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MBA EM GESTÃO DE NEGÓCIOS IMOBILIÁRIOS E DA CONSTRUÇÃO CIVILl Coordenador Acadêmico: Pedro de Seixas Corrêa CENÁRIOS ECONÔMICOS E TENDÊNCIAS Virene Roxo Matesco, Dra. virene@fgv.br ouvidoria@fgv.br Diretor Clovis de Faro Direção Acadêmica Diretor Executivo Carlos Osmar Bertero e Diretora Adjunta Elisa Maria Rodrigues Sharland Central de Qualidade Coordenadora Prof. Elisa Sharland Direção Executiva FGV Management Diretor Ricardo Spinelli de Carvalho . FGV Management Diretor Executivo Ricardo Spinelli de Carvalho Superintendência de Núcleos Rio de Janeiro Superintendente Mário Couto Soares Pinto e Superintendente Adjunto Márcio Pezzella Ferreira São Paulo Superintendente Paulo Mattos de Lemos Brasília Superintendente Silvio Roberto Badenes de Gouvea e Superintendente Adjunto Kleber Vieira Pina Superintendência de Rede Ricardo Spinelli de Carvalho Superintendentes Adjuntos: Magno Vianna e Maria Alice da Justa Lemos. Profa. Virene Roxo Matesco – virene@fgv.br Cenários e Tendências 3 Sumário 1.1 - Ementa .................................................................................................................................................. 4 1.2 - Carga horária total ................................................................................................................................ 4 1.3 - Objetivos .............................................................................................................................................. 4 1.4 - Conteúdo programático ........................................................................................................................ 5 1.5 - Metodologia ......................................................................................................................................... 5 1.6 - Critérios de avaliação: ......................................................................................................................... 6 1.8 Bibliografia recomendada ....................................................................................................................... 7 1.9 Curriculum resumido da professora ........................................................ Erro! Indicador não definido. 2.1 - PRIMEIRA AULA ............................................................................................................................... 9 2.1.1 – Sistema Econômico: Mensuração e Performance ........................................................................ 9 Tópicos da aula ................................................................................................................................... 9 Palavras chaves ................................................................................................................................... 9 2.1.2 - ALGUNS TÓPICOS .................................................................................................................. 10 Crescimento Econômico e Inflação ..................................................... Erro! Indicador não definido. Produto Real e Nominal. Deflator Implícito ....................................... Erro! Indicador não definido. 2.1.3 - QUESTÕES BÁSICAS ................................................................ Erro! Indicador não definido. 2.2 - SEGUNDA AULA ............................................................................................................................. 26 2.2.1 – Negócios Internacionais. Fluxos de Comercio e Capitais. Regime Cambial ............................ 26 Tópicos da aula ................................................................................................................................. 26 Palavras chaves ................................................................................................................................. 26 2.2.2 - Alguns Tópicos ........................................................................................................................... 27 Setor Externo..................................................................................................................................... 27 Balanço de Pagamentos ..................................................................................................................... 28 Reservas Internacionais ..................................................................................................................... 32 Fundo Monetário Internacional - FMI............................................................................................... 33 2.3 – TERCEIRA AULA .......................................................................................................................... 44 2.3.1 – Sistema Financeiro e Monetário Nacional. ............................................................................... 44 Tópicos da aula ................................................................................................................................. 44 Palavras chaves ................................................................................................................................. 44 A Moeda ............................................................................................................................................ 46 Reformas do Sistema Monetário do Brasil ........................................................................................ 59 2.3.3 - QUESTÕES BÁSICAS ................................................................ Erro! Indicador não definido. 2.4 - QUARTA AULA .............................................................................................................................. 61 2.4.1 - Modelo de Crescimento e o Papel do Setor Público ................................................................... 61 Tópicos da aula ................................................................................................................................. 61 Palavras chaves ................................................................................................................................. 61 2.4.2 - ALGUNS TÓPICOS .................................................................................................................. 62 Crescimento, Expansão e Desenvolvimento Econômico. ................................................................. 62 Fatos Marcantes da Economia Brasileira ............................................ Erro! Indicador não definido. O Papel do Setor Público .................................................................... Erro! Indicador não definido. Apos%20Cenários%20e%20Tendências%20jan%202012.doc#_Toc312765985 Profa. Virene Roxo Matesco – virene@fgv.br Cenários e Tendências 4 1. Programa da disciplina 1.1 - Ementa Sistema Econômico. Medidas de Performance da Economia. Oferta e Demanda Agregadas: os componentes. Inflação. Índices de Preços. Setor Externo: balanço de pagamentos. Reservas Internacionais. FMI. Regime Cambial: currency board e câmbio flutuante. Taxas de Câmbio Real e Nominal. Moeda, Autoridades Monetárias e Política Monetária. Taxas de Juros. Política Fiscal: Crescimento e Desenvolvimento Econômico. Cenários Econômicos e Tendências. 