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Reforma Trabalhista Reforma Previdenciária Política Educacional no Ceará Plano Real JORNAL PET ECONOMIA Agenda de Reformas Fortaleza, Julho de 2017 2 O grupo PET compartilha com a comunidade acadêmica a primeira edição do Jornal PET Economia 2017. Nesta edi- ção, teremos como tema principal a discussão sobre a agenda de reformas propostas pelo Governo Federal. Também abor- daremos, novamente, como anda a conjuntura econômica do país que influi muito na efervescência política. O Brasil tem passado por uma grave crise econômica e as previsões, pela primeira vez em dois anos, começam a indicar melhorias na a economia, ao menos em um futuro próximo. Ademais, a saída da recessão ainda se faz o principal desafio para o novo governo, sobretudo em . Sem embargo, o que se percebe é que 2017 se apresenta como um ano de mudanças para o Brasil . Como deu para perceber, o Jornal, está recheado com di- versos assuntos. Então desejamos uma boa leitura a todos e seria importante para nós, deixar sua opinião, através dos co- mentários nas redes sociais, em que o mesmo é publicado di- vulgado. Atenciosamente, Thiago Matheus e Pedro Avelino. Editores do Jornal PET Economia. Editorial 3 Setor Externo Incertezas e mudanças nas projeções A incerteza sobre o futuro do Brasil, tan- to no âmbito econômico como no político, afe- ta não só o cenário doméstico, mas também influi na relação do país com o resto do mun- do. O setor externo é diretamente afetado e as projeções para o mesmo também, seja através do canal preço (em específico, a taxa de câm- bio), seja através dos volumes (no caso, refle- tindo mudanças no crescimento da absorção doméstica brasileira). As projeções que se tinham a respeito do setor externo eram relativamente boas, acredi- tava-se em uma expansão moderada e gradual do diferencial de crescimento entre o mundo e o Brasil, em uma taxa de câmbio real efetiva com leve apreciação e em termos de troca com desempenho positivo, ainda que com riscos claramente identificados. Porém, a divulgação em 17 de maio de informações referentes à de- lação premiada dos donos da JBS e os desdo- bramentos políticos que se seguiram fizeram com que as projeções sofressem revisões nega- tivas a respeito do cenário de curto prazo. Os modelos de projeção para a taxa de câmbio, por exemplo, sofreram um sobressalto. Segun- do o Boletim Macro IBRE da fundação Getulio Vargas, a taxa de câmbio projetada para o final de 2017 é de R$ 3,40/US$, uma taxa mais des- valorizada visto a uma expectativa de desvalo- rização menor numa primeira projeção. Essa expectativa de desvalorização ocorre mesmo com um cenário internacional relativamente bom com um dólar relativamente fraco e de menores juros externos se contrapuseram a re- cuos nos preços de commodities, pois a mudança de risco-país dominou as pro- jeções atuais. Ademais, mudanças relevantes ocorre- ram nas projeções dos termos de trocas. As úl- timas análises previam um aumento nos termos de troca em 2017 haja vista a dinâmica favorá- vel dos preços de exportação entre o final de 2016 e o início deste ano. Hoje, acredita-se um pequeno recuo dos termos de troca. Por outro lado, projeções atuais do Bole- tim Macro IBRE acreditam numa melhoria na conta corrente. No início, acreditava-se em um déficit na conta corrente de US$ 35 bilhões, porém após revisões o déficit esperado agora é de US$ 10 bilhões (0,5% do PIB) em 2017. Em termos de composição, boa parte desta re- visão vem da balança comercial, para a qual agora se espera um superávit de US$ 63 bi- lhões, que seria o maior da série histórica. O crescimento de US$ 22 bilhões em relação à projeção anterior é resultado direto do novo cenário para os fundamentos, combinando ex- portações mais elevadas (US$ 205 bilhões vs. US$ 192 bilhões) com importações menores (US$ 142 bilhões vs. US$ 151 bilhões). Po- rém, vale lembrar que os vetores que motiva- ram a redução deste déficit derivam não só de fatores exógenos à economia brasileira (crescimento mundial e preços de commodi- ties), como, principalmente, da pequena recu- peração de nosso crescimento após anos de de- sempenho baixo. Portanto, as notícias não são tão boas assim e ainda precisamos vencer muitos desa- fios para sairmos de fato da crise econômica. Balança de pagamentos, reservas inter- nacionais e divida externa No mês de maio de 2017, as transações correntes apresentaram superávit de US$2,9 bilhões, este influenciado pela safra recorde de Conjuntura Econômica 4 grãos que proporcionou um saldo comercial recorde. Na conta financeira, os ingressos lí- quidos de investimentos diretos no país soma- ram US$2,9 bilhões no mês, acumulando US$80,7 bilhões nos últimos doze meses, ou 4,28% do PIB. No que se refere à conta de serviços, es- ta registrou um déficit de US$2,5 bilhões em maio, mantendo-se estável se compararmos com o mesmo período do ano passado. As despesas líquidas de renda primária atingiram US$ 2,3 bilhões no mês, uma redu- ção de 19,6% com relação a maio de 2016. Ademais, a conta de renda secundária registrou ingressos líquidos de US$203 milhões, recuo de 25,5% em relação a maio do ano anterior. Os investimentos diretos no país totali- zaram ingressos líquidos de US$2,9 bilhões no mês (ingressos de US$2,9 bilhões em partici- pação no capital e amortizações de US$21 mi- lhões em operações intercompanhia), e US$32,5 bilhões nos cinco primeiros meses de 2016, 8,5% acima do ocorrido entre janeiro e maio de 2017. Em relação às reservas