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PONTO 13 RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO 03.11.2014.odp

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RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO
Goiânia – Goiás
DIREITO
Goiânia – Goiás
2014-1
DIREITO
PONTO 13
RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO
INTRODUÇÃO
A responsabilidade civil do Estado constitui um dos temas mais importantes dentro da sistemática da responsabilidade civil, posto que inobstante muitos acreditarem que sobre o Estado nunca recai a responsabilidade de reparar os danos que comete, o que se vê na prática é que a obrigação de reparação vem sendo efetivamente atribuída a ele - aqui tratado como um todo. 
A responsabilidade civil baseia-se na máxima de que aquele que causa o dano a outro tem o dever de reparação.
Cont.
Tal instituto procura, assim, determinar as condições e limites da responsabilidade de alguém pelo dano sofrido por outrem. Entre o rol de pessoas que causam tal prejuízo inclui-se o Estado, pessoa jurídica de direito público, incluindo seus três poderes: Poder Executivo, Poder Legislativo e Poder Judiciário.
Portanto, com o fulcro de apresentar de forma mais específica este assunto, insurge tal estudo temático
CONCEITO:
A responsabilidade civil do Estado corresponde à obrigação atribuída ao Estado de reparar danos causados por seus agentes públicos ou prestadores de serviços públicos a terceiros, no exercício de suas funções ou a pretexto de exercê-las. 
Ex: O policial que não estava em serviço, mas atira para impedir um assalto e acaba atingindo um terceiro, agiu na qualidade de agente público.
 
 Reza o art. 37, 
§ 5º da CF: “Alei estabelecerá os prazos de prescrição para ilícitos praticados por qualquer agente, servidor ou não, que causem prejuízos no erário, ressalvados as respectivas ações de ressarcimento”
§ 6º da CF: “As pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado prestadoras de serviços públicos responderão pelos danos que seus agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros, assegurado o direito de regresso contra o responsável nos casos de dolo ou culpa”.
O ESTADO SOU EU –
 O REI NÃO ERRA NUNCA “ King can do not wrong” “ le roi ne peut mal faire”.
O ESTADO SOU EU – O REI NÃO ERRA NUNCA “ King can do not wrong” “ le roi ne peut mal faire”
EVOLUÇÃO DA RESPONSABILIDADE DO ESTADO
Até que se chegasse à atual responsabilidade civil do Estado - responsabilidade objetiva baseada no risco administrativo, foram adotadas várias teorias partindo-se da irresponsabilidade do Estado.
 
 1a. Fase: Irresponsabilidade do Estado (auge do absolutismo):
 
Fase da Irresponsabilidade do Estado (Estado Dogmático)
 O Estado não respondia pelos danos causados a terceiros, pois o Estado era o rei e o rei nunca erra.  Frase que marcou este período: “O Estado sou eu”. “The King can do not wrong” (O rei não erra nunca). “le roi ne peut mal faire”.
Primeiramente adotou-se a teoria da irresponsabilidade do Estado. Esta teoria imperava nos Estados absolutistas em que o rei, como figura máxima, era equiparado ao Estado. Por isso não se podia admitir a aceitação de responsabilidade do Estado, o que geraria consequentemente a responsabilidade do rei.
 2a. Fase: Civilista ou Fase da Responsabilidade subjetiva (Período de industrialização pós 1a Guerra Mundial)
TEORIAS CIVILISTAS SOBRE A RESPONSBILIDADE ESTATAL
A CF/88 preceitua que a responsabilidade civil estatal recai sobre as pessoas jurídicas de direito público e pessoas jurídicas de direito privado.
Mas quem são estas figuras?
 
As pessoas jurídicas de direito público que podem ser responsabilizadas são a União, Estados, Municípios, Distrito Federal, autarquias e fundações.
Cont.
São também responsabilizadas as pessoas jurídicas de direito privado prestadoras de serviços públicos, como por exemplo a concessionárias que recebem delegação do Estado para prestarem serviços públicos.
  
 Importa falar, ainda que brevemente, sobre a teoria do risco integral. Esta teoria é idêntica à do risco administrativo divergindo apenas em um ponto bastante importante: que o Estado responde por todos os danos sem poder se valer de qualquer causas excludentes ou atenuantes.
A doutrina civilista acredita que o Brasil adota a teoria do risco integral e na doutrina administrativa prevalece a teoria do risco administrativo.
Fim
TEORIAS PUBLICISTAS SOBRE A RESPONSABILIDADE ESTATAL
A responsabilidade baseada na culpa perdurou até que fossem adotadas as teorias publicistas.
A culpa ganhou novo formato e passou a existir a culpa administrativa, ou seja, não havia a necessidade de identificação do agente público para a responsabilização do dano, sendo apenas necessária a comprovação de falha do serviço público (culpa do serviço). 
Destarte, se o serviço não fora prestado como deveria, se fora prestado de forma deficiente ou de forma atrasada, insurgia o dever de indenizar.
 
