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1 Aula 04a – Blocos e Sapatas (corridas e isoladas) Prof.Dr. Paulo Márcio Fernandes Viana Introdução O elemento estrutural de fundação tem como principal função transmitir, em totalidade, os esforços provenientes da superestrutura para o solo. Considerando que a rigidez do solo, na maioria dos casos, é muito inferior a rigidez da subestrutura, a subestrutura age como um “transmissor” de cargas, devendo esta suportar convenientemente e distribuir corretamente os carregamentos atuantes sobre ela (Figura 1). Figura 1. Principal papel da subestrutura Deve-se ainda considerar que, em uma estrutura de concreto armado, as peças de concreto possuem um volume considerável com relação ao volume das outras peças da estrutura (madeira, aço, etc), desta forma, fazem com que a maioria do peso considera-se proveniente das peças de concreto. Essas peças são geralmente armadas, daí a nomenclatura “concreto armado”. A armadura possui a finalidade principal de resistir os esforços de tração desenvolvidos no concreto. Usualmente utilizam-se concretos com até fck = 25 MPa (28 dias) pelo fato de não ser economicamente interessante utilizar-se de resistências maiores. Entretanto, Estrutura de Fundação (Subestrutura) (Superestrutura) Maciço de Solo Envolvente 2 considerando obras especiais assentes sobre solos moles pode-se se utilizar concreto com resistência superior (Calavera, 2002) Além dos carregamentos provenientes da superestrutura deve-se considerar a interação solo-estrutura nos cálculos das subestruturas, principalmente pelo fato de as deformações que ocorrem na estrutura modificam interativamente os carregamentos sobre ela. Pelo fato da dificuldade de uma quantificação realística e por vezes dispendiosa e exaustiva das deformações do sistema solo-estrutura faz-se por vezes aproximações empíricas ou semi- empíricas através de formulações baseadas em modelos, experimentos de laboratório e métodos aproximativos. Ainda, deve-se considerar que as estruturas de fundação (subestrutura) são altamente hiperestáticas e seu cálculo preciso e realístico torna-se muito complexo. Considerando isso, o projetista de “Estrutura de Fundação” deve ser prudente, rigoroso e criterioso com a utilização de métodos de cálculo, principalmente se considerarmos que pelo fato da estrutura estar “enterrada” não há como verificar o surgimento de “trincas” ou “deformações excessivas”, fato que constitui um sistema de aviso comum das estruturas de concreto armado da superestrutura (Lajes, Vigas, Pilares, etc). Ainda, deve-se considerar a durabilidade das peças da subestrutura, além da correta seleção dos materiais e também a respeito da execução das peças. No Brasil, recomenda-se o uso do Manual de Especificação de Produtos e Procedimentos da ABEF (Associação Brasileira de Empresas de Engenharia de Fundações e Geotecnia), Além das normas de referência ABNT/NBR 6118 (2003), 6122 (1996), 12655 (1996). Peças da Subestrutura A subestrutura constitui-se das peças estruturais que estão em contato com o solo e que são responsáveis pela transmissão dos esforços. Podem-se dividir as peças da subestrutura em dois grupos: estruturas superficiais e profundas. 