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Jornal PET Economia 2017.1

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Prévia do material em texto

 Reforma Trabalhista 
 Reforma Previdenciária 
 Política Educacional no Ceará 
 Plano Real 
 
 
JORNAL PET 
ECONOMIA 
Agenda de Reformas 
Fortaleza, Julho de 2017 
2 
 
 
 
 O grupo PET compartilha com a comunidade acadêmica 
a primeira edição do Jornal PET Economia 2017. Nesta edi-
ção, teremos como tema principal a discussão sobre a agenda 
de reformas propostas pelo Governo Federal. Também abor-
daremos, novamente, como anda a conjuntura econômica do 
país que influi muito na efervescência política. 
O Brasil tem passado por uma grave crise econômica e as 
previsões, pela primeira vez em dois anos, começam a indicar 
melhorias na a economia, ao menos em um futuro próximo. 
Ademais, a saída da recessão ainda se faz o principal desafio 
para o novo governo, sobretudo em . Sem embargo, o que se 
percebe é que 2017 se apresenta como um ano de mudanças 
para o Brasil . 
Como deu para perceber, o Jornal, está recheado com di-
versos assuntos. Então desejamos uma boa leitura a todos e 
seria importante para nós, deixar sua opinião, através dos co-
mentários nas redes sociais, em que o mesmo é publicado di-
vulgado. 
 
Atenciosamente, 
 
Thiago Matheus e Pedro Avelino. 
 
Editores do Jornal PET Economia. 
Editorial 
3 
 
 
 
 
Setor Externo 
 Incertezas e mudanças nas projeções 
 
A incerteza sobre o futuro do Brasil, tan-
to no âmbito econômico como no político, afe-
ta não só o cenário doméstico, mas também 
influi na relação do país com o resto do mun-
do. O setor externo é diretamente afetado e as 
projeções para o mesmo também, seja através 
do canal preço (em específico, a taxa de câm-
bio), seja através dos volumes (no caso, refle-
tindo mudanças no crescimento da absorção 
doméstica brasileira). 
As projeções que se tinham a respeito do 
setor externo eram relativamente boas, acredi-
tava-se em uma expansão moderada e gradual 
do diferencial de crescimento entre o mundo e 
o Brasil, em uma taxa de câmbio real efetiva 
com leve apreciação e em termos de troca com 
desempenho positivo, ainda que com riscos 
claramente identificados. Porém, a divulgação 
em 17 de maio de informações referentes à de-
lação premiada dos donos da JBS e os desdo-
bramentos políticos que se seguiram fizeram 
com que as projeções sofressem revisões nega-
tivas a respeito do cenário de curto prazo. Os 
modelos de projeção para a taxa de câmbio, 
por exemplo, sofreram um sobressalto. Segun-
do o Boletim Macro IBRE da fundação Getulio 
Vargas, a taxa de câmbio projetada para o final 
de 2017 é de R$ 3,40/US$, uma taxa mais des-
valorizada visto a uma expectativa de desvalo-
rização menor numa primeira projeção. Essa 
expectativa de desvalorização ocorre mesmo 
com um cenário internacional relativamente 
bom com um dólar relativamente fraco e de 
menores juros externos se contrapuseram a re-
cuos nos preços de commodities, pois a 
mudança de risco-país dominou as pro-
jeções atuais. 
Ademais, mudanças relevantes ocorre-
ram nas projeções dos termos de trocas. As úl-
timas análises previam um aumento nos termos 
de troca em 2017 haja vista a dinâmica favorá-
vel dos preços de exportação entre o final de 
2016 e o início deste ano. Hoje, acredita-se 
um pequeno recuo dos termos de troca. 
Por outro lado, projeções atuais do Bole-
tim Macro IBRE acreditam numa melhoria na 
conta corrente. No início, acreditava-se em um 
déficit na conta corrente de US$ 35 bilhões, 
porém após revisões o déficit esperado agora é 
de US$ 10 bilhões (0,5% do PIB) em 2017. 
Em termos de composição, boa parte desta re-
visão vem da balança comercial, para a qual 
agora se espera um superávit de US$ 63 bi-
lhões, que seria o maior da série histórica. O 
crescimento de US$ 22 bilhões em relação à 
projeção anterior é resultado direto do novo 
cenário para os fundamentos, combinando ex-
portações mais elevadas (US$ 205 bilhões vs. 
US$ 192 bilhões) com importações menores 
(US$ 142 bilhões vs. US$ 151 bilhões). Po-
rém, vale lembrar que os vetores que motiva-
ram a redução deste déficit derivam não só de 
fatores exógenos à economia brasileira 
(crescimento mundial e preços de commodi-
ties), como, principalmente, da pequena recu-
peração de nosso crescimento após anos de de-
sempenho baixo. 
Portanto, as notícias não são tão boas 
assim e ainda precisamos vencer muitos desa-
fios para sairmos de fato da crise econômica. 
 
 Balança de pagamentos, reservas inter-
nacionais e divida externa 
 
No mês de maio de 2017, as transações 
correntes apresentaram superávit de US$2,9 
bilhões, este influenciado pela safra recorde de 
 
Conjuntura Econômica 
4 
 
 
 