3a Fase: Publicista ou da Responsabilidade objetiva (A responsabilidade civil do Estado passou a ser tratada no direito público):
O Estado responde pelos danos causados a terceiros, independentemente de culpa, bastando comprovação do nexo de causalidade entre o ato e o resultado. - Tem fundamento na Teoria do risco, segundo a qual quem desenvolve atividade visando o lucro deve responsabilizar-se por ela, independentemente de culpa do agente.
 
O ônus da prova não é mais da vítima e sim do Estado, devendo a vítima apenas provar o nexo de causalidade. - Cabe ação regressiva do Estado contra o agente, mas como sua responsabilidade é subjetiva, o Estado deverá comprovar a culpa do agente.
 
A Constituição Federal tornou obrigatória a responsabilidade do Estado, mas não diz em qual modalidade se apresenta. Há duas teorias no direito administrativo.
 
A culpa ganhou novo formato e passou a existir a culpa administrativa, ou seja, não havia a necessidade de identificação do agente público para a responsabilização do dano, sendo apenas necessária a comprovação de falha do serviço público (culpa do serviço).
 
Portanto, se o serviço não for prestado como deveria, se for prestado de forma deficiente ou de forma atrasada, insurgia o dever de indenizar.
 
No Brasil, a responsabilidade objetiva ganhou força com o advento da Constituição de 1946 através da qual desapareceu a necessidade de provar a culpa do agente público para a obtenção da indenização.
É a forma mais justa de aplicação de responsabilidade do Estado, pois o administrado é parte hipossuficiente da relação.
Por fim, com o advento da Constituição de 1988, a teoria do risco administrativo ganhou lugar de destaque.
ANÁLISE DA REGRA ESCRITA NO ARTIGO 37, § 6º DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL
Requisitos para a responsabilidade do Estado 
Para que seja indenizada, a vítima deve provar que o dano por ela suportado é originado de atuação estatal.
 
Para isso, é necessária a comprovação dos seguintes requisitos:
 
1) Ato lesivo - a vítima/administrado deve comprovar que foi o ato praticado por um agente público na qualidade de servidor, ocasionou o dano. Cumpre ressaltar que o simples fato da pessoa ser agente público não enseja a responsabilidade do Estado, ele deve praticar o ato no exercício de suas funções ou a pretexto de exercê-las.
 
Vejamos um exemplo: o professor Antônio da Escola Municipal da paz organiza uma excursão ao zoológico. Lá, por negligência sua, deixa com que um dos alunos se afaste dos demais e desapareça. Muitas horas depois o menino aparece completamente assustado pois foi vítima de um assalto em que lhe roubaram documentos, celular, dinheiro, entre outros pertences. O ato negligente do professor ocasionou o dano.
 
2) Dano - a vítima/administrado deve comprovar que sofreu uma lesão a um direito subjetivo.
No caso acima descrito, o menino sofreu danos à sua moral e danos materiais já que lhe roubaram pertences de valor pecuniário.
3) Nexo de causalidade - o dano deve ser conseqüência da atuação do Estado.
PESSOAS JURÍDICAS ALCANÇADAS
Como vimos, para que o Estado indenize a vítima, esta deve provar a existência do ato lesivo, o dano e o nexo de causalidade entre ato e dano. Por este motivo,
a responsabilidade civil do Estado funda-se na idéia de causalidade.
Como a teoria do risco administrativo admite a existência de excludentes e atenuantes vinculadas à idéia de causalidade, para que o Estado não seja obrigado a indenizar o particular, deve o mesmo provar que não foi o mesmo que deu causa ao dano (excluindo sua responsabilidade) ou que sua atividade não foi a única causa do dano (atenuante).
O Estado pode alegar como excludentes de responsabilidade a culpa exclusiva da vítima, o caso fortuito e a força maior.
Cont.
JURISPRUDÊNCIA PREDOMINANTE DO STF E DO STJ
Há controvérsias doutrinárias para o caso de omissão do Estado.
 