1.2 - Carga horária total 24 horas/aula. 1.3 - Objetivos O objetivo básico da disciplina é compreender a teoria econômica associada à sua aplicabilidade na atividade profissional e pessoal do participante. A apostila foi elaboradade forma resumida em comparação à abrangência dos fundamentos básicos da economia privilegiados na ementa e, por isso, os debates serão estimulados e os fatos econômicos do momento serão amplamente discutidos. A proposta desta disciplina é a de capacitar o participante a melhor compreender as inter-relações da economia, com o intuito de identificar (antecipar) os impactos da política econômica em nível nacional e internacional que afetam sua área de atuação profissional e seu interesse pessoal. Consultas à Sites : Banco Central : www.bcb.gov.br Banco Mundial: www.worldbank.org FMI: www.imf.org. Fundação Getúlio Vargas: www.fgv.br // www.fgv.br/ibre IBGE: www.ibge.gov.br IPEA: www.ipea.gov.br Tesouro Nacional. www.stn.fazenda.gov.br http://www.bcb.gov.br/ http://www.worldbank.org/ http://www.imf.org./ http://www.fgv.br/ http://www.ibge.gov.br/ http://www.ipea.gov.br/ Profa. Virene Roxo Matesco – virene@fgv.br Cenários e Tendências 5 1.4 - Conteúdo programático AULAS TÓPICOS 1ª Aula – Sistema Econômico: Mensuração e Performance. Conceitos Básicos Contabilidade Nacional: principais agregados Óticas de Mensuração do Produto Produto Nominal e Real. Deflator Implícito Índices de Preços: Metodologias Inflação. Planos de Estabilização Tendência de Médio e Longo Prazo Comparação entre países: O tamanho das economias 2ª Aula – Negócios Internacionais: Fluxos de Comércio e de Capitais. Regime Cambial Definição e Estrutura do Balanço de Pagamentos Capitais de Risco. Financiamentos e Empréstimos Reservas Internacionais: Composição FMI: As negociações com o Brasil Dívida Externa: principais indicadores Regime Cambial: Tipos de Câmbio Câmbio: causas e conseqüências 3ª Aula – Sistema Financeiro e Monetário Nacional: Banco Central Moeda: Propriedades e Funções Oferta de Moeda. Autoridades Monetárias Objetivos e Funções do Banco Central Os Agregados Monetários Multiplicação Monetária 4ª Aula – Crescimento Econômico e o Papel do Setor Público. Crescimento e Desenvolvimento: conceitos Determinantes e Restrições Economia Brasileira: fatos marcantes Política Fiscal: Orçamento Público Contas consolidadas do setor público Endividamento e Financiamento Público Dinâmica Macroeconômica 1.5 - Metodologia O curso está baseado em aulas expositivas e debates, com utilização de projetor de slides, canhão de projeção (data show), aparelhos de som e outros recursos disponíveis. O aluno terá como material didático a apostila e material complementar a ser distribuído pela professora no primeiro encontro. Além das aulas expositivas, os alunos, em grupos, irão apresentar trabalhos ligados aos temas de economia, devidamente orientados pela professora. Profa. Virene Roxo Matesco – virene@fgv.br Cenários e Tendências 6 1.6 - Critérios de avaliação O grau desta disciplina será a média ponderada de duas notas (avaliações): a) Trabalho em Grupo. Os alunos (entre 2 e 3 participantes) deverão se reunir em grupo para desenvolver num determinado período de tempo os exercícios apresentados pela professora. Posteriormente, os exercícios serão corrigidos em aula. Para tanto, os alunos deverão dispor de uma máquina de calcular de qualquer tipo. Obterão os pontos totais os alunos que estiverem presentes no momento da realização dos exerícios. Atenção: Trabalhos realizados fora da sala de aula deverão ser impressos. Não serão aceitos trabalhos a lápis ou a caneta. Peso 30%. b) Prova Individual. O aluno fará uma prova individual e sem consulta, a ser marcada pela coordenação local. O conteúdo da prova será baseado nas questões e conceitos discutidos em sala e disponíveis na apostila, nas aulas expositivas desenvolvidas pela professora e nos debates e trabalhos realizados pelos participantes durante o curso desta disciplina. Peso 70%. c) Prova Individual de Recuperação (VS). O aluno que não atingir média final igual ou superior a 7.0, relativa às notas dos trabalhos e da prova de primeira e segunda chamadas, datas opcionais a critério do Conveniado local, terá o direito à uma Prova de Verificação Suplementar, sem consulta e individual, Peso 100%. LISTA DE EXERCÍCIOS: CADERNO DE EXERCÍCIOS – VIRENE@FGV.BR Atenção: O aluno deverá dispor de máquina de calcular em sala de aula. Profa. Virene Roxo Matesco – virene@fgv.br Cenários e Tendências 7 1.8 - Bibliografia recomendada Co-autoria da Prof. Virene Roxo Matesco – virene@fgv.br a) Gonçalves, A. C. P.; Gonçalves, R. R.; Santacruz R. & Matesco, Virene Roxo “Economia Aplicada” 9 a . RJ. Ed. FGV, 2003. b) Matesco, Virene Roxo e Schenini, Paulo H. “Economia para não Economistas: princípios básicos de economia para profissionais em mercados competitivos” 7ª. RJ, Ed. Senac Rio, 2005. livraria@fgv.br fones: 0800217777 www.rj.senac.br/editora - fone (21) 31381512 / 31381515 comercial.editora@rj.senac.br c) Matesco, Virene Roxo e Santos, Marcelo; Melo, Mário R.; e Iório Ubiratan J. “Economia aplicada: empresas e negócios”. RJ, 1ª. Ed. FGV, 2011 . d) Gonçalves, A. C. P.; Zygielszyper, Nora R., Gonçalves, Robson, R., e Matesco, Virene Roxo “Economia Empresarial” 1 a . RJ. Ed. FGV, 2012. Complementar: Gonçalves, A. C. P.; Zygielszyper, Nora R., Gonçalves, Robson, R., e Matesco, Virene Roxo “Economia Empresarial” 1 a . RJ. Ed. FGV, 2012. Krugman, P. e Robin W. R. “Introdução à Economia”. RJ, Ed. Elsevier, 2006. Lopes L.M. e Vasconcellos, M. A.S. “Manual de Macroeconomia Básico e Intermediário”. SP. Ed. Atlas. 2004. mailto:livraria@fgv.br http://www.rj.senac.br/editora Profa. Virene Roxo Matesco – virene@fgv.br Cenários e Tendências 8 1.9 Curriculum resumido da professora – virene@fgv.br VIRENE ROXO MATESCO É DOUTORA E MESTRE EM ECONOMIA. TESES DEFENDIDAS EM “INOVAÇÃO E CAPACITAÇÃO TECNOLÓGICA NA INDÚSTRIA BRASILEIRA”, E EM “FLUXOS DE CAPITAIS INTERNACIONAIS: A DEPENDÊNCIA BRASILEIRA”, RESPECTIVAMENTE. PROFESSORA DA FUNDAÇÃO GETÚLIO VARGAS (FGV-MANAGEMENT), DESDE 1997. ELEITA, POR TRES ANOS CONSECUTIVOS, EM 2010, 2011 E 2012, A MELHOR PROFESSORA DE ECONOMIA DO FGV/MANAGEMENT E TOP 16 NO RANKING NACIONAL. PRÊMIO DE DESTAQUE ACADÊMICO DE 2011 PELA ESCOLA DE DIREITO DA FGV-RJ. PROFESSORA EMÉRITA DA ESCOLA DE COMANDO E ESTADO MAIOR DO EXÉRCITO - ECEME, NO ANO 2009. GANHADORA, EM GRUPO, DO PRÊMIO JABUTI, ANO 2001, COM O LIVRO “DESNACIONALIZAÇÃO: MITOS, RISCOS e DESAFIOS”, SP, EDITORA CONTEXTO, 2000. MEMBRO DA SOKA GAKKAI INTERNACIONAL, ONG FILIADA À ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS (ONU). MEMBRO DO CONSELHO DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE ESTUDOS DE EMPRESAS TRANSNACIONAIS E DA GLOBALIZAÇÃO ECONÔMICA (SOBEET). PROFESSORA E PALESTRANTE DA ECEME. CONSULTORA DE PROJETOS. PALESTRANTE E DEBATEDORA EM SEMINÁRIOS E CONGRESSOS E CONVIDADA PERMANENTE COMO ENTREVISTADA DA REDE GLOBO, PROGRAMAS “RJ-TV, EM CIMA DA HORA E CONTA CORRENTE” DA GLOBO NEWS. AUTORA DE LIVROS E DE CENTENAS DEARTIGOS E TRABALHOS PUBLICADOS NO BRASIL E NO EXTERIOR SOBRE O SETOR INDUSTRIAL, INOVAÇÃO E CAPACITAÇÃO TECNOLÓGICA E TEMAS LIGADOS À MACROECONOMIA, ENTRE OUTROS. CO-AUTORA DE CINCO LIVROS: 1) “ECONOMIA APLICADA”, RJ, ED. FGV, 9 a . ED. 2003; 2) “ECONOMIA PARA NÃO ECONOMISTAS”, RJ, ED. SENAC/RIO, 7 a . ED. 2005; 3) “ECONOMIA EMPRESARIAL”, RJ, ED. FGV, 1ª. ED. 2012; 4) “ECONOMIA INTERNACIONAL”, RJ. ED. FGV. 1ª. ED. 2013 E, 5) COORDENADORA E C0-AUTORA DO LIVRO “ECONOMIA APLICADA: EMPRESAS E NEGÓCIOS, RJ, ED. FGV, 1ª. ED. 2011. FOI PESQUISADORA DO INSTITUTO DE PESQUISA ECONÔMICA APLICADA (IPEA), ÓRGÃO DO MINISTÉRIO DA FAZENDA, E CONSULTORA DO BANCO MUNDIAL JUNTO AO MINISTÉRIO DA CIÊNCIA E TECNOLOGIA. FOI PROFESSORA-ADJUNTA DO INSTITUTO DE CIÊNCIAS ECONÔMICAS E GESTÃO DA UNIVERSIDADE SANTA ÚRSULA NOS CURSOS DE GRADUAÇÃO E DE PÓS-GRADUAÇÃO. FOI TAMBÉM MEMBRO INTEGRANTE DO COMITÊ DA GESTÃO DA INOVAÇÃO TECNOLÓGICA DA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO E ASSESSORA TÉCNICA CIENTÍFICA DA FUNDAÇÃO DE AMPARO À PESQUISA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO. DIRETORA DA SOBEET. FOI RESPONSÁVEL PELA SEÇÃO “ENTENDENDO MACROECONOMIA”, NA REVISTA CONJUNTURA ECONÔMICA, FGV, RJ E COLUNISTA DO JORNAL DO BRASIL, COLUNA “CONJUNTURA” E MEMBRO EFETIVO DO CONSELHO DE TECNOLOGIA EMPRESARIAL DA FEDERAÇÃO DAS INDÚSTRIAS DO RIO DE JANEIRO (FIRJAN) E DA REDE IBERO AMERICANO DE INDICADORES DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA. FOI PROFESSORA DOS CURSOS À DISTÂNCIA PARA OS ADIDOS MILITARES RESIDENTES EM DIFERENTES PAÍSES MINISTRADOS PELA ECEME. FOI MEMBRO- INTEGRANTE DE BANCAS EXAMINADORAS DE TESES DE MESTRADO E DE DOUTORADO. Virene@fgv.br Profa. Virene Roxo Matesco – virene@fgv.br Cenários e Tendências 9 2. Desenvolvimento dos Tópicos 2.1 - PRIMEIRA AULA 2.1.1 – SISTEMA ECONÔMICO: MENSURAÇÃO E PERFORMANCE Tópicos da aula Contabilidade Nacional: principais agregados Óticas de Mensuração do Produto Produto Nominal e Real. Deflator Implícito Índices de Preços: Metodologias. Planos de Estabilização Comparação entre países: O tamanho das economias Palavras chaves PIB nominal e real. PNB nominal e real Índices de Preços e Deflator Implícito Crescimento e Expansão Recessão e Contração Desequilíbrios Macroeconômicos Profa. Virene Roxo Matesco – virene@fgv.br Cenários e Tendências 10 2.1.2 - ALGUNS TÓPICOS