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Economia Brasileira Contemporânea: Política Econômica e suas Perspectivas Prof. Dr. Flávio Mesquita Saraiva – 31.08.2016. • Visão de conjunto da Economia Brasileira – análise macroeconômica. • Os instrumentos de Política Econômica do governo. • O Plano Real e suas consequências. • A política econômica dos governos recentes (Lula e Dilma). • Observações sobre a globalização e o sistema monetário internacional. • Conjuntura recente e perspectivas para o longo prazo. Economia Brasileira Contemporânea - Prof. Dr. Flávio Mesquita Saraiva 2 Referências para a apresentação sobre a Economia Brasileira Prof. Dr. Flávio Mesquita Saraiva • Pontos de partida para análise da Economia Brasileira contemporânea: 1. Análise macroeconômica ou da economia agregada: seus pressupostos e suas consequências. As variáveis macroeconômicas. 2. O caráter específico da formação econômica do Brasil: Processo de colonização, economia primário-exportadora, momento da industrialização, diferenças regionais, Papel do Estado na economia. 3. A inflação brasileira. 4. Limites e possibilidades da teoria econômica. Economia Brasileira Contemporânea - Prof. Dr. Flávio Mesquita Saraiva 3 Referências para a apresentação sobre tópicos teóricos de Economia Internacional Prof. Dr. Flávio Mesquita Saraiva 1. O conceito de globalização/mundialização; 2. Estado nacional e moeda nacional; 3. Sistema monetário internacional; 4. Fluxo de capitais, serviços e mercadorias; 5. Aspectos macroeconômicos e microeconômicos; 6. Variáveis fluxo e variáveis estoque; 7. O balanço de pagamentos; 8. Questões sobre o desenvolvimento econômico. Economia Brasileira Contemporânea - Prof. Dr. Flávio Mesquita Saraiva 4 Roteiro de exposição sobre a Economia Brasileira Prof. Dr. Flávio Mesquita Saraiva 1. Aspectos históricos da formação econômica do Brasil: passado colonial, inserção na economia mundial do século XVI e os ciclos econômicos da economia primário-exportadora. 2. O processo de desenvolvimento da economia brasileira nas décadas de 1960, 1970, 1980 e 1990. 3. Aspectos macroeconômicos do período sob análise: – O processo de crescimento econômico e os ciclos econômicos – Endividamento interno/externo – Processo inflacionário e mecanismos de indexação formal e informal – A drástica redução da entrada de recursos externos e a crise da dívida externa a partir do início da década de 1980. – O significado da década de 1980 (A década perdida) – Os planos de estabilização econômica: a política de Delfim Neto, O plano cruzado (1986), o cruzadinho, cruzado II, Plano Bresser (1987), Plano Verão (1989), Política do arroz com feijão. 4. A década de 1990: Plano Collor I e II (tentativas de desindexação da economia brasileira), abertura da economia e o processo de privatizações. 5. A implantação do Plano Real a partir de 1994 e o contexto da economia globalizada/mundializada. O Plano Real em suas três fases. 6. A política econômica a partir do governo Lula, ciclo expansivo recente da economia mundial e a crise econômica de 2008. Economia Brasileira Contemporânea - Prof. Dr. Flávio Mesquita Saraiva 5 Roteiro de exposição sobre a Economia Brasileira Prof. Dr. Flávio Mesquita Saraiva 7. Aspectos macroeconômicos do Plano Real: • Aspectos do déficit fiscal, a dívida pública, as âncoras cambial, monetária e salarial, a dependência do fluxo de capitais externos, o aumento de impostos, a administração da taxa de juros, a redução dos investimentos e a estagnação da economia brasileira. • A redução da inflação e a desindexação da economia. 8.O período de “moeda estável” e as possibilidades de crescimento/desenvolvimento da economia brasileira. 9. O Plano Real a partir de 1999 e o sistema de metas de inflação. A economia brasileira em 2002. 10. A política econômica dos governos Lula e Dilma. 11. A “inserção passiva” no processo de globalização. 12. O Brasil e o movimento da economia mundial através da integração econômica mundial. 13. Brasil: indicadores econômicos e sociais. Economia Brasileira Contemporânea - Prof. Dr. Flávio Mesquita Saraiva 6 Terminologia básica utilizada no curso de Economia Brasileira: Prof. Dr.Flávio Mesquita Saraiva • Agências de rating, alongamento do perfil da dívida pública, Ancoragem, Arbitragem cambial, Ataque especulativo, Banco Central, Blindagem, Bolsa de Valores, Carry Over, Capital volátil, Centralização cambial, Clean floating, Corrente de comércio exterior, Congelamento de preços, Core inflation, Credit Crunch, Crise Financeira Global; Currency Board, Debêntures, Default, Debt strategy, Déficit comercial, Déficit do Balanço de Pagamentos, Déficit em conta-corrente, Desregulamentação, Dirty floating, Divisas, Dívida interna, dívida externa, Dívida Mobiliária, Dívida contratual, Efeito Fisher, Federal Reserve Board (FED), Fly to quality, Fundo monetário Internacional (FMI), Fundo soberano, Gap, Hedge, Hiperinflação, IED, Inflação, IBOVESPA, Inflation Targeting, Investimento, Investment grade, IPO, Jobless recovery, Keynesianismo, Lastro, Manada, Moeda e suas funções (meio de troca, medida de valores, reserva de valor, padrão de pagamentos diferidos, poder liberatório, meio de pagamento internacional), Moral hazard, Muddling through, Non- tradable, Operações de open market, PPP, Política Fiscal, Política monetária, Poupança, Reservas internacionais, Risco-Brasil, Risco-país, Rolagem das dívidas, SELIC, Sistema financeiro, Soft Landing, Spread bancário, Tabelamento de preços, Tradable, Termos de troca, Twin Deficits, Yield curve. 