Para uma corrente, a que compõe Celso Antônio Bandeira de Melo e que prevalece, se o Estado se omite e não evita um dano ao administrado, deve ser responsabilizado se comprovada sua culpa. Prevalece, então, a teoria da culpa do serviço nos casos de omissão do Estado.
 
Vejamos um exemplo de omissão estatal em que o Estado deve ser responsabilizado na forma subjetiva: na época das chuvas o município não retira famílias de área de risco sabendo que a qualquer momento a área pode desabar e vem a acontecer este desastre matando alguém.
 
Para outra corrente, a omissão se desdobra em duas espécies - a específica e a genérica - e conforme a espécie da omissão, a responsabilidade do Estado opera. Para eles, se a omissão é genérica, a responsabilidade é subjetiva e se a omissão é específica, a responsabilidade é objetiva.
O Estado se responsabiliza objetivamente no caso de dano causado por confronto entre a polícia e bandido e subjetivamente no caso de bala perdida.
DANO CAUSADO A TERCEIROS
É o dano que foi causado por terceiros em decorrência de atividade ligada à prestação de serviço público.
Claramente deve haver nexo causalidade e o dano causado a terceiros e a conduta omissiva ou comissiva do Estado ligada a prestação de serviço público.
“Joaquim Barbosa e Celso Coelho Mello, entenderam que as responsabilidades objetivas das prestadoras de serviços públicos, não se estende a terceiros, já que somente o usuário é detentor do direito subjetivo de receber um serviço público ideal, não cabendo ao mesmo, por esta razão, o ônus de provar a culpa do prestador de serviço”
Cont.
OS “AGENTES DO ESTADO”
Os agentes do Estado são pessoas físicas e capazes de manifestar a vontade em nome do Estado no sentido amplo. Atua como agente público ou seja responde por atos praticados no exercício de sua função pública. Se causar algum dano na vida privada ele responde com seu próprio patrimônio pelos seus atos.
Mas, entretanto, havendo inoculação de conduta com a situação do agente público, o Estado será civilmente responsável.
1.PRESSUPOSTOS PARA RESPONSABILIDADE OBJETIVA DO ESTADO
2. EXISTENCIA DO DANO E NEXO CAUSAL ENTRE O DANO E A CONDUTA ADMINISTRATIVA 
3. RESPONSABILIDADE CIVIL DE SERVIDOR E COBRANÇA DA INDENIZAÇÃO PELA ADMINISTRAÇÃO
A forma objetiva de responsabilidade dispensa a verificação do fator culpa em relação ao fato danoso. Por isso, ela incide em decorrência de fatos lícitos ou ilícitos, bastando que o interessado comprove a relação causal entre o fato e o dano.
 
Essa teoria conferiu maior benefício ao lesado, vez que dispensou-o de provar alguns elementos que dificultam o surgimento do direito à reparação dos prejuízos, como, por exemplo, a identificação do agente, a culpa deste na conduta administrativa, a falta do serviço etc.
 
Cont.
Em razão de ser o Estado mais poderoso que o indivíduo haverá, pois, de arcar com um risco natural decorrente de suas inúmeras atividades. A premissa de que à maior quantidade de poderes corresponde um risco maior deu surgimento à teoria do risco administrativo como fundamento da responsabilidade objetiva do Estado.
Cont.
Cont.
Existem controvérsias sobre as noções de risco administrativo e risco integral. No risco administrativo, não há responsabilidade civil genérica e indiscriminada do Estado, pois a responsabilização do Estado depende ou não da participação do lesado para a ocorrência do dano.
Assim sendo, o Estado não será responsável caso o lesado tenha participação total no dano, e responderá de forma atenuada quanto à obrigação de indenizar se o lesado concorrer, mesmo parcialmente, para a ocorrência desse dano. Já no risco integral a responsabilidade independe de nexo causal e ocorre até mesmo quando a culpa é da própria vítima. Por se tratar de fundamento aberto e abranger tudo que acontece no meio social é criticada como sendo injusta, absurda e inadmissível no direito moderno, só se aplicando em situações excepcionalíssimas.
 
Cont.
Atualmente evidencia-se a teoria do risco social, segundo a qual o foco da responsabilidade civil é a vítima, e não o autor do dano, de modo que a reparação estaria a cargo de toda a coletividade, ensejando a socialização dos riscos – sempre com o intuito de que o lesado não deixe de merecer a justa reparação pelo dano sofrido. 
Essa teoria tem sido alvo de críticas doutrinárias, posicionando-se carvalho Filho no sentido de que “o caráter genérico da responsabilidade poderia provocar grande insegurança jurídica e graves agressões ao erário, prejudicando em última análise os próprios contribuintes”.
 