CENÁRIOS ECONÔMICOS E TENDÊNCIAS A construção de Cenários e Tendências são ferramentas para a elaboração do Planejamento Estratégico da empresa. Conceitos básicos: Anotações:_____________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ O ambiente de negócios e suas tendências são questões de extrema relevância para a elaboração do planejamento estratégico das empresas, causando impacto relevante para seus empregados, fornecedores e clientes. Tal ambiente afeta e é afetado pela dinâmica da cadeia produtiva, cujo espaço as empresas estão nele inseridas e as decisões de negócios presentes e futuros, por sua vez, repercutem diretamente sobre o desempenho econômico do país e para os níveis de preços em geral. A ciência econômica tem como foco central a avaliação do uso, com a máxima eficiência, dos fatores da produção escassos, empregados na produção dos bens e serviços finais destinados à satisfação do consumo das famílias, empresas e governo e àqueles destinados a produção de outros bens e serviços (bens de investimentos). A ciência econômica constitui ferramenta primordial para que os responsáveis pelas estratégias empresariais saibam compreendê-la e utilizá-la, uma vez que está mais do que comprovado que o desempenho das empresas é fruto de sua sintonia com as tendências do mercado, num contexto micro e macroambiente. Empresas, fornecedores, consumidores (clientes) e governo constituem peças de um jogo interativo, repleto de incertezas e de desajustes inerentes à dinâmica das economias Cenários são futuros possíveis. Ou seja, são eventos, ou um conjunto de eventos, que podem ocorrer no futuro dentro de determinadas regras do jogo. Tendências são as forças que pressionam e alteram o ambiente em que a empresa está inserida. A ação das tendências modifica com maior ou menor impacto as regras do jogo préestabelecidas. Portanto, a construção de quaisquer cenários requer a análise da (s) tendência (s). Profa. Virene Roxo Matesco – virene@fgv.br Cenários e Tendências 11 nacional e mundial. As crises de natureza conjuntural ou estrutural de, um lado, excluem os derrotados e, de outro, premiam os vencedores, aqueles que melhor sabem interpretar suas regras e aproveitar as oportunidades que delas decorrem. Antever as tendências do macroambiente econômico para as tomadas de decisões em níveis pessoais e profissionais constitui a chave do sucesso. A QUE SE PROPÕE A CIÊNCIA ECONÔMICA? A ciência econômica se propõe a estudar os homens na sociedade, e a maneira pela qual eles decidem empregar os recursos que são escassos a fim de produzir diferentes bens e serviços, de modo a distribuí-los a pessoas (ou grupos), para a satisfação das necessidades. A ciência econômica desdobra-se em: a) Microeconomia - estuda o comportamento dos consumidores e produtores em mercados específicos, preocupando-se como os preços e as quantidades são determinados nesses mercados; e, b) Macroeconomia - estuda a determinação e o comportamento dos grandes agregados econômicos, tais como: produto, renda, inflação, taxas de juros, e etc. Algumas definições importantes (*) Escassez: Oferta menor que a demanda, portanto trata-se de um conceito econômico. Custo de Oportunidade: Mensura a melhor alocação dos recursos escassos. Mensura o custo da decisão de escolher (A) em detrimento de (B). Consumidor: É toda a pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza produto ou serviço como destinatário final. Fornecedor: É toda pessoa física ou jurídica, pública ou privada, nacional ou estrangeira, bem como os entes despersonalizados, que desenvolvem atividade de produção, montagem, criação, construção, transformação, importação, exportação, distribuição ou comercialização de produtos ou prestação de serviços. Produto: É qualquer bem, móvel ou imóvel, material ou imaterial. Serviço: É qualquer atividade fornecida no mercado de consumo, mediante remuneração, inclusive as de natureza bancária, financeira, de crédito e securitária, salvo as decorrentes das relações de caráter trabalhista. (*): Código de Defesa do Consumidor. Lei no. 8078, de 11/09/1990. Profa. Virene Roxo Matesco – virene@fgv.br Cenários e Tendências 12 Economia e o Cotidiano Viver é fazer escolhas Necessidade de informações; Capacidade de processar essas informações; Lucidez para vislumbrar as opções; Habilidade para escolher; Coragem para decidir. Anotações:___________________________________________________________________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ O QUE É ECONOMIA? Como os recursos (fatores) de produção são sempre escassos, a Economia é o estudo da forma pela qual a sociedade administra-os de forma eficiente, fazendo as melhores escolhas. Profa. Virene Roxo Matesco – virene@fgv.br Cenários e Tendências 13 Anotações______________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ Profa. Virene Roxo Matesco – virene@fgv.br Cenários e Tendências 14 CONTABILDADE NACIONAL PIB: DIFERENTES ÓTICAS DE ANÁLISES Anotações:_____________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ Produto Interno Bruto (PIB). É o valor monetário de todos os bens e serviços finais produzidos pelo país num determinado período de tempo, entre os residentes e não residentes. Neste cálculo são excluídos os custos intermediários. Em outras palavras, o PIB é a soma da produção, fabricação e criação de bens e serviços, num determinado período de tempo, incluídos os impostos, realizados pelos setores: agropecuário, industrial, serviços e comércio. Neste cálculo são excluídos os custos intermediários do processo produtivo (fase de produção). O PIB mais as importações de bens e serviços (M) constituem a oferta agregada. Ou seja, Oferta agregada = PIB + M Obs.: PIB a preços de mercado (pm) é o resultado do PIB a custo de fatores (cf) mais os impostos indiretos deduzidos os subsídios. Ou seja, PIB (pm) = PIB (cf) + II – Subsídios. Por que finais? Uma empresa fabrica tecido que será empregado por outra empresa na confecção de uma peça de roupa, neste caso, o tecido será um bem intermediário e a peça de roupa um bem final. Produto Interno Bruto (PIB). Somatório do valor monetário de toda a produção de bens e serviços finais realizados dentro do território de um país (ou região) em dado período de tempo. Profa. Virene Roxo Matesco – virene@fgv.br Cenários e Tendências 15 PIB: Diferentes Óticas de Analises 1) Ótica Setorial: Quem produz? Quanto produz? PIB = Somatório da produção dos bens e serviços finais dos Setores: Agropecuário: Primário Industrial: Secundário Serviços: Terciário. Obs.: O Setor Agropecuário contempla as seguintes atividades: Agricultura, Silvicultura, Exploração de Florestas, Pecuária e Pesca. O Setor Industrial contempla os seguintes subsetores: Extrativo, Transformação, Construção Civil e Produção de Eletricidade, Água e Saneamento (Esgoto) e Limpeza Urbana. O Setor de Serviços contempla os seguintes subsetores: Comércio, Saúde e Educação, Transportes, Armazenagem e Correios, Serviços de Informação, Intermediários Financeiros e Seguros, Imobiliários e Aluguéis, Hospedagem e Alimentos e Outros Serviços. Fonte: IBGE. 2) Ótica do Produto. O que é produzido? BENS OU SERVIÇOS DE CONSUMO – C Bens ou serviços destinados diretamente ao atendimento das necessidades humanas, podendo ser classificados como: a) Bens de Consumo Duráveis e Semi Duráveis. Ex.: apartamentos, fogões, automóveis, geladeiras, TV, som e etc.; b) Bens de Consumo Não-Duráveis. Ex.: alimentos, produtos de higiene e limpeza, roupas, remédios, bebidas e etc. BENS OU SERVIÇOS DE PRODUÇÃO OU BENS DE INVESTIMENTOS - Ib Bens ou serviços utilizados na fabricação de outros bens ou agregados na produção de outros bens, mas que não se desgastam totalmente no processo produtivo, podendo ser classificados como: a) Bens de Capital Físico. Ex.: máquinas, equipamentos, ferramentas, instalações, guindastes e etc.; b) Bens Intermediários. Ex.: ferro, aço, laminados, energia, etc. Profa. Virene Roxo Matesco – virene@fgv.br Cenários e Tendências 16 3) Ótica do Dispêndio ou da Demanda Agregada. Para quem é produzido? PIB = C + Ib. Um conjunto de bens e serviços de consumo destinados às famílias, empresas privadas e estrangeiras (C) e gastos do governo (G), e um conjunto de bens e serviços de investimentos destinados às empresas privadas e estrangeiras (IP) e públicas (IG), sendo transacionados nos