7 Economia Brasileira Os instrumentos de política econômica x Podemos definir Política Econômica como o “conjunto de medidas tomadas pelo governo de um país com o objetivo de atuar e influir sobre os mecanismos de produção, distribuição e consumo de bens e serviços” (Sandroni) Instrumentos de Política Econômica Instrumentos Tradicionais Política Fiscal Política Monetária Política Cambial Instrumentos não-tradicionais Instrumentos de Intervenção Direta; política de rendas e política salarial Pode-se definir “política econômica como a intervenção do governo na Economia com o objetivo de manter elevados níveis de emprego e elevadas taxas de crescimento econômico com estabilidade de preços”. (Vasconcellos). Os objetivos da política econômica no curto e no longo prazo. Economia Brasileira Governo Interpretações sobre a presença do Estado na Economia. Enfoque Macroeconômico: Relação entre Investimento, Renda, Consumo e Poupança. •Receitas • Despesas •Déficit Público •Financiamento •Impactos sobre a Economia. •Articulação com outros níveis de Política Econômica Experiência Internacional e aspectos quantitativos. Enfoque Microeconômico: oferta, procura e formação de Preços •Aspectos da teoria do equilíbrio •O Conceito de elasticidade e sua articulação com os Princípios de Tributação Aspectos específicos do caso brasileiro: crise fiscal, endividamento interno/externo, queda dos investimentos. Globalização e instabilidade internacional. Economia Brasileira Contemporânea - Prof. Dr. Flávio Mesquita Saraiva 9 O Financiamento do Setor Público Classificação agregada das receitas e despesas Desequilíbrio Orçamentário. Receitas Públicas: Impostos Diretos Impostos Indiretos Taxas Contribuições Compulsórias Despesas Públicas: Consumo Investimentos Subsídios Transferências às Famílias DívidaPública •Mercado financeiro nacional •Banco Central •Bancos Internacionais, Instituições Multilaterais e governos estrangeiros. Déficit Público O Financiamento do Setor Público Definições importantes sobre as contas públicas Economia Brasileira Contemporânea - Prof. Dr. Flávio Mesquita Saraiva 10 Resultado primário do setor público: Trata-se da comparação entre as receitas e as despesas do setor público sem a inclusão das despesas com juros, atualização monetária e encargos financeiros relacionados com o pagamento da dívida do setor público. Resultado operacional do setor público: Trata-se da comparação entre as receitas e as despesas do setor público, incluindo-se o pagamento de juros e amortização da dívida pública sem a inclusão da atualização monetária da dívida pública. Resultado nominal do setor público: trata-se da comparação entre as receitas e as despesas integrais do setor público que incluem todos os gastos do governo, incluindo-se o pagamento de juros e atualização monetária da dívida pública. Distinção entre deficit publico e dívida pública. Casos concretos de diversos países. No caso brasileiro deve-se considerar as 3 esferas de governo. 11 Financiamento do Setor Público: a dívida pública e a emissão de moeda. •Financiamento do déficit através de emissão de moeda ou empréstimos junto ao BACEN. •Atuação em conjunto com a política monetária •Causa aumento da Inflação •Não afeta os déficits futuros •Diminui as taxas de juros a c.p. • Financiamento do déficit através de criação de dívida interna (emissão de títulos públicos) adquirida pelas Instituições Financeiras, pelo Banco Central e pelo Tesouro Direto. •Aumenta os déficits futuros, devido o pagamento de juros. •Eleva a taxa de juros. Economia Brasileira Contemporânea - Prof. Dr. Flávio Mesquita Saraiva 12 O Financiamento do Setor Público Fontes de financiamento do déficit fiscal: Déficit Fiscal Dívida Pública Interna Dívida Pública Externa Privatizações* Investimento Consumo Transferências Subsídios. Pagamento de juros e encargos financeiros. *No período de 1990-2005 (até agosto), o Brasil obteve US$105,8 bilhões com a venda de empresas estatais e transferência de dívidas. Economia Brasileira Contemporânea - Prof. Dr. Flávio Mesquita Saraiva 13 O Financiamento do Setor Público A classificação da dívida pública • Segundo Rezende, podemos definir a dívida pública como: • “Resultado das operações de crédito realizadas pelos órgãos do setor público com o objetivo de antecipar a receita orçamentária ou atender a desequilíbrios orçamentários e a financiamentos de obras e serviços públicos. E, no seu conceito mais amplo, abrange, também, as operações de crédito destinadas exclusivamente aos objetivos da política monetária”. • A dívida pública pode ser classificada segundo vários critérios: 1. Quanto ao prazo: flutuante (quando a amortização ou resgate não ultrapassa 12 meses) e fundada (quando a amortização ou resgate ultrapassa 12 meses). 2. Quanto à origem dos recursos: dívida interna e externa. Economia Brasileira Contemporânea - Prof. Dr. Flávio Mesquita Saraiva 14 O Financiamento do Setor Público A classificação da dívida pública 3. Quanto à base do empréstimo: dívida em títulos e dívida por contratos. 4. Quanto ao tipo de responsabilidade do tomador: direta e garantida. Comentários sobre a dívida publica interna e externa e seu papel no financiamento do setor público brasileiro. – Os conceitos de poupança interna e externa – Os principais credores internos e externos – Comentário sobre as taxas de juros internacionais e as taxas de juros brasileiras. • No mês de dezembro de 2012 a dívida pública mobiliária federal interna (DPMFi) em poder do mercado atingiu R$ 1.916 bilhões e a DPMFI em poder do Banco Central atingiu R$ 906,63 bilhões. O total equivale a R$ 2.822,63 bilhões, ou aproximadamente 64,11% do PIB de 2012 que atingiu R$ 4.402,53 bilhões. • Desde janeiro de 2006 o governo zerou a DPMFi atrelada ao dólar. • Desde 2007 o governo federal e tem obtido sucesso com o lançamento de títulos de longo prazo, tanto no mercado interno quanto no mercado externo. • No Brasil, a dívida pública mobiliária interna do governo federal é constituída principalmente por LFTs, NTNs e LTNs. Consultar http://www.stn.fazenda.gov.br Economia Brasileira Contemporânea - Prof. Dr. Flávio Mesquita