3 Estruturas Superficiais – Fundações Superficiais Quando o solo resistente estiver próximo à superfície as fundações são denominadas “fundações superficiais”, quais sejam: sapatas isoladas, associadas, de divisa, contínua, radier, vigas de ligação e estruturas compostas (ex. estruturas de contenção) Figura 2. Figura 2. Tipos de estrutura superficiais. Estruturas Profundas – Fundações Profundas Quando o solo resistente não se encontra próximo à superfície as estruturas são denominadas fundações profundas. São exemplos: Brocas, Estacas pré-moldadas, estacas raiz, escavada, Tubulão, Estacas Franki, etc. A Figura 3 apresenta alguns exemplos. Figura 3. Exemplos de Fundações Profundas. Baldrame Bloco Estrutura Contenção Bloco 3 estacas Sapata Vigas Ligação Raiz Escavada strauss Tubulão 4 Conceitos básicos de concreto armado Prefixos e Símbolos Da – Deca = 10 d – Deci = 10-1 H – Hecto = 102 c – Centi = 10-2 K – Kilo = 103 m – Mili = 10-3 M – Mega = 106 - Micro = 10-6 G – Giga = 109 - Nano = 10-9 T – Tera = 1012 p – Pico = 10-12 P – Peta = 1015 f – Femto = 10-15 E – Hexa = 1018 a = Ato = 10-18 Unidades Nesta disciplina usualmente utilizam-se as unidades do Sistema Internacional, quais sejam: Comprimento Km dm cm mm m 1m 10-3 10 102 103 106 Área Km2 dm2 cm2 mm2 m2 1m2 10-6 102 104 106 1012 5 Volume km3 dm3 cm3 mm3 1m3 10-9 103 106 109 Força e Peso F = m.a (Força = massa x aceleração) 1N = 1 kg. m/s2 KN MN dyn 1N 10-3 10-6 105 Tensão = Força/Área 1 kPa = 1 kN/m2 = 0,1 tf/m2 = 100 kgf/m2 Peso específico (peso por volume) O peso específico de um material é a relação entre o peso e o volume de um material. A Massa específica é relação entre a massa e o volume de um material. Dois materiais de igual volume podem ter pesos específicos diferentes!. Peso específico = = Peso / volume (kN/m3) Massa específica = = Massa / volume (q/cm3) 6 Material Peso Específico (kN/m3) Solo 10-25 Concreto Armado 25 Ferro 72 Água 10 Exercício proposto. Qual o peso aproximado de uma amostra de solo com 5 cm de diâmetro e 12,5 cm de altura? E se fosse de concreto armado, ferro ou aço? Adotando o (solo) – Areia siltosa compacta 20 kN/m3 Cálculo da área A = .D2/4 = 3,14159 x 52/4 19,63 cm2 Cálculo do volume V = área x altura = 19,63 x 12,5 = 245,44 cm3 (0,00245 m3) Peso = P / V > P = . V = 20 kN/m3 x 0, 00245 m3 = 0,049 kN (0.0049 tf) Para os outros materiais... Concreto armado - Peso amostra 0,0613 kN Ferro – Peso da amostra 0,1764 kN Água – Peso da amostra 0,0245 kN 7 Peso por área (carregamento / carga acidental) Semelhante ao peso específico, se dividisse o peso do material pela área que este ocupa teremos o peso distribuído na respectiva área. Párea = Peso / área Exercícios propostos 01 - Uma sapata possui uma área de 4m2 e um peso de P 40 kN, qual será o Pa desta sapata? Pa = P/A = 40 kN/4m2 = 10 kN/m2 (10 kPa) 02 - Qual o peso por área (carregamento) que receberia uma laje de concreto armado se esta fosse coberta com ladrilho em uma área de 5,2 x 6,3 m? (adote Pa = 0,7 kN/m2) Resp.: 22,93 kN O Concreto armado A necessidade crescente de superar vãos cada vez maiores exerceu uma influência marcante no desenvolvimento do concreto armado. Nos primórdios, os vãos eram vencidos somente com pedras por meio de arcos, que resistiam bem aos esforços de compressão, entretanto muito pouco aos de tração. Com o passar do tempo e a necessidade de vencer maiores vãos surgiu o concreto armado que é um material composto por concreto (Cimento, Areia e água) e armadura capaz de suportar, quando bem dimensionadas tensões de compressão, flexão, tração e de cisalhamento de uma maneira segura e conveniente. Ao vencer os vãos, as peças de concreto (ex. vigas) são submetidas, geralmente, a esforços de tração na parte inferior e de compressão na parte superior. Os vãos serão limitados à 8máxima resistência a tração que a peça poderá resistir. Pelo fato do concreto resistir cerca de 10 vezes mais a compressão do que a tração, porque não inserir a amadura na parte inferior da peça para aumentar a resistência a tração e superar maiores vãos?. Esta foi a principal pergunta para