mercados interno e externo: Exportações (X) - Importações (M). PIB = Cp + G + Ip + IG + Variação de Estoques + X – M Ou Setor privado + Setor público + Setor externo PIB = + + (Cx + Ix) – (CM + IM) ou PIB + M = + Oferta Agregada Demanda Interna Demanda Externa Demanda Agregada Ou, ainda, = + Onde: C = Consumo das famílias e das empresas privadas (Cp), com bens e serviços de consumo durável, semi durável e não durável e o consumo do governo (G). Ib = Investimentos Brutos constituem os investimentos em edificações, plantas produtivas, maquinários, equipamentos, variações de estoques realizados pelas empresas privadas (Ip), nacionais e estrangeiras e pelas empresas públicas (IG). Ib = IL + Id. Investimentos Agregados Brutos é a soma dos novos investimentos (líquidos) acrescidos das despesas (ou investimentos) com depreciação, reposição e manutenção (Id) do capital físico já existente. IL = Investimentos Líquidos ou Novos Investimentos. Cp + Ip X - M C + I + Var. Estoques X Oferta Agregada Mercado Interno Mercado Externo G + IG Profa. Virene Roxo Matesco – virene@fgv.br Cenários e Tendências 17 Os investimentos brutos do país são financiados pela poupança bruta, que pode advir do setor privado, do setor público e do setor externo. X = Exportações totais de bens e serviços. M = Importações totais de bens e serviços. 4) Ótica da Renda: Qual é a origem (interna e externa) dos fatores utilizados na produção dos bens e serviços? PIB = RIB PIB + RRE – REE = PNB PNB = RNB = DNB ProdutoInterno Bruto (PIB). Somatório do valor monetário de toda a produção de bens e serviços finais realizados dentro do território de um país (ou região) em dado período de tempo. Renda Interna Bruta (RIB). Somatória da remuneração dos fatores de produção de propriedade de residentes e não residentes, utilizados na produção de bens e serviços finais. Renda Líquida (RL). Recebimentos menos Remessas de Rendimentos de transações de Fatores de Produção entre o país e o resto do mundo. Constitui a diferença entre a Renda Recebida do Exterior (RRE) e a Renda Enviada ao Exterior (REE). No Balanço de Pagamentos representa a balança de serviços de fatores da produção (salários, aluguéis, juros, lucros, dividendos, royalties, assistência técnica e etc.) + alguns itens da conta “transferência unilateral”. Produto Nacional Bruto (PNB). É o valor monetário de todos os bens e serviços finais produzidos pelos residentes do país num determinado período de tempo. Neste cálculo são excluídos os custos intermediários do processo produtivo (fase de produção). Ou seja, o PNB mensura a renda dos residentes da economia, não importa se a renda é obtida na produção doméstica ou na produção externa. Ou seja, PNB = PIB + RRE – REE. No Brasil, o PIB tendo sido maior que o PNB porque a renda enviada ao exterior (REE) é maior que renda recebida do exterior (RRE). Os principais determinantes são: a) somos exportadores de commodities e importadores de tecnologia. Déficit na balança tecnológica; b) temor maior número de empresas transnacionais no território brasileiro, que empresas brasileiras sediadas no exterior. Remessa líquida de lucros e dividendos; e, somos tomadores de recursos financeiros internacionais. Remessa líquida por pagamentos de juros. Renda Nacional Bruta (RNB). Remuneração pelo uso dos fatores da produção (terra, capital financeiro, maquinas e equipamentos, mão de obra, tecnologia e etc.) na produção de bens e serviços finais. Profa. Virene Roxo Matesco – virene@fgv.br Cenários e Tendências 18 Despesa Nacional Bruta (DNB) ou Demanda Agregada (DA). Representa o somatório dos bens e serviços finais destinados ao Consumo Final das Famílias, Empresas e Governo (C), aos Investimentos Agregados Brutos (IB) realizados pelas empresas privadas e públicas, as Exportações de bens e serviços (X). Ou seja, DA = C + I + X. Podemos contabilizar os Estoques e também incluir as Importações de bens e serviços (M) do lado da demanda agregada, porém serão contabilizadas com valor negativo. Ou seja, DA = Cp + G + IP + IG + Variação de Estoques + X – M. Despesas com Consumo (famílias, empresas e governo) e os Investimentos (empresas privadas nacionais e estrangeiras e públicas) são os principais componentes da demanda agregada. Os determinantes do consumo e investimentos destacam-se: Os determinantes do comportamento da Demanda Agregada: do Consumo: - Renda corrente líquida dos tributos (ou “renda disponível”) - Expectativas de renda futura (ou “renda permanente”) - Estoque de ativos - Disponibilidade de crédito - Taxas de juros (esse efeito pode ser ambíguo!) - Expectativas sobre as taxas de juros futuras das decisões privadas de investimento: - Expectativas de lucro - Disposição de correr (ou aversão ao) risco - Disponibilidade de crédito (acesso ao capital de terceiros) - Taxas de juros (custo do capital de terceiros) - Marcos regulatórios. das decisões de exportar e importar: de exportar - Taxa de câmbio (relação direta) - Demanda Mundial (relação direta) - Barreiras comerciais. de importar - Taxa de câmbio (relação indireta) - Demanda doméstica (relação direta) - Barreiras comerciais. Profa. Virene Roxo Matesco – virene@fgv.br Cenários e Tendências 19 Nomenclaturas Básicas: Correlações importantes 1) RIB = PIB (cf) 2) PIB (pm) = PIB (cf) + Impostos Indiretos – Subsídios 3) PNB = RNB 4) RNL ou PNL (cf) = RNB – Id 5) PNL (pm) = PNL (cf) + Impostos Indiretos – Subsídios 6) PIL (pm) = PIB - Id 7) RIB ou PIB (cf) = Renda Interna Bruta ou Produto Interno Bruto a custo de fatores; 8) PIB (pm) = Produto Interno Bruto a preços de mercado 9) Produto Nacional Bruto = Renda Nacional Bruta 10) RNL ou PNL (cf) = Renda Nacional líquida ou Produto nacional líquido a custos de fatores 11) PNL (pm) = Produto nacional líquido a preços de mercado 12) PIL (pm) = Produto Interno Líquido a preços de mercado Profa. Virene Roxo Matesco – virene@fgv.br Cenários e Tendências 20 Anotações: ___________________________________________________________ ____________________________________________________________________ ____________________________________________________________________ ____________________________________________________________________ ____________________________________________________________________ Anotações: ___________________________________________________________ ____________________________________________________________________ ____________________________________________________________________ ____________________________________________________________________ ____________________________________________________________________ Ao estudar as variações do PIB ao longo do tempo é preciso separar esses dois efeitos. Em especial, é necessário mensurar as quantidades de bens e serviços produzidos sem a influência das variações dos preços. Para tanto, utiliza-se o conceito de PIB Real. Crescimento Econômico e Inflação Crescimento - É o aumento contínuo do Produto Interno Bruto em termos global e per capita ao longo do tempo. Trata do aumento da capacidade produtiva por meio de novos investimentos produtivos de um país. O crescimento é mensurado pelo PIB real. É o aumento quantitativo (Q) da produção (física). Inflação - Alta contínua e generalizada da maioria dos preços de uma economia. Se o valor monetário do PIB nominal aumenta de um ano para o outro, pelo menos uma das seguintes coisas deve ser verdadeira: A economia está gerando uma maior produção de bens e serviços. Os bens e serviços estão sendo vendidos a preços mais altos, ou ambos. Profa. Virene Roxo Matesco – virene@fgv.br Cenários e Tendências 21 Produto Real e Nominal. Deflator Implícito PIB nominal = P x Q. PIB nominal / Deflator Implícito = PIB Real Anotações:_____________________________________________________________ _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ ____________________________________________________________________ Δ Preços = + 100% Produto Unidade Qtde Total (k) Qtde Preço Total (k) TV Unid. 1.000 400,00 800 800,00 640,00 Arroz Ton 100 60,00 80 1.200,00 96,00 Soja Ton 300 210,00 240 1.400,00 336,00 1.400 670,00 1.120 - 1.072,00 Δ Quantidades = - 20% Δ PIB Nominal = + 60% a PREÇOS CONSTANTES PREÇOS VIGENTES - Total Geral Valormonetário de TODOS os bens e serviços FINAIS produzidos pelo país em um determinado período a PIB REAL Período 1 700,00 PIB NOMINAL Valor