Saraiva 15 Deficit e dívida do setor público não financeiro 16 17 Economia Brasileira Contemporânea - Prof. Dr. Flávio Mesquita Saraiva 18 O Financiamento do Setor Público A classificação da dívida pública • No mês de dezembro de 2012, o saldo da dívida pública mobiliária externa do governo federal (convertida em reais) atingiu R$ 78,19 bilhões. Nestes totais estão inclusos Bônus de renegociação, tais como, C Bonds, Brazil Investment Bonds, e Par Bonds e Bônus de captação, tais como: Samurai Bonds, Global 2040, Euro 2015, entre outros. • A dívida contratual externa do governo federal (convertida em reais) somava R$ 13,08 bilhões em dezembro de 2012. Nesse total está incluído a dívida com organismos multilaterais e com credores privados. Os movimentos de redução e aumento do endividamento externo do governo federal (comentários). • O recente ciclo de crescimento da dívida externa brasileira, a partir de 2010. O Financiamento do Setor Público A classificação da dívida pública • Nos Estados Unidos, a dívida mobiliária do governo federal é constituída por Treasuries Bills (com prazos de vencimento de 6 meses a 1 ano), Treasures Bonds (com prazo de vencimento de 10 anos) e “Treasuries long bonds” (com prazo de vencimento em 30 anos). • A dívida externa inclui dívida pública e dívida privada com credores externos. A distinção entre os casos brasileiro e argentino e o crescimento recente da dívida externa brasileira. Economia Brasileira Contemporânea - Prof. Dr. Flávio Mesquita Saraiva 19 Economia Brasileira Contemporânea - Prof. Dr. Flávio Mesquita Saraiva 20 Economia Brasileira Os principais impostos brasileiros • Principais receitas do governo: o caso brasileiro. – Tributos indiretos: • Sobre produção, vendas e valor adicionado: ICMS e IPI • Sobre prestação de serviços - ISS • Sobre importações - II • Sobre exportações - IE • Sobre operações financeiras – IOF • Contribuição de intervenção no domínio econômico - CIDE • Tributos diretos: • Sobre a renda (pessoas jurídicas)-IRPJ • Sobre a renda (pessoas físicas)-IRPF • Sobre o patrimônio-IPTU e ITR • Sobre a propriedade de veículos automotores-IPVA • Sobre transmissão (“Causa Mortis” e Doações)-ITCMD • Sobre os ganhos de capital-IRPF e IRPJ • Sobre grandes fortunas (não regulamentado) – Contribuições parafiscais: podem ser definidas como um contribuições paralelas ao sistema fiscal que não se apresentam como impostos. No caso brasileiro, podemos destacar: FGTS; Contribuições ao INSS (Empregadores e empregados); PIS-PASEP, COFINS, CSSL. Economia Brasileira Contemporânea - Prof. Dr. Flávio Mesquita Saraiva 21 Economia Brasileira: comentários sobre a política monetária e sua relação com o lado real da economia. Economia Monetária: visibilidade e tendências A oferta monetária Instituições e mecanismos O Banco Central e suas funções: controle da oferta monetária; zelar pelo valor da moeda nacional; regulador e fiscalizador do sistema financeiro;administrador das reservas internacionais. O Sistema Bancário Política Monetária Instrumentos: controle das reservas compulsórias; empréstimos de liquidez e taxas de redesconto; operações de mercado aberto Dilemas Endogeneidade e Exogeneidade Fatores de estabilidade da Moeda Deteminação dos juros • Política monetária e o desenvolvimento: a questão da independência do Banco Central. • Abordagens sobre o papel da moeda. O conceito de política econômica externa 22 Política econômica externa: 1. Conjunto de medidas destinadas a regular os fluxos de importações e exportações de mercadorias, serviços e capitais, fomentando-as ou restringindo-as direta ou indiretamente, influenciando a composição, o volume e a direção do comércio exterior e dos investimentos internacionais, tendo em vista objetivos nacionais a alcançar. 2. A política econômica externa engloba: • Política comercial, • Política cambial, • Política de capital estrangeiro. A política comercial pode ser dividida nos seguintes segmentos: política aduaneira, política de transportes, política de exportação e importação de tecnologia, política de turismo Internacional e política de compras governamentais. 3. A política econômica externa possui dimensão nacional e internacional. Alternativas de participação do governo na Economia Alternativas de participação Participação Direta: 1. Gastos Públicos: 1.1. Produção de bens e serviços públicos. 1.2. Investimentos governamentais 2. Empresas estatais: 2.1. Insumos básicos 2.2. Energia elétrica 2.3.Serviços urbanos 2.4.Serviços de transporte 2.5. Outros Participação indireta: 1. Controle indireto sobre produção e distribuição: 1.1.Política fiscal 1.2. Política monetária 1.3. Política cambial 1.4. Política creditícia 1.4. Outras medidas 2. Controle direto sobre produção e distribuição 2.1.Congelamento/tabelamento de preços 2.2.Outras regulamentações Política econômica externa: Conjunto de medidas destinadas a regular os fluxos de importações e exportações de mercadorias, serviços e capitais, fomentando-as ou restringindo-as direta ou indiretamente, influenciando a composição, o volume e a direção do comércio exterior e dos investimentos internacionais, tendo em vista objetivos nacionais a alcançar. A política econômica externa engloba: política comercial, política cambial, política de capital estrangeiro. A política econômica externa possui dimensão nacional e internacional. A política comercial pode ser dividida nos seguintes segmentos: política aduaneira, política de transportes, política de exportação e importação de tecnologia, política de turismo internacional e política de compras governamentais. 