grãos que proporcionou um saldo comercial 
recorde. Na conta financeira, os ingressos lí-
quidos de investimentos diretos no país soma-
ram US$2,9 bilhões no mês, acumulando 
US$80,7 bilhões nos últimos doze meses, ou 
4,28% do PIB. 
No que se refere à conta de serviços, es-
ta registrou um déficit de US$2,5 bilhões em 
maio, mantendo-se estável se compararmos 
com o mesmo período do ano passado. 
As despesas líquidas de renda primária 
atingiram US$ 2,3 bilhões no mês, uma redu-
ção de 19,6% com relação a maio de 2016. 
Ademais, a conta de renda secundária registrou 
ingressos líquidos de US$203 milhões, recuo 
de 25,5% em relação a maio do ano anterior. 
Os investimentos diretos no país totali-
zaram ingressos líquidos de US$2,9 bilhões no 
mês (ingressos de US$2,9 bilhões em partici-
pação no capital e amortizações de US$21 mi-
lhões em operações intercompanhia), e 
US$32,5 bilhões nos cinco primeiros meses de 
2016, 8,5% acima do ocorrido entre janeiro e 
maio de 2017. 
Em relação às reservas internacionais do 
país, em maio, estas totalizaram US$377,7 bi-
lhões no conceito liquidez, aumento de US$1,4 
bilhão em relação ao mês anterior. O estoque 
de linhas com recompra apresentou redução de 
US$150 milhões, em comparação ao mês ante-
rior. A receita de remuneração das reservas so-
mou US$320 milhões no mesmo período, as 
variações por preços e paridades aumentaram o 
estoque, na ordem em US$215 milhões e 
US$758 milhões. No conceito caixa, o estoque 
de reservas atingiu US$376,5 bilhões em maio, 
aumento de US$1,5 bilhão em relação ao mês 
anterior. 
Ademais, a posição de dívida externa 
bruta estimada para maio de 2017 totalizou 
US$314,3 bilhões, um aumento de US$62 bi-
lhões em relação à posição do mês anterior. A 
dívida externa estimada de longo prazo atingiu 
US$262,2 bilhões, aumento de US$445 mi-
lhões, enquanto o endividamento de curto pra-
zo somou US$52,1 bilhões, redução de 
US$383 milhões. 
Gustavo Guilherme 
 
Inflação 
 
Após iniciar o ano de 2017 em queda, a 
inflação brasileira calculada através do Índice 
de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) con-
tinua a desacelerar. Dado que ao final do ano 
passado a taxa de inflação foi de 6,29%, o 
IPCA retrocedeu de tal forma que, em maio, no 
acumulado em 12 meses a alta registrada foi de 
3,60%. Ademais, o IPCA-15 registrou, em ju-
nho, redução de 3,77% para 3,52%, a menor 
taxa para 12 meses desde junho de 2007. 
Das 11 regiões metropolitanas pesquisa-
da no IPCA-15 referente ao mês de junho, duas 
apresentaram deflação: Fortaleza (-0,13%) e 
Belo Horizonte (-0,21%). Já Recife foi a região 
metropolitana que apresentou resultado mais 
elevado, 0.46%. No IPCA-15 de maio duas re-
giões metropolitanas também registraram de-
flação, Goiânia (-0,22%) e Belém (-0,04%). 
Deve-se destacar que este cenário de alí-
vio inflacionário vem sendo possibilitado por 
uma série de fatores que incluem desde o cho-
que de preços dos alimentos, já que a oferta 
agrícola se recupera das perdas provocadas em 
2016 por fenômenos climáticos e cresce este 
ano perto de 30%, até a manutenção do câmbio 
em patamar favorável,passando pelo baixo di-
namismo da demanda interna, além do aumen-
to da credibilidade do Banco Central, que pare-
Conjuntura Econômica 
5 
 
 
 
ce ter ampliado a capacidade de ancoragem das 
expectativas de inflação. 
Para os próximos meses, a expectativa é 
de preservação do nível de inflação no patamar 
atual. Segundo o Boletim Focus, a expectativa 
é de que a inflação fechará o ano abaixo da 
meta central, que é 4,5%. 
Larissa Mota. 
 
Mercado de Trabalho 
 
A taxa de desemprego do Brasil cresceu 
para 13,7% no primeiro trimestre de janeiro a 
março deste ano, ao compararmos com os 
10,9% apontados no mesmo período de 2016. 
Tal taxa de desemprego é um recorde desde 
que o Instituto Brasileiro de Geografia e Esta-
tística (IBGE) começou a publicar a pesquisa 
por meio da PNAD Contínua, em 2012. Ainda 
segundo o IBGE, o desemprego já atinge 14,2 
milhões de pessoas no Brasil. Em um ano, são 
3,1 milhões de pessoas a mais sem emprego, 
um aumento de 27,8%, segundo o IBGE. Se-
gundo o Instituto ainda, a menor taxa de de-
semprego e consequente número de desempre-
gados foi registrada no trimestre encerrado em 
fevereiro de 2014, quando havia 6,6 milhões 
de desempregados, ou seja, esse número mais 
que dobrou em três anos. 
De acordo com o IBGE, em relação ao 
mesmo trimestre de 2016, houve redução de 
trabalhadores nos setores de construção (-9,5% 
ou -719 mil pessoas), agricultura, pecuária, 
produção florestal, pesca e agricultura (-8,0% 
ou -758 mil pessoas), indústria geral (-2,9% ou 
-342 mil pessoas) e serviços domésticos (-
2,9% ou -184 mil pessoas). Apenas o grupa-
mento de alojamento e alimentação teve alta 
(11% ou mais 493 mil pessoas). 
No Brasil, contratar e demitir é muito 
caro, existem custos com treinamentos, garan-
tias salariais e direitos trabalhistas. Sabe-se que 
um cenário econômico conturbado, além de 
um cenário político instável traz desestrutura-
ção para o mercado de trabalho. Logo, o em-
presário somente volta a contratar novos funci-
onários diante de um cenário estável da econo-
mia. Em períodos de crise, é natural que uma 
parcela da população que estava inativa volte 
ao mercado de trabalho para contribuir no or-
çamento das famílias. No processo, esse mes-
mo grupo se junta aos milhões de trabalhado-
res em busca de emprego, ajudando a aumentar 
a taxa de desemprego. Portanto, o aumento do 
desemprego ocorreu devido das demissões e 
também por conta das novas pessoas que entra-
ram no mercado de trabalho, mas não encon-
traram uma vaga. 
Com os sinais de reação do mercado de 
trabalho, o Ministério do Trabalho vem tentan-
do estimular a geração de empregos. Dentre as 
iniciativas no combate ao desemprego estão o 
Sine Fácil, um aplicativo de monitoramento de 
vagas de trabalho, e a Cota Social na Aprendi-
zagem, um programa voltado para a contrata-
ção de jovens aprendizes. 
Conjuntura Econômica 
6 
 
 
 
Diante do recorde na taxa de desempre-
go e do pessimismo dos economistas, há quem 
se encontre otimista nesse momento, por 
exemplo o ministro da Fazenda, Henrique Mei-
relles afirmou que a taxa de desemprego parou 
de crescer em abril e que deve começar a cair 
em agosto. 
 
