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Caderno Constitucional 1 Dirley Cunha 2017.2

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Direito Constitucional I – Dirley Cunha 2017.2
Luíza Helena L. de Aguiar
Direito Constitucional
Constitucionalismo (Movimentos Constitucionais):
Movimento histórico de origem político e filosófico que defendeu desde sua origem e ao longo dos séculos a necessidade de limitação do poder absoluto com a consagração de um regime de garantia das liberdades públicas fundamentais. 
O constitucionalismo, independente de época ou lugar, sempre defendeu a adoção e consagração de modelos de organização política fundamental da comunidade baseadas e fundados na contenção do poder do governante e na proteção dos direitos dos governados. Defendendo a institucionalização de modelos ideais de organização política da comunidade com o equilíbrio das relações dos governantes e dos governados. 
A ideia que sempre esteve presente no constitucionalismo desde sua origem até os dias de hoje, foi consagrar o modelo ideal de governo a partir do sistema que possibilitasse que o poder do governante fosse mantido limitado e jamais fosse exercido com abusos, com opressão. Preocupando-se em assegurar uma relação de equilíbrio entre os governantes e os governados visando a tutela das liberdades e dos direitos dos governados. 
O modelo ideal seria que as pessoas passassem a ser o centro principal do governo e não como um objeto de opressão.
A origem do movimento, não é 100% comprovado, mas há historiadores que identificam as primeiras manifestações desse movimento na forma de organização da comunidade do povo hebreu, na forma de regime teocrático. Na sociedade dos hebreus, tinham-se os governantes e os governados, os governantes exerciam poder sobre os governados mas havia uma LEI SUPERIOR, a Lei Divina. Ela impunha limites ao poder exercido na terra pelos governante, assegurando o equilíbrio nas relações. 
Os governantes exercendo poder porém era limitado pela Lei Divina. Os governados sentindo os efeitos do exercício do poder do governante porém tendo assegurado as suas liberdades e direitos por conta da Lei Divina.
O poder existe em qualquer ambiente, é algo sociocultural. Dentro do núcleo familiar existe, antes o poder era do pai e a partir da constituição de 1988 o poder passa a ser do pai e mãe. Nas academias, na faculdade há a existência do poder. O constitucionalismo nunca se opôs ao poder, ele sempre se opôs ao exercício abusivo, absoluto. O constitucionalismo sempre sustentou a existência de meios adequados de se conter o abuso do poder e se limita o poder absoluto a partir da construção de modelos ideais.
Pensamentos Constitucionalistas:
Antiguidade:
Grécia (Atenas): adotou-se de forma alinhada ao pensamento constitucionalista o regime de democracia direta. Esse regime privilegiou de forma máxima a soberania popular. Pois, esse regime de democracia direta o cidadão era simultaneamente Governante e Governado, não havia distinção. O governo se autogovernava. Na atualidade os países tendem a se aproximar da democracia direta a partir da consagração da democracia participativa.
Roma: o pensamento constitucionalista se destacou com a fundação da república. Em razão dessa forma republicana de governar se institucionalizou um sistema de freios e contrapesos a partir do qual, os órgãos responsáveis pelo exercício do poder em Roma se controlavam. Esse sistema influencia o mundo até hoje e aqui no Brasil é muito importante pois permite que um órgão de poder controle os abusos cometidos por outro órgão de poder dentro do sistema de divisão políticas do Estado (sistema de separação de poderes). Exemplo: quem elabora as leis federais é o Congresso Nacional (legislativo), as leis vão para o Presidente (executivo) que sanciona e promulga, publicando e tornando-a Lei. Porém, se houver uma inconstitucionalidade, se a Lei violou a Constituição Federal, quem controla o abuso da inconstitucionalidade é o outro órgão de poder, o Judiciário chamando o Supremo Tribunal Federal. 
Medieval: na Idade Média, o regime era de Monarquia Absolutista, o poder era concentrado na mão do Rei. Um exemplo foi o reinado do Rei João Sem Terra, na Inglaterra, que foi coroado contra a vontade da Igreja pois seu irmão (verdadeiro Rei, morreu nas Cruzadas). O Rei passou a fazer a Igreja e a Nobreza a pagar tributos, fazendo-os ficar revoltados e se juntar ao povo para pressionar o Rei, o que deu origem a Magna Carta.
Magna Carta de 1215: Consolidou diversas garantias fundamentais como a garantia da propriedade da Igreja não pagar tributos. Como a garantia da liberdade de locomoção (acabou com as prisões arbitrárias, as prisões deveriam ser fundamentadas e determinadas pelo juiz local), a garantia do devido processo legal (ninguém poderá ser condenado senão pelo meio de um devido processo legal no qual se assegure a ampla defesa). 
Modernidade: 
Revolução de Independência das 13 Colônias Inglesas na América do Norte (1776): Foi um movimento de ruptura externo, quebrando a submissão das colônias com a Coroa Britânica. Somente depois dessa independência as ex-colônias resolveram se juntar para formar os Estados Unidos da América do Norte (1787) com a promulgação da primeira Constituição. 
Revolução Francesa (1789-1799): Foi um movimento de ruptura interno, a revolução francesa se opôs ao regime totalitário de monarquia absoluta que existia na França. Influenciada pelo pensamento Iluminista. 
