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Aulas de Nestor Távora em PDF

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Direito Penal I – 2017.2 
Professor: Nestor Távora 
Aluna: Lila Lucas 
 
Introdução ao Direito Penal 
1- Conceito: Conjunto de princípios e normas que almejam o enfrentamento do 
que são infração e sanção. 
 
 OBS: Enquadramento 
Infração Penal 
 + 
Conjunto de Princípios e Normas Sanção 
 
 Crime 
Infração Penal 
 Contravenção Penal 
 
*A diferença entre Crime e Contravenção é a forma de punir. 
 
 Penas: privativa de liberdade (mais comum) ou 
restritiva de direitos, ou de pena de multas. 
 Sanção Penal 
 Medidas de Segurança: 
 Internação do Hospital de 
Custódia e Tratamento 
(HCT) 
 Tratamento Ambulatorial 
no CAPES 
 *Aplicadas às pessoas inimputáveis. 
 
 
 
 1.1- Enquadramento do Direito Penal na Teoria do Direito: 
Integra o Direito Público com normas indisponíveis e aplicadas a TODOS. 
 
 2- Nomenclatura 
Direito Penal ≠ Direito Criminal 
 pena crime 
 
 OBS 1: Em 1830 no Império, o Brasil aprovou um Código Criminal 
inspirado no Código Italiano de Mussolini (Fascista). 
 OBS 2: Em 1940 aprovamos o atual Código Penal (Decreto Lei 
2.848/1940), recepcionado pela CF com status de Lei Ordinária. 
 
Direito Penal I 2017.2 – Nestor Távora 
Lila Lucas 
 
 Conclusão: O Direito posto vai influenciar na definição da 
terminologia, prevalecendo à constatação de um Direito 
Penal. 
 
 OBS 3: A própria CF em seu Art. 22, inciso I, faz referência ao Direito 
Penal. 
 
 3- Funções do Direito Penal PUNIR 
3.1- Proteção de Bens Jurídicos, ou seja, bens essenciais para nossa 
convivência em sociedade 
 Conclusão 1: Os bens jurídicos são os valores ou interesses 
reconhecidos pelo Direito como imprescindíveis ao indivíduo 
ou a sociedade. 
 Conclusão 2: Resta ao Direito Penal a tutela dos Bens 
Jurídicos mais importantes, relegando aos demais ramos do 
Direito a tutela periférica. 
 Advertência - Múltipla incidência do Direito: 
Uma mesma conduta pode refletir de diversas 
maneiras, atingindo a esfera penal, civil e até 
mesmo administrativa. 
 
3.2- Função de Instrumento de Controle Social 
 Conclusão: Almeja-se preservar a paz social. 
 Advertência 1: A principal crítica é a nítida 
ineficácia do Direito Penal. 
 Advertência 2: Temos uma falsa percepção de que 
uma minoria pratica infração penal. 
*Todos nós já praticamos crimes, porém não respondemos pelas infrações penais 
pelo fato delas serem socialmente aceitas. Uma minoria é punida pelos crimes, mas a 
prática é realizada por todos. As pessoas imaginam que o Direito Penal contribui para 
um controle social (PRA QUEM? SE TODOS NÓS PRATICAMOS CRIMES). 
*O Brasil é o país que mais tipifica conduta - Inflação Normativa intolerável, ou seja, 
somos inseridos no contexto penal em situações desnecessárias 
 
 3.3- Função de Garantia – garantia contra os arbítrios do Estado 
 Conclusão: O Direito Penal nos permite constatar que não há 
responsabilidade penal se o fato não está previamente 
descrito na lei como infração. 
 Advertência: Seguimos o princípio da anterioridade 
da lei penal. 
*Se não tem uma lei penal prévia eu não posso ser responsabilizado por minha 
conduta, até porque, a minha conduta à época em que ela foi implementada era 
indiferente pro direito penal. Ex: o lança perfume que foi retirado da lista da ANVISA 
por erro, e então as pessoas que foram condenadas por tráfico de lança perfume 
receberam o benefício, pois novas normas penais benéficas retroagem. 
 
 
 
Direito Penal I 2017.2 – Nestor Távora 
Lila Lucas 
 
 3.4- Função Ético-Social 
*Direito Penal contribui para fomentar costumes, como o de dirigir com cinto de 
segurança, pois virou hábito. Em breve poderá ser o de não dirigir embriagado. 
 Conclusão: é a função criadora ou consolidadora dos 
costumes. 
 Advertência: Historicamente há um vínculo entre a 
matéria penal e os valores éticos da sociedade. 
Ex: Bolsonaro e sua campanha política de 2018. 
 
