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Soldagem por Eletroescória (ESW) e Eletrogás (EGW) Welding by Electroslag and Electrogas Tecnologia dos Processos de Soldagem e Corte - IV Professor : Waldir Weg Eric Couto Martins RA: 14110004 Edilberto Meira RA: 13210284 Sumário Parte 1 - Eletroescória Introdução..................................................................................................................04 Origem do processo..................................................................................................04 Características gerais do processo............................................................................04 Equipamento.............................................................................................................05 Consumíveis..............................................................................................................06 Variáveis do processo...............................................................................................07 Aplicações................................................................................................................10 Materiais soldáveis por eletroescória.......................................................................11 Projeto das juntas.....................................................................................................11 Tabela 01 – Defeitos na soldagem............................................................................12 Qualidade das juntas.................................................................................................13 Parte 2 – Eletrogás Introdução.................................................................................................................15 Características do processo.......................................................................................15 Equipamento.............................................................................................................15 Consumíveis...............................................................................................................16 Técnicas operacionais................................................................................................16 Aplicações..................................................................................................................17 Descontinuidades......................................................................................................17 Características dos processos ESW e EGW................................................................18 Vantagens em comum nos processos ESW e EGW...................................................20 Limitações em comum nos processos ESW e EGW..................................................20 Referências bibliográficas..........................................................................................21 Parte 01 – Eletroescória Introdução Denomina-se eletroescória o processo de soldagem no qual a fusão do eletrodo de consumo e da superfície das partes a serem soldadas é promovida pelo calor de uma escória (ou fundente), mantida a alta temperatura (aproximadamente 1700ºC). O banho de escória sobrenada e protege a poça de fusão da contaminação atmosférica; todo o conjunto fica contido no espaço formado pelas superfícies da junta e as sapatas de resfriamento, convenientemente posicionadas, e que se deslocam verticalmente á medida que a soldagem progride, conforme ilustrado na figura 6.1. O equilíbrio do sistema é promovido pela temperatura do banho de escoria, que é aquecido pela passagem da corrente de soldagem através da escoria, ou seja, por efeito Joule. Origem do processo Os fundamentos do processo de eletroescória já eram conhecidos por volta do ano de 1900, mas só a partir de 1950 o processo de soldagem propriamente dito foi desenvolvido no Instituto de Soldagem Elétrica E.O.. Paton em Kiev, na URSS. Quase simultaneamente, em outro instituto de pesquisa, na Checoslováquia, o instituto Bratislava, também anunciava a homologação de um processo de soldagem capaz de executar soldas verticais por meio de um único passe. Foi neste ultimo instituto que engenheiros