Essas Revoluções foram importantes para a consolidação das ideias constitucionalistas pois foram fundamentais para definitivamente ocorrer a derrogada, a superação dos Estados Absolutistas, como consequência da superação ocorreu o surgimento dos Estados de Direito. Os Estados de Direito nascem na segunda metade do século XVIII por razão das duas revoluções que deterem de um combustível teórico fundamental fornecido pelos pensadores Iluministas (Locke, Rousseau, Montesquieu, Kant). Esse pensamento Iluminista foi fundamental para superar o Absolutismo e consagrar o modelo de Estado de Direito em que o Governante passa a ser o primeiro a se subordinar a ordem jurídica por ele imposta aos cidadãos. Porém essa revolução teve como consequência o surgimento, pela primeira vez na história, das Constituições escritas. 
Constituição dos Estados Unidos (1787): a primeira constituição escrita no Mundo por conta da Revolução Constitucional.
Constituição da França (1791). 
Monarquias Constitucionais: Na Inglaterra, as ideias constitucionalistas se destacaram a partir dos seguintes instrumentos de proteção aos direitos e liberdade fundamentais das pessoas: 
Petição de Direitos (Petition of rights 1628): emanado do Parlamento inglês, dirigido ao Rei da Inglaterra, pedindo respeito a determinados direitos da pessoa humana. 
Habeus Corpus Act (1679): para assegurar de maneira mais ampla o direito de liberdade das pessoas contra as pessoas arbitrárias. Documento escrito que consagrou na Inglaterra ideias constitucionalistas. O Habeus Corpus só serve para assegurar a liberdade de ir e vir quando se trata de prisão arbitrária. Quando há uma prisão fundamentada e justificada, não só nas provas mas como na Constituição e nas leis, ela não é arbitrária, ou seja não cabe Habeus Corpus.
 
Bill of rights (1689): adotado na Inglaterra após a Revolução Gloriosa. Ficou mais conhecido do que a Magna Carta porque foi a partir desse documento que se oficializou na Inglaterra a superação definitiva da Monarquia Absolutista e a consagração da Monarquia Constitucional Inglesa. 
 
A diferença entre a Monarquia Absolutista e Constitucional: a absoluta é aquela que vivia no modelo de Estado absoluto, onde o Rei concentrava e centralizava só para si todos os poderes do Estado. O Rei governava, reinava, legislava, administrava, julgava. O Rei era tudo, desde juiz a legislador. O Parlamento inglês não tinha voz, até porque era subordinado ao rei e composto de pessoas de confiança do rei.
Foi com o Bill of rights e a Revolução Gloriosa que se consagrou o modelo de Monarquia Constitucional com a divisão dos poderes entre o Rei e o Parlamento. Na Monarquia
Constitucional, o Rei passou a se sujeitar ao próprio direito e as leis que impunham aos governados.
Foi com a superação da monarquia absoluta e consagração da monarquia constitucional que se passou a ter a frase conhecida “O Rei reina, mas não governa”. 
A primeira Constituição escrita brasileira foi a de 1824. Até hoje a Inglaterra não possui uma Constituição escrita, a Constituição está no imaginário dos cidadãos. Há sim, textos específicos/especiais porém não caracterizam uma Constituição.
Na modernidade, o Estado De Direito surge a partir do fundamento da importância da lei para instrumento da garantia da liberdade e expressão da vontade geral. A lei que impunha limites aos governantes, a lei que assegurava os direitos dos cidadãos. Por conta disso, surgiram os códigos (é uma lei codificada).
Diferença da lei especial/esparsa da lei codificada:
Esparsa/especial: uma lei que trata apenas de um tema, uma matéria.
Codificada: aquela lei que consegue consolidar um universo de matérias. 
Esse modelo de Estado, baseado nas leis e nos códigos, quando imposto foi muito aplaudido, porém esse modelo de Estado de Direito começou a mostrar problemas gravíssimos. Começou a se revelar um péssimo modelo, apresentando defeitos e falhas.
Na primeira metade do século XX foi marcada pela presença de governos autoritários e regimes totalitários que se moldaram nesse modelo de Estado de Direito baseado nas leis e códigos. Esses regimes totalitários violadores de direitos e liberdades da pessoa humana, passaram a criar códigos totalitários e restritivos. Os próprios governantes se apropriaram das leis e códigos para criar um modelo de opressão.
A lei que libertava passou a ser a mesma lei que oprimia, porque os governantes que produziam as leis, passaram as criar leis para se servirem delas e não servir ao povo (Alemanha Nazista). Portanto, o governo não era ilegal pois seguiam as leis, mas as leis criadas por eles próprios. Não eram questionado a legitimidade, o conteúdo. 
Neo-Constitucionalismo (Contemporâneo):
 O Estado de Direito se baseia diretamente na própria Constituição, na centralidade, supremacia. Passa a ser o Governo das Constituições, onde até mesmo as leis passam a se submeter as Constituições, o princípio da legalidade passa a se submeter ao princípio da Constitucionalidade. Passa a ser chamado Estado Constitucional de Direito, não mais Estado Legislativo de Direito.