monetário de TODOS os bens e serviços FINAIS produzidos pelo país em um determinado período a Período 2 Preço 400,00 600,00 PREÇOS DE ALGUM ANO BASE ou Profa. Virene Roxo Matesco – virene@fgv.br Cenários e Tendências 22 ÍNDICES DE PREÇOS E DEFLATOR IMPLÍCITO Entre dois períodos distintos, por mais estável que seja a economia de um país ou de uma região sempre haverá alguma variação de preços. Quando esta variação for crescente, contínua e generalizada denominamos de inflação, em caso contrário deflação. Desta forma não há como comparar o preço de um bem em uma data com o preço deste mesmo bem em outra data, se não houver um indicador que expresse a variação ocorrida entre as datas. Este indicador é um índice de preços. Existem vários índices de preços e cada um deles mede a variação de um determinado conjunto (cesta) de bens e/ou serviços. Qualquer pessoa ou entidade pode criar um índice que reflita a variação ocorrida em um conjunto de bens e/ou serviços de seu interesse. Anotações: _____________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ Conceitos Índices de Preços Deflator Implícito Média ponderada da variação dos preços de certa cesta de bens e serviços Média ponderada da variação de todos (maioria) os preços dos bens e serviços. Profa. Virene Roxo Matesco – virene@fgv.br Cenários e Tendências 23 CONSTRUÇÃO DE UM ÍNDICE DE PREÇO Vamos criar um índice que venha a medir a variação de preço de certa cesta de bens e serviços. Em cada mês, no dia 28, anotaremos os preços de mercado da cesta. Definiremos que a base do índice será na data da 1ª coleta de preços e seu valor será igual a 100. Ao fim de algum tempo teremos uma planilha conforme pode ser visto a seguir. 600,3 ÷ 580 = 1,035 100 x 1,035 = 103,5 607,5 ÷ 600,3 = 1,012 103,5 x 1,012 = 104,74 Anotações: ___________________________________________________________ ____________________________________________________________________ ____________________________________________________________________ ____________________________________________________________________ ____________________________________________________________________ Dia Mês Ano Em 30 dias Acumulado 1 28 1 1º 580,00 100,00 0,00% 0,00% 2 28 2 1º 600,30 103,50 3,50% 3,50% Inflação no mês 3 28 3 1º 607,50 104,74 1,20% 4,74% Inflação no mês 4 28 4 1º 610,54 105,27 0,50% 5,27% Inflação no mês 5 28 5 1º 595,28 102,63 -2,50% 2,63% Deflação no mês 6 28 6 1º 599,15 103,30 0,65% 3,30% Inflação no mês 7 28 7 1º 601,06 103,63 0,32% 3,63% Inflação no mês 8 28 8 1º 598,06 103,11 -0,50% 3,11% Deflação no mês 9 28 9 1º 603,38 104,03 0,89% 4,03% Inflação no mês 10 28 10 1º 604,89 104,29 0,25% 4,29% Inflação no mês 11 28 11 1º 603,98 104,13 -0,15% 4,13% Deflação no mês 12 28 12 1º 610,32 105,23 1,05% 5,23% Inflação no mês 13 28 1 2º 631,69 108,91 3,50% 8,91% Inflação no mês 14 28 2 2º 637,24 109,87 0,88% 9,87% Inflação no mês 15 28 3 2º 635,65 109,59 -0,25% 9,59% Deflação no mês 16 28 4 2º 636,73 109,78 0,17% 9,78% Inflação no mês 17 28 5 2º 636,66 109,77 -0,01% 9,77% Deflação no mês 18 28 6 2º 637,55 109,92 0,14% 9,92% Inflação no mês 19 28 7 2º 659,87 113,77 3,50% 13,77% Inflação no mês 20 28 8 2º 678,34 116,96 2,80% 16,96% Inflação no mês CONSTRUÇÃO DE ÍNDICE DE PREÇOS Acompanhamento de preços de: Cesta de Bens e Serviços Coleta Nº Data Preço na Data Índice Variação Percentual Observação Profa. Virene Roxo Matesco – virene@fgv.br Cenários e Tendências 24 PRINCIPAIS ÍNDICES DE PREÇOS Índices Gerais de Preço (IGP/FGV): são calculados por meio de média ponderada de outros três índices (60% IPA - Índice de Preços por Atacado, 30% IPC – Índice de Preços ao Consumidor e 10% - Índice Nacional de Custos da Construção). Como as instituições calculam seus Índices de Preços? IGP-DI (disponibilidade interna) evolução dos preços do dia 01 a 30 do mês posterior, por exemplo. IGP-M (de mercado) evolução dos preços do dia 21 a 20 do mês posterior, por exemplo. Índices de Preço ao Consumidor: visa monitorar o chamado “custo de vida”, isto é, os preços ao consumidor tais como despesas com supermercados, aluguéis, serviços pessoais e de utilidade pública, etc. Os dois principais índices de preço ao consumidor divergem basicamente pela abrangência em termos da cesta de consumo que serve de referência para o cálculo. Em 1999 o Índice de Preço ao Consumidor Amplo (IPCA/IBGE) ganhou notoriedade quando foi adotado o Regime de Metas de Inflação como forma de coordenar as expectativas em relação ao controle da inflação, iniciado em julho de 1994 no Plano Real. O IPCA ao ser escolhido pelo Banco Central tornou-se o índice oficial de inflação. Índice Nacional de Preço ao Consumidor (INPC-IBGE) baseado no padrão de consumo de famílias com renda entre um e cinco Salários Mínimos (São Paulo, Rio de Janeiro, Porto Alegre, Belo Horizonte, Curitiba, Recife, Fortaleza, Salvador, Brasília, Belém e Goiânia) Índice de Preço ao Consumidor Amplo (IPCA-IBGE) baseado no padrão de consumo de famílias com renda entre um e quarenta Salários Mínimos, com a mesma abrangência geográfica do INPC. A partir de cada um dos índices de preço citados pode-se conhecer outros índices mais específicos. Por exemplo: Além do IGP-DI – Índice Geral de Preços Disponibilidade Interna, existe também o IGP-OG – Índice Geral de Preços Oferta Global. O primeiro não inclui os produtos exportados, pois esses não estão disponíveis no mercado interno. Já o IGP-OG considera a oferta total de bens e serviços, independente do destino dos bens. O IPA – Índice de Preços no Atacado se subdivide em IPA/Industrial e IPA/Agropecuária. O IPA da agropecuária, por sua vez, pode ser aberto em IPA do açúcar, IPA de carne e pescados, IPA cereais e grãos, IPA de couro e peles e etc. Já o IPA industrial é aberto em uma infinidade de índices como o IPA de bens de consumo duráveis, o IPA de componentes para veículos, o IPA de máquinas e equipamentos, o IPA de produtos metalúrgicos, o IPA de ferro e aço, entre outros. Os Índices de Preços ao Consumidor (IPC, INPC e IPCA) são detalhados para categorias como alimentos e bebidas, vestuário, artigos de residência, habitação, educação, leitura e papelaria etc. Profa. Virene Roxo Matesco – virene@fgv.brCenários e Tendências 25 Anos Variação Anual (%) Anos Variação Anual (%) Anos Variação Anual (%) Anos Variação Anual (%) 1945 11,110 1963 79,920 1981 95,176 1999 19,980 1946 22,220 1964 92,120 1982 99,724 2000 9,801 1947 2,730 1965 34,240 1983 210,994 2001 10,402 1948 7,960 1966 39,120 1984 223,811 2002 26,412 1949 12,300 1967 25,010 1985 235,090 2003 7,667 1950 12,410 1968 25,490 1986 65,042 2004 12,139 1951 12,340 1969 19,310 1987 415,830 2005 1,222 1952 12,720 1970 19,260 1988 1.037,560 2006 3,792 1953 20,510 1971 19,470 1989 1.782,895 2007 7,893 1954 25,860 1972 15,720 1990 1.476,710 2008 9,107 1955 12,150 1973 15,540 1991 480,157 2009 -1,436 1956 24,550 1974 34,550 1992 1.157,440 2010 11,306 1957 6,960 1975 29,350 1993 2.708,145 2011 5,013 1958 24,390 1976 46,260 1994 1.093,894 2012 8,100 1959 39,430 1977 38,780 1995 14,779 2013 1960 30,470 1978 40,810 1996 9,340 2014 1961 47,780 1979 77,250 1997 7,484 2015 1962 79,920 1980 110,247 1998 1,704 2016 Planos Heterodoxos Fonte: IBRE / FGV Atualizado em: 25/11/2013 ÍNDICE GERAL DE PREÇOS - IGP-DI em 12 Meses no Ano 1973 e 1979: Choque do Petróleo. 1975, 1977 e 1985: Choques Agrícolas. 1979 - 1980: Elevação dos juros internacionais. 01/03/1986 Plano Cruzado I; 16/06/1987 Plano Bresser; 16/01/1989, Plano Verão; 16/03/1990 Plano Collor I; 31/01/1991 Plano Collor II 01/1999: Mudança de Regime Cambial, do Sistema de Bandas para o Regime de Taxa Flutuante. Forte desvalorização do câmbio. 2002: Forte desvalorização cambial. Incertezas politico-eleitorais 30/07/1994: Plano Real (De fato) OBSERVAÇÕES 1950 - 1960: Défcit público, causado pelos gastos públicos com infra-estrutura, baixa produtividade dos serviços públicos, baixa carga tributária. Intensa emissão de moeda. Inflação de demanda. 1964 - 1966: Período de rigidez monetária. 