internacionais do país, em maio, estas totalizaram US$377,7 bi- lhões no conceito liquidez, aumento de US$1,4 bilhão em relação ao mês anterior. O estoque de linhas com recompra apresentou redução de US$150 milhões, em comparação ao mês ante- rior. A receita de remuneração das reservas so- mou US$320 milhões no mesmo período, as variações por preços e paridades aumentaram o estoque, na ordem em US$215 milhões e US$758 milhões. No conceito caixa, o estoque de reservas atingiu US$376,5 bilhões em maio, aumento de US$1,5 bilhão em relação ao mês anterior. Ademais, a posição de dívida externa bruta estimada para maio de 2017 totalizou US$314,3 bilhões, um aumento de US$62 bi- lhões em relação à posição do mês anterior. A dívida externa estimada de longo prazo atingiu US$262,2 bilhões, aumento de US$445 mi- lhões, enquanto o endividamento de curto pra- zo somou US$52,1 bilhões, redução de US$383 milhões. Gustavo Guilherme Inflação Após iniciar o ano de 2017 em queda, a inflação brasileira calculada através do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) con- tinua a desacelerar. Dado que ao final do ano passado a taxa de inflação foi de 6,29%, o IPCA retrocedeu de tal forma que, em maio, no acumulado em 12 meses a alta registrada foi de 3,60%. Ademais, o IPCA-15 registrou, em ju- nho, redução de 3,77% para 3,52%, a menor taxa para 12 meses desde junho de 2007. Das 11 regiões metropolitanas pesquisa- da no IPCA-15 referente ao mês de junho, duas apresentaram deflação: Fortaleza (-0,13%) e Belo Horizonte (-0,21%). Já Recife foi a região metropolitana que apresentou resultado mais elevado, 0.46%. No IPCA-15 de maio duas re- giões metropolitanas também registraram de- flação, Goiânia (-0,22%) e Belém (-0,04%). Deve-se destacar que este cenário de alí- vio inflacionário vem sendo possibilitado por uma série de fatores que incluem desde o cho- que de preços dos alimentos, já que a oferta agrícola se recupera das perdas provocadas em 2016 por fenômenos climáticos e cresce este ano perto de 30%, até a manutenção do câmbio em patamar favorável,passando pelo baixo di- namismo da demanda interna, além do aumen- to da credibilidade do Banco Central, que pare- Conjuntura Econômica 5 ce ter ampliado a capacidade de ancoragem das expectativas de inflação. Para os próximos meses, a expectativa é de preservação do nível de inflação no patamar atual. Segundo o Boletim Focus, a expectativa é de que a inflação fechará o ano abaixo da meta central, que é 4,5%. Larissa Mota. Mercado de Trabalho A taxa de desemprego do Brasil cresceu para 13,7% no primeiro trimestre de janeiro a março deste ano, ao compararmos com os 10,9% apontados no mesmo período de 2016. Tal taxa de desemprego é um recorde desde que o Instituto Brasileiro de Geografia e Esta- tística (IBGE) começou a publicar a pesquisa por meio da PNAD Contínua, em 2012. Ainda segundo o IBGE, o desemprego já atinge 14,2 milhões de pessoas no Brasil. Em um ano, são 3,1 milhões de pessoas a mais sem emprego, um aumento de 27,8%, segundo o IBGE. Se- gundo o Instituto ainda, a menor taxa de de- semprego e consequente número de desempre- gados foi registrada no trimestre encerrado em fevereiro de 2014, quando havia 6,6 milhões de desempregados, ou seja, esse número mais que dobrou em três anos. De acordo com o IBGE, em relação ao mesmo trimestre de 2016, houve redução de trabalhadores nos setores de construção (-9,5% ou -719 mil pessoas), agricultura, pecuária, produção florestal, pesca e agricultura (-8,0% ou -758 mil pessoas), indústria geral (-2,9% ou -342 mil pessoas) e serviços domésticos (- 2,9% ou -184 mil pessoas). Apenas o grupa- mento de alojamento e alimentação teve alta (11% ou mais 493 mil pessoas). No Brasil, contratar e demitir é muito caro, existem custos com treinamentos, garan- tias salariais e direitos trabalhistas. Sabe-se que um cenário econômico conturbado, além de um cenário político instável traz desestrutura- ção para o mercado de trabalho. Logo, o em- presário somente volta a contratar novos funci- onários diante de um cenário estável da econo- mia. Em períodos de crise, é natural que uma parcela da população que estava inativa volte ao mercado de trabalho para contribuir no or- çamento das famílias. No processo, esse mes- mo grupo se junta aos milhões de trabalhado- res em busca de emprego, ajudando a aumentar a taxa de desemprego. Portanto, o aumento do desemprego ocorreu devido das demissões e também por conta das novas pessoas que entra- ram no mercado de trabalho, mas não encon- traram uma vaga. Com os sinais de reação do mercado de trabalho, o Ministério do Trabalho vem tentan- do estimular a geração de empregos. Dentre as iniciativas no combate ao desemprego estão o Sine Fácil, um aplicativo de monitoramento de vagas de trabalho, e a Cota Social na Aprendi- zagem, um programa voltado para a contrata- ção de jovens aprendizes. Conjuntura Econômica 6 Diante do recorde na taxa de desempre- go e do pessimismo dos economistas, há quem se encontre otimista nesse momento, por exemplo o ministro da Fazenda, Henrique Mei- relles afirmou que a taxa de desemprego parou de crescer em abril e que deve começar a cair em agosto. REFERÊNCIAS Boletim Focus - BC Boletim Macro Ibre de junho de 2017 Carta de Conjuntura n° 35 – IPEA IBGE Valor Econômico Conjuntura Econômica Sara Roberta 7 Reforma Trabalhista Além de uma reforma trabalhista O texto-base referente a reforma traba- lhista (PL 6.787/16) apresentado pelo governo de Michel Temer pretende alterar