REFERÊNCIAS 
Boletim Focus - BC 
Boletim Macro Ibre de junho de 2017 
Carta de Conjuntura n° 35 – IPEA 
IBGE 
Valor Econômico 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Conjuntura Econômica 
Sara Roberta 
7 
 
 
 
Reforma Trabalhista 
Além de uma reforma trabalhista 
 
 O texto-base referente a reforma traba-
lhista (PL 6.787/16) apresentado pelo governo 
de Michel Temer pretende alterar alguns arti-
gos da imutável CLT (Consolidação das Leis 
do Trabalho), promulgada em 1946. No entan-
to, a discursão sobre o texto muitas vezes ga-
nham vieses politizados, esquecendo-se de sua 
análise econômica. 
 As atividades laborais precisam ser re-
guladas, uma vez que o trabalho não pode ser 
contratado de forma exclusiva das leis de mer-
cado. Todo país possui algum tipo de regula-
mentação mercado de trabalho, muito embora 
haja várias formas de regulamentá-lo. Existem 
dois sistemas que são dicotômicos: o sistema 
estatuário e o sistema negocial. O primeiro, 
acredita na eficiência das leis e no monitora-
mento destas por meio de tribunais do traba-
lho. A lei tem centralidade absoluta e devem 
ser respeitadas pelo mercado de trabalho, inde-
pendente das diferenças entre setores da eco-
nomia, características regionais e tamanho da 
empresa. 
 O sistema negocial, por sua vez, acredita 
que cada setor necessita de um respaldo dife-
rente e, desse modo, as regras são fixadas de 
maneira geral, deixando para o contrato nego-
ciado a maior parte dos detalhes da regulamen-
tação. Mantém-se, assim, atualizado e dinâmi-
co. 
 O sistema brasileiro atual se assemelha 
mais ao primeiro caso, o que de acordo com 
Pastore e Zylberstajn no livro “A administra-
ção do conflito trabalhista no Brasil” esse sis-
tema é defasado e alimenta grupos de interes-
ses. 
 O caráter rígido das leis trabalhistas bra-
sileiras tem posto grande dificuldade para 
acompanhar as mudanças da economia moder-
no. A terceirização é uma prática que busca 
maximizar a eficiência de uma produção, do 
mesmo modo que trabalhos em tempo parcial, 
à distância ou em cooperativas. A atual legisla-
ção não facilita a prática dessas novas formas 
de trabalhar, de modo que essa rigidez consti-
tui um entrave para criação de novos empresas 
e empregos e para manter a competitividade. 
 Além disso, outra distorção que o exces-
so de rigidez gera compreende o quadro de 
contratação das pequenas e microempresas. 
Devido ao alto custo do trabalhador para essas 
empresas, a contratação de uma parte do qua-
dro de trabalhadores (ou total) na informalida-
de. De acordo com o Ipea, no último trimestre 
de 2016 cerca de 45% da força de trabalho ati-
va estava na informalidade. 
 Dessa forma, a reforma trabalhista apre-
sentada pelo Projeto de Lei 6.787 de 2016 se 
assemelha mais a um sistema negocial, onde as 
regras de administração, assim como as despe-
sas com contratação, podem ser modificadas, o 
que pode ser feito mediante acordo das partes. 
A aprovação da lei trará benefícios no curto e 
longo prazo. Em um primeiro momento, dimi-
nuirá os índices de desemprego elevado no pa-
ís, pois diminuirá o receio dos empregadores 
de empregar. Ao longo do tempo, reduzirá o 
número de conflitos trabalhistas (em um país 
que é líder em ações trabalhistas), melhorará a 
produtividade do trabalho e tornará as empre-
sas e a economia brasileira mais competitivas. 
Alguns pontos da reforma trabalhista 
Acordos 
O empregado e empregador 
poderão negociar a jornada 
de trabalho, redução de salá-
rio e banco de horas. 
Contribuição Sindical 
A contribuição passará a ser 
opcional. 
Multa 
O texto propõe multa de R$ 3 
mil por empregado não regis-
trado. No caso de microem-
presa, o valor é de R$ 800. 
Regime parcial 
O regime de trabalho em 
tempo parcial aumenta para 
30 horas semanais, sem horas 
suplementares por semana. 
Jornada de Trabalho 
A jornada diária pode chegar 
até 12 horas, e o limite sema-
nal pode chegar a 48 horas, 
incluindo 4 horas extras. 
Thiago Matheus 
8 
 
 
 
