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V CONGRESSO NACIONAL DE ENGENHARIA MECÂNICA V NATIONAL CONGRESS OF MECHANICAL ENGINEERING 25 a 28 de agosto de 2008 – Salvador – Bahia - Brasil August 25 – 28, 2008 - Salvador – Bahia – Brazil COMPARAÇÃO ENTRE SOLDAGEM SUBAQUÁTICA MOLHADA NA POSIÇÃO VERTICAL E NA POSIÇÃO PLANA Andrade, Luciano Geraldo Damasceno, lgdandrade@yahoo.com.br1 Silva, Weslley Carlos Dias da, weslleycds@yahoo.com.br1 Pessoa, Ezequiel Caires Pereira, ecpp76@gmail.com2 Bracarense, Alexandre Queiroz, bracarense@ufmg.br1 1Universidade Federal de Minas Gerais, UFMG, Avenida Antônio Carlos, 6627, Pampulha, BH, MG. 2Centro Federal de Educação Tecnológica, CEFET, Av. Michael Pereira de Souza, nº 3007, Bairro Campinho, Congonhas, MG. Resumo: A soldagem a arco com eletrodo revestido (SMAW) é usada em soldagem subaquática molhada (UWW) em reparos de plataformas “offshore” e de hidrelétricas. Utilizando a soldagem subaquática molhada, a maioria das soldas são feitas fora de posição, sendo que a menor parte é feita na posição plana ou sobre cabeça, devido à geometria das peças soldadas (luvas escravo e jaquetas). Por experiência prática, sabe-se que a soldagem molhada na posição vertical descendente produz melhores resultados que a soldagem na ascendente. Devido à simplicidade, a maioria dos experimentos e avaliações em soldagem subaquática molhada é realizada na posição plana. Portanto é necessário investigar a soldagem molhada fora de posição (posição vertical), seus problemas e dificuldades, possibilitando assim identificar soluções adequadas. Esse trabalho apresenta resultados de análise de microestrutura, dureza e morfologia de cordões de soldas molhadas realizadas com os eletrodos revestidos comerciais E6013, E7018 e E7024, de 3,25mm de diâmetro na posição vertical descendente de soldagem. Os resultados foram ainda comparados com os de soldas feitas na posição plana com os mesmos eletrodos comerciais acima citados. Cordões sobre chapa (BOP) foram depositados em chapas de aço A36, em profundidade de 0,5 a 1,0 atm, dentro de um aquário, utilizando água potável e um sistema de soldagem por gravidade especialmente desenvolvido para as duas posições de soldagem (plana e vertical).Testes foram realizados para se determinar os mais adequados parâmetros de soldagem (corrente, tensão, velocidade de soldagem e ângulos de soldagem) e para entender a influência desses parâmetros no processo. As soldas produzidas foram analisadas e comparadas quanto à microestrutura, dureza e morfologia. O trabalho mostra que, apenas para o eletrodo E6013, quanto ao aspecto morfológico, os resultados da soldagem subaquática molhada plana podem ser aplicados ou estendidos para a soldagem subaquática molhada vertical, porém para os demais eletrodos e aspectos não. O eletrodo E6013 apresentou resultados semelhantes nas duas posições, já o eletrodo E7024 e E7018 os resultados foram muito discrepantes. Palavras-chave: Soldagem subaquática molhada, Soldagem a arco com eletrodo revestido (SMAW), Soldagem fora de posição, Eletrodos comerciais e Água potável. 