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DESAPROPRIAÇÃO 1. Conceito: “Desapropriação ou expropriação é a transferência compulsória da propriedade particular (ou pública de entidade de grau inferior para a superior) para o Poder Público ou seus delegados, por utilidade ou necessidade pública ou, ainda, por interesse social, mediante prévia e justa indenização em dinheiro (CF, art. 5º, XXIV), salvo as exceções constitucionais de pagamento em títulos da dívida pública de emissão previamente aprovada pelo Senado Federal, no caso de área urbana não edificada, subutilizada ou não utilizada (CF, art. 182, § 4º, III), e de pagamento em títulos da dívida agrária, no caso de Reforma Agrária, por interesse social (CF, art. 184)” (Hely, p. 569). “procedimento administrativo pelo qual o Estado transforma compulsoriamente bem de terceiro em propriedade pública, com fundamento na necessidade pública, utilidade pública ou interesse social, pagando indenização prévia, justa e, como regra em dinheiro” (Mazza, p. 558). 2. Fundamentos Jurídico-políticos: a) Domínio eminente que o Estado exerce sobre todos os bens situados em seu território; b) Supremacia do interesse público sobre o privado; c) Necessidade que todo imóvel atenda à função social da propriedade. 3. Competência para legislar sobre desapropriação: União (Art. 22, II da CF). 4. Competência para desapropriar (declarar a utilidade pública, a necessidade pública e o interesse social): União, Estados, Distrito Federal e Municípios. 5. Competência para promover a desapropriação (executar atos materiais e concretos de transformação de bem privado em público): União, Estados, Distrito Federal, Municípios, Territórios, autarquias, concessionárias, permissionárias de serviços públicos. 6. Base Constitucional: Art. 5º, XXIV: - a lei estabelecerá o procedimento para desapropriação por necessidade ou utilidade pública, ou por interesse social, mediante justa e prévia indenização em dinheiro, ressalvados os casos previstos nesta Constituição; Art. 22, II; art. 182, § 4º, III; art. 184; art. 182, § 5º; art. 185 e art. 243. 7. Normatização Infraconstitucional (as mais importantes): a) Decreto-Lei nº. 3.365/41 – Lei Geral das Desapropriações; b) Lei nº. 4.132/62 – Desapropriação por interesse social; c) Lei nº. 8.629/93 – Referente à reforma agrária. 8. Analise do conceito de desapropriação: a) Procedimento administrativo: “A desapropriação opera-se em procedimento administrativo bifásico: a fase declaratória, com a indicação do bem, da necessidade, da utilidade pública ou do interesse social a ser alcançado, seja por lei ou decreto; a fase executória, com a estimativa da justa indenização e a consolidação da transferência do domínio para o Poder expropriante” (Elias Rosa, p. 113) b) Pelo qual o Estado transforma compulsoriamente: - Modo imperativo, forçoso e unilateral. “(...) a desapropriação só pode ser iniciada pelo Estado, que tem competência exclusiva para expedir o decreto expropriatório, mas concessionários e permissionários também podem realizar atos materiais de cooperação com o Estado durante o procedimento da desapropriação” (Mazza, p. 559). c) Bem de terceiro em propriedade pública: - Regra: pode alcançar todos os bens; - A desapropriação altera em definitivo a propriedade do bem; d) Com fundamento na necessidade pública, utilidade pública e interesse social: - necessidade publica: emergencial; - utilidade pública: conveniente; - interesse social: função social da propriedade. e) pagando indenização prévia, justa e, como regra, em dinheiro: - a perda da propriedade é compensada pelo pagamento de indenização ao proprietário anterior; - há também previsão de pagamento em títulos da dívida, em caso de reforma agrária e política urbana. 9. Forma originária de aquisição da propriedade: “A desapropriação é forma originária de aquisição da propriedade, porque não provém de nenhum título anterior, e, por isso, o bem expropriado torna-se insuscetível de reivindicação e libera-se de quaisquer ônus que sobre ele incidissem precedentemente, ficando os eventuais credores sub-rogados no preço” (Hely, p. 570). 