belgas conseguiram absorver as técnicas do processo e as divulgaram ao mundo ocidental, por volta de 1960. Características gerais do processo O princípio físico do processo de eletroescória baseia-se no resfriamento controlado da poça de fusão, conforme esquematizado na Figura 01 abaixo: Figura 01 – Esquema de funcionamento do processo de eletroescória Deve-se ressaltar que a função principal da escoria é transformar a energia elétrica em energia térmica, portanto a condutibilidade elétrica e sua variação com a temperatura constitui a propriedade mais importante da escória. Em geral a condutibilidade elétrica das escórias normalmente conhecidas aumentam abruptamente com a elevação da temperatura mas, da mesma maneira, diminuem sensivelmente quando ela se esfria abaixo de um certo valor. Equipamento O equipamento utilizado no processo de soldagem por eletroescória está ilustrado conforme Figura 02 abaixo: Fonte de energia: Utiliza-se geralmente transformadores-retificadores de tensão constante, capazes de fornecer 750 a 1000 A em corrente continua, com 100% de fator de trabalho (ou de carga). Dispositivo para oscilação do eletrodo: Se faz necessário sempre que a espessura da chapa for maior que 70 mm ou que a largura de soldagem que cabe a cada eletrodo ultrapassar este valor. A finalidade deste dispositivo é garantir uma deposição uniforme ao longo de todo o percurso. Sapatas moveis de resfriamento : A função destas sapatas é a de delimitar o banho de escoria e a poça de fusão e proporcionar o resfriamento da zona de solda durante a execução da soldagem. Na soldagem por eletroescória convencional, as sapatas se movem através de mecanismos adequados ao longo do cordão de solda. No processo que utiliza tubo guia consumível as sapatas são estacionarias. Cabeçote: É o equipamento que compreende o mecanismo de alimentação do eletrodo, os tubos guias, as ligações elétricas e o sistema de oscilação dos eletrodos, quando for o caso. Consumíveis Tubo-guia do eletrodo: Sua função é dirigir o eletrodo das roldanas motoras á poça de fusão; dele existem dois tipos o usado no processo convencional e o chamado tubo-guia consumível. O tubo guia convencional é fabricado de ligas de Cu-Be, sendo este último elemento adicionado para aumentar a resistência do tubo em altas temperaturas. O tubo guia serve também como contato elétrico para o eletrodo e ele é envolto por uma fita de material isolante para prevenir o curto-circuito com a obra. O diâmetro do tubo guia geralmente não excede os 13 mm. O tubo guia consumível tem também a finalidade de dirigir o eletrodo á poça de fusão, mas com a diferença de que ele é fundido á medida que o processo de soldagem progride. Neste método o tubo é colocado na vertical, ao longo de toda extensão da junta soldada. Por se tratar de um tubo consumível o tubo deve ser fabricado com um aço de composição química compatível com o metal de base que será soldado. Arames: Pode-se utilizar arames sólidos ou arames tubulares; sendo viável a utilização de arames tubulares Metal Cored (enchimento interno metálico) que aumentam ainda mais a taxa de deposição. Fluxo: A composição do fluxo também é importante, visto que ele determina a boa operação do processo. Os fluxos podem ser feitos de vários materiais tais como óxidos complexos de silício, manganês, titânio, cálcio, magnésio e alumínio. As características especiais desejadaspara a solda são alcançadas pela mudança ou variação da composição do fluxo. As funções normais dos fluxos são: • Condução da corrente de soldagem • Fornecimento de calor para fundir o eletrodo e o metal da base, • Possibilita uma operação estável. • Proteção do metal fundido da atmosfera. É necessária apenas uma pequena quantidade de fluxo para a soldagem. Um banho de escória de 40 a 50 mm de profundidade é usualmente requerido de maneira que o eletrodo consiga permanecer no banho e fundir-se debaixo da superfície. Variáveis do processo Todas a variáveis devem ser selecionadas de modo que se tenha um processo estável, com penetração adequada, fusão completa e ausência de fissuras. Para algumas varias do processo devem ser consideradas: Fator de forma: Esta variável, que dá a ideia do formato da