1967 - 1973: Política gradualista. Combate inflacionário. Profa. Virene Roxo Matesco – virene@fgv.br Cenários e Tendências 26 2.2 - SEGUNDA AULA 2.2.1 – NEGÓCIOS INTERNACIONAIS FLUXOS DE COMERCIO E CAPITAIS. REGIME CAMBIAL Tópicos da aula Definição e Estrutura do Balanço de Pagamentos Capitais de Risco. Financiamentos e Empréstimos Reservas Internacionais: Composição FMI: As negociações com o Brasil Dívida Externa Brasileira: Principais Indicadores Regimes Cambiais Tipos de Câmbio Dolarização Palavras chaves Transações Correntes. Poupança Externa Capitais Autônomos e Compensatórios Reservas Internacionais: lastro Fluxos Comercial e Financeiro Câmbio Fixo, Administrado e Flutuante: Livre Mercado Profa. Virene Roxo Matesco – virene@fgv.br Cenários e Tendências 27 2.2.2 - ALGUNS TÓPICOS Setor Externo Balanço de Pagamentos registra os Fluxos de bens, serviços, rendas e de capitais internacionais. Anotações:_____________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ Balanço de Pagamentos é o registro contábil sistemático de todas as transações econômicas de um país com o exterior, sejam elas de comércio, rendas, capitais ou de quaisquer outras naturezas. Profa. Virene Roxo Matesco – virene@fgv.br Cenários e Tendências 28 A estrutura do Balanço de pagamentos foi definida de acordo com as orientações contidas no “Operational Guidelines for the Data Template on Internacional Reserves and Foreign Currency Liquidity” (Manual do Balanço de Pagamentos) do FMI, editadas em 1993, e adotadas por todos os países-membro, a partir de 1995. Turistas Residentes em seus países de origem. Estrangeiros Residentes Nacionais Residentes Transnacionais em operação no país Residentes Embaixada Considerada “Internacional” Categorias do Balanço de Pagamentos 1. Fluxo comercial de mercadorias e as prestações de serviço, com contrapartidas monetárias. 2. Transferências Unilaterais ou Não-Retribuíveis (donativos, auxílios, remessas pessoais) sem contrapartida. 3. Fluxo monetário resultante de empréstimos, captações, financiamentos, linhas de créditos internacionais de curto, médio e longo prazo e de fluxos de entrada e saída de capitais para investimentos diretos estrangeiros - IDE (multinacionais) Balanço de Pagamentos Estrutura e Interpretação 1. Balança Comercial: Bens, preços FOB a. Exportação de bens b. Importação de bens 2. Balança de Serviços e Rendas 2.1 - Viagens Internacionais: São gastos com viagens com fins educacionais, culturais ou esportivos, funcionários de governo, negócios, turistas, motivos de saúde e cartões de crédito. a. Despesas: gastos com residentes em viagens ao exterior. b. Receitas: gastos dos estrangeiros em viagens no país. 2.2 - Transportes, Fretes a. Despesas: pagamentos feitos pelos residentes às empresas estrangeiras b. Receitas: fretes internacionais pagos pelos estrangeiros às empresas nacionais. 2.3 - Seguros a. Despesas: pagamento as seguradoras estrangeiras por prêmios e indenizações da prestação de serviços de seguros residentes no país. b. Receitas: recebimento pelas seguradoras nacionais por prêmios e indenizações da prestação de serviços de seguros a residentes no exterior. Profa. Virene Roxo Matesco – virene@fgv.br Cenários e Tendências 29 2.4 - Renda de Capital Rendimentos de Capital: lucros e dividendos, lucros reinvestidos, juros decorrente de empréstimos e financiamentos realizados no exterior. a. Despesas: são remessas realizadas por residentes do país (por transnacionais e entidades governamentais) referente a juros sobre empréstimos contraídos no centro financeiro do exterior ou de lucros resultantes dos investimentos diretos estrangeiros realizados no país. b. Receitas: são ingressos realizados por brasileiros no exterior (por empresas e entidades governamentais) referentes a juros sobre empréstimos concedidos no país ou de lucros resultantes de investimentos realizados por empresas nacionais no exterior. 2.5 - Serviços Governamentais e Diplomáticos a. Despesas: manutenção de efetivos militares e de atividades diplomáticas no exterior; b. Receitas: gastos efetivos pelos serviços diplomáticos, efetivos militares instalados no país. 2.6 - Serviços Diversos: Serviços Tecnológicos: Assistência Técnica, Fornecimento de Tecnologia Industrial, Marcas, Patentes, Royalties e Licenças. Computação e Informação, Aluguel de Equipamentos, Comunicação, Construção, Empresariais, profissionais e técnicos e etc. a. Despesas. b. Receitas. 3. – Transferências Unilaterais - Não retribuídas Donativos (compulsórios, voluntários, privados ou oficiais de países, sem compensações prévias ou futuras). Doações para fins assistenciais e reparações de guerra. Remessas de Renda dos (não) residentes oriundas, normalmente,de trabalhos (empregos) no exterior (no país). 4. - Transações Correntes (1+2+3) 4.1- Saldo em Transações Correntes Reais: Balança Comercial + Serviços não Fatores: fretes, seguros, turismo e serviços diplomáticos e governamentais (conta 1 e parte da 2) 4.2- RLEE: Serviços de Fatores (Salários, aluguéis, juros, lucros e dividendos) + Transferências Unilaterais (parte da conta 2 e da conta 3, referente a salários e outras remunerações de trabalho) 5. Conta de Capital e Financeira 5.1 – Conta de Capital: Refere-se à transferência de patrimônio de não residentes que passam a residir no país tornando-se residentes. E, vice-versa. 5.2 – Conta Financeira Profa. Virene Roxo Matesco – virene@fgv.br Cenários e Tendências 30 5.2.1 - Investimentos Diretos Estrangeiros (de risco) São investimentos realizados com o propósito de adquirir participações numa empresa operando em um país que não é aquele de origem do investidor. O objetivo é participar da gestão da empresa (decisão empresarial e estratégica). 5.2.1.1 - Brasileiros no Exterior Retorno = (+) IDE – ingressados dos residentes no exterior Saída = (-) IDE – realizados por residentes no exterior 5.2.1.2 - Estrangeiros no País Ingresso (+) Absorção de IDE Retorno (-) Repatriação 5.2.2 – (Re) investimentos 5.2.3 – Empréstimos e Financiamentos de médio e longo prazo Operações internacionais de instituições privadas ou públicas de crédito, destinadas ao financiamento de projetos e de aquisições externas de alto custo, de iniciativas de grupos de empresários privados ou governamentais. 5.2.4– Capitais de Curto Prazo Contas bancárias internacionais resultantes de movimentos de crédito e débito de transações correntes de importação e exportação, ou receitas e despesas de serviços, cuja liquidação se opere em curto prazo. Trata-se de compensar déficit de transações correntes não estruturais, resultantes de desajustes temporais. 5.2.5– Outros Capitais. Capitais Voláteis São capitais estrangeiros que operam nas bolsas de valores e nas compras de títulos do governo, de curto prazo. 5.3 – Amortizações (Pagamento do principal) São amortizações parciais ou totais, de empréstimos e de financiamentos contraídos no exterior. 6. Erros e Omissões (Ajustes / estornos) Investimento Direto Estrangeiro (IDE). Este tipo de investimento difere do investimento em portfólio por envolver compras e vendas de ações e títulos de longo prazo sem que o investidor estrangeiro exerça controle sobre a empresa. Profa. Virene Roxo Matesco – virene@fgv.br Cenários e Tendências 31 7. Saldo Final do Balanço de Pagamento (7 = 4 + 5 +6) Saldo positivo eleva as reservas internacionais; Saldo negativo reduz as reservas internacionais. 8. Movimento de Capitais Compensatórios = Financiamentos, Empréstimos e Linhas especiais de crédito 8.1 – Conta de Caixa (variações de reservas internacionais) a) Haveres de Curto Prazo no Exterior – variação do estoque de moeda estrangeira e títulos externos de curto prazo em poder da autoridade monetária. b) Ouro Monetário internacional c) Direitos Especiais de Saques Liquidez internacional à d) Reservas em Moeda no FMI. disposição dos residentes Nacionais. 