Reforma Trabalhista 
Do porquê ser contrário à Reforma 
 
A lei trabalhista de 1 de Maio de 1943 
através do Decreto-Lei nº5.452 foi sancionada 
pelo entãopresidente da República Gertúlio 
Vargas no período do Estado Novo. Nesse 
período, o Brasil passava por um processo de 
inflexão em suas estruturas, tanto econômicas 
quanto sociais. A ‘descentralização do centro 
dinâmico’ citadapor Furtado em sua obra 
‘Formação Econômica do Brasil’ caracteriza a 
forma como alguns economistas acreditam ser 
o começo da arrancada industrial Brasileira. 
A industrialização no Brasil, nos anos 
de 1930, embora tardia comparada a países 
centrais do globo trouxe com ela uma imediata 
necessidade de mudanças nas relações de 
trabalho, principalmente nos centros urbanos. 
Um legado incontestável deixado pelo 
governo Vargas, regulariza e protege as 
relações entre patrões e empregados. Nessa 
perspectiva, analisando a equiparação do poder 
de barganha de cada lado da negociação que 
ocorre entre patrão e empregado no âmbito das 
relações de trabalho, a lei assume que há uma 
desproporcionalidade de forças no contexto 
dessa negociação prevenindo, assim, abusos e 
presunção de coação do lado mais forte, que 
seria o dos empregadores, com um maior 
poder de barganha. Empiricamente, não é 
difícil de constatar esse fato. 
Sendo assim, a Consolidação das Leis 
Trabalhistas – CLT, composta por oito 
capítulos que garantem uma série de direitos e 
benefícios como a jornada diária de trabalho 
com o tempo máximo de 8 horas/dia, salvo ho-
ra extra remunerada e institui regras de 
contratação da mão de obra abrangendo grande 
parte dos grupos trabalhistas brasileiros. 
Durante todas essas décadas, de 1943 até os 
dias atuais, o debate em relação à 
flexibilização da CLT, que alguns chamam de 
modernização, vem crescendo nas pautas dos 
governos. O conjunto de artigos da CLT já 
sofreu 497 modificações. 
Agora, em 2016-17, o Governo do ex 
vice-presidente Michel Temer pretende aprovar 
no congresso o Projeto de Lei da reforma 
trabalhista (PL 6.787/16), o parecer é do 
relator da proposta o deputado federal Rogério 
Marinho (PSDB-RN). O texto da proposta 
altera mais de 100 artigos da CLT com a 
expectativa do texto final chegar a 200 artigos, 
e cria aos menos duas modalidades de 
contratação: trabalho intermitente, por jornada 
ou hora de serviço, e o teletrabalho, que 
regulamenta o “home office”. Simpatizantes da 
reforma creditam nela a possibilidade de 
retomada do investimento e possível 
diminuição da taxa de desemprego que, 
conforme dados do IBGE, gira em torno de 
13,7%. Entretanto, contrários à reforma e 
mesmo empresários, segundo o Infomoney, 
não associam a reforma a um aumento do 
investimento ou diminuição do desemprego. 
Eles argumentam que as expectativas não 
favorecem a retomada do investimento. 
Segundo pesquisa da Ipsosrealizada com a 
população acima de 18 anos, 58% dos 
entrevistados reprovam o texto da reforma 
trabalhista que está sendo proposta pelo 
governo. 
Agora, você, caro leitor, deve estar se 
perguntando de que maneira essa reforma 
mexerá na sua vida. Eu explico citando alguns 
pontos mais importantes: 
 ACORDOS COLETIVOS: o texto 
estipula o ‘acordado sobre o legislado’, 
significando que o que é negociado entre 
patrão e empregado se sobressai ao que está 
na lei, podendo ser acordado o 
parcelamento de férias, a jornada de 
trabalho, a redução de salário e o banco de 
horas. Sendo garantido, entretanto, o 13º 
salário, fundo de garantia, as férias 
proporcionais e o salário mínimo. 
 TRABALHO INTERMITENTE: a 
proposta prevê a possibilidade de a 
contratação de trabalhadores para períodos 
de prestação de serviços com a flexibilidade 
de alternância em dias e horas de trabalho, 
9 
 
 
 
com convocação de no mínimo 5 dias de 
antecedência. Esse artigo do texto da 
proposta aumenta exponencialmente a 
rotatividade e a instabilidade no emprego. 
Nessa perspectiva, mudanças de 
comportamento podem mudar variáveis 
macroeconômicas como o consumo, que 
em última análise, se desfaz a cultura no 
Brasil de pagamentos à prazo ou 
mensalidades em áreas como serviços, isso 
devido à incerteza gerada pelo trabalho 
intermitente. 
 GESTANTES EM LUGARES 
INSALUBRES: Um dos ar tigos que 
causaram polêmica e foi altamente criticado 
pela bancada feminina na câmara dos 
deputados, foi o artigo que previa a 
admissibilidade do trabalho de gestantes em 
lugares insalubres, em que grávidas e 
lactantes poderiam ser liberadas para 
trabalhar em locais com qualquer grau de 
insalubridade desde que apresentassem um 
atestado médico comprovando que o 
ambiente não afetaria nem a mãe nem o 
bebê. 
 JORNADA DE TRABALHO: podendo 
chegar a 12 horas diárias e 48 horas 
semanais, incluídas 4 horas extras. 
 HORA EXTRA: trabalhador passa a ter 
um máximo de 2 horas, contudo, as regras 
poderão se fixadas por acordo individual, 
convenção ou acordo coletivo. 
 FÉRIAS: aumentaram de 2 para 3 
períodos para serem usufruídas, um com 
pelo menos 14 dias corridos e os demais 
com 5 dias corridos. 
 O TEMPO DE DESLOCAMENTO: o 
tempo gasto no trajeto deixa de ser 
considerado como parte da jornada de 
trabalho. O intervalo no período da jornada 
de trabalho poderá ser negociado, desde 
que tenha no mínimo 30 minutos. 
 AÇÕES TRABALHISTAS CONTRA A 
EMPRESA: O trabalhador que entra 
com ação contra a empresa fica 
responsabilizado pelo pagamento dos 
honorários periciais caso perca a ação. 
Hoje, ele não arca com custos que são 
cobertos pelo Poder Público. Agora, o 
benefício da justiça gratuita passará a ser 
concedido apenas aos que comprovarem 
insuficiência de recursos. O trabalhador 
também terá que pagar os custos 
processuais se faltar em um julgamento, 
salvo se comprovar, no prazo de oito dias, 
que o não comparecimento ocorreu por um 
motivo legalmente justificável. Hoje, o 
empregado pode faltar a até três audiências 
judiciais. 
 DEMISSÃO: O substitutivo prevê a 
demissão em comum acordo. Por esse 
mecanismo, a multa de 40% do FGTS seria 
reduzida a 20%, e o aviso prévio ficaria 
restrito a 15 dias. Além disso, o trabalhador 
poderia sacar 80% do Fundo, mas perderia 
o direito a receber o seguro-desemprego. 
 Contratação por MEI: O projeto permite 
que os microempreendedores individuais - 
MEI possam prestar serviços como 
terceirizados, salvaguardas à lei da 
terceirização - que permite a terceirização 
ampla e irrestrita - o que abre portas à 
migração de trabalhadores com carteira 
assinada (regime CLT), com todos os, até 
então, direitos garantidos, para esse outro 
regime de contrato que diminui as 
responsabilidades de pagamento de direitos 
aos empregados pelos empregadores em 
70%. 
Para o doutor em direito do trabalho e 
professor da Pontifícia Universidade Católica 
(PUC) de São Paulo, Ricardo Pereira 
Guimarães, a própria necessidade da reforma é 
questionável. Assim disse em uma entrevista à 
Agência Brasil: “Na minha opinião, o que deve 
existir é uma reforma fiscal. Em uma relação 
de emprego, a grande questão do custo do 
empregado é em razão dos tributos, não em 
relação ao que ele ganha: décimo terceiro e 
fundos”. 
A grande preocupação no caso da 
reforma é a possibilidade que ela cria na 
Reforma Trabalhista 
10 
 