24 Economia Brasileira Conceitos básicos de política cambial O conceito de taxa de câmbio: A taxa de câmbio (exchange rate) é definida como o preço em moeda nacional de uma unidade de moeda estrangeira. Pode ser representada por: E =R$/US$ (No caso da relação Real/Dólar). Pode-se dizer que há tantas taxas de câmbio quanto moedas estrangeiras. Exemplos*: R$ 3,61 / US$ 1,00 R$ 5,27 / £ 1,00 R$ 4,01 / € 1,00 R$ 0,037 / ¥ 1,00 R$ 2,78/ A$ 1,00 R$ 3,88/ Sw.Fr. 1,00. Fatores que determinam a taxa de câmbio no curto prazo: • oferta e procura de divisas. • Intervenções do governo no mercado cambial. • controles estabelecidos pelo governo. *Cotações em 27.05.2016. Economia Brasileira Contemporânea - Prof. Dr. Flávio Mesquita Saraiva 25 Economia Brasileira Conceitos básicos de taxa de câmbio e política cambial 1. Os Regimes cambiais - segundo Zini Jr. (1996:109) o regime cambial é a regra básica que estabelece a taxa de câmbio no país I. Regime de câmbio fixo: neste regime a Autoridade Monetária estabelece um preço fixo “E” em moeda nacional para a moeda estrangeira e garante este preço comprando eventuais excessos de oferta ou vendendo para suprir qualquer excesso de demanda. A taxa fixa é garantida pela intervenção do Banco Central no mercado e pelo seu volume de reservas internacionais. O exemplo histórico clássico do regime cambial fixo é o padrão-ouro praticado pela Grã-Bretanha no século XIX e o regime cambial argentino no período 1991-2001 com o currency board. II. Regime de câmbio flutuante: neste regime o Banco Central não compra nem vende divisas (em tese). A oferta e a procura de mercado se encarregariam de estabelecer o preço da divisa estrangeira. III. Regimes cambiais intermediários ou regimes de câmbio misto: regimes cambiais que combinam os dois extremos descritos nos itens anteriores. Encontramos normalmente os seguintes tipos: flutuação administrada, regime de bandas cambiais, taxa real de câmbio fixa (Brasil – 1968-1994), prefixação das desvalorizações cambiais. Economia Brasileira Contemporânea - Prof. Dr. Flávio Mesquita Saraiva 26 Conceitos básicos de política cambial Prof. Dr. Flávio Mesquita Saraiva • Taxa de câmbio (Exchange rate) • Taxa de câmbio nominal: é definida como o preço em moeda nacional de uma unidade de moeda estrangeira (forma direta - a mais utilizada). Na forma indireta ocorre o contrário, ou seja, as taxas de câmbio são expressas em quantidade de moeda estrangeira para cada unidade da moeda nacional (este tipo de cotação é utilizado pela Inglaterra). Conferir http://www.bankofengland.co.uk • Exemplos da forma indireta: Exemplos da forma direta • €/ £ R$/ $ • ¥/ £ R$/ £ • $/ £ R$/ € • Desta definição ocorrem outras duas: quando se utiliza a expressão elevação da taxa de câmbio queremos dizer desvalorização nominal da taxa de câmbio; quando se utiliza a expressão queda da taxa de câmbio queremos dizer valorização nominal da taxa de câmbio. Para os regimes de câmbio flutuante empregam-se os termos depreciação da moeda quando a taxa de câmbio aumenta e apreciação da moeda quando a taxa de câmbio diminui. Nos regimes de câmbio fixo empregam-se os termos desvalorização e valorização da moeda, conforme a taxa de câmbio aumente ou diminua. Economia Brasileira Contemporânea - Prof. Dr. Flávio Mesquita Saraiva 27 Conceitos básicos de política cambial • A teoria da paridade do poder de compra (PPP – Purchasing Power Parity). • Teoria formulada pelo economista sueco Gustav Cassel (1866-1945) que estabelece que o preço dos bens comercializáveis internacionalmente deve ser o mesmo em dois países diferentes, quando desprezamos os chamados atritos (ou barreiras) ao livre comércio internacional. A abordagem PPP assume como verdadeira a lei do preço único. Vinculados a esta abordagem temos os conceitos de arbitragem plena e não plena (versão relativa da PPP). • Os pressupostos da abordagem PPP e a realidade. Economia Brasileira Contemporânea - Prof. Dr. Flávio Mesquita Saraiva 28 Conceitos básicos de política cambial • Taxa de câmbio real:é definida como a taxa de câmbio de equilíbrio, aquela taxa que é consistente com o equilíbrio a longo prazo do balanço de pagamentos. As variáveis que influenciam a taxa de câmbio real são: diferencial na variação do nível de preços do país, diferencial na variação de produtividade, variações nas relações de troca.• A taxa real de câmbio pode ser bilateral (real/ dólar, por exemplo) ou multilateral (real/ cesta de moedas dos principais parceiros comerciais). Quando for bilateral é denominada taxa real de câmbio; quando for multilateral é denominada taxa de câmbio real efetiva. • Podemos afirmar que se o regime cambial do país é de taxa flutuante ou se a moeda nacional está vinculada a outra moeda cuja taxa é flutuante, torna-se necessário considerar a taxa efetiva. A taxa efetiva é a média ponderada dos índices das taxas de câmbio da moeda nacional em relação a todas as moedas de países com as quais esse país mantém comércio. Economia Brasileira Contemporânea - Prof. Dr. Flávio Mesquita Saraiva 29 Economia Brasileira Conceitos básicos de política cambial 1. Conceitos vinculados a taxa de câmbio: – PPP – Purchasing Power Parity (paridade do poder de compra) – Taxa de câmbio nominal – Taxa de câmbio real – Taxa de câmbio efetiva – Taxa de câmbio real efetiva. – Arbitragem cambial 2. Outros aspectos da taxa de câmbio: – A taxa de câmbio como preço básico da economia – Taxa de câmbio e nível geral de preços. – Determinantes políticos e históricos: cidades italianas na baixa Idade Média, moedas espanholas (Séculos XV e XVI), a libra esterlina no século XIX e o dólar no século XX. 3. Fatores que influenciam a taxa de câmbio no longo prazo – Montante do passivo externo líquido – Termos de troca – Ganhos de procutividade 30 Brazil: denominação das moedas. ****/1942 – MIL-REIS 1942-1947 - Cruzeiro 1967-1970 – Cruzeiro Novo (corte de 3 zeros e a denominação de novo cruzeiro) 1970-1986 - Cruzeiro 1986-1989 - Cruzado 1989-1990 – Cruzado Novo (“Novo Cruzado”) 1993-1994 – Cruzeiro Real 1994 em diante - Real As mudanças da moeda brasileira