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1 DIREITO ADMINISTRATIVO AS LICITAÇÕES 1-Licitações Noções Gerais A Exigência de Licitação: No campo do Direito Administrativo, as compras, obras e serviços públicos não são livres. Devem ser precedidos de licitação, já que o administrador não é “dominus” da coisa pública e dela não pode dispor como quiser (princípio da indisponibilidade). O contrato administrativo exige então licitação prévia, só dispensável, inexigível ou vedada nos casos expressamente previstos em lei, e que constitui uma de suas peculiaridades de caráter externo. A licitação é apenas um procedimento administrativo preparatório do futuro ajuste, de modo que não confere ao vencedor nenhum direito ao contrato, apenas uma expectativa de direito. Conceito de Licitação: Licitação é o procedimento administrativo mediante o qual a Administração Pública seleciona a proposta mais vantajosa para o contrato de seu interesse. Como procedimento, desenvolve-se através de uma sucessão ordenada de atos vinculantes para a Administração e para o licitante, o que propicia igual oportunidade a todos interessados e atua como fator de eficiência e moralidade nos negócios administrativos. Objeto da Licitação: Objeto da licitação é a obra, o serviço, a compra, a alienação ou a concessão que a final, será contratada com o particular. Legislação Histórico: A licitação foi introduzida no direito brasileiro em 1862, no Decreto nº 2.926, que regulamentava as arrematações dos serviços a cargo do então Ministério da Agricultura, Comércio e Obras Públicas.Após o advento de diversas outras leis que mencionaram o assunto, o procedimento licitatório só veio a ser consolidado, no âmbito federal, pelo Decreto nº 4.536, de 28.01.22, que organizou o Código de Contabilidade da União. Desde este Código, o procedimento licitatório veio evoluindo, com o objetivo de conferir maior eficiência às contratações públicas, sendo, por fim, sistematizado através do Decreto-Lei nº 200, de 25.02.67, que estabeleceu a reforma administrativa federal. O Decreto-lei nº 2.300, de 21.11.86, atualizado em 1987, pelos Decretos-lei 2.348 e 2.360, instituiu, pela primeira vez, o Estatuto Jurídico das Licitações e Contratos 2 Administrativos, reunindo normas gerais e especiais relacionadas à matéria. Com a Constituição de 1988 houve um notável progresso na institucionalização e democratização da Administração Pública. Apesar dos textos constitucionais anteriores contemplarem dispositivos relacionados ao acesso à função pública e ao regime do funcionalismo estatal, somente com a Constituição de 1988 o assunto foi tratado de forma sistematizada. Constituição Federal: Constituição Federal trata da licitação em várias passagens. Depreende-se dela os seguintes preceitos: CONSTITUIÇÃO FEDERAL Art. 22 - Compete privativamente à União legislar sobre: ... XXVII - normas gerais de licitação e contratação, em todas as modalidades, para a administração pública, direta e indireta, incluídas as fundações instituídas e mantidas pelo poder público, nas diversas esferas de governo, e empresas sob seu controle; Que a competência é privativa da União Federal para legislar sobre normas gerais de licitação e contratação e também quais entes estão sujeitos a licitação. No caso de empresas públicas e sociedades de economia mista que explorem atividade econômica, a obrigatoriedade de licitação não abrange, logicamente, os atos comerciais de rotina. CONSTITUIÇÃO FEDERAL Art. 37 - A administração pública direta, indireta ou fundacional, de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e, também, ao seguinte: ... XXI - ressalvados os casos especificados na legislação, as obras, serviços, compras e alienações serão contratados mediante processo de licitação pública que assegure igualdade de condições a todos os concorrentes, com cláusulas que estabeleçam obrigações de pagamento, mantidas as condições efetivas da proposta, nos termos da lei, o qual somente permitirá as exigências de qualificação técnica e econômica indispensáveis à garantia do cumprimento das obrigações. ............................................................................................................................................. Art. 175 - Incumbe ao poder público, na forma da lei, diretamente ou sob regime de concessão ou permissão, sempre através de licitação, a prestação de serviços públicos. Que existe a obrigatoriedade da licitação quando o contrato se referir a compras, obras, serviços e alienações e também para a prestação de serviço público. 3 É previsto o princípio da isonomia (igualdade de condições para os concorrentes); Há permissão das exigências de qualificação técnica e econômica indispensáveis à garantia do cumprimento das obrigações. Lei n° 8.666, de 21.06.93: A lei 8.666/93 regulamenta o art. 37, inciso XXI, da Constituição Federal, institui normas para licitações e contratos da Administração Pública. LEI N° 8.666, DE 21.06.93 Art. 1º - Esta lei estabelece normas gerais sobre licitações e contratos administrativos pertinentes a obras, serviços, inclusive de publicidade, compras, alienações e locações no âmbito dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios. Lei n° 8.883, de 08.06.94: Alterou a lei 8.666/93, havendo seis pontos de destaque da alteração: acrescentou-se a possibilidade de leilão para bens imóveis; possibilidade de realização de convite em licitação internacional; novas hipóteses de dispensa de licitação; exigência de regularidade fiscal em relação ao FGTS para poder licitar; novo tipo de licitação - de maior lance e oferta; possibilidade de apresentação de nova documentação quando todos os licitantes forem considerados inabilitados. Princípios da Licitação Os princípios que regem a licitação, qualquer que seja a sua modalidade, resumem-se nos seguintes preceitos: 1) Procedimento Formal: O princípio do procedimento formal é o que impõe a vinculação da licitação às prescrições legais que regem em todos os seus atos e fases. 2) Publicidade de seus Atos: A publicidade dos atos da licitação é o princípio que abrange desde os avisos de sua abertura até o conhecimento do edital e seus anexos, o exame da documentação e das propostas em público e a publicação oficial das decisões dos órgãos julgadores e do respectivo contrato, ainda que resumidamente. 3) Igualdade entre os Licitantes: A igualdade entre os licitantes é princípio impeditivo da discriminação entre os participantes do certame, quer através de cláusulas que no edital ou convite, favoreçam 4 uns em detrimento de outros, quer mediante julgamento faccioso, que desiguale os iguais ou iguale os desiguais. 4) Sigilo na Apresentação das Propostas: Princípio este consectário da igualdade entre os licitantes, pois ficaria em posição vantajosa o proponente que viesse a conhecer a proposta de seu concorrente antes da apresentação da sua. 5) Vinculação do Edital. O edital é a lei interna da licitação, e, como tal, vincula aos seus termos tanto os licitantes como a Administração que o expediu. 6) Julgamento Objetivo. Baseia-se no critério indicado no edital e nos termos específicos das propostas. 7) Probidade Administrativa. A probidade administrativa é dever de todo administrador público, mas a Lei a incluiu dentre os princípios específicos da licitação, naturalmente como uma advertência às autoridades que a promovem ou a julguem. 