concepção do conceito concreto armado (Henrique e Botelho, 2000). Logicamente, as peças de concreto armado que estão submetidas à tração na parte superior também devem ser armadas (ex. Apoios de vigas contínuas). Uma peça de concreto armado deve ser homogênea e solidária (o aço e o concreto devem ser projetados para trabalharem harmonicamente, de modo que não sejam solicitados com carregamentos inconvenientes) o aço deverá resistir e transmitir de uma maneira segura os esforços provenientes de tração e o concreto deverá resistir predominantemente os esforços de compressão, para garantir isto, as deformações do aço e do concreto deverão ser iguais. Bitola, Peso Linear e número de barras. Tabela 1. Tabela de cálculo dos pesos lineares, seção da armadura e n. de fios e barras. Bitola Nominal n. de fios Fios (mm) Barras (mm) (pol) Massa Linear (kg/m) perímetro (cm) 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 3,2 - - 0,06 1,00 0,08 0,16 0,24 0,32 0,40 0,48 0,56 0,64 0,72 0,80 4 - - 0,10 1,25 0,125 0,25 0,36 0,50 0,63 0,75 0,88 1,00 1,125 1,25 5 5 3/16 0,16 1,60 0,20 0,40 0,60 0,80 1,00 1,20 1,40 1,60 1,80 2,00 6,3 6,3 ¼ 0,25 2,00 0,315 0,63 0,95 1,26 1,58 1,89 2,21 2,52 2,84 3,15 8 8 5/16 0,40 2,50 0,50 1,00 1,50 2,00 2,50 3,00 3,50 4,00 4,50 5,00 10 10 3/8 0,63 3,15 0,80 1,60 2,40 3,20 4,00 4,80 5,60 6,40 7,20 8,00 - 12,5 ½ 1,00 4,00 1,25 2,50 3,75 5,00 6,25 7,50 8,75 10,0 11,25 12,50 - 16 5/8 1,60 5,00 2,00 4,00 6,00 8,00 10,0 12,0 14,0 16,0 18,0 20,0 - 20 ¾ 2,50 6,30 3,15 6,30 9,45 12,6 15,75 18,9 22,05 25,2 28,35 31,50 - 22 7/8 3,05 6,90 3,80 7,60 11,4 15,2 19,0 22,8 26,6 30,4 34,2 38,0 - 25 1 4,00 8,00 5,00 10,0 15,0 20,0 25,0 30,0 35,0 40,0 45,0 50,0 - 32 11/4 6,30 10,00 8,00 16,0 24,0 32,0 40,0 48,0 56,0 64,0 72,0 80,0 9 Tabela 2 – Valores de Asw/s para estribos de dois ramos (em cm2/m). Espaçamento (cm) Diâmetro (mm) 6,3 8 10 12,5 5 12,68 - - - 6 10,60 16,50 23,80 42,20 7 9,05 14,10 20,40 36,20 8 7,92 12,40 17,80 31,70 9 7,04 11,00 15,80 28,20 10 6,33 9,90 14,30 25,30 11 5,76 9,00 13,00 23,00 12 5,28 8,25 11,90 21,10 13 4,87 7,61 11,00 19,50 14 4,52 7,07 10,20 18,10 15 4,22 6,60 9,50 16,90 16 3,96 6,19 8,91 15,80 17 3,73 5,82 8,38 14,90 18 3,52 5,50 7,92 14,10 19 3,33 5,21 7,50 13,30 20 3,17 4,95 7,13 12,70 25 2,53 3,96 5,70 10,10 30 2,11 3,30 4,75 8,45 35 1,81 2,83 4,07 7,24 Tensão A Tensão é a relação existente entre força / área. A tensão pode ser de compressão, cisalhamento ou de tração. Por exemplo, imagine um corpo submetido às condições abaixo. a) Compressão (c = 200/2 = 100 kN/m2) b) Tração (t = 100/0,5 = 200 kN/m2) A = 2m2 F = 200 kN F = 100 kN A = 0,5 m2 10 c) Cisalhamento ( = 40/(2x4E-4) = 50.000 kN/m2) O que vem a ser tensão de ruptura e tensão admissível? Tensão de ruptura – Situação limite de ruína. Os materiais, tais como o aço ou concreto, podem apresentar valores inadmissíveis abaixo da tensão de ruptura, como por exemplo, a tensão de escoamento do aço e (deformações excessivas) < r, desta forma, deve-se considerar como tensão limite para o cálculo da tensão de trabalho a tensão de escoamento e não a tensão de ruptura!. Pode-se se entender por ruína... a) A paralisação total da estrutura, onde se atinge o ELU – Estado Limite de Utilização, pode ocorrer por Compressão (esmagamento), Tração (ruptura) ou Cisalhamento (Corte) ou ainda a associação de tensões. b) A paralisação parcial ou total da estrutura, onde se atinge o ELUt – Estado Limite de Utilização ocasionando avarias nos elementos estruturais (trincas, recalques, deformações excessivas, etc) Valores aproximados para o concreto simples e aço CA50A. Tensão de ruptura a compressão do concreto cr 15 Mpa (15000 