no período republicano. O Brasil conquistou recentemente a democracia, e a estabilidade monetária. Notas de Real 33 34 Taxa de Inflação e Planos de Estabilização Econômicos – Brasil (1976 - 2004) -5 5 15 25 35 45 55 65 75 85 jan/76 jan/80 jan/84 jan/88 jan/92 jan/96 jan/00 jan/04 Plano Collor I Plano Verão Plano Collor II Pré-fixação da correção monetária e câmbio Plano Bresser Plano Cruzado Plano Real % a.m Inflação (% a.m.) 36 Hiperinflações Table 23-1 7 hiperinflações das décadas de 1920 e 1940 País Inicio Fim PT/P0 Taxa média mensal de inflação (%) Taxa média mensal de crescimento monetário (%) Austria Out. 1921 Ago. 1922 70 47 31 Alemanha Ago. 1922 Nov. 1923 1.0 x 1010 322 314 Grécia Nov. 1943 Nov. 1944 4.7 x 106 365 220 Hungria 1 Mar. 1923 Fev. 1924 44 46 33 Hungria 2 Ago. 1945 Jul. 1946 3.8 x 1027 19,800 12,200 Polônia Jan. 1923 Jan. 1924 699 82 72 Russia Dez. 1921 Jan. 1924 1.2 x 105 57 49 PT/P0: Price level in the last month of hyperinflation divided by the price level in the first month. 37 Alguns indicadores de inflação em países da América Latina Alta Inflação na América Latina, 1976-2000 Taxa média mensal de Inflação (%) Country 1976-1980 1981-1985 1986-1990 1991-1995 1996-2000 Argentina 9.3 12.7 20.0 2.3 0.0 Brasil 3.4 7.9 20.7 19.0 0.6 Nicaragua 1.4 3.6 35.6 8.5 0.8 Peru 3.4 6.0 23.7 4.8 0.8 A estratégia do Plano Real (1993-1998) A estratégia inicial do Plano Real foi formulada quando Fernando Henrique Cardoso era ministro da Fazenda em 1993 e consistiu em: 1. O Plano foi anunciado oficialmente em 7 de dezembro de 1993 e a nova moeda, o Real, foi introduzida em 1 de julho de 1994 2. A promoção de um ajuste fiscal em 1993. Esse ajuste é considerado por muitos a 1ª fase do Plano Real e ocorreu no período de dezembro de 1993 a fevereiro de 1994. Tal ajuste envolveu a aprovação pelo Congresso do Fundo Social de Emergência-FSE, a criação da Contribuição provisória sobre movimentações financeiras – CPMF, denominada inicialmente de IPMF, o corte de 40% das despesas correntes do governo, renegociação das dívidas de estados e municípios e proibição de criação de dívida publica com emissão de novos títulos. Nesse período implantou-se a “Ancora fiscal”. O FSE foi rebatizado posteriormente de Fundo de Estabilização Fiscal –FEF. 3. O governo introduziu, a partir de 1º de março de 1994 a Unidade Real de Valor – URV. A introdução da URV foi gradual, evitando-se a abordagem de choque que caracterizou os planos de estabilização da década de 1980. A URV foi introduzida como unidade de conta e não como meio de troca. A tabela completa encontra-se na próxima página. 38 Tabela da URV em 30.06.1994. A estratégia do Plano Real (1993-1998) 4. O governo, através do Banco Central, elevou fortemente a taxa de juros nominal. Essa medida de política monetária, combinada com a queda da inflação produziu um expressivo aumento da taxa de juros real. Esse nível de taxa de juros reduziu a absorção interna (C + I + G), atraiu capitais especulativos que passaram a financiar as contas externas brasileiras. 5. O governo brasileiro não adotou o sistema de currency board argentino. Inicialmente o Banco Central ofereceu o dólar por R$ 1,00. Entretanto, o aumento do fluxo de capitais foi tão grande que provocou uma sobrevalorização do Real. Esse fato provocou a queda das exportações e o aumento das importações. De fato o governo brasileiro criou uma super-âncora cambial. Economia Brasileira Contemporânea - Prof. Dr. Flávio Mesquita Saraiva 40 A estratégia do Plano Real (1993-1998) 6. A indexação de salários foi quebrada, isto é, o Plano não contemplou um mecanismo da atualização de salários com base na inflação passada, o que criou problemas políticos. 7. O governo brasileiro abandonou definitivamente a utilização das desvalorizações da taxa de câmbio como instrumento promotor de superávits do balanço de comércio. A âncora cambial foi mantida como garantia de estabilidade dos preços e o déficit em conta corrente cresceu na 1ª fase do Plano Real. 8. O governo brasileiro optou pelo uso de 3 âncoras no Plano Real: Cambial; Monetária e Salarial. A Âncora fiscal caracterizou o período de dezembro de 1993 a fevereiro de 1994. 41 A estratégia do Plano Real (1993-1998) 9. Esse grupo de novas condições incrementou o aumento da entrada de capital externo no país. A estratégia envolveu riscos que se tornaram evidentes com os episódios da crise asiática e da crise russa em 1997 e 1998. Nesses dois episódios o capital especulativo realizou o movimento conhecido como fly to quality. 10. Segundo Antonio Filgueiras podemos dividir o Plano Real em 3 fases: • O ajuste fiscal (07.12.1993 a 28.02.1994); • Criação da URV (01.03.1994 a 30.06.1994) • Criação da nova moeda em 01.07.1994. O Real foi introduzido com valor de CR$ 2.750,00, que era o valor para conversão do Cruzeiro Real para URV daquele dia. Economia Brasileira Contemporânea - Prof. Dr. Flávio Mesquita Saraiva 42 Economia Brasileira Contemporânea - Prof. Dr. Flávio Mesquita Saraiva 43 As principais medidas preconizadas pelo Consenso de Washington de 1989 O Consenso de Washington: Conjunto de trabalhos e recomendações resultantes de uma reunião realizada em novembro de 1989 em Washington, na qual encontraram-se economistas, técnicos, políticos e representantes de três organismos multilaterais sediados em Washington: FMI, BIRD e BID. O objetivo desse encontro era realizar uma avaliação das reformas econômicas empreendidas nos países latino americanos. O encontro foi convocado pelo Institute for International Economicssob a denominação: “Latin America adjustment: How much has happened”. O encontro teve caráter acadêmico e não deliberativo. Podemos enumerar pelo menos dez pontos que fazem parte do Consenso de Washington: disciplina fiscal, priorização dos gastos públicos, reforma tributária, liberalização financeira, regime cambial, liberalização comercial, investimento direto estrangeiro, privatização, desregulação, propriedade intelectual. A necessidade da discussão crescimento x desenvolvimento econômico. Economia Brasileira Contemporânea - Prof. Dr. Flávio Mesquita Saraiva 44 O setor externo da economia: exemplos da valorização e da desvalorização da taxa de câmbio e seus efeitos sobre o balanço de comércio. Suposição de uma diferença de taxa de inflação de 20% entre Brasil e EUA. 1. Exportação de uma mercadoria R$/US$ R$ 1.000,00 US$ 1.000,00 R$ 1,00=US$ 1,00 R$ 1.200,00 US$ 1.200,00 R$ 1,00=US$ 1,00 R$ 1.200,00 US$ 1.000,00 R$ 1,20=US$ 1,00 R$ 1.300,00 US$ 1.000,00 R$ 1,30=US$ 1,00 (desvalorização real). 