Buscar

Progresso tecnológico como fator para o crescimento econômico: caso da Coréia do Sul e da Suécia

Esta é uma pré-visualização de arquivo. Entre para ver o arquivo original

Progresso tecnológico como fator para o crescimento econômico: experiência sul-coreana e sueca, 1980-2010
Luis Felipe de Souza Rodrigues
Resumo
O seguinte trabalho tem como objetivo a apresentar e analisar dados sobre a Coréia do Sul e a Suécia, ambos de 1980 à 2015, para estimar sua participação no crescimento econômico. Dados como PIB, formação bruta de capital fixo, população Trabalho e progresso tecnológico estarão presente do trabalho. Observando esses dados aplicados ao modelo de estudos anteriores, podemos demonstrar estaticamente ao se comparar os dois países e analisar o seu crescimento, procurando mostrar como cada um fez para manter seu crescimento econômico ao longo prazo. No caso dos dois países, as análises com os investimentos em Pesquisa e Desenvolvimento (P&D), foi de derradeira importância para podermos realizar as análises do crescimento de ambos. Comparando o PIB com a formação bruta de capital, podemos analisar em quais períodos a economia teve um crescimento e quais teve um declínio. Esses dados estatísticos podem mostrar que ambos os países tiveram um grande destaque no processo tecnológico, tendo um impacto positivo no desenvolvimento de ambos.
Palavras Chaves: Coréia do Sul; Suécia; Crescimento Econômico; Progresso Tecnológica.
Introdução
A Coréia do Sul e a Suécia são países com extensão territorial bastante limitada, com apenas 99.720 km² e 449.964 km² respectivamente, tornando poucas suas alternativas de crescimento e seus recursos escassos, os quais muitas vezes acabam sendo importados para suprir a demanda interna. Para compensar essa defasagem econômica, ambos os países precisariam de uma balança comercial externa favorável, transformando-se em países exportadores de produtos com alto valor agregado.
O seguinte trabalho busca demostrar como os dois países conseguiram manter um crescimento econômico sustentado no longo prazo. Mais especificamente qual foi a influência do avanço tecnológico no crescimento e como ele afetou os fatores que contribuem para seu o crescimento. O artigo também procurará demostrar como o investimento em Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) apresentou um papel importante para o avanço tecnológico e o crescimento econômico.
Utilizaremos de estudos anteriores para demostrar como os países conseguiram atingir seus crescimentos econômico. Muitos dos autores tem discutido sobre como os fatores econômicos influenciam no crescimento, alguns deles utilizam da Produtividade Total dos Fatores (PTF), a qual possui relação direta com o progresso tecnológico, para estimar qual seriam a participação desses fatores. Através desses estudos demostraremos a relação do progresso tecnológico com o crescimento econômico.
Coréia do Sul
Fatores do crescimento Sul-Coreano.
A Coréia tem se destacado pelo sucesso alcançado em seus planos econômico, conseguindo manter um alto crescimento econômico sustentado e rápido. Os anos 1960 foram a impulsão para o processo de transformação econômica do país, que apresentou um crescimento de 9,5% nesse período, pois foi nessa época que se iniciou a política econômica orientada para a exportação. Tanto a taxa de crescimento econômico dos anos 1960 quanto dos anos subsequentes, apresentam taxas de crescimento econômico superiores às taxas de crescimento demográfico (Tabela 1). Essa apuração não ampara o modelo neoclássico de crescimento pois, conforme o modelo, no longo prazo a taxa se reduziria à proporção que a renda per capita (Gráfico 1) e o estoque de capital (Gráfico 2) aumentam, levando as economias ao equilíbrio estável e crescendo conforme o crescimento demográfico. (YOON; SOUZA, 2001) A renda per capita se elevaria de acordo com o avanço tecnológico. Porém, ao considerarmos o caso coreano não podemos considerar apenas a tecnologia, considerada exógena, como fonte de explicação para suas elevadas taxas de crescimento. 