 OBS 1: Segundo a doutrina, o Direito Penal tem efeito moralizador, 
servindo como mínimo ético. 
 OBS 2: O Direito Penal tem função educativa, fomentando valores 
ético-sociais. 
? 
*O Direito Penal ainda é visto como tendo uma função educativa com caráter 
pedagógico, principalmente com relação ao cumprimento da própria sanção. Sendo 
que o Direito Penal foi feito para punir, mas porque necessariamente eu teria que 
aprender com a punição? A pior pena não é a mais dura, a pior pena é a mais inútil. 
Nós temos um sistema de punição que paira inutilidade, principalmente quando nós 
falamos em restrição da liberdade. Ouve-se falar: “Devia botar o preso para 
trabalhar”, mas qual é o preso que não quer trabalhar? Porém não conseguimos criar 
uma estrutura logística de trabalho. Quando cumpre-se uma pena sem atividade 
diária, isso lhe traz uma inutilidade premente (angústia) com relação a ociosidade do 
tempo. 
 Advertência: ? 
 
3.5- Função Simbólica 
 1ª percepção, diretamente ligada aos governantes: O Direito Penal é 
o pivô da bandeira política de proteção da paz pública. 
*A bandeira do Direito Penal é bem interessante e bastante cativante, o brasileiro 
consome o Direito Penal. Se o Jornal Nacional sangra, nós temos um despertar de 
interesse absurdo pra aquilo que será apresentado. Quando o governante apresenta 
uma bandeira de rigidez e o emblema é o Direito Penal, com isso se tem uma 
percepção de que estamos agindo em prol da sociedade. Ex: Bolsonaro em 2018 e 
Donald Trump nos EUA. 
 Conclusão 1: Fenômeno Bolsonaro (perigo). 
 Conclusão 2: Tratamento da Guarda Municipal dentro da 
temática penal (atuando como se fosse Polícia Militar). 
 
 
 2ª percepção vai atingir os cidadãos: O imaginário de que a Lei Penal 
faz reduzir a criminalidade incrementa o discurso da penalização. 
*O cidadão costuma apoiar a movimentação dos governantes na disciplina e na 
regulamentação do Direito Penal. A sociedade quer o Direito Penal, só que é um 
Direito Penal pro outro, porque o criminoso é o outro, nunca sou eu. A realidade hoje 
no BR é que as opiniões públicas tendem a apoiar as reformas penais, principalmente 
àquelas que vão recrudescer (aumentar) o tratamento criminal. 
 
Direito Penal I 2017.2 – Nestor Távora 
Lila Lucas 
 
*Panpenalização: Propor mais e mais leis penais enquanto nosso sistema penal não 
consegue sequer cumprir as essenciais que já possuímos. 
 
 Conclusão: Ney Moura Telles, disse: “Querer combater a 
criminalidade com o Direito Penal é querer eliminar a 
infecção com analgésico.” – Eu vou combater a infecção 
com algo que é paliativo, que não vai curar a essência. 
 
 
 OBS 1: Consequências do Efeito Simbólico: 
1) Direito Penal do Terror – ele caracteriza a inflação do sistema 
penal, banalizando a tipificação de condutas. 
 Caracterizar como tipo penal, como crime 
*É a banalização da criminalização de condutas. Vivemos em um país onde tudo é 
crime, esse excesso de penalização que é chamado academicamente como Direito 
Penal do Terror. Têm-se leis que criminalizam condutas que não deveriam ser 
criminalizadas. Ex: Incomodar cetáceos (golfinhos, baleia) na praia é crime. 
 
2) Hipertrofia do Direito Penal – ela caracteriza o aumento 
injustificado da pena em casos pontuais. 
*É o aumento da sanção para casos específicos diante do Efeito Simbólico. Ex: O Cód. 
Penal diz que uma lesão corporal dolosa é menos grave do que uma lesão corporal 
culposa no Cód. de Trânsito, isso é Hipertrofia do DP. 
*Crimes hediondos são crimes graves e inafiançáveis, porém ele cabe liberdade 
provisória sem pagar nada. A fiança vai para vítima e o Congresso faz descaso sobre 
isso, ou seja, a fiança não é popularizada, e a liberdadesem fiança é que é a regra no 
nosso país. 
 OBS 2: O Direito Processual Penal (DPP) também sofre com o Efeito 
Simbólico. 
 