A partir do Neo-Constitucionalismo, a Constituição passa a ser um documento dotado de valor e força jurídica e não mais um documento político. As normas passam a ser normas jurídicas e eficazes pois, são dotadas de superioridade. A partir desse modelo, pode-se começar a questionar as leis, as leis não podem mais oprimir, se não, está violando a Constituição. Pois, as leis estão na periferia e são subordinadas juridicamente. 
As leis que violam os valores constitucionais, não podem sub existir juridicamente, são inconstitucionais, o conceito de validade se ampliou para atingir o conceito de legitimidade, juridicidade, constitucionalidade. 
Uma lei, nesse modelo, só é válida, além de ter sido produzida com as regras formais previstas na Constituição, também com maior ênfase se tiver sido produzida em consonância com os valores consagrados na Constituição. Esse modelo se adequa melhor com o jus naturalismo. 
O Brasil não tem um Tribunal Constitucional, só tem uma Suprema Corte (STF) que julga tudo. A missão do Tribunal Constitucional é assegurar a força normativa da Constituição julgando o controle de constitucionalidade das leis. Os juízes não são permanentes, assumem mandatos (entre 9 a 12 anos, depende do lugar) e depois vão embora. Os juízes são juristas com indicações de diversas instâncias plurais para garantir pluralidade. Todas instâncias tem sua cota de indicação. 
Três marcos fundamentais do Neo-constitucionalismo:
Histórico: Aparecimento com o Estado Constitucional de Direito, esse modelo surgiu a partir das Constituições pós Segunda Grande Guerra com os países (Alemanha, Itália, Portugal e Espanha). O marco histórico do Neo-Constitucionalismo no Brasil foi com a Constituição de 1988. 
Filosófico: a teoria que influenciou o Neo-Constitucionalismo foi a teoria pós-positivista, com a centralidade dos direitos fundamentais e a reaproximação entre o Direito e a ética. Essa teoria foi a que conseguiu promover a paz entre o positivismo e o jus naturalismo. 
Teórico: decorre a partir da força normativa da Constituição, o reconhecimento da normatividade dos princípios, a expansão da jurisdição constitucional, o reforço na proteção dos direitos fundamentais e o desenvolvimento de uma nova dogmática da interpretação constitucional, com o reconhecimento de novas categorias de solução de antinomias normativas, como a ponderação. 
Sobre Direito Constitucional: é um ramo da Ciência do Direito que tem por objeto o estudo dos preceitos Constitucionais. O direito constitucional não estuda apenas a Constituição, mas também as instituições políticas do Estado, estuda a sociedade, os valores sociais. Há assuntos estudados por D.C que não está na Constituição. Exemplo: o constitucionalismo. 
D. C. Positivo: é aquele conteúdo do Direito Constitucional que se ocupa em estudar a Constituição vigente de um determinado país, é uma parte do seu conteúdo, mas não a única. Exemplo: Direito Constitucional Positivo Brasileiro, Direito Constitucional Positivo Estadunidense.
D. C. Comparado: é a parte do Direito Constitucional que se ocupa em examinar diversas constituições no tempo e no espaço para apresentar semelhanças e dessemelhanças entre elas. Exemplo: estudo da Constituição Brasileira de 1967 com a Constituição Brasileira de 1988 (uma em vigor e outra revogada. Tempo). Estudo da Constituição Brasileira de 1988 com a Constituição Portuguesa de 1976 (as duas em vigor. Espaço).
D.C Geral: é a parte do Direito Constitucional que examina a Constituição para identificar pontos semelhantes acerca de um determinado assunto, para dar um tratamento uniformizado sobre o tema. Exemplo: Constituição Brasileira de 1988, Constituição Alemã 1949 e Constituição Estadunidense 1786 estuda-se das três um mesmo tema o Federalismo, com o propósito de estabelecer a identidade do Federalismo a luz das três Constituições e construir características comuns do tema a luz das três Constituições.
Relação do Direito Constitucional com outras disciplinas:
	Com o novo modelo do Estado Constitucional de Direito, as constituições assumem a centralidade e a hegemonia, o direito constitucional passa a ter relação com as outras disciplinas e ramificações do direito com a ideia de relação de subordinação, persuasão, influência.
	A árvore completa é o Direito, a árvore possui vários ramos, que cada um representa um ramo do direito. Esses ramos provém de um tronco, único e esse tronco é representado pelo Direito Constitucional. Todos os ramos do direito se alimentam do Direito Constitucional a partir dos valores que a Constituição propaga. 
Se um ramo do direito é “cortado”, se elimina uma parte do direito, mas a estrutura “árvore” ainda continua. Já se o tronco for cortado, acaba a árvore. Ou seja, se o Direito Constitucional for cortado, o direito acaba.
Fontes do Direito Constitucional: as fontes “conversam” entre si. 
Fontes Diretas (Imediatas): Constituição, maior e principal fonte do direito pois é ela quem estabelece os fundamentos de organização do Estado. E também tem os costumes que serve de orientação ao constituinte e ao interprete da Constituição. A constituição dialoga com o costume e vice-versa.