1. INTRODUÇÃO Atualmente, grande parte dos experimentos realizados em soldagem subaquática é feita na posição plana, sobre a qual, muitos conhecimentos foram adquiridos (Pessoa, 2007; Mazzaferro, 1998; Christensen, 1983; Ibarra, 1994; Ibarra, 1991; Ibarra, 1995). Porém, a maioria das aplicações é realizada na posição vertical, como a trepanação de tubos, soldagem em costado de navios, soldagem de jaquetas em plataformas de petróleo e em estruturas “offshore” em geral (Marinho, 2005). Isto significa que, uma vez que é mais fácil realizar soldas molhadas em posição plana, a maioria dos testes de desenvolvimento e pesquisa da área é realizada nessa posição (Pessoa, 2007; Mazzaferro, 1998). Neste sentido, é necessário saber se os resultados obtidos na soldagem subaquática plana podem ser aplicados e estendidos à soldagem molhada na posição vertical. Uma das diferenças entre os dois processos ao ar é que, na posição plana a deposição de material é maior do que na posição vertical. Isso ocorre porque na vertical, por ação da gravidade sobre a poça de fusão, esta tende a escorrer durante o processo, diminuindo a deposição de material. Tal fato não ocorre na posição plana (Marques, 2005). Considerando a posição vertical, têm-se duas alternativas para se realizar o processo. Soldagem vertical ascendente puxando a poça de fusão, Fig. (1.a), ou descendente puxando a poça de fusão, Fig. (1.b). Na soldagem ascendente, existe ainda a possibilidade de fazer a solda empurrando a poça de fusão, Fig. 2, porém o eletrodo tende a mergulhar na V C o n gr es s o N a c i o na l de En g e n h ar i a M ec â n i ca , 25 a 28 de A g o st o 20 0 8 , S a l v a d or - B a h i a poça, causando a interrupção do arco e dificultando a soldagem. No caso da descendente, a situação é similar, com o completo escorrimento do metal líquido (LRSS, 2001). Na posição vertical ascendente puxando a poça de fusão, as bolhas formadas no processo, durante sua subida à superfície, não têm nenhum contato com o cordão de solda feito, assim elas não influenciam no resfriamento do mesmo, Fig. (1.a), fato que ocorre também na posição plana de soldagem. Apesar disso, alguns inconvenientes ocorrem na vertical ascendente puxando a poça, tais como a velocidade de subida das bolhas é maior que a velocidade de soldagem, a visibilidade do operador fica comprometida, uma vez que as bolhas ficam a frente do local a ser soldado. Na posição vertical descendente puxando a poça, a mais usada, o eletrodo não tende a mergulhar na poça de fusão, pois ela fica atrás e é sustentada e puxada pelo jato de plasma. Além disso, a solidificação da escória promove a sua sustentabilidade durante a solidificação do metal. É importante salientar que, em soldas ao ar, eletrodos com altas taxas de deposição, como o E7024 por exemplo, produzem poças de fusão com grandes volumes, que não se sustentam fora de posição. Por esta razão, esses eletrodos não são indicados para soldagem fora de posição. Nas soldas molhadas o resfriamento, tanto da escória quanto do metal fundido, é sensivelmente mais rápido (Christensen, 1983) e, devido a isso, existe a possibilidade de que eletrodos não indicados para soldagem fora da posição em soldas ao ar possam produzir bons resultados em soldas molhadas nessas condições. As bolhas d’água formadas, ao subirem até a superfície, fazem este caminho sobre o cordão de solda, fazendo com que o seu resfriamento seja mais lento do que na ascendente, pois uma camada de ar mais quente que o ambiente é formada entre o cordão e a água do ambiente, Fig. (1.b). Nessa condição de soldagem, a visibilidade do soldador não é comprometida pelas bolhas, uma vez que o local a ser soldado está abaixo das bolhas. Figura 1. Mecanismo de proteção gasosa sobre o cordão de solda na soldagem subaquática vertical ascendente (a) e na vertical descendente (b), ambas puxando a poça de fusão. Figura 2. Esquema representativo da soldagem vertical ascendente empurrando a poça de fusão. Em trabalho