kN/m2) Aparafuso = 4E-4 m2 F = 40 kN F = 40 kN 11 Tensão de ruptura a tração do concreto tr 1,5 Mpa (1500 kN/m2) ( 1/10 cr) Tensão de cisalhamento do aço r 250 Mpa (250000 kN/m2) Tensão Admissível – Situação de trabalho (esta longe da ruptura). É a tensão limite dividida pelo fator de segurança. adm = limite / FS Exemplo. A tensão de ruptura do solo, calculada pela formulação do Terzaghi foi de 0,5 Mpa, utilizando um FS = 3.0 qual será a tensão admissível? adm = 0,5/3 = 0,17 Mpa (170 kN/m2) Tensão Característica – Valor característico de tensão onde 5% das amostas (valores) são menores do que eles. O Fator de Segurança (Coeficiente de Segurança – Majoração e Minoração) Porque para o concreto adotamos um coeficiente de segurança maior do que o aço? O processo de fabricação do concreto pode ser muitas vezes inferior ao processo de fabricação e controle do aço. Este, por ser fabricado em usinas sob rigoroso acompanhamento, tanto da matéria prima quanto do processo credita maior confiança do que o concreto, que muitas vezes é fabricado na própria obra em situações não tão severas que conduzem a uma maior desconfiança da resistência agregada no composto. No caso do aço, onde a confiança na 12 qualidade do produto é maior o coeficiente de segurança é menor e no concreto, onde possui menor segurança maior. Valores do coeficiente de segurança c – Fator de minoração da resistência do concreto Normais = 1,4; Especiais ou de construção = 1,2; Excepcionais = 1,2. s – Fator de minoração da resistência do aço Normais = 1,15; Especiais ou de construção = 1,15; Excepcionais = 1,0. Desta forma: fck – resistência do concreto a compressão fcd = fck/c – Resistência de cálculo (kN/m2) fyk – Resistência a tração do aço fyd = fyk/s – Resistência de cálculo (kN/m2) Majoração das cargas Sd = f. Sk (Solicitação de cálculo = Coef. Majoração x Solicitação Característica Sk) O Coeficiente de majoração do carregamento f varia de 1-3 (verificar tipo de estrutura) (Consultar NBR6118). O Módulo de elasticidade “Quando não forem feitos ensaios e não existirem dados mais precisos sobre o concreto usado na idade de 28 d, pode-se estimar o 13 valor do módulo de elasticidade usando a expressão: fckE 5600 (MPa)” (ABNT/NBR 6118, item 8.2.8) Exercício proposto 01) Considere um caixa dágua com base em concreto armado apoiada sob um pilar de diâmetro D = 1m, qual será a máxima carga de compressão que poderá ocorrer sem romper o pilar? Dados fck = 20 Mpa. Desconsidere os efeitos da flambagem. Resolução Apilar = 0,785 m2 fcd = fck/c = 20/1, 4 14,28 Mpa (14280 kN/m2 = 14280 kPa) Sd = fcd. A = 14280 kPa x 0.785 m2 = 11210 kN – Máxima carga que poderia atuar, mas qual será o valor da carga característica? Minorando os esforços… (adotando um f (vide norma) = 1.4) Sk = Sd / f = 11210 / 1,4 = 8007 kN. 02) Refaça o exercício com um valor de fck = 18 Mpa, qual seria o valor da carga característica? 14 Elementos estruturais isolados - Blocose Sapatas (distribuída e isolada) Os blocos e as sapatas são elementos estruturais isolados - EEI (estrutura tridimensional) com dimensões na mesma ordem de grandeza. Segundo Andrade (1986) devido a as condições de fissuração e heterogeneidade pode-se utilizar métodos de cálculo contextualizados. Blocos Os blocos geralmente são utilizados para pequenos carregamentos (P ≤ 500 kN). São elementos de elevada rigidez que podem ser executados com concreto simples ou ciclópico. Os blocos são dimensionados para absorver as tensões de tração desenvolvidas no seu interior. A Figura 4 apresenta a configuração típica de um bloco de fundação. Figura 4. Configuração típica de um bloco de fundação. 