10. Fundamentos normativos da desapropriação: 10.1 Necessidade pública: “a necessidade pública surge quando a Administração defronta situações de emergência, que, para serem resolvidas satisfatoriamente, exigem a transferência urgente de bens de terceiros para o seu domínio e uso imediato” (Hely, p. 577). - Hipóteses: segurança nacional, defesa do Estado e socorro público em caso de calamidade (art. 5º, a, b e c do Decreto-Lei nº. 3.365/41); “o pedido de imissão provisória na posse é indispensável para fazer frente à urgência da situação concreta”. 10.2 Utilidade Pública: “a utilidade pública apresenta-se quando a transferência de bens de terceiros para a Administração é conveniente, embora não seja imprescindível” (Hely, p. 577). “Enquanto na necessidade pública a desapropriação é a única solução administrativa para resolver determinado problema, na utilidade pública a desapropriação se apresenta como a melhor solução” (Mazza, p. 562). “No âmbito da legislação ordinária, o direito positivo atual define os casos de utilidade pública e interesse social, não mais mencionando as hipóteses de necessidade pública (....); estas últimas foram enquadradas entre as de utilidade pública. Em síntese, o Decreto-lei nº 3.365/91 fundiu em uma só categoria – utilidade pública – os casos de necessidade pública e utilidade pública indicados no referido dispositivo do Código Civil” (Di Pietro, p. 171). Art. 5 o Consideram-se casos de utilidade pública: a) a segurança nacional; b) a defesa do Estado; c) o socorro público em caso de calamidade; d) a salubridade pública; e) a criação e melhoramento de centros de população, seu abastecimento regular de meios de subsistência; f) o aproveitamento industrial das minas e das jazidas minerais, das águas e da energia hidráulica; g) a assistência pública, as obras de higiene e decoração, casas de saude, clínicas, estações de clima e fontes medicinais; h) a exploração ou a conservação dos serviços públicos; i) a abertura, conservação e melhoramento de vias ou logradouros públicos; a execução de planos de urbanização; o parcelamento do solo, com ou sem edificação, para sua melhor utilização econômica, higiênica ou estética; a construção ou ampliação de distritos industriais; (Redação dada pela Lei nº 9.785, de 1999) j) o funcionamento dos meios de transporte coletivo; k) a preservação e conservação dos monumentos históricos e artísticos, isolados ou integrados em conjuntos urbanos ou rurais, bem como as medidas necessárias a manter- lhes e realçar-lhes os aspectos mais valiosos ou característicos e, ainda, a proteção de paisagens e locais particularmente dotados pela natureza; l) a preservação e a conservação adequada de arquivos, documentos e outros bens moveis de valor histórico ou artístico; m) a construção de edifícios públicos, monumentos comemorativos e cemitérios; n) a criação de estádios, aeródromos ou campos de pouso para aeronaves; o) a reedição ou divulgação de obra ou invento de natureza científica, artística ou literária; p) os demais casos previstos por leis especiais. 10.3 Interesse social: Art. 1º da Lei nº. 4.132/62: A desapropriação por interesse social será decretada para promover a justa distribuição da propriedade ou condicionar o seu uso ao bem estar social, na formado art. 147 da Constituição Federal. - caráter sancionatório por descumprimento da função social da propriedade; - exclusivamente relacionado a bens imóveis; - os bens expropriados não são destinados à Administração Pública, mas, sim, à coletividade ou a determinados destinatários definidos; “o interesse social ocorre quando as circunstâncias impõem a distribuição ou o condicionamento da propriedade para seu melhor aproveitamento, utilização ou produtividade em benefício da coletividade ou de categorias sociais merecedoras de amparo específico do Poder Público” (Hely, p. 578). - interesse social: desapropriações para política urbana (art. 182, § 4º, III, da CF) e reforma agrária (art. 184, da CF). Art. 182. A política