anterior (Pessoa, 2003), três eletrodos de composição química do revestimento diferentes foram testados: E6013 rutílico, E7024 rutílico com maior concentração de pó de ferro e E7018 básico. Todos os resultados foram obtidos para a posição plana dentro d’água e foram comparados com a soldagem fora d’água. As características dos eletrodos para utilização fora d’água são apresentadas na Tab. 1. Esse trabalho tem como objetivo principal avaliar se existem diferenças significativas entre a soldagem na posição plana (Pessoa, 2007; Mazzaferro, 1998) e na vertical descendente puxando a poça de fusão dentro d’água. Com os resultados poderá concluir se realmente é necessário realizar os experimentos na posição vertical, que é mais difícil, ou se os resultados obtidosna posição plana podem ser estendidos à posição vertical de soldagem. As soldas serão analisadas e comparadas quanto à microestrutura, microdureza e morfologia dos cordões de solda. ‘ D ireção de Soldagem Proteção Gasosa (b) E sc ap e da s bo lh as D ir eç ão d e So ld ag em E sc ap e da s bo lh as Proteção Gasosa (a) ‘ D ireção de Soldagem Proteção Gasosa (b) E sc ap e da s bo lh as ‘ D ireção de Soldagem Proteção Gasosa (b) E sc ap e da s bo lh as D ir eç ão d e So ld ag em E sc ap e da s bo lh as Proteção Gasosa (a) D ir eç ão d e So ld ag em E sc ap e da s bo lh as Proteção Gasosa (a) A ponta do eletrodo toca a peça O arco suporta e empurra a poça de fusão Metal Líquido Metal de Base Direção de Soldagem Eletrodo mergulha na poça de fusão A ponta do eletrodo toca a peça O arco suporta e empurra a poça de fusão Metal Líquido Metal de Base Direção de Soldagem Eletrodo mergulha na poça de fusão V C o n gr es s o N a c i o na l de En g e n h ar i a M ec â n i ca , 25 a 28 de A g o st o 20 0 8 , S a l v a d or - B a h i a Tabela 1 – Características dos eletrodos testados para utilização fora d’água (ESAB, 2005). 2. PROCEDIMENTOS Os experimentos foram realizados em um aquário, sob lâmina d’água, 0,5m, à temperatura ambiente, utilizando água potável e um dispositivo de soldagem por gravidade desenvolvido para soldagem nas posições plana e vertical descendente. A disposição do dispositivo permite variar alguns ângulos e obter diferentes condições de soldagem. Um desenho esquemático do dispositivo é mostrado na Fig. 3. Figura 3. Representação esquemática do dispositivo de soldagem por gravidade, na posição plana (a) e na posição vertical (b). Foram utilizados três eletrodos comerciais, E6013, E7018 e E7024 de 3,25mm de diâmetro e 350mm de comprimento. Os cordões de solda foram feitos sobre chapa, utilizando chapas de aço A36, com 12,7mm de espessura, 100,0mm de largura e 250,0mm de comprimento. Utilizou-se polaridade inversa do eletrodo, DCEP, pois, conforme estudo anterior (Pessoa, 2004), assim produz-se melhores resultados. Os valores de corrente utilizados nos experimentos, assim como os ângulos usados no mecanismo de soldagem por gravidade, foram definidos a partir de testes anteriores, e são apresentados na Tab. 2. Os cordões produzidos foram fotografados, e dentre os três, selecionou-se o que apresentou a melhor aparência visual para ser feita a macrografia ao longo de seu comprimento. Em cada cordão selecionado, fizeram-se três cortes na seção transversal, no início, no meio e no fim, para se obter as amostras a serem analisadas, conforme a Fig. 4. Os corpos de prova foram devidamente preparados e atacados com Nital 2% para fazer-se a análise macrográfica, utilizando um aumento de 1,5. Foi feita a análise morfológica dos