* Ex: Tráfico de pessoas – o juiz tem como determinar que a operadora de telefonia 
forneça a localização do celular da vítima ou do traficante de gente. 
 Efeito Simbólico 
O CPP apresenta no Art. 13B: se o juiz não decidir em 12h, o delegado de polícia ou 
promotor podem requisitar diretamente a operadora de telefonia que mande a 
informação. Essa ação é impulsional, a informação quanto à localização do aparelho 
está submetida à cláusula de reserva de jurisdição, só quem pode determinar é o juiz. 
Prazo muito exíguo (pequeno). 
 
 3.6- Função Motivadora 
*Segundo a doutrina, o Direito Penal serve para motivar o cidadão a não transgredir 
a norma por meio da previsão de sanção. Aqui se deixa o cidadão em estado de 
alerta constante para que ele seja motivado a respeitar o ordenamento, já que em 
contrapartida o descumprimento da norma ocasionaria, por conseguinte, a 
imposição de sanção. 
 
Direito Penal I 2017.2 – Nestor Távora 
Lila Lucas 
 
 Conclusão 1: O cidadão visualiza na própria sanção um 
estímulo ao respeito da norma penal, trazendo-se um 
efeito inibidor. 
 OBS 1: LEI SECA 
 OBS 2: O tipo Penal tem caráter essencialmente descritivo, *e não 
proibitivo. 
 
 Conclusão 2: Aquele que pratica crime incorre na 
correspondente descrição legal. 
 
3.7- Redução da Violência Penal 
*A pena, ela é considerada academicamente como uma forma de violência, seja ela 
privação da liberdade, restritiva de direitos, ou pena de multas. Só que quando se 
tem o DP como alicerce do sistema, a violência é reduzida por um argumento muito 
simplório: a tipificação de condutas ela é subsidiária, o DP é fragmentário, eu só 
posso criminalizar condutas que ofendem Bens Jurídicos relevantes, então o DP 
servirá como um fator inibidor. Eu reduzo a violência a partir do momento em que 
eu só criminalizo aquilo que é excepcional, e eu potencializo a lógica da 
preservação da liberdade. 
 
 Conclusão 1: A pena é considerada uma espécie de 
violência estatal (institucional). 
 Conclusão 2: Como a criminalização de condutas é 
exceção, potencializamos a preservação da liberdade, 
reduzindo a intervenção estatal. 
 
 OBS: Outro enfoque – atualmente, a prisão domiciliar e o uso 
da tornozeleira estão na moda, entretanto, temos diversas 
situações em que não há enquadramento no Art. 318 do CPP. 
* Tornozeleiras eletrônicas dão a ideia de prisão sem muro, foi criada na década de 
80 nos EUA, e agora com 30 anos de atraso que o BR está popularizando. Trás a ideia 
de tornar a violência do estado, quanto à sanção menos agressiva. Porém, o que o BR 
está vivenciando sobre essas tornozeleiras não está na lei. Não existe fundamento na 
lei pra substituir a prisão preventiva por prisão domiciliar com o emprego de 
tornozeleira eletrônica pra delator. Então, estamos adotando hoje o poder geral de 
cautela do juiz, e isso significa dizer que os juízes estão adotando medidas que não 
estão previstas em lugar nenhum. Excesso de poder tende ao arbítrio, quem tem 
resolvido as principais questões do país não é o Congresso, e sim o Poder Judiciário. 
*No Art. 318 diz que a substituição da prisão preventiva por prisão se apresenta 
quando: a pessoa está gravemente enferma, quando a pessoa tem mais de 80 anos, 
quando a mulher está grávida, quando a mulher tem filho menor de 12 anos, ou 
quando o homem tem filho menor de 12 anos e é o único responsável pela criança. 
 
 
 
 
 
 
Direito Penal I 2017.2 – Nestor Távora 
Lila Lucas 
 
 3.8- Função Promocional 
 *O Direito Penal não deve funcionar como entrave à evolução social, 
reservando-se a preservação de Bens Jurídicos Essenciais. 
 * “Direito é uma disciplina ultrapassada, pois ela não cabe a presença de 
robôs pra a resolução do Direito Penal, por exemplo, pois nele cabe uma análise 
subjetiva.” 
 *O Direito Penal não pode acompanhar uma realidade ultrapassada, mas 
também não pode servir de entrave para que a Ciência evolua. 
 *O Congresso está voltado a discussões de valores da bancada Ruralista, 
Evangélica, Católica, Espírita... E voltar a bancada religiosa as idiossincrasias (é uma 
característica de comportamento peculiar de um indivíduo ou de determinado grupo) 
da nossa cultura é muito difícil. 
 