Fontes Indiretas (Mediatas): doutrina constitucional (ensina a teoria da constituição, ensina o direito constitucional), jurisprudência constitucional (formada a partir de um conjunto reiterado de decisões dos tribunais constitucionais ou homólogos sobre temas constitucionais). A doutrina critica a jurisprudência, discorda. A jurisprudência concorda com a doutrina. 
Teoria da Constituição: tudo depende da Constituição.
O “constitucentrismo”. 
Noções Gerais: A Constituição não é uma lei como qualquer outra. É a lei maior, que serve como fundamento para elaboração de todas as outras leis. As leis resultam de um trabalho exercido por poderes constituídos e criados pela própria Constituição. Poderes como legislativo e executivo. A Constituição é decorrente do poder Constituinte (poder mais soberano existente, primeiro poder que se manifesta em uma comunidade política). A Constituição é uma só, com normas constitucionais. Porém existem milhares de leis. A Constituição corresponde ao conjunto de princípios e regras que ordenam uma comunidade política, lhe fixando os fundamentos de organização, estrutura, criando os seus poderes, os que serão institucionalizados nessa comunidade política, atribuindo-lhes suas competências, fixando-lhes seus limites e definindo um regime de proteção dos direitos de liberdades fundamentais a pessoa humana. 
Sentidos da Constituição: 
Sentido Sociológico: defendido por Ferdinand Lassalle, final do século XIX. Defendeu que a Constituição era real, verdadeira, era “a soma dos fatores reais de poder que regulam determinada comunidade.” Isso é, para Lassalle a Constituição resultava das forças sociais, de um conjunto de fatores emergentes da sociedade, espelhavam a realidade social. Lassalle fazia uma distinção, como uma verdadeira Constituição era a soma ele distinguia essa Constituição real da que era escrita em uma folha de papel. Isso porque, a verdadeira Constituição é aquela que resulta da razão humana, a verdadeira Constituição não pode ser considerada produto da racionalidade humana, porque a verdadeira Constituição não é aquilo que o homem escreve em uma folha de papel. A verdadeira Constituição não é escrita em papel e imposta para a sociedade, mas sim aquela que resulta da própria realidade social, da vivência, das manifestações dessa realidade, ele chamou isso de “fatores reais de poder”. 
Esses fatores reais de poder envolviam para a época que ele viveu, a monarquia, a aristocracia, a burguesia, o poder econômico, poder militar e o maior destaque o poder dos operários. Ele envolvia todas as manifestações da sociedade; Lassalle sustentou essa ideia em uma Conferência Magna em 1862 para intelectuais e operários. 
Sentido Político: defendido pelo alemão Carl Schmitt em 1928. Para Carl a Constituição não tem que ser um conjunto de fatores emergentes de uma sociedade e sim a Constituição consiste em uma decisão consciente, política e fundamental que o próprio povo, organizado em conjunto, adota a respeito da organização da sua própria comunidade. Carl Schmitt não liga para a realidade social, discordando com Lassalle. Essas decisões do povo eram sobre a organização do Estado, dos poderes do Estado (suas atribuições, o modo em que as atribuições são exercidas, como são assumidas, as limitações das atribuições) e o povo quem decide acerca dos seus próprios deveres e direitos fundamentais. 
Porém, na época em que Carl Schmitt viveu, estava em vigor na Alemanha uma Constituição escrita (1919) e analisando essa Constituição, ele se deparou com obstáculos e dificuldades que eram sustentadas por ele, pois na vigente Constituição da Alemanha havia dispositivos alheios a esse núcleo essencial que resulta das escolhas e decisões políticas fundamentais. 
Sentido Jurídico: (A constituição passou a ser reconhecida como verdadeira norma jurídica fundamental) defendido por Hans Kelsen (Pai da Teoria Pura do Direito). Kelsen deixou claro que as Constituições são verdadeiras normas jurídicas, reconheceu a força normativa da Constituição. Não é apenas uma norma jurídica positiva determinante que vincula por obrigações e vedações mas sim é uma norma jurídica fundamental, pois a Constituição situa-se no escalão normativa máximo (pirâmide Kelseniana). 
Sustentou dois sentidos jurídicos de constituição: sentido positivo (leva em consideração o direito positivo, sem a norma hipotética fundamental) a Constituição é o último escalão normativo. Sentido lógico jurídico a Constituição é a própria norma hipotética. 
Sentido Cultural: Defendida por Miguel Reale (brasileiro) e Konrad Hesse (alemão). O sentido cultural é sensível aos sentidos anteriores, ou seja, não nega nenhum sentido anterior. O sentido cultural é o que busca alinhar e assegurar uma conexão entre os sentidos anteriores, por essa razão, para o sentido cultural a Constituição é simultaneamente uma realidade social, decisão política fundamental e norma jurídica, porque para os defensores do sentido cultural, a Constituição é um objeto cultural e assim sendo, a Constituição interage com o seu meio, com a realidade social, com as decisões políticas fundamentais e com a compreensão de que é uma norma jurídica. 
Para Miguel Reale, o Direito é a partir de três dimensões, Direito é norma, Direito é valor (resulta de escolhas e decisões fundamentais do povo que valoram antes de escolher) e Direito é fato (é realidade social). Direito não é só norma (contrapõe Kelsen), não é só fato social (contrapõe Lassalle) e não é só valor decorrente de decisões e valorações sociais e políticas de um povo (contrapõe Schmitt). 
