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DIREITO PENAL Conceito Magalhães Noronha – Direito Penal é o conjunto de normas jurídicas que regulam o poder punitivo do Estado, visando a natureza criminal e as medidas aplicáveis a quem os pratica. Fontes Primeira e principal fonte – Constituição. Segunda fonte – Previsão da lei, que irá estabelecer penas e os crimes. Princípios* Princípio da legalidade – Não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prévia cominação legal. Princípio da ampla defesa – Ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado da sentença penal condenatória, garantindo-se sempre a ampla defesa. Retroatividade para beneficiar – A lei penal é irretroativa, porém poderá retroagir para beneficiar o réu. Princípio do indubio pro reo – Se existir dúvida, após a utilização de todas as formas interpretativas, a questão deverá ser resolvida de modo mais favorável ao réu. Imunidade Parlamentar Parlamentares possuem imunidade parlamentar absoluta, pois há inviolabilidade por suas palavras, opiniões e votos. Outros Conceitos Sujeito ativo é a pessoa que pratica o fato considerado como crime. São inimputáveis os menores de 18 anos, sujeitos às normas da legislação especial. Sujeito passivo é a pessoa que sofre o crime praticado. Tipo penal* – Descrição da conduta penal prevista na lei. Crime* – Fato típico e antijurídico. Contravenção – Ofensa menos grave do que o crime, sendo punida com pena de prisão simples ou multa. Ex. porte de arma sem autorização. Dolo – Vontade praticar o ato, sabidamente criminoso, ou a assunção do risco em produzi-lo. Existe a intenção de praticar o ato. Dolo eventual* – Há produção de um resultado danoso, embora o agente não o deseje, mas o aceite como conseqüência de sua ação. Culpa – Ação ou omissão decorrente de negligência, imprudência ou imperícia na prática do ato. Não existe intenção na prática do ato. Negligência é displicência, imprudência é conduta precipitada e imperícia é a falta de habilidade técnica para certa atividade. Culpa consciente* – Assume o risco, mas não existe intenção (imprudência). Causa do crime – Considera-se causa a ação ou omissão sem a qual o resultado não teria ocorrido. O resultado do crime somente é imputado a quem lhe deu causa. Crime consumado – É o que reuniu todos os elementos da sua definição legal: Cogitação, preparação, execução e consumação. Crime tentado – É o que iniciado sua execução, não se consumou por circunstâncias alheia ä vontade do agente. Salvo disposição em contrário, a tentativa é punida com a mesma pena do crime consumado, reduzida de 1/3 a 2/3. Crime hediondo – São aqueles definidos pela lei 8072/90, sejam eles consumados ou tentados. Ex. Homicídio simples praticado por grupo de extermínio. Latrocínio, Estupro, Extorsão mediante sequestro, Atentado violento ao pudor, dentre outros. Diferença entre dolo e culpa* – no dolo, existe a intenção de praticar o crime, ao contrário da culpa. Aplicação da Lei Penal Tempo do crime – Considera-se praticado o crime no momento da ação ou omissão, ainda que outro seja o momento do resultado. Lugar do crime – Considera-se praticado o crime no lugar em que ocorreu a ação ou omissão, no todo ou em parte, bem como onde se produziu ou deveria produzir-se o resultado Territorialidade – A lei nacional é aplicada aos fatos ocorridos em seu território, mas, excepcionalmente, permite-se a aplicação da lei estrangeira, quando assim estabelecer tratado ou convenção internacional. Considera-se como extensão do território nacional as embarcações e aeronaves brasileiras, de natureza pública ou a serviço do governo brasileiro onde quer que se encontrem, bem como as aeronaves e as embarcações brasileiras, mercantes ou de propriedade privada, que se achem respectivamente, no espaço aéreo correspondente ou em alto mar. É também aplicada a lei brasileira aos crimes praticados a bordo de aeronaves ou embarcações estrangeiras de propriedade privada, achando-se aquelas em pouso no território nacional ou em vôo no espaço aéreo correspondente, e estas em portos ou mar territorial do Brasil Extraterritorialidade. Causas Excludentes da Ilicitude Ilicitude – Antijuricidade. Estado de necessidade – Quem pratica um fato típico para salvar de perigo atual, que não provocou por sua vontade, nem podia de outro modo evitar, direito próprio ou alheio, cujo sacrifício, nas circunstâncias, não era razoável exigir-se. Legítima defesa – Age em legítima defesa quem, usando moderadamente os meios necessários, repele injusta agressão, atual ou iminente, a direito seu ou de outrem. Exercício regular de direito – Consiste na atuação do agente dentro dos limites conferidos pelo ordenamento jurídico. O sujeito não comete crime por estar exercitando uma prerrogativa a ele conferida pela lei. Estrito cumprimento do dever legal – Não há crime quando o agente atua no estrito cumprimento do dever legal. Inimputabilidade Imputabilidade – Possibilidade de se atribuir a alguém a responsabilidade por algum fato, ou seja, o conjunto de condições pessoais que dá ao