 
 
medida em que o acordado entre empregados e 
empregadores tenha mais peso em relação às 
normas legais. É isso que cita Guimarães “A 
questão do negociado sobre legislado poderia 
ser possível, até deveria, se a gente tivesse 
sindicatos que realmente representem os 
empregados, o que hoje não acontece. O 
sindicato se instala, fica recebendo a 
contribuição e não faz nada”, 
Um expoente da vida política 
brasileira, o ex ministro da integração do 
governo Lula, Ciro Gomes ataca a reforma de 
proposta que está para ser votada no Senado 
Federal, entretanto, pondera sobre a 
necessidade de uma reforma trabalhista que ele 
caracteriza como ‘séria’. Para ele “as 
manchetes [sobre as necessidades de reformas] 
são corretas. Mas, as formas de 
encaminhamento atuais são absolutamente 
toscas e passam completamente ao largo de 
qualquer consequência estratégica para opaís”. 
A reforma, nos termos propostos, gera 
uma fragilização do contrato de trabalho. 
Segundo Guilherme Mazui, colunista do Zero 
Hora, 'Há uma série de medidas que limitam o 
acesso à Justiça do Trabalho. Se o trabalhador 
entrar com processo e faltar à audiência, ele 
perde a ação e paga metade das custas. Hoje, 
elas são remarcadas. Milhões de pessoas 
perdem a audiência por minutos porque 
demoram a encontrar a sala’. 
Em exemplos de paralelos no mundo, a 
Europa vem tendo esse movimento e a 
economia não apresenta grandes evoluções, 
constatando-se, apenas, uma maior 
precarização dos empregos. O que choca na 
análise da reforma trabalhista proposta é o total 
vácuo na discussão que permeia a melhora do 
direito à técnica, da eficiência do trabalhador, 
da diminuição da desigualdade social, sendo a 
reforma assentada em artigos que flexibilizam 
as relações de trabalho em prol de uma maior 
exploração do trabalhador. 
Ora, não bastando o rolo compressor de 
direitos sociais representado pela reforma na 
regulamentação do trabalho 'urbano', tendo em 
vista que ela não trata específicamente da 
relação do trabalho rural, há a PL 6442/2016, 
de autoria do presidente da bancada ruralista, o 
deputado Nilson Leitão (PSDB-MT). O projeto 
de Lei que, mais uma vez, não é baseado na 
discussão da necessidade do aprimoramento do 
direito à técnica, mas sim em formas de se 
ceifar e regulamentar práticas de exploração do 
trabalhador, nesse caso, o rural. Na prática, é 
como se a CLT não se aplicasse mais à classe 
rural. O texto prevê a possibilidade de o 
trabalhador receber remuneração de qualquer 
natureza, não necessariamente o salário 
monetário, concedendo margem ao pagamento 
da mão de obra com habitação ou comida ou 
parte da produção, enfim, qualquer tipo de 
remuneração. Um ultraje que pode nos custar 
não só a volta aos tempos medievais, mas 
também a perda de contratos e rebaixamento 
de nossos produtos internacionalmente, tendo 
em vista que o Brasil é signatário da OIT ( Or-
ganização Internacional do Trabalho), 
organização que proibi tal prática, assim como 
outros tratados como a OMC (Organização 
Mundial do Comércio). 
Outro ponto do texto que gera 
polêmica é a jornada diária de até 12 horas e o 
fim do descanso semanal, uma vez que passa a 
ser permitido o trabalo contínuo por até 18 
dias. Fica permitida, ainda, a venda integral 
das férias para os trabalhadores que residirem 
no mesmo local de trabalho, além do trabalho 
em domingos e feriados sem a apresentação de 
laudos de necessidade. 
Para a Doutora em Economia e 
professora da Universidade Federal do Ceará 
(UFC) Inez Castro, a PL institucionaliza a 
servidão rural no Brasil. Segundo a professora 
"Esse termo que é prescrito na lei 
'remuneração de qualquer espécie' pode criar 
problemas pra gente em nível internacional 
tanto de reputação do país como também até 
de retaliação, por que nós somos signatários de 
vários tratados da OIT e também vários 
Reforma Trabalhista 
11 
 
 
 
tratados relacionados à direitos humanos que 
vetam o trabalho escravo, então podemos ter 
retaliação do comércio internacional alegando 
que algum produto exportado tem origem no 
trabalho escravo". 
Não é prudente para um país em nível 
de desigualdade em que o Brasil se encontra, 
na ineficiência flagrante dos judiciários, assim 
como dos sindicados, condenar sua população 
a um regime de trabalho proposto nessa 
reforma que, em última análise, beneficia a 
uma parcela mínima da população, enquanto as 
massas agonizam em suas jornadas árduas de 
trabalhado, sem a mínima proteção do estado. 
O lobby das empresas na política se 
sobressaindo aos anseios da população. 
 
Reforma Trabalhista 
Lívia Mendes 
12 
 
 
 
Reforma Previdenciária 
Previdência Social 
 
 Em 2016 foi aceita a PEC 55, que impõe 
um teto para os gastos primários do governo. 
Com a implementação dessa lei, veio à tona um 
debate que gera muita polêmica: a crise da pre-
vidência social. Como foi até mostrado no jor-
nal do PET passado, os gastos com previdência 
tenderiam a comprimir os demais gastos públi-
cos (com benefícios sociais, por exemplo), invi-
abilizando o funcionamento de funções estatais 
básicas. Dado esse quadro, o atual presidente 
em exercício propôs uma reforma da previdên-
cia. Mas o que é a previdência social? Como 
ela é estruturada atualmente? E o mais impor-
tante, como se dá o processo de reforma da pre-
vidência social e como ela afeta positiva ou ne-
gativamente nas vidas das populações benefici-
adas? 
 
O que é a Previdência? 
 
 A previdência Social faz parte de um 
conjunto integrado de ações de iniciativa do po-
der público e da sociedade, chamado Segurida-
de Social, que visa assegurar o bem-estar da po-
pulação junto com os serviços de saúde e assis-
tência social, garantidos pela constituição de 
1988/ Art. 194. Ou seja, manter um nível de 
renda após a inatividade econômica, também 
conhecida como aposentadoria. 
 
