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1 Aula 08 - Blocos sobre estacas O bloco de fundação tem como principal objetivo transmitir de forma conveniente os esforços provenientes do pilar para a fundação profunda. Quando o pilar apóia-se diretamente sobre a fundação (caso de algumas estacas e tubulões) não é necessário à utilização de blocos. Para transmitir os esforços de maneira conveniente é necessário envolver a armadura de ligação do pilar e da estaca para que haja de forma contínua a transmissão do carregamento. Além de prover um espaço para transmissão de esforços, o bloco também deve ser “armado” de modo a resistir aos esforços de tração que são desenvolvidos devido ao carregamento do pilar. As principais características geométricas dos blocos são: o cobrimento - c (função da estaca), o espaçamento entre estacas – e, a altura útil do bloco d e a distância da divisa – a. A Figura 08 apresenta diversos tipos de blocos de fundação, bem como o processo construtivo. c, e, a Tabelados. d e/2 60cm (altura do bloco) h = d + 0,10 m. Figura 08a – Blocos de Ligação c 2 Figura 8b - Blocos de Ligação A Tabela 04 e 05 apresentam diversos valores e especificações para blocos de ligação para diferentes estacas pré-moldadas e escavadas. h e 3 Tabela 04 – Diferentes configurações para estacas pré-moldadas Tipo Dim. (cm) Pe (kN) e (cm) a (cm) c (cm) Comp. (m) Madeira 15 30 100 300 2,5 30 10 a 20 3 a 12 Concreto pré- moldado (comuns) 20x20 25x25 30x30 35x35 200 300 400 500 2,5 30 30 30 35 10 12 15 18 3 a 12 (emendas com luvas justapostas) Concreto centrifugado (cilíndricas) 20 25 30 35 40 50 60 70 200 300 400 550 700 1000 1500 2000 2,5 30 30 30 35 40 50 60 70 10 12 15 18 20 25 30 35 3 a 14 (emendas com luvas soldadas permitem atingir grandes profundidade s) Concreto protendido 18x18 23x23 28x28 32x32 200 300 400 500 2,5 30 30 30 30 10 12 15 18 3 a 14 (emendas com luvas de justa- posição) Aço Perfins H Duplo I Tubula res 100 Mpa Var. Face a 5cm + 15 a 30 Qualquer (por soldagem dos elementos) Tabela 05 - Diferentes configurações para estacas escavadas Tipo Dim. (cm) Pe (kN) e (cm) a (cm) c (cm) Comp. (m) Brocas 20 25 30 Alarg. 40-80 60-100 80-120 120-200 3,0 25 25 30 35 10 10 15 15 3 a 7 Strauss 20 25 32 38 45 55 150 200 300 450 600 800 3,0 20 25 32 35 45 55 10 12 15 18 20 25 Até 20m Franki 35 40 52 60 500 700 1300 1700 3,5 60 80 80 80 20 20 25 30 5 a 20 5 a 30 5 a 30 5 a 30 Estaca - Raiz 10 12 15 20 25 30 40 100 a 140 150 a 240 250 a 350 300 a 500 300 a 750 800 a 1000 1100 a 1400 3 a 4 20 20 25 25 30 35 40 10 10 12 12 15 15 15 Até 100m Estações (Estacas escavadas mecanicame nte) 60 80 100 120 140 160 200 1100 a 1500 2000 a 2800 3100 a 4300 4500 a 6300 6100 a 8500 8000 a 11000 12000 a 16000 Var. Face a 5cm + 15 a 30 30 a 40m 4 A Figura 09 ilustra as principais configurações para dimensionamento geométrico dos blocos de ligação Figura 09 – Configurações usuais de blocos de fundação Recomendações práticas 1) Utilizar armadura de pele Asp = As/8, distribuída em cada face do bloco. A principal função desta armadura é reduzir ou inibir o aparecimento de trincas; 2) A armadura superior pode ou não ser suprimida, é interessante verificar caso haja suspeita de necessidade; 3) Utiliza-se para cálculo a teoria das bielas; 4) Todos os exemplos serão realizados em sala de aula, tanto o dimensionamento quanto o detalhamento. 