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Gênero Catasetum Rich. ex Kunth (ORCHIDACEAE) na área de influência da UHE Teles Pires, Mato Grosso, Brasil

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Scientific Electronic Archives: Especial Edition 
Anais do XI Encontro de Botânicos do Centro-Oeste 
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87 
 
Gênero Catasetum Rich. ex Kunth (ORCHIDACEAE) na área de influência 
da UHE Teles Pires, Mato Grosso, Brasil 
 
Gustavo Brito Bortolan
1*
, Ana Kelly Koch
1
, Adarilda Petini-Benelli
1
, Lucirene Rodrigues
1
, Célia Regina Araújo 
Soares-Lopes
1
 
 
1
Universidade do Estado de Mato Grosso – UNEMAT/AF, Centro de Biodiversidade da Amazônia Meridional 
- CEBIAM, Herbário da Amazônia Meridional – HERBAM, Alta Floresta, Mato Grosso. 
*e-mail: gustavobrito.bio@hotmail.com 
 
Resumo. O gênero Catasetum possui cerca de uma centena de espécies distribuídas no Brasil, e destas, 32 podem ser 
encontradas no Estado de Mato Grosso, tanto no Bioma Amazônia, quanto no Cerrado e Pantanal. A porção Norte de 
Mato Grosso tem sido alvo de estudos desenvolvidos por pesquisadores ligados ao HERBAM, os quais têm registrado 
novas espécies de várias famílias botânicas, principalmente de Orchidaceae. Como resultado de um desses estudos, 
realizado simultaneamente ao “Programa de Salvamento de Germoplasma Vegetal no Canteiro de Obras e Área de 
Apoio da UHE Teles Pires”, nos anos de 2011 e 2012, uma nova espécie (Catasetum telespirense, Orchidaceae) foi 
descrita e outra segue em estudo. O presente trabalho atualiza a situação do gênero na região do Rio Teles e inclui um 
novo registro de Catasetum para o estado. 
Palavras-chaves: Catasetum boyi; Catasetinae; Amazônia Mato-Grossense. 
 
Introdução 
O gênero Catasetum Rich. ex Kunth está distribuído desde o México até a porção norte da Argentina 
(Romero-González, 2009), predominantemente em áreas tropicais (Petini-Benelli, 2016). No Brasil, onde 
cerca de 95 espécies podem ser encontradas em todos os Biomas conhecidos, a maioria é de plantas 
epífitas, poucas são terrícolas. No Estado de Mato Grosso encontram-se 32 espécies (Petini-Benelli, 2016), 
das quais, C. longipes F.E.L.Miranda & K.G.Lacerda, C. rooseveltianum Hoehne e C. scchmidtianum 
F.E.L.Miranda & K.G.Lacerda são endêmicas (Petini-Benelli, 2012). Há também, quatro nototáxons, dois 
deles endêmicos da região de influência do rio Teles Pires: C. × altaflorestense Benelli & Grade (Petini-
Benelli & Grade, 2010) e C. × apolloi Benelli & Grade (Petini-Benelli & Grade, 2008). Na região onde se 
situa o rio Teles Pires, encontra-se grande riqueza da flora, principalmente, do gênero Catasetum, tendo 
sido descrita uma nova espécie para a Usina Hidrelétrica Teles Pires: Catasetum telespirense Benelli & 
Soares-Lopes (Petini-Benelli & Soares-Lopes, 2014). 
As descobertas de novas espécies na flora na região, não se restringem apenas à família Orchidaceae, 
denotando a importância da realização de estudos e pesquisas em Mato Grosso, já que o conhecimento 
sobre a riqueza existente se encontra nos estágios iniciais. Em estudo recente, novo registro foi realizado 
por Petini-Benelli et al. (2015), ampliando a distribuição de Catasetum hopkinsonianum G.F.Carr & 
V.P.Castro para o Estado. 
O trabalho objetivou diagnosticar a riqueza e a distribuição das espécies de Catasetum registradas na área 
de influência da UHE Teles Pires, com base no material que compõe o acervo do Herbário da Amazônia 
Meridional - HERBAM, complementado com os dados do site da Flora do Brasil (Petini-Benelli, 2016). 
 
Métodos 
A Usina Hidrelétrica Teles Pires está instalada na região do baixo Teles Pires, na divisa entre os estados de 
Mato Grosso e do Pará, abrangendo os municípios de Paranaíta e Jacareacanga, numa região de Floresta 
Ombrófila (Figura 1), onde se encontra grande diversidade biológica nas matas ripárias que seguem o rio 
Teles Pires. Nessa área foi realizado o “Programa de Salvamento de Germoplasma Vegetal no Canteiro de 
Obras e Área de Apoio da UHE Teles Pires”, nos anos de 2011 e 2012, com o acompanhamento da 
supressão da vegetação na área da UHE Teles Pires, a coleta das espécies vegetais férteis e a 
reintrodução dessas espécies no habitat. Todos os dados de campo compõem o banco de dados Brahms 
do HERBAM, bem como o material herborizado. 
A identificação das espécies, a revisão da nomenclatura taxonômica e a distribuição das espécies de 
Catasetum foram realizadas a partir da comparação com espécimes dos acervos do HERBAM, com os 
protólogos originais e com base nas informações do site da flora do Brasil. 
 