E Konrad Hesse, em 1958, afirma a força normativa da Constituição. Trabalha em conexão com o pensamento de Lassalle em questão de ser fundamental a realidade social, porém com contrapontos, pois acha que é fundamental que o texto de uma Constituição escrita pelo homem, busque na realidade social seus ingredientes necessários para que esse texto possa ter vida própria ao exercer força normativa. Quanto mais o texto se afasta da realidade social, perde força normativa. Exemplo: A Constituição de um país sendo aplicada em outro. A realidade é completamente diferente, acabando com a força normativa.
Supremacia da Constituição: é a qualidade da sua força normativa, em razão da superioridade hierárquica da Constituição, em razão da primazia hierárquica da constituição, em razão do seu primado a constituição desempenha uma força normativa que é uma força subordinadora, legitimadora. A Constituição se encontra no topo do sistema normativo desempenhando toda a sua força normativa subordinante. 
Formal: consiste na capacidade de impor a todo o Direito, todo o sistema jurídico, a obrigatoriedade da observância de determinados procedimentos e formalidades, ou seja, todo o sistema jurídico deve adotar procedimentos e formalidades impostas na Constituição. Exemplo: a Constituição determina determinados procedimentos e formalidades para a elaboração de algumas normas jurídicas, as emendas (aptas a proceder a própria modificação do texto da Constituição) e as leis complementares. As emendas se sujeitam a determinados procedimentos onde há inúmeras formalidades (só pode ser aprovado a partir do voto de 3/5 de cada casa do Congresso.) Uma emenda pode ser inconstitucional se violou alguma das formalidades para a sua formação. As leis complementares devem ser aprovadas pela “metade mais um” em números pares no Senado e o “primeiro número inteiro acima da metade” em números ímpares.
Constituição Brasileira é formal e escrita. 
Material/Substancial: passa a exercer uma força superior para impor ao Direito os valores que a Constituição consagra de tal forma que o sistema jurídico passa a ser parametrizado pelos valores que a Constituição consagra. Supremacia de conteúdo, de substância. A Constituição, tanto em força normativa para impor procedimentos e formalidades ao sistema jurídico, como também força normativa para impor observância do seu conteúdo e seus valores. Nenhuma Lei pode violar direitos e garantias fundamentais, pois fazem parte de um conteúdo constitucional protegido.
Constituição da Inglaterra é material e não escrita.
Classificação/Tipologias da Constituição: 
Quanto ao conteúdo: 
Formal: são as que surgem de textos produzidos a partir de um processo de positivação constituinte, ou seja, as Constituições formais são aquelas cujas as normas são produzidas por uma Assembleia Nacional Constituinte responsável
pela elaboração de um novo texto Constitucional no país.
Material: as disposições limitam-se a tratar de um conteúdo material limitado a organização do Estado, dos poderes do Estado e dos direitos e garantias fundamentais, pouco importando se essas disposições resultam de um processo constituinte ou não, formal ou não.
Quanto à forma:
Escrita: só apareceram na Modernidade Constitucional. São as Constituições cujas normas estão todas consolidadas em um único texto formalmente produzido em uma Assembleia Constituinte. 
Não Escrita/Costumeira: possuem textos porém há prevalência dos costumes constitucionais que coexistem com diversos textos escritos. 
Quanto a origem:
Constituição Promulgada/Democrática: é aquela democraticamente adotada ao país. Resultou de uma legítima manifestação constituinte com o apoio legítimo, voluntário, espontâneo e livre do povo. No Brasil foram as Constituições de 1891, 1934, 1946 e 1988. 
Constituição Outorgada/Não Democrática: é aquela imposta ao povo sem a sua participação, sem o povo deseja-la, autoritariamente elaborada. No Brasil foram as Constituições de 1824 (Império), 1937 (Constituição do Estado Novo), 1967 (Resultou depois do Golpe Militar) e 1969 (Emenda Número 1).
Constituição Cesarista: é aquela que é elaborada por um ditador sem a participação popular mas depois convoca o povo para, em consulta popular (plebiscito ou referendo), aprovar a Constituição cujo texto o Ditador elaborou. Foi a Constituição da França na época do Napoleão e a Constituição do Chile na ditadura de Pinochet. 
Constituição Pactuada: consiste no compromisso político instável entre duas forças políticas antagônicas. Foi o que aconteceu na Revolução Francesa que se caracterizou em uma revolta do terceiro Estado entre burguesias e trabalhadores contra a monarquia, clero e nobreza que resultou na Constituição Francesa como um pacto. 
Quanto a consistência/força/estabilidade:
Constituição imutável: é aquela que não pode ser alterada em absolutamente nada por nenhum poder. Uma vez elaborada, não poderá ser modificada. Se houver necessidade de mudança, revoga-se a Constituição e promulga uma nova Constituição. Foi em partes o caso da Constituição Brasileira de 1824 durante os 4 primeiros anos de vigência em que havia uma clausula em que ela não poderia ser modificada por 4 anos. 
Constituição fixa: podem ser mantidas e modificadas, porém, só permitem que a alteração ocorra pelo mesmo Poder Constituinte Originário que a elaborou. 