8.2 – Empréstimos de Regularização Crédito obtido junto ao FMI. 8.3 – Atrasados O Balanço de Pagamentos encontra-se equilibrado em seu conjunto, quando eventuais déficits ou superávits em transações correntes (conta 4) são cobertos pelo movimento de capitais autônomos (conta 5). Capital externo sem objetivo de cobrir desajustes ou capitais compensatórios ou induzidos destinados a cobrir saldos deficitários no BP (conta 7). Profa. Virene Roxo Matesco – virene@fgv.br Cenários e Tendências 32 Reservas Internacionais Conceito: Reservas Internacionais são os ativos (haveres) do país sob a administração do Banco Central e que ficam depositados no exterior Composição a. Ouro b. Reservas Cambiais: Divisas estrangeiras (dólar norte-americano, libra esterlina, iene, euro etc.). b.1) Títulos, dos quais o emissor está sediado no Brasil; b.2) Depósitos Totais (em outros Bancos Centrais de países desenvolvidos e no BIS (Banco Central dos Bancos centrais); Bancos sediados no Brasil e no exterior. c. DES (Direito Especial de Saque). Reservas em moeda junto ao FMI, contribuição que cada país-membro faz ao FMI, e que possui direito incondicional de saques. O DES foi criado no final da década de 60, e constitui uma forma alternativa de constituir reservas, sendo alocado ou distribuído em proporção às quotas dos países membro. Um DES equivale a pouco mais de um dólar americano (US$). d. Outros ativos de reservas: derivativos e empréstimos não-bancários, de não- residentes e, ainda, em cédulas e moedas. Profa. Virene Roxo Matesco – virene@fgv.br Cenários e Tendências 33 Fundo Monetário Internacional - FMI O FMI foi criado em 27 de dezembro de 1945, por um grupo inicial de 35 países com um capital US$ 8 bilhões, mas suas operações iniciaram apenas em 1º de maio de 1947. A França foi o primeiro país a utilizar os recursos disponíveis do Fundo. O Brasil tornou-se integrante do FMI em janeiro de 1946. O FMI tem por objetivo evitar que os desequilíbrios nos balanços de pagamentos e nos sistemas cambiais dos países membros possam prejudicar a expansão do comércio e dos fluxos de capitais internacionais. O FMI favorece a progressiva eliminação das restrições cambiais e concede recursos financeiros temporariamente para evitar ou remediar crises externas, planejando e monitorando programas de ajustes estruturais e favorece assistência técnica e treinamento para os países membros. Em síntese, o FMI tem as seguintes atribuições: a) promove cooperação monetária internacional; b) supervisão macroeconômica; c) promove estabilidade cambial; d) desenvolve sistema multilateral de pagamentos, e, e) disponibiliza recursos monetários para os países membros com dificuldades de pagamentos. John Maynard Keynes, economista inglês de destaque mundial, participou da reunião, realizada em Bretton Woods em julho de 1944, onde foi criado o FMI. Keynes desenhara um sistema monetário global centrado na autoridade de um “banco central dos bancos centrais”, com poder de emissão de moeda escritural de reserva (Bankor), moeda cotada por uma cesta das principais moedas. A proposta de Keynes foi derrotada e o FMI foi criado a partir de um sistema centrado no dólar norte-americano. Keynes previu o fim do FMI em três décadas. Criado para atuar como “xerife” severo da taxa de câmbio, o FMI acabou desmoralizado em 1971 pelos EUA, quando esse desvinculou o padrão-ouro como lastro do dólar norte americano, lançando-o como “moeda universal”. O FMI, de severo controlador das moedas nacionais, passou a condição de auditor dos bancos privados e das contas públicas dos países-membros endividados. Divisão de votos no FMI Atualmente, seis Países-membro controlam quase a metade dos votos, dentre os 186 países: a) EUA (US$ 55,1 bilhões), com 17,78%; b) Alemanha (US$ 11,2 bilhões), com 5,54%; c) Japão (US$ 11,2 bilhões), com 5,54%; d) França (US$ 10,1 bilhões), com 4,98%; e) Grã-Bretanha (US$ 7,0 bilhões), com 4,98%; e, f) Arábia Saudita (US$ 3,9 bilhões), com 3,45%. Os demais (178 países), com US$ 116,9 bilhões, representam 57,73%. A participação do Brasil é de apenas 1,4%. A formação do cálculo dos pesos conta, entre outros, com dois critérios básicos: a) tamanho do PIB; e, b) grau de abertura ao exterior. Profa. Virene Roxo Matesco – virene@fgv.br Cenários e Tendências 34 Á busca por uma nova identidade Desde a aguda crise asiática iniciada por alguns países (Tailândia, Indonésia, Malásia, Coréia do Sul), em 1997, as economias emergentes de modo geral decidiram blindarem-se contra a especulação de suas moedas. Aliado a forte liquidez financeira, em decorrência do acúmulo de vultosos saldos comerciais, esses países vêem tornando-se menos vulneráveis. Com isto, o FMI foi perdendo sua importância no contexto mundial, como conselheiro e emprestador, e, atualmente, é uma instituição que busca uma nova identidade. Como a maioria das crises anteriores resultava da combinação de regimes de câmbios fixos e de elevados endividamentos em moedas estrangeiros, o FMI atuava sob um modelo de forte ajuste macroeconômico, que servia de base para os acordos de empréstimos “stand by”. Tais políticas nacionais já pertencem ao passado e o FMI perdeu clientes (países) que buscavam socorros financeiros de curtíssimo prazo. No cenário atual, os fluxos privados de capital financeiro superaram os fluxos bilaterais e multilaterais, nos padrões do antigo FMI. O FMI ganhou uma segunda chance com a crise financeira mundial de 2008 e atualmente está preparando-se para assumir um novo papel de reorganizador do sistema financeiro da economia global. Nesta crise, 18 países recorreram ao FMI em busca de ajuda financeira para superar a falta de liquidez dos fluxos de capitais mundiais ocorrida pela perda da confiança, emprestando US$ 163 bilhões, de um total de US$ 250 bilhões. O FMI agiu rápido e conseguiu mobilizar os países-membros em novas contribuições reforçando seu aporte de capitais em novos US$ 500 bilhões, totalizando US$ 750 bilhões, porém em caráter provisório, ou seja, em forma de empréstimos. O Brasil emprestou ao FMI US$ 10 bilhões. As negociações entre o Brasil e o FMI 1954 – Governo Getúlio Vargas O FMI concedeu aval para um empréstimo concedido pelo Eximbank, EUA, ao país. Esta foi a primeira operação brasileira com o Fundo Monetário Internacional. Ministro da Fazenda: Oswaldo Aranha. 1958 – Governo Juscelino Kubitschek As exportações brasileiras estavam baixas, 5,7% do PIB. Num acordo com o FMI, a equipe econômica se comprometeu a desvalorizar a moeda nacional, o cruzeiro. Isso tornaria os produtos brasileiros mais baratos no exterior, o que elevaria as receitas de exportação. O Governo JK desistiu do acerto com o FMI para atenuar os ataques internos de que “o governo estava entregando o Brasil para os países estrangeiros”. Os desembolsos previstos, de US$ 200 milhões, não foram efetivados. Ministro da Fazenda: Lucas Lopes 1961 – Governo Jânio Quadros O Governo Jânio tentou renegociar o pagamento de uma dívida de US$ 300 milhões junto a credores norte-americanos. O acordo foi feito com o aval do FMI. Para isso, o Brasil deveria reduzir o déficit público e conter a alta da inflação (48%, em 1961). Para tanto o Profa. Virene Roxo Matesco – virene@fgv.br Cenários e Tendências 35 Brasil ofereceu como garantia a produção de ouro de 1961 e 1962. Com a renúncia de Jânio, o acerto inicial de US$ 2,1 bilhões fracassou. Ministro da Fazenda: Clemente Mariani. 1965 – Governo Castello Branco O nível das reservas internacionais estava baixo. O país solicitou ajuda ao FMI, e este exigiu em troca o controle do déficit público e da inflação. Os recursos foram concedidos, e houve melhora no nível de reservas internacionais. Entre 1965 a 1972, ocorreram diversos acordos stand by entre o FMI e o país. Ministros da Fazenda: Otávio Gouveia de Bulhões e Antonio Delfim Neto. 1983 – Governo João Figueiredo O país despendia enorme montante de divisas estrangeiras com importações de petróleo, o que produzia elevados déficits comerciais. Os serviços da dívida externa dobraram e o Brasil teve que recorrer ao FMI. Em sete cartas de intenção o governo prometera controlar os déficits públicos (interno e externo). O Brasil não cumpriu nenhuma das intenções, e os desembolsos previstos no valor de US$ 5,5 bilhões não se realizaram integralmente. O país recebeu somente US$ 2,2 bilhões. Ministro da Fazenda: Antonio Delfim Neto. 1984 – Governo João Figueiredo O FMI suspendeu o acordo com o país por descumprimento de metas. Ministro da Fazenda: Antonio Delfim Neto. 1988 - Governo José Sarney Um ano após decretar moratória (1987), pelo então ministro da Fazenda Dílson Funaro, o Brasil era visto com desconfiança pela comunidade financeira internacional. Em abril, após a saída de Dílson Funaro, o seu sucessor, Ministro Luiz Carlos Bresser Pereira, foi ao FMI para discutir a securitização da dívida externa brasileira, o que seria o embrião do Plano Brady. O Brasil precisou de aval do FMI para voltar a ser aceito nas mesas de negociação internacional. Em troca, o país se comprometeu a reduzir as despesas públicas, mas não cumpriu com o acordo. O Brasil solicitou um empréstimo de US$ 1,4 bilhão, mas recebeu apenas US$ 477 milhões. Ministro da Fazenda: Maílson da Nóbrega que substituiu o ministro da Fazenda Luiz Carlos Bresser Pereira. 