cordões, através de um programa computacional chamado Quanticov (Pinto, 1996), dimensionando o reforço, a penetração, a largura e a área do cordão, conforme a Fig. 5. Após a análise da morfologia do cordão, a amostra do meio do cordão (Fig. 4) foi preparada para a análise micrográfica e foi fotografada com aumento de 200x, 500x e 1000x. Os ensaios de microdureza foram realizados nas mesmas amostras conforme a norma brasileira 6672. BASE G U I A ELETRODO α β γ P A R E D E GUIA ELETRODO α β γ BASE (b) TodasPlana e HorizontalTodasPOSIÇÃO DE SOLDAGEM BaixoElevadoElevadoTEOR HIDROGÊNIO DIFUSÍVEL BaixoAltaAlta SUSCEPTIBILIDADE À TRINCA PELO HIDROGÊNIO AltaAltaAltaRESISTÊNCIA À TRAÇÃO AltaReduzidaAltaTENACIDADE DO METAL DE SOLDA BaixaBaixaBaixaRESISTÊNCIA ÀFISSURAÇÃO À QUENTE MédiaBaixaMédia ou BaixaPENETRAÇÃO BomBomBomASPECTODO CORDÃO CC+ ou CACC ou CACC ou CATIPO DE CORRENTE FácilFácilFácilABERTURA DE ARCO Exige maiores cuidados - revestimento mais higroscópio FácilFácilMANIPULAÇÃO Fluida / Fácil destacabilidade Abundante / Mais fluida / Fácil destacabilidade Abundante / Densa / Fácil destacabilidade / Rápida solidificação ESCÓRIA Carbonato de Cácio (CaCO3) Rutila + Pó de Ferro(alta taxa de deposição) Rutila (TiO2)PRINCIPAL ELEMENTO E7018E7024E6013CARACTERÍSTICAS ELETRODOS TodasPlana e HorizontalTodasPOSIÇÃO DE SOLDAGEM BaixoElevadoElevadoTEOR HIDROGÊNIO DIFUSÍVEL BaixoAltaAlta SUSCEPTIBILIDADE À TRINCA PELO HIDROGÊNIO AltaAltaAltaRESISTÊNCIA À TRAÇÃO AltaReduzidaAltaTENACIDADE DO METAL DE SOLDA BaixaBaixaBaixaRESISTÊNCIA ÀFISSURAÇÃO À QUENTE MédiaBaixaMédia ou BaixaPENETRAÇÃO BomBomBomASPECTODO CORDÃO CC+ ou CACC ou CACC ou CATIPO DE CORRENTE FácilFácilFácilABERTURA DE ARCO Exige maiores cuidados - revestimento mais higroscópio FácilFácilMANIPULAÇÃO Fluida / Fácil destacabilidade Abundante / Mais fluida / Fácil destacabilidade Abundante / Densa / Fácil destacabilidade / Rápida solidificação ESCÓRIA Carbonato de Cácio (CaCO3) Rutila + Pó de Ferro(alta taxa de deposição) Rutila (TiO2)PRINCIPAL ELEMENTO E7018E7024E6013CARACTERÍSTICAS ELETRODOS V C o n gr es s o N a c i o na l de En g e n h ar i a M ec â n i ca , 25 a 28 de A g o st o 20 0 8 , S a l v a d or - B a h i a Tabela 2. Valores de ângulos e corrente usados para a soldagem. Posição Eletrodo Corrente (A) Ângulo E6013 E7018 Plana E7024 140 α = 90° β = 40° γ = 50° E6013 E7018 Vertical E7024 134 α = 40° β = 65° γ = 55° Figura 4. Metodologia para retirada das amostras nos testes (Bracarense, 2006). Figura 5. Morfologia do cordão de solda. 3. RESULTADOS E DISCUSSÕES Para cada cordão de solda foram analisadas três seções distintas, sendo o resultado apresentado como a média dos valores obtidos. Os gráficos da Fig. 6 mostram os valores médios das grandezas e a diferença percentual entre os valores obtidos na posição plana e vertical. Em geral, e como esperado, todos os cordões apresentaram as maiores dimensões na posição plana, com exceção do reforço para o eletrodo E6013, que foi pouco maior na posição vertical, porém com uma diferença insignificante de 3%. A área dos cordões feitos na vertical é menor do que os feitos na posição plana. Isso pode ser associado ao material que é perdido durante o processo de soldagem. Na posição vertical, a poça de fusão tende a escorrer por ação da gravidade, perdendo assim muito material comparado com a posição plana. Para o eletrodo E6013 essa diferença é pequena, próxima de 12%, já para o E7018 é de 44% e para o E7024 de 52%. Isso ocorreu devido à grande diminuição da taxa de deposição dos