Constituição rígida: melhor modelo que existe. Modelo em que tem a virtude de conciliar, compatibilizar a garantia da estabilidade e consistência normativa da Constituição e assegura a evolução da Constituição. São as Constituições que admitem alterações em suas disposições por meio de um poder criado para esse fim, o Poder Constituinte Derivado. Porém, mediante a um processo legislativo de emenda bastante dificultado. São a maioria das Constituições do Mundo.
Constituição flexível: são as que podem ser alteradas com facilidade, uma Lei pode alterar as normas da Constituição, não se cerca de nenhum mecanismo para assegurar sua estabilidade de modo que pode ser alterada com qualquer procedimento. 
Constituição semirrígida/semi-flexível: são as que conseguem, em um único texto, reservar determinadas disposições (partes do texto) a rigidez só podendo ser alterada mediante procedimento dificultado e a outra parte podendo ser alterada por um singelo procedimento. Foi o caso da Constituição do Império 1824, previa no artigo 178, reservava parte da Constituição a um procedimento mais rígido e outra parte poderia ser alterada mais facilmente. 
Quanto a extensão: 
Constituição Sintética/Concisa: são as Constituições breves, abreviadas, diminuídas. E por conta da brevidade, ela limita-se a dispor diretrizes e princípios gerais. É a Constituição dos Estados Unidos que possuem apenas sete artigos.
Constituição Analítica/Prolixa: são as Constituições longas, que entram em detalhes, as que regulam detalhadamente todos os aspectos da vida política e social do Estado. É a Constituição Brasileira de 1988.
Quanto ao modo de elaboração:
Constituição Dogmática: é a Constituição elaborada a partir de determinados valores e são adotados pela Assembleia Constituinte e passam a integrar como normas os textos escritos da Constituição. A Constituição Dogmática é necessariamente uma Constituição Escrita. É a Constituição Brasileira de 1988.
Constituição Histórica: é a que decorre de um lento e continuado evoluir das tradições históricas de um povo, ou seja, diferentemente da Dogmática, a Histórica não são escritas, são produzidas a partir do decorrer da história e da tradição histórica de uma determinada sociedade. É a Constituição da Inglaterra.
Quanto a finalidade:
Constituição Garantia: assegurar as liberdades individuais contendo o exercício arbitrário do poder. Assegura os espaços de autonomia das pessoas que nem o próprio Estado pode se intrometer. Esse modelo surgiu após as Revoluções em um ambiente de Estado Liberal Mínimo. Esse modelo foi maravilhoso para a época, porque as pessoas viviam livres e distante do Estado, porque era um Estado Opressor. Durou até as duas primeiras décadas do Século XX em todo o Mundo.
 
Constituição Social/Dirigente: organizaram um Estado diferente, organizaram um Estado responsável por promover o bem estar da sociedade, de todos, um bem estar geral. O Estado passou a atuar em uma situação de intervenção, a Constituição Social organiza um Estado Social capaz de intervir nas relações individuais e sociais para assegurar um equilíbrio nas relações e para assegurar o bem estar de todos por meio de políticas públicas em diversos setores (educação, saúde, previdência, assistência, moradia...) O Estado passou a ser uma peça fundamental, impondo obrigações positivas. 
A primeira Constituição Social do Mundo foi a do México (1917), depois a da Rússia (1918) e depois a da Alemanha (1919). A primeira Constituição Social Brasileira foi a de 1934. 
Quanto a ideologia:
Constituição Ortodoxa: é a que adota com exclusividade uma única ideologia, carga ideológica, não aceitando qualquer outra. Foi típica em país Socialista. As Constituições de 1923, 1936 e 1977 da União Soviética eram Ortodoxa. 
Constituição Eclética: é a Constituição que se compatibiliza com todas as ideologias. Asseguram e garantem a harmonia dessas diferenciadas ideologias. A Constituição Brasileira de 1988 é eclética, um exemplo é a liberdade de religião que a Constituição adota. 
Quanto ao ser: Classificação ontológica, autor é Karl Loewenstein, que é a classificação quanto a realidade social;
Constituição Normativa: é a Constituição que tem valor jurídico, dotada de Juridicidade, suas disposições são normas jurídicas imperativas e a Constituição exerce força jurídica regulatória da realidade social, regulando a realidade social, porém sem dela se afastar. Assegura uma relação dialógica com a realidade, regula e é regulada pela sociedade.
É a Constituição que faz a ponte de comunicação entre o Direito e Política. O sistema jurídico e o sistema político. 
Constituição Nominal: é aquela que não possui valor jurídico, não possui juridicidade, suas disposições não são normas jurídicas imperativas. Pois, essa Constituição só existe de forma retórica. Não desempenham nenhuma capacidade regulatória da realidade, nem da política. Não conseguem dominar o processo político. A Constituição Brasileira de 1891 foi uma Constituição Nominal.
Constituição Semântica: são as cartas políticas das quais os Governos autoritários se servem para governar autoritariamente. Ou seja, os governos autoritários conseguem ter a sua disposição Constituições autoritárias para que essas Constituições possam lhe assegurar alguns poderes. Maduro está querendo isso na Venezuela. No Brasil foi a Constituição do Estado Novo (1937).