Tabela 1- Taxa do crescimento do Produto Interno Bruto e da População da Coréia do Sul – 1960-2010
	Anos
	60-69
	70-79
	80-89
	90-99
	00-09
	Crescimento do PIB
	9,5
	9,3
	8,5
	7,0
	4,4
	Crescimento Populacional
	2,6
	1,8
	1,2
	0,9
	0,5
Fonte: OECD. Economic Outlock 2016, 1960-2010.
Gráfico 1 - PIB per capita da Coréia do Sul - 1970-2015 
Fonte: OECD. Economic Outlock 2016, 1970-2015
Gráfico 2 - Formação Bruta de Capital Fixo (US$) – Coréia do Sul -1970-2015
Fonte: OECD. Economic Outlock 2016, 1970-2015
O alto crescimentos econômicos nos anos 1970 e 1980 podem ser explicados pelas elevadas taxas de crescimento demográfico anteriores a esses anos, as quais contribuíram positivamente para sua expansão econômica. Isso significa que a indústria tinha a disposição uma mão-de-obra abundante, barata e relativamente qualificada. (YOON; SOUZA, 2001)
O aumento na produtividade dos fatores gera rendimentos crescentes à escala, o que viabiliza as elevadas taxas de crescimento econômico no longo prazo. (YOON; SOUZA, 2001) Ademais, o capital humano provindo da mão-de-obra qualificada proporcionou a sustentação do crescimento econômico, no longo prazo, superior ao crescimento populacional.
KWACK e SUN (2005) definiram as principais fontes do crescimento econômico coreano durante os anos 1960-2000 da seguinte configuração: a mais importante foi o aumento do estoque de capital, ambos estrutural e de maquinário, que representa 67% da contribuição para o crescimento do produto; a segunda mais importante foi, de acordo com o autor, a contribuição da PTF, que representou 17% do crescimento do produto; e o progresso tecnológico, representando 2,2%.
KRUGMAN (1994) argumenta que o alto crescimento asiático resultou da alta acumulação de fatores, particularmente o capital, e não pode ser sustentado por muito tempo devido ao baixo crescimento da PTF. O argumento utilizado por ele é questionado por KWACK e SUN (2005). Os autores argumentam que as grandes quantidades dos bens de capital importado são incorporadas pelo progresso tecnológico, enquanto a Coréia aumenta sua própria P&D, a economia continua a crescer através de sua própria contribuição tecnológica para o crescimento da PTF.
P&D e inovação como forma de crescimento.
Nos anos 1980, percebeu-se que sem o progresso tecnológico não se poderia aumentar a competividade internacional e manter as altas taxas de crescimento econômico. A indústria coreana ainda era muito dependente de tecnologia externa, então em 1982 o governo coreano lançou o Programa Nacional de P&D e tomou várias medidas políticas para promover e facilitar atividades privadas de P&D. O Investimento coreano em P&D apresentou um grande salto após a aplicação das medidas políticas, fazendo com que a participação de 0,81% do PIB em 1981 subisse para 2,8% do PIB em 1996, e continuasse crescente (Gráfico 3). As empresas são as que possuem a maior participação nos investimentos em P&D, representando cerca de 75% dos gastos (Gráfico 4). (CHUNG, 2011) Segundo dados da OECD, atualmente a Coréia do Sul é o 5º país do mundo que mais consome P&D e o maior consumidor mundial de P&D em proporção ao PIB.
Gráfico 3 - Gastos com P&D e % do PIB gasto com P&D da Coréia do Sul – 1980-2015
Fonte: OECD. Main Science and Technology Indicators, 1980-2015.
Gráfico 4 - Porcentagem nos gastos de P&D das empresas e do governo da Coréia do Sul – 1980-2015
Fonte: OECD. Main Science and Technology Indicators, 1980-2015.