8) Adjudicação Compulsória: Este princípio impede que a administração,concluído o procedimento licitatório atribua seu objeto a outrem que não o legítimo vencedor. 2 – A Obrigatoriedade da Licitação Noções Gerais Noções Iniciais: Conforme o art. 37, inciso XXI, da Constituição Federal, a licitação de obras, serviços, compras e alienações é uma exigência para toda a Administração Pública, direta e indireta, mas faz uma ressalva para “os casos especificados na legislação”, deixando assim, para a lei ordinária a delimitação das hipóteses em que a licitação não é obrigatória. A Lei 8.666/93 distingue as hipóteses de dispensa e inexigibilidade de licitação. Embora exista ressalva para os contratos de obras, serviços e compras e alienações, o mesmo não existe para a execução de serviço público por concessão ou permissão.A Constituição exige que para a concessão e a permissão de serviços públicos sempre se faça através de licitação (art. 175). 5 Dispensável Art. 24 e incisos Dispensa (vedação) Art. 17, I e II Inexigibilidade Art. 25 e incisos Há a possibilidade de competição. A licitação é viável, mas a lei faculta sua dispensa. Há a possibilidade de competição. A licitação é viável, mas a lei obriga a sua dispensa. Não há possibilidade de competição. A licitação é inviável. Entidades Privadas da Administração Noções Iniciais: Todos os entes estatais têm o dever de promover licitação, independentemente de caráter público ou privado de sua personalidade. Além das pessoas governamentais de direito público (União, Estados, Distrito Federal, Municípios, suas autarquias e fundações governamentais de direito público) estão obrigadas as pessoas governamentais privadas (empresas públicas, sociedades de economia mista e fundações governamentais privadas). Mandado de Segurança: Uma vez que os atos praticados em licitação, mesmo por entes governamentais privados, são atos administrativos formais e os licitantes têm direito subjetivo público à fiel observância do procedimento (art. 4°), é cabível mandado de segurança contra os atos praticados em licitação, seja o ente licitador pessoa de direito público ou privado, ou ainda, prestador de serviço público ou explorador de atividade econômica. Regulamentos Licitatórios Próprios: Vimos que todas as entidades estão obrigadas a observar os preceitos da Lei 8.666/93 em suas licitações, porém, o art. 119 da Lei faculta, às sociedades mistas, empresas e fundações públicas e demais entidades controladas pelo Poder Público, a edição de regulamentos próprios. LEI N° 8.666, DE 21.06.1993 Art. 119 - As sociedades de economia mista, empresas e fundações públicas e demais entidades controladas direta ou indiretamente pela União e pelas entidades referidas no artigo anterior editarão regulamentos próprios devidamente publicados, ficando sujeitas às disposições desta Lei. Parágrafo único - Os regulamentos a que se refere este artigo, no âmbito da Administração Pública, após aprovados pela autoridade de nível superior a que estiverem vinculados os respectivos órgãos, sociedades e entidades, deverão ser publicados na imprensa oficial. 6 Na verdade, estes regulamentos, na esfera federal, não podem alterar o proposto pela Lei 8.666/93, devendo observar em sua integralidade os procedimentos da lei. Em relação aos entes da Administração Estadual, Distrital e Municipal, a solução dependerá do que dispuserem as leis respectivas. Estados, Distrito Federal e Municípios não estão vinculados à integralidade da lei 8.666/93, mas apenas às suas normas gerais. Entidades Estatais de Atividade Econômica: Todas as entidades estatais devem licitar, não apenas as empresas estatais prestadoras de serviço público, mas também aquelas dedicadas à intervenção no domínio econômico. Contudo, em operações específicas, de natureza econômica e imediatamente ligadas à atividade fim da entidade, a licitação é dispensada. Neste caso, a operação de venda se fará nos moldes comerciais comuns. Para Celso Antônio Bandeira de Mello, as exploradoras de atividade econômica não são obrigadas a licitar nas “hipóteses em que o procedimento licitatório inviabilizaria o desempenho das atividades específicas para as quais foi instituída a entidade”. Segundo ele, “isto ocorre quando suas aquisições ou alienações digam respeito ao desempenho de atos tipicamente comerciais, correspondentes ao próprio objetivo a que a pessoa está preposta e desde que tais atos demandem a agilidade, a rapidez, o procedimento expedito da vida negocial corrente, sem o que haveria comprometimento da boa realização de sua finalidade”. O art. 17, II, e, da Lei 8.666/93 dispõe ser dispensável a licitação para venda de bens produzidos ou comercializados por órgãos ou entidades da Administração Pública, em virtude de suas finalidades. Dispensa de Licitação Dispensa de Licitação: A dispensa de licitação ocorre quando é possível realizar a licitação, porém não é exigida por lei. A dispensa da licitação pode ser obrigatória (art. 17, I e II) ou ficar inserida na competência discricionária da Administração (art. 24). A licitação é obrigatoriamente dispensada (vedação) Art. 17, incisos I e II A Administração tem a faculdade de licitar ou não Art. 24 São as seguintes hipóteses em que a licitação é obrigatoriamente dispensada: LEI N° 8.666, DE 21.06.1993 Art. 17 - A alienação de bens da Administração Pública, subordinada à existência de interesse público devidamente justificado, será precedida de avaliação e obedecerá às seguintes normas: 7 I - quando imóveis, dependerá de autorização legislativa para órgãos da administração direta e entidades autárquicas e fundacionais, e, para todos, inclusive as entidades paraestatais, dependerá de avaliação prévia e de licitação na modalidade de concorrência, dispensada esta nos seguintes casos: a) dação em pagamento; b) doação, permitida exclusivamente para outro órgão ou entidade da Administração Pública, de qualquer esfera de governo; c) permuta, por outro imóvel que atenda aos requisitos constantes do inciso X do art. 24 desta Lei; d) investidura; e) venda a outro órgão ou entidade da administração pública, de qualquer esfera de governo; (Incluída pela Lei nº 8.883, de 1994) f) alienação, concessão de direito real de uso, locação ou permissão de uso de bens imóveis construídos e destinados ou efetivamente utilizados no âmbito de programas habitacionais de interesse social, por órgãos ou entidades da administração pública especificamente criados para esse fim; (Incluída pela Lei nº 8.883, de 1994) II - quando móveis, dependerá de avaliação prévia e de licitação, dispensada esta nos seguintes casos: a) doação, permitida exclusivamente para fins e uso de interesse social, após avaliação de sua oportunidade e conveniência sócio-econômica, relativamente à escolha de outra forma de alienação; b) permuta, permitida exclusivamente entre órgãos ou entidades da Administração Pública; c) venda de ações, que poderão ser negociadas em bolsa, observada a legislação específica; d) venda de títulos, na forma da legislação pertinente; e) venda de bens produzidos ou comercializados por órgãos ou entidades da Administração Pública, em virtude de suas finalidades; f) venda de materiais e equipamentos para outros órgãos ou entidades da Administração Pública, sem utilização previsível por quem deles dispõe. § 1° - Os imóveis doados com base na alínea "b" do inciso I deste artigo, cessadas as razões que justificaram a sua doação, reverterão ao patrimônio da pessoa jurídica doadora, vedada a sua alienação pelo beneficiário. 