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Atividade+01 Constitucional I

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Trabalho avaliativo do 1º bimestre de 2017/02
	Direito Constitucional I
	Professora: Caroline Simon
	Peso: 3,0 (três) pontos 
	Período: 1º/2º período
	Nome:
	Nome: Marcilana de Jesus
	Nome: 
	Nome: Josiel dos Santos
	Nome:
Esta atividade avaliativa é composta por 4 questões, cada uma valendo 0,75 ponto, totalizando 3,0 pontos. Deve ser elaboradora por grupos de 3 a 5 pessoas (peço para que preencham o cabeçalho com o nome completo de cada integrante) e entregue impressa ou manuscrita no dia 21/09 (1º/2º período) ou 22/09 (2º período). As respostas devem conter introdução, desenvolvimento e conclusão (o tamanho ideal de cada uma deve abranger de meia página a uma página inteira). Em caso de dúvidas, favor enviar para carolinesimon.edu@gmail.com.
1. Contextualize o momento histórico de elaboração e explique as razões que deram origem à obra “O que é o Terceiro estado?”, de Emmanuel Sieyès, produzindo um texto que relacione, necessariamente, os seguintes elementos: Revolução Francesa; Assembleia dos Estados Gerais; Nobreza, Clero e Terceiro estado; e as três petições formuladas por Sieyès (0,75 ponto).
A gravidade da crise econômica sofrida na França, na década de 1780, conduziu o país à emergência de uma reforma política. Ao longo desta década, vários ministros tentaram ampliar a cobrança de impostos para assim reverterem o quadro critico do país. No entanto, o conservadorismo das autoridades reais e a conivência de grande parte da nobreza e do clero impediam a realização dessas mudanças.
O Rei Luis XVI resolve convocar no final de 1788 aos chamados Estados Gerais, a Assembleia Nacional que reuniria as três ordens ou três Estados: o clero, a nobreza e os comuns, conhecidos também estes últimos, de acordo com sua posição hierárquica, como o terceiro estado. 
O primeiro estado era dominado pelo clero, religiosos divididos em: alto clero (composto por bispos e abades, muitos destes, proprietários de terras) e o baixo clero (formado por padres, monges e abades de pouca condição). Logo em seguida, vinha o segundo estado integrado pelos membros da nobreza. Entre os nobres existiam aqueles integrantes da nobreza provincial (proprietária de terras) e a nobreza de toga (composta por burgueses que compravam títulos de nobreza da Coroa).
Por último, O terceiro estado era formado pela maioria da população, entre burgueses, trabalhadores, artesãos e camponeses, além de um grande contingente de desempregados, famintos e marginalizados. Mas o grande contingente populacional eram realmente os camponeses, que correspondiam a cerca de 80% da população francesa. Muitos desses camponeses ainda estavam presos aos seus senhores feudais. 
A obra "O que é o Terceiro estado" de Emmanuel Sieyès foi escrita neste contexto de revolução francesa, e as suas ideias tiveram papel ativo nela, defendendo o terceiro estado, sob o prisma da igualdade política entre as classes, fim dos privilégios tributários que os nobres e o clero tinham, e os privilégios que os mesmos tinham em relação a ocuparem os melhores cargos públicos.