alguns arti- gos da imutável CLT (Consolidação das Leis do Trabalho), promulgada em 1946. No entan- to, a discursão sobre o texto muitas vezes ga- nham vieses politizados, esquecendo-se de sua análise econômica. As atividades laborais precisam ser re- guladas, uma vez que o trabalho não pode ser contratado de forma exclusiva das leis de mer- cado. Todo país possui algum tipo de regula- mentação mercado de trabalho, muito embora haja várias formas de regulamentá-lo. Existem dois sistemas que são dicotômicos: o sistema estatuário e o sistema negocial. O primeiro, acredita na eficiência das leis e no monitora- mento destas por meio de tribunais do traba- lho. A lei tem centralidade absoluta e devem ser respeitadas pelo mercado de trabalho, inde- pendente das diferenças entre setores da eco- nomia, características regionais e tamanho da empresa. O sistema negocial, por sua vez, acredita que cada setor necessita de um respaldo dife- rente e, desse modo, as regras são fixadas de maneira geral, deixando para o contrato nego- ciado a maior parte dos detalhes da regulamen- tação. Mantém-se, assim, atualizado e dinâmi- co. O sistema brasileiro atual se assemelha mais ao primeiro caso, o que de acordo com Pastore e Zylberstajn no livro “A administra- ção do conflito trabalhista no Brasil” esse sis- tema é defasado e alimenta grupos de interes- ses. O caráter rígido das leis trabalhistas bra- sileiras tem posto grande dificuldade para acompanhar as mudanças da economia moder- no. A terceirização é uma prática que busca maximizar a eficiência de uma produção, do mesmo modo que trabalhos em tempo parcial, à distância ou em cooperativas. A atual legisla- ção não facilita a prática dessas novas formas de trabalhar, de modo que essa rigidez consti- tui um entrave para criação de novos empresas e empregos e para manter a competitividade. Além disso, outra distorção que o exces- so de rigidez gera compreende o quadro de contratação das pequenas e microempresas. Devido ao alto custo do trabalhador para essas empresas, a contratação de uma parte do qua- dro de trabalhadores (ou total) na informalida- de. De acordo com o Ipea, no último trimestre de 2016 cerca de 45% da força de trabalho ati- va estava na informalidade. Dessa forma, a reforma trabalhista apre- sentada pelo Projeto de Lei 6.787 de 2016 se assemelha mais a um sistema negocial, onde as regras de administração, assim como as despe- sas com contratação, podem ser modificadas, o que pode ser feito mediante acordo das partes. A aprovação da lei trará benefícios no curto e longo prazo. Em um primeiro momento, dimi- nuirá os índices de desemprego elevado no pa- ís, pois diminuirá o receio dos empregadores de empregar. Ao longo do tempo, reduzirá o número de conflitos trabalhistas (em um país que é líder em ações trabalhistas), melhorará a produtividade do trabalho e tornará as empre- sas e a economia brasileira mais competitivas. Alguns pontos da reforma trabalhista Acordos O empregado e empregador poderão negociar a jornada de trabalho, redução de salá- rio e banco de horas. Contribuição Sindical A contribuição passará a ser opcional. Multa O texto propõe multa de R$ 3 mil por empregado não regis- trado. No caso de microem- presa, o valor é de R$ 800. Regime parcial O regime de trabalho em tempo parcial aumenta para 30 horas semanais, sem horas suplementares por semana. Jornada de Trabalho A jornada diária pode chegar até 12 horas, e o limite sema- nal pode chegar a 48 horas, incluindo 4 horas extras. Thiago Matheus 8 Reforma Trabalhista Do porquê ser contrário à Reforma A lei trabalhista de 1 de Maio de 1943 através do Decreto-Lei nº5.452 foi sancionada pelo entãopresidente da República Gertúlio Vargas no período do Estado Novo. Nesse período, o Brasil passava por um processo de inflexão em suas estruturas, tanto econômicas quanto sociais. A ‘descentralização do centro dinâmico’ citadapor Furtado em sua obra ‘Formação Econômica do Brasil’ caracteriza a forma como alguns economistas acreditam ser o começo da arrancada industrial Brasileira. A industrialização no Brasil, nos anos de 1930, embora tardia comparada a países centrais do globo trouxe com ela uma imediata necessidade de mudanças nas relações de trabalho, principalmente nos centros urbanos. Um legado incontestável deixado pelo governo Vargas, regulariza e protege as relações entre patrões e empregados. Nessa perspectiva, analisando a equiparação do poder de barganha de cada lado da negociação que ocorre entre patrão e empregado no âmbito das relações de trabalho, a lei assume que há uma desproporcionalidade de forças no contexto dessa negociação prevenindo, assim, abusos e presunção de coação do lado mais forte, que seria o dos empregadores, com um maior poder de barganha. Empiricamente, não é difícil de constatar esse fato. Sendo assim, a Consolidação das Leis Trabalhistas – CLT, composta por oito capítulos que garantem uma série de direitos e benefícios como a jornada diária de trabalho com o tempo máximo de 8 horas/dia, salvo ho- ra extra remunerada e institui regras de contratação da mão de obra abrangendo grande parte dos grupos trabalhistas brasileiros. Durante todas essas décadas, de 1943 até os dias atuais, o debate em relação à flexibilização da CLT, que alguns chamam de modernização, vem crescendo nas pautas dos governos. O conjunto de artigos da CLT já sofreu 497 modificações. Agora, em 2016-17, o Governo do ex vice-presidente Michel Temer pretende aprovar no congresso o Projeto de Lei da reforma