5 Bloco sobre 01 estaca Em relação a blocos sobre uma estaca recomenda-se adotar como altura do bloco no mínimo igual h 1,2 da estaca ou lbp (comprimento de ancoragem da armadura de espera do pilar). Recomenda-se adotar cintas de amarração nas duas direções ortogonais do bloco exatamente para suprimir a excentricidade máxima permitida por norma ex = 10% (NBR-NB 51). Segundo Rocha (1987) normalmente dispensa-se o cálculo para blocos sobre uma estaca pelo fato do carregamento ser diretamente transmitido para a estaca, entretanto, pode-se calcular considerando o esforço de tração gerado pela carga do pilar S. Calavera, J (2002) ilustra a distribuição de tensões neste caso da seguinte forma: Figura 10 – Distribuição de esforços (A < h) A partir da Figura 11 pode deduzir que para h < A: ).(.25,0 h aASdT Sd sd/2 sd/2 a/4 A/2 a/4 A/4 Compressão Tração T h A Sd/2 6 A – Dimensão do bloco a – Dimensão do pilar h – altura do bloco S – Carga do pilar Obs.: Se h > A usa-se no denominador A no lugar de h. Com o valor de T, calcula-se a armadura horizontal (estribos de dois ramos) fyd TAsh .4,1 e a armadura vertical... fydfcd SAsv 008,085,0 .4,1.008,0 Além do cálculo dos estribos deve-se verificar a tensão de tração no concreto. 30. fck Ah Tft A Figura 11 mostra as etapas de execução dos blocos sobre 1 estaca. 7 Formulário de Cálculo 03 – Bloco sobre 1 estaca Disposições geométricas (Ver tabela - estacas) c = Tabelado h 1,2 A = + 2c (estaca) ou, no mínimo, igual a maior dimensão do pilar. Armadura a) ).(.25,0 h aASdT (Se h > A usa-se no denominador A no lugar de h) b) fyd TAsh .4,1 c) fydfcd SAsv 008,085,0 .4,1.008,0 d) verificar a tensão de tração no concreto. 30. fck Ah Tdft e) Detalhamento 8 Figura 11 – Etapas de construção de blocos sobre 1 estaca Exercício proposto 01) (resolvido) Calcule um bloco de ligação para um pilar P4 (0,30x 0,80) S = 500 kN, o qual apóia uma estaca pré-moldada de = 35 cm. Adote CA50-A e fck = 18 Mpa. Resolução: Disposições geométricas C = 10 cm h 1,2 = 1,2 x 35cm = 42 cm 45 cm A = 80 cm (Neste caso será igual adota-se igual a maior dimensão do pilar) h < A 9 Cálculos. f) T = 0,25. 500 (80-30)/45 = 138,9 kN g) Ash = (1,61. 138,9)/50 = 4,48 cm2 = 76,3mm h) )783.434.(008,0)4,1/000.18.(85,0 500.2,1.008,0 vAs =2,05 cm 2 = 46,3mm i) Verificação da tração no concreto !)(/6002,540 80,0.45,0 46,194 2 okkPamkNkPaft 02) Calcule um bloco de ligação para um pilar P4 (0,30x 0,30) S = 1000 kN, o qual apóia uma estaca escavada de = 60 cm. Adote CA50-A e fck = 18 Mpa. 03) Calcule um bloco de ligação para um pilar P9 (0,20x 0,40) S = 100 kN, o qual apóia uma estaca do tipo broca = 30 cm. Adote CA50-A e fck = 15 Mpa. 10 Bloco sobre 02 estacas O bloco deve ser dimensionado de tal maneira que envolva as estacas no mínimo 10cm (base do bloco). Utiliza-se, para cálculo do esforço de tração o método das bielas (como se fosse uma viga bi-apoiada), o qual, por equilíbrio de esforços determina-se o valor do esforço de tração e conseqüentemente o cálculo da armadura do bloco. A Figura 12 ilustra o método. Como principais características geométricas têm-se: o valor de d e/2 , o valor de h = d + 10cm e o valor de c (tabelado). Figura 12 – Esquema de cálculo do esforço de tração para blocos de 2 estacas Desta forma, conhecendo-se o valor de e (tabelado), e o valor de Sd (solicitação de cálculo) pode-se conhecer o valor de Td pela somatória de momentos em relação ao ponto a (ponto de aplicação da carga Sd). Assim, fazendo: 0aM Têm-se: Sd e Sd/2 Td Sd/2 Sd/2 d h Sd/2 Biela Comprimida a b/4 11 0 4 . 2 .) 2 .( 2 bSddTeSd d d beSdTd .8 )2( Para o cálculo da armadura deve-se dividir este valor pela resistência ao escoamento do aço fyd. Com isso, têm-se: fyd TdAs Ainda, deve-se verificar a possibilidade de esmagamento da biela comprimida com a seguinte expressão: )2/(4,0 )5,11/( )1/(2 . )2/.