A Constituição Brasileira é formal, escrita, promulgada, rígida, analítica, dogmática, social, eclética e normativa.
Estrutura da Constituição: 
	Todas as Constituições do Mundo seguem uma estrutura padrão e esse padrão envolve as seguintes partes:
Preâmbulo: é a parte introdutória dos textos constitucionais que pré-anuncia de forma concisa/resumida toda a carga ideológica da Constituição e os valores que foram prestigiados. O Preâmbulo não tem força normativa, não se impõe aos Estados membros, o preâmbulo serve de forma muito útil como parâmetro para interpretação de todo o texto constitucional. 
Parte Dogmática: é a parte que reúne, no seu texto permanente, todos os direitos e garantias fundamentais da pessoa humana, compreendendo os direitos individuais, coletivos, civis, políticos, econômicos, sociais, culturais, etc. É a parte mais essencial da Constituição, pois reúne as liberdades políticas.
Parte Transitória: denominada de ADCT na Constituição Brasileira. É a parte final da Constituição que reúne normas constitucionais de vigência temporária que tem por finalidade assegurar a transição jurídica de uma Constituição anterior (revogada) para uma nova Constituição, regulamentando na transição algumas situações de caráter temporário, mas enquanto vigerem são normas jurídicas obrigatórias. Exemplo: artigo 2º do ADCT previa um plebiscito no Brasil que ocorreria em 7 de setembro de 1993, já ocorreu então não tem mais a norma vigente. 
Elementos da Constituição: 
	Servem para indicar um conjunto de normas que compartilham do mesmo objeto regulatório.
Orgânico/Organização: são os que indicam as normas constitucionais que dispõem sobre organização e estrutura política do Estado. Exemplo: Brasil é Federação (forma de Estado), Governo República (forma de Governo), Governo Presidencialista (sistema de Governo). 
Limitativos: são os que indicam as normas constitucionais que dispõem os direitos e garantias fundamentais da pessoa humana, limitando o poder absoluto do Estado. Exemplo: a declaração de Direitos previstas na Constituição. 
Socio-ideológicos: são os que indicam as normas constitucionais que revelem o grau de comprometimento do Estado com a sociedade. Se esse grau for muito baixo ou inexistente é o conjunto de normas que definem o Estado Liberal, se esse grau for amplo são as normas que definem o Estado Social. 
Estabilização Constitucional: são os que indicam as normas constitucionais que tem por objeto a defesa da força normativa da Constituição, tem por objeto a resolução dos conflitos constitucionais e tem por objeto assegurar a estabilidade do texto, hora da defesa da supremacia e força normativa da Constituição, hora da adoção de mecanismos de solução de conflitos constitucionais. Exemplo: as normas da Constituição que regulam o controle de constitucionalidade. 
Formais de Aplicabilidade: são aqueles que identificam na Constituição as normas que regulam a forma de aplicação da própria Constituição. Exemplo: artigo 5º parágrafo 1º, “as normas definidoras de direitos e garantias fundamentais tem aplicação imediata”. 
Teoria do Poder Constituinte:
Noções Gerais e históricas: como fenômeno político, o poder constituinte é simplesmente o poder de organizar um determinado núcleo social, adotando-lhe de fundamentos políticos por meio de uma Constituição.
	O poder Constituinte é o poder de firmar uma Constituição e por meio dessa Constituição estabelecer os fundamentos de organização política de uma determinada comunidade. Em essência, ele cria/institui/inaugura.
	É a primeira manifestação de poder político que existe em um núcleo social e o poder Constituinte sempre existiu como fenômeno político. Todos os outros poderes são criados pelo Poder Constituinte e são chamados de poder constituído (podendo ser público ou privado).
	A teoria do poder Constituinte não surgiu somente para estuda-lo, mas acima de tudo, primordialmente, para legitima-lo porque nem sempre a sociedade, que é eminente do poder Constituinte esteve a serviço do cidadão, até porque os governos antigamente eram opressores e absolutistas. 
	O Poder se destacou em dois momentos fundamentais da modernidade Constitucional: Revolução de Independência dos Estados Unidos (surgindo a Constituição que está em vigor até hoje) e Revolução Francesa. 
	Em um primeiro momento, o Poder Constituinte era ditado pela Coroa Britânica na América do Norte, com a Revolução de Independência cada uma das ex 13 colônias começaram a exercer seu próprio poder Constituinte e logo em seguida, o poder, que era difuso, passou a ser um só dando origem na Constituição. Essa Revolução teve apoio fundamental da França. 
	Na França, foi diferente, eles lutavam pela liberdade contra um regime de opressão que já estava instalado e firmado. Essa luta reivindicou o poder Constituinte, que até então era exercido pelo Monarca Absoluto e foi deslocado para o povo integrado pelo 3º Estado (burguesia e camponeses). 
	Na França pré-Revolucionária existia um regime (Ancien Régime) caracterizado pela sua estrutura de opressão, onde tinha o Rei Absoluto, abaixo dele havia os Estados Gerais e esses Estados Gerais reuni os 3 Estados. 