1tan tadm adm 1.0 tan 2 aAH 2.0 H0 A B a b A a H N 15 Exercício. Dimensionar um bloco de fundação com fck = 20 MPa para suportar uma carga de 900 kN aplicada por um pilar de 25x35 cm. Considere que o bloco esteja apoiado em um solo com adm = 0,3 MPa. Desconsidere o peso do bloco – G. (solução em sala). Obs.: Para muito pequenos o bloco pode flexionar, neste caso, é necessário armaduras. EEI com chama-se sapatas. A tensão de tração admissível no concreto pode ser admitida 0,03 fck. Sapatas As sapatas são estruturas de concreto armado que estão sujeitas a esforços de flexão devido à pequena relação entre a sua altura H e a sua base B (. Basicamente são do tipo: (a) isolada, (b) contínua, (c) associada e (d) de divisa. A sapata isolada (a) é assim conhecida por receber somente um pilar o qual aplica sobre ela um carregamento concentrado com ou sem excentricidade, a contínua (b) se caracteriza por receber um carregamento distribuído ao longo do seu comprimento, a associada (c) é caracterizada por receber dois ou mais pilares (dois ou mais carregamentos concentrados sobre ela) e finalmente, a de divisa (d) quando o pilar está na divisa, o que gera uma excentricidade no carregamento sendo necessária uma viga de equilíbrio, a qual, também faz parte da subestrutura. A Figura 5 exemplifica. 16 Figura 5. Tipos de Sapatas. Considerando os objetivos específicos da disciplina serão abordados neste tópico somente o calculo estrutural de sapatas rígidas (cálculo das armaduras), ainda será contemplado o dimensionamento geométrico. Em relação à rigidez da sapata têm-se: a) d (A-a)/4 (Sapata rígida) ou HC 0,25,1 b) Se d < (A-a)/4 (Sapata flexível) ou HC 0,25,1 Onde: H – Altura da sapata; A – Maior dimensão da sapata; a – Maior dimensão do pilar; C – Comprimento da aba. (a) (b) (c) (d) 17 O quadro abaixo ilustra a distribuição de tensões e recalques típicos na base de sapatas (rígidas e flexíveis) assentes em solos moles, compactos e muito rígidos (rocha). Observe neste quadro que as tensões de tração são inexistentes. Ainda, a forma da distribuição das tensões na base da sapata depende de uma série de fatores como: a rigidez do solo, da sapata, a intensidade do carregamento, a profundidade de assentamento e o tempo). Quadro 1. Distribuição de tensões e recalques típicos na base de sapatas Sapata Solo Rígida Flexível Mole CB CB rr CB CB rr Compacto CB CB rr CB CB rr Rocha CB CB rr 0 N N N N N N 18 O dimensionamento econômico preconiza que as abas tenham a mesma dimensão, portanto ter-se-ia a seguinte relação A-B = a-b e A.B = Área. O resultado de A e B são as raízes do sistema. Para sapata corrida utiliza-se uma faixa unitária. Alonso (1983), Andrade (1986), Fusco (1995) e Calavera J, (2002) indicam alguns valores característicos de uma sapata rígida, características: Figura 6. Características geométricas de uma sapata corrida e isolada. Segundo Andrade (1986) “algumas considerações são importantes em relação ao processo executivo: A a B b d H ≤300 h0 A A´ Corte A-A´ A a C Faixa unitária A 19 a) Sapatas de altura constante geralmente são especificadas para pequenas dimensões ou que necessitam de um grande volume para aumentar o peso próprio; b) Considerando sapatas com altura variável, normalmente têm-se economia de concreto e ainda não de pode especificar um muito grande para não complicar a concretagem. Neste caso, as formas podem ser mais complicadas; c) A posição da viga baldrame (acima da sapata, no mesmo nível ou em nível intermediário) é uma função da altura da sapata, da altura do baldrame, da facilidade ou na de execução de formas e concretagem, da profundidade de assentamento da sapata, presença de água subterrânea, alteração nas cargas e de desníveis do solo; d) É recomendável um folga de 2,5 cm na mesa para apoio e vedação da forma do pilar; e) O cálculo de sapatas com pilares de seção irregular é feito normalmente considerando a coincidência do CGsapata com CCpilar; f) Todas as dimensões da sapata devem ser superiores a 60 cm; g) É recomendável que a relação entre A/B 2,5. h) Andrade (1986) ainda recomenda que: Para juntas de concretagem: Normal Com colarinho, com (utiliza gancho) ou sem viga baldrame Lancor. A A Lancor. Colarinho. 