trabalhista (PL 6.787/16), o parecer é do relator da proposta o deputado federal Rogério Marinho (PSDB-RN). O texto da proposta altera mais de 100 artigos da CLT com a expectativa do texto final chegar a 200 artigos, e cria aos menos duas modalidades de contratação: trabalho intermitente, por jornada ou hora de serviço, e o teletrabalho, que regulamenta o “home office”. Simpatizantes da reforma creditam nela a possibilidade de retomada do investimento e possível diminuição da taxa de desemprego que, conforme dados do IBGE, gira em torno de 13,7%. Entretanto, contrários à reforma e mesmo empresários, segundo o Infomoney, não associam a reforma a um aumento do investimento ou diminuição do desemprego. Eles argumentam que as expectativas não favorecem a retomada do investimento. Segundo pesquisa da Ipsosrealizada com a população acima de 18 anos, 58% dos entrevistados reprovam o texto da reforma trabalhista que está sendo proposta pelo governo. Agora, você, caro leitor, deve estar se perguntando de que maneira essa reforma mexerá na sua vida. Eu explico citando alguns pontos mais importantes: ACORDOS COLETIVOS: o texto estipula o ‘acordado sobre o legislado’, significando que o que é negociado entre patrão e empregado se sobressai ao que está na lei, podendo ser acordado o parcelamento de férias, a jornada de trabalho, a redução de salário e o banco de horas. Sendo garantido, entretanto, o 13º salário, fundo de garantia, as férias proporcionais e o salário mínimo. TRABALHO INTERMITENTE: a proposta prevê a possibilidade de a contratação de trabalhadores para períodos de prestação de serviços com a flexibilidade de alternância em dias e horas de trabalho, 9 com convocação de no mínimo 5 dias de antecedência. Esse artigo do texto da proposta aumenta exponencialmente a rotatividade e a instabilidade no emprego. Nessa perspectiva, mudanças de comportamento podem mudar variáveis macroeconômicas como o consumo, que em última análise, se desfaz a cultura no Brasil de pagamentos à prazo ou mensalidades em áreas como serviços, isso devido à incerteza gerada pelo trabalho intermitente. GESTANTES EM LUGARES INSALUBRES: Um dos ar tigos que causaram polêmica e foi altamente criticado pela bancada feminina na câmara dos deputados, foi o artigo que previa a admissibilidade do trabalho de gestantes em lugares insalubres, em que grávidas e lactantes poderiam ser liberadas para trabalhar em locais com qualquer grau de insalubridade desde que apresentassem um atestado médico comprovando que o ambiente não afetaria nem a mãe nem o bebê. JORNADA DE TRABALHO: podendo chegar a 12 horas diárias e 48 horas semanais, incluídas 4 horas extras. HORA EXTRA: trabalhador passa a ter um máximo de 2 horas, contudo, as regras poderão se fixadas por acordo individual, convenção ou acordo coletivo. FÉRIAS: aumentaram de 2 para 3 períodos para serem usufruídas, um com pelo menos 14 dias corridos e os demais com 5 dias corridos. O TEMPO DE DESLOCAMENTO: o tempo gasto no trajeto deixa de ser considerado como parte da jornada de trabalho. O intervalo no período da jornada de trabalho poderá ser negociado, desde que tenha no mínimo 30 minutos. AÇÕES TRABALHISTAS CONTRA A EMPRESA: O trabalhador que entra com ação contra a empresa fica responsabilizado pelo pagamento dos honorários periciais caso perca a ação. Hoje, ele não arca com custos que são cobertos pelo Poder Público. Agora, o benefício da justiça gratuita passará a ser concedido apenas aos que comprovarem insuficiência de recursos. O trabalhador também terá que pagar os custos processuais se faltar em um julgamento, salvo se comprovar, no prazo de oito dias, que o não comparecimento ocorreu por um motivo legalmente justificável. Hoje, o empregado pode faltar a até três audiências judiciais. DEMISSÃO: O substitutivo prevê a demissão em comum acordo. Por esse mecanismo, a multa de 40% do FGTS seria reduzida a 20%, e o aviso prévio ficaria restrito a 15 dias. Além disso, o trabalhador poderia sacar 80% do Fundo, mas perderia o direito a receber o seguro-desemprego. Contratação por MEI: O projeto permite que os microempreendedores individuais - MEI possam prestar serviços como terceirizados, salvaguardas à lei da terceirização - que permite a terceirização ampla e irrestrita - o que abre portas à migração de trabalhadores com carteira assinada (regime CLT), com todos os, até então, direitos garantidos, para esse outro regime de contrato que diminui as responsabilidades de pagamento de direitos aos empregados pelos empregadores em 70%. Para o doutor em direito do trabalho e professor da Pontifícia Universidade Católica (PUC) de São Paulo, Ricardo Pereira Guimarães, a própria necessidade da reforma é questionável. Assim disse em uma entrevista à Agência Brasil: “Na minha opinião, o que deve existir é uma reforma fiscal. Em uma relação de emprego, a grande questão do custo do empregado é em razão dos tributos, não em relação ao que ele ganha: décimo terceiro e fundos”. A grande preocupação no caso da reforma é a possibilidade que ela cria na Reforma Trabalhista 10 medida em que o acordado entre empregados e empregadores tenha mais peso em relação às normas legais. É isso que cita Guimarães “A questão do negociado sobre legislado poderia ser possível, até deveria, se a gente tivesse sindicatos que realmente representem os empregados, o que hoje não acontece. O sindicato se instala, fica recebendo a contribuição e não faz nada”, Um expoente da vida política brasileira, o ex ministro da integração do