Como ela é estruturada atualmente? 
 Desde a constituição de 1988, o regime 
previdenciário passou a ser um regime de repar-
tição que consiste, de certo modo, na transfe-
rência de renda da população jovem para idosa. 
Ou seja, a população ativa de uma geração fi-
nancia a população inativa de outra geração, 
movimento conhecido como intergeracional. 
 O Regime Geral de Previdência Social 
(RGPS) comporta as seguintes características: 
1. São descontadas contribuições do salário dos 
trabalhadores do setor privado, tendo como 
órgão gestor o INSS; 
2. A filiação é obrigatória; 
3. É de abrangência nacional; 
4. Público (previdência oficial básica); 
5. Repartição simples; 
6. Benefício definido: Existe limite mínimo pa-
ra o salário de contribuição e salário de be-
nefício do RGPS de R$ 780,00 e teto máxi-
mo de contribuição de R$ 4.663,75 adotados 
a partir de 01/2015. 
7. Admite Fundo de Previdência Complemen-
tar. 
 
Como se dá o processo de reforma da previ-
dência social? 
 Depois de proposta, gerando um enorme 
debate – de certa forma até emocional – na so-
ciedade, a proposta original sofreu algumas al-
terações. Alguns dos principais pontos aborda-
dos dentro da proposta original e em sua refor-
mulação são: 
 
 Proposta original: Para terem direito ao 
benefício integral da Previdência, homens e 
mulheres precisarão contribuir por 49 anos 
para ter acesso. Reformulação: o tempo de 
contribuição passa a ser de 40 anos e não 
mais 49. 
 Proposta original: o trabalhador terá que 
alcançar 65 anos de idade e 25 anos de con-
tribuição. Reformulação: a idade muda para 
as mulheres, que obterão a aposentadoria a 
partir dos 62 anos. Para os homens, continua 
a regra dos 65 anos. 
 Proposta original: os benefícios continua-
dos, que são as pensões por morte, perdem a 
vinculação com o salário mínimo. Reformu-
lação: agora a vinculação será mantida. A 
idade mínima para ter acesso também foi al-
terada: passou de 70 anos para 65. 
 Proposta original: os trabalhadores do 
campo seguem as mesmas regras que os da 
cidade: para obter a aposentadoria, era preci-
so alcançar 65 anos de idade e 25 anos de 
contribuição. Reformulação: a idade de apo-
sentadoria dos homens cai de 65 anos para 
13 
 
 
 
Reforma Previdenciária 
60 e a das mulheres, para 57. O tempo de 
contribuição recua de 25 anos para 15. O tex-
to mantém a cobrança de uma contribuição 
sobre o salário mínimo. 
 
 O novo cálculo para se obter a aposenta-
doria consiste em uma média de todos os salá-
rios de contribuição, dessa média a pessoa terá 
direito a 70%. Haverá um acréscimo de 1,5% 
para cada ano que superar 25 anos de contribui-
ção e de 2% para cada ano que superar 30 anos 
de contribuição. Para cada ano que superar 35 
de contribuição, haveráum aumento de 2,5% 
até atingir os 100% aos 40 anos de contribuição. 
 
Como ela afeta positiva ou negativamente 
nas vidas das populações beneficiadas? 
 
 Sobre um ambiente deficitário da previ-
dência social preocupante, a apresentação de 
uma reforma foi avaliada como a melhor alter-
nativa, pelo o governo, para reverter a atual situ-
ação das reservas previdenciárias e igualar o va-
lor das arrecadações com o valor do benefício 
futuramente recebido. No entanto, desde então 
muitas questões foram levantadas e posiciona-
mentos foram tomados, tanto a favor quanto 
contra a essa alternativa de redução dos gastos 
em relação à aposentadoria. A reforma da Previ-
dência consiste em uma mudança estrutural, não 
parametrizada, que trouxe a tona vários questio-
namentos e embates sobre preservar o bem-estar 
social, lado ético e moral representado ou a pre-
servação de reservas para geração futura, lado 
fiscal da economia. 
Sobre uma expectativa positiva da refor-
ma, Alexandre Cabral, economista pela UFRJ, 
com mestrado em Administração pelo IBMEC, 
apresenta, através de um artigo publicado pelo 
Estadão, um posicionamento bem favorável à 
implementação da reforma. Primeiro mostra co-
mo se comporta o sistema previdenciário vigen-
te e depois aplica a reforma sobre a mesma situ-
ação e pelos dados apresentados nota-se um re-
sultado bastante promissor. Sobre o regime atual 
só um contribuinte pode gerar uma dívida de 
quase 1.000.000 de reais, para o Estado, levando 
em consideração que ele já esgotou o valor con-
tribuído quando ativo economicamente. 
 
 
 
 E sobre o novo regime proposto na refor-
ma previdenciária nota uma extrema diferença, 
já apresentando um superávit de 200.000 reais. 
Para melhor entendimento deste superávit, Ca-
bral utiliza de um exemplo bem simples: 
 
 
 
 
 
Neste artigo, o autor mantém a premissa 
de rendimento no nível de inflação a +2% ao 
ano para todos os casos. 
 Nota-se neste artigo, resultados realmente 
significantes sobre o ambiente fiscal brasileiro, 
mas este é a representação, de apenas um lado 
“Minha mãe começou a trabalhar com 18 anos. Aos 48, 
com os 30 anos de contribuição exigidos pela legislação 
vigente, estava aposentada. Aos 59, tudo que ela poupou 
na Previdência zerou. Hoje ela tem 81 anos e uma saúde 
de ferro – para espanto da minha esposa. O que significa 
isso? Que nós estamos sustentando a aposentadoria da 
minha mãe. Números: se a minha mãe tiver se aposentado 
por R$ 3.000,00 mensais, ela já teria dado um prejuízo de 
mais de R$ 1.100.000,00 aos cofres públicos. Somente a 
minha mãe! E isso até agora, com 81 anos. Quanto mais 
tempo ela viver, maior será esse valor.” 
 