	O 1º Estado era o Alto Clero, o 2º Estado a Nobreza e o 3º Estado a Burguesia e os Camponeses (povo). O Rei Absoluto privilegiava o 1º e 2º Estado, com todas as riquezas e vantagens, que era composto por 3% da população. O 3º Estado tinha o dever de pagar e sustentar esse regime opressor, não havia nenhum privilégio e representava 97% da população.
	A Revolução Francesa foi a revolução do 3º Estado com o líder abade Sieyès, um padre que não estava no Alto Clero e que passou a exercer atividades junto com os Camponeses e por isso, se tornou o Representante do 3º Estado. Esse Padre Emmanuel Joseph Sieyès, foi o grande cabeça do Poder Constituinte e líder da revolução, escreveu um livro sobre o Terceiro Estado, com três indagações que ele próprio fez e respondeu. 
	As indagações eram “Quem é o Terceiro Estado?” a resposta foi “É tudo” pois, é quem trabalha, quem coloca alimento na mesa do Clero e da Nobreza, quem fornece os materiais de subsistência, quem paga os tributos. “O que tem sido o Terceiro Estado?”, a resposta foi “Apesar de ser tudo, não tem sido nada” porque não tem absolutamente nada, nenhum benefício, não tem direitos apenas deveres, não tem vantagens, não tem privilégios, só possui restrições, sujeições, tem suas vidas ceivadas. “O que pretende ser o Terceiro Estado?” e a resposta foi “É o único que tem a capacidade de existir como uma verdadeira nação, ele quer ser uma nação mas para ser, ele precisa se organizar como tal por meio de um poder Constituinte, precisa-se tirar o poder Constituinte do Rei Absoluto e transferir para toda a nação, todo o Terceiro Estado.” 
	Foi ai que surgiu as bases de legitimação do Poder Constituinte e essas bases são firmadas em 2 pilares que são: Institucionalização do poder, tornando-o parte de um todo, firmando o poder como uma instituição a serviço da coletividade. E o segundo pilar é a despersonalização do poder, se trata o poder Constituinte como uma instituição, não pode tratar como algo pessoal e sim está a serviço de toda a nação.
	A teoria de Abade Sieyès ganhou proporção inimaginável. 
Natureza do Poder Constituinte: há correntes que sustentam:
	Político/Fático: sustentada pela corrente positivista. Direito é norma jurídica posta pelo Estado. Só há direito quando é produzido por autoridade do Estado. As pessoas são livres porque o Estado garante a liberdade e são iguais quando o Estado assegura a igualdade.
	Poder Constituinte > Constituição > Estado > Direito 
	Jurídico/Direito: sustentada pela corrente jusnaturalista. Direito é aquele produzido pelas relações humanas, relações naturais travadas entre as pessoas humanas. As pessoas são livres e iguais desde o nascimento com direito e dignidade. 
	Direito > Poder Constituinte > Constituição > Estado
	A corrente que domina o pensamento na atualidade é a Corrente Positivista. 
Titularidade e Exercício do Poder Constituinte: são duas coisas que não se confundem. Na Constituição Brasileira, artigo
1º parágrafo único, “Todo poder emana do povo” logo, o titular é o povo. O poder constituinte é do povo, seguindo o Tio Sam, o modelo norte-americano.
	Porém a Constituição continua, “o poder emana do povo, que o exercerá por meio dos seus representantes ou nas hipóteses previstas na Constituição, diretamente” mostrando quem possui o exercício do poder.
	Titular absoluto do poder Constituinte é o povo e quem possui o exercício são os representantes do povo, a Assembleia Nacional Constituinte (seguindo os Franceses e não os norte-americanos). A Assembleia é composta pelos agentes constituintes. 
Espécies/Divisão do Poder Constituinte: essa divisão ou espécie existe por uma questão metodológica entre aquele Poder Constituinte que exerce autoridade máxima de elaborar uma Constituição e aquele Poder Constituinte que existe apenas para reformar a Constituição já elaborada pelo primeiro. 
		Poder Constituinte Originário: exerce a potência para elaborar a Constituição, a autoridade máxima da Constituição, esse poder cria a Constituição e os Poderes Derivados no próprio texto constitucional. Originário porque é a fonte, a origem da Constituição. É acionado por várias possibilidades, podendo ser Revolução, Guerra Civil, uma ruptura com ou sem Revolução. É exercido por uma Assembleia Nacional Constituinte composta por Constituintes (não Deputados e Senadores).
		Poder Constituinte Derivado: é o poder que emerge/deriva da Constituição, possui competência e essa competência se submete a limitações que o Poder Originário demarca no próprio texto constitucional.
	O poder derivado ainda pode se subdividir, dependendo do modelo de Estado que se adota. Nos Estados Federais podem ser:
			Reformador: previsto no artigo 60 da Constituição Federal. É aquele que existe para alterar a Constituição Federal. É exercido pelo Congresso Nacional, aqui no Brasil, por meio do processo legislativo de Emenda Constitucional. 
			Decorrente: previsto no artigo 25 da parte permanente da CF e no artigo 11 da parte transitória da CF. É aquele que possui competência para elaborar e emendar as Constituições Estaduais. É exercido pelas Assembleias Legislativas Estaduais, que são órgãos legislativos dos estados.
	Nos Estados Unitários (Portugal) não existe o poder decorrente, pois não existe os Estados Membros.

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