eletrodos, E7024 e E7018, na posição vertical. A diferença entre as dimensões obtidas na plana e na vertical tende a ser menor para o eletrodo E6013, com exceção da largura do cordão, a qual foi de 16%, o que não é muito significativo, comparado com as diferenças apresentadas pelos outros eletrodos. Por outro lado, para os eletrodos E7018 e E7024 essa diferença tende a ser muito maior, chegando a 41% para o E7018, na penetração, e a 57% para o E7024, no reforço. Na posição plana, o E7024, produziu um cordão com a maior largura, maior reforço e maior área, porém menor penetração dentre todos os eletrodos. Esse resultado pode ser explicado pela maior quantidade de pó de ferro no revestimento do eletrodo, que faz com que ele apresente maior fluidez da escória formada, fazendo com que a penetração seja menor, uma vez que a escória tende a se espalhar sobreo cordão, diminuindo a força sobre o mesmo. O E6013 produziu um cordão com a menor largura, menor reforço e menor área, porém com a maior penetração. O que pode ser explicado devido à maior densidade da escória desse eletrodo. Com o E7018, o cordão apresentou valores medianos em todos os parâmetros, o que pode ser um indício de uma escória com fluidez intermediária comparada com a dos outros eletrodos. Na posição vertical, o cordão produzido com o E6013 teve o maior reforço, a maior penetração e a maior área, porém a menor largura. Já era esperado que apresentasse a menor largura, tal como na posição plana. Com relação aos outros parâmetros serem maiores, isso é porque esse eletrodo é indicado para essa posição de soldagem. Largura Reforço Penetração Cordão de Solda Largura Reforço Penetração Largura Reforço Penetração Cordão de Solda V C o n gr es s o N a c i o na l de En g e n h ar i a M ec â n i ca , 25 a 28 de A g o st o 20 0 8 , S a l v a d or - B a h i a Figura 6. Valores da morfologia do cordão de solda. (a) largura, (b) penetração, (c) reforço, (d) área. O E7024 produziu um cordão com a maior largura, porém com o menor reforço e menor penetração. Isso ocorreu, pois esse eletrodo não é indicado para essa posição de soldagem devido à elevada concentração de pó de ferro no revestimento, aproximadamente 39%, fazendo com que a poça de fusão seja pesada tendendo a escorrer durante a soldagem. Esse fato já era esperado, porém o eletrodo E7024 foi testado na posição vertical sob a hipótese de que, com o ambiente molhado e, consequentemente, maior taxa de resfriamento, a poça de fusão se solidificasse mais rapidamente, não perdendo assim muito material. O cordão produzido com e E7018 apresentou valores medianos de largura, reforço e penetração e apresentou a menor área. Mesmo sendo indicado para essa posição de soldagem, esse eletrodo também possui uma considerável concentração de pó de ferro, próximo de 27%, fazendo com que a poça também seja mais pesada. Porém, ele foi testado pelo mesmo motivo do E7024. Os resultados de microdureza estão mostrados na Fig. 7, com a média das seis medições feitas por região da amostra (Metal Base, Zona Termicamente Afetada - ZTA e Zona Fundida - ZF). A dureza do metal base é praticamente igual para todas as amostras, uma vez que o material soldado é o mesmo. Considerando a região da ZTA, os cordões de todos os eletrodos na posição plana apresentaram uma dureza maior do que na vertical, principalmente o E7024 e o E7018, evidenciando a formação de martensita nessa região para praticamente todos os cordões. A zona fundida também apresentou valores indicativos de formação de martensita, principalmente para