A falta de igualdade política ocorria no sentido em que as deliberações do terceiro estado eram vetadas pelo primeiro e segundo estado, pois cada estado tinha direito a um voto. O problema era que os privilegiados faziam complô contra o terceiro estado, e, por isso, não existia igualdade política. O terceiro estado inconformado com tamanha desigualdade ocupa o salão real em protesto e "conquista" mudanças feitas com o intuito de garantir igualdade entre os estados, a troca da votação por estado, para a votação por cabeça. Esse sistema também não funcionou, porque ocorreu um impasse entre as votações, pois o terceiro estado tinha 600 representantes para votar e o primeiro e o segundo estados tinham 600 representantes juntos, dessa forma ocorria um empate entre os votos, gerando o impasse. Para resolver esse problema Sieyès formulou uma teoria de representação, e nela ele faz um calculo de quantos indivíduos havia em cada estado, concluindo que os dois primeiros estados juntos somavam 200 mil pessoas, enquanto o terceiro estado somava 25 milhões de pessoas. Ademais, ele questionava do por que um grupo de 25 milhões de pessoas têm a sua vontade vetada por um grupo de 200 mil pessoas? No contexto da revolução francesa, essa análise do Sieyès foi o ápice para a ruptura do terceiro estado aos demais, pois a partir dessa análise Sieyès argumentou que os representantes de 25 milhões de pessoas, não podiam ser quantitativamente iguais aos representantes de 200 mil; Além disso, ele também afirmou que a vontade da nação deveria ser única, isto é, não deveria haver desavenças entre os representantes. Porque, para Sieyès, a nação era o poder constituinte, por isso o único grupo que poderia mudar a constituição era a nação, não podendo ter brigas dentro dela. Sendo assim, ele peticionou a criação de representantes ordinários para representarem a nação nos assuntos comuns; e também propôs a criação de representantes extraordinários para representarem a mesma em assuntos constitucionais. Ademais, ele propôs, também, a temporariedade para esses representantes, pois argumentava que muito tempo de permanência no cargo de representante, tinha como consequência a criação de aristocracias que se afastavam da vontade nacional, além disso, estabeleceu alguns critérios para a elegibilidade e para os eleitores que são: ser homem maior de idade, ter propriedades, fazer parte da nação e também, contribuir com tributos. E assim, se baseia a teoria da representatividade de Sieyès. 
2. Ao longo de sua obra, Sieyès faz três petições em prol do Terceiro estado: que os representantes do Terceiro Estado sejam escolhidos apenas entre os cidadãos que realmente pertençam ao Terceiro estado; que seus deputados sejam em número igual ao da nobreza e do clero; que os Estados gerais votem não por ordem, mas por cabeças. Relacione esses três pedidos elaborados por Sieyès ao final do século XVIII com o atual modelo de Estado adotado pela Constituição da República de 1988, o Estado Democrático de Direito, o qual repousa sobre “o princípio da soberania popular, segundo o qual o povo é a única fonte do poder, que se exprime pela regra de que todo o poder emana do povo; e pelo princípio da participação, direta ou indireta, do povo no poder, para que este seja efetiva expressão da vontade popular” (SILVA, 2008, p. 131) (0,75 ponto).
A Constituição da República do Brasil de 1988, preconiza que todo poder emana do povo, que o exercer por meio de representantes eleitos ou diretamente, por meio de plebiscito, referendo e iniciativa popular. A soberania popular está amparada no Art. 14 da nossa Constituição e será exercida pelo sufrágio universal e pelo voto direto e secreto, com valor igual para todos. Observamos claramente as ideias de Sieyès preconizada em nossa Carta Magna, no entanto, é importante destacar que a ideia de soberania, para Sieyés, fundava-se na soberania nacional, e não na soberania popular, pois para ele a ideia de povo estaria englobada na ideia de nação. Isto porque, para Sieyés, o conceito de nação estava ligado à imagem do Terceiro Estado.
A participação indireta é aquela em que o povo exerce sua soberania por meio de representantes políticos, sendo eles os senadores, deputados, vereadores, governadores e presidentes, que intervêm indiretamente pelo o povo. A intervenção indireta é garantida pela Constituição conforme apresentado acima. Nossos representantes possuem poder e dever de legislar, fiscalizar e propor políticas públicas visando o bem social. O povo deve avaliar o candidato que melhor o represente e acompanhar seu mandato.
Outra forma de participação popular já apresentada é a direta é talvez a forma mais eficaz de soberania popular e também a forma mais exata de se saber o posicionamento do povo sobre determinada questão, mas atualmente pouco utilizada, observamos diversas reformas e alterações constitucionais na qual o povo não é consultado.