8§ 2° - A Administração poderá conceder direito real de uso de bens imóveis, dispensada licitação, quando o uso se destina a outro órgão ou entidade da Administração Pública. § 3° - Entende-se por investidura, para os fins desta lei: (Redação dada pela Lei nº 9.648, de 1998) I - a alienação aos proprietários de imóveis lindeiros de área remanescente ou resultante de obra pública, área esta que se tornar inaproveitável isoladamente, por preço nunca inferior ao da avaliação e desde que esse não ultrapasse a 50% (cinqüenta por cento) do valor constante da alínea "a" do inciso II do art. 23 desta lei; (Incluído pela Lei nº 9.648, de 1998) II - a alienação, aos legítimos possuidores diretos ou, na falta destes, ao Poder Público, de imóveis para fins residenciais construídos em núcleos urbanos anexos a usinas hidrelétricas, desde que considerados dispensáveis na fase de operação dessas unidades e não integrem a categoria de bens reversíveis ao final da concessão. (Incluído pela Lei nº 9.648, de 1998) 4° - A doação com encargo será licitada e de seu instrumento constarão, obrigatoriamente os encargos, o prazo de seu cumprimento e cláusula de reversão, sob pena de nulidade do ato, sendo dispensada a licitação no caso de interesse público devidamente justificado; (Redação dada pela Lei nº 8.883, de 1994) § 5° - Na hipótese do parágrafo anterior, caso o donatário necessite oferecer o imóvel em garantia de financiamento, a cláusula de reversão e demais obrigações serão garantidas por hipoteca em segundo grau em favor do doador. (Incluído pela Lei nº 8.883, de 1994) § 6° - Para a venda de bens móveis avaliados, isolada ou globalmente, em quantia não superior ao limite previsto no art. 23, inciso II, alínea "b" desta Lei, a Administração poderá permitir o leilão. (Incluído pela Lei nº 8.883, de 1994) São as seguintes hipóteses em que a Administração tem a faculdade de licitar: 1) Em razão da economia (pequeno valor): Para obras e serviços de engenharia de valor até 10% do limite previsto na alínea a, do inciso II do art. 23, desde que não se refiram a parcelas de uma mesma obra ou serviço ou ainda para obras e serviços da mesma natureza e no mesmo local que possam ser realizadas conjunta e concomitantemente (art. 24, I). Para outros serviços e compras de valor até 10% do limite previsto na alínea a, do inciso II do art. 23 e para alienações nos casos previstos, desde que não se refiram a parcelas de um mesmo serviço, compra ou alienação de maior vulto que possa ser realizada uma só vez (art. 24, II). 2) Em razão de situações excepcionais: 9 Quando a demora do procedimento é incompatível com a urgência da celebração do contrato, como a ocorrência de guerra ou grave perturbação da ordem, emergência ou calamidade pública (art. 24, III e IV). Quando não aparecerem interessados à licitação anterior esta, justificadamente, não puder ser repetida sem prejuízo para a Administração, mantidas, neste caso, todas as condições preestabelecidas (art. 24, V). Essa hipótese é denominada de licitação deserta. Quando a União tiver que intervir no domínio econômico para regular preços ou normalizar o abastecimento (art. 24, VI). Quando as propostas apresentadas consignarem preços manifestamente superiores aos praticados no mercado nacional, ou forem incompatíveis com os fixados pelos órgãos oficiais competentes (art. 24, VII). Quando houver possibilidade de comprometimento da segurança nacional, nos casos estabelecidos em decreto do Presidente da República, ouvido o Conselho de Defesa Nacional (art. 24, IX). Na contratação de remanescente de obra, serviço ou fornecimento, em conseqüência de rescisão contratual, desde que atendida a ordem de classificação da licitação anterior e aceitas as mesmas condições oferecidas pelo licitante vencedor, inclusive quanto ao preço, devidamente corrigido (art. 24, XI). Para a aquisição de bens ou serviços nos termos de acordo internacional específico aprovado pelo Congresso Nacional, quando as condições ofertadas forem manifestamente vantajosas para o Poder Público (art. 24, XIV). Nas compras ou contratações de serviços para o abastecimento de navios, embarcações, unidades aéreas ou tropas e seus meios de abastecimento, quando em estada eventual de curta duração em portos, aeroportos ou localidades diferentes de suas sedes, por motivo de movimentação operacional ou de adestramento, quando a exigüidade dos prazos legais puder comprometer a normalidade e os propósitos das operações e desde que o seu valor não exceda ao limite previsto na alínea a do inciso II do art. 23 (art. 24, XVIII). A licitação deserta não se confunde com a licitação fracassada, em que aparecem interessados, mas nenhum é selecionado, em decorrência da inabilitação ou da desclassificação. Neste caso, a dispensa de licitação não é possível. 3) Em razão do objeto: Para a compra ou locação de imóvel destinado ao atendimento das finalidades precípuas da Administração, cujas necessidades de instalação e localização condicionem sua escolha, desde que o preço seja compatível com o valor de mercado, segundo avaliação prévia (art. 24, X). Nas compras de hortifrutigranjeiros, pão e outros gêneros perecíveis, no tempo necessário para a realização dos processos licitatórios correspondentes, realizadas diretamente com base no preço do dia (art. 24, XII). 10 Para a aquisição ou restauração de obras-de-arte e objetos históricos, de autenticidade certificada, desde que compatíveis ou inerentes às finalidades do órgão ou entidade (art. 24, XV). Para a aquisição de componentes ou peças de origem nacional ou estrangeira, necessários à manutenção de equipamentos durante o período de garantia técnica, junto ao fornecedor original desses equipamentos, quando tal condição de exclusividade for indispensável para a vigência da garantia (art. 24, XVII). Para as compras de materiais de uso das Forças Armadas, com exceção de materiais de uso pessoal e administrativo, quando houver necessidade de manter a padronização requerida pela estrutura de apoio logístico dos meios navais, aéreos e terrestres, mediante parecer de comissão instituído por decreto (art. 24, XIX). Para aquisição de bens destinados exclusivamente à pesquisa científica e tecnológica com recursos concedidos pela CAPES, FINEP, CNPq ou outras instituições oficiais de financiamento à pesquisa credenciadas pelo CNPq para esse fim (art. 24, XXI). Na celebração de contrato de programa com ente da Federação ou com entidade de sua administração indireta, para a prestação de serviços públicos de forma associada nos termos do autorizado em contrato de consórcio público ou em convênio de cooperação (art. 24, XXVI). 