governo Lula, Ciro Gomes ataca a reforma de proposta que está para ser votada no Senado Federal, entretanto, pondera sobre a necessidade de uma reforma trabalhista que ele caracteriza como ‘séria’. Para ele “as manchetes [sobre as necessidades de reformas] são corretas. Mas, as formas de encaminhamento atuais são absolutamente toscas e passam completamente ao largo de qualquer consequência estratégica para opaís”. A reforma, nos termos propostos, gera uma fragilização do contrato de trabalho. Segundo Guilherme Mazui, colunista do Zero Hora, 'Há uma série de medidas que limitam o acesso à Justiça do Trabalho. Se o trabalhador entrar com processo e faltar à audiência, ele perde a ação e paga metade das custas. Hoje, elas são remarcadas. Milhões de pessoas perdem a audiência por minutos porque demoram a encontrar a sala’. Em exemplos de paralelos no mundo, a Europa vem tendo esse movimento e a economia não apresenta grandes evoluções, constatando-se, apenas, uma maior precarização dos empregos. O que choca na análise da reforma trabalhista proposta é o total vácuo na discussão que permeia a melhora do direito à técnica, da eficiência do trabalhador, da diminuição da desigualdade social, sendo a reforma assentada em artigos que flexibilizam as relações de trabalho em prol de uma maior exploração do trabalhador. Ora, não bastando o rolo compressor de direitos sociais representado pela reforma na regulamentação do trabalho 'urbano', tendo em vista que ela não trata específicamente da relação do trabalho rural, há a PL 6442/2016, de autoria do presidente da bancada ruralista, o deputado Nilson Leitão (PSDB-MT). O projeto de Lei que, mais uma vez, não é baseado na discussão da necessidade do aprimoramento do direito à técnica, mas sim em formas de se ceifar e regulamentar práticas de exploração do trabalhador, nesse caso, o rural. Na prática, é como se a CLT não se aplicasse mais à classe rural. O texto prevê a possibilidade de o trabalhador receber remuneração de qualquer natureza, não necessariamente o salário monetário, concedendo margem ao pagamento da mão de obra com habitação ou comida ou parte da produção, enfim, qualquer tipo de remuneração. Um ultraje que pode nos custar não só a volta aos tempos medievais, mas também a perda de contratos e rebaixamento de nossos produtos internacionalmente, tendo em vista que o Brasil é signatário da OIT ( Or- ganização Internacional do Trabalho), organização que proibi tal prática, assim como outros tratados como a OMC (Organização Mundial do Comércio). Outro ponto do texto que gera polêmica é a jornada diária de até 12 horas e o fim do descanso semanal, uma vez que passa a ser permitido o trabalo contínuo por até 18 dias. Fica permitida, ainda, a venda integral das férias para os trabalhadores que residirem no mesmo local de trabalho, além do trabalho em domingos e feriados sem a apresentação de laudos de necessidade. Para a Doutora em Economia e professora da Universidade Federal do Ceará (UFC) Inez Castro, a PL institucionaliza a servidão rural no Brasil. Segundo a professora "Esse termo que é prescrito na lei 'remuneração de qualquer espécie' pode criar problemas pra gente em nível internacional tanto de reputação do país como também até de retaliação, por que nós somos signatários de vários tratados da OIT e também vários Reforma Trabalhista 11 tratados relacionados à direitos humanos que vetam o trabalho escravo, então podemos ter retaliação do comércio internacional alegando que algum produto exportado tem origem no trabalho escravo". Não é prudente para um país em nível de desigualdade em que o Brasil se encontra, na ineficiência flagrante dos judiciários, assim como dos sindicados, condenar sua população a um regime de trabalho proposto nessa reforma que, em última análise, beneficia a uma parcela mínima da população, enquanto as massas agonizam em suas jornadas árduas de trabalhado, sem a mínima proteção do estado. O lobby das empresas na política se sobressaindo aos anseios da população. Reforma Trabalhista Lívia Mendes 12 Reforma Previdenciária Previdência Social Em 2016 foi aceita a PEC 55, que impõe um teto para os gastos primários do governo. Com a implementação dessa lei, veio à tona um debate que gera muita polêmica: a crise da pre- vidência social. Como foi até mostrado no jor- nal do PET passado, os gastos com previdência tenderiam a comprimir os demais gastos públi- cos (com benefícios sociais, por exemplo), invi- abilizando o funcionamento de funções estatais básicas. Dado esse quadro, o atual presidente em exercício propôs uma reforma da previdên- cia. Mas o que é a previdência social? Como ela é estruturada atualmente? E o mais impor- tante, como se dá o processo de reforma da pre- vidência social e como ela afeta positiva ou ne- gativamente nas vidas das populações benefici- adas? O que é a Previdência? A previdência Social faz parte de um conjunto integrado de ações de iniciativa do po- der público e da sociedade, chamado Segurida- de Social, que visa assegurar o bem-estar da po- pulação junto com os serviços de saúde e assis- tência social, garantidos pela constituição de 1988/ Art. 194. Ou seja, manter um nível de renda após a inatividade econômica, também conhecida como aposentadoria. Como ela é estruturada atualmente? Desde a constituição de 1988, o regime previdenciário passou a ser um regime de repar- tição que consiste, de certo modo, na transfe- rência de renda da população jovem para idosa. Ou seja, a população ativa de uma geração fi- nancia a população inativa de outra geração, movimento conhecido como intergeracional. O Regime Geral de Previdência Social (RGPS) comporta as seguintes características: 1. São descontadas contribuições do salário dos trabalhadores do setor privado, tendo como órgão gestor o INSS; 2. A filiação é obrigatória; 3. É de abrangência nacional; 4. Público (previdência oficial básica); 5. Repartição simples; 6. Benefício definido: Existe limite mínimo pa- ra o salário de contribuição e salário de be- nefício do RGPS de R$ 780,00 e teto máxi- mo de contribuição de R$ 4.663,75 adotados a partir de 01/2015. 