Cont.
Além do risco decorrente das atividades estatais em geral, constituiu também fundamento da responsabilidade objetiva do estado o princípio da repartição dos encargos. O Estado, ao ser condenado a reparar prejuízos do lesado, não seria o sujeito pagador direto, isso porque os valores indenizatórios seriam resultantes da contribuição feita por cada um dos demais integrantes da sociedade que, em última análise é a beneficiária dos poderes e prerrogativas estatais.
Por fim, vê-se que os postulados que geraram a responsabilidade objetiva do Estado buscaram seus fundamentos na justiça social, atenuando as dificuldades e impedimentos que o indivíduo teria que suportar quando prejudicado por condutas de agentes estatais.
CAUSAS ATENUANTES E EXCLUDENTES DA RESPONSABILIDADE DO ESTADO 
Como vimos, para que o Estado indenize a vítima, esta deve provar a existência do ato lesivo, o dano e o nexo de causalidade entre ato e dano. Por este motivo, a responsabilidade civil do Estado funda-se na idéia de causalidade.
Como a teoria do risco administrativo admite a existência de excludentes e atenuantes vinculadas à idéia de causalidade, para que o Estado não seja obrigado a indenizar o particular, deve o mesmo provar que não foi o mesmo que deu causa ao dano (excluindo sua responsabilidade) ou que sua atividade não foi a única causa do dano (atenuante).
O Estado pode alegar como excludentes de responsabilidade a culpa exclusiva da vítima, o caso fortuito e a força maior.
Para que seja configurada a responsabilidade do Estado, deve-se de antemão verificar a conduta do lesado na ocorrência do dano. Se este em nada participou, sendo apenas uma mera vítima, o ente estatal virá a assumir toda a responsabilidade.
Cont.
É de suma importância observar o nexo de causalidade entre a conduta do agente no exercício de suas funções e o dano ou prejuízo ocasionado à vítima. Quando não existente o liame subjetivo ou este é interrompido nascem as causas excludentes da responsabilidade, enumeradas pela doutrina e construídas firmemente na jurisprudência:  força maior, culpa da vítima e culpa de terceiro.
Também haverá de se responsabilizar o Estado nos casos de ato de terceiros (culpa de terceiro), popularmente conhecidos como ato de multidões, quando houver omissão de sua parte em resguardar o patrimônio das pessoas e evitar os danos ocasionados pela multidão. Um exemplo claro dessa situação é o tráfico de drogas, situação amplamente conhecida pelo Poder Público, que quando não combatida gera assaltos, assassinatos e outros ilícitos suportados pelo particular quando desprotegidos. Para Carvalho Filho (2012), tal como na hipótese dos fatos imprevisíveis, contudo, a indenização deverá ser proporcional à participação omissiva
do Estado no resultado danoso.
Cont.
PARTICIPAÇÃO DO LESADO X ATOS PRATICADOS POR TRCEIROS
Para que se configure a responsabilidade do Estado, é necessário que seja verificado o comportamento do lesado no episódio que lhe provocou o dano.
Se ele não contribuiu para a ocorrência do dano, apenas o Estado deve ser civilmente responsável e obrigado à reparação. 
 
 
 
Cont.
Mas se o lesado foi o único causador do seu próprio dano, ou contribuiu para tal, aí cabem duas observações:
 
lesado como causador único do dano -> hipótese de autolesão -> o Estado não tem qualquer responsabilidade civil dada a inexistência de nexo de causalidade;
Fim
LESADO CONCORRENDO COM O ESTADO -> sistema de compensação de culpas ou culpa recíproca -> a indenização devida ao Estado é reduzida em razão da conduta do lesado que também contribuiu para o evento danoso. Se contribuíram por metade, a indenização devida pelo Estado deve atingir apenas a metade dos prejuízos sofridos, arcando o lesado com a outra metade.
 