de desenvolvimento urbano, executada pelo Poder Público municipal, conforme diretrizes gerais fixadas em lei, tem por objetivo ordenar o pleno desenvolvimento das funções sociais da cidade e garantir o bem- estar de seus habitantes. (...) § 4º - É facultado ao Poder Público municipal, mediante lei específica para área incluída no plano diretor, exigir, nos termos da lei federal, do proprietário do solo urbano não edificado, subutilizado ou não utilizado, que promova seu adequado aproveitamento, sob pena, sucessivamente, de: (...) III - desapropriação com pagamento mediante títulos da dívida pública de emissão previamente aprovada pelo Senado Federal, com prazo de resgate de até dez anos, em parcelas anuais, iguais e sucessivas, assegurados o valor real da indenização e os juros legais. - Ver art. 2º da Lei nº. 4.132/62 (hipóteses de interesse social para fins de desapropriação). 11. Objeto da desapropriação: - qualquer tipo de bem (móvel e imóvel) ou direito; -destaque: bens imóveis (maior freqüência); bens móveis (quadro, por exemplo); semoventes; posse; usufruto; domínio útil; subsolo; espaço aéreo; águas; ações de determinada empresa; bens públicos, cadáveres, etc. 11.1 Exceções (não pode ser objeto de desapropriação): - dinheiro (exceto, uma cédula rara, sem função monetária); direitos personalíssimos (vida, liberdade, honra, etc); pessoas; órgãos humanos; bens móveis livremente encontrados no mercado (do contrário, violaria o dever de licitação). -desapropriação para fins de reforma agrária não pode recair: a) bens móveis; b) bens imóveis urbanos; c) imóveis rurais produtivos e d) a pequena e média propriedade rural, assim definida em lei, desde que seu proprietário não possua outra (art. 185, I, da CF). -desapropriação para política urbana não pode recair: a) bens móveis e b) imóveis rurais. - desapropriações de bens públicos: só é permitida quando realizada de cima para baixo. “O Estado não pode desapropriar bens públicos federais, somente municipais” (Mazza, p. 566/567). - Art. 2º, § 3º do Decreto-Lei nº. 3.365/41: § 3º É vedada a desapropriação, pelos Estados, Distrito Federal, Territórios e Municípios de ações, cotas e direitos representativos do capital de instituições e empresas cujo funcionamento dependa de autorização do Governo Federal e se subordine à sua fiscalização, salvo mediante prévia autorização, por decreto do Presidente da República. 12. Espécies de desapropriação: 12.1 Desapropriação para reforma agrária (art. 184, CF): - Competência exclusiva da UNIÃO; - Natureza: Sancionatória (punição) para o imóvel que desatender a função social da propriedade rural; - Art. 2º, § 1º do Estatuto da Terra (Lei nº. 4.504/64): Art. 2° É assegurada a todos a oportunidade de acesso à propriedade da terra, condicionada pela sua função social, na forma prevista nesta Lei. § 1° A propriedade da terra desempenha integralmente a sua função social quando, simultaneamente: a) favorece o bem-estar dos proprietários e dos trabalhadores que nela labutam, assim como de suas famílias; b) mantém níveis satisfatórios de produtividade; c) assegura a conservação dos recursos naturais; e) observa as disposições legais que regulam as justas relações de trabalho entre os que a possuem e a cultivem. CF, Art. 186: Art. 186. A função social é cumprida quando a propriedade rural atende, simultaneamente, segundo critérios e graus de exigência estabelecidos em lei, aos seguintes requisitos: I - aproveitamento racional e adequado; II - utilização adequada dos recursos naturais disponíveis e preservação do meio ambiente; III - observância das disposições que regulam as relações de trabalho; IV - exploração que favoreça o bem-estar dos proprietários e dos trabalhadores. - Indenização: prévia e justa, em TÍTULO DA DÍVIDA AGRÁRIA (TDAs), com cláusula de preservação do valor real, resgatáveis no prazo de até 20 anos, a partir do segundo ano de sua emissão; - Indenização de benfeitorias úteis e necessárias (inclusive cultura e pastagens artificiais): Em dinheiro (art. 184, § 1º, CF); “Nessa parte, o