2. Importação de uma mercadoria US$/R$ R$ 1.000,00 US$ 1.000,00 US$ 1,00=R$ 1,00 R$ 1.200,00 US$ 1.000,00 US$ 1,00=R$ 1,20 R$ 1.300,00 US$ 1.000,00 US$ 1,00=R$ 1,30 (desvalorização real). Economia Brasileira Contemporânea - Prof. Dr. Flávio Mesquita Saraiva 45 Efeitos da desvalorização/valorização cambial sobre o balanço de comércio e o Balanço de Pagamentos Situação anterior ao Plano Real: Desvalorizações Cambiais. 1. Efeitos da desvalorização cambial: • Aumento da receita (Rx = PX.QX ) em Reais do exportador. • Aumento da competitividade das exportações. • Desincentiva às importações, tornando-as mais caras. 2. Resultado: • Superávit no Balanço de Comércio de US$ 13,30 bilhões em 1993 e US$ 10,46 bilhões em 1994. 3. Observação: O resultado do balanço de comércio também depende de outros fatores, tais como, o aumento da produtividade industrial, desempenho macroeconômico nacional e internacional, a política comercial praticada por outros países. Entretanto, a política cambial atua de maneira decisiva sobre o resultado comercial. Economia Brasileira Contemporânea - Prof. Dr. Flávio Mesquita Saraiva 46 Efeitos da desvalorização/valorização cambial sobre o Balanço de Pagamentos • Situação após o Plano Real (até dezembro de 1998): Valorização Cambial 1. Efeitos da valorização cambial • Diminuição da receita em moeda nacional dos exportadores; • Perda de competitividade das exportações brasileiras; • Elevação da quantidade de importações. 2. Resultado: • Déficit no Balanço de Comércio de US$ 3,46 bilhões em 1995, US$ 5,60 bilhões em 1996 e US$ 6,75 bilhões em 1997 e US$ 6,57 bilhões em 1998. 3. No início do ano de 1999 o governo brasileiro desvalorizou o Real. Entretanto, os efeitos desta desvalorização não foram capazes de promover a recuperação imediata do balanço de comércio. Em 1999 o déficit comercial foi de US$ 1,19 bilhões. Em 2000 o déficit comercial atingiu US$ 698 milhões. Em 2001 o resultado comercial atingiu US$ 2,65 bilhões. 47 Situação do Balanço Internacional de Pagamentos do Brasil no período 1994-2012. 1. Resultado em transações correntes = Saldo do Balanço de Comércio + Saldo do Balanço de Serviços + Transferências Unilaterais. O significado desse conceito. 2. Déficit em transações correntes de US$ 24.23 bilhões ou 4,10% do PIB em 2000. Em 2001 o déficit em conta corrente atingiu US$ 23,21 bilhões ou 4,19% do PIB. No ano de 2002 o déficit foi de US$ 7.637 milhões indicando expressiva redução. Em 2003 ocorreu um superávit de US$ 4,17 bilhões. Em 2004 o superávit em transações correntes atingiu US$ 11,68 bilhões e em 2005 o superávit atingiu US$ 13,98 bilhões. Finalmente em 2006 o superávit em transações correntes foi de US$13,64 bilhões. Comentários sobre o período 2001-2012 (Dados da tabela a seguir). 3. Financiamento total/parcial através do movimento de capitais autônomos que incluem empréstimos, investimentos diretos e capitais de curto prazo, dentre outros. O significado dos ataques especulativos. 48 Economia Brasileira Contemporânea - Prof. Dr. Flávio Mesquita Saraiva Situação do saldo em transações correntes no período 2001-2012. 49 Comentários sobre o Balanço Internacional de Pagamentos do Brasil desde o Plano Real. 4. Instabilidade no movimento internacional de capitais levou a variações abruptas das reservas internacionais brasileiras durante os primeiros anos do Plano Real. As reservas atingiram US$ 73,85 bilhões em abril de 1998, recuaram para aproximadamente US$ 66,48 bilhões em agosto de 1998. Em agosto de 1999 as reservas internacionais estavam no patamar de US$ 41,92 bilhões. Em junho de 2000 as reservas internacionais somavam US$ 28,26 bilhões. Em julho de 2001 as reservas internacionais atingiram US$ 36,18 bilhões. Em 21.02.2003 as reservas atingiram US$ 38,48 bilhões. Em dezembro de 1998, o governo brasileiro fechou acordo com o FMI, o que resultou em um empréstimo de US$ 41,5. Os recursos vieram do FMI, BID, Banco Mundial e G7. Economia Brasileira Contemporânea - Prof. Dr. Flávio Mesquita Saraiva 50 Comentários sobre o Balanço Internacional de Pagamentos do Brasil desde o Plano Real. 5. O segundo mandato de Fernando Henrique Cardoso foi marcado por crises no balanço de pagamentos. De 1998 a 2002 o Brasil realizou 3 empréstimos liderados pelo FMI. O governo brasileiro teve que administrar sucessivas crises no Balanço de Pagamentos, o que levou o governo a tomar 3 empréstimos do FMI, nos montantes de US$ 41,5 bilhões em dezembro 1998, US$ 15,6 bilhões em 2001 e US$ 30 bilhões em 2002. 6. O ano de 2002 foi marcado por grande instabilidade , o que levou a grandes variações na taxa de câmbio a dificuldades do governo em fazer a rolagem da dívida pública. Além disso, foi o ano em que se registrou a maior taxa de inflação desde o início do Plano Real. 7. Desde 2006 o volume de reservas internacionais brasileiras tem crescido vigorosamente. A tabela a seguir apresenta os valores de 1994 a 2012. Situação do Balanço Internacional de Pagamentos do Brasil até 2012. Evolução da dívida externa brasileira 53 Plano Real : Elementos de Política Fiscal. Alguns elementos foram importantes para melhorar a situação financeira do setor público brasileiro durante o Plano Real: 1. No Brasil o setor público inclui as 3 esferas de governo: municípios, estado e governo federal. “O federalismo fiscal brasileiro é marcado fortemente por desigualdades regionais e forte tradição municipalista do país (Fernando Rezende). 