poça de fusão da soldagem por eletroescoria, é definido como a razão entre a largura total da poça (abertura de raiz mais a profundidade da penetração em ambos os lados do metal de base) e sua máxima profundidade (considerando somente o metal em fusão). Na figura abaixo está uma macrografia de duas juntas soldadas por eletroescoria, onde a tensão teve influencia direta no fator de forma: Fator de forma=110/15= 7,33 Fator de forma=76/25= 3,04 Corrente de soldagem: A corrente de soldagem e a taxa de alimentação de eletrodo podem ser tratadas como uma só variável, porque uma varia em função da outra. Se a velocidade de alimentação do eletrodo é aumentada, a corrente de soldagem e a taxa de deposição são também aumentadas. Como a Figura 03 – Tensão de soldagem 48V Figura 04 – Tensão de soldagem 32V corrente de soldagem é aumentada, a profundidade da poça de fusão também é aumentada. Tensão de soldagem: A tensão de soldagem é outra variável que precisa ser levada em consideração. A tensão tem efeito maior na profundidade de fusão no metal de base e também na estabilidade de operação do processo. Oscilação do eletrodo: Este movimento é necessário para garantir a deposição uniforme do metal de adição na poça de fusão. Em geral, utiliza-se um eletrodo estático para cada trecho de 75 mm de espessura do metal base, mas recomenda-se que a oscilação seja efetuada desde de que a espessura exceda os 50 mm. Profundida do banho de escória: É necessário ter adequada profundidade para que o eletrodo se funda no interior do banho. Escórias pouco profundas causaram excessivos respingos e centelhamento na superfície do banho, tornando o processo instável e aumentando a possibilidade de um possível defeito no cordão de solda. Número de eletrodos: Como foi visto, é conveniente utilizar um eletrodo oscilante quando a espessura for maior que 50 mm, mas por outro lado esta oscilação não pode ser ilimitada, pois para espessuras maiores por mais rápido que seja a oscilação a fusão pode não ser uniforme, sendo assim utiliza-se mais de um eletrodo durante o processo. Abertura da raiz: Dependo da espessura do metal de base, do número total de eletrodos e da utilização ou não do mecanismo de oscilação, a abertura da raiz varia de 20 a 40 mm. Ela deve permitir o movimento livre do eletrodo e garantir a boa circulação da escória. A abertura final da raiz é geralmente maior que no inicio, para compensar a contração que ocorre durante a soldagem. Normalmente esta diferença não excede 6 mm. Velocidade de alimentação do eletrodo: Esta variável afeta as profundidades tanto do banho de escoria como da poça de fusão e ainda a largura total da solda. Como estas duas ultimas grandezas estão relacionadas ao fator de forma, seu controle se torna muito importante, tendo em vista a qualidade da junta. Preparação das chapas: As chapas devem ser alinhadas e fixadas firmemente. A primeira parte do cordão de solda, entre 3 e 8cm, é feita sob escória não totalmente fundida, o que mostra uma penetração baixa demais; por essa razão, coloca-se abaixo do cordão uma peça de acesso, com mais de 100 mm de dimensão, evitando-se assim qualquer problema no metal de base. Aplicações Por se tratar de um processo altamente produtivo é muito utilizado em todas as industrias nos últimos anos nos países desenvolvidos, como Figura 05 – Esquemático de uma junta Figura 06 – Chapas apêndice inicial e final consequência de várias experiências realizadas e do reconhecimento de sua economia. Os equipamentos tem sido constantemente aperfeiçoados e o processo já foi homologado através de varias normas e classificações. Abaixo algumas das principais aplicações do processo de eletroescoria: Estruturas: Alta velocidade de deposição, o baixo indice de defeitos, a automatização do processo e sua economicidade, são fatores que tornam o processo bastante utilizado na soldagem de estruturas. Na soldagem de peças pesadas sua utilização se torna extremamente vantajosa. Assim a soldagem de flanges e de juntas de transição de grandes espessuras são comumente executadas por este processo. Maquinaria: Prensas e maquinas ferramentas de grandes dimensões, utilizam a soldagem por eletroescoria na fabricação de varias