 Conclusão: A disciplina servirá como instrumento de 
transformação social. 
*Ex: Crimes Cibernéticos (utilização de tecnologia na prática de delitos); Proteção das 
minorias. 
 
 
Aplicação da Lei Penal 
1- Enquadramento Normativo 
a) Código Penal: Decreto/Lei 2.848/1940 – Lei Ordinária 
b) Legislação Penal Especial 
Ex: Lei de Crimes Hediondos – Lei 8.072/1990 (são os crimes entendidos pelo 
poder legislativo como os que merecem maior reprovação por parte do 
Estado). 
 *Mesmo com essa Lei, nós não tivemos redução alguma de Crimes 
Hediondos de 90 pra cá. A priori ela está congelada no tempo, é uma Lei 
extremamente criticada. 
 
Lei de Tóxicos – Lei 11.343/2006 
 *Criminalização do tráfico; porte pra uso de droga; se o brasileiro vai 
poder ou não usar a substância entorpecente, ou cultivar para consumo 
próprio, ou compartilhar para uso entorpecente. 
 *Visão ainda arraigada (enraizada) para neutralização do uso dessas 
substâncias. 
Lei de combate e Regressão ao Crime Penal Organizado – Lei 12.850/2013 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Direito Penal I 2017.2 – Nestor Távora 
Lila Lucas 
 
 Teoria da Norma – Art. 1° ao 12° do Código Penal (primeira parte 
do CP) 
 
2- Princípio da Legalidade: Art. 1° do Código Penal C/C (combinar) Art. 5° XXXIX da 
Constituição Federal (CF) – Cláusula Pétrea 
 
a) Conceito: Não há crime sem lei anterior que o defina. Não há pena sem 
prévia cominação legal. 
*Trás uma certa segurança jurídica: pois, eu só posso ser responsabilizado 
criminalmente se eu tenho lei disciplinando aquela conduta como crime e, 
por conseguinte me trazendo a correspondente sanção. 
 
 
b) Enquadramento: 
b.1) Princípio da Reserva Legal - *estou afirmando 
valores de quem vai legislar sobre a minha matéria; A 
Reserva Legal significa que a criminalização de 
condutas pressupõe Lei Federal, ou seja, eu preciso que 
a minha matéria esteja alicerçada em Lei emanada do 
Congresso Nacional. Não admite-se que outros diplomas 
normativos trabalhem com criminalização de condutas. 
 b.2) Princípio da Anterioridade. 
 
c) Princípio da Reserva Legal: 
c.1) Apenas a Lei Federal em sentido formal pode descrever condutas criminosas. 
 
 OBS1: A Lei incriminadora é necessariamente Federal, de 
competência da União (Art. 22, inciso I, CF). 
*Quem legisla sobre a minha matéria é a União, Congresso 
Nacional. 
 Advertência: Lei Complementar pode autorizar que 
os Estados disciplinem sobre temas específicos (Art. 
22, parágrafo único, CF). 
 
 OBS 2: Outros Diplomas Normativos não podem criminalizar 
condutas. 
Ex: Resolução; Medidas Provisórias (Art. 62, parágrafo I, “b”, CF), ou seja, só o Direito 
Penal pode tratar desses exemplos. 
*Se a MP for editada pelo Presidente favorecendo ao réu ela vai ser aplicada, mesmo 
que depois ela caduque, pois um novo diploma normativo favorável ao réu, mesmo 
que não seja convertida em lei no futuro, na ótica do Supremo não deveria ser 
desconsiderado. 
 Advertência: Para o STF a Medida Provisória (MP) 
favorável ao réu será aplicada, mesmo diante da 
afronta Constitucional. 
 
Princípio 
da 
Legalidade 
 
Direito Penal I 2017.2 – Nestor Távora 
Lila Lucas 
 
d) Princípio da Anterioridade 
d.1) Conceito: Uma pessoa só será punida se a época do FATO, já existia Lei 
tipificando a conduta como CRIME. 
*A Norma Penal tem que ser anteriora conduta praticada, se ela não for anterior a 
conduta praticada, eu não serei atingido por ela, pois então, essa nova Norma estaria 
retroagindo para prejudicar alguém. PORTANDO, UMA NOVA NORMA PENAL NÃO 
PODE RETROAGIR PRA PREJUDICAR, MAS PODE RETROAGIR PARA FAVORECER. *O 
exemplo da portaria da ANVISA. 
* O Direito penal é previsível, pois sabe-se qual será a Norma que criminalizará a 
conduta feita. 
 Conclusão: Consagra-se o princípio da irretroatividade 
da Lei Penal no Brasil (REGRA GERAL). 
 