O avanço tecnológico coreano, decorrente do rápido aumento do investimento em P&D e inovação do setor privado, consegue ser esclarecido pelo fator da demanda e da oferta. A pressão gerada pela competividade tecnológica entre as empresas causou uma demanda continua por P&D e inovação, as quais foram financeiramente capazes de a suprir. Além do mais, os investimentos das empresas em P&D foram apoiados por recursos derivados do capital humano e da contribuição do governo. (CHUNG, 2011)
KIM (2011) realizou um estudo empírico com o intuito de estimar a participação de P&D no crescimento econômico entre os anos de 1976-2009. Para estimar sua participação, primeiro ele baseou
a função de produção em P&D, então depois realizou a decomposição do crescimento econômico, o que permitiu identificar as contribuições por fatores de produção. O resultado obtido pelo estudo foi que o índice de contribuição para as ações de P&D para o crescimento econômico é de cerca de 35%, sendo que os estoques de P&D público e privado representaram crescimento econômico de cerca de 16% e 19%, respectivamente. Enquanto os fatores de produção tradicionais – trabalho e capital – contribuíram com cerca de 65% do crescimento econômico.
Suécia
Entendendo a economia da Suécia 
A economia da Sueca no final do século XX passa por grandes transformações, de um pais com predominância agrária para um dos países industrializados mais desenvolvidos do mundo. Hoje sua economia vem das importações e exportações, e tem como principais recursos a madeira, energia hidráulica e o minério de ferro. A Suécia tem uma indústria bastante desenvolvida, tanto na área dos automóveis quanto nas áreas da celulose e do papel. O turismo também tem um grande fator para a sua sustentabilidade econômica.(“Suécia”, 2003) Seus principais parceiros econômicos são: Alemanha, Reino Unido, Dinamarca e a Noruega.
Assim como a grande parte dos países nórdicos tem sua economia enquadrada em um modelo liberal com vistas a um estado do bem-estar social, que promove uma igualdade no que tange aspectos sociais e distribuição de riquezas. O modelo nórdico, tem uma grande diferença em relação a outros modelos de bem-estar, pois ele prioriza a forca de trabalho, integrando uma igualdade social, e grandes benefícios, redistribuindo sua riqueza e usando uma política fiscal expansionista. (BRANDAL; BRATBERG; THORSEN, 2013)
A economia Sueca uma abordagem dos PTF
Iremos analisar os dados e o comportamento gráfico do produto interno bruto partindo da influência do fator capital e trabalho no período que se estende de 1985 à 2015, onde utilizaremos formação bruta de capital, força laboral e investimento em P&D para mensurar essas variáveis.
Gráfico 5 – Formação Bruta de Capital da Suécia – 1985-2015
Fonte: Banco Mundial (escala em bilhões)
Gráfico 6 – Produto Interno Bruto da Suécia – 1985-2015
Fonte: Banco Mundial (escala em bilhões)
Conforme o Gráfico 5 verificamos uma evolução na formação bruta de capital que cria base para um crescimento mais acentuado do PIB, seu período de maior crescimento é de 2001 a 2008 e se verificarmos no Gráfico 6 o mesmo período o PIB tem um grande salto, em 7 anos o Produto dobra de valor. Em 2008 se tem uma queda tanto do PIB quando da FBCF devido à crise de 2008, porém logo em 2010 e 2011 se tem uma rápida recuperação chegando a ser o maior crescimento da união europeia, com crescimento de 5,6% em 2010 e 4,5% em 2011, tendo a taxa de crescimento mais elevada em relação ao resto da Europa. (HOLZMANN, 2013)
No período que compreende os anos de 1986 até 1990 se tem um crescimento provavelmente devido a abolição do limite de crédito estipulado fazendo com que bancos e instituições de fim hipotecário crescessem acima dos 100% fazendo com que aumentasse o produto interno do pais dado esse boom do crédito. (VASCONCELOS, 2013)
Investimento em P&D da Suécia 
Um dos possíveis fatores que levam a Suécia a ter uma das maiores taxas de investimento produto em inovação seria suas condições de clima, território e geografia e o seu sucesso tem grande motivação pela sintonia entre industrias, setor público e sociedade. (“O bem-sucedido modelo sueco de inovação colaborativa”, [s.d.])