Exemplo: (acidente de transito em que dois veículos colidiram em cruzamento por força de defeito no semáforo – provado que ambos dirigiam com excesso de velocidade, contribuindo para o evento danoso, o Poder Público arcou com metade da indenização pelos danos sofridos). A jurisprudência tem reconhecido o sistema de compensação de culpas e do dever indenizatório. E o CC no art. 945 instituiu que
 
“se a vítima tiver concorrido culposamente para o evento danoso, a sua indenização será fixada tendo-se em conta a gravidade de sua culpa em confronto com a do autor do dano”.
ATOS IMPREVISÍVEIS
Fatos imprevisíveis são aqueles eventos que ocorrem sem que as pessoas tenham capacidade de pressenti-los e de se prepararem para que não ocorra, evitando os prejuízos.
Esses eventos são comumente chamados de força maior e de caso fortuito. Em regra, o entendimento é que força maior está relacionada a um acontecimento originário da vontade humana, a exemplo da greve, que ocorre independente de uma ação do Estado, sendo de cunho exclusivo da vontade humana.
Seria caso fortuito o evento que tivesse como mola propulsora a natureza, como os terremotos, tempestades, raios e trovões.
RAIOS E TROVÕES
RAIOS E TROVÕES
Cont. 
Esses fatos relativos ao acaso são imprevisíveis e irresistíveis. Assim, a importância deles é saber se possuem ou não potencialidade para gerar responsabilidade civil ao Estado.
Para que ocorra a Responsabilidade Objetiva do Estado é preciso haver o nexo causal entre o fato e o dano, porém nos casos dos fatos imprevisíveis, esse liame não é alcançado, não podendo o Estado sofrer o ônus de arcar com o prejuízo sofrido.
Para Carvalho Filho, não pode ser outro o entendimento que não o de que tais fatos imprevisíveis não ensejam a responsabilidade do Estado. Em outras palavras, são eles excludentes de responsabilidade.
Pode ser que mais de um fator tenha levado a existência do dano, formando concausas e se o Estado teve participação em alguma dessas, sua responsabilidade será proporcional.
PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS PÚBLICOS
Portanto, caso existam causas diferenciadas no fato gerador da responsabilidade civil, o Estado deve responder por aquela que ele deu causa, devendo ser aplicado a proporcionalidade, uma vez que não podendo fazer o nexo causal, não pode haver responsabilidade objetiva do Estado.
 
RESPONSABILIDADE CIVIL POR CONDUTAS OMISSIVAS
 MORTE DE PRESO NO INTERIOR DE PRESÍDIO;
TUTELA DO ESTADO
 OMISSÃO DE MANUTENÇÃO DE ESTRADA
Cont.
VOU TER QUE CARREGAR MINHA FAMILIA
Cont.
AS ESTRADAS SÃO TÃO RUINS ASSIM? OU SÃO?
Cont.
PROIBIDO PESCAR!
- ACIDENTE AÉREO (CONCESSIONÁRIA);
Cont.
MAMONAS ASSASSINAS
- ERRO MÉDICO EM HOSPITAL PÚBLICO;
Cont. 
Cont. 
ERRO MÉDICO
Cont.
CONDIÇÕES QUE ESTÁ A SAUDE NO BRASIL
- ATROPELAMENTO CAUSADO POR MOTORISTA A SERVIÇO DO MUNICÍPIO;
RESPONDABILIDADE POR ATOS LEGISLATIVOS
Há ausência de responsabilidade do Estado por dano resultante da atividade legislativa. Por esta atividade ter a característica da generalidade (a lei é para todos), não há como responsabilizar o Estado.
Mais uma vez, a toda regra existem exceções:
1) as leis posteriormente declaradas inconstitucionais que geram prejuízos impõem responsabilidade do Estado;
2) as leis de efeito concreto, ou seja, as leis sem generalidade ou abstração também geram responsabilidade do Estado;
3) o mandado de injunção que reconhece a omissão legislativa também gera responsabilidade do Estado.
RESPONSABILIDADE POR ATOS PRATICADOS POR CARTÓRIOS
Superior Tribunal de Justiça:
O tabelião e o registrador respondem de forma subjetiva, conforme podemos constatar do Resp 1.027.925 – RJ. Isso explicita a tendência a ser seguida por esses tribunais e pelos demais.
 
Dessa forma, a responsabilidade subjetiva dos tabeliães e dos registradores é mais consentânea ao direito constitucional.
 