partes. Vasos de pressão: Destinadas as industrias petroquímicas e marítimas, geração de energia etc, com espessuras que variam entre 13 a 400 mm. Em 1965, o processo foi aceito pelo ASME CODE, e desde de então sua utilização na fabricação de vasos de pressão tem sido intensificada. Indústria naval e oceânica: É um processo muito utilizado na montagem de e edificação de navios e estruturas oceânicas. As uniões verticais são executadas rápida e economicamente. Peças fundidas: Peças de geometria complexas são atualmente fabricadas por este processo. Dividindo-as em diversas seções menores e depois soldando-as por eletroescoria. Matérias soldáveis por eletroescoria Os matérias soldáveis por este processo incluem vários tipos de aço- carbono: AISI 1020 E 1045, ASTM A-36, A-441 e A-515, os quais normalmente são soldados sem pós-aquecimento. Além desses, vários tipos de aços-liga, incluindo inoxidáveis, são soldáveis por este processo. Dentre eles estão incluídos os AISI 4130 e 8620, ASTM A 302, HY-80, aços inoxidáveis austeníticos, ferro fundido etc. A maioria destes matérias devem ser soldados com eletrodos especiais, e um tratamento de pós-aquecimento para o refino dos grãos deve ser feito, tendo em vista que, por se tratar de um processo com alto aporte térmico a granulação formada na ZAC é grosseira. A classificação AWS A5.25 classifica os eletrodos e fluxos empregados no processo. Projeto das juntas Existe uma configuração básica de junta no processo de soldagem por eletro escória: ela consiste na junta de topo, com seção quadrada ou retangular. A partir dela existem outros tipos de configurações, através da utilização de sapatas e moldes especiais, conforme mostra a figura 06 abaixo: Figura 07 – Configuração de juntas soldadaveis por eletroescória Descontinuidades induzidas pelo processo Soldas feitas com o processo de soldagem eletroescória sob condições de operação adequadas são de alta qualidade e livres de descontinuidades. Descontinuidades podem aparecer, porém, se não for seguido um procedimento de soldagem adequado. Algumas descontinuidades que podem resultar deste processo são: Falta de Fusão - Soldas de chapas espessas, nas quais o calor é distribuído por oscilação do eletrodo, podem apresentar falta de fusão na parte central ou perto das sapatas. O efeito de resfriamento das sapatas pode impedir a fusão do metal de base próximo à superfície em que a sapata está apoiada. A indicação resultante assemelha-se com uma mordedura. Podem ocorrer também num início de soldagemcom temperatura abaixo da necessária. Inclusões - São incomuns, mas podem acontecer. É o caso de pedaços de arame introduzidos na poça de maneira muita rápida pela unidade de alimentação de arame e que não se fundem. Também têm sido encontradas na zona fundida, varetas e até mesmo partes do equipamento de soldagem como, por exemplo, a extremidade do guia tubular de eletrodo. Inclusões de Escória - Podem ocorrer se a solda for quase interrompida e reiniciada. O processo de soldagem exige uma poça de escória aquecida a aproximadamente 1.700°C. Um reinício de soldagem inadequado pode não fundir perfeitamente o metal, resultando em escória na solda. Sobreposição - Pode ocorrer se as sapatas não forem bem ajustadas às chapas, permitindo o vazamento de material fundido. Porosidade - Quando ocorre, é grosseira e do tipo vermiforme, podendo ser causada por pedaço de abesto úmido utilizado como vedação entre a sapata de retenção e a peça a ser soldada, fluxo contaminado ou úmido, eletrodo, tubo guia ou material para início de soldagem úmido. Trinca Interlamelar - Não tem sido observada na soldagem eletroescória de juntas de topo porque não se registram tensões no sentido da espessura das chapas do metal de base. Trincas - Trincas a frio não são encontradas na soldagem eletroescória. Isso é devido ao lento processo de aquecimento e resfriamento da junta, inerente ao processo. Já as trincas a quente são comuns na soldagem eletroescória, principalmente no caso de soldas com alto grau de restrição, devido à granulação grosseira da junta soldada. Essas trincas propagam-se ao longo dos contornos de grãos. Dupla Laminação - Não se constituem em grandes inconvenientes