 Alexandre Cabral, economista da UFRJ. 
“Comecei a trabalhar com 18 anos e não fiquei desempre-
gado nenhum dia, até chegar aos 65 anos de idade. Logo, 
contribuí para o INSS durante 47 anos (65 – 18). Nesse 
cenário, no dia da minha aposentadoria, teria direito a 
receber 98% do meu salário médio de toda a vida de con-
tribuinte. Por que 98%? É o resultado da soma dos 51% 
base sobre o salário médio, mais 1% correspondente a 
cada um dos 47 anos de contribuição (51 + 47 = 98), cál-
culo da aposentadoria no novo regime. Para receber 
100% do salário médio da minha vida toda de contribuin-
te, terei que trabalhar até os 67 anos, totalizando 49 anos 
de contribuição (67 – 18). Assim, a conta seria 51% de 
base, mais 1% para cada um dos 49 anos de contribuição 
(51 + 49 = 100). Se eu fizer a mesma conta para minha 
mãe, ela teria hoje, aos 81 anos, um saldo positivo de R$ 
200.000,00. Olha a diferença: saímos de um prejuízo de 
mais de 1 milhão de reais pelas regras vigentes quando 
ela se aposentou, para saldo positivo de 200 mil reais”. 
14 
 
 
 
Reforma Previdenciária 
da reforma previdenciária. A aposentadoria co-
mo um todo é bastante complexa e nada fácil 
de debater ou entender. Vários teóricos já que 
abordaram o tema o associam a vastas teorias 
como a do ciclo de vida, da escolha intertem-
poral, miopia dos agentes, entre outras. 
 Por outro lado, existem muitos argu-
mentos contra o novo regime previdenciário. 
A reforma parte da premissa de tornar o siste-
ma de previdência brasileiro similar a de paí-
ses desenvolvidos, mas não considera a desi-
gualdade regional que existe no país, além da 
expectativa de vida do trabalhador brasileiro 
que é menor, principalmente no Nordeste do 
país. 
 Outro ponto alvo de críticas é o aumen-
to de 15 para 25 anos como tempo mínimo pa-
ra receber o benefício. No Brasil existe uma 
enorme rotatividade no mercado formal, sem 
mencionar o mercado informal, o que faz com 
que o trabalhador atinja os 65 anos sem ter co-
mo comprovar os 25 anos de contribuição, e 
mesmo que consiga, só receberá o benefício 
integral ao completar 40 anos de contribuição. 
 A economista Denise Gentil da UFRJ, 
como solução alternativa à reforma da previ-
dência, sugere combate à sonegação, cobrança 
da dívida previdenciária, redução de 30% para 
15% na Desvinculação das Receitas da União 
(DRU), revisão das desonerações, criação de 
empregos formais, e projetos de desenvolvi-
mento que envolvam ganhos de produtividade. 
A economista aponta para o fato de que com o 
obstáculo para o ganho do benefício integral 
ao fim da vida, muitas pessoas podem optar 
por não contribuir, o que poderia acarretar no 
esvaziamento da previdência pública. Para ela, 
a nova reforma tornou tão difícil o acesso ao 
benefício integral da aposentadoria que a pro-
cura por previdência privada complementar 
acabará sendo estimulada. 
 Por fim, além do enorme debate sobre a 
reforma, a crise política em que se encontra o 
país põe em dúvida a implementação da nova 
lei. O atual presidente passa por um momento 
crítico, sofrendo uma série de acusações que 
põem em jogo a aprovação da reforma ainda 
para este ano. 
Ádria Freire 
Jonatan Meneses 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
15 
 
 
 
Política Educacional do Ceará 
 
Em 2005, nos resultados apresentados 
pelo Comitê Cearense pela Eliminação do 
Analfabetismo Escolar, o Ceará aprensentava 
apenas 14 municípios, dos 184, no nível de al-
fabetização desejado. Além disso, como o ob-
jetivo desse comitê era explicitar os problemas 
do analfabetismo escolar no Ceará, outros re-
sultados foram observados, como: apenas 15% 
de uma amostra de 8000 alunos leram e com-
preenderam um pequeno texto de maneira ade-
quada; 42% das crianças produziram um pe-
queno texto, que geralmente não passavam de 
duas linhas e nenhum texto foi considerado 
ortográfico; ainda foi observada a falta de di-
dática de grande parte dos professores e que 
esses não possuíam uma grade curricular nas 
faculdades que formassem o professor alfabe-
tizador. 
 Com os resultados apresentados pelo 
comitê, era esperado que medidas fossem to-
madas, e foi o que ocorreu. A APRECE e a 
UNDIME/CE, com apoio do UNICEF, cria-
ram o Programa Alfabetização na Idade Certa 
(PAIC), que tinha como objetivo apoiar, finan-
ceiramente e técnicamente, os munícipios cea-
renses na melhoria da qualidade do ensino da 
leitura e da escrita nas séries iniciais do ensino 
fundamental, a princípio o PAIC obteve ade-
são de 60 municípios, através do pacto de coo-
peração. 
O pacto de cooperação almejava fazer 
com que os municípios se comprometessem, 
por meio da ajuda financeira, a seguir as se-
guintes metas: priorizar a alfabetização de cri-
anças, redimensionando recursos financeiros 
para os programas da área; estimular o com-
promisso dos professores alfabetizadores com 
a aprendizagem da criança, por meio da valo-
rização e profissionalização docente; rever os 
planos de cargos, carreira e remuneração do 
magistério municipal, priorizando incentivos 
paraa função de professor alfabetizador de 
crianças a partir de critérios de desempenho; 
definir critérios técnicos para a seleção de nú-
cleos gestores escolares, priorizando o mérito; 
implantar sistemas municipais de avaliação de 
aprendizagem de crianças e desempenho do-
cente; ampliar o acesso a educação infantil, 
universalizando progressivamente o atendi-
mento de crianças de 4 e 5 anos na pré-escola; 
adotar políticas locais para incentivar a leitura 
e a escrita. 
Então, visto a melhora, em 2007, o go-
verno do Estado do Ceará tornou o PAIC uma 
política pública, assim, assumindo sua execu-
ção. A partir daí todos os municípios foram 
integrados ao PAIC e seu objetivo principal 
tornou-se: alfabetizar todos os alunos até o se-
gundo ano do ensino fundamental. Com isso o 
programa foi dividido em cinco eixos: gestão 
da educação municipal, avaliação externa, al-
fabetização, educação infantil, literatura infan-
til e formação do leitor. Então, com esse pro-
grama, o governo oferece: formação contínua 
para os profissionais da educação, material di-
dático para alunos e educadores, entre outras 
ajudas financeiras e técnicas. 
Visto o sucesso do PAIC e os ainda mui-
to baixos resultados do 5º ano do ensino fun-
damental, o governo amplia o programa, lan-
çando o PAIC MAIS, que tinha como objetivo 
extender as ações do PAIC, que eram até 2º 
ano do ensino fudamental para até o 5º ano do 
ensino fundamental. Nesse, para garantir o 
apoio do programa, as escolas tinham ainda 
mais objetivos, como: continuar cumprindo os 
compromissos com a alfabetização de crianças 
no PAIC elencados no compromisso anterior, 
já que este novo era uma extensão; garantir o 
transporte, as diárias e a disponibilidade de 
tempo para os professores multiplicadores par-
ticiparem das formações e realizá-las no muni-
cípio, já que era necessária a constante capaci-
tação dos professores; entre outros compro-
missos. 
Como consequência dessa iniciativa ce-
arense, 77 das 100 melhores Escolas Públicas 
do Brasil encontram-se no Ceará. Dado refe-
rente ao Índice de Desenvolvimento da Educa-
ção Básica (Ideb), que avalia a qualidade de 
PAIC e a melhora na educação cearense 
16 
 