(. d aparaftk d aparaftk d aparaftk dBw Scfwd Sendo a – distância do centro da estaca ao centro da biela a = e/2; ftk – tensão de tração característica do concreto. )18..(7,006,0 )18...(1,0 Mpafckparafck Mpafckparafck ftk Finalmente, adota-se estribos distribuídos por face, considerando a armadura As´=As/8. Após executado os cálculos, faz-se o detalhamento. 12 A Figura 13 apresenta alguns detalhes construtivos de blocos sobre duas estacas. Figura 13 – Detalhes construtivos de blocos sobre 2 estacas Exemplo proposto 01) (resolvido) Dimensionar um bloco para duas estacas pré-moldadas de =30 cm que suporta um carregamento de um pilar P34(30x30) S = 700 kN. Adote CA50-A e fck = 18 Mpa. Resolução Características geométricas e = 2,5 = 2,5.30 = 75cm d = e/2 = 75/2 = 37,5 40 (com isso h = 50 cm) A = e + + 2 c = 75 + 30 + 2.10 = 125 cm e B = + 2c = 50 cm 13 a) kNT 5,262 40.8 )3075*2(700 b) )55,8(00085491,0 500000 5,265.61,1 22 cmmAsv - 712,5 c) Mpa43,3 40,0.50,0 350.96,1 2.ftk 2.1,8 3,6 MPa - ok!. Para a/d = 1 e ftk = 0,1. fck = 0,1. 18 =1,8 Mpa. e) 207,1 8 55,8´ cmAs (46,3) 02) Calcular a armadura para um bloco sobre duas estacas escavadas 60 cm para o pilar P3 (60x60) S=2000 kN. Adote fck = 20 Mpa e CA50-A. 03) Calcular a armadura para um bloco sobre duas estacas strauss 32 cm para o pilar P3 (30x30) S=550 kN. Adote fck = 18 Mpa e CA50-A. 14 Formulário de Cálculo 04 – Bloco sobre 2 estacas Disposições geométricas (Ver tabela - estacas) c = Tabelado h e/2 + 10 cm A = e + + 2c B = + 2c Armadura a) d beSdTd .8 )2( b) fyd TdAs c) )2/(4,0 )5,11/( )1/(2 . )2/.(. d aparaftk d aparaftk d aparaftk dBw Scfwd )18..(7,006,0 )18...(1,0 Mpafckparafck Mpafckparafck ftk d) As´=As/8. e) Detalhamento 15 Bloco sobre 03 estacas O bloco deve ser dimensionado de tal maneira que envolva as estacas no mínimo 10cm (base do bloco). Utiliza-se, para cálculo do esforço de tração o método das bielas, o qual, por equilíbrio de esforços determina-se o valor do esforço de tração Td e conseqüentemente o cálculo da armadura do bloco. A Figura 14 ilustra o método. Como principais características geométricas têm-se: o valor de d e/2 , o valor de h = d + 10cm e o valor de c (tabelado). Finalmente, caso a armadura seja disposta na direção que conecta as estacas, deve-se prever um acréscimo na força de tração da ordem de Ta = T3/3. Figura 14 – Método da Biela – Bloco sobre 3 estacas Sabendo que tan 3 3 tan SdTd Sd Td e fazendo o equilíbrio de esforços 0Ma têm-se: 0 6 2 33 3 3 . bSdeSddTd e3/3 Sd/3 Td Sd/3 d h Biela Comprimida a b2/6 16 d beSdbe d SdTd .18 )232() 6 2 3 3( .3 Sabendo o valor de Td pode-se calcular As: fyk TdAs 61,1 Deve-se prever também a verificação do esmagamento da biela comprimida, bem como a armadura de pele As´= 1/8 As. Rocha AM (1987) alerta para o fato de não ocorrer à flexão propriamente dita devido relação elevada entre a altura do bloco e a distância entre as estacas. A Figura 15 ilustra a região de verificação da punção. Figura 15 – Linha de ruptura provável para verificação da punção afastada a d/2 da face da estaca. Rocha AM (1987) A verificação é feita da seguinte forma: /2 /2 Linha de ruptura 17 1) calcula-se a tensão de punção em torno da estaca: 4,1 2 2 3 fck d S p Obs.: Para pilares circulares o valor de p será: 4,1 2 )( fck dd Sp A Figura 16 mostra alguns detalhes construtivos para blocos de 3 estacas. Figura 16 – Detalhes construtivos de blocos sobre 3 estacas 18 Formulário de Cálculo 05 – Blocos sobre 3 estacas a) d beSbe d STd .18 )232() 6 2 3 3( .3 b) fyk TdAs 61,1 c) As´= 1/8 As. d) 4,1 2 2 3 fck d S p ou 4,1 2 )( fck dd Sp e) Detalhamento 19 Exercício proposto 01) Calcule um bloco sobre 3 estacas para o pilar