Gráfico 7 – Investimento em Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) Suécia – 1985-2015
Fonte: Banco Mundial (escala em bilhões)
Ao comparar o Gráfico 6 com o 7 verificamos que nos momentos em que a crise de 2008 emerge se tem uma queda do produto interno bruto que acaba afetando o investimento em P&D. Porém ao longo dos anos a Suécia investe grande quantidade de recursos de maneira continua em P&D e em conjunto com a formação bruta de capital se tem os fatores necessários para a ascensão do PIB do país. Com isso no longo prazo se mantém o equilíbrio com a retomada da produção após crises mundiais e internas. 
Conclusão
De acordo com que foi mostrado no trabalho, ambos os países apresentaram um crescimento econômico que foi relacionado a fatores como crescimento do estoque de capital e o crescimento demográfico. E com a apresentação de dados estatísticos trabalhados em cima de modelos, como o neoclássico e o PTF, foi possível apresentar qual foi a contribuição dos fatores para que atingissem seus respectivos crescimentos econômico.
O fator que apresentou o maior destaque foi do progresso tecnológico, o qual chegou a representar cerca de 35% do crescimento econômico coreano, e a Suécia com um forte investimento em P&D, percebe-se sua relação direta com a formação de capital aplicado de progresso tecnológico. O impacto positivo do progresso tecnológico na PTF de ambos os países, foi acompanhado de um elevado capital humano, incentivando o investimento em P&D.
Referência Bibliográfica
BRANDAL, N.; BRATBERG, Ø.; THORSEN, D. E. The Nordic model of social democracy. Basingstoke, Hampshire: Palgrave Macmillan, 2013. 
CHUNG, S. Innovation, competitiveness, and growth: Korean experiences. In: Lessons from East Asia and the global financial crisis : Annual World Bank Conference on Development Economics - Global, 2010. Washington, DC: World Bank, 2011b. p. 333–357. 
HOLZMANN, A. Suécia: Políticas Públicas e as Crises Financeiras de 1990 e 2008. Conjuntura Global, v. 2, n. 3, 2013. 
KIM, J. The Economic Growth Effect of R&D Activity in Korea. Korea and the World Economy, v. 12, n. 1, p. 25–44, abr. 2011. 
KRUGMAN, P. The myth of Asia’s miracle. Foreign Affairs, v. 73, n. 6, p. 62–78, 1994. 
KWACK, S. Y.; SUN, L. Y. Economies of scale, technological progress, and the sources of economic growth: case of Korea, 1969–2000. World Economy & European Integration, v. 27, n. 3, p. 265–283, 1 abr. 2005. 
O bem-sucedido modelo sueco de inovação colaborativa. Notícia. Disponível em: <http://www.abdi.com.br/Paginas/noticia_detalhe.aspx?i=834>. 
Suécia. Artigos de apoio. Disponível em: <https://www.infopedia.pt/apoio/artigos/$suecia>. Acesso em: 6 set. 2017. 
VASCONCELOS, G. I. Uma breve análise sobre o desenvolvimento econômico sueco. Conjuntura Global, v. 2, n. 3, p. 190–198, 2013. 
YOON, T.; SOUZA, N. Uma Análise Empírica Sobre os Fatores do Desenvolvimento Econômico da Coréia do Sul: 1961-1990. v. 31, p. 2, 2001.

Teste o Premium para desbloquear

Aproveite todos os benefícios por 3 dias sem pagar! 😉
Já tem cadastro?

Outros materiais