marques - Reprodução permitida, desde que citada a fonte. 10 1.4.1 - Equipamentos ativos Este tipo de hardware é composto por equipamentos que se conectam a rede (estações de trabalho, servidores, impressoras, etc.) ou servem para permitir a conexão das estações de trabalho à rede (hubs, switches, etc.). Os principais equipamentos ativos são: Estações de trabalho: são os microcomputadores conectados, usados pelos usuários para acessar a rede local. Servidores: são computadores dotados de maior capacidade de processamento, memória e espaço em disco que executam aplicações específicas como por exemplo: TIPO DE SERVIDOR APLICAÇÕES . Banco de dados Armazenamento de dados Servidor de administração Gerenciamento de usuários, senhas e direitos de acesso Servidor de impressão Gerenciamento de filas de impressão Servidor web Gerenciamento de acesso a Internet Servidor de e-mail Gerenciamento de correio eletrônico Equipamentos concentradores: são equipamentos (em geral hubs ou switches) que permitem a comunicação entre os computadores. Os hubs e switches são dispositivos concentradores, responsáveis por centralizar a distribuição dos quadros de dados em redes fisicamente ligadas em estrela ou árvore, sendo dotados de portas para conexão de cada computador. A função básica do hub é a de repetidor multiportas. Ele é responsável por replicar para todas as suas portas as informações recebidas em qualquer uma destas. Por exemplo, se uma máquina tenta enviar um quadro de dados para uma outra, todas as demais máquinas da rede recebem também esse quadro de dados, como ilustrado abaixo. Nota-se que o envio de um quadro ocupa todo o barramento do hub, impedindo outras transmissões simultâneas. Figura: Funcionamento básico do hub: REPETIDOR MULTIPORTAS O hub opera somente na camada 1 (camada física) do modelo OSI, ou seja, ele apenas produz sinais digitais que são injetados no meio físico. Esse tipo de equipamento é incapaz de interpretar os quadros de dados que está enviando ou recebendo e não consegue lidar com os endereços MAC das placas de redes dos computadores ligados a ele. Já os switches têm a função básica de chaveador (comutador) multiportas. Eles enviam os quadros de dados somente para a portas de destino corretamente endereçadas. Com isso, esse dispositivo consegue aumentar o desempenho da rede, já não ocupará todo o barramento da rede e mais de uma comunicação poderá ser estabelecida simultaneamente, desde que as comunicações não envolvam portas de origem ou destino que já estejam sendo usadas. Cabeamento Estruturado Autor: Rodrigo Moreno Marques Infra-Estrutura e Projeto de Redes 2011 Rodrigo Moreno Marques - Reprodução permitida, desde que citada a fonte. 11 Figura: Funcionamento básico do switch: CHAVEADOR MULTIPORTAS Os switches conseguem enviar quadros diretamente para as portas de destino porque eles são dispositivos que “aprendem” em quais portas está cada um dos endereços MAC das placas de rede das estações e servidores da LAN. Quando um switch recebe quadros de dados em suas portas, ele lê o campo de endereço MAC de origem dos quadros e registra esses endereços em uma tabela interna (memória RAM, volátil), associando cada um destes MAC a sua respectiva porta de entrada. Assim, quando o switch recebe um quadro para ser retransmitido, antes do envio, ele lê o endereço MAC de destino daquele pacote e consulta sua tabela para enviar o quadro somente para a porta devida. Isso permite que os switches tenham um desempenho bem superior se comparado com os hubs, fazendo com eles tenham dominado plenamente as redes locais atuais. Esse aprendizado de endereços MAC só é possível porque os switches trabalham na camada 2 (camada de enlace) do modelo OSI. Vale a pena destacar que qualquer switches também opera na camada 1, pois produz sinais que são injetados no meio físico. Os switches mais sofisticados (e mais caros!) podem ser de nível 3 (camada de rede) e, nesse caso, são capazes de operar com o protocolo IP e ganham recursos ainda mais interessantes, como, por exemplo, a divisão de subredes dentro da mesma rede local, através da configuração adequada do endereçamento IP e da máscara de subrede. Assim como ocorre com os hubs, os switches são classificados de acordo com a sua velocidade de operação (10 Mbps, 100 Mbps, 1 Gbps, 10 Gbps). Estes equipamentos são especificados de acordo com a quantidade de portas que eles possuem, a taxa de transmissão (em bps) de cada uma delas e suas respectivas interfaces e conectores, dentre outros parâmetros técnicos que irão definir seu desempenho, inclusive algum sistema operacional que esteja ali embarcado. Placas de rede: as placas de rede são instaladas em cada computador que será conectado à rede. As placas de rede são responsáveis pela troca de dados entre cada computador e o(s) equipamento(s) concentrador(es). As placas de rede não devem ser confundidas com as placas de fax/modem que se destinam a conexões entre micros (ou aparelhos de fax) através da Rede de Telefonia Fixa Comutada (RTFC), ou seja, através de conexões discadas via concessionárias de telefonia fixa. 1.4.2 - Dispositivos passivos Passivos são aqueles dispositivos que não são alimentados por energia elétrica. São os componentes do meio físico (cabos, conectores, tomadas, etc.) empregados para transporte de dados entre computadores e demais equipamentos ativos da rede. São também exemplos de dispositivos passivos: fibras óticas, painéis de conexão (patch panels), blocos de conexão, distribuidores óticos, racks (armários de telecomunicações), etc. Cabeamento Estruturado Autor: Rodrigo Moreno Marques Infra-Estrutura e Projeto de Redes 2011 Rodrigo Moreno Marques - Reprodução permitida, desde que citada a fonte. 12 1.4.3 - Sistema operacional de rede São os programas desenvolvidos em linguagem computacional que permitem o controle dos usuários da rede, as aplicações ou tarefas que cada um deles pode executar, como por exemplo: acesso/modificações em banco de dados, impressão de arquivos, correio eletrônico (e-mail), acesso a Internet, etc. As permissões de acesso são definidas por profissionais especiais, chamados de "administradores da rede", de acordo com o cargo ou função de cada usuário. Atualmente vemos que os sistemas operacionais da Microsoft estão perdendo espaço para o Linux. A evolução do mercado de tecnologia da informação (TI) mostra claramente que o domínio do Windows está se enfraquecendo cada vez mais e dando lugar às plataformas livres de código aberto. 