procedimento expropriatório obedecerá à regra geral, exigindo que o expropriante ofereça o preço inicialmente, deposite em juízo se quiser a imissão provisória na posse e só obtenha a transferência das benfeitorias com o pagamento integral da indenização (Carvalho Filho, p. 883). -Indenização de benfeitorias voluptuárias: Titulo da Dívida Agrária; - CF, Art. 184, § 5º: § 5º - São isentas de impostos federais, estaduais e municipais as operações de transferência de imóveis desapropriados para fins de reforma agrária. - Art. 185, CF - bens insusceptíveis de reforma agrária: a) pequena e média propriedade rural, desde que o dono não possua outra: Lei nº. 8.629/93 – Art. 4º Para os efeitos desta lei, conceituam-se: I - Imóvel Rural - o prédio rústico de área contínua, qualquer que seja a sua localização, que se destine ou possa se destinar à exploração agrícola, pecuária, extrativa vegetal, florestal ou agro-industrial; II - Pequena Propriedade - o imóvel rural: a) de área compreendida entre 1 (um) e 4 (quatro) módulos fiscais; b) (Vetado) c) (Vetado) III - Média Propriedade - o imóvel rural: a) de área superior a 4 (quatro) e até 15 (quinze) módulos fiscais; b) (Vetado) Parágrafo único. São insuscetíveis de desapropriação para fins de reforma agrária a pequena e a média propriedade rural, desde que o seu proprietário não possua outra propriedade rural. - Acima de 15 módulos rurais, trata-se de grande propriedade rural; b) propriedade produtiva: Lei nº. 8.629/93 - Art. 6º Considera-se propriedade produtiva aquela que, explorada econômica e racionalmente, atinge, simultaneamente, graus de utilização da terra e de eficiência na exploração, segundo índices fixados pelo órgão federal competente. 12.1.1 Procedimento da desapropriação rural : LC nº. 76/93. “Importantíssimo salientar que os Estados , Distrito Federal e Municípios podem desapropriar imóveis rurais com fundamento em necessidade pública ou utilidade pública” (Mazza, p. 568). 12.2 Desapropriação para política urbana (art. 182, § 4º, III, da CF): Art. 182. A política de desenvolvimento urbano, executada pelo Poder Público municipal, conforme diretrizes gerais fixadas em lei, tem por objetivo ordenar o pleno desenvolvimento das funções sociais da cidade e garantir o bem- estar de seus habitantes. § 1º - O plano diretor, aprovado pela Câmara Municipal, obrigatório para cidades com mais de vinte mil habitantes, é o instrumento básico da política de desenvolvimento e de expansão urbana. § 2º - A propriedade urbana cumpre sua função social quando atende às exigências fundamentais de ordenação da cidade expressas no plano diretor.§ 3º - As desapropriações de imóveis urbanos serão feitas com prévia e justa indenização em dinheiro. § 4º - É facultado ao Poder Público municipal, mediante lei específica para área incluída no plano diretor, exigir, nos termos da lei federal, do proprietário do solo urbano não edificado, subutilizado ou não utilizado, que promova seu adequado aproveitamento, sob pena, sucessivamente, de: I - parcelamento ou edificação compulsórios; II - imposto sobre a propriedade predial e territorial urbana progressivo no tempo; III - desapropriação com pagamento mediante títulos da dívida pública de emissão previamente aprovada pelo Senado Federal, com prazo de resgate de até dez anos, em parcelas anuais, iguais e sucessivas, assegurados o valor real da indenização e os juros legais. - Competência exclusiva: Municípios; - Finalidade: Sancionatória (recaem sobre imóveis urbanos que desatendem sua função social – art. 182, § 2º, CF); - Pressuposto: “(...) descumprimento, pelo proprietário, da obrigação urbanística de aproveitamento do imóvel em conformidade com o que tiver sido estipulado no plano diretor” (Carvalho Filho, p. 892). - Obrigatoriedade do Plano Diretor: Art. 41 da Lei nº. 10.257/01 - Indenização: Títulos da Dívida Pública com prazo de resgate de até 10 anos; - A desapropriação somente se efetivará após três providências sucessivas e infrutíferas na tentativa de forçar o uso adequado do imóvel: a) exigência de promoção do adequado aproveitamento; b) ordem de parcelamento, utilização ou edificação compulsória; cobrança de IPTU progressivo no tempo durante 5 anos, observada a alíquota máxima de 15%; - É nulo de pleno direito o ato de desapropriação de imóvel urbano expedido sem o atendimento do disposto no § 3º do art. 182 da CF (prévio depósito judicial do valor da indenização). 