Por fim, a margem da discussão, não há que se perder de vista que, tanto numa quanto noutra corrente, em existindo causa excludente de responsabilidade, o tabelião ou o registrador não pode ser responsabilizado, uma vez que há a exclusão do próprio nexo de causalidade ou da ilicitude.
RESPONSABILIDADE POR ATOS JUDICIAIS
Em princípio, também o ato jurisdicional é reflexo da soberania estatal, dela não advindo possibilidade de responsabilização.
A teoria da responsabilidade estatal foi essencialmente desenvolvida para permitir o ressarcimento de prejuízos decorrentes de atos administrativos concretos.
A doutrina, porém, admite a possibilidade de condenação do Estado em decorrência de prejuízos derivados em atos jurídicos de outras naturezas.
A responsabilidade estatal por danos causados por leis inconstitucionais foi admitida pelo Supremo Tribunal Federal no julgamento do RE 153.464, desde que a vítima demonstre especial e anormal prejuízos decorrente da norma inválida. Exige-se, ainda, como pressuposto da condenação a declaração formal de inconstitucionalidade da lei pelo próprio Supremo Tribunal Federal.
Cont.
Raciocínio similar pode ser aplicado aos atos regulamentares e aos normativos expedidos pelo Poder Executivo, quando eivados do vício de ilegalidade ou se forem declarados inconstitucionais pelas autoridades competentes. O pagamento de indenização, nesses casos, não é a regra geral, mas não se pode excluir a possibilidade de ocorrência de dano passível de reparação determinada pelo poder judiciário.
Em relação aos atos tipicamente jurisdicionais, entende-se que, em princípio, não produzem direito a indenização como consequência da soberania do Poder Judiciário e da autoridade da coisa julgada. A CF prevê, excepcionalmente, a possibilidade de ressarcimento do condenado por erro judicial, assim como o que ficar preso além do tempo fixada na sentença, entre outras hipóteses.
O Estado também não é responsável pela atividade jurisdicional. Contudo, na hipótese de erro do Poder Judiciário, apurado em revisão criminal ou na hipótese do preso ficar mais tempo na cadeira que o previsto, há indenização.
Observação:
No caso de prisão preventiva com posterior absorção, a maioria majoritária alega que não cabe indenização. Mas existem algumas jurisprudências contrárias.
RESPONSABILIDADE POR ATOS LEGISLATIVOS
REPARAÇÃO DO DANO : INDENIZAÇÃO E PRESCRIÇÃO
A indenização é o montante pecuniário que traduz a reparação do dano, dos prejuízos oriundos do ato lesivo. Pode ser feita administrativamente, em processo administrativo na qual seja pleiteada a indenização.
Não havendo acordo, pode o lesado propor ação judicial de indenização. O direito a indenização é de natureza pessoal. Prescreve em cinco anos o direito de propor a ação respectiva, contados a partir do fato danoso.
Este prazo também vale para os entes de direito privado prestadores de serviços públicos por ampliação.
Em conformidade com o art. 37, § 6º da CF/88, os danos causados
pelas pessoas jurídicas de direito público e pelas de direito privado prestadoras de serviços públicos deverão ser reparados.
Cont.
A reparação do ato danoso pode ser feito na esfera administrativa, quando o Poder Público reconhece antecipadamente a sua responsabilidade e há composição com o lesado sobre o ressarcimento dos danos.
Quando não há esta composição, tem a vítima o direito constitucionalmente assegurado de amplo acesso à Justiça, de modo que deve propor uma ação de indenização em face da pessoa jurídica causadora do dano. Esta, por sua vez, tem o direito de regresso contra o seu agente assegurado, caso tenha esse agido com dolo ou culpa.
RESPONSABILIDADE DO MEMBRO DO MINISTÉRIO PÚBLICO
A teoria da irresponsabilidade estatal já foi objeto de estudos, 
como demonstra CAIO MÁRIO DA SILVA PEREIRA: "No princípio era a "irresponsabilidade". Dentro da concepção política do Estado absoluto, não se poderia conceber a ideia de reparação de danos causados pelo poder público, dado que se não admitia a constituição de direitos contra o Estado soberano. Nesta fase, somente era admitida a responsabilidade pecuniária pessoal dos agentes da Administração, o que muitas vezes frustrava a ação de indenização ante a insolvência do funcionário. 
“Com fundamento nesse raciocínio, demonstra SÉRGIO CAVALIERI FILHO que: "Sustentava-se que o Estado e o funcionário são sujeitos diferentes, pelo quê este último, mesmo agindo fora dos limites dos seus poderes, ou abusando deles, não obrigava, com seu fato, a Administração.", arrematando, adiante, que: "No Brasil, não passamos pela fase da irresponsabilidade do Estado. Mesmo à falta de disposição legal específica, a tese da responsabilidade do Poder Público sempre foi aceita como princípio geral e fundamental de Direito."
O membro do Ministério Público, no seu atuar, como indigitado, é o apresentante da instituição, a qual está atrelada à pessoa jurídica de direito público (Estadual ou da União), apesar de sua autonomia.
No mesmo esteio se dá com o magistrado, integrante de um dos Poderes de Estado, tanto que se faz alusão à Justiça Estadual ou Federal, sem que com isso se diga que determinado Tribunal de Justiça.
 