1.5 – Futuro das LANs: o cabeamento estruturado será substituído pelas redes sem fio? Com a expansão cada vez maior das redes locais sem fio Wi-Fi (IEEE 802.11), das novas redes Wi-Max (IEEE 802.16), além da telefonia de 3a e 4a gerações, muito se tem questionado se as redes que empregam o meio físico aéreoirão substituir as redes baseadas nos meios físicos guiados (cabos). Existem três fortes motivos para crer que as redes sem fio não irão substituir todas as aplicações que são implementadas em cabos de pares metálicos ou cabos de fibras óticas, conforme explicamos a seguir. Velocidade das redes locais cabeadas e aéreas As primeiras redes Wi-Fi, IEEE 802.11b, prometiam uma velocidade de 11Mbps (velocidade nominal, teórica, que nunca é atingida), quando as enlaces da família IEEE 802.3 em cabos metálicos já atingiam 100Mbps por um preço relativamente baixo. Os padrões Wi-Fi evoluíram para as arquiteturas IEEE 802.11a e 802.11g, prometendo uma taxa de 54Mbps, que na prática também nunca é atingida por diversas limitações técnicas dessa arquitetura. Atualmente, o padrão IEEE 802.11n emprega o recurso MIMO (multiple-input multiple-output) e explorar de maneira inteligente o fenômeno dos multicaminhos, prometendo taxas nominais de 300Mbps (ou mais, de acordo com alguns fabricantes). Já o padrão Wi-Max IEEE 802.16 (concebido para redes metropolitanas) estabelece um suporte a canais de até dezenas de Mbps. Nota-se que a evolução das redes wireless está trazendo um aumento nas suas taxas de transmissão, mas estas velocidades ainda estão bem distantes nas taxas 1Gbps e 10Gbps que podem ser implantadas em cabos de pares trançados ou fibras óticas por um preço relativamente baixo. Em 2010 começaram a ser homologados os padrões para transmissão 40Gbps e 100bbps nos meios cabeados, o que aumenta ainda mais as vantagens dos cabos sobre as redes wiereless. Por esse motivo é fácil supor que as redes cabeadas ainda dominarão os cenários onde as aplicações exigem alto desempenho, como por exemplo em backbones, conexões de servidores e dispositivos de storage (armazenamento). Segurança nas redes locais cabeadas e aéreas Não existe rede que seja 100% segura e qualquer tipo de rede está sujeita a ataques, invasões e sabotagens. Tudo que se faz na área de segurança de redes, incluindo a adoção de firewalls ou sistemas de detecção de intrusos (IDS – Intruder Detection System), se destina a diminuir o risco de dados, mas sem a pretensão de ser totalmente eficaz. Cabeamento Estruturado Autor: Rodrigo Moreno Marques Infra-Estrutura e Projeto de Redes 2011 Rodrigo Moreno Marques - Reprodução permitida, desde que citada a fonte. 13 Em uma rede baseada em cabos, invasões podem se dar através de algum hacker “presencial” que tem acesso a uma das portas de um switch da LAN ou através de algum hacker “remoto” que acessa a rede local através da Internet. Por outro lado, as redes sem fio trazem uma vulnerabilidade a mais: o hacker pode captar o sinal aéreo da rede e invadi-la sem que seja preciso se conectar fisicamente a um switch dessa LAN. E isso aumenta muito a insegurança dos sistemas wireless. Os defensores das redes sem fio alegam que é possível estabelecer uma política se segurança boa, através de ferramentas de gerenciamento de usuários e senhas, filtros de MAC, criptografias, autenticações, servidores do tipo RADIUS, alocação dinâmica de endereçamento IP, protocolos como WPA2-Enterprise, WEP dinâmico com 802.1X+EAP, dentro outras. Porém, não é difícil concluir que todas essas medidas são fundamentais quando se adota um meio físico aberto como o meio aéreo, por ser ele muito mais vulnerável do que os cabos que conseguem limitar a propagação dos sinais por caminhos fechados. O risco de interferências das redes aéreas Enlaces óticos baseados em fibra ótica não sofrem interferências de sinais, o que é uma grande vantagem desse meio físico. Os cabos UTP podem sofrer interferências eletromagnéticas dos sinais elétricos internos nos cabos ou de sinais externos. Para combater esse risco as normas estabelecem cabos com proteções (blindagens) e outros detalhes construtivos que evitam ou minimizam esse problema. Também é possível reduzir esse inconveniente através da adequada separação física dos cabos de dados das possíveis fontes de interferência eletromagnética. Porém, no cenário das redes sem fio a interferência é um problema freqüente e de solução muitas vezes complexa ou inviável. Isso se deve ao fato que a grande maioria das redes Wi-Fi empregam faixas de frequências liberadas para uso sem necessidade de licenciamento junto a Anatel (2,4GHz e 5,8GHz). Essa liberdade de uso faz com que redes W-Fi vizinhas concorram entre si no uso do espectro de frequências e eventualmente disputem a mesma faixa. Torna ainda mais complicado o problema a existência de outros dispositivos que também usam as frequências livres, como os telefones fixos sem fio e alguns aparelhos de controle remoto especiais. As interferências entre os canais de comunicação dos controladores de vôo e as estações de rádio demonstram a complexidade desse fato, assim como a briga pelo uso do espectro estabelecida entre as empresas de radiodifusão e as operadoras de telefonia celular. Concluindo Podemos concluir, portanto, que a expansão da tecnologia sem fio se dará em redes onde não há grande preocupação com sua segurança, onde não é necessária alta velocidade de transmissão digital e onde não há interferências entre sistemas adjacentes. Nos sistemas críticos, com informações confidenciais, restritas ou estratégicas e nos locais onde existe o risco de interferência, os cabos metálicos e óticos ainda reinarão por bastante tempo com certeza. Cabeamento Estruturado Autor: Rodrigo Moreno Marques Infra-Estrutura e Projeto de Redes 2011 Rodrigo Moreno Marques - Reprodução permitida, desde que citada a fonte. 14 1.6 – Conceitos básicos em redes de computadores e telecomunicações Sinal analógico: É o sinal que têm variação contínua ao longo do tempo Exemplos: voz humana, música de LPs, fita K7 ou VHS, filme fotográfico, todos os filmes que passam nas grandes salas de cinema, sinais em automação industrial: variações de temperatura e pressão, sinal de TV aberta, rádio FM e todas as propagações de sinais no ar (transmissão dos sistemas wireless, ou sem fio) Figura: sinal analógico periódico senoidal Figura: sinal analógico não periódico Sinal digital: É o sinal que tem variação não contínua (discreta), ou seja, em níveis fixos pré- estabelecidos. Exemplos: música digital (CD, WAV, MP3), DVD, fotografia digital, filmes digitais, arquivos texto, banco de dados, comunicação entre computadores nas redes locais Figura: sinal digital binário Figura: sinal digital não binário Período, Amplitude, Frequência, Fase e um sinal Os dois gráficos abaixo ilustram os conceitos de período (T, tempo) e amplitude (neste exemplo em Volts) em uma onda senoidal e em uma onda retangular. Período é uma medida de tempo e sua unidade é o segundo. Figura: Amplitude e frequência em uma onda senoidal e em uma onda retangular Fonte: Stallings (2005) Cabeamento Estruturado Autor: Rodrigo Moreno Marques Infra-Estrutura e Projeto de Redes 2011 Rodrigo Moreno Marques - Reprodução permitida, desde que citada a fonte. 15 Frequência é uma unidade que mede quantos ciclos por segundo um sinal periódico varia ao longo de um tempo. A unidade que se adota é o Hertz (Hz). Um Hertz equivale a um ciclo por segundo. Matematicamente temos uma relação entre período (T, tempo) e frequência (f) dada pela fórmula: onde: f = frequência (Hz) T = período (segundos) O gráfico (b) abaixo mostra a variação de amplitude de um sinal em relação ao sinal do gráfico (a). O gráfico (c) ilustra a variação de frequência de um sinal em relação ao primeiro sinal (a). O gráfico (d) ilustra a variaçãoda fase de um sinal em relação ao sinal original (a). Figura: variação de amplitude (b), frequência (c) e fase (d) em relação a onda senoidal original (a) Fonte: Stallings (2005) Bit, byte, bps e seus múltiplos A matemática e a lógica binária dos equipamentos digitais empregam apenas dois tipos de sinais: ZERO (nível baixo) e UM (nível alto). Eletronicamente, o ZERO (nível baixo) pode ser representado pela inexistência de voltagem (zero volt) e o UM (nível alto) pode ser representado uma voltagem definida (5 volts, por exemplo). Dessa maneira, toda informação digital é composta por bits ‘0’ e ‘1’. Oito bits agrupados formam um conjunto que chamamos de byte. No caso da medida de tamanho de arquivo ou espaço para armazenamento em unidades de armazenamento (disco, fitas, memórias, etc) usamos as seguintes unidades: 0 1 1 0 1 0 0 1 Volts tempo Sinal digital: Representação binária do sinal digital acima: 8 bits formam 1 BYTE Medida do tamanho de um arquivo ou espaço para armazenamento Unidade usada em byte (B), kbyte (kB), Megabyte (MB), Gigabyte (GB), etc. T f 1 Cabeamento Estruturado Autor: Rodrigo Moreno Marques Infra-Estrutura e Projeto de Redes 2011 Rodrigo Moreno Marques - Reprodução permitida, desde que citada a fonte. 16 Os múltiplos usados neste caso, por se tratar de sistema binário, se baseiam em potência de 2 (210, 220, 320, etc) e não na potência de 10 do sistema decimal que estamos acostumados a usar no nosso dia a dia (101, 102, 103, etc). Portanto, os múltiplos usados para TAMANHO DE ARQUIVO são: kbyte = kbyte = 210 bytes = 1.024 bytes megabyte = Mbyte = 220 bytes = 1.048.576 bytes gigabyte = Gbyte = 230 bytes = 1.073.741.824 bytes Exemplos: 1,44 kbytes = 1,44 x 1.024 bytes = 1.474,6 bytes 700 MBytes = 700 x 1.048.576 bytes = 734.003.200 bytes 80 Gbytes = 80 x 1.073.741.824 bytes = 85.899.345.920 bytes No caso da medida de velocidade de transmissão de bits nas redes de computadores e nos sistemas de telecomunicações digitais adotamos outras unidades que são: Neste caso os múltiplos são os tradicionais múltiplos de 10 do sistema decimal (101, 102, 103, ... ). Portanto, os múltiplos usados em VELOCIDADE (bps) são: Quilobits por segundo = kbps = 1.000 bps = 103 bps Megabits por segundo = Mbps = 1.000.000 bps = 106 bps Gigabits por segundo = Gbps = 1.000.000.000 bps = 109 bps Exemplos: 64kbps = 64 x 1.000 bps = 64.000 bps 100Mbps = 100 x 1.000.000 bps = 100.000.000 bps 1 Gbps = 1 x 1.000.000.000 bps = 1.000.000.000 bps Portanto, sempre que quisermos representar velocidade de transmissão digital, devemos usar as unidades listadas acima. São exemplos dessa aplicação: - Especificação de velocidade de portas em switches da família Ethernet (100Mbps, 1Gbps, etc.) - Especificação de velocidade em planos e contratos de acesso à Internet (1Mbps, 2Mbps, etc.) As únicas exceções a essa regra são as velocidades de navegação na Internet informadas por alguns medidores on-line. Nesses casos, é possível encontrar: bits por segundo ou bytes por segundo. Atenção e cuidado!!! A NATUREZA DO SINAL DIGITAL Os sinais digitais são formados por um somatório de ondas senoidais de frequências distintas. A figura abaixo ilustra o somatório do sinal (a) de frequência f com o sinal (b) de frequência 3f, o que dá origem ao sinal (c), que já pode ser considerado eletronicamente como uma boa aproximação de um sinal digital binário. Destes gráficos podemos extrair dois conceitos importantes que serão explicados na seção seguinte: Velocidade de transmissão de sinais digitais, ou seja, taxa de transmissão digital Bits por segundo (bps), kbps, Mbps, Gbps Unidade usada em Cabeamento Estruturado Autor: Rodrigo Moreno Marques Infra-Estrutura e Projeto de Redes 2011 Rodrigo Moreno Marques - Reprodução permitida, desde que citada a fonte. 17 Figura: a soma das senóides (a) e (b) produz a senóide (c), que já é uma boa aproximação de uma onda retangular. Fonte: Stallings (2005) Quando adicionamos componentes de frequência maior ao somatório, a onda digital se aproxima cada vez mais de uma onda digital ideal quadrada. A figura (a) abaixo ilustra um somatório onde foi incluída a componente senoidal com frequência 5f e a na figura (b) vemos a inclusão do componente com frequência igual a 7f. A figura (c) ilustra o caso ideal, apenas teórico, onde estão presentes infinitos componentes de frequência, o que torna a onda perfeitamente quadrada. Figura:a soma de harmônicos de frequências maiores produz uma onda cada vez mais próxima da onda ideal retangular. Fonte: Stallings (2005) Cabeamento Estruturado Autor: Rodrigo Moreno Marques Infra-Estrutura e Projeto de Redes 2011 Rodrigo Moreno Marques - Reprodução permitida, desde que citada a fonte. 18 BANDA PASSANTE E LARGURA DE BANDA Banda Passante representa o intervalo de frequências (frequência inicial até a frequência final) de um sinal. A banda passante de um sinal também é conhecida como faixa de frequências ou espectro de frequências do sinal. Unidade de medida adotada: Hertz (Hz). Largura de Banda, que também tem o Hertz (Hz) como unidade de medida, representa o tamanho do intervalo de frequências do sinal, que é calculado através da fórmula matemática: L (Hz) = frequência final – frequência inicial Conhecer estes dois parâmetros, medidos em Hertz (Hz), é de fundamental importância, tendo em vista que os sinais são formados por um somatório de ondas de frequências distintas e estas devem estar contidas no intervalo definido pela banda passante do meio de transmissão a ser empregado. O gráfico abaixo ilustra esses dois conceitos. Figura: Curva típica de ganho de um meio de transmissão A partir da figura acima podemos afirmar que: Banda Passante: de fi a ff Largura de Banda: L = ff – fi Exemplo: para o sinal de voz humana Banda passante do sinal = de 300Hz a 3.400Hz Largura de banda do sinal = 3.400 – 300Hz = 3.100Hz Os parâmetros largura de banda e banda passante também são aplicados quando tratamos dos meios físicos de transmissão (cabos metálicos, fibras óticas ou meio aéreo). Simplificadamente, podemos dizer que cada meio físico de transmissão tem sua banda passante e sua uma largura de banda. Cabos metálicos são adequados para transmissão de sinais de baixa frequência e têm largura de banda estreita, enquanto as fibras óticas são mais adequadas para sinais com frequências maiores e têm largura de banda maior. Quanto maior a largura de banda (Hz) de um meio físico, maior será a seu suporte a taxas de transmissão digitais (bps) elevadas. 1.0 Ganho Frequência L ff fi Cabeamento Estruturado Autor: Rodrigo Moreno Marques Infra-Estrutura e Projeto de Redes 2011 Rodrigo Moreno Marques - Reprodução permitida, desde que citada a fonte. 19 ESPECTRO ELETROMAGNÉTICO DE FREQUÊNCIAS A figura abaixo mostra as faixas de frequências e larguras de banda dos diversos tipos de sinais e meios físicos empregados nos sistemas de telecomunicações. Figura: Espectro eletromagnético de frequências. Fonte: Stallings (2005) Exemplo 1: NOS MEIOS AÉREOS ROTEADOR WIRELESS COM INTERFACE ADSL, FABRICANTE: D-LINK, MODELO: DI-624S O fabricante D-linkdesenvolveu o roteador wireless DI-624S (servidor de acesso à Internet sem fio) que possibilita o compartilhamento de uma conexão à Internet ADSL com várias estações através do meio aéreo Wi-Fi, situadas até 100metros em ambiente interno ou 400 metros em ambiente externo. O equipamento funciona na faixa não licenciada conhecida popularmente como 2.4GHz. Nota-se nas especificações abaixo que o equipamento pode operar em frequências definidas pelo padrão americano ou pelo padrão europeu. No primeiro caso pode-se ter até 11 canais de comunicação e no segundo caso existirão 13 canais. Servidor de Acesso a Internet sem fio Modelo: DI-624S Fabricante: D-Link Especificações: Faixa de Frequências: Padrão americano: 2,412 a 2,462 GHz Padrão europeu : 2,412 a 2,472 GHz Largura de Banda total: Padrão americano: (2,462 – 2,412) GHz = 0,050 GHz Padrão europeu : (2,472 – 2,412) GHz = 0,060 GHz Velocidade de transmissão digital 54Mbps Cabeamento Estruturado Autor: Rodrigo Moreno Marques Infra-Estrutura e Projeto de Redes 2011 Rodrigo Moreno Marques - Reprodução permitida, desde que citada a fonte. 20 A figura, do fabricante CISCO, representa a largura de banda de um equipamento Wi-Fi que opera na faixa de 2,402 a 2,482GHz. Nesse caso a largura de banda total é: 2,483GHz - 2,402 GHz = 0,081GHz = 81MHz O fabricante informa que existem 14 canais disponíveis, mas, como cada canal ocupa uma largura de banda de 22MHz, só existem 3 canais sem sobreposição. A troca de canal visa buscar uma faixa que não esteja em uso, para evitar interferências. Essa troca pode ser manual ou automática, dependendo do fabricante. Figura: faixa total e faixa por canal em um equipamento Wi-Fi do fabricante CISCO Exemplo 2: NOS MEIOS METÁLICOS DE REDE EXTERNA O gráfico abaixo ilustra as faixas de passagem e larguras de bandas nos canais de voz e dados da tecnologia ADSL, empregada por exemplo no produto Velox: Figura: modulação do sinal elétrico em um modem ADSL. Fonte: Stallings (2005) Podemos notar no gráfico acima as diferentes faixas de frequências e larguras de banda do canal de voz (POTS), do canal de upload (upstream) e do canal de download (downstream). Essa tecnologia permite velocidade de transmissão de dados assimétrica de até 8Mbps para download e 512Kbps para upload. Tudo isso dentre de uma faixa de frequências que vai até 1.000KHz, ou seja, até apenas 1MHz. Exemplo 3: NOS CABOS METÁLICOS EMPREGADOS EM CABEAMENTO ESTRUTURADO A seção 2.3 da Unidade II a seguir descreve os cabos metálicos adotados em cabeamento estruturado. É importante conhecer as diversas categorias usadas para classificar esses cabos, suas respectivas larguras de banda em MHz e suas aplicações. Cabeamento Estruturado Autor: Rodrigo Moreno Marques Infra-Estrutura e Projeto de Redes 2011 Rodrigo Moreno Marques - Reprodução permitida, desde que citada a fonte. 21 UNIDADE II - MATERIAIS EMPREGADOS EM CABEAMENTO ESTRUTURADO 2.1 – Cabos metálicos Cabo coaxial As últimas versões das normas internacionais para cabeamento estruturado e a norma brasileira da ABNT não recomendam o emprego dos cabos coaxiais em redes locais. Cada vez torna-se mais escassa a existência deste cabo em LANs, mesmo nas mais antigas. O cabo coaxial possui em um fio central para transmissão de sinais e uma blindagem que envolve este fio sem toca-lo. A blindagem, se devidamente aterrada, fornece proteção deste contra interferências eletromagnéticas, além de servir como referência elétrica para os sinais. Figura: Cabo coaxial Apesar de são serem mais admitidos pelas atuais normas de cabeamento estruturado, esse tipo de cabo ainda encontra aplicações fora desse escopo: Descidas de antenas (seja para rede de dados, voz ou imagem) Redes externas de TV a cabo Equipamentos de áudio Cabo de pares trançados não blindados: UTP (unshilded twisted pair) Os cabos UTP são compostos de pares de fios trançados não blindados de 100 Ohms. Em geral, podem ter 4, 25 ou 50 pares, de acordo com sua aplicação, conforme será apresentado a frente. Por não serem protegidos contra intempéries (sol, água, etc.), não podem ser empregados em redes externas. Além disso, caso instalados em ambiente externo, os cabos metálicos poderiam propagar correntes elétricos induzidas por descargas atmosféricas. À medida que os cabos UTP e seus acessórios foram evoluindo, eles foram sendo classificados em categorias conforme suas características e performance, o que será discutido adiante. Figura: Cabo UTP (4 pares), categoria 5e. Figura: Cabo UTP (4 pares), categoria 6. Cabeamento Estruturado Autor: Rodrigo Moreno Marques Infra-Estrutura e Projeto de Redes 2011 Rodrigo Moreno Marques - Reprodução permitida, desde que citada a fonte. 22 Cabos pares trançados blindados: F/UTP (Foiled/Unshilded Twisted Pair) e S/FTP (Screened/Foiled Twisted Pair) Os cabos classificados como blindados são revestidos por uma lâmina e/ou malha metálica que os protegem contra interferências eletromagnéticas externas. Os cabos blindados são recomendados para locais onde existe risco de que campos eletromagnéticos perturbem o sinal da rede introduzindo erros nas transmissões. Esse tipo de cabo deve ser empregado principalmente em locais críticos, como aeroportos ou hospitais, onde uma interferência de sinal pode gerar grandes transtornos ou mesmo o risco de morte. O emprego de cabos blindados exige que todos os demais acessórios (conectores, tomadas, etc.) sejam também blindados, o que irá garantir a efetiva proteção dos sinais contra interferências e ruídos externos. Por não serem protegidos contra intempéries (sol, água, etc.), não podem ser empregados em enlaces externos. Dentre as fontes externas de interferência eletromagnética que afetam as redes locais podemos citar: motores em geral, reatores de lâmpadas fluorescentes, circuitos de energia elétrica de alta ou baixa tensão (127/220 volts), descargas elétricas nas proximidades dos cabos, etc. Vale a pena destacar que o que produz o campo eletromagnético interferente é sempre uma variação de corrente. Portanto, uma corrente contínua (DC - direct current) com as de pilhas ou baterias não irá gerar campos eletromagnéticos. A norma EIA/TIA 568-A de 1995 adotou a sigla STP (Shilded Twisted Pair) para designar o cabo blindado criado pela IBM, que possuía dois pares trançados blindados individualmente mais uma blindagem geral (cabo twinaxial). Esse tipo de cabo deixou de ser reconhecido pelas normas mais recentes, pois era muito volumoso e tinha apenas dois pares. A antiga norma da ABNT, NBR 14565 (2000), também adotava a sigla STP para designar o cabo blindado, mas não entrava no detalhe construtivo dessa blindagem. As normas atuais empregam uma nomenclatura que foi bem adotada pelo mercado: chama-se de F/UTP (Foiled/Unshilded Twisted Pair) o cabo de quatro pares blindado por meio de uma lâmina de alumínio que envolve o conjunto dos pares de fios. Estes cabos foram chamados, durante muito tempo, de FTP, porém esta sigla esta que não é mais adotada pelos fabricantes de cabos. Os novos cabos categoria 7, reconhecidos pelas normas ISO e ABNT, adotam uma estrutura de blindagem mais complexa e foram chamados de S/FTP (Screened/Foil Twisted Pair), que possui uma blindagem laminada individual para cada um dos seus 4 pares de fios, além de uma blindagem em malha que envolve todo o conjunto de fios, o que exige novos tipos de conectores macho e fêmea, incompatíveis com o consagrado padrão RJ-45. Muitosprofissionais duvidam que esse novo sistema vai realmente “colar”, acreditando que as fibras óticas irão ser uma opção melhor em relação ao sistema categoria 7. O futuro dirá qual a solução vai ganhar essa briga. Fig: Cabo F/UTP (4 pares) categoria 5 Fig: o novo cabo S/FTP categoria 7 Figura: o novo e complexo conector dos cabos S/FTP Cabeamento Estruturado Autor: Rodrigo Moreno Marques Infra-Estrutura e Projeto de Redes 2011 Rodrigo Moreno Marques - Reprodução permitida, desde que citada a fonte. 23 Cabos sólidos versus cabos flexíveis Os cabos de pares trançados blindados e não blindados podem ser sólidos ou flexíveis. Os cabos sólidos são adequados para as terminações IDC (Insulation Displacement Connection) das tomadas fêmeas ou blocos de conexão. Os cabos flexíveis são adequados para conectorização com o conector RJ-45 macho, ou seja, devem ser empregados nos patch cords. Figura: cabo sólido (esquerda) e cabo flexível (direita) 2.2 – Acessórios para cabeamento metálico Conectores Os cabos coaxiais (já excluídos das normas de cabeamento estruturado) empregam como terminação mecânica principalmente os conectores BNC. Os cabos par trançado empregam os conectores modulares de 8 vias (comercialmente conhecidos como conectores RJ-45). No caso de cabos blindados (F/UTP) emprega-se conectores RJ-45 com blindagem. Figura: Conectores BNC Figura: Conector RJ-45 Figura: Conector RJ-45 blindado Tomadas (outlets) As tomadas modulares de 8 vias (comercialmente conhecidas como tomadas RJ-45) são empregadas na terminação de cabos par trançado e podem ser blindadas (para cabos F/UTP) ou não blindadas (para cabos UTP). Os pares UTP são conectados nas tomadas através de contatos do tipo IDC, que dispensam o trabalho de descasca-los. As tomadas devem atender os critérios para transmissão (categoria) para o qual a rede está dimensionada. (a) (b) (c) (d) Figura: Tomadas modulares de oito vias (tomadas RJ-45) (a) Blindada – Fab.: Panduit, (b) Não blindada – Fab.: Panduit, (c) Não blindada – Fab.: Fibracem, (d) Não blindada – Fab.: Reichle & De-Massari Cabeamento Estruturado Autor: Rodrigo Moreno Marques Infra-Estrutura e Projeto de Redes 2011 Rodrigo Moreno Marques - Reprodução permitida, desde que citada a fonte. 24 Painéis de conexão (patch panels) Os painéis de conexão são empregados para terminação dos cabos em pontos de concentração do cabeamento. São construídos no padrão 19" de largura para permitir instalação em racks de comunicação de dados. Trata-se de uma peça dotada de tomadas modulares de oito vias (tomadas RJ-45) com contados IDC. A Figura abaixo ilustra um patch panel de 48 portas RJ-45. Comercialmente encontram-se principalmente painéis com 24 e 48 portas. Cada conjunto de 24 portas ocupa no rack 4,4 cm de altura, o que foi definido pelos fabricantes de armários como sendo 01 (uma) unidade de altura. São utilizados com cabos telefônicos (cabos CI) ou cabos par trançado. As tomadas dos painéis devem atender os critérios para transmissão (categoria) para o qual a rede está dimensionada. Figura: um patch panels de 24 portas RJ-45 e outro de 48 portas – Fabricante: Panduit Figura: componentes básicos de um link Blocos de conexão Os blocos de conexão permitem a conexão dos cabos primários (backbone) com os cabos secundários (cabeamento horizontal) e podem ser empregados na concentração, consolidação ou transição de cabos, conforme será definido quando estivermos apresentando as normas de cabeamento estruturado. Empregam o sistema IDC para conectorização de cabos. São utilizados com cabos telefônicos (cabos CI) ou cabos par trançado e apresentam maior economia se comparados com o uso de patch panels. Comercialmente são encontrados blocos de conexão para 8, 10, 25, 50, 100, 200, 300, e 900 pares. Os blocos de conexão são conhecidos como blocos 110 e estão disponíveis em geral em módulos de 50, 100, 200, 300 e 900 pares e empregam o conector 110 com contatos IDC. Os blocos de conexão e sobretudo seus acessórios (conectores e cordões de manobra) devem atender os critérios para transmissão (categoria) para o qual a rede está dimensionada. Podem ser fixados em racks, painéis de madeira ou diretamente na parede. Cabeamento Estruturado Autor: Rodrigo Moreno Marques Infra-Estrutura e Projeto de Redes 2011 Rodrigo Moreno Marques - Reprodução permitida, desde que citada a fonte. 25 (a) (b) Figura: Sistema 110 (a) Bloco de conexão 110 de 100 pares, (b) Conector 110 tipo IDC ( 5 e 4 pares) Cordões de conexão (patch cords) Os patch cords são cabos par trançado conectorizados em ambas as extremidades e podem ter conectores RJ-45 (para tomada ou patch panel) ou 110 (para bloco 110). São usados para fazer as conexões entre: Os painéis de conexão e os equipamentos ativos dentro dos racks As tomadas nas áreas de trabalho e os computadores Os blocos de conexão, entre as redes primárias e secundárias. Os cordões de conexão, além de serem flexíveis, devem atender os critérios para transmissão (categoria) para o qual a rede está dimensionada. Admite-se a confecção manual de patch cords, com alicate de crimpar conectores RJ-45, somente para cabeamentos de categoria 5 ou 5e. Os patch cords categoria 6 devem ser comprados prontos de fábrica para evitar o risco de perdas elevadas que iriam interferir nas transmissões de dados, sobretudo em taxas de transmissão mais elevadas. Figura: Cordão de conexão (patch cord) com conectores RJ-45 2.3 – A classificação dos materiais metálicos em categorias e classes Categoria 1 e 2 – Essas antigas categorias não são mais aceitas pelas normas atualmente. Foram usadas em redes telefônicas e nas primeiras redes locais de computadores como a Arcnet (2,5Mbps) e a Token Ring (4Mbps). Categoria 3 - Utiliza cabos com pares de fios trançados sólidos de bitola 24 AWG. Estes cabos são utilizados para transmissão de sinais até 16 MHz. Essa categoria foi concebida originalmente para transmissão em até 10Mbps (Ethernet). Ainda hoje é aceita pelas normas, mas somente nas redes que são para uso exclusivo de telefonia convencional, nunca para redes de dados, imagem ou vídeo. Categoria 4 - Essa categoria, que não é mais aceita pelas normas, utilizava cabos com pares de fios trançados sólidos de bitola 22 ou 24 AWG e suportava transmissão até uma largura de banda de 20 MHz. Essa categoria era compatível com a rede Ethernet original (10Mbps) e com a segunda geração Token Ring (16Mbps), ambas já superadas atualmente. Categoria 5 - Também eliminada das normas atuais, essa categoria utilizava cabos com pares de fios trançados sem blindagem de bitola 22 ou 24 AWG e suportava transmissão até uma largura de banda de 100 MHz. A categoria 5 foi originalmente concebida para aplicações em Fast Ethernet 100BaseTX (100Mbps), mas o padrão Gigabit Ethernet (1000BaseT), desenvolvido posteriormente, foi projetado com suporte ao cabeamento com esta categoria. Cabeamento Estruturado Autor: Rodrigo Moreno Marques Infra-Estrutura e Projeto de Redes 2011 Rodrigo Moreno Marques - Reprodução permitida, desde que citada a fonte. 26 Categoria 5e (Enhanced) – Utiliza cabos com pares de fios trançados sem blindagem de bitola 22 ou 24 AWG. Admite transmissões até uma largura de banda de 100MHz, mas com parâmetros de performance e especificações de desempenho mais rigorosas. Apesar do padrão Gigabit Ethernet (1000BaseT)ter sido desenvolvido para os cabos categoria 5, a adoção da categoria 5e representa um risco menor de erros se comparada com a 5. Segundo as normas atuais, a categoria 5e é o padrão mínimo para transmissão de dados em redes de computadores e nenhuma LAN deve ser projetada ou executada com cabos que tenham categoria inferior a essa. Categoria 6 – Esta especificação norte-americana foi aprovada em Junho de 2002 com o código ANSI/TIA/EIA 568-B.2-1-2002. São especificações ainda mais rigorosas em relação a performance para uma largura de banda que vai até 250MHz. Em geral, o cabo categoria 6 possui um elemento interno para separação dos pares e por isso o diâmetro externo do cabo é um pouco maior do que as categorias 5 e 5e. A origem da categoria 6 está ligada a indústria de switches, que tentou sem sucesso estabelecer um segundo padrão Gigabit Ethernet (conhecido como 1000BaseTX e criado em 2001) para concorrer com o 1000BaseT. A eletrônica 1000BaseTX apresentava hardware com eletrônica mais barata do que a concorrente 1000BaseT, porém a tecnologia 1000BaseTX exigia um meio físico com largura de banda igual a 250MHz, ou seja, exigia que os cabos fossem categoria 6. Como a arquitetura 1000BaseTX perdeu essa briga de mercado, admite-se hoje que redes Gigabit (1000BaseT) rodem em cabos de categoria 5e. Porém, nesse caso a adoção da categoria 6 representará um risco menor de erros, se comparada com a categoria 5e. Em 2006, quando foi publicado o padrão 10GBaseT (10Gbps, conforme a norma IEEE 802.3an), estabeleceu-se que a categoria 6 poderia ser usada nessa tecnologia, mas com as seguintes ressalvas. Em primeiro lugar, admitiu-se o uso dos cabos UTP (não blindados) de categoria 6, desde que eles não ultrapassem 55m, o que representou uma exceção a regra dos 100m, que era histórica na evolução dos cabos de pares trançados. Como opção, ficou permitido ter cabos categoria 6 em links 10Gbps com até 100m de comprimento, desde que eles sejam do tipo blindado (F/UTP), o que elimina os problemas de interferência entre cabos. FIGURA: Detalhe do conector RJ-45 categoria 5 (figura esquerda) e do categoria 6 (figura direita). A diferença de posicionamento dos fios faz com que a interferência na categoria 6 seja menor. Categoria 6a – Aprovada em fevereiro de 2008 (padrão EIA/TIA 568-B.2-10), na categoria 6a (o “a” vem de augmented) está definida uma largura de banda de 500MHz para o cabo de pares trançados. Essa categoria permite que as novas redes 10Gbps sejam implementadas com cabos de pares trançados não blindados (UTP) em até 100m, superando a barreira dos 55m que foi imposta para os cabos UTP de categoria 6 nessa velocidade. Categoria 7 – essa categoria, ainda não reconhecida pelas normas norte-americanas EIA/TIA, já se encontra padronizada pelo organismo europeu ISO (classe F da norma 11801) e também pela norma brasileira ABNT NBR 14565 de 2007. Nessa categoria a largura de banda disponível é de 600MHz e não se admitem cabos não blindados. Os cabos de pares trançados categoria 7 apresentam obrigatoriamente uma blindagem laminada para cada um dos seus quatro pares, além de uma blindagem em malha que envolve o conjunto dos quatro pares (S/FTP). Esse novo sistema torna os cabos categoria 7 mais volumosos e menos maleáveis, além de obrigar a adoção de novos conectores/tomadas blindados diferentes dos padrões RJ-45 e IDC, o que tornará a conectorização mais complexa, cara e crítica. Categoria 7a - essa é a próxima geração de cabos de pares trançados, que ainda está em desenvolvimento pelos normatizadores. A promessa é que suporte uma largura de banda de 1000MHz, ou seja, 1GHz. Cabeamento Estruturado Autor: Rodrigo Moreno Marques Infra-Estrutura e Projeto de Redes 2011 Rodrigo Moreno Marques - Reprodução permitida, desde que citada a fonte. 27 Diâmetro dos cabos Os cabos categoria 5e tem cerca de 5,6mm de diâmetro, enquanto aqueles de categoria 6a tem um diâmetro um pouco maior (aproximadamente 6mm), devido ao maior espaçamento entre seus pares. Isso acaba refletindo no projeto dos dutos de calhas que acomodarão os cabos, pois uma categoria maior exigie mais espaço na infraestrutura. Figura: Comparação entre a espessura do mesmo volume de cabos cat 5e e 6a. Fonte: Morimoto (2008) O que significa AWG? O AWG – American Eire Gauge é uma norma norte-americana que define medidas para os diâmetros de condutores (cobre, alumínio e outros). Quanto maior o valor numérico em AWG, menor será o diâmetro do condutor, conforme mostra a tabela abaixo. Valor em AWG Diâmetro de cada fio condutor de cobre (mm) 19 0,91 22 0,64 23 0,57 24 0,51 26 0,41 Categoria versus Classe O organismo padronizador internacional ISO – International Organization for Standardization, sediado na Europa, estabelece uma classificação dos cabos metálicos similar a apresentada acima, mas ele usa o termo classe em lugar de categoria, conforme mostra a tabela abaixo: Categoria Classe Categoria 3 Classe C Categoria 5 Excluída das normas. Não se adota mais Categoria 5e Classe D Categoria 6 Classe E Categoria 6a Classe EA Categoria 7 Classe F Categoria 7a (em desenvolvimento) Classe FA (em desenvolvimento) Cabeamento Estruturado Autor: Rodrigo Moreno Marques Infra-Estrutura e Projeto de Redes 2011 Rodrigo Moreno Marques - Reprodução permitida, desde que citada a fonte. 28 Cabos de pares trançados balanceados Os cabos de cobre definidos pelas normas de cabeamento, sejam eles blindados ou não blindados, são classificados como cabos de pares trançados "balanceados". O termo balanceado designa um canal de comunicação formado por dois fios trançados que são idênticos do ponto de vista construtivo. Mas cada par de fios representa um canal de comunicação, ou seja, não é correto achar que cada um dos fios é um canal. Temos, portanto, quatro canais dentro de um cabo de par trançado. Em cada um dos dois fios, o hardware injeta o mesmo sinal (os mesmos bits), mas com níveis de tensão (voltagem) invertidos, ou seja, se em um fio viaja uma onda quadrada positiva, no outro fio vai um onda quadrada negativa. Esse tipo de sinal balanceado, apesar de ocupar mais fios, representa um grande ganho de performance na transmissão elétrica. Os sinais invertidos irão gerar campos eletromagnéticos invertidos em cada um dos fios. Como esses campos eletromagnéticos são invertidos, eles irão se anular, cancelando a maior parte da interferência que poderia surgir dentro do próprio cabo. Figura: representação eletrônica da transmissão de sinal em um par balanceado. Fonte: Morimoto (2008) Cabeamento Estruturado Autor: Rodrigo Moreno Marques Infra-Estrutura e Projeto de Redes 2011 Rodrigo Moreno Marques - Reprodução permitida, desde que citada a fonte. 29 2.4 – Fibras óticas e acessórios Fibras óticas As fibras óticas são condutores de sinais que trazem em lugar dos fios de cobre, microdutos de sílica (SiO2) rigorosamente fabricados. Ao contrário de sinais elétricos, as fibras óticas conduzem sinais de luz, que podem ser emitidos por um diodo laser ou um diodo emissor de luz (LED – Light Emitter Diode). As principais vantagens da adoção de fibras óticas em cabeamento estruturado são: Por conduzirem sinais luminosos (e não sinais elétricos), as fibras óticas possuem a vantagem de serem imunes a interferências eletromagnéticas Permitem implantação de links mais extensos do que os cabos de cobre. As fibras óticas são meios físicos que possuem maior largura de banda (em Hertz), mas na prática a taxa de transmissão (bps) de um link de REDE LOCAL depende de outros fatores, conformeserá discutido a frente. O princípio básico da propagação do sinal de luz nas fibras óticas é a refração total da luz. Uma fibra ótica é composta por um microduto de sílica (núcleo da fibra) envolvido por outro microduto de sílica concêntrico (casca da fibra). A dopagem do núcleo (com Boro, Germânio ou Fósforo por exemplo) faz com que seu índice de refração seja maior do que o índice de refração da casca, permitindo que um feixe luminoso lançado na extremidade da fibra se propague até a outra ponta confinado no núcleo, refletindo-se sucessivamente na casca. As fibras mais empregadas em redes locais são as multimodo (MM – Multimode) e as monomodo (SM – Single Mode). As fibras multimodo (MM) possuem um maior diâmetro do núcleo (tipicamente 62,5 ou 50m) o que faz com que existam nele muitos modos de propagação da luz, causando atrasos nesta propagação e perdas por dispersão. O sinal luminoso nas fibras monomodo (SM), tendo em vista o seu reduzido diâmetro do núcleo (tipicamente 10 ou 8,5 m), possui praticamente apenas um único modo de propagação, garantindo uma maior eficiência nas transmissões e permitindo um alcance maior. As soluções baseadas em fibras SM são mais caras do que aquelas onde se empregam fibras MM. (a) (b) Figura: Fibra Multimodo (MM) (a) Corte transversal, (b) Corte longitudinal com diferentes modos de propagação (a) (b) Figura: Fibra Monomodo (SM) (a) Corte transversal, (b) Corte longitudinal (um único modo de propagação) N Ú C LE O (= 6 2 ,5 m ) E LE M E N TO S D E P R O TE Ç Ã O C A S C A ( = 125 m ) C A S C A ( = 125 m ) E LE M E N TO S D E P R O TE Ç Ã O N Ú C LEO ( = 8,5 m ) Cabeamento Estruturado Autor: Rodrigo Moreno Marques Infra-Estrutura e Projeto de Redes 2011 Rodrigo Moreno Marques - Reprodução permitida, desde que citada a fonte. 30 Por serem muito frágeis, as fibras óticas são revestidas por diferentes camadas protetoras. A primeira camada é o chamado revestimento primário ou cobertura da fibra. Envolvendo o revestimento primário das fibras existem outras camadas que compõe também a estrutura de proteção. As fibras do tipo loose são envolvidas dentro do cabo por um gel que as protege contra umidade (a água ataca a sílica das fibras), sendo portanto recomendadas para uso externo em instalações aéreas ou subterrâneas. Além da proteção contra umidade, o gel permite mobilidade das fibras dentro do cabo sem perda da resistência contra forças externas que poderiam danifica- las, aumentando sua proteção física contra rompimento. Como o gel empregado é altamente inflamável, a fibra "geleiada" não pode ser empregada em ambientes internos. As fibras do tipo tight possuem outras estruturas de proteção (como kevlar, por exemplo) sem gel e são indicadas para instalações internas. Já existem atualmente modernos cabos de fibras óticas sem gel para instalação em ambientes externos, que podem ser submetidos a intempéries climáticas sem que as fibras se danifiquem. Os cabos óticos reúnem as fibras geralmente em pares, pois um enlace ótico emprega no mínimo duas fibras: RX para recepção e TX para transmissão. É comum o lançamento de cabos com número de fibras superior ao necessário, para servirem de reserva no caso do rompimento de alguma(s) desta(s) ou expansões futuras. Para confecção dos cordões de conexão óticos empregam-se os cordões óticos monofibra ou duplex. (a) (b) (c) Figura: Fibras óticas (a) Cabo loose, (b) Cabo tight, (c) Cordões tight duplex (esquerda) e monofibra (direita) A adoção de fibras óticas apresenta algumas desvantagens em relação ao emprego de meios metálicos. Dentre elas podemos citar: - O custo mais alto dos cabos de fibras óticas e seus acessórios; - O custo mais alto da conectorização e/ou fusão das fibras, procedimento este que depende de caros equipamentos, mão de obra técnica especializada; - O custo mais alto dos equipamentos de rede local (switches, por exemplo) com interfaces óticas, se comparado com o custo de interfaces elétricas com conectores RJ-45; - O custo mais alto do reparo de um link ou cordão ótico rompido, o que exigiria a execução de uma emenda mecânica provisória e/ou execução de uma fusão ótica definitiva, o que acarreta em um maior tempo de indisponibilidade do enlace. É comum encontrar técnicos de campo fazendo a avaliação da integridade de um enlace ótico através do exame visual do sinal na extremidade do link ativo. Este procedimento deve ser evitado pelo risco de se expor os olhos a fonte de luz do tipo laser, adotada em alguns equipamentos óticos. O correto procedimento requer o emprego do equipamento Power Metter descrito a frente. Cabeamento Estruturado Autor: Rodrigo Moreno Marques Infra-Estrutura e Projeto de Redes 2011 Rodrigo Moreno Marques - Reprodução permitida, desde que citada a fonte. 31 Especificações da norma ISSO/IEC 11802 A norma internacional ISO 11801, segunda edição, especifica 3 tipos de meios de transmissão, em função da distância, que podem suportar as diferentes velocidades das redes IEEE 802.3 (Ethernet, Fast Ethernet, Gigabit Ethernet, 10 Gigabit, etc). São eles: OF 300 Para aplicações que suportam enlaces óticos de até 300 m. OF 500 Para aplicações que suportam enlaces óticos de até 500 m. OF 2000 Para aplicações que suportam enlaces óticos de até 2000 m. Esta norma também classifica as fibras óticas em quatro grupos, sendo três do tipo multímodo (OM1, OM2, OM3) e uma monomodo (OS1). Posteriormente a ISO homologou também as fibras monomodo OS2, conforme a tabelas a seguir (MIKE, 2008): Seguindo a classificação das fibras definida pela norma ISO 11801, os projetistas começaram a adotar a tabela prática abaixo para escolha das fibras em função de suas aplicações. Porém, conforme veremos em outro capítulo deste texto, os sistemas óticos IEEE 802.3 atuais já superaram estas aplicações: Canal de fibra Fast Ethernet 1000BaseT Gigabit 1000BaseSX Gigabit 1000BaseLX 10GBase SR/SW OF 300 OM1 OM2 OM1/OM2 OM3 OF 500 OM1 OM2 OM1/OM2 OS1 OF 2000 OM1 - especial OS2 Veremos a frente que, na família Ethernet, existem hoje alcances que são da ordem de dezenas de quilômetros. Além disso, em 2010, o padrão IEEE 802.3ba foi homologado, padronizando as taxas 40Gbps e 100Gbps. Cabeamento Estruturado Autor: Rodrigo Moreno Marques Infra-Estrutura e Projeto de Redes 2011 Rodrigo Moreno Marques - Reprodução permitida, desde que citada a fonte. 32 Conectores óticos e demais acessórios para terminação de enlaces óticos A instalação de um conector ótico não é feita diretamente em uma fibra de um cabo ótico já lançado, pois instalar um conector em uma fibra é um trabalho demorado e que requer muita habilidade e prática. Em geral, os instaladores preferem um procedimento mais prático: compram pedaços de fibra já conectorizados (chamadas extensões óticas ou pigtails), fazem a fusão (emenda) de cada um dos pigtails com uma fibra do cabo e adotam uma caixa para proteção das emendas (chamada terminador ótico, TO). As extensões óticas fundidas com as fibras também podem ser acomodadas nos chamados distribuidores internos óticos (DIO), que possuem conectores fixos e que precisarão (na ativação dos links com os switches) de cordões de conexão óticos, que são conectorizados em ambas as extremidades. Os conectores óticos são componentes que estão em constante evolução, com o desenvolvimento de novos
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