1992 – Governo Fernando Collor de Melo O Brasil passava por uma crise econômica que combinava recessão, inflação e descrédito no exterior, e, nesta fase, negociou duas vezes com o FMI. O acordo serviria para melhorar a imagem do país no exterior. Mais uma vez, a contrapartida era a redução do déficit público, o que não aconteceu. O acerto de US$ 2 bilhões foi cancelado pela renúncia do então Presidente Fernando Collor de Melo. Ministra da Fazenda: Zélia Cardoso de Melo. Em 1992, o país fez um acordo de renegociação da dívida externa do país junto ao Clube de Paris, sem o aval do FMI. Ministro da Fazenda: Marcílio Marques Moreira. Profa. Virene Roxo Matesco – virene@fgv.br Cenários e Tendências 36 1998 – Governo Fernando Henrique Cardoso O Brasil perdeu enormes volumes de reservas internacionais, em decorrência da crise externa e da manutenção do regime de bandas cambiais. O déficit em transações correntes ficou acima de 4% do PIB e o déficit público nominal ficou em quase 8% do PIB. O país negociou, em outubro, um empréstimo “socorro” de cerca de US$ 41 bilhões. Ministro da Fazenda: Pedro Malan. 2001 - Governo Fernando Henrique Cardoso O governo negociou em setembro um empréstimo “blindagem”, stand by, de cerca de US$ 15,7 bilhões. O objetivo deste acordo foi o receio do impacto da crise Argentina sobre a economia brasileira (descontrole da taxa de câmbio e suas conseqüências para a economia do país). Ministro da Fazenda: Pedro Malan. 2002 - Governo Fernando Henrique Cardoso A crise econômica na Argentina e o stress do processo eleitoralno país levaram o Governo FHC a negociar um empréstimo stand by, em agosto de 2002, no valor de US$ 30 bilhões, dos quais US$ 6 bilhões foram liberados no final do mesmo ano. O restante foi liberado em 2003, depois dos acertos de continuação de alcance das metas fiscal e de inflação acertadas no início de 2003 com o Governo Lula. Ministro da Fazenda Pedro Malan. 2003 e 2005 - Governo Luiz Inácio Lula da Silva No início, o Governo Lula decidiu negociar um novo empréstimo com o FMI no valor de US$ 14,4 bilhões, dos quais US$ 8,0 bilhões referiam-se a parcela vincenda do empréstimo de 2002 e US$ 6,4 bilhões de recursos novos. A decisão deste novo acordo foi para aumentar o nível das reservas internacionais. Em março de 2005, o Governo decidiu não mais renovar o acordo com o FMI e em dezembro do mesmo ano decidiu quitar antecipadamente as duas últimas parcelas do empréstimo, no valor de US$ 15,7 bilhões, encerrando um longo ciclo de negociações com o FMI. Ministro da Fazenda: Antônio Palocci. Profa. Virene Roxo Matesco – virene@fgv.br Cenários e Tendências 37 Regime Monetário e Cambial As relações econômicas de um país com o resto do mundo dependem da forma como funciona o mercado de divisas estrangeiras (moeda). A taxa de câmbio nominal é uma variável que converte preços em moeda estrangeira em preços em moeda nacional. A taxa de câmbio pode ser entendida (de forma ainda mais simples) como o preço em moeda nacional de uma unidade de moeda estrangeira. Por se tratar de um preço, a taxa de câmbio nominal (razão entre duas moedas) é determinada pelos mecanismos de oferta e demanda do mercado cambial ou mercado de divisas estrangeiras. Tipos de Taxa de Câmbio: Reais por dólares norte-americanos (R$/US$) a) Dólar à vista (US$): referência do mercado financeiro, negociado no mercado de balcão (sem lugar físico determinado); b) Dólar comercial (US$): utilizado por empresas em operações de importações e exportações; c) Dólar paralelo (US$): utilizado em operações ilícitas, fora da supervisão do Banco Central; d) Dólar à cabo (US$): semelhante ao dólar paralelo, e o valor é enviado para contas no exterior ou de conta do exterior; e) Dólar Turismo (US$): utilizado para emissão de passagens, gastos em cartões de crédito e nas transações de turismo no exterior; f) Dólar Ptax (US$): taxa média calculada diariamente pelo BC, referência para contratos (última taxa de cada mês serve de referência para o primeiro dia do mês seguinte). Anotações:________________________________________________________________ _________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________ No mercado cambial, os agentes que possuem moeda estrangeira e desejam trocar por moeda nacional são os ofertantes desse mercado. Contrariamente, os agentes que desejam adquirir moeda estrangeira, comprando-a com moeda nacional, são os demandantes. Isto Taxa de Câmbio Nominal é a taxa à qual se trocam unidades de moeda de um país por unidades de moeda de outro. Taxa de Câmbio Real é a taxa a qual podemos trocar os bens e serviços de um país pelos bens e serviços de outro país. Profa. Virene Roxo Matesco – virene@fgv.br Cenários e Tendências 38 significa que a “mercadoria” transacionada neste mercado são as divisas, isto é, qualquer moeda estrangeira utilizável em transações econômicas internacionais as quais envolvem, em geral, residentes no país e residentes no exterior. Enquanto a taxa de câmbio nominal é a taxa à qual se trocam unidades de moeda de um país por unidades de moeda de outro, a taxa de câmbio real é a taxa a qual podemos trocar os bens e serviços de um país pelos bens e serviços de outro país. A taxa de câmbio real é definida pela seguinte expressão: taxa de cambio nominal / (índice de preço interno / índice de preço externo). Exemplo: Se a taxa de câmbio nominal em certo período está em R$/US$ 1,90 e passou para R$/US$ = 2,10, houve uma desvalorização nominal de 10,52%, donde [{(2,10/1,90) – 1} x 100] = 10,52%. Admitindo que a inflação no Brasil no mesmo período foi de 4,5% e nos EUA de 1,74%, qual é a taxa de câmbio real? Aplicando na fórmula, tem-se a taxa real de cambio: R$/US$ 2,10 / (1,045/1,0174) = R$/US$ = 2,04 (qualquer taxa acima de 2,04). Logo, a taxa de 2,10 está desvalorizada em termos reais em 2,94%, em relação a taxa cambial de 2,04. Donde [{(2,10/2,04) – 1} x 100] = 2,94%. Visto de outra forma: Se a taxa de câmbio inicial de 1,90 acompanhasse apenas o movimento relativo dos preços nos dois países, ela seria de 1,95. Donde: 1,90 x (1,045/1,0174) = 1,95. Logo, a taxa de 2,10 está desvalorizada em 7,69% em relação a taxa de 1,95. Donde, [(2,10/1,95) – 1] x 100 = 7,69% Anotações: _________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________ Regime cambial é regra de funcionamento do mercado cambial, estabelecendo o papel e a forma de atuação do Banco Central nesse mercado. Profa. Virene Roxo Matesco – virene@fgv.br Cenários e Tendências 39 O Regime Monetário e Cambial pode ser: Conversível. Quando os residentes de um país podem trocar (utilizar) sem muitas restrições no mercado interno a moeda nacional por uma moeda estrangeira (normalmente o dólar norte-americano e/ou Euro); Inconversível. Quando não é permitida aos residentes de um país a troca (utilização) no mercado interno a moeda nacional por uma moeda estrangeira (normalmente o dólar norte-americano e/ou Euro). Destacam-se três regimes cambiais: Câmbio fixo: nesse regime, a taxa de câmbio é mantida constante, pelo Banco Central. Se as condições de oferta e demanda mudarem e a taxa de câmbio (como qualquer preço) tende a se alterar, o Banco Central intervém de forma a manter a paridade fixada. Ele compra quando há excesso de ofertas e venda quando há excesso de demanda. Pode-se observar que o Banco Central tem uma regra clara: não permitir a flutuação da taxa de câmbio e, para isso, ele compra e vende dólares diretamente no mercado cambial. Nesse regime a necessidade de intervenção do Banco Central no mercado de câmbio é máxima, exatamente para evitar a flutuação. Câmbio flutuante (livre mercado): nesse regime, a taxa de câmbio pode variar (flutuar) continuamente, inclusive no intervalo de um único dia, pelas forças de mercado. A necessidade de intervenção do Banco Central é nula e o Banco Central permanece totalmente ausente do mercado de câmbio e a taxa passa a ser comandada exclusivamente pelas forças de mercado. Câmbio Administrado (Flutuante): Entre esses dois extremos existem regimes mistos, mais próximos do câmbio fixo ou da livre flutuação de mercado, que é o câmbio administrado pelo Banco Central. No primeiro caso, uma forma mais mitigada de câmbio fixo corresponde ao
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