os eletrodos E7018 tanto na posição plana quanto na vertical. Os cordões dos eletrodos E7018 e E7024 apresentaram uma maior dureza na posição plana do que na vertical, ao contrário do cordão do E6013. As micrografias mostradas nas Figuras 8 e 9 evidenciam essas diferenças observadas nas medições de dureza. Observa-se nas fotos da Fig. 8, que ocorreu epitaxia na linha de fusão nos três cordões. A linha de fusão do cordão formado pelo E7018 é mais espessa do que dos outros cordões. Isso está ligado à maior formação de oxigênio na poça de fusão do E7018, criando uma zona pastosa na região da linha de fusão (Kou, 1987). Vê-se também que, próximo à linha de fusão, os grãos formados pelo E7018 são grãos mais grossos e pelo E7024 são grãos mais finos, o que explica a maior dureza do cordão do E7024 em relação ao do E7018. Existem mais inclusões no metal de solda do E7024, enquanto que nas soldas dos outros eletrodos há menos inclusões. No meio do cordão, o tamanho dos grãos e as inclusões se mantiveram praticamente os mesmos do que na linha de fusão. No topo dos cordões os grãos do cordão de solda do E7018 diminuíram, explicando o fato de que a dureza desse cordão ser maior do que a dos outros, enquanto que do E6013 e E7024 mantiveram-se do mesmo tamanho em relação ao meio. O cordão do E6013 apresentou, no topo, maior número de inclusões. Tais inclusões apresentaram maiores tamanhos do que no meio e no inicio do cordão. 1,9 2,0 1,4 3,2 2,5 1,7 -3% 57% 33% 0 1 2 3 4 6013 7018 7024 Eletrodos Re fo rç o (m m ) -10% 0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% Di fe re nç a (% ) 2,6 2,2 2,0 2,6 1,3 0,9 3% 53% 41% 0 1 2 3 6013 7018 7024 Eletrodos P en et ra çã o (m m ) 0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% Di fe re nç a (% ) b 22,3 14,7 16,6 35,0 26,3 19,7 12% 52%44% 0 5 10 15 20 25 30 35 40 6013 7018 7024 Eletrodos Ár ea (m m ²) 0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% Di fe re nç a (% ) d 7,6 9,0 10,9 10,7 6,4 7,6 1% 15%16% 0 2 4 6 8 10 12 6013 7018 7024 Eletrodos La rg ur a (m m ) 0% 2% 4% 6% 8% 10% 12% 14% 16% 18% Di fe re nç a (% ) a c Legenda: V C o n gr es s o N a c i o na l de En g e n h ar i a M ec â n i ca , 25 a 28 de A g o st o 20 0 8 , S a l v a d or - B a h i a 0 50 100 150 200 250 300 350 400 450 500 Metal Base ZTA ZF M ic ro du re za H V 0, 3 6013 vertical 7018 vertical 7024 vertical 6013 plana 7018 plana 7024 plana Figura 7. Resultados de Microdureza Figura 8. Micrografia dos cordões de solda na posição plana. Aumento de 200x. Observa-se nas fotos da Fig. 9 que no cordão do E7024 não ocorreu epitaxia, enquanto que nos outros ocorreu normalmente. Na região da linha de fusão, o cordão do E7018 apresentou grãos grossos, enquanto que do E7024 os grãos foram medianos e do E6013 apresentou grãos mais finos. Verifica-se pouca inclusão nessa região. Na região do meio do cordão a relação de tamanho dos grãos permaneceu igual à da linha de fusão, porém aumentou a quantidade de inclusões, principalmente no E6013 e E7024. No topo, o E7018 e E7024 apresentam grãos mais finos do que no meio, e os três apresentam menos inclusões. E6013 – Topo E7018 – Topo E7024 – Topo E6013 – L.F. E7018 – L.F. E7024 – L.F. E6013 – Meio E7018 – Meio E7024 – Meio V C o n gr es s o N a c i o na l de En g e n h ar i a M ec â n i ca , 25 a 28 de A g o st o 20 0 8 , S a l v a d or - B a h i a Figura 9. Micrografia dos cordões de solda na posição vertical. Aumento de 200x. Tomando como comparação as fotos das Figuras 8 e 9, vê-se que, somente para o eletrodo E6013, ao