4) Em razão da pessoa: Para aquisição, por pessoa jurídica de direito público interno, de bens produzidos ou serviços prestados por órgão ou entidade que integre a Administração Pública e que tenha sido criado para esse fim específico em data anterior à vigência da Lei 8.666/93, desde que o preço contratado seja compatível com o praticado no mercado (art. 24, VIII). Na contratação de instituição brasileira incumbida regimental ou estatutariamente da pesquisa, do ensino ou do desenvolvimento institucional, ou de instituição dedicada à recuperação social do preso, desde que a contratada detenha inquestionável reputação ético-profissional e não tenha fins lucrativos (art. 24, XIII). Para a impressão dos diários oficiais, de formulários padronizados de uso da Administração e de edições técnicas oficiais, bem como para a prestação de serviços de informática a pessoa jurídica de direito público interno,por órgãos ou entidades que integrem a Administração Público, criados para esse fim específico (art. 24, XVI). Na contratação de associação de portadores de deficiência física, sem fins lucrativos e de comprovada idoneidade, por órgãos ou entidades da Administração Pública, para prestação de serviços ou fornecimento de mão-de- obra, desde que o preço contratado seja compatível com o praticado no mercado (art. 24, XX). 11 Na contratação do fornecimento ou suprimento de energia elétrica, com concessionário ou permissionário ou autorizado, segundo as normas da legislação específica (art. 24, XXII). Na contratação realizada por empresas públicas e sociedades de economia mista com suas subsidiárias e controladas, para aquisição ou alienação de bens, prestação ou obtenção de serviços, desde que o preço contratado seja compatível com o praticado no mercado (art. 24, XXIII). Para a celebração de contratos de prestação de serviços com as organizações sociais, qualificadas no âmbito das respectivas esferas de governo, para atividades contempladas no contrato de gestão (art. 24, XXIV). Inexigibilidade de Licitação Inexigibilidade de Licitação: A licitação é inexigível quando não houver a possibilidade de competição, seja porque só existe um objeto ou pessoa que atenda às necessidades da Administração, tornando impossível a licitação. São casos de inexigibilidade: singularidade do objeto da contratação: é o prestado por técnico especializado ou artista; unicidade de fornecedor; especificidade da operação. LEI N° 8.666, DE 21.06.1993 Art. 25 - É inexigível a licitação quando houver inviabilidade de competição, em especial: I - para aquisição de materiais, equipamentos, ou gêneros que só possam ser fornecidos por produtor, empresa ou representante comercial exclusivo, vedada a preferência de marca, devendo a comprovação de exclusividade ser feita através de atestado fornecido pelo órgão de registro do comércio do local em que se realizaria a licitação ou a obra ou o serviço, pelo Sindicato, Federação ou Confederação Patronal, ou, ainda, pelas entidades equivalentes; II - para a contratação de serviços técnicos enumerados no art. 13 desta Lei, de natureza singular, com profissionais ou empresas de notória especialização, vedada a inexigibilidade para serviços de publicidade e divulgação; III - para contratação de profissional de qualquer setor artístico, diretamente ou através de empresário exclusivo, desde que consagrado pela crítica especializada ou pela opinião pública. § 1° - Considera-se de notória especialização o profissional ou empresa cujo conceito no campo de sua especialidade, decorrente de desempenho anterior, estudos, experiências, publicações, organização, aparelhamento, equipe técnica, ou de outros requisitos 12 relacionados com suas atividades, permita inferir que o seu trabalho é essencial e indiscutivelmente o mais adequado à plena satisfação do objeto do contrato. § 2° - Na hipótese deste artigo e em qualquer dos casos de dispensa, se comprovado superfaturamento, respondem solidariamente pelo dano causado à Fazenda Pública o fornecedor ou o prestador de serviços e o agente público responsável, sem prejuízo de outras sanções legais cabíveis. Procedimento nos Casos de Dispensa e Inexigibilidade Contratação Direta: No caso de dispensa ou inexigibilidade de licitação não há procedimento licitatório, mas deve haver procedimento administrativo. A Lei 8.666/93 estabelece um procedimento de contratação direta, regulado em seu art. 26. Este procedimento deve ser obrigatoriamente observado sob pena de invalidade do ato e da caracterização de crime licitatório. LEI N° 8.666, DE 21.06.1993 Art. 26 - As dispensas previstas nos §§ 2° e 4° do art. 17 e no inciso III e seguintes do art. 24, as situações de inexigibilidade referidas no art. 25, necessariamente justificadas, e o retardamento previsto no final do parágrafo único do art. 8° desta Lei deverão ser comunicados, dentro de 3 (três) dias, à autoridade superior, para ratificação e publicação na imprensa oficial, no prazo de 5 (cinco) dias, como condição para a eficácia dos atos. (Redação dada pela Lei nº 11.107, de 2005) Parágrafo único - O processo de dispensa, de inexigibilidade ou de retardamento, previsto neste artigo, será instruído, no que couber, com os seguintes elementos: I - caracterização da situação emergencial ou calamitosa que justifique a dispensa, quando for o caso; II - razão da escolha do fornecedor ou executante; III - justificativa do preço. IV - documento de aprovação dos projetos de pesquisa aos quais os bens serão alocados.(Incluído pela Lei nº 9.648, de 1998) O procedimento não é exigível, contudo, nas pequenas compras de pronto pagamento, como tais entendidas as que não superem a 5% do limite estabelecido pelo art. 23, II, a. Nesses caos, é adotado o regime de adiantamento, que dispensa o contrato escrito (art. 60, parágrafo único). 3 – O Procedimento Licitatório 13 Noções Gerais Fases da Licitação: O procedimento da licitação envolve duas fases distintas: 1) Fase Interna: Inicia-se na repartição, com a abertura do processo. 2) Fase Externa: Inicia-se com o ato convocatório e a conseqüente publicidade. Ato Convocatório A licitação tem início com a divulgação do ato convocatório, o qual pode ser: edital, em geral; carta-convite, no caso específico das licitações por convite. O ato convocatório é a matriz do certame e das relações dele decorrentes, funcionando como a lei interna da licitação e do contrato. I -Edital: Ato pelo qual a administração pública divulga a abertura do procedimento, fixa os requisitos para a participação, define o objeto e as condições básicas do contrato e por fim comina todos interessados para que apresentem suas propostas: Nas concorrências de grande vulto deve realizar-se uma audiência pública, antes do edital, para que a sociedade possa debater a conveniência e a oportunidade da licitação. LEI N° 8.666, DE 21.06.1993 Art. 40 - O edital conterá no preâmbulo o número de ordem em série anual, o nome da repartição interessada e de seu setor, a modalidade, o regime de execução e o tipo da licitação, a menção de que será regida por esta lei, o local, dia e hora para recebimento da documentação e proposta, bem como para início da abertura dos envelopes, e indicará, obrigatoriamente, o seguinte: I - objeto da licitação, em descrição sucinta e clara; II - prazo e condições para assinatura do contrato ou retirada dos instrumentos, como previsto no art. 64 desta lei, para execução do contrato e para entrega do objeto da licitação; III - sanções para o caso de inadimplemento; 14 IV - local onde poderá ser examinado e adquirido o projeto básico; V - se há projeto executivo disponível na data da publicação do edital de licitação e o local onde possa ser examinado e adquirido; VI - condições para participação na licitação, em conformidade com os arts. 27 a 31 desta lei, e forma de apresentação das propostas; VII - critério para julgamento, com disposições claras e parâmetros objetivos; VIII - locais, horários e códigos de acesso dos meios de comunicação à distância em que serão fornecidos elementos, informações e