POLO PASSIVO DA AÇÃO
A obrigação de indenizar é da pessoa jurídica a que pertencer o agente. O prejudicado há de mover ação de indenização contra a Fazenda Pública respectiva ou contra a pessoa jurídica privada, prestadora de serviço público, não contra o agente causador do dano.
Somente as pessoas jurídicas de direito público ou as pessoas jurídicas de direito privado que prestam serviços públicos é que poderão responder objetivamente pela reparação de danos a terceiros.
Outra garantia no entanto, em prol do servidor estatal, que somente responde administrativamente e civilmente perante a pessoa jurídica, cujo quadro funcional se vincular.
Recurso extraordinário a que se nega provimento (RE 327904, SP, Rel. Min. Carlos Brito, 15.08.2006).
Cont.
Proposta de ação em face do Estado se deve ou pode denunciar a lide, art. 70, III, CPC “a denuncia da lide é obrigatória”
A jurisprudência desta corte Superior tem enveredado pela esteira de que embora cabível e até mesmo recomendável a denunciação à lide de serviço público causador de dano decorrente de acidente de veiculo, uma vez indeferido tal pedido, injustificável se torna, em sede de recurso especial, a anulação do processo para conversão do rito sumário em ordinário e a admissão da denunciação, em atenção aos princípios da economia e celeridade processuais. Resp. nº 197374/MG. Rel. Min.Garcia Vieira. Além de que “em nome da economia processual, admite-se e se recomenda que o servidor público, causador do acidente, integre, desde logo, a relação processual. Entretanto, o indeferimento da denunciação da lide não justifica a anulação do processo.
A AÇÃO DE REGRESSO
Cabe ação de regresso do Estado contra o agente causador do dano se provar ter este agido com dolo ou culpa. Verifica-se que se o agente não participa ou pratica o ato lesivo com culpa ou dolo, não pode ser réu em ação de regresso.
É importante também citar a hipótese do Estado não conseguir identificar o agente público causador do dano, caso em que não poderá ingressar com ação de regresso.
Cabe ação de regresso do Estado contra o agente causador do dano se provar ter este agido com dolo ou culpa. Verifica-se que se o agente não participa ou pratica o ato lesivo com culpa ou dolo, não pode ser réu em ação de regresso.
É importante também citar a hipótese do Estado não conseguir identificar o agente público causador do dano, caso em que não poderá ingressar com ação de regresso.
A questão da denunciação da lide é um ponto bastante discutido. Neste caso, a denunciação da lide é uma espécie de intervenção de terceiros em que o réu chama um terceiro para participar da lide visando garantir o regresso.
Cont.
A maioria da doutrina prega que não é necessária a denunciação da lide ao caso por alguns motivos, entre eles:
- retira do particular a prerrogativa dada a ele por meio da CR/88, inserindo nova discussão no processo em seu manifesto prejuízo;
- elimina a perspectiva de defesa do Estado ( pois se este provar a culpa ou dolo de seu agente, está assumindo a responsabilidade);
- a responsabilidade objetiva e a responsabilidade subjetiva têm fundamentos diferentes;
- entre outros.
Assim, como a CF/88 já dispõe em seu art. 37, § 6º que cabe ação de regresso no caso do Estado ser condenado, pela maioria realmente é desnecessária esta denunciação.
Cont.
O art. 37, §6º da CF estabelece a ação regressiva que tem direito o Estado em face do agente público que tenha agido com dolo ou culpa e tenha chegado a causar dano a terceiros.
O ditame constitucional cria duas espécies de relação jurídica, a primeira entre o Estado e a vítima, a ser oportunizada por meio da ação de indenização e a segunda estabelecida entre a Fazenda Pública e seu agente, no exercício do seu direito de regresso.
 