12.3 Desapropriação de Bens Públicos: Art. 2 o Mediante declaração de utilidade pública, todos os bens poderão ser desapropriados pela União, pelos Estados, Municípios, Distrito Federal e Territórios. § 2 o Os bens do domínio dos Estados, Municípios, Distrito Federal e Territórios poderão ser desapropriados pela União, e os dos Municípios pelos Estados, mas, em qualquer caso, ao ato deverá preceder autorização legislativa. § 3º É vedada a desapropriação, pelos Estados, Distrito Federal, Territórios e Municípios de ações, cotas e direitos representativos do capital de instituições e emprêsas cujo funcionamento dependa de autorização do Govêrno Federal e se subordine à sua fiscalização, salvo mediante prévia autorização, por decreto do Presidente da República. (Incluído pelo Decreto-lei nº 856, de 1969) “Os bens públicos são passíveis de desapropriação pelas entidades estatais superiores desde que haja autorização legislativa para o ato expropriatório e se observe a hierarquia política entre estas entidades” (Hely, p. 572). “Assim, Estados não desapropriam bens federais, bem como Municípios e o Distrito Federal não podem desapropriar bens públicos de nenhuma natureza” (Mazza, p. 572). 12.4 Desapropriação indireta: “(...) é o fato administrativo pelo qual o Estado se apropria de bem particular, sem observância dos requisitos da declaração e da indenização prévia. (...). Trata-se de situação que causa tamanho repúdio que, como regra, os estudiosos a têm considerado verdadeiro esbulho possessório” (Carvalho Filho, p. 859). “Ao proprietário prejudicado pela medida resta a propositura de ação judicial de indenização por desapropriação indireta” (Mazza, p. 572). 12.5 Desapropriação por zona: - DL nº. 3.365/41: Art. 4 o A desapropriação poderá abranger a área contígua necessária ao desenvolvimento da obra a que se destina, e as zonas que se valorizarem extraordinariamente, em consequência da realização do serviço. Em qualquer caso, a declaração de utilidade pública deverá compreendê-las, mencionando-se quais as indispensáveis à continuação da obra e as que se destinam à revenda. “É aquela desapropriação que abrange áreas contíguas necessárias ao desenvolvimento da obra realizada pelo Poder Público e as zonas que vierem a sofrer valorização extraordinária em decorrência da mesma obra.....” (Carvalho Filho, p. 822). “A desapropriação por zona incide em áreas beneficiadas por obras ou serviços públicos e que em razão disso sofreram valorização extraordinária. O ato declaratório de utilidade pública deverá, antes, consignar as áreas que serão, ao término das obras e serviços, alienadas para terceiros (Dec.-Lei n. 3.365/41, art. 4º)” (Elias Rosa, p. 113/114). 12.6 Desapropriação ordinária: “É a desapropriação comum realizada por qualquer entidade federativa com fundamento na necessidade pública ou utilidade pública. Suas normas gerais estão previstas no Decreto- Lei n. 3.365/41, e a indenização é sempre prévia, justa e em dinheiro” (Mazza, p. 573). 12.7 Desapropriação confiscatória (art. 243, CF): Art. 243. As propriedades rurais e urbanas de qualquer região do País onde forem localizadas culturas ilegais de plantas psicotrópicas ou a exploração de trabalho escravo na forma da lei serão expropriadas e destinadas à reforma agrária e a programas de habitação popular, sem qualquer indenização ao proprietário e sem prejuízo de outras sanções previstas em lei, observado, no que couber, o disposto no art. 5º. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 81, de 2014) - Procedimento: Lei nº. 8.257/91; - Desnecessidade de expedição de decreto expropriatório. 