esclarecimentos relativos à licitação e às condições para atendimento das obrigações necessárias ao cumprimento de seu objeto; IX - condições equivalentes de pagamento entre empresas brasileiras e estrangeiras, no caso de licitações internacionais; X - o critério de aceitabilidade dos preços unitário e global, conforme o caso, permitida a fixação de preços máximose vedados a fixação de preços mínimos, critérios estatísticos ou faixas de variação em relação a preços de referência, ressalvado o disposto nos parágrafos 1° e 2° do art. 48. XI - critério de reajuste, que deverá retratar a variação efetiva do custo de produção, admitida a adoção de índices específicos ou setoriais, desde a data prevista para a apresentação da proposta ou do orçamento a que esta proposta se referir, até a data do adimplemento de cada parcela; XII - (vetado); XIII - limites para pagamento de instalação e mobilização para execução de obras ou serviços que serão obrigatoriamente previstos em separado das demais parcelas, etapas ou tarefas; XIV - condição de pagamento, prevendo: a) prazo de pagamento não superior a trinta dias, contando a partir da data final do período de adimplemento de cada parcela; b) cronograma de desembolso máximo por período, em conformidade com a disponibilidade de recursos financeiros; c) critério de atualização financeira dos valores a serem pagos, desde a data final do período de adimplemento de cada parcela até a data do efetivo pagamento; d) compensações financeiras e penalizações, por eventuais atrasos, e descontos, por eventuais antecipações de pagamentos; e) exigência de seguros, quando for o caso; XV - instruções e normas para os recursos previstos nesta lei; 15 XVI - condições de recebimento do objeto da licitação; XVII - outras indicações específicas ou peculiares da licitação. Imprensa Oficial: Veículo oficial de divulgação da Administração Pública, sendo para a União, o Diário Oficial da União, e, para os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, o que for definido nas respectivas leis. II - Habilitação dos Licitantes A habilitação é a fase em que há abertura dos envelopes e sua apreciação a qual é feita em ato público. Para a habilitação será exigido dos interessados, documentação relativa a: habilitação jurídica; qualificação técnica; qualificação econômica financeira; regularidade fiscal; cumprimento do disposto no inciso XXXIII do art. 7° da Constituição Federal. A fase da habilitação existe em todas as modalidades licitatórias, inclusive na tomada de preços e no convite, mas há peculiaridades em relação ao leilão. Comissão de Licitação: As etapas de habilitação dos licitantes e julgamento das propostas são efetivadas por uma comissão, denominada comissão de licitação ou comissão julgadora. Estas comissões são criadas pela Administração com a função de receber, examinar e julgar todos os documentos e procedimentos relativos às licitações e ao cadastramento de licitantes. Podem ser permanentes ou especiais e devem ser integradas por no mínimo, três membros, sendo pelo menos dois deles servidores qualificados pertencentes aos quadros permanentes dos órgãos da Administração responsáveis pela licitação (art. 51). No caso de licitação na modalidade convite, a comissão de licitação, excepcionalmente, nas pequenas unidades administrativas e em face da exigüidade de pessoal disponível, poderá ser substituída por um servidor, formalmente designado pela autoridade competente (art. 51, § 1°). Os membros das comissões de licitação responderão solidariamente por todos os atos praticados pela comissão, salvo se posição individual divergente estiver devidamente fundamentada e registrada em ata lavrada na reunião em que tiver sido tomada a decisão (art. 51, § 3°). Classificação Noções Iniciais: 16 Classificação é a fase de procedimento em que a Administração Pública faz o julgamento das propostas, classificando-as pela ordem de preferência, segundo os critérios constantes do edital. Subdivide-se em: fase da abertura dos envelopes-propostas; julgamento das propostas propriamente ditas, que deve ser objetivo e realizado de acordo com os tipos de licitação, os critérios previamente estabelecidos no ato convocatório e de acordo com os fatores exclusivamente nele referidos. Tipos de Licitação: Os tipos de licitação estão previstos no § 1° do artigo 45 e compreendem as seguintes categorias: a de menor preço: quando o critério de seleção da proposta mais vantajosa para a Administração determinar que será vencedor o licitante que apresentar a proposta de acordo com as especificações do edital ou convite e ofertar o menor preço; a de melhor técnica; a de técnica e preço; a de maior lance ou oferta: no caso de alienação de bens ou concessão de direito real de uso. Em regra, o critério para a avaliação das propostas é o menor preço. Mas, no caso de serviço intelectual, podem ser usados os critérios de “melhor técnica” ou de “técnica e preço”. No caso de empate, têm preferência os bens e serviços produzidos no País e, sucessivamente, os produzidos ou prestados por empresa brasileira. Persistindo o empate, decide-se por sorteio. III - Homologação: Homologação é o ato de controle pelo qual a autoridade superior confirma o julgamento das propostas e, conseqüentemente, confere eficácia à adjudicação. Mas o momento e a conveniência da assinatura do contrato ficam ainda na dependência da vontade discricionária da administração. Havendo motivo justo e fundamentado, pode o contrato não se concretizar. . Se o vencedor convocado não assinar o contrato, pode a administração convocar os licitantes remanescentes, na ordem da classificação. A homologação é feita, geralmente, pela autoridade competente para autorizar a despesa, mas poderá sê-lo por qualquer outra indicada no edital, no regulamento ou na lei, após o transcurso do prazo para recurso (contra a adjudicação ou a classificação) e a decisão dos que forem interpostos. IV - Adjudicação 17 A adjudicação atribui a obra ou serviço ao vencedor da licitação, conferindo-lhe preferência ao contrato. A licitação pode ser revogada por interesse público. Pode também ser anulada, pela própria administração ou pelo Judiciário, no caso de irregularidade ou ilegalidade procedimental Aprovação do Procedimento Com a adjudicação do objeto do certame ao vencedor, a Comissão Julgadora conclui sua tarefa. Deve então, encaminhar os autos à autoridade competente para a aprovação do procedimento. Esta fase de aprovação do procedimento vem regulada pelo art. 49 da Lei n° 8.666/93 e resulta na homologação ou na anulação ou revogação da licitação. ------ Embora os artigos 38-VII e 43-VI utilizem para esta fase o termo de homologação, o art. 49 emprega a expressão aprovação do procedimento. Utilizamos esta última, pois trata-se de fase complexa que tanto pode gerar a homologação quanto a anulação ou revogação. 1. Homologação O procedimento licitatório foi regular e as condições fáticas que conduziram à decisão de instaurar a licitação permaneceram inalteradas. 2. Anulação Foi constatada irregularidade no procedimento licitatório. 