Cont.
O problema do ressarcimento de prejuízos causados ao ente público pode ser resolvido na via administrativa, se as partes (agente-Estado) entrarem em acordo. Assevera-se que não pode o Estado tomar a iniciativa e descontar os valores devidos pelo agente de sua remuneração, sem que antes seja autorizado pelo mesmo, haja previsão legal autorizando o ato e lhe seja assegurado o contraditório e a ampla defesa. Nem a Fazenda Pública detém esse privilégio. Não sendo viável o acordo, o Estado pode promover a demanda ressarcitória.
FIM
Outra questão de especial importância é o prazo prescricional dessa ação. Afirma o art. 37, § 5º da CF:
“A lei estabelecerá os prazos de prescrição para ilícitos praticados por qualquer agente, servidor ou não, que causem prejuízos ao erário, ressalvadas as respectivas ações de ressarcimento.”
Por ser a ação regressiva, uma verdadeira ação de ressarcimento ao Estado que também foi lesado ao ter que pagar a conta de seu agente, é uníssono na doutrina e jurisprudência que não existe prazo de vencimento para ela, ou seja, é uma ação imprescritível.
Portanto, cabe ressaltar que a responsabilidade vítima-Estado é objetiva, enquanto o agente responde perante o ente estatal de forma subjetiva, se provada sua culpa ou dolo.
 
 
IMUNIDADE PARLAMENTAR MATERIAL E EXCLUSÃO DA RESPONSABILIDADE CIVIL
Diante da construção de uma separação de funções, nada mais evidente do que a necessidade de se conferir aos poderes os instrumentos necessários para impedirem que os demais causem ingerências que atentem contra sua própria autonomia, da mesma forma que é preciso que se encontrem meios para que entre eles haja um equilíbrio democrático.
O Estatuto do Parlamentar, com a previsão de garantias e deveres aos congressistas, longe de ser uma novidade, acaba se tornando uma decorrência lógica da democracia representativa. Ademais, as disposições, a despeito de protegerem os parlamentares em face da macro atividade do Executivo e do Judiciário, acabam evitando
que o poderio econômico e as posições meramente pessoais subrepticiamente se tornem objetivos centrais do exercício da função.
 
Cont.
Cont.
Assim, as prerrogativas, longe de protegerem a pessoa do parlamentar, atuam na defesa não apenas da função, mas também da própria sociedade, representada pelo seu exercício, como determinam as bases do constitucionalismo.
 
A garantia constitucional da imunidade parlamentar em sentido material (CF art, 53 caput) exclui a responsabilidade civil do membro do poder legislativo.
 
A RESPONSABILIDADE DO ESTADO PERANTE A NAÇÃO
CONSIDERAÇÕES FINAIS
 
Inicialmente, o direito civil brasileiro veio a prever que para todo dano há uma reparação, depois esta reparação passou a ser obrigatória para a pessoa jurídica de direito público. Entretanto, não estava bem definido em quais casos deveria se reparar.
Várias teorias passaram pela evolução do tema, a primeira, conhecida como Teoria da Irresponsabilidade, ditava um Estado isento de culpa ou dolo, não deveria reparar nada. As teorias que se seguiram trouxeram a inicial responsabilização do Estado, sendo ela subjetiva, dependente de culpa ou dolo e posteriormente, objetiva.
Com a evolução da doutrina e da jurisprudência, a Constituição Federal Brasileira de 1988 veio a confirmar a responsabilidade civil objetiva do Estado, em seu art. 37, § 5º, pelos atos de seus agentes que causem danos a terceiros.
Com a crescente demanda de prestação dos serviços públicos, o Estado resolveu atribuir a prestação a pessoas jurídicas de direito privado (prestação indireta), por meio de concessão, permissão e autorização. Por estar representando o ente estatal, esse tipo de empresa delegatária de serviços públicos, começou a ser questionada quanto a sua responsabilização perante os terceiros. Mais uma vez, os estudiosos do direito se debruçaram sobre a questão e a Corte Máxima da Justiça Brasileira optou por responsabilizá-las pelo dano causado aos terceiros usuários. Recentemente, a jurisprudência consignou pela responsabilização objetiva dos delegatários de serviços públicos também perante os não usuários.
A questão da responsabilidade civil do Estado é aplicada no Direito Brasileiro de forma objetiva, no entanto há algumas causas que a excluem, exonerando o ente público do cumprimento da obrigação para com o particular. Tal assunto é de extrema relevância por participar do cotidiano dos cidadãos, que sofrem prejuízos materiais, morais e até estéticos pela atuação estatal, o que restou demonstrado pela evolução doutrinária e jurisprudencial, levando ao esclarecimento do tema.
 
ÓTIMOS ESTUDOS!
FIQUEM COM DEUS.
PROF.º ESP. FABIER REZIO REIS
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