7. Admite Fundo de Previdência Complemen- tar. Como se dá o processo de reforma da previ- dência social? Depois de proposta, gerando um enorme debate – de certa forma até emocional – na so- ciedade, a proposta original sofreu algumas al- terações. Alguns dos principais pontos aborda- dos dentro da proposta original e em sua refor- mulação são: Proposta original: Para terem direito ao benefício integral da Previdência, homens e mulheres precisarão contribuir por 49 anos para ter acesso. Reformulação: o tempo de contribuição passa a ser de 40 anos e não mais 49. Proposta original: o trabalhador terá que alcançar 65 anos de idade e 25 anos de con- tribuição. Reformulação: a idade muda para as mulheres, que obterão a aposentadoria a partir dos 62 anos. Para os homens, continua a regra dos 65 anos. Proposta original: os benefícios continua- dos, que são as pensões por morte, perdem a vinculação com o salário mínimo. Reformu- lação: agora a vinculação será mantida. A idade mínima para ter acesso também foi al- terada: passou de 70 anos para 65. Proposta original: os trabalhadores do campo seguem as mesmas regras que os da cidade: para obter a aposentadoria, era preci- so alcançar 65 anos de idade e 25 anos de contribuição. Reformulação: a idade de apo- sentadoria dos homens cai de 65 anos para 13 Reforma Previdenciária 60 e a das mulheres, para 57. O tempo de contribuição recua de 25 anos para 15. O tex- to mantém a cobrança de uma contribuição sobre o salário mínimo. O novo cálculo para se obter a aposenta- doria consiste em uma média de todos os salá- rios de contribuição, dessa média a pessoa terá direito a 70%. Haverá um acréscimo de 1,5% para cada ano que superar 25 anos de contribui- ção e de 2% para cada ano que superar 30 anos de contribuição. Para cada ano que superar 35 de contribuição, haveráum aumento de 2,5% até atingir os 100% aos 40 anos de contribuição. Como ela afeta positiva ou negativamente nas vidas das populações beneficiadas? Sobre um ambiente deficitário da previ- dência social preocupante, a apresentação de uma reforma foi avaliada como a melhor alter- nativa, pelo o governo, para reverter a atual situ- ação das reservas previdenciárias e igualar o va- lor das arrecadações com o valor do benefício futuramente recebido. No entanto, desde então muitas questões foram levantadas e posiciona- mentos foram tomados, tanto a favor quanto contra a essa alternativa de redução dos gastos em relação à aposentadoria. A reforma da Previ- dência consiste em uma mudança estrutural, não parametrizada, que trouxe a tona vários questio- namentos e embates sobre preservar o bem-estar social, lado ético e moral representado ou a pre- servação de reservas para geração futura, lado fiscal da economia. Sobre uma expectativa positiva da refor- ma, Alexandre Cabral, economista pela UFRJ, com mestrado em Administração pelo IBMEC, apresenta, através de um artigo publicado pelo Estadão, um posicionamento bem favorável à implementação da reforma. Primeiro mostra co- mo se comporta o sistema previdenciário vigen- te e depois aplica a reforma sobre a mesma situ- ação e pelos dados apresentados nota-se um re- sultado bastante promissor. Sobre o regime atual só um contribuinte pode gerar uma dívida de quase 1.000.000 de reais, para o Estado, levando em consideração que ele já esgotou o valor con- tribuído quando ativo economicamente. E sobre o novo regime proposto na refor- ma previdenciária nota uma extrema diferença, já apresentando um superávit de 200.000 reais. Para melhor entendimento deste superávit, Ca- bral utiliza de um exemplo bem simples: Neste artigo, o autor mantém a premissa de rendimento no nível de inflação a +2% ao ano para todos os casos. Nota-se neste artigo, resultados realmente significantes sobre o ambiente fiscal brasileiro, mas este é a representação, de apenas um lado “Minha mãe começou a trabalhar com 18 anos. Aos 48, com os 30 anos de contribuição exigidos pela legislação vigente, estava aposentada. Aos 59, tudo que ela poupou na Previdência zerou. Hoje ela tem 81 anos e uma saúde de ferro – para espanto da minha esposa. O que significa isso? Que nós estamos sustentando a aposentadoria da minha mãe. Números: se a minha mãe tiver se aposentado por R$ 3.000,00 mensais, ela já teria dado um prejuízo de mais de R$ 1.100.000,00 aos cofres públicos. Somente a minha mãe! E isso até agora, com 81 anos. Quanto mais tempo ela viver, maior será esse valor.” Alexandre Cabral, economista da UFRJ. “Comecei a trabalhar com 18 anos e não fiquei desempre- gado nenhum dia, até chegar aos 65 anos de idade. Logo, contribuí para o INSS durante 47 anos (65 – 18). Nesse cenário, no dia da minha aposentadoria, teria direito a receber 98% do meu salário médio de toda a vida de con- tribuinte. Por que 98%? É o resultado da soma dos 51% base sobre o salário médio, mais 1% correspondente a cada um dos 47 anos de contribuição (51 + 47 = 98), cál- culo da aposentadoria no novo regime. Para receber 100% do salário médio da minha vida toda de contribuin- te, terei que trabalhar até os 67 anos, totalizando 49 anos de contribuição (67 – 18). Assim, a conta seria 51% de base, mais 1% para cada um dos 49 anos de contribuição (51 + 49 = 100). Se eu fizer a mesma conta para minha mãe, ela teria hoje, aos 81 anos, um saldo positivo de R$ 200.000,00. Olha a diferença: saímos de um prejuízo de mais de 1 milhão de reais pelas regras vigentes quando ela se aposentou, para saldo positivo de 200 mil reais”. 