3. Revogação O procedimento licitatório foi regular, porém houve alteração das condições fáticas que conduziram à abertura da licitação e a Administração optou por revogar a licitação. LEI N° 8.666, DE 21.06.1993 Art. 49 - A autoridade competente para a aprovação do procedimento somente poderá revogar a licitação por razões de interesse público decorrente de fato superveniente devidamente comprovado, pertinente e suficiente para justificar tal conduta, devendo anulá-la por ilegalidade, de ofício ou por provocação de terceiros, mediante parecer escrito e devidamente fundamentado. § 1° - A anulação do procedimento licitatório por motivo de ilegalidade não gera obrigação de indenizar, ressalvado o disposto no parágrafo único do art. 59 desta Lei.§ 2° - A nulidade do procedimento licitatório induz à do contrato, ressalvado o disposto no parágrafo único do art. 59 desta Lei. § 3 - No caso de desfazimento do processo licitatório, fica assegurado o contraditório e a ampla defesa. 18 § 4° - O disposto neste artigo e seus parágrafos aplica-se aos atos do procedimento de dispensa e de inexigibilidade de licitação. .............................................................................................................................. Art.59 .......................................................................................................................................... Parágrafo único - A nulidade não exonera a Administração do dever de indenizar o contratado pelo que este houver executado até a data em que ela for declarada e por outros prejuízos regularmente comprovados, contanto que não lhe seja imputável, promovendo-se a responsabilidade de quem lhe deu causa. Anulação: Nesta fase, o primeiro passo é a autoridade incumbida da aprovação verificar se o procedimento ocorreu em conformidade com a lei, as normas regulamentares e o ato convocatório. Se estiver regular, passará ao exame de conveniência e oportunidade de contratar, mas se for constatada irregularidade, o procedimento deverá ser anulado desde o início, se o vício o contaminar por inteiro, ou a partir da etapa em que ocorrida a anormalidade, se o vício for parcial, determinando o refazimento. A anulação, de ofício ou por provocação de terceiros, é um ato vinculado, descabendo qualquer juízo discricionário a respeito. Não gera para a Administração o dever de indenizar, ressalvado o disposto no parágrafo único do art. 59. O ato anulatório deve ser motivado, ou seja, devidamente fundamentado. A aprovação não vincula em definitivo a Administração, sendo possível mesmo depois da contratação, reexaminar a qualquer tempo a licitação. A anulação do procedimento da licitação, nestes casos, torna o contrato dela decorrente também nulo (art. 49, 2°). É necessário observar o disposto no parágrafo único do art. 59, isto é, indenizar o contratado de boa-fé pelas prestações já executadas e por outros prejuízos regularmente comprovados. Revogação: No exame da conveniência e oportunidade de contratar a Administração pode revogar a licitação, desde que tenha ocorrido algum fato superveniente, isto é, verificado posteriormente à decisão de contratar e possa ser devidamente comprovado. O fato deve ser pertinente e suficiente para tornar inoportuna ou inconveniente a contratação. A revogação é um ato unilateral da Administração, decorrente de uma apreciação discricionária, ou seja, havendo o fato superveniente e sendo de interesse público, existe a faculdade de revogar ou não a licitação. Recursos Existem quatro tipos de recursos no processo licitatório: 19 1) Impugnação do Ato Convocatório: Qualquer cidadão é parte legítima para impugnar edital de licitação por irregularidade na aplicação da Lei, devendo protocolar o pedido até 5 dias úteis antes da data fixada para a abertura dos envelopes de habilitação, devendo a Administração julgar e responder à impugnação em até 3 dias úteis, sem prejuízo da faculdade prevista no § 1.º do art. 113. § 2.º. Decairá do direito de impugnar os termos do edital de licitação perante a Administração o licitante que não o fizer até o segundo dia útil que anteceder a abertura dos envelopes de habilitação em concorrência, a abertura dos envelopes com as propostas em convite, tomada de preços ou concurso, ou a realização de leilão, as falhas ou irregularidades que viciariam esse edital, hipótese em que tal comunicação não terá efeito de recurso.§ 3.º A impugnação feita tempestivamente pelo licitante não o impede de participar do processo licitatório até o trânsito em julgado da decisão a ela pertinente. Quando o texto fala em impugnação do edital, está obviamente empregando o termo em sentido amplo, de modo a abranger não só o edital da concorrência, da tomada de preços, do concurso e do leilão, como também da carta convite. 2) Recurso Hierárquico: O recurso hierárquico é cabível contra a habilitação ou inabilitação, o julgamento das propostas, a anulação ou revogação do certame, o indeferimento do pedido de inscrição no registro cadastral, sua alteração ou cancelamento, a rescisão do contrato e a aplicação das sanções de advertência, suspensão temporária ou multa. 3) Representação: É cabível a representação contra decisão relacionada com o objeto da licitação ou do contrato, de que não caiba recurso hierárquico. Nessa hipótese enquadram-se, entre outras, a inconformidade contra a decisão tomada em recurso anteriormente interposto, a adjudicação e a homologação. O prazo também é de 5 dias. 4) Pedido de Reconsideração: O pedido de reconsideração é previsto para atacar a declaração de inidoneidade para licitar ou contratar com a Administração (art. 109-III). O prazo de interposição é de 10 dias. Anulação e Revogação da Licitação Noções Iniciais: Sendo a licitação um procedimento administrativo (seqüência encadeada de atos administrativos), assim como nos atos administrativos é cabível a anulação no caso de ilegalidade (Poder Executivo ou Poder Judiciário, quando provocado) ou revogação (somente pela Administração). Anulação: 20 Se ocorrer ilegalidade na prática de algum ato do procedimento, esse ato deverá ser anulado, e sua anulação implica nulidade de todas as etapas posteriores do procedimento. A Lei 8.666/93 determina que o despacho de anulação da licitação seja fundamentado circunstanciadamente. Em seu art. 49, a Lei assevera que a autoridade competente para a aprovação do procedimento deverá anulá-lo por ilegalidade, de ofício ou por provocação de terceiros, mediante parecer escrito e devidamente fundamentado. A nulidade do procedimento licitatório induz à nulidade do contrato (art. 49, § 2°). No caso de anulação do processo licitatório, fica assegurado o contraditório e a ampla defesa. Cabe recurso administrativo, no prazo de cinco dias úteis a contar da intimação do ato (art. 109, I, “e”). Revogação da Licitação: A Lei 8.666/93 prevê a possibilidade de revogação da licitação, sendo permitida em duas hipóteses: por motivo de interesse público decorrente de fato superveniente devidamente comprovado, pertinente e suficiente para justificar tal conduta, mediante parecer escrito e devidamente fundamentado (art. 49). O despacho de revogação deverá ser fundamentado circunstanciadamente (art. 38, IX); quando o convocado não assinar o termo de contrato ou não aceitar ou retirar o instrumento equivalente no prazo e condições estabelecidos no edital (art. 64, § 2°). Obrigação de Indenizar: A anulação do procedimento licitatório por motivo de ilegalidade não gera obrigação de indenizar (art. 49, § 1°). Entretanto, a nulidade do contrato não exonera a Administração do dever de indenizar o contratado pelo que este houver executado até a data em que ela for declarada e por outros prejuízos regularmente comprovados, contanto que a causa da nulidade não lhe seja imputável (ao contratado), promovendo-se a responsabilidade de quem deu causa à nulidade (art. 59, parágrafo único). A Lei não menciona expressamente, mas a revogação da licitação gera obrigação de indenizar os participantes que comprovem haver sofrido prejuízos em sua decorrência. Depois de assinado o contrato, não se pode mais revogar a licitação; se for o caso, e houver enquadramento em hipótese legal autorizadora, revoga-se o contrato. Já a anulação da licitação pode ser feita a qualquer tempo e, como visto, a nulidade da licitação implicaa nulidade do contrato dela decorrente. 