2. O processo de privatização teve início em 1991-1992 e foi mantido durante o Plano Real. 3. O governo passou a perseguir a idéia de “Responsabilidade Fiscal” indicando uma meta de superavit primário para o setor público. 4. O governo federal aumentou impostos antes, durante e após o governo FHC. 5. A política fiscal sofreu forte aperto em 1998 após o governo assinar acordo com o FMI. 6. Após a crise de 2008 o governo incrementou as despesas públicas para estimular a economia. 7. A dívida externa que atingiu quase US$ 200 bilhões em 2009 é basicamente uma dívida privada; 8. O governo federal dispõe de poucos recursos para investimento. Comentários sobre a política monetária do Plano Real. 55 Política monetária e inflação: 1. A políticamonetária é fundamental para manter a estabilidade da moeda nacional; 2. Após o Plano Real, o governo manteve uma política monetária restritiva; 3. Em julho de 1999 o governo adotou o sistema de metas de inflação (Targeting inflation system); 4. A política monetária é executada pelo Banco Central do Brasil que alguns denominam como um Banco Central semi-independente. 5. Com a desvalorização cambial ocorrida em 1999, a gestão da taxa básica de juros passou a ser o principal instrumento de ação do Banco Central. 6. Em 2001, 2002, 2003, 2004 a taxa de inflação ultrapassou a meta. Desde 2005 a inflação não supera a meta. Em 2003 e 2004 a meta foi revista. 7. Em 06/1996 o governo brasileiro criou o Comitê de Política Monetária (COPOM) cuja composição é assim constituída: Presidente do Banco Central e diretores do Banco Central. Ao mesmo tempo foi mantida a estrutura do Conselho Monetário Nacional com a seguinte composição: Ministro da Fazenda; Ministro do Planejamento e Presidente do Banco Central. O Conselho decide a meta de inflação. Comentários sobre a política monetária do Plano Real. 9. Tanto o governo Fernando Henrique quanto os governo Lula e Dilma preservaram o sistema federal bancário que inclui 4 importantes instituições: Banco Central; Banco do Brasil; BNDEs e Caixa Econômica Federal. 10. Os bancos privados brasileiros são concentrados e possuem dependência das operações de dívida pública. 56 Economia Brasileira Contemporânea - Prof. Dr. Flávio Mesquita Saraiva 58 Situação atual (2013) do Balanço Internacional de Pagamentos do Brasil • Ao se analisar o nível atual de reservas internacionais é preciso considerar como esse nível foi atingido. É fundamental considerar a taxa de crescimento da economia global, os aportes de recursos externos e as partes componentes do passivo externo bruto. • Os 11 indicadores de vulnerabilidade externa calculados pelo Banco Central: pagamentos da dívida externa/exportações; pagamentos da dívida externa/PIB; gastos com juros da dívida externa/exportações; dívida externa bruta/PIB; dívida externa do governo/dívida externa bruta; dívida externa líquida/PIB; reservas internacionais/dívida externa bruta; anos de exportações necessários para pagar a dívida externa bruta; anos de exportações necessários para pagar a dívida externa líquida; anos de serviço da dívida externa que poderiam ser pagos com reservas; anos de juros da dívida externa que poderiam ser pagos com reservas. Estrutura do Balanço Internacional de Pagamentos – Apresentação Tradicional Prof. Dr. Flávio Mesquita Saraiva Estrutura Geral do Balanço Internacional de Pagamentos I Balanço de Comércio Exportações (FOB) Importações (FOB) II Balanço de Serviços Transportes: Fretes e seguros Turismo e Viagens Internacionais Rendas de capital: Lucros e Dividendos; Lucros Reinvestidos e juros Serviços Governamentais Serviços Diversos III Transferências Unilaterais IV Saldo do B.P. em Conta-Corrente ( I + II + III) V Movimento de Capitais Autônomos Investimentos estrangeiros diretos (IED). Reinvestimentos Empréstimos e Financiamentos Amortizações de empréstimos Capitais a Curto Prazo (CCP) Empréstimos de regularização Outros Capitais VI Erros e Omissões VII Saldo total do Balanço de Pagamentos (IV + V + VI) VIII Variação de Reservas Estrutura do Balanço Internacional de Pagamentos Prof. Dr. Flávio Mesquita Saraiva Estrutura contida na 5ª edição do Manual de Balanço de Pagamentos do FMI de 1993 adotada pelo Banco Central do Brasil em 2001. I Balanço de Comércio (BC) Exportações (FOB) Importações (FOB) II Balanço de Serviços (BS) Fretes e Transportes Viagens Internacionais Serviços de Seguros Royalties e Licenças Outros III Rendas (BR) Lucros e Dividendos Juros de empréstimos Salários IV Transferências Unilaterais Correntes (TU) Transferências correntes (governamentais e privadas) V Saldo em Transações correntes ( I + II + III + IV) ou (BC + BS + BR + TU). Estrutura do Balanço Internacional de Pagamentos Prof. Dr. Flávio Mesquita Saraiva Estrutura contida na 5ª edição do Manual de Balanço de Pagamentos do FMI de 1993 adotada pelo Banco Central do Brasil em 2001. VI Conta Capital CC VII Conta Financeira CF Investimentos Diretos Investimento em Carteira Derivativos Outros Investimentos Empréstimos e financiamentos Crédito Comercial Moeda e depósitos Outros VIII Erros e Omissões (EO) IX Saldo Total do Balanço de Pagamentos (TC + CK + EO) Estrutura do Balanço Internacional de Pagamentos Prof. Dr. Flávio Mesquita Saraiva Estrutura contida na 5ª edição do Manual de Balanço de Pagamentos do FMI de 1993 adotada pelo Banco Central do Brasil em 2001. X. Haveres das autoridades monetárias – variação (Haveres estrangeiros líquidos e sob o controle da autoridade monetária) VR – Variação das Reservas (-BP) • Reservas