A CF/88 nos artigos abaixo apresenta-nosa definição de plebiscito e referendo:
Art. 2o Plebiscito e referendo são consultas formuladas ao povo para que delibere sobre matéria de acentuada relevância, de natureza constitucional, legislativa ou administrativa, § 1o O plebiscito é convocado com anterioridade a ato legislativo ou administrativo, cabendo ao povo, pelo voto, aprovar ou denegar o que lhe tenha sido submetido.
§ 2o O referendo é convocado com posterioridade a ato legislativo ou administrativo, cumprindo ao povo a respectiva ratificação ou rejeição.
3. Em matéria intitulada “Odebrecht usou influência e propina na tramitação de 14 propostas no Congresso”, relatou-se que “um levantamento feito pela reportagem mostra a sombra da Odebrecht na tramitação e aprovação de ao menos 12 medidas provisórias, um projeto de lei ainda em tramitação e um projeto de resolução do Senado, a partir de 2004. A articulação custou, ao menos, R$ 18 milhões em repasse a parlamentares, além de doações milionárias para campanhas. Como contrapartida, a empresa se beneficiou com redução de impostos, benefícios fiscais e a obtenção de contratos para suas subsidiárias” (Gazeta do Povo, 16 de abril de 2017). Analise a reportagem acima a partir da perspectiva teórica adotada por Ferdinand Lassale acerca da influência que os fatores reais de poder exercem sobre a essência da Constituição (0,75 ponto).
Na concepção de Lassale a Constituição é um fato social, e não uma norma jurídica. A Constituição real e efetiva de um Estado consiste na soma dos fatores reais de poder que vigoram na sociedade; ela é, assim, um reflexo das relações de poder que existem no âmbito do Estado. Com efeito, é o embate das forças econômicas, sociais, políticas e religiosas que forma a Constituição real (efetiva) do Estado. No caso em tela da reportagem verificamos fatores reais de poder vigorando em nosso país, fatores que demonstram que a nossa Constituição escrita (jurídica) representa verdadeira "folha de papel", pois os fatores defendidos por ela não imperam, e sim as relações de poder. 
Aprendemos que o constitucionalismo tem como um dos objetivos a defesa dos indivíduos contra os abusos de poder de seus governantes, do poder econômico, de autoridades, de juízes e do poder político, mas o que assistimos atualmente no Brasil é a fragilidade das instituições. Lassalle defende que o povo deve buscar livrar-se da inércia, para que a vontade popular sobreponha aos "assuntos nacionais tão mal administrados e pior regidos e que tudo é feito contra sua vontade e contra os interesses gerais da nação, se levanta contra o poder organizado (poder político do rei), opondo lhe sua formidável supremacia, embora desorganizada (povo)".(P.39).
Dessa forma a sociedade deve se organizar e lutar para que a nossa Constituição funcione e fato como deveria, para quem deveria (o povo), ao invés dos fatores reais de poder, pois somente dessa maneira será possível alcançar os objetivos fundamentais da nossa República Federativa do Brasil, construir uma sociedade livre, justa e solidária, erradicar a pobreza e marginalização e reduzir desigualdades sociais, entre outros.
4. Em sua obra, Konrad Hesse afirma que “A Constituição não está desvinculada da realidade histórica concreta de seu tempo. Todavia, ela não está condicionada, simplesmente, por essa realidade. Em caso de eventual conflito, a Constituição não deve ser considerada, necessariamente, a parte mais fraca”. Explique a afirmativa acima com base na teoria elaborada por Hesse acerca da força normativa da Constituição (0,75 ponto). 
(Conclusão) Konrad Hesse defende a força normativa da Constituição. Nessa concepção, a força condicionante da realidade está diretamente relacionada à normatividade da Constituição. Na interpretação constitucional, deve-se dar preferência às soluções que possibilitem a atualização de suas normas, garantindo-lhes eficácia e permanência.

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