4– Modalidades de Licitação 21 Concorrência Noções Iniciais: É a modalidade de licitação própria para contratos de grande valor e que propicia a maior participação possível pela universalidade e através de ampla publicidade Universalidade: É a possibilidade que se oferece à participação de quaisquer interessados na concorrência, independentemente de registro cadastral na Administração que a realiza ou em qualquer outro órgão público. Cabimento: obras e serviços de engenharia (altos valores); compras e outros serviços (altos valores); compras ou alienação de bens imóveis, qualquer que seja o valor (via de regra, pois há casos em que se admite o leilão); concessões de direito real de uso de qualquer valor; licitações internacionais (via de regra); venda de bens móveis, acima de determinado valor. Parcelamento da Contratação: As obras, serviços e compras efetuadas pela Administração poderão ser divididas em tantas parcelas quantas se comprovem técnica e economicamente viáveis, correspondendo cada parcela a licitação distinta. Porém se a soma das várias parcelas, a serem objeto de outros contratos, superarem os limites é obrigatória a concorrência. Publicidade e Prazo: A concorrência inicia-se com a publicidade do edital, pela publicação de anúncio contendo resumo das condições nele previstas e indicação do local onde os interessados poderão ler e obter o texto legal. A publicação deve ser feita, ao menos uma vez: em jornal de circulação no município ou região onde será executado o objeto do contrato; no Diário Oficial. Já o prazo de divulgação do edital da concorrência é: 30 dias, em geral; 45 dias, no caso de concorrências a serem julgadas pelo critério da melhor técnica ou pela técnica e preço. Consórcio de Empresas: 22 É a associação de dois ou mais interessados na concorrência, de modo que, somando técnica, capital, trabalho e “know-how”, possam executar um empreendimento que, isoladamente não teriam condições de realizar. Licitações Internacionais: São aquelas em que se permite a participação de firmas nacionais e estrangeiras, isoladamente ou em consórcio com empresas nacionais. A regra nas licitações internacionais é a da adoção da concorrência pública, independentemente de seu valor. Mas, se a licitadora, realizando com freqüência licitações da espécie, organizou cadastro de fornecedores internacionais, poderá optar pela tomada de preços, desde que o contrato esteja situado na pertinente faixa de valor, se não, a concorrência será obrigatória. Pré-Qualificação: É a verificação prévia da idoneidade jurídica, técnica e financeira de firmas ou consórcios para participarem de determinadas e futuras concorrências de um mesmo empreendimento. Procedimento: O procedimento da concorrência compreende as seguintes fases: edital, habilitação, classificação, homologação e adjudicação. Tomada de Preços Noções Iniciais: Segundo a lei a tomada de preços é a modalidade de licitação entre interessados devidamente cadastrados ou que atenderem a todas as condições exigidas para cadastramento até o terceiro dia anterior à data do recebimento das propostas, observada a necessária qualificação. Registros Cadastrais: São assentamentos que se fazem nas repartições administrativas que realizam licitações para fins de qualificação dos interessados em contratar com a Administração, no ramo de suas atividades. LEI N° 8.666, DE 21.06.1993 Art. 34 - Para os fins desta lei, os órgãos e entidades da Administração Pública que realizem freqüentemente licitações manterão registros cadastrais para efeito de habilitação, na forma regulamentar, válidos por, no máximo, um ano. § 1º - O registro cadastral deverá ser amplamente divulgado e deverá estar permanentemente abertos aos interessados, obrigando-se a unidade por ele responsável a proceder, no mínimo anualmente, através da imprensa oficial e de jornal diário, a 23 chamamento público para a atualização dos registros existentes e para o ingresso de novos interessados. § 2º - É facultado às unidades administrativas utilizarem-se de registros cadastrais de outros órgãos ou entidades da Administração Pública. Art. 35 - Ao requerer inscrição no cadastro, ou atualização deste, a qualquer tempo, o interessado fornecerá os elementos necessários à satisfação das exigências do art. 27 desta lei. Art. 36 - Os inscritos serão classificados por categorias, tendo-se em vista sua especialização, subdivididas em grupos, segundo a qualificação técnica e econômica avaliada pelos elementos constantes da documentação relacionada nos arts. 30 e 31 desta lei. § 1º - Aos inscritos será fornecido certificado, renovável sempre que atualizarem o registro. § 2º - A atuação do licitante no cumprimento de obrigações assumidas será anotada no respectivo registro cadastral. Art. 37 - A qualquer tempo poderá ser alterado, suspenso ou cancelado o registro do inscrito que deixar de satisfazer as exigências do art. 27 desta lei, ou as estabelecidas para classificação cadastral. Cabimento: Adota-se a tomada de preços para licitações de vulto médio e assemelha-se em tudo a concorrência, com a diferença no prazo de divulgação do edital. São casos em que cabe a tomada de preços: obras e serviços de engenharia (valores médios); compras e outros serviços (valores médios); licitações internacionais (quando dispuser de cadastro internacional de fornecedores). Publicidade e Prazo: A forma da publicidade é a mesma da concorrência. O prazo de divulgação do edital é de: 15 dias, em geral; 30 dias, nas tomadas de preço do tipo melhor técnica ou de técnica e preço. Procedimento: 24 O procedimento da tomada de preços não difere muito do procedimento da concorrência, apenas no tocante à fase de habilitação, que é feita antes do procedimento da licitação, para os inscritos no registro cadastral. Convite Conceito: Convite é a modalidade de licitação entre interessados do ramo pertinente ao seu objeto, cadastrados ou não, escolhidos e convidados em número mínimo de 3 (três) pela unidade administrativa, a qual afixará, em local apropriado, cópia do instrumento convocatório e o estenderá aos demais cadastrados na correspondente especialidade que manifestem seu interesse com antecedência de até 24 horas da apresentação das propostas. Cabimento: O convite é cabível para contratações de valor reduzido. Se a Administração preferir, poderá, em todos os casos de convite, realizar tomada de preços e, em qualquer caso, a concorrência. São os casos de cabimento: obras e serviços de engenharia (valores reduzidos); compras e outros serviços (valores reduzidos); licitações internacionais, quando não houver fornecedor nacional. Publicidade e Prazo: O convite não exige publicação, porque é feito diretamente aos escolhidos mediante carta-convite, sendo esta entregue