para a soldagem eletroescória. A escória fundida atrai para fora qualquer inclusão existente na dupla laminação e sela a dupla laminação ao longo da solda. Analogamente, lascas e dobras são absorvidas pela soldagem eletroescória. Tabela 01 – Defeitos na soldagem por eletroecória, suas causas e meios de eliminação Localização Defeito Causas possíveis Providencias Metal de Solda Porosidade Profundidade insuficiente do banho de escória. Umidade, óleo ou carepa. Fluxo úmido ou contaminado Adicionar fluxo Secar ou limpar a obra Secar ou substituir o fluxo Tricas Velocidade de soldagem excessiva. Baixo fator de forma. Distância excessiva entre eletrodos. Diminuir a velocidade de soldagem. Reduzir a corrente; aumentar a tensão; diminuir a velocidade de oscilação Reduzir o espaçamento entre eletrodos Inclusões não metálicas Superfície rugosa do metal-base. Inclusões não metálicas Provenientes do próprio metal base Esmerilhar a parte rugosa Substituir o metal base Linha de fusão Falta de fusão Baixa tensão. Velocidade de soldagem excessiva. Profundidade excessiva do banho de escória. Desalinhamento do eletrodo ou tubo guias. Tempo de parada insuficiente nos fins de curso. Velocidade de oscilação excessiva entre eletrodo e sapata de resfriamento. Distância excessiva entre eletrodos Aumentar a tensão Reduzir a velocidade de alimentação do eletrodo Reduzir adição de fluxo Realinhar os eletrodos ou tubos guias Aumentar o tempo de parada Reduzir a velocidade de oscilação Aumentar o campo de oscilação Ou adicionar outro eletrodo Diminuir o espaço entre eletrodos Linhas de fusão Mordeduras Baixa velocidade de soldagem. Tensão excessiva. Excessivo tempo de parada nos fins de curso Resfriamento inadequado das sapatas. Projeto inadequado das sapatas. Ajuste inadequado das sapatas. Aumentar a velocidade de Alimentação do eletrodo Diminuir a tensão de soldagem Aumentar os tempos de parada Aumentar a vazão de água de Resfriamento ou a área das sapatas Reprojetar as sapatas Melhorar o ajustes; selar folgas por meio de cimento refratário ou asbestos Zona afetada pelo calor Trincas Alto grau de vinculação. Material sensível ao fissuramento. Inclusões excessivas no metal base Modificar a vinculação Determinar a causa das trincas Utilizar chapas de qualidade superior Qualidade das Juntas As juntas soldadas por eletroescória são de alta qualidade e apresentam índices muito baixos de imperfeições e descontinuidade. Entretanto, condições anormais de soldagem podem eventualmente ocorrer durante a operação, muitas vezes fora do controle do operador. A soldagem por eletroescória dispensa o preaquecimento para garantir a qualidade da junta soldada, pois o processo por si só já conta com preaquecimento natural. Da mesma forma a maioria das estruturas soldadas por este processo dispensam o tratamento térmico após soldagem, exceto quando se deseja garantir a perfeita sanidade da junta, é que se utiliza de tratamentos para normalizar a estrutura metalúrgica da ZAC, seja para promover um alivio de tensões efetivo em toda a estrutura. Parte 02 – Eletrogás Introdução O processo eletrogás foi desenvolvido em 1961, a partir do processo eletroescória, para a soldagem de peças mais finas em passe único na posição vertical. Antes do desenvolvimento desta técnica tais peças eram soldadas por processos como SMAW e GMAW, desde então esse processo tem sido cada vez mais usado na indústria. A diferença fundamental entre os processos eletroescória e eletrogás consiste na utilização de um arco elétrico com proteção gasosa, ou não, utilizando eletrodo sólido ou tubular. Características do processo O processo eletrogás é baseado nos princípios do processo eletroescória, mas também contém muitas afinidades com outros processos como GMAW e FCAW. É um processo silencioso, provoca poucos respingos e de ótima qualidade e desempenho do metal de solda, elevada taxa de deposição e economicamente vantajoso, dependendo da espessura a ser soldada. Equipamentos O equipamento usado no processo eletrogás é muito similar processo eletroescória. A fonte de energia é de corrente contínua, utiliza-se correntes de 750 a 1000A a 100% e tensões na faixa de 30 a 55V. As sapatas de retenção são utilizadas