contrário do esperado, os grãos tendem a ser mais grossos na posição plana, explicando o fato de a dureza ser menor nessa posição. Isso levanta a hipótese de que os gases gerados por esse eletrodo são insuficientes para diminuir a taxa de resfriamento na posição vertical. Sendo assim, a taxa de resfriamento, para esse eletrodo, é maior na vertical do que na plana. Há mais inclusões, tanto na região da linha de fusão como no meio do cordão, na posição vertical, onde a linha de fusão é mais espessa. Para o eletrodo E7018, a espessura da linha de fusão e os grãos tendem a ser ligeiramente mais grossos na vertical, há mais inclusões na posição plana. Para o eletrodo E7024, os grãos são mais grossos na vertical, há mais inclusões na plana e a espessura da linha de fusão é próxima nas duas posições. Nota-se que a microestrutura dos cordões é constituída, nas duas posições, basicamente por martensita (M), bainita (B) superior não alinhada e ferritas primárias no contorno do grão (PF(G)) e no interior do grão (PF(I)), como descrito na literatura (Liu et al 1994) e mostrado nas Fig.’s 10 e 11. Figura 10.Micrografia dos cordões de solda feitos na posição plana. Aumento de 500x. E6013 – L.F. E7018 – L.F. E7024 – L.F. E6013 – Meio E7018 – Meio E7024 – Meio E6013 – Topo E7018 – Topo E7024 – Topo 6013 7018 7024 PF(I) FS(A) M B PF(I) FS(A) M B PF(G) B PF(I) FS(A) M PF(G) B PF(I) FS(A) M PF(G) PF(I) FS(A) B M PF(G) PF(I) FS(A) B PF(G) PF(I) FS(A) B M V C o n gr es s o N a c i o na l de En g e n h ar i a M ec â n i ca , 25 a 28 de A g o st o 20 0 8 , S a l v a d or - B a h i a Figura 11. Micrografia dos cordões de solda feitos na posição vertical. Aumento de 500x. Alguns cordões apresentaram em suas microestruturas alguns pontos de ferrita acicular (AF), como mostrado na Fig. 12, justificando o fato de a dureza desses cordões serem as maiores apresentadas na Fig. 7. Figura 12. Micrografias dos cordões que apresentaram Ferrita Acicular (AF). Aumento de 1000x. Na posição plana, alguns cordões de solda dos eletrodos E7018 e E7024 apresentaram trincas induzidas pelo hidrogênio na ZTA, fato justificado pela elevada dureza na ZTA desses cordões, e alguns cordões do eletrodo E7018 apresentaram trincas de solidificação no meio do cordão, como mostrado na Fig. 13. Na vertical não foi observado trincas nos cordões e nem na ZTA. Figura 13. Trincas apresentadas nos cordões de solda. AF AF AF AF 7018 - Plana - LF AF AF AF AF AF AF 7024 - Plana - LF AFAF 7018 - Plana - Topo AFAF 7024 - Plana - Topo 6013 7018 7024 PF(G) FS(A) PF(I) B M PF(G) FS(A) PF(I) B PF(G) FS(A) PF(I) B M PF(G) FS(A) B PF(I) M PF(G) FS(A) B PF(I) PF(G) FS(A) B PF(I) M B PF(G) FS(A) PF(I) M B PF(G) FS(A) PF(I)B PF(G) FS(A) PF(I) M 7018 – plana - LF Aumento: 200x 7024 – plana - LF Aumento: 200x 7018 – plana - meio Aumento: 1000x V C o n gr es s o N a c i o na l de En g e n h ar i a M ec â n i ca , 25 a 28 de A g o st o 20 0 8 , S a l v a d or - B a h i a 4. CONCLUSÕES Tendo como base os estudos realizados é possível concluir que: 1 – O eletrodo E6013 apresentou resultados próximos quanto à geometria do cordão de solda e à microestrutura, o que indica que os parâmetros e resultados obtidos na posição plana de soldagem molhada podem ser aplicados à posição vertical descendente de soldagem molhada. O mesmo não pode ser estendido quanto à dureza, pois os resultados foram diferentes. 2 – Os eletrodos E7018 e E7024 apresentaram diferenças significativas, principalmente em relação à geometria do cordão de solda, que indicam que os resultados obtidos na posição plana de soldagem molhada não se aplicam à posição vertical descendente de soldagem molhada. 