20 O gancho pode ser utilizado na extremidade somente para armaduras tracionadas. O comprimento das barras deve ser tal que permita a emenda por transpasse. Sapata Corrida e Isolada O dimensionamento geométrico e estrutural da sapata (corrida ou isolada) é basicamente o mesmo e pode ser realizado utilizando-se do método das bielas comprimidas. Segundo Fusco (1995) e Andrade (1986) o dimensionamento é feito como se seque: Figura 7. Bielas comprimidas. Separando um elemento infinitesimal têm-se: Com isso pode-se ter: Tração Compressão Bielas Comprimidas N d0 x dT dN Elemento Infinitesimal dC dx 21 H x dN dT dx A NdN (1.0) Desta forma: 2/ 22 28.. .. . . A x xA HA N HA dxxNT dx HA xNdT (2.0) Sabendo que: aA dAH d aA H A .22 (3.0) Substituindo na equação anterior... 8 4 . )( 22 2 xA Ad aANT (4.0) O máximo valor de T será em x = 0. d aANT 8 )( (5.0) Alonso (1983), Andrade (1986), Fusco (1995) e Calavera J, (2002) indicam alguns valores característicos de uma sapata rígida, características: 22 Figura 06 – Características geométricas da sapata rígida (corrida ou isolada) Em virtude da variedade de códigos serão utilizadas as seguintes relações: a) b) H = d + 5cm c) Esforço de tração máximo Onde: Si = carregamento do pilar A a B b d h <300 h0 c C´ Corte c-c´ A a 96,1 85,044,1 4 4 fckP bB aA d a a d bBSiT d aASiT y x 8 )( 8 )( 23 d) ArmaduraEste método é considerado pelos autores como o método de cálculo mais simples, além deste, o cálculo pode ser realizado pelo critério da ACI-318/63 e/ou EUROCÓDIGO ou ainda considerando a sapata como flexível. Estes cálculos, além da verificação ao puncionamento (não é necessário para sapatas rígidas) e cisalhamento (NBR 6118), podem ser vistos em Alonso (1983), Fusco (1995) e Calavera (2002). Detalhamento – Deve-se considerar no detalhamento: Cobrimento mínimo c = 3cm H0 (15 ou H/3) (segundo Fusco (1995)) A – Maior dimensão da sapata 60-70 cm. Armadura de ligação p/ pilar (transpasse) – comprimento Lbc 30 Armadura mínima 12,5 c/20. Verificações com relação a flexo-compressão W M A N mínMáx , Em que: N = carga do pilar (kN), Área = A x B, M = Momento atuante (kNxm), Momento Resistente W = I/c = (BxA3/12)/(A/2)= BxA2/6, em que B – Menor lado e A – Maior lado. fyk T A fyk TA y sy x sx 61,1 61,1 24 a) Limitação da tensão máxima; SMáx 3,1 - Tensão de borda máxima 0Mín - Tensão de borda mínima 2/)( MínMáxS b) Solicitação oblíqua Somente cargas permanentes. Area NkP . (k – ábacos) 6 1)()( . .3,1 6 1 22 B e A e BA NP P B e A e GyGx admm admmáx GyGx Para áreas parcialmente comprimidas consultar Montoya (1979). c) Tombamento (FS ≥ 2.0) d) Deslizamento (FS ≥ 1.5) e) Verificação da biela mais comprimida ( = 0) fcd d aA A P cmáx .4 )(1 2 0 - Sapata corrida fcd d bBaA ba P cmáx . .) 1 1(4 )()(1 .. 2 0 2 22 - Sapata isolada )( . 0 aA dAd 25 b B a A f) Aderência .. 1 .2 ndA aAPd bd 3 274,0 fcdbu (Mpa). Onde.: n = número de barras e = diâmetro das barras. Exercício Dimensionar uma sapata para um pilar de seção 30x30 cm com carga igual a N = 1000 kN. Considerar a adm = 0,3 Mpa. Considere My = 200 kN.m.
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