 
Política Educacional do Ceará 
escolas e das redes de ensino do país através da 
combinação da taxa de aprovação escolar com 
o desempenho dos alunos, divulgado, em 2016, 
pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas 
Educacionais Anísio Teixeira (Inep). 
O avanço se mostrou, principalmente, 
nos primeiros anos do Ensino Fundamental, 
sendo eles do 1º ao 5º ano. O Estado ficou co-
mo sexto colocado do país, com média 5.9, su-
perando a média nacional de 5.5. Além disso, 
ainda segundo dados do Inep, as escolas cea-
renses, quando avaliados os 4º e 5º ano, já su-
peraram a projeção estabelecida para 2017, de 
4.5. No que se refere aos anos mais avançados 
do Ensino Fundamental, do 6º ao 9º ano, a me-
lhora é mais modesta, porém visível. As metas 
projetadas foram todas superadas, inclusive, a 
nota obtida em 2015 já se mostra maior, em 
0.2 pontos, que a nota prevista para 2017. 
Esses resultados promoveram o Ceará a 
Estado mais bem classificado da região Nor-
deste e, também, nos colocou entre o ranking 
dos dez melhores Estados do país. Vale ressal-
tar o desemprenho da cidade de Sobral, que 
serviu de modelo para a criação da PAIC, des-
pontando com média 8.8 para os primeiros 
anos do Ensino Fundamental e apresentando 
melhor resultado nacional para o ciclo. 
No entanto, tais melhorias não se esten-
deram com mesma magnitude para os anos re-
ferentes ao Ensino Médio, nos quais o Ceará 
atingiu média 3.7, ficando abaixo do valor tra-
çado. A expectativa é de que, nos próximos 
anos, com o avanço dos alunos do o Ensino 
Fundamental para o Ensino Médio, esse pro-
gresso se estenda e atinja todo o período estu-
dantil abordado. O que fica de lição para os 
gestores educacionais do Estado é que, apesar 
dos ganhos alcançados, ainda permanecem di-
ficuldades a serem superadas. 
 
Isabel Fontgalland 
Samuel Cruz 
17 
 
 
 
Plano Real 
Itamar Franco assumiu interinamente a 
presidência do Brasil em 29 de dezembro de 
1992. A sua frente um desafio: estabilizar a 
economia. A mudança estrutural ocorreria atra-
vés do Plano Real, um projeto de estabilização 
monetária e fiscal. A inflação acumulada nos 
últimos 12 meses já havia alcançado 1119%. 
Em maio de 1993 Itamar nomeia Fer-
nando Henrique Cardoso que, apesar de não ter 
formação acadêmica em economia, utiliza de 
sua influência para selecionar uma equipe de 
economistas formada por Gustavo Franco, Pe-
dro Malan, André Lara Resende, Pérsio Arida, 
Edmar Bacha e Winston Fritsch. O objetivo 
central do plano era lançar uma moeda cujo 
valor fosse atrelado muito próximo ao dólar e, 
dessa maneira, desindexasse a economia. 
 A equipe denominou cinco principais 
objetivos que posteriormente seriam explana-
dos para a população. O primeiro e mais im-
portante fator seria zerar o déficit público pois, 
apenas assim, seria possível cessar o concomi-
tante aumento da base monetária. O segundo 
passo seria desindexar a economia. A ideia era 
retirar o fator inercial da inflação. Consequen-
temente entraríamos no terceiro ponto: reinde-
xar bens e serviços na taxa de câmbio. Passo 
crucial para a realização de um Currency Bo-
ard, apesar de não ser necessariamente o caso 
do Real. Por fim vinham fatores externos, tais 
como abrir a economia e aumentar acentuada-
mente as reservas internacionais. 
 O primeiro passo para a implementação 
do plano seria substituir o Cruzeiro pelo Cru-
zeiro Real, novamente três zeros foram corta-
dos e uma nova moeda foi implementada em 
1º de agosto de 1993. A moeda teve um perío-
do curto de circulação de seis meses, tendo em 
vista seu caráter temporário. Em 28 de feverei-
ro de 1994 foi introduzida a URV (Unidade 
Real de Valor). A ideia central da URV era di-
vidir os bens e serviços precificados em Cru-
zeiro Real. Na prática ela dividia os valores 
pela taxa de câmbio determinada no dia anteri-
or. 
 Em 29 de junho de 1994 a taxa de câm-
bio encerrou o dia valendo CR$2750,00. Já no 
dia 30 de junho todos os valores foram dividi-
dos por 2750, assim todas as contas bancárias e 
investimentos estariam estabilizados na nova 
paridade de US$1,00 para R$1,00. Assim nas-
cia o real. 
 Daniel Batista 
18 
 
 
 
 
Quem somos 
Tutor: 
Prof. Ricardo Pereira 
 
Bolsistas: 
Ádria Arruda 
Daniel Batista 
Gustavo Barbosa 
Isabel Fontgalland 
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