13. Fases da Desapropriação: - O procedimento expropriatório se divide em duas grandes etapas: fase declaratória e fase executória, abrangendo, esta última, uma fase administrativa ou judicial. 13.1 Fase declaratória: “é iniciada com a expedição do decreto expropriatório ou a publicação da lei expropriatória” (Mazza, p. 574). “A declaração expropriatória pode ser feita por lei ou decreto em que se identifique o bem, se indique seu destino e se aponte o dispositivo legal que a autorize” (Hely, p 580). “A lei geral expropriatória consigna que, mediante declaração de utilidade pública, todos os bens podem ser desapropriados pelas pessoas da federação (art. 2º). A mesma declaração é exigível para a desapropriação por interesse social” (Carvalho Filho, p. 825). “Só se considera iniciada a desapropriação com o acordo administrativo ou com a citação para a ação judicial, acompanhada da oferta do preço provisoriamente estimado para o depósito. Até então a declaração expropriatória não tem qualquer efeito sobre o direito de propriedade do expropriado, nem pode impedir a normal utilização do bem ou a sua disponibilidade, lícito é ao particular explorar o bem ou nele construir mesmo após a declaração expropriatória, enquanto o expropriante não realizar concretamente a desapropriação, sendo ilegal a denegação de alvará de construção (...)” (Hely, p. 581). 13.1.1 Efeitos da expedição do decreto: a) Submete o bem a um regime jurídico especial; b) Declara a destinação pretendida para o objeto expropriado; c) Fixa o estado da coisa para fins de indenização: “Em relação a este último efeito, vale a pena serem feitas duas observações. A primeira reside em que a indenização somente abrange as benfeitorias necessárias, quando feitas após a declaração, e as úteis, quando o proprietário for autorizado pelo Poder Público. Em conseqüência, não são indenizáveis as benfeitorias voluptuárias feitas após a declaração” (Carvalho Filho, p. 829). Ver Súmula 23 do STF. d) Autoriza o direito de penetração, de modo que o Estado pode, mediante notificação prévia, ingressar no bem para fazermedições. DL 3.365/41: Art. 7o Declarada a utilidade pública, ficam as autoridades administrativas autorizadas a penetrar nos prédios compreendidos na declaração, podendo recorrer, em caso de oposição, ao auxílio de força policial. e) Inicia o prazo de caducidade, que será de 5 anos, contados da expedição do decreto, para as desapropriações por necessidade ou utilidade pública, e de 2 anos, também contados da expedição do decreto, na hipótese de interesse social. “Caducidade é a perda dos efeitos jurídicos de um ato em decorrência de certa situação fática ou jurídica mencionada expressamente em lei. O Decreto-lei nº 3.365/1941, prevê a caducidade do decreto expropriatório no prazo de cinco anos, se a desapropriação não for efetivada mediante acordo ou judicialmente nesse prazo, sendo este contado a partir da data de sua expedição. (...) Dispõe, ainda, a lei expropriatória que, no caso de ocorrer a caducidade, „somente decorrido um ano poderá ser o mesmo bem objeto de nova declaração‟ (art. 10)” (Carvalho Filho, p. 829/830). f) Preenchido o requisito legal de comprovada urgência, autoriza a imissão provisória na posse. DL 3.365/41- Art. 15. Se o expropriante alegar urgência e depositar quantia arbitrada de conformidade com o art. 685 do Código de Processo Civil, o juiz mandará imití-lo provisoriamente na posse dos bens; g) Determinar a entidade federativa com precedência sobre o bem. Extingue-se em cinco anos o direito de propor ação que vise a indenização por restrições decorrentes de atos do Poder Público. 13.2 Fase executória: “Depois de declarada a utilidade pública do bem cumpre adotar as providências para efetivar a desapropriação, procedendo-se à transferência do bem para o patrimônio do expropriante. (...) Após a fase declaratória, o Poder Público passa a agir efetivamente no sentido de ultimar a desapropriação. É a fase que se denomina fase executória. É nela que vai ser possível completar a transferência do bem para o expropriante e ensejar ao proprietário o direito à indenização. Como é possível que a transferência do bem suceda de dois modos – sem ação judicial e com ela – (...)” (Carvalho Filho, p. 830/831). 