agente a capacidade para lhe ser juridicamente imputada a prática de uma infração penal. O Código Penal não define a imputabilidade, ao contrário, enumera apenas as hipóteses de inimputabilidade. Inimputabilidade – Em princípio, todos são imputáveis, exceto aqueles abrangidos pelas hipóteses de inimputabilidade enumeradas pela lei, que são as seguintes: Doença mental ou desenvolvimento mental incompleto ou retardado. Menoridade. Embriaguez completa, proveniente de caso fortuito ou força maior. Dependência de substancia entorpecente. Não excluem a imputabilidade penal: Emoção ou paixão. Embriaguez voluntária ou culposa, pelo álcool ou substância de feitos análogos. Imputabilidade Anti-ilicitude Situação em relação à pessoa. Situação em relação à circunstância. Há crime. Não há crime. Agravantes A reincidência. Ter o agente cometido o crime: Por motivo fútil ou torpe. Para facilitar ou assegurar a execução, a ocultação ou a impunidade ou vantagem de outro crime. Á traição, de emboscada, ou mediante dissimulação, ou outro recurso que dificultou ou tornou impossível a defesa do ofendido. Com emprego de veneno, fogo, explosivo, tortura, ou outro meio insidioso ou cruel, ou de que podia resultar perigo comum. Contra ascendente, descendente, irmão ou cônjuge. Com abuso de autoridade ou prevalecendo- se de relações domésticas, de coabitação ou de hospitalidade. Com abuso de poder ou violação de dever inerente a cargo, ofício, ministério ou profissão. Contra criança, velho, enfermo ou mulher grávida. Quando o ofendido estava sob a imediata proteção da autoridade. Em ocasião de incêndio, naufrágio, inundação ou calamidade. Em estado de embriaguez preordenada Atenuantes Ser o agente menor de 21 anos, na data do crime, ou maior de 70 anos na data da sentença. O desconhecimento da Lei. Ter o agente: Cometido o crime por relevante valor social ou moral. Procurado por sua espontânea vontade e com eficiência, logo após o crime, evitar-lhe ou minorar-lhe as consequências, ou ter, antes do julgamento, reparado o dano. Cometido o crime sob coação a que podia resistir, ou em cumprimento de ordem da autoridade superior, ou sob influência de violenta emoção, provocada por ato injusto da vítima. Confessado espontaneamente, perante a autoridade, a autoria do crime. Cometido o crime sob a influência de multidão em tumulto, senão o provocou. Penas As penas devem respeitar os seguintes princípios: Legalidade. Individualização da pena – Leva em conta a culpabilidade e méritos. Pessoalidade – Pena não passa da pessoa do réu, intransferível. Vedação da penade morte, cruéis, perpétua ou trabalhos forçados. Principais penas: Privativas de liberdade: Reclusão – Regime fechado ou semi-aberto. Mais grave que detenção, por isso mais segurança. Detenção – Regime semi-aberto ou aberto. Restritivas de direitos: Prestação pecuniária. Perda de bens e valores. Interdição temporária de direitos. Limitação de fins de semana. Multa. Prisão* Privação da liberdade de locomoção, ou seja, do direito de ir e vir, por motivo ilícito ou de ordem legal. Prisão penal – É a que ocorre após o trânsito em julgado da sentença condenatória em que se impôs a pena. Há culpa. Prisão processual ou provisória – Prisão cautelar, em sentido amplo, decorrente de processo. Não há culpa e deve incluir as seguintes hipóteses: Prisão em flagrante – Única prisão que o policial possui poder de colocar na cadeia. Prisão preventiva. Prisão resultante de pronúncia – Juiz do tribunal do júri aceita a denúncia do promotor. Prisão resultante da sentença. Prisão temporária. Prisão civil – É a decretada ao devedor de alimentos ou depositário infiel. Prisão disciplinar – Militares. Em crimes dolosos contra a vida, a sentença é feita no tribunal do júri. Alguns Crimes Crimes contra a pessoa: Homicídio – Matar alguém. Reclusão de seis a vinte anos. Homicídio qualificado – Reclusão de doze a trinta anos. Homicídio culposo – Detenção de um a três anos. Induzimento, instigação ou auxílio ao suicídio – Reclusão de dois a seis anos. Infanticídio – Detenção de dois a seis anos. Aborto provocado pela gestante – Detenção de um a três anos. Aborto provocado por terceiro – Reclusão de três a dez anos. Lesões corporais – Detenção de três meses a um ano. Lesões graves. Lesão corporal seguida de morte – Reclusão de quatro a doze anos. Omissão de socorro – Detenção de um a seis meses ou multa. Crimes contra a honra: Calúnia – Caluniar alguém, imputando-lhe falsamente fato definido como crime. Detenção de seis meses a dois anos. Difamação – Difamar alguém, imputando-lhe fato ofensivo à sua reputação. Injúria – Injuriar alguém, ofendendo-lhe a dignidade ou o decoro. Detenção de um a seis meses. Crimes contra o patrimônio: Furto – Reclusão de um a quatro anos. Roubo – Furto acompanhado de violência. Reclusão de quatro a doze anos. Estelionato – Reclusão de um a cinco anos e multa. Crimes contra o costume: Estupro – Reclusão de seis a dez anos. Atentado violento ao pudor. Sedução – Reclusão de dois a quatro anos.
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