P43 (60x60) S=2600 kN considerando estacas escavadas de = 60 cm. Considere fck = 18 Mpa e CA50-A. 02) Calcule um bloco sobre 3 estacas para o pilar P1 (20x40) S=1800 kN considerando estacas do tipo strauss = 55 cm. Considere fck = 18 Mpa e CA50-A. 03) Calcule um bloco sobre 3 estacas pré-moldadas centrifugada = 40 cm para o pilar 4 (40x50) S = 1800 kN. Considere fck = 20 Mpa e CA50-A. 20 Bloco sobre 04 estacas O bloco deve ser dimensionado de tal maneira que envolva as estacas no mínimo 10cm (base do bloco). Utiliza-se, para cálculo do esforço de tração o método das bielas (como se fosse uma viga bi-apoiada – semelhante ao bloco de 2 estacas), o qual, por equilíbrio de esforços determina-se o valor do esforço de tração e conseqüentemente o cálculo da armadura do bloco. A Figura 16 ilustra o método das bielas. Como principais características geométricas têm-se: o valor de d e2/2 , o valor de h = d + 10cm e o valor de c (tabelado). A armadura deve, preferencialmente, ser disposta paralela aos lados, como em malha (detalhamento em sala de aula). A armadura principal calculada para uma direção pode ser adotada para a outra. Figura 12 – Esquema de cálculo do esforço de tração para blocos de 4 estacas Desta forma, conhecendo-se o valor de e (tabelado), e o valor de Sd (solicitação de cálculo) pode-se conhecer o valor de Td pela somatória de momentos em relação ao ponto a (ponto de aplicação da carga Sd). Assim, fazendo: Sd e Sd/2 Td Sd/2 Sd/2 d h Sd/2 Biela Comprimida a b/4 21 0aM Têm-se: 0 4 . 2 .) 2 .( 2 bSddTeSd d d beSdTd .8 )2( - Neste caso pode ser usado para as duas direções. Para o cálculo da armadura deve-se dividir este valor pela resistência ao escoamento do aço fyd. Com isso, têm-se: fyd TdAs (nas duas direções) Ainda, deve-se verificar a possibilidade de esmagamento da biela comprimida com a seguinte expressão: )2/(4,0 )5,11/( )1/(2 . )2/.(. d aparaftk d aparaftk d aparaftk dBw Scfwd Sendo a – distância do centro da estaca ao centro da biela a = e/2; ftk – tensão de tração característica do concreto. 22 )18..(7,006,0 )18...(1,0 Mpafckparafck Mpafckparafck ftk Finalmente, adota-se estribos horizontais distribuídos por face considerando a armadura As´=As/8. Após executado os cálculos faz-se o detalhamento. Pode-se utilizar o Formulário 04 para cálculo da armadura. Exercícios propostos 01) Calcule o bloco para o pilar P23a (70x70) com S = 3000 kN considerando estacas do tipo strauss = 55 cm. Admita fck = 15 Mpa e aço CA50-A; 02) Calcule o bloco para o pilar P7 (50x90) com S = 4400 kN considerando estacas do tipo Franki = 60 cm. Admita fck = 20 Mpa e aço CA50-A; 03) Calcule o bloco para o pilar P8(70x80) com S = 2800 kN considerando estacas do tipo pré-moldada = 50 cm. Admita fck = 20 Mpa e aço CA50-A; 23 Bloco sobre n estacas Tanto o dimensionamento quanto o detalhamento serão expostos como exercício em sala de aula. 24 Bibliografia ABEF (1999) Associação Brasileira de empresas de Engenharia de Fundações e Geotecnia (1999) – Manual de Especificações de Produtos e de Procedimentos ABEF, 2aEdição, 282p; ALONSO, U.R (1983) – Exercícios de fundações. Edgard Blücher, 201p; CALAVERA, J (2002) Cálculo de Estructuras de Cimentacíon – 4ª Edição, Intemac; HACHICH, E et al. (2000) – FUNDAÇÕES: TEORIA E PRÁTICA, 2a Edição, São Paulo, Pine, 751p; HENRIQUE, M; BOTELHO, C (2000) Concreto armado – eu te amo, Edgard Blücher ltda, 362p; NOBREGA, P (2002) Fundações – Notas de Aula 27p; SCHNAID, F.(2000) – ENSAIOS DE CAMPO e suas aplicações à Engenharia de Fundações; ROCHA, AM (1987) – Concreto armado V. III. Nobel, 342p;
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