para reter a poça de fusão, são feitas de cobre podendo ser usados cobre-junta estacionário, ambas se movem para cima em uma progressão ascendente ou apenas um dos lados se movimentam, são refrigeradas a água para que a poça de fusão não incorpore na sapata. Os cabeçotes alimentadores usados são como os do processo GMAW, onde a sua função é alimentar o eletrodo continuamente para suprir a poça de fusão. A pistola de soldagem eletrogás tem as mesmas funções daquelas usadas na soldagem GMAW, onde ela guia o eletrodo para a posição desejada na abertura de junta e transmite a corrente de soldagem para o eletrodo, e em alguns casos ela também fornece o gás de proteção ao redor do eletrodo e do arco. O dispositivo oscilador da tocha é usado para que a deposição de material de solda seja uniforme, esse mecanismo é usado para as espessuras maiores de 30mm. O tubo guia é feito de material de composição química semelhante ao metal de solda, sua função é direcionar o eletrodo na poça de fusão e, consequentemente, aumenta a deposição de solda. Consumíveis Eletrodos - os consumíveis são os mesmos usados nos processos GMAW e FCAW, estão dentro da especificação AWS A5.26. Os eletrodos utilizados são sólidos e tubulares, onde os tubulares podem usar proteção gasosa ou não, eletrodos tubulares auto protegidos. Os eletrodos variam os diâmetros entre 1,6 a 4mm, e os eletrodos tubulares possuem deposição superior se comparados aos eletrodos sólidos. Gás de proteção – são geralmente usados o CO2 e mistura do tipo 80% Ar e 20% CO2, usados tanto para arame solido como os tubulares. Técnicas operacionais As características técnicassão muito similares ao processo eletroescória, porém com algumas diferenças. A abertura de raiz é preparada com 17mm e só são necessárias o uso de chapas auxiliares no topo quando as peças são maiores que 25mm. Na base da chapa é usada uma chapa que serve tanto como suporte, tanto como para facilitar a abertura do arco. O stickout usado varia em função do consumível usado, por exemplo, um eletrodo sólido usa um stickout de 40mm e um arame tubular usa o stickout entre 60 e 75mm, e a vazão de gás usado para esse processo varia de 14 a 66l/m, o gás mais utilizado é o CO2. A oscilação é usada no processo para chapas com espessura maior que 30mm, as velocidades usadas são aproximadamente de 7 a 8mm/s e as paradas entre 1 e 3s. Esse processo pode soldar chapas de 10 a 100mm, embora o normal é que se solda entre 13 e 75mm, acima disso é economicamente melhor usar eletroescória. Solda somente na posição vertical progressão ascendente. Aplicações Entre as aplicações principais para esse processo estão: soldagem de cascos de navios, pontes, tanques de armazenamento, vigas, vasos de pressões. Pode soldar praticamente todos os metais que são soldados por solda ao arco elétrico sob proteção gasosa, onde os principais são: aço carbono, aços inoxidáveis. Descontinuidades As descontinuidades encontradas nesse processo são: inclusão de escória, porosidade e trincas. • Inclusão de escória – normalmente o processo é realizado num só passe, sem a necessidade de remoção de escória, a velocidade de solidificação é baixa com tempo necessário para a escória fundida flutuar até a superfície da poça de fusão. Entretanto, quando são utilizados o mecanismo de oscilação, a escória pode se solidificar perto da sapata e ser incorporada ao metal de solda sem ser refundida. • Porosidade – são causadas principalmente por falta de proteção do gás, mas também outros fatores podem contribuir para a ocorrência de porosidade como: vazamento da água de refrigeração, insuficiência de fluxo no caso de arames tubulares, contaminação do arame e má limpeza da área a ser soldada ou correntes excessivas. Quando a porosidade é encontrada, ela usualmente começa perto da margem da solda e corre em direção ao eixo de solidificação. • Trincas – como o aquecimento e o resfriamento são relativamente lentos, o risco de trincas a frio é consideravelmente baixo. A zona termicamente afetada tem uma alta resistência a fissuração a frio. As trincas mais comuns nesse processo são a quente, que se formam a altas temperaturas, junto com, ou imediatamente após, a solidificação, elas