em moeda estrangeira (inclui títulos de alta liquidez) • Reservas no FMI • Direitos Especiais de Saque (DES) • Ouro monetário • Outros Haveres Equações que representam o Balanço de Pagamentos: BP = BC + BS + BR + TU + CC + CF + EO + R = 0 BP = TC + CK + EO + R = 0 BP = TC + KA + R = 0 Estrutura do Balanço Internacional de Pagamentos - Contas abertas. Prof. Dr. Flávio Mesquita Saraiva Estrutura contida na 5ª edição do Manual de Balanço de Pagamentos do FMI de 1993 adotada pelo Banco Central do Brasil em 2001. I Balanço de Comércio (BC) Exportações (FOB) Importações (FOB) II Balanço de Serviços (BS) Transportes Viagens Internacionais Serviços de Seguros Serviços Financeiros Serviços de Computação e Informação Royalties e Licenças Aluguel de equipamentos Serviços governamentais Serviços de comunicação Serviços de construção Serviços relativos ao comércio Serviços empresariais, profissionais e técnicos Serviços pessoais, culturais e recreacionais. Estrutura do Balanço Internacional de Pagamentos Prof. Dr. Flávio Mesquita Saraiva Estrutura contida na 5ª edição do Manual de Balanço de Pagamentos do FMI de 1993 adotada pelo Banco Central do Brasil em 2001. III Rendas (BR) Salários e ordenados Renda de investimentos Renda de investimento direto Lucros e Dividendos Juros de empréstimos intercompanhias Renda de investimento em carteira Lucros e Dividendos Juros de títulos de dívida (renda fixa) Renda de outros investimentos. IV Transferências Unilaterais Correntes (TU) Transferências correntes governamentais Transferências correntes privadas Manutenção de residentes Outras transferências V Saldo em Transações correntes ( I + II + III + IV) ou (BC + BS + BR + TU). Estrutura do Balanço Internacional de Pagamentos Prof. Dr. Flávio Mesquita Saraiva Estrutura contidana 5ª edição do Manual de Balanço de Pagamentos do FMI de 1993 adotada pelo Banco Central do Brasil em 2001. VI Conta Capital e Financeira (CK = CC + CF) Conta Capital CC Conta Financeira CF Investimento Direto Participação no capital Empréstimos intercompanhias Investimento em Carteira Ações Títulos de renda fixa Derivativos Outros Investimentos Créditos Comerciais Empréstimos Operações de regularização Outros empréstimos de longo prazo Empréstimos de curto prazo Moeda e depósitos Outros ativos e passivos VII Erros e Omissões (EO) VIII Saldo Total do Balanço de Pagamentos (TC + CK + EO) Estrutura do Balanço Internacional de Pagamentos Prof. Dr. Flávio Mesquita Saraiva Estrutura contida na 5ª edição do Manual de Balanço de Pagamentos do FMI de 1993 adotada pelo Banco Central do Brasil em 2001. • VR – Variação das Reservas (-BP) Ouro monetário Direitos Especiais de Saque Posição de Reservas do FMI Ativos em divisas Outros Ativos Economia Brasileira Contemporânea - Prof. Dr. Flávio Mesquita Saraiva 67 Posição Internacional de Investimento e conceitos relacionados. • Reservas Internacionais: São as reservas constituídas por divisas estrangeiras, ouro monetário, títulos do governo norte-americano e DES. Estas reservas originam-se de superávits no balanço de pagamentos e podem ser utilizadas para a a cobertura de déficits nas contas externas. • Dívida externa bruta: Consiste na soma dos débitos de um país resultantes de empréstimos e financiamentos contraídos com residentes no exterior, tais como, bancos privados, Banco Mundial, FMI, BID e governos. Esses débitos podem possuir garantia governamental (quando contraídos pelo setor privado). • Dívida externa líquida: consiste na dívida externa total subtraída das reservas internacionais e dos haveres de bancos brasileiros no exterior. Posição Internacional de Investimento e conceitos relacionados. • Passivo Externo Bruto: a soma da dívida externa e do estoque total de capital estrangeiro investido no país, o que inclui o estoque de IED e CCP. Em 2012 o PEB atingiu US$ 1,55 trilhão, o que evidencia a internacionalização da economia brasileira. • Passivo Externo Líquido: consiste no passivo externo bruto subtraído das reservas internacionais e dos haveres de bancos brasileiros no exterior. • O conceito de Posição Internacional de Investimento . Economia Brasileira Contemporânea - Prof. Dr. Flávio Mesquita Saraiva 68 69 Dados da economia brasileira até 2013 Economia Brasileira Contemporânea Prof.Dr. Flávio Mesquita Saraiva 70 71 Dados da economia Real. Gráfico da evolução do PIB Real no Brasil A economia brasileira no período 2009-2013 Economia Brasileira Contemporânea - Prof. Dr. Flávio Mesquita Saraiva 72 A desaceleração econômica dos Brics. Artigo da revista britânica Economist de 27 de julho de 2013 The great deceleration: the emerging market slowdown is not the beginning of a bust. But it is a turning-point for the world economy. 73 Capa da revista britânica Economist publicada em 28.10.2013. Titulo: Has Brazil Blow it? Economia Brasileira Contemporânea - Prof. Dr. Flávio Mesquita Saraiva 74 Capa da revista britânica Economist publicada em 26 de fevereiro de 2015. Capa da revista britânica Economist publicada em 23 de abril de 2016. “The betrayal of Brazil” 76 77 Economia Brasileira: Bibliografia Básica BATISTA, P.N. et alii. Em defesa do interesse nacional: desinformação e alienação do patrimônio público, Rio de janeiro, Paz e Terra, 1994. CARVALHO, M.A e SILVA, C.R.L. Economia internacional, São Paulo, Atlas, 2002. CASTRO,A.B.e VELLOSO,J.P.R. Desenvolvimento brasileiro: da era Geisel ao nosso tempo, Rio de Janeiro, INAE, 2011. FILGUEIRAS, l. História do Plano Real: Fundamentos, impactos, contradições, Boitempo Editorial, São Paulo, 2007. GIAMBIAGI,F. e outros. Economia brasileira contemporânea (1945-2010), São Paulo, Elsevier, 2011. GREMAUD, A.M. VASCONCELOS,A.S. e TONETO Jr, R. Economia brasileira contemporânea, São Paulo, Atlas, 2002. MARQUES,R.M.e FERREIRA, M.R.J.(Orgs.) 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