14 Reforma Previdenciária da reforma previdenciária. A aposentadoria co- mo um todo é bastante complexa e nada fácil de debater ou entender. Vários teóricos já que abordaram o tema o associam a vastas teorias como a do ciclo de vida, da escolha intertem- poral, miopia dos agentes, entre outras. Por outro lado, existem muitos argu- mentos contra o novo regime previdenciário. A reforma parte da premissa de tornar o siste- ma de previdência brasileiro similar a de paí- ses desenvolvidos, mas não considera a desi- gualdade regional que existe no país, além da expectativa de vida do trabalhador brasileiro que é menor, principalmente no Nordeste do país. Outro ponto alvo de críticas é o aumen- to de 15 para 25 anos como tempo mínimo pa- ra receber o benefício. No Brasil existe uma enorme rotatividade no mercado formal, sem mencionar o mercado informal, o que faz com que o trabalhador atinja os 65 anos sem ter co- mo comprovar os 25 anos de contribuição, e mesmo que consiga, só receberá o benefício integral ao completar 40 anos de contribuição. A economista Denise Gentil da UFRJ, como solução alternativa à reforma da previ- dência, sugere combate à sonegação, cobrança da dívida previdenciária, redução de 30% para 15% na Desvinculação das Receitas da União (DRU), revisão das desonerações, criação de empregos formais, e projetos de desenvolvi- mento que envolvam ganhos de produtividade. A economista aponta para o fato de que com o obstáculo para o ganho do benefício integral ao fim da vida, muitas pessoas podem optar por não contribuir, o que poderia acarretar no esvaziamento da previdência pública. Para ela, a nova reforma tornou tão difícil o acesso ao benefício integral da aposentadoria que a pro- cura por previdência privada complementar acabará sendo estimulada. Por fim, além do enorme debate sobre a reforma, a crise política em que se encontra o país põe em dúvida a implementação da nova lei. O atual presidente passa por um momento crítico, sofrendo uma série de acusações que põem em jogo a aprovação da reforma ainda para este ano. Ádria Freire Jonatan Meneses 15 Política Educacional do Ceará Em 2005, nos resultados apresentados pelo Comitê Cearense pela Eliminação do Analfabetismo Escolar, o Ceará aprensentava apenas 14 municípios, dos 184, no nível de al- fabetização desejado. Além disso, como o ob- jetivo desse comitê era explicitar os problemas do analfabetismo escolar no Ceará, outros re- sultados foram observados, como: apenas 15% de uma amostra de 8000 alunos leram e com- preenderam um pequeno texto de maneira ade- quada; 42% das crianças produziram um pe- queno texto, que geralmente não passavam de duas linhas e nenhum texto foi considerado ortográfico; ainda foi observada a falta de di- dática de grande parte dos professores e que esses não possuíam uma grade curricular nas faculdades que formassem o professor alfabe- tizador. Com os resultados apresentados pelo comitê, era esperado que medidas fossem to- madas, e foi o que ocorreu. A APRECE e a UNDIME/CE, com apoio do UNICEF, cria- ram o Programa Alfabetização na Idade Certa (PAIC), que tinha como objetivo apoiar, finan- ceiramente e técnicamente, os munícipios cea- renses na melhoria da qualidade do ensino da leitura e da escrita nas séries iniciais do ensino fundamental, a princípio o PAIC obteve ade- são de 60 municípios, através do pacto de coo- peração. O pacto de cooperação almejava fazer com que os municípios se comprometessem, por meio da ajuda financeira, a seguir as se- guintes metas: priorizar a alfabetização de cri- anças, redimensionando recursos financeiros para os programas da área; estimular o com- promisso dos professores alfabetizadores com a aprendizagem da criança, por meio da valo- rização e profissionalização docente; rever os planos de cargos, carreira e remuneração do magistério municipal, priorizando incentivos paraa função de professor alfabetizador de crianças a partir de critérios de desempenho; definir critérios técnicos para a seleção de nú- cleos gestores escolares, priorizando o mérito; implantar sistemas municipais de avaliação de aprendizagem de crianças e desempenho do- cente; ampliar o acesso a educação infantil, universalizando progressivamente o atendi- mento de crianças de 4 e 5 anos na pré-escola; adotar políticas locais para incentivar a leitura e a escrita. Então, visto a melhora, em 2007, o go- verno do Estado do Ceará tornou o PAIC uma política pública, assim, assumindo sua execu- ção. A partir daí todos os municípios foram integrados ao PAIC e seu objetivo principal tornou-se: alfabetizar todos os alunos até o se- gundo ano do ensino fundamental. Com isso o programa foi dividido em cinco eixos: gestão da educação municipal, avaliação externa, al- fabetização, educação infantil, literatura infan- til e formação do leitor. Então, com esse pro- grama, o governo oferece: formação contínua para os profissionais da educação, material di- dático para