13.2.1 Via Administrativa (desapropriação amigável): “A fase executória será administrativa, quando houver acordo entre expropriante e expropriado a respeito da indenização, hipótese em que se observarão as formalidades estabelecidas para a compra e venda, exigindo-se, em caso de bem imóvel, escritura transcrita no Registro de Imóveis” (Di Pietro, p. 168). 13.2.2 Via Judicial: “Não havendo acordo, segue-se a fase judicial, iniciada pelo Poder Público, com observância do procedimento estabelecido no Decreto-lei nº 3.365/41 (arts. 11 a 30), aplicável também à desapropriação por interesse social fundada na Lei nº 4.132/62, (...). Quanto à desapropriação para fins de reforma agrária, o procedimento está estabelecido na Lei Complementar nº 76, de 6-7-93, alterada pela Lei Complementar nº 88, de 23-12-96” (Di Pietro, p. 168). “Na ação de desapropriação, nos termos do art. 9º do Decreto-Lei n. 3.365/41, é vedado ao Poder Judiciário avaliar se estão presentes, ou não, as hipóteses de utilidade pública” (Mazza, p. 575). DL 3.365/41 Art. 9 o Ao Poder Judiciário é vedado, no processo de desapropriação, decidir se se verificam ou não os casos de utilidade pública. Art. 20. A contestação só poderá versar sobre vício do processo judicial ou impugnação do preço; qualquer outra questão deverá ser decidida por ação direta. - Outras discussões devem ser realizadas em ação autônoma; 14. A ação de desapropriação: - Polo ativo: entidade pública que atuou como poder expropriante (inclusive os concessionários e permissionários); - Polo passivo: proprietário expropriado; - Petição Inicial: Requisitos do art. 319 do CPC + oferta do preço + prova de publicação do decreto expropriatório + planta ou descrição dos bens e suas confrontações; - Pedido principal: efetivação da desapropriação; - Contestação: Somente poderá ser alegado eventuais ilegalidades, o valor da indenização e o enquadramento da desapropriação em uma das hipóteses legais; - Imissão Provisória: Requisitos – alegação de urgência e depósito da quantia arbitrada; - Depósito Prévio: conforme arbitrado pelo juiz após instrução sumária. “Por isso, parece justo que a avaliação se faça pela perícia do juízo, independentemente da realizada pelo expropriante” (Carvalho Filho, p. 838). “A discussão sobre o quantum do depósito prévio não tem qualquer relação com sua indispensabilidade: somente mediante o depósito do valor previamente arbitrado - providência a cargo do expropriante – pode ser autorizada judicialmente a imissão na posse do bem expropriado” (Carvalho Filho, p. 838). - Imissão provisória: direito subjetivo do expropriante (não pode ser indeferido pelo juiz se forem atendidos os requisitos). - DL 3.365/41 – Art. 15 § 2º A alegação de urgência, que não poderá ser renovada, obrigará o expropriante a requerer a imissão provisória dentro do prazo improrrogável de 120 (cento e vinte) dias. (Incluído pela Lei nº 2.786, de 1956) § 3º Excedido o prazo fixado no parágrafo anterior não será concedida a imissão provisória. (Incluído pela Lei nº 2.786, de 1956) § 4 o A imissão provisória na posse será registrada no registro de imóveis competente. (Incluído pela Lei nº 11.977, de 2009) Art. 33 § 2º O desapropriado, ainda que discorde do preço oferecido, do arbitrado ou do fixado pela sentença, poderá levantar até 80% (oitenta por cento) do depósito feito para o fim previsto neste e no art. 15, observado o processo estabelecido no art. 34. (Incluído pela Lei nº 2.786, de 1956) - Prova Pericial: “A lei expropriatória, inclusive, é expressa no sentido de que, formado o litígio entre as partes a respeito da indenização, o juiz determina a produção de prova pericial, devendo o perito e os assistentes técnicos apresentar seu laudo até cinco dias antes da audiência (art. 23 e parágrafos)” (Carvalho Filho, p. 840). - Sentença: “o juiz, baseado em laudos periciais, fixa o valor da justa indenização que poderá ser levantada pelo expropriado, consumando a