a pelo menos 3 convidados, escolhidos pela Administração, e com a afixação de cópia em quadro de avisos da repartição, em local de fácil acesso público. Nada impede, porém, que se publique anúncio a respeito da realização do convite. O prazo mínimo entre a efetiva entrega da carta-convite a todos os licitantes e o ato de abertura é de 5 dias úteis. Empresas Interessadas: Havendo empresa cadastrada que, com 24 horas de antecedência, manifeste interesse em participar, a comissão deverá, imediatamente, fornecer-lhe cópia da carta. Procedimento: No convite, o procedimento é simplificado: a convocação dos licitantes é feita por escrito,com cinco dias úteis de antecedência, mediante carta-convite dirigida a pelo menos três interessados, escolhidos pela unidade administrativa, e mediante afixação, em local apropriado, da cópia do instrumento convocatório, sendo facultada, ainda, a 25 publicação no Diário Oficial. Recebidos os envelopes com as propostas, seguem-se a classificação, adjudicação e homologação. Concurso Conceito: Concurso é a modalidade de licitação entre quaisquer interessados para escolha de trabalho técnico, científico ou artístico, mediante a instituição de prêmios ou remuneração aos vencedores, conforme critérios constantes no edital. Cabimento: Será utilizado para escolha de trabalho técnico, científico ou artístico. Publicidade e Prazo: O concurso será iniciado com a publicação, na imprensa oficial, do edital, que indicará o local onde os interessados poderão obter o regulamento. Entre a publicação e a apresentação das propostas deverá mediar um prazo mínimo de 45 dias corridos. Procedimento: A Lei 8.666/93 não estabelece o procedimento a ser adotado no concurso, remetendo sua disciplina a regulamento próprio, específico para cada concurso. Leilão Conceito: O leilão é modalidade de licitação para a venda de bens móveis inservíveis e de produtos apreendidos ou penhorados, bem como de imóveis oriundos de procedimento judiciais ou de dação em pagamento, em que seja útil a alienação. Cabimento: venda de bens móveis avaliados, isolada ou globalmente, em quantia não superior ao limite legal; bens imóveis adquiridos em procedimentos judiciais ou por dação em pagamento. Em qualquer dos casos a Administração, se preferir, poderá empregar a concorrência. Procedimento: 26 A Lei 8.666/93 não estabelece o procedimento específico para o leilão, remetendo a matéria à legislação pertinente (art. 53). Pregão Noções Iniciais: O pregão é uma modalidade de licitação mais recente instituída pela Lei n° 10.520, de 17 de julho de 2002, como forma de implantar um novo tipo de licitação, mais simplificado, a fim de desburocratizar e tornar mais rápida e econômica a licitação. As normas da Lei 8.666/93 aplicam-se subsidiariamente à modalidade pregão de licitação. Abrangência: Destina-se, por definição legal, à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios. Além dos órgãos da administração direta, também os fundos especiais, as autarquias, as fundações, as empresas públicas, as sociedades de economia mista e as demais entidades controladas direta ou indiretamente pela União estão submetidas ao regime legal do pregão. Objeto: A licitação, por meio da modalidade pregão, poderá ser utilizada para a aquisição de bens e serviços comuns. Para efeito da Lei, são considerados bens e serviços comuns aqueles cujos padrões de desempenho e qualidade possam ser objetivamente definidos pelo edital, por meio de especificações usuais no mercado. O Decreto federal 3.555/2000 estabelece quais são os bens e serviços comuns (Anexo II) Na área estadual, do Distrito Federal e municipal, os respectivos Poderes Executivos poderão editar regulamento próprio. O pregão não obedece a limite de valores, podendo ser utilizado para qualquer valor de contrato. Procedimento: O pregão é realizado mediante propostas e lances em sessão pública. O autor da oferta de valor mais baixo e os das ofertas com preços até dez por cento superiores a ela poderão fazer novos lances verbais e sucessivos, até a proclamação do vencedor, sempre pelo critério de menor preço. Não havendo pelo menos três ofertas com diferença de até dez por cento em relação à mais baixa, poderão os autores das melhores propostas, até o máximo de três, oferecer novos lances verbais e sucessivos, quaisquer que sejam os preços oferecidos. Examinada a proposta classificada em primeiro lugar, quanto ao objeto e valor, caberá ao pregoeiro decidir motivadamente a respeito da sua aceitabilidade. Encerrada a etapa competitiva e ordenada as ofertas, o pregoeiro procederá à abertura do invólucro contendo os documentos de habilitação do licitante 27 que apresentou a melhor proposta, para verificação do atendimento das condições fixadas no edital. A habilitação far-se-á com a verificação de que o licitante está em situação regular perante a Fazenda Nacional, a Seguridade Social e o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), e as Fazendas Estaduais e Municipais, quando for o caso, com a comprovação de que atende às exigências do edital quanto à habilitação jurídica e qualificações técnica e econômica-financeira. Verificado o atendimento das exigências fixadas no edital, o licitante será declarado vencedor. Homologada a licitação pela autoridade competente, o adjudicatário (licitante vencedor) será convocado para assinar o contrato no prazo definido em edital. Se o licitante vencedor, convocado dentro do prazo de validade da sua proposta (o prazo de validade das propostas será de sessenta dias, se outro não estiver fixado no edital), não celebrar o contrato, este será celebrado com o colocado seguinte que atenda às exigências de habilitação e demais estabelecidas no edital. Provavelmente o aspecto que mais distingue essa modalidade de licitação daquelas reguladas pela Lei 8.666/93 é a inversão que ocorre nas fases de habilitação e julgamento das propostas. Enquanto naquelas modalidades a habilitação é sempre anterior à abertura e julgamento das propostas (sequer sendo abertas as propostas dos licitantes inabilitados), no pregão ocorre o contrário: a habilitação dos licitantes é fase posterior. O pregão, em razão de suas características procedimentais, traz uma série de vantagens para a Administração contratante, especialmente por constituir-se em uma modalidade de licitação pouco complexa, possibilitando maior celeridade na contratação de bens e serviços comuns. Algumas importantes características do pregão são a possibilidade de redução do preço das propostas iniciais por meio de lances verbais e a não exigência de habilitação prévia ou de garantias, com o conseqüente aumento do número de concorrentes e da competitividade. Outro ponto importante é que, no pregão, não se leva em consideração o vulto do contrato (valor de contratação), mas sim as características dos bens ou serviços, que devem ser comuns, ou seja, simples, ordinários e rotineiros. O Pregão Eletrônico: A Lei 10.520/02 também prevê a possibilidade de ser realizado o pregão por meio da utilização de recursos de tecnologia da informação, nos termos de regulamentação específica. Atualmente, o Decreto n° 5.450, de 31.05.2005, regulamenta na órbita federal, o “regulamento do pregão eletrônico”, que é realizado mediante disputa à distância, em sessão pública, utilizando sistema que promova a comunicação pela Internet.
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