alunos e educadores, entre outras ajudas financeiras e técnicas. Visto o sucesso do PAIC e os ainda mui- to baixos resultados do 5º ano do ensino fun- damental, o governo amplia o programa, lan- çando o PAIC MAIS, que tinha como objetivo extender as ações do PAIC, que eram até 2º ano do ensino fudamental para até o 5º ano do ensino fundamental. Nesse, para garantir o apoio do programa, as escolas tinham ainda mais objetivos, como: continuar cumprindo os compromissos com a alfabetização de crianças no PAIC elencados no compromisso anterior, já que este novo era uma extensão; garantir o transporte, as diárias e a disponibilidade de tempo para os professores multiplicadores par- ticiparem das formações e realizá-las no muni- cípio, já que era necessária a constante capaci- tação dos professores; entre outros compro- missos. Como consequência dessa iniciativa ce- arense, 77 das 100 melhores Escolas Públicas do Brasil encontram-se no Ceará. Dado refe- rente ao Índice de Desenvolvimento da Educa- ção Básica (Ideb), que avalia a qualidade de PAIC e a melhora na educação cearense 16 Política Educacional do Ceará escolas e das redes de ensino do país através da combinação da taxa de aprovação escolar com o desempenho dos alunos, divulgado, em 2016, pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep). O avanço se mostrou, principalmente, nos primeiros anos do Ensino Fundamental, sendo eles do 1º ao 5º ano. O Estado ficou co- mo sexto colocado do país, com média 5.9, su- perando a média nacional de 5.5. Além disso, ainda segundo dados do Inep, as escolas cea- renses, quando avaliados os 4º e 5º ano, já su- peraram a projeção estabelecida para 2017, de 4.5. No que se refere aos anos mais avançados do Ensino Fundamental, do 6º ao 9º ano, a me- lhora é mais modesta, porém visível. As metas projetadas foram todas superadas, inclusive, a nota obtida em 2015 já se mostra maior, em 0.2 pontos, que a nota prevista para 2017. Esses resultados promoveram o Ceará a Estado mais bem classificado da região Nor- deste e, também, nos colocou entre o ranking dos dez melhores Estados do país. Vale ressal- tar o desemprenho da cidade de Sobral, que serviu de modelo para a criação da PAIC, des- pontando com média 8.8 para os primeiros anos do Ensino Fundamental e apresentando melhor resultado nacional para o ciclo. No entanto, tais melhorias não se esten- deram com mesma magnitude para os anos re- ferentes ao Ensino Médio, nos quais o Ceará atingiu média 3.7, ficando abaixo do valor tra- çado. A expectativa é de que, nos próximos anos, com o avanço dos alunos do o Ensino Fundamental para o Ensino Médio, esse pro- gresso se estenda e atinja todo o período estu- dantil abordado. O que fica de lição para os gestores educacionais do Estado é que, apesar dos ganhos alcançados, ainda permanecem di- ficuldades a serem superadas. Isabel Fontgalland Samuel Cruz 17 Plano Real Itamar Franco assumiu interinamente a presidência do Brasil em 29 de dezembro de 1992. A sua frente um desafio: estabilizar a economia. A mudança estrutural ocorreria atra- vés do Plano Real, um projeto de estabilização monetária e fiscal. A inflação acumulada nos últimos 12 meses já havia alcançado 1119%. Em maio de 1993 Itamar nomeia Fer- nando Henrique Cardoso que, apesar de não ter formação acadêmica em economia, utiliza de sua influência para selecionar uma equipe de economistas formada por Gustavo Franco, Pe- dro Malan, André Lara Resende, Pérsio Arida, Edmar Bacha e Winston Fritsch. O objetivo central do plano era lançar uma moeda cujo valor fosse atrelado muito próximo ao dólar e, dessa maneira, desindexasse a economia. A equipe denominou cinco principais objetivos que posteriormente seriam explana- dos para a população. O primeiro e mais im- portante fator seria zerar o déficit público pois, apenas assim, seria possível cessar o concomi- tante aumento da base monetária. O segundo passo seria desindexar a economia. A ideia era retirar o fator inercial da inflação. Consequen- temente entraríamos no terceiro ponto: reinde- xar bens e serviços na taxa de câmbio. Passo crucial para a realização de um Currency Bo- ard, apesar de não ser necessariamente o caso do Real. Por fim vinham fatores externos, tais como abrir a economia e aumentar acentuada- mente as reservas internacionais. O primeiro passo para a implementação do plano seria substituir o Cruzeiro pelo Cru- zeiro Real, novamente três zeros foram corta- dos e uma nova moeda foi implementada em 1º de agosto de 1993. A moeda teve um perío- do curto de circulação de seis meses, tendo em vista seu caráter temporário. Em 28 de feverei- ro de 1994 foi introduzida a URV (Unidade Real de Valor). A ideia central da URV era di- vidir os bens e serviços precificados em Cru- zeiro Real. Na prática ela dividia os valores pela taxa de câmbio determinada no dia anteri- or. Em 29 de junho de 1994 a taxa de câm- bio encerrou o dia valendo CR$2750,00. Já no dia 30 de junho todos os valores foram dividi- dos por 2750, assim todas as contas bancárias e investimentos estariam estabilizados na nova paridade de US$1,00 para R$1,00. Assim nas- cia o real. Daniel Batista 18 Quem somos Tutor: Prof. Ricardo Pereira Bolsistas: Ádria Arruda Daniel Batista Gustavo Barbosa Isabel Fontgalland Jonatan Menezes Larissa Mota Lívia Mendes Nayara Teixeira Pedro Avelino Samuel Cruz Sara Roberta Thiago Matheus Contatos: facebook.com/PETEconomiaUFC peteco.ufc@gmail peteconomiaufc.blogspot.com.br
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