incorporação do bem ao patrimônio público” (Mazza, p. 577). “A sentença expropriatória produz dois efeitos principais: a) permite a imissão definitiva do Poder Expropriante na posse do bem; b) constitui título capaz de viabilizar o registro da transferência de propriedade no cartório competente” (Mazza, p. 577). Art. 29. Efetuado o pagamento ou a consignação, expedir-se-á, em favor do expropriante, mandado de imissão de posse, valendo a sentença como título habil para a transcrição no registro de imóveis. “é o pagamento da indenização que dá ensejo à consumação da desapropriação e à imissão definitiva na posse do bem pelo expropriante” (Carvalho Filho, p. 842). 15. Retrocessão (art. 519 CC): “A retrocessão é o direito que tem o expropriado de exigir de volta o seu imóvel caso o mesmo não tenha o destino para que se desapropriou” (Di Pietro, p. 188). CC, Art. 519: Art. 519. Se a coisa expropriada para fins de necessidade ou utilidade pública, ou por interesse social, não tiver o destino para que se desapropriou, ou não for utilizada em obras ou serviços públicos, caberá ao expropriado direito de preferência, pelo preço atual da coisa. Retrocessão é direito real ou direito pessoal (resolve-se em perdas e danos)? Para a corrente majoritária é direito pessoal. O STF entendeu que é direito real (RT, 620/221). Art. 35. Os bens expropriados, uma vez incorporadosà Fazenda Pública, não podem ser objeto de reivindicação, ainda que fundada em nulidade do processo de desapropriação. Qualquer ação, julgada procedente, resolver-se-á em perdas e danos. 15.1 Tredestinação: “A tresdestinação, para alguns „tredestinação‟, corresponde ao desvio de finalidade havido na desapropriação. É evidenciada pelo não uso do bem ou porque a destinação ulterior não corresponde à indicada no ato expropriatório. É fundamental que o destino não corresponda a nenhuma hipótese de necessidade ou utilidade pública, ou interesse social para que esteja configurada a „tresdestinação‟ (Elias Rosa, p. 118). 16. Indenização: - prévia, justa e como regra, em dinheiro; - prévia: antes da perda definitiva da propriedade; -Justa: “Justa quer dizer que o valor da indenização deverá recompor integralmente a perda patrimonial experimentada pelo expropriado, abrangendo, se for o caso, o valor do terreno, das benfeitorias, do ponto, da freguesia e de todos os demais valores materiais e imateriais afetados pela desapropriação, como lucros cessantes, danos emergentes, honorários advocatícios e despesas processuais” (Mazza, p. 579). - Em regra, o pagamento é feito em dinheiro, exceto nos casos de desapropriação por reforma agrária e política urbana, bem como na desapropriação confiscatória; - Incide também correção monetária, juros moratórios e juros compensatórios; 17. Desistência da desapropriação: - Revogação do decreto expropriatório ou da lei (só pode ocorrer até o momento da incorporação do bem ao patrimônio público – tradição no caso de bem móvel e trânsito em julgado da sentença ou do título resultante do acordo). 18. Direito de extensão: “Na hipótese de a desapropriação recair sobre uma parte do imóvel tornando inaproveitável o remanescente, tem o proprietário o direito de pleitear a inclusão da área restante no total da indenização” (Mazza, p. 581). BIBLIOGRAFIA CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de Direito Administrativo, 25ª edição, Atlas, 2012. DI PIETRO, Maria Sylvia. Zanella. Direito administrativo. 25. ed. São Paulo: Atlas, 2012. JUSTEN FILHO, Marçal. Curso de direito administrativo. São Paulo: Saraiva, 2005, p. 309. MALTINI. Eliana Raposo. Direito administrativo. 4ª Ed. São Paulo: Saraiva, 2010. MAZZA, Alexandre. Manual de Direito Administrativo, 2ª edição, Saraiva, 2012. MEIRELLES, Hely Lopes. Direito Administrativo Brasileiro, 27ª edição, Malheiros, 2002. ROSA, Márcio Fernando Elias. Direito Administrativo, Parte I, Coleção Sinopses Jurídicas, v. 19, Saraiva, 2010. SPITZCOVSKY, Celso. Direito administrativo. 5. ed. São Paulo: Damásio de Jesus, 2003.
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