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Anais do XI Encontro de Botânicos do Centro-Oeste 
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Figura 1. Localização da área da UHE Teles Pires, às margens do rio Teles Pires, na divisa entre Mato Grosso e Pará. 
 
Resultados e discussão 
Foram registradas nove espécies de Catasetum (Tabela 1) na área da UHE Teles Pires, durante as 
atividades. Todas apresentam distribuição fitogeográfica para a Amazônia, com exceção de C. 
matogrossense e C. osculatum que ocorrem também no Cerrado. De acordo com Petini-Benelli (2016), três 
espécies são consideradas primeiro registro para Mato Grosso: C. boyi, C. hopkinsonianum (Petini-Benelli et 
al., 2015) e Catasetum sp. que segue em estudo (Petini-Benelli, comm. pess.). 
Este trabalho apresenta ainda uma espécie recém-descrita (Catasetum telespirense), ressaltando a 
importância de estudos florísticos da família Orchidaceae na região do Teles Pires, uma vez que é uma 
região ainda pouco estudada e de elevada riqueza de espécies vegetais. 
 
Tabela 1. Espécies do gênero Catasetum na área de influência da UHE Rio Teles Pires e seus respectivos dados de 
distribuição geográfica. 
Espécie 
Distribuição 
Geográfica 
Distribuição 
Fitogeográfica 
Catasetum boyi Mansf. AM, PA Amazônia 
Catasetum hopkinsonianum G.F.Carr & V.P.Castro MT, RO Amazônia 
Catasetum kraenzlinianum Mansf. AM, MT, PA, RO Amazônia 
Catasetum matogrossense H.D.Bicalho MT, PA Amazônia, Cerrado 
Catasetum osculatum K.G.Lacerda & V.P.Castro MS, MT, PA, RO Amazônia, Cerrado 
Catasetum pulchrum N.E.Br. AM, PA, MT Amazônia 
Catasetum telespirense Benelli & Soares-Lopes MT, PA Amazônia 
Catasetum tigrinum Rchb.f. AM, MT, PA, RO Amazônia 
Catasetum sp. (em estudo) MT Amazônia 
 
Conclusão 
Considerando que a diversidade biológica tem sido grandemente impactada pela ocupação humana, todos 
os esforços realizados para mapear as espécies e sua distribuição, atuam como instrumentos para 
estabelecer seus status de conservação e nortear planos de manejo das áreas florestadas que ainda não 
foram suprimidas. Os estudos realizados até o momento são pontuais e, no entanto, trouxeram grandes 
surpresas e preciosos acréscimos à lista da Flora Mato-Grossense. 
 
Scientific Electronic Archives: Especial Edition 
Anais do XI Encontro de Botânicos do Centro-Oeste 
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Agradecimentos 
Á CHTP – Companhia Hidrelétrica Teles Pires e à SAMAF- Sociedade de Amigos do Museu de História 
Natural de Alta Floresta. 
 
Referências 
PETINI-BENELLI, A. Orquídeas de Mato Grosso, genus Catasetum L.C.Rich. ex Kunth. Rio de Janeiro: PoD 
Editora, 130 p. 2012. 
 
PETINI-BENELLI, A. Catasetum in Flora do Brasil 2020 em construção. Jardim Botânico do Rio de Janeiro. 
2016. http://reflora.jbrj.gov.br/reflora/floradobrasil/FB11312 
 
PETINI-BENELLI, A., GRADE, A. A new species of Catasetum (Orchidaceae) for the state of Mato Grosso, 
Brazil. Edinburgh J. of Bot. 65(1): 27-34, 2008. doi: 101017/S0960428608004824. 
 
PETINI-BENELLI, A., GRADE, A. Novo Híbrido Natural de Catasetum L. C. Rich ex Kunth (Orchidaceae) 
para o Norte de Mato Grosso, Brasil. Orquidário 24(4): 124-132, 2010. 
 
PETINI-BENELLI, A., SOARES-LOPES, C.R.A. A new species of Catasetum (Cymbidieae,Epidendroideae, 
Orchidaceae) from the Southern region of the Brazilian Amazon. Phytotaxa 204(1): 75-79, 2015. 
http://dx.doi.org/10.11646/phytotaxa.204.1.6. 
 
PETINI-BENELLI, A., SOARES-LOPES, C.R.A.; SILVA, D.R., RIBEIRO, R.S. Novos registros de epífitas 
vasculares para o Estado de Mato Grosso, Brasil. Enciclopédia Biosfera 11(21): 2340-2351, 2015. 
 
ROMERO-GONZÁLEZ, G.A. Distribution [of Catasetum], p. 14. In: Pridgeon, A.M., Cribb, P.J., Chase, M.W. 
(Eds.) Genera orchidacearum 5, Epidendroideae (part two). Oxford University, Oxford. 2009.

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