e) Princípio da Taxatividade 
e.1) Conceito: A Norma deve descrever de maneira clara e precisa a conduta 
criminalizada, estabelecendo precisão quanto ao seu conteúdo. 
*Quando se fala de Taxatividade, estamos reclamando ao Poder Legislativo que ele 
seja técnico e claro quando for criminalizar uma conduta. 
*A imprecisão levará a Atipicidade da conduta. 
*Ex: Subtração de coisa alheia móvel com ânimos de assenhoramento – furto; O furto 
só está caracterizado se eu subtrair o objeto com o intuito, vontade de ficar com ele, 
ou seja, se eu trocar os celulares de duas pessoas e depois destrocar, devolver, não 
há responsabilidade penal criminalizando essa conduta; exemplo do estagiário do 
professor do carro importado. 
 
3- Retroatividade da Lei Penal: Art. 2° do Código Penal e Art. 5°, inciso XL da 
Constituição Federal – Cláusula Pétrea 
 
a) Conceito: A nova Lei Penal pode eliminar integralmente o delito (crime) ou 
criar uma situação mais favorável ao agente. – retroage para favorecer. 
 
b) “Abolitio Criminis” – Lei Abolicionista 
*Trabalhar com Abolitio Criminis é a tradução de eliminar um tipo penal do 
Ordenamento Jurídico. 
b.1) Conceito: Ela é caracterizada quando a nova Lei Penal elimina integralmente o 
artigo de Lei que criminalizava a conduta (Art. 2°, “caput”(cabeça do artigo), CP). 
*Ex: Revogação do Art. 240 do CP (Adultério). 
b.2) Consequências: 
o A nova Lei retroage para atingir todos os fatos passados, mesmo que a pessoa 
esteja definitivamente condenada. 
 Conclusão: Haverá a reversão da coisa julgada material. 
o Teremos a eliminação dos efeitos de condenação. 
*Ex: A condenação anterior não será considerada para efeito de reincidência – réu 
virá primário, ou seja, fica com ficha limpa. 
 Advertência das duas Consequências: Segundo o 
STF, na súmula 611compete ao juízo da execução 
aplicar a nova lei ao réu definitivamente condenado. 
 
Direito Penal I 2017.2 – Nestor Távora 
Lila Lucas 
 
 
c) Nova Lei Benéfica: 
c.1) Conceito: É aquela que não elimina o delito, mas de algum modo favorece o réu 
(Art. 2°, parágrafo único, CP). 
*Ex: Redução da pena 
 Conclusão: Enquadramos a nova lei como “Novatio 
Legis IN Melius” – Nova lei para melhor. 
 
c.2) Consequências: 
o Ela retroage para atingir todos os fatos pretéritos. 
o Ela não elimina os demais efeitos da condenação. 
 
 OBS: Vale lembrar que a nova Lei Maléfica (ou incriminadora) 
jamais poderá retroagir. 
 
d) Situações Especiais 
d.1) Combinação de Leis: Segundo o STF, não cabe ao magistrado mesclar duas ou 
mais leis, no intuito de extrair a situação mais favorável ao réu, pois o juiz estaria 
legislando. 
d.2) Crimes permanentes e continuidade delitiva (crime continuado): 
 Conclusão 1: Crime permanente é aquele cuja a 
consumação se estende no tempo. 
 
*Ex: Sequestro. 
*Uma pessoa foi seqüestrada e enquanto a sua liberdade estiver cerceada (sem 
liberdade) o crime de seqüestro está se consumando. Se o crime durou do dia 1 de 
Agosto até o dia 31 de Agosto, o crime se consumou durante todo o mês. No 
entanto, se no dia 15 de Agosto (durante o crime de sequestro) uma nova Lei Penal 
tenha sido aprovada pelo Congresso aumentando a pena do Crime de Sequestro pra 
25 anos de reclusão, nesse caso a Lei Penal Maléfica irá ser aplicada para atingir o 
Crime Permanente e regulamentará a situação jurídica do réu. 
 Conclusão 2: Crime continuado se caracteriza quando o 
agente pratica mais de uma conduta em circunstâncias 
similares de tempo, espaço e modo de execução. 
*Ex: Caixa de banco que se apropria de valores em dias subseqüentes na mesma 
agência bancária. 
*Um caixa do Banco do Brasil, todo dia no final do expediente ele pega 50 reais e 
embolsa. