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aula teórico prática II

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Professora Doutora Luscelma O C Craice 
*
*É verdade que os primeiros pensadores que se 
debruçaram sobre a definição do que hoje 
entendemos por cidadania buscaram inspiração 
em certas realidades do mundo greco-romano, 
que conheciam por intermédio dos clássicos 
transmitidos pela tradição manuscrita do 
ocidente: a ideia de democracia, de 
participação popular nos destinos da 
coletividade, de soberania do povo, de 
liberdade do indivíduo. 
*
*Era idealizada e falsa. 
*A cidadania nos Estados-nacionais contemporâneos 
é um fenômeno único na História. 
*Não podemos falar de continuidade do mundo 
antigo, de repetição de uma experiência passada e 
nem mesmo de um desenvolvimento progressivo que 
unisse o mundo contemporâneo ao antigo. 
*São muito diferentes, com sociedades distintas, nas 
quais pertencimento, participação e direitos têm 
sentido diverso. 
*
 
*1. Estados nacionais 
Os Estados nacionais surgiram no período conhecido como Baixa 
Idade Média, entre os séculos XI e XIV. 
*Um estado-nação é uma área geográfica que pode ser identificada 
como possuidora de uma política legítima que, pelos próprios 
meios, constitui um governo soberano. Enquanto um estado é uma 
entidade política e geopolítica, uma nação é uma unidade étnica e 
cultural. O termo "estado-nação" implica uma situação 
coincidente: estado/nação. 
*O Estado-nação afirma-se por meio de uma ideologia, uma 
estrutura jurídica, a capacidade de impor uma soberania, sobre 
um povo, num dado território com fronteiras, com uma moeda 
própria e forças armadas próprias também. 
*
*Nação, do latim natio, de natus (nascido), é uma 
comunidade estável, historicamente constituída por 
vontade própria de um agregado de indivíduos, com 
base num território, numa língua, e com aspirações 
materiais e espirituais comuns. 
 
*É a reunião de pessoas, geralmente do mesmo grupo 
étnico, falando o mesmo idioma e tendo os mesmos 
costumes, formando assim, um povo, cujos elementos 
componentes trazem consigo as mesmas 
características étnicas e se mantêm unidos pelos 
hábitos, tradições, religião, língua e consciência 
nacional. 
 
*
*Povo é, usualmente, concebido como um conjunto 
de indivíduos que, num dado momento histórico, 
constitui uma nação. Se, por vezes, esta coincide 
com a totalidade de um território a ela associada, 
como normalmente acontece, é também o conjunto 
dos cidadãos de um país, ou seja, as pessoas que, 
mesmo que constituindo-se de diferentes etnias, 
estão vinculadas a um determinado regime jurídico, 
a um Estado. 
*Na linguagem vulgar, a palavra "povo" pode referir-
se à população de uma cidade ou região, a uma 
comunidade ou a uma família; também é utilizada 
para designar uma povoação, geralmente pequena. 
 
 
*
*Se há contribuição cabível é, justamente, 
aproximar dois mundos diferentes, mantendo 
sempre a consciência dessa distinção, e evidenciar 
processos históricos que podem iluminar os limites e 
as possibilidades da ação humana no campo das 
relações entre indivíduos 
*O mundo greco-romano permite-nos isso, com a 
vantagem de descortinar um panorama histórico de 
longa duração, com amplo painel de sucessos e 
fracassos da ação humana sobre a sociedade. 
*Talvez nos auxilie a projetar 
um futuro desejável para a 
cidadania contemporânea e 
nos sirva de alerta para os 
possíveis percalços. 
*
*O mundo greco-romano não se estruturava como os Estados-
nacionais contemporâneos, mas de modo bem distinto, como 
cidades-estado. 
*Aqui, defrontamo-nos com o primeiro problema: é difícil 
oferecer uma definição cabal de cidade-estado como o é definir 
Estado-nacional. 
*As cidades-estado, que conhecemos pela tradição escrita, pela 
epigrafia (estudo ou ciência das inscrições) ou pelas fontes 
arqueológicas, eram muito diferentes entre si: nas dimensões 
territoriais, riquezas, em suas histórias particulares e nas 
diferentes soluções obtidas, ao longo dos séculos, para os 
conflitos de interesses entre seus componentes. 
 
 
Além disso, sob o termo cidade-estado abarcamos povos distintos, 
culturas diferentes, com seus próprios costumes, hábitos 
cotidianos, leis, instituições, ritmos históricos e estruturas sociais – 
gregos, romanos, etruscos, fenícios “itálicos”, celtas, berberes 
*A maioria das cidades-estado nunca ultrapassou a dimensão 
de pequena unidade territorial, abrigando não mais que 
cinco mil habitantes, quase todos envolvidos com o meio 
rural. 
*Outras, de porte médio, chegaram a congregar vinte mil 
pessoas. 
*Algumas poucas, portos comerciais ou centros de grandes 
impérios, atingiram a dimensão de verdadeiras metrópoles, 
com mais de cem mil habitantes – e, por vezes, como na 
Roma imperial, chegaram à escala de um milhão de 
pessoas. 
*
*Dar conta de tantas histórias, tão diferenciadas, ao 
longo de quase dois milênios 
*Diversidade, fragmentação, modificações incessantes 
ao longo dos séculos: como definir uma cidade-estado? 
*Em busca de uma compreensão mais abrangente, 
qualquer definição tem de ser, pela força das 
circunstâncias, parcial e genérica, consciente das 
perdas que acarretam para o entendimento de cada 
caso particular. 
*É a opção que 
seguiremos ao longo 
desta reflexão 
*
*A história das cidades-estado é, em primeiro lugar, 
geograficamente localizada e circunscrita. 
*Não é parte da história universal, como a entendemos hoje, 
mas de uma região específica do planeta: as margens do mar 
Mediterrâneo. 
*É preciso enfatizar esse ponto, pois temos a tendência desde 
os banco escolares, de pensar a História Antiga como parte 
essencial da história do mundo, como uma das etapas em 
direção ao presente. 
*Trata-se, contudo, de um efeito ilusionista produzido pela 
necessidade que a Europa sentiu, sobretudo a partir do 
século XIX, de definir o Ocidente em sua relação com o resto 
do mundo, traçando suas origens na tradição literária do 
mundo greco-romano e projetando-a, no presente, como 
berço da civilização humana. 
*
*Entre os séculos IX a VII a.C. as costas do 
Mediterrâneo eram apenas o que poderíamos definir 
como área periférica, pouco desenvolvida, que 
sofria a influência dos grandes Impérios 
estabelecidos nos vales fluviais de sua porção 
oriental, o chamado Oriente Médio. 
*Esses séculos, afastados de nós por quase três 
milênios, são cruciais na história da região 
*É um período de grandes transformações 
econômicas e sociais, quase uma revolução. 
*Assim como os Estados-nacionais devem sua 
consolidação, senão sua formação, à 
industrialização, ao desenvolvimento do 
capitalismo e à expansão imperialista da 
Europa no século XIX, as cidades-estado 
também surgiram num quadro de grandes 
mudanças econômicas e sociais, ainda que sua 
novidade seja, hoje, difícil de perceber. 
*Os elementos fundamentais dessa revolução 
silenciosa podem ser traçados pelos vestígios 
arqueológicos e pelos documentos mais antigos 
da região, sobretudo os poemas homéricos. 
*
* Homero teria nascido em Esmirna, atual Turquia, ou em 
alguma ilha do mar Egeu e vivido no século VIII a.C. Mas sua 
origem é tão controversa que oito cidades disputam a honra 
de terem sido a terra natal do poeta. 
 
* A data da existência de Homero foi controversa na 
antiguidade e não o é menos hoje. Heródoto disse que 
Homero viveu 400 anos antes de seu próprio tempo, o que o 
colocaria em torno de 850 a.C., mas outras fontes antigas 
deram datas muito mais próximas da suposta época da 
Guerra de Troia. A data da Guerra de Troia foi dada como 
1194-1184 a.C. por Eratóstenes, que se esforçou para 
estabelecer uma cronologia científica dos eventos e esta 
data tem obtido apoio por causa de pesquisasarqueológicas 
mais recentes. 
 
*
* Entre os séculos IX e VIII a.C. desenvolveu-se um intenso 
intercâmbio de pessoas, bens e ideias por todo o 
Mediterrâneo 
* Esse crescimento progressivo da integração entre costas do 
“mar interno” foi causado, sobretudo, pela necessidade dos 
impérios guerreiros do Oriente Médio de obter uma matéria-
prima preciosa, o ferro. 
* O uso do ferro difundiu-se então pelo Mediterrâneo, assim 
como o de outras inovações técnicas de grande importância: 
a arquitetura em pedra, as construções monumentais, a 
escultura em três dimensões, o relevo, a pintura, a 
fabricação de artigos de bronze e, de modo geral, o uso de 
metais preciosos, assim como a escrita alfabética e do cavalo 
de guerra. 
*Não é fácil ter noção do que isso representou à 
época, uma verdadeira “revolução industrial” 
sem indústria. 
*O aumento populacional foi visível em todo o 
Mediterrâneo 
*Gregos e fenícios fundaram colônias por toda a 
parte – norte da África, sul da Espanha, Mar 
Negro e Itália – levando consigo uma forma de 
organização social peculiar: a cidade-estado. 
*
*As cidades-estado surgiram, assim, num quadro de 
crescimento econômico e social 
*Difundiram-se pelo Mediterrâneo a partir de núcleos 
originais da Grécia continental, da àsia Menos (hoje 
Turquia) e da Fenícia (atual Líbano) 
*Pelos séculos seguintes, até bem adentrado o 
Império Romano, representaram um modelo 
vitorioso, em contínua expansão, de um modo de 
organização da coletividade humana, construído sob 
a égide da progressiva integração das costas do 
Mediterrâneo – e, depois, das terras centrais da 
Europa e do oriente Próximo – a um mesmo sistema 
econômico e de poder. 
*
*Não se refere ao que hoje entendemos por 
“cidade” 
*Mas a um território agrícola composto por uma 
ou mais planícies de variada extensão, ocupado 
e explorado por populações essencialmente 
camponesas, que assim permaneceram mesmo 
nos períodos de mais intensa urbanização no 
mundo antigo 
 
*Um fator primordial foi o desenvolvimento da 
propriedade privada da terra 
*Em uma cidade-estado, cada família 
camponesa cultivava um ou mais lotes com 
contornos bem definidos, que eram sua 
propriedade individual, de onde obtinha seus 
meios de subsistência, sobretudo trigo, e 
alguns outros produtos característicos do 
mediterrâneo, como o vinho e o azeite. 
*
*Eram formadas, quase sempre, pela 
multiplicação de pequenos lotes (alguns muito 
pequenos, entre dois e dez hectares; outros, os 
maiores, chegando a quinhentos hectares) 
*Um hectare (conhecido também como 
hectômetro/hectómetro quadrado [hm²]), 
representado pelo símbolo “ha”, é uma 
unidade de medida de área equivalente a 100 
(cem) ares ou a 10.000 (dez mil) metros 
quadrados. 
*A apropriação da terra não era mediada, desta 
forma, nem por relações de linhagem – como 
nas famílias extensas das sociedades agrícolas 
de caráter tribal, praticantes de uma 
agricultura, o mais das vezes, itinerante, - nem 
pela presença de grandes organizações 
político-econômicas, como os palácios dos 
templos do Antigo Oriente Próximo, que 
organizavam o trabalho de grandes populações 
camponesas em terras coletivas. 
*A terra comunitária, onde existia, era uma reserva para 
loteamentos futuros, sempre apropriados 
individualmente. 
*De modo geral, podemos dizer que as cidades-estado 
formavam associações de proprietários privados de terra. 
*Só tinha acesso á terra, no entanto, quem fosse membro 
da comunidade. 
*As cidades-estado foram o resultado do fechamento, 
gradual e ao longo de vários séculos, de territórios 
agrícolas específicos, cujos habitantes se estruturaram, 
progressivamente, como comunidades, excluindo os 
estrangeiros e defendendo coletivamente suas planícies 
cultivadas de agressão externa. 
*
*Não se negavam reciprocamente na cidade-
estado antiga, mas se integravam numa relação 
dialética 
*O indivíduo, proprietário autônomo de seus 
meios de subsistência e de riqueza, só existia e 
era possível no quadro de uma comunidade 
concreta 
*que possuía, por assim dizer, de modo virtual o 
território agrícola 
*Propriedade individual da terra, fechamento do 
acesso ao território e ausência de um poder 
superior que regulasse as relações entre 
camponeses foram os fatores essenciais na 
história dessas comunidades camponesas. 
*Seus conflitos foram intensos e crescentes, não 
podiam ser resolvidos no âmbito das relações 
de linhagem, nem pelo recurso a uma 
autoridade superior a todos 
*
*Por mecanismos públicos, abertos ao conjunto 
de proprietários 
*Aqui reside a origem mais remota da política, 
como instrumento de tomada de decisões 
coletivas e de resolução de conflitos 
*E do Estado, que não se distinguia da 
comunidade, mas era sua própria expressão. 
*
*Espaço público e estado parecem se confundir 
nas origens das cidades-estado 
*Não é fácil defini-los cabalmente: variam de 
cidade para cidade e se alteram com o tempo, 
mas a tendência foi a expansão. 
*ca·bal - adjetivo de dois gêneros 
1. A que não falta nada. 2. Que é ou está como 
deve ser. 
 
 
*
*Foram um espaço de poder, de decisão 
coletiva, articulado em instâncias cujas origens 
se perdem em tempos remotos: conselhos de 
anciãos (como o Senado romano ou a gerousia 
espartana) ou simplesmente de “cidadãos” 
(como a boulé ateniense), assembleias com 
atribuições e amplitudes variadas, 
magistraturas e, posteriormente, tribunais. 
*Foi o espaço de uma lei 
comum, que obrigava a 
todos e que se impôs 
como norma escrita, fixa, 
publicizada e coletiva. 
*
* Gerúsia (em grego antigo: γερουσία gerousia, "senado") era um conselho de anciãos da 
Grécia Antiga, em especial de Esparta. As gerúsias espartanas arcaica e clássica 
compreendiam 28 membros ou gerontes, com idade acima de 60 anos, originados de 
famílias que lideravam juntamente com os reis. A gerúsia dividia o poder como a mais 
alta corte e tinha poder de julgar os próprios reis. O prestígio de seus integrantes lhe 
conferia um grande poder não oficial. 
 
* Além de funcionarem como tribunais supremos, a gerúsia tinha funções administrativas: 
seus membros também preparavam as propostas a serem apresentadas à Assembleia. 
 
* Suas funções eram legislativas. Ela se encarregava de preparar os projetos que deviam 
ser submetidos à aprovação da Apela (assembleia popular). A Gerúsia tinha o controle 
da constituição de Esparta. Os reis que fossem acusados pelos éforos seriam julgados na 
Gerúsia. 
 
* Na colônia espartana de Taras e Cirene havia três éforos, cada um ligado a uma tribo 
dória, o que sugere que esta ocupação já era antiga, no entanto, não sendo mencionada 
no texto espartadno do século 7 conhecido como a Constituição de Esparta. 
 
*
*O termo, tal como é usado pelos arqueólogos, 
geógrafos e historiadores ocidentais, refere-se à 
região que engloba a Anatólia (a porção asiática da 
Turquia moderna), o Levante (Síria, Líbano, 
Jordânia, Chipre, Israel e territórios palestinos), 
Mesopotâmia (Iraque) e, ocasionalmente, 
Transcaucásia (Geórgia, Armênia e Azerbaijão). 
*Nos contextos políticos e jornalísticos modernos, 
esta região é normalmente considerada como 
compreendida no Oriente Médio, enquanto que os 
termos Oriente Próximo ou Sudoeste Asiático são 
preferíveis nos contextos arqueológicos, geográficos 
e históricos. 
*
*Mas o espaço público abrangia igualmente áreas que hoje não 
definiríamos como “políticas” em sentido estrito: o culto comum a 
divindades que eram próprias de cada cidade-estado; as 
festividades coletivas, seguindo calendários que também eram 
exclusivos; matrimônios geralmente endogâmico (dentrodo mesmo 
grupo social ou familiar); direito de comerciar bens imóveis e 
móveis etc. 
*Por fim, e de forma bem acentuada, um exército comum que 
garantia a defesa do território, encarnando as esperanças de 
sobrevivência e de expansão de cada cidade-estado, num mundo 
competitivo, fragmentado e guerreiro. 
 
• Exogâmico: união com alguém fora do grupo, raça ou classe social 
diferente. 
• Poliandria - casamento de uma mulher com mais de um homem. 
• Poliginia - casamento de um homem com mais de uma mulher. 
*
*Tendia a materializar-se em um núcleo urbano que 
congregava o que era comum por excelência: os 
templos; a praça do mercado, que fazia as vezes de 
lugar da assembleia comunitária; o porto, por meio 
do qual a comunidade controlava os contatos com o 
exterior, obtendo os recursos materiais que não 
produzia; as oficinas de artesãos; as lojas do 
pequeno comércio; uma acrópole, muitas vezes 
amuralhada, que funcionava como núcleo de defesa 
e como símbolo da comunidade territorial. 
*
*Eram também comunidades imaginárias que se construíram e 
inventaram ao longo do tempo. 
*Ao contrário do que pregava a historiografia tradicional, não eram 
primevas, originais ou naturais, nem tampouco o resultado da 
divisão e subdivisão progressiva de um grupo de famílias. 
*Sua identidade comunitária foi construída ao longo do tempo, a 
partir de populações muitas vezes díspares, sem unidade étnica 
ou racial. 
*Foi criada e recriada, reforçada e mantida por mecanismos que 
produziram o cidadão ao mesmo tempo em que faziam nascer 
cultos comuns, moeda cívica, língua, leis, costumes coletivos – 
modos de a comunidade fechar-se sobre si mesma e definir seu 
território. 
*
*Eric Hobsbawm mostra no livro "Nações e Nacionalismos 
desde 1780" que o nacionalismo vem antes de nação. Ou 
seja, é a ideologia que constitui o todo identitário que se 
chama "nação". E que nação é uma palavra que nada 
expressa por si só, dependendo, portanto, dos adjetivos 
que lhe são dados. 
*Benedict Anderson no livro "Comunidades imaginadas" 
mostra como estas nações (que não existem 
materialmente, por isto "imaginadas") são dependentes de 
criação teórica, através da educação, dos jornais, livros, 
literatura e etc. 
*
*Habermas tem uma produção imensa neste tema, 
estudando o impacto do nazismo (condicionantes históricos) 
sobre a ideia de nação alemã. Mas no texto "Realizações e 
limites do estado nacional Europeu" fala de "solidariedade 
legalmente mediada" para mostrar como os discursos 
políticos construíram as ligações entre os cidadãos. E se 
alguns discursos "constroem", outros destroem. Assim, 
qualquer nacionalismo é sempre um jogo de exclusão, para 
dizer quem está dentro (e tem direitos) e quem está fora e 
não os tem. 
 
* Jürgen Habermas é conhecido por suas teorias sobre a razão comunicativa e a esfera pública 
sendo considerado como um dos mais importantes intelectuais contemporâneos. Sua 
preocupação com as questões políticas aparecem desde a sua tese de doutorado quando 
realizou uma pesquisa empírica sobre a participação estudantil na política alemã, intitulada 
“Estudante e Política” (Student und Politik). 
*
*Paul Ricoeur em "A memória, a história e o 
esquecimento" trabalha para demonstrar como 
a história vira "memória" (com valor político de 
ser "lembrado") e como o "esquecimento" 
também é um ato político. Ou seja, é a partir 
da escolha consciente que os homens definem 
o que é para ser lembrado (no sentido 
institucional) e transformado em "memória" e o 
que deve ser "esquecido". E fazem isto para 
consolidar poder a ser usado políticamente. 
*
*Pertencer à comunidade da cidade-estado não era 
de pouca monta, mas um privilégio guardado com 
zelo, cuidadosamente vigiado por meio de registros 
escritos e conferido com rigor. 
*Como já ressaltava o filósofo grego Aristóteles, fora 
da cidade-estado não havia indivíduos plenos e 
livres, com direitos e garantias sobre sua pessoa e 
seus bens. Pertencer à comunidade era participar 
de todo um ciclo próprio de vida cotidiana, com 
seus ritos, costumes, regras, festividades, crenças e 
relações pessoais. 
*
*Os estrangeiros domiciliados, embora integrados à vida 
econômica e à teia das relações sociais não faziam parte da 
população cidadã. 
*Outro exemplo eram os grupos submetidos em bloco ao 
domínio e controle da comunidade cidadã, mormente após 
uma conquista militar como os hilotas e periecos de Esparta – 
situação que se repetia em muitas colônias fundadas pelos 
gregos, nas quais o trabalho fundamental das terras agrícolas 
era realizado por comunidades subalternas 
*Ao contrário dos estrangeiros domiciliados, que se 
acomodavam com sua situação, essas comunidades foram 
fonte permanente de conflitos coma cidade-estado 
dominadora, quase sempre em busca da idependência coletiva 
e às vezes de integração. 
 
*
*Encontravam-se sob o poder de seus donos e eram regidos por 
regras privadas, sem controle cívico, acesso à esfera pública ou 
quaisquer direitos. 
*Nas cidades mais ricas chegavam a compor um contingente 
expressivo da população – um terço ou até mais. 
*Ocupavam todo tipo de ofício, agrícolas e artesanais, e 
monopolizavam os serviços domésticos. 
*Submetidos a um poder sem limites, sem lei, ao arbítrio de seus 
senhores, foram por boa parte da história do mundo antigo, fonte 
de conflitos intensos – desde lutas domésticas contra seus 
senhores até grandes sublevações, como a famosa revolta de 
Espártaco, na Itália romana. Esses conflitos, no entanto, jamais 
objetivaram sua integração à comunidade cidadã nem tampouco 
a abolição da escravatura, mas a liberdade individual dos 
revoltosos. 
*
*Conviveram ao longo de suas histórias com 
inimigos internos por vezes formidáveis 
*O processo inclusivo de constituição das 
comunidades cidadãs forjou-se 
simultaneamente a um brutal processo de 
exclusão interna que se tornou cada vez mais 
agudo, na medida em que algumas dessas 
cidades cresceram em poder e complexidade 
social 
*
*Não se resumia às frequentes guerras externas, 
ou às lutas com a população dominada e não 
integrada 
*Isso porque a própria comunidade cidadã não 
era, e nunca foi, igualitária ou harmônica 
*O sentimento e a prática da unidade não 
impediram que as próprias comunidades fossem 
crivadas por disputas internas, por suas 
próprias regras de exclusão e inclusão no 
espaço público que as definia. 
 
*
*Primeiramente ao gênero: embora a posição 
das mulheres variasse em cada cidade, em 
cada âmbito cultural, é fato que elas 
permaneceram à margem da vida pública, sem 
direito à participação política, restringidas em 
seus direitos individuais, tuteladas e dominadas 
por homens que consideravam o lar, o espaço 
doméstico, como único apropriado ao gênero 
feminino. 
*Um segundo elemento de conflito diz respeito à 
distinção entre jovens e velhos. 
*Cidades-estado eram comunidades fundadas e 
legitimadas no passado comum, na tradição, no 
respeito aos antepassados. 
*De modo geral, observa-se um forte domínio dos mais 
velhos sobre os mais jovens, mesmo que estes últimos 
fossem os responsáveis, em última instância, pelo 
esforço militar que garantia a independência, ou a 
expansão, de suas comunidades. 
 
*O terceiro e mais fundamental elemento de conflito tem suas origens 
na propriedade privada da terra, principal meio de produção, e nas 
relações de trabalho no interior da comunidade. 
 
*Desde que temos registros, escritos ou arqueológicos, as cidades-
estado aparecem marcadas por profundas clivagens sociais: grandes, 
médios e pequenos proprietários, estes últimos, muitas vezes, no 
limiar da subsistência; camponeses sem terra,que alugavam sua força 
de trabalho para um grande senhor; e os não camponeses, como 
artesãos e comerciantes, que habitavam o núcleo urbano e cuja 
posição, no seio da comunidade, foi sempre ambígua. 
 
 
* li·mi·ar – sm - (latim liminaris, -e, relativo à soleira da porta, inicial) 
1. Soleira de porta (ex.: foi recebida no limiar do mosteiro). 2. 
Momento inicial (ex.: o limiar do século XXI). = COMEÇO, INÍCIO. 3. 
Passagem para o interior de algo. = ENTRADA. 4. Ponto que constitui 
um limite, geralmente inicial (ex.: limiar da loucura; limiar da 
pobreza). 
* Sinônimo Geral: LIMINAR 
 
*
*Dois eram os focos principais desses conflitos: a 
participação nas decisões que envolviam o destino 
da comunidade, algo que poderíamos definir como 
participação política. E a distribuição ou 
redistribuição nos recursos comunitários, tanto os 
materiais – terra, alimentos, rendas – quanto os 
simbólicos, como a honra e a dignidade. 
*Os membros desse grupo eram os “melhores” 
dentre os cidadãos, pelo valor individual no 
combate, pelo brilho de suas posses, pela rede de 
alianças familiares que estabeleciam entre si e com 
aristocratas de outras cidades. 
*
*Os eventos históricos concretos foram variados, com 
ritmos diferentes, mas seu resultado foi claro: a 
quebra do exclusivismo aristocrático e a abertura 
do espaço político que consolidou a existência das 
cidades como comunidades coesas. 
*Os efeitos fundamentais desse processo foram a 
garantia da liberdade individual dos membros da 
comunidade; a publicação de leis escritas; a 
abertura do espaço público para camadas mais 
amplas da população, com a estruturação da 
comunidade como organismo político; e, por fim, a 
reorganização do exército citadino. 
 
 
*
*Devemos ter em mente uma diferença radical entre os 
antigos e nós: tanto nas oligarquias como nas 
democracias, a participação política era direta, 
exercida por um corpo de cidadãos ativos, que podia 
ser mais ou menos amplo, mas que representava a si 
mesmo, por meio de voto individual de seus membros. 
*Nunca se desenvolveu a noção de representação, nem 
de partidos políticos doutrinários, nem uma clara 
divisão de poderes constitucionais ou qualquer noção 
abstrata de soberania: esta podia residir na 
assembleia, ou num conselho mais restrito, ou mesmo 
na lei em geral, dependendo das circunstâncias 
específicas e do jogo de interesses e forças em 
conflito. 
*
*A abertura do espaço público, como espaço de 
conflitos, tornou clara a oposição entre ricos e 
pobres 
*O desenvolvimento das trocas comerciais pelo 
Mediterrâneo e a crescente importância dos 
escravos não fizeram senão aumentar cada vez mais 
as desigualdades no interior das cidades-estado. 
*A participação no poder não bastava para fazer 
frente às demandas dos mais pobres a suas 
comunidades. 
 
*As cidades maiores, mais poderosas, conseguiram 
amenizar seus conflitos internos expandindo-se sobre 
outras cidades e distribuindo, entre outros cidadãos, 
as presas de guerra, os atributos e as terras obtidas. 
*Nas cidades menores, os séculos seguintes foram 
marcados por aguda crise interna e externa. Premidas 
ou apoiadas pelas cidades dominantes (Esparta, 
Atenas, o Império persa, Macedônia, Roma), as 
cidades-estado conheceram profundas divisões 
internas no seio de suas comunidades, geradas pela 
crescente clivagem entre ricos e pobres. 
*
*Cristalizadas nas palavras de ordem de redistribuição de 
terras e de perdão das dívidas dos pequenos camponeses 
*Crise de tal monta que, em certos momentos, levaram à 
ruptura do pacto comunitário e à divisão da comunidade 
cidadã em duas cidades, contrapostas entre si e em 
guerra permanente. 
*Traições, exílios forçados ou voluntários, assassinatos 
maciços de adversários, convocação de apoio externo 
por uma das facções passaram a ser a tônica da vida 
dessas comunidades. 
*A essa ruptura do pacto comunitário correspondia, por 
outro lado, uma crescente fraqueza das cidades-
estado para enfrentar seus inimigos externos 
*Fragmentadas, fechadas pelo caráter exclusivista de 
sua cidadania, as cidades-estado não conseguiram 
fundir-se em comunidades mais amplas 
*As milícias cidadãs tornaram-se pequenas e fracas 
diante de um mundo em permanente integração 
*A partir do século IV a.C., observa-se uma crescente 
importância dos mercenários nas atividades 
guerreiras, oriundos das camadas mais pobres e 
excluídas das cidades-estado e disponíveis para quem 
lhes pagasse melhor. 
*
*A formação de grandes impérios pode ser vista, 
desse modo, como consequência da fragilidade 
e da instabilidade das cidades-estado como 
forma de organização social. 
 
*
 
*É interessante notar que o império que, por 
fim, unificaria todas as cidades-estado e toda a 
bacia do Mediterrâneo fosse oriundo de uma 
cidade-estado cuja cidadania era mais aberta 
do que a regra geral: Roma, que conseguiu 
unificar a Itália sob sua égide, formando a 
maior aliança de cidades-estado que o mundo 
antigo conheceu. 
*
* Impôs o governo dos mais ricos às cidades submetidas ou 
“aliadas”. Com a expansão e o crescente afluxo de riquezas, as 
tensões no interior da comunidade romana intensificaram-se. 
*Um dos pontos centrais do conflito girou em torno da distribuição 
das terras conquistadas na Itália. As riquezas trazidas com a 
expansão não beneficiaram por igual os cidadãos de Roma. 
*A partir dos fins do século II a.C., o exército romano tornou-se 
uma força mercenária... 
*Outro elemento foi a Guerra dos Sócios, revolta movida pelas 
cidades-estado da Itália que culminou, em 89 a.C., na concessão 
da cidadania romana a todos os cidadãos das cidades da Itália, 
sem que perdessem, por outro lado, a cidadania de suas 
comunidades de origem: a cidadania deixou de representar a 
comunidade dos habitantes de um território circunscrito, para 
englobar os senhores de um império, habitassem em Roma ou 
não. 
*A presença dos escravos era cada vez mais maciça e perigosa. 
 
*As estruturas da antiga cidade-estado de Roma, com 
suas velhas instituições (magistraturas, assembleias, 
Senado) e seu caráter oligárquico não conseguiram 
mais dar conta do jogo de pressões e de interesses 
conflitantes de um espaço tão vasto. 
*Daí as sangrentas guerras civis que agitaram a Itália 
e o Mediterrâneo até a constituição do Principado, 
nas décadas finais do século I a.C., coma vitória 
final do general Augusto sobre seus adversários. 
*
 
*A história da cidadania antiga só pode ser 
compreendida como um longo processo 
histórico, cujo desenlace é o Império Romano. 
*De pertencimento a uma pequena comunidade 
agrícola, a cidadania tornou-se, com o correr 
dos tempos, fonte de reivindicações e de 
conflitos, na medida em que diferentes 
concepções do que fossem as obrigações e os 
direitos dos cidadãos no seio da comunidade se 
entrechocavam. 
*Participação no poder, igualdade jurídica, mas também 
igualdade econômica foram os termos em que se puseram, 
repetidamente, esses conflitos, até que um poder superior 
se estabeleceu sobre o conjunto das cidades-estado e 
suprimiu da cidadania comunitária, progressivamente, sua 
capacidade de ser fonte potencial de reivindicações. 
*O fim da cidade-estado antiga, por sua incorporação num 
império monárquico de grande extensão territorial, deu 
novo sentido a esses conflitos que não mais se expressavam 
pelas linhas de clivagem que uniam e separavam os antigos 
cidadãos da cidades-estado da Antiguidade. 
*
*Retomaram, a seu modo, a noção de cidadania, 
foi um outro contexto, buscando inspiração não 
na cidadania estendida e amorfa do Império 
Romano, mas naquela, potencilamente 
participativa,das pequenas cidades-estado que 
um dia repartiram entre si os territórios das 
planícies do mediterrâneo. 
*
*Cidadania implica sentimento comunitário 
*Processos de inclusão de uma população 
*Um conjunto de direitos civis, políticos e 
econômicos 
*E significa também, inevitavelmente, a 
inclusão do outro 
*
*Como quer que esta se organize 
*E esse pertencimento, que é fonte de 
obrigações, permite-lhe também reivindicar 
direitos, buscar alterar as relações do interior 
da comunidade, tentar redefinir seus 
princípios, sua identidade simbólica, 
redistribuir bens comunitários. 
*
*Se pudéssemos defini-la, residiria precisamente 
nesse caráter público, impessoal, nesse meio neutro 
no qual se confrontam, nos limites de uma 
comunidade, situações sociais, aspirações, desejos 
e interesses conflitantes. 
*Há, certamente, na história, comunidades sem 
cidadania, mas só há cidadania efetiva no seio de 
uma comunidade concreta, que pode ser definida 
de diferentes maneiras, mas que é sempre um 
espaço privilegiado para a ação coletiva e para a 
construção de projetos para o futuro.

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