5. REFERÊNCIAS Bracarense, A. Q., Pessoa, E. C. P, Liu, S., Guerrero, F. P., 2006, Vertical Down Wet Welding in Fresh Water. Christensen, N.,1983, The Metallurgy of MMA Hyperbaric Welding, SINTEF report N°. STF31 F83032, Trondheim. ESAB, 2005, ”Eletrodos Revestidos OK”, Brasil, 66p. Ibarra, S., Grupps, C. E., Liu, S., 1994, State-of-the-Art and Practice of Underwater Wet Welding of Steel, Proceedings: International Workshop on Underwater Welding of Marine Structures. New Orleans, Lousiana. Pp49-67. Ibarra, S., Grupps, C. E., Olson, D. L., 1995, Metallurgical aspects of underwater welding. Journal of Metals. Vol. 40, no. 12, pp. 8-10. 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V CONGRESSO NACIONAL DE ENGENHARIA MECÂNICA V NATIONAL CONGRESS OF MECHANICAL ENGINEERING 18 a 22 de agosto de 2008 – Salvador – Bahia - Brasil August 25 – 28, 2008 - Salvador – Bahia – Brazil COMPARISON BETWEEN UNDERWATER WET WELDING IN VERTICAL POSITION AND FLAT POSITION Andrade, Luciano Geraldo Damasceno, lgdandrade@yahoo.com.br1 Silva, Weslley Carlos Dias da, weslleycds@yahoo.com.br1 Pessoa, Ezequiel Caires Pereira, ecpp76@gmail.com2 Bracarense, Alexandre Queiroz, bracarense@ufmg.br1 1Universidade Federal de Minas Gerais, UFMG, Avenida Antônio Carlos, 6627, Pampulha, BH, MG. 2Centro Federal de Educação Tecnológica, CEFET, Av. Michael Pereira de Souza, nº 3007, Bairro Campinho, Congonhas, MG. Abstract: Shield Metal Arc Welding (SMAW) is used in underwater wet welding (UWW) repair of aging offshore platforms and power plants. In actual UWW repairs, most of the welds are deposited out-of-position with only small sections of the whole weld being deposited in flat or overhead positions. It is currently known that welding vertical- down is likely better than vertical-up in producing acceptable wet welds. Because of its simplicity, most of the experimental work in wet welding has been carried out in the flat position. Therefore, there is a need to investigate out- of-position wet welding so that actual problems or difficulties associated with welding position can be identified and measures to correct the problems determined. This paper presents the microstructure, hardness and morphology results of bead on plate deposited in shallow water with E6013, E7018 and E7024 commercial type electrodes with 3.25mm rod diameter in vertical down welding. The results were compared with flat position welds. Bead-on-plate (BOP) welds were deposited on A-36 steel plates at shallow water (1 atm pressure) using a gravity feeding system, especially developed to both positions (flat andvertical), put inside aquarium tank filledwith fresh water. Several tests were carried out in order to select the best welding parameters (current, voltage, travel speed and electrode angle) and understand their influence on the process. The welds produced were analyzed thought weld bead microstructure, hardness and morphology. The results show that, only E6013 electrode, as morphology aspect, the underwater wet welding in flat position results can be applied or extended to underwater wet welding in vertical position. The E6013 electrode presented similar results in both positions. The E7018 and E7024 electrodes presented different results. Keywords: Underwater Wet Welding, Shielded Metal Arc Welding (SMAW), Out-of-Position Welding, Commercial Electrodes and Fresh Water.
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