são encontradas normalmente próximas ao centro da solda. Outros problemas também podem ser encontrados como por exemplo: • A alta taxa de deposição deste processo implica em alto risco de falta de fusão. • Ocorre um superaquecimento, e consequentemente, a granulação grosseira da solda e de regiões adjacentes apresenta propriedades deficientes no que se refere a tenacidade. Torna-se necessário um tratamento térmico após a soldagem. Características dos processos ESW e EGW Revestimento : No processo ESW é possível realizar revestimentos com fitas em aço inoxidável e ligas de níquel, realizando revestimentos com excelente qualidade metalúrgica, Para tal aplicação utiliza-se os dispositivos e demais componentes do processo de soldagem arco submerso. Com o objetivo de se obter uma opção com um melhor custo-benefício à fabricação de equipamentos de grande porte inteiramente com materiais nobres resistentes à corrosão, tais como as ligas Duplex, a técnica de se depositar ligas resistentes à corrosão em pequenas espessuras (mínimo de 3,0 mm) sobre metais de base em aços carbono de baixa e média liga, vem se tornando uma excelente alternativa técnica na fabricação de vasos de pressão para trabalhar em meios corrosivos. Existem várias formas de se aplicar revestimentos internos com ligas resistentes à corrosão (CRA) as quais se destacam a técnica por explosão (ao tempo e à vácuo), por laminação à quente e por processos de soldagem (weld overlay). Dentre os vários processos de soldagem utilizados para aplicação de revestimentos metálicos sobre o metal de base em aço carbono, o processo por eletroescória (ESW), se destaca por apresentar como principais características uma alta taxa de deposição, baixo grau de diluição, baixa penetração, elevadas velocidades de soldagem, alta qualidade de deposição e a possibilidade de se realizar o revestimento com uma camada somente, que o torna um dos processos mais produtivos e atraentes para a aplicação de revestimentos. E a grande vantagem da utilização deste processo para o revestimento, é a sua baixíssima diluição, que é cerca de 3 a 10%. Figura 08 – Revestimento por eletroescória Os processos ESW e EGW exigem operação ininterrupta. Cada interrupção, por sua vez, por mais curta que seja, leva ao resfriamento do banho de escória, o que causa uma penetração insuficiente provocando descontinuidades. Por esta razão, antes de iniciar a soldagem, deve-se ter quantidade de Arame / Fita / Fluxo (gás de proteção) suficiente para todo o tempo de arco aberto. Vantagens em comum nos processos ESW e EGW • Altíssimas taxas de deposição; • Alta velocidade de soldagem; • Passe único e interrupto, sem limpeza interpasses; • Preparação do chanfro a baixo custo, por meio de oxi-corte, pois não há tolerâncias críticas a serem consideradas; • O processo lento de solidificação é favorável, do ponto de vista metalúrgico, para as reações químicas na poça de fusão. O metal depositado é bem desgaseificado e livre de poros, tampouco mostra endurecimento, conferindo alta qualidade da junta soldada; • Devido ao resfriamento lento surgem tensões próprias da solda consideravelmente mais baixas do que em soldas executadas por outros processos; • Solda com pouquíssimas distorções, o que evita trabalhos ajustes. Limitações em comum nos processos ESW e EGW • Granulação grosseira, com baixa resistência ao impacto, sendo necessário tratamento térmico posterior; • Alto custo dos dispositivos e equipamentos para soldagem; • Mão-de-obra especializada é recomendada na operação; • A soldagem só pode ser feita na posição plana com sentido vertical ascendente, e tem que ser iniciada preferencialmente a soldagem uma única vez; • Solda seções acima de 19 mm; Referências bibliográficas • B. PATON. Electric Slag Welding,American Welding Society; trade distributor: Reinhold Pub. Corp., 1962; • WAINER, Emílio. BRANDI, Sérgio Duarte. MELLO, Fábio Décourt Homem de. Soldagem:processos e metalurgia. São Paulo: Blucher, 1992; • SOLDAGEM POR ELETROESCÓRIA – CARACTERÍSTICAS http://www.infosolda.com.br/biblioteca-digital/livros-senai/processos/205- soldagem-por-eletroescoria-caracteristicas.html.
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