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240 ANOS - A RIQUEZA DAS NAÇÕES: UMA INVESTIGAÇÃO SOBRE SUA NATUREZA E SUAS CAUSAS Luciano F. Gabriel (UNA, UFMG e UNB) Introdução Principais obras: • 1759 - The Theory of Moral Sentiments • 1776 - An Inquiry into the Nature and Causes of the Wealth of Nations • Antes dessa obra a “Economia” não passava de um pequeno ramo da filosofia social. Adam Smith foi o primeiro a elaborar um modelo abstrato completo e relativamente coerente da natureza, da estrutura e do funcionamento do sistema capitalista. • Objetivo apresentação: pano de fundo histórico e teórico da obra principal e algumas conexões com a atualidade (Brasil). A Riqueza das Nações... • Fundação da economia política clássica: havia importantes ligações entre as principais classes sociais, os vários setores de produção, a distribuição da riqueza e da renda, o comércio, a circulação da moeda, os processos de formação dos preços e o processo de crescimento econômico. Baseava muitas de suas recomendações de política nas conclusões tiradas de seu modelo. • Smith fez com grande clareza a distinção entre os lucros que se destinavam ao capital industrial, salários, aluguéis e os lucros do capital comercial. A Riqueza das Nações... • Também foi o primeiro a avaliar o significado do fato de que as três principais categorias funcionais de renda – lucros, aluguéis e salários – correspondiam às três classes sociais mais importantes do sistema capitalista de sua época – os capitalistas, os proprietários de terras e os operários “livres”, que só podiam viver se vendessem sua força de trabalho em troca de um salário. • Também elaborou uma teoria histórica na qual procurou explicar a evolução dessa forma de sociedade de classes e uma teoria sociológica para explicar as relações de poder entre as três classes. • A obra de Smith também é um produto do seu tempo... • O modo de produção capitalista, após finalmente romper os grilhões do feudalismo e superar o período transitório do mercantilismo, atingiu seu clímax e revelou com mais clareza suas características socioeconômicas intrínsecas na Revolução Industrial, que ocorreu primeiro na Inglaterra e na Escócia, por volta das três últimas décadas do século XVIII e começo do século XIX, e difundiu-se por muitas partes da Europa Ocidental, no início do século XIX. A Riqueza das Nações... • Neste período ocorreu o aumento de inovações (registro de patentes), novas formas/métodos de produção (e.g.máquina a vapor), novas técnicas de produção, novos mercados (comércio exterior). • Com essas mudanças econômicas e sociais, o resultado foi um crescimento muito rápido da produtividade, que colocou a Inglaterra na posição de maior potência econômica e política do século XIX. A Riqueza das Nações... A Riqueza das Nações... • A maior eficiência da agricultura orientada para o comércio estabeleceu a base econômica para a expansão das cidades e para um crescimento contínuo da indústria manufatureira lucrativa. • A partir daí, o desenvolvimento da indústria e do comércio promoveu a produção agrícola eficiente e capitalista, que, por sua vez, incentivou o maior desenvolvimento da agricultura capitalista. • O crescimento dessa troca mutuamente benéfica criou a sociedade comercial ou capitalista, que Smith considerava a forma mais elevada e progressista da sociedade humana. Entretanto, esse resultado não tinha sido desejado intencionalmente pelas pessoas (individualmente) que o tinham criado. • A sociabilidade econômica do indivíduo resulta do instinto relativo ao desejo de progredir (ou obter riqueza) • O instinto aquisitivo não é eminentemente anti- social. A liberdade pode conciliar o desejo de progredir com o bem-estar comum. • O desejo de progredir é conciliado com o bem- estar coletivo por intermédio da divisão do trabalho. A Riqueza das Nações... A Riqueza das Nações... • O nível de produção de qualquer sociedade dependia, em sua opinião, do número de trabalhadores produtivos e do nível de sua produtividade. • Conexão com os modelos Kaldorianos- Keynesianos (demanda) ou Neoclássicos e Novos Keynesianos (oferta). • Ela, por sua vez, dependia da especialização ou da extensão da divisão do trabalho: A Riqueza das Nações... • O grau de divisão do trabalho era governado por duas circunstâncias: 1) existência de um mercado bem desenvolvido ou uma economia de trocas comerciais, a fim de que houvesse uma especialização generalizada. 2) Existindo uma economia de mercado, o grau de especialização dependeria do tamanho do mercado. “Assim como o poder de troca ocasiona a divisão do trabalho, a extensão dessa divisão será sempre limitada pela extensão daquele poder ou, em outras palavras, pela extensão do mercado”. A Riqueza das Nações... • No contexto da teoria da história de Smith, o capitalismo representava o estágio mais alto de civilização e atingiria seu ponto culminante quando tivesse evoluído para um estado em que o governo tivesse adotado uma política de laissez-faire, permitindo que as forças da concorrência e o livre jogo da oferta e da demanda regulassem a economia, que ficaria quase que completamente livre das restrições do governo ou de suas intervenções. • Toda a estrutura de A Riqueza das Nações leva às conclusões de laissez-faire. A Riqueza das Nações... • Esse processo não é livre de contradições. • À ideia de mão invisível e laissez-faire, onde uma harmonia benevolente poderia existir, não gera automaticamente maior bem-estar. • Em uma sociedade capitalista, Smith via que diferentes condições de propriedade (terra e capital) eram, uma vez mais, a base das grandes divisões de classes, apesar dos benefícios associadas à ideia de propriedade privada. A Riqueza das Nações... • Uma das principais preocupação de Adam Smith era identificar as forças sociais e econômicas que mais promoviam o bem- estar humano e, com base nisso, recomendar políticas que melhor promovessem a felicidade humana. • O bem-estar humano dependia da quantidade do “produto do trabalho” anual e do “número dos que deveriam consumi-lo”. • O bem-estar poderia ser aumentado à medida que a composição do produto a ser consumido correspondesse mais às necessidades e aos desejos dos que comprassem e usassem o produto. A Riqueza das Nações... • Menor bem estar: baixa eficiência está associada a fatores institucionais e excesso de distorções, como má regulação e burocracia, barreiras comerciais e à adoção de tecnologias estrangeiras (baixo nível de inovação nacional), estrutura tributária distorcida e trabalhosa e intervenções discricionárias do governo nos mercados e preços. • Smith concluiu em larga medida que as intervenções, as regulamentações, as concessões de monopólio e os subsídios especiais do governo – tudo isso tendia a alocar mal o capital e a diminuir sua contribuição para o bem-estar econômico. • Além do mais, esses atos do governo tendiam a restringir os mercados, reduzindo, assim, a taxa de acumulação de capital e diminuindo a extensão da divisão do trabalho e, com isso, o nível de produção social. A Riqueza das Nações... Para Smith o governo só deveria ter três funções: 1) a função de proteger a sociedade da violência e da invasão de outras sociedades independentes; 2) a função de proteger, na medida do possível, todo membro da sociedade da injustiça e da opressão de qualquer de seus membros ou a função de oferecer uma perfeita administração da Justiça; 3) por fim, a função de fazer e conservar certas obras públicas e de criar e manter certas instituições públicas, cuja criação e manutençãonunca despertariam o interesse de qualquer indivíduo ou de um grupo de indivíduos, porque o lucro nunca cobriria as despesas que teriam estes indivíduos, embora, quase sempre, tais despesas pudessem beneficiar e reembolsar a sociedade como um todo. A Riqueza das Nações... • De acordo com Smith: se os governos nada fizessem para estimular ou desestimular o investimento de capital em qualquer setor, a própria busca egoísta de lucro máximo dos capitalistas levaria ao desenvolvimento econômico, segundo essa “lei natural” e essa ordem socialmente benéfica. A Riqueza das Nações...Breve Crítica • Smith não vivenciou as metamorfoses do capitalismo muito menos previu as suas instabilidade econômica e financeira, devido ao próprio desenvolvimento incipiente destes modo de produção. • Por definição as economias são sistemas complexos: i) capitalismos financeiro, ii) capitalismo industrial, iii) era do conhecimento; etc... • Ao longo desses 240 anos “o Estado” (por meio de suas instituições e organizações) ajudou várias economias no processo de superação do subdesenvolvimento (Coreia do Sul). A questão não é se o Estado deve agir e sim como ele deve age? • Ao mesmo tempo que o “Estado mínimo” não é condição necessária ou suficiente para o desenvolvimento isso não quer dizer que o “Estado máximo” ou a “planificação econômica” resolvam as condições de subdesenvolvimento. A Riqueza das Nações...E o presente? • As inovações podem mudar o paradigmas de produção (eficiência, novos produtos mercados) – Schumpeterianos/Neoschumpeterianos. • Se produtividade aumenta, W pode aumentar, sem pressionar P (depende de instituições, concorrência, sindicatos, etc). • Se a produtividade aumenta, os preços também podem cair de forma que W/P pode aumentar (sem pressiona W). • Os produtos ganham competitividade de preço no mercado nacional e internacional – comércio interno e externo. A Riqueza das Nações...E o presente? A grosso modo, diferença de produtividade do Brasil em relação a outros países pode ser explicada por três fatores: 1) nossos trabalhadores são menos educados e menos qualificados (menor "capital humano"); 2) esses trabalhadores têm a seu dispor menos máquinas, equipamentos, estruturas e infraestrutura (isto é, possuem menos "capital físico"); e 3) a ineficiência da economia é tal que trabalhadores com mesmo capital humano e físico que trabalhadores em países avançados produzem menos que estes últimos (a eficiência produtiva –a "produtividade total dos fatores“ ou as “produtividade setoriais” são baixas) A Riqueza das Nações...E o presente? A Riqueza das Nações...E o presente? • O Estado pode ser indutor do desenvolvimento econômico. No caso do Brasil, entretanto... Fonte: Fórum Econômico Mundial (2015/2016). A Riqueza das Nações...E o presente? • O Brasil sofreu a maior queda de competitividade entre 140 países, recuando 18 posições no ranking do Relatório Global de Competitividade (2015) publicado pelo Fórum Econômico Mundial (75ª.). Principais problemas para se fazer negócio no país (%): Fonte: Fórum Econômico Mundial 2015/2016 A Riqueza das Nações...E o presente? • A indústria no Brasil e o crescimento econômico. • Smith já mostrava que a indústria permite maior divisão do trabalho por conta de suas características intrínsecas de produção, a saber, na produção manufatureira sempre há um encadeamento longo de etapas produtivas. Esse tipo de encadeamento que não surge na agricultura, na extração de commodities e que aparece parcialmente no processamento de commodities. • Smith mostrou logo no início da Riqueza das Nações que o aumento de produtividade dos trabalhadores decorre basicamente de três características do processo produtivo: divisão do trabalho, especialização e mecanização da produção. A Riqueza das Nações...E o presente? • Neoliberalimo (International Institute for Economy, Wahsington) - > não é uma refundação do liberalismo seja ele reformista (keynesiano), conservador (fridmaniano), ou clássico (Smith, Locke). É mais uma “versão”. Portanto, há liberalismos de esquerda e de direita, por mais que se queira vulgarizar o termo. • “Aparentemente” a culpa do nosso fracasso recente em buscar o maior bem estar econômico, não está vinculado ao “neoliberalismo” da década de 90. Taxa de crescimento da AL e Brasil – 1994-2014 Fonte: Elaboração própria. A Riqueza das Nações...E o presente? "Damos boas vindas a ilusões porque elas nos poupam do estresse emocional. Não devemos reclamar, então, se agora e de novo elas entram em confronto com alguma parte da realidade e são destroçadas contra ela". (Freud, citado por J. Gabriel Palma – Cambridge University em entrevista a FSP - 2015). Obrigado! 240 ANOS - A RIQUEZA DAS NAÇÕES: UMA �INVESTIGAÇÃO SOBRE SUA NATUREZA�E SUAS CAUSAS Introdução A Riqueza das Nações... A Riqueza das Nações... A Riqueza das Nações... A Riqueza das Nações... A Riqueza das Nações... A Riqueza das Nações... A Riqueza das Nações... A Riqueza das Nações... A Riqueza das Nações... A Riqueza das Nações... A Riqueza das Nações... A Riqueza das Nações... A Riqueza das Nações... A Riqueza das Nações... A Riqueza das Nações...Breve Crítica A Riqueza das Nações...E o presente? A Riqueza das Nações...E o presente? A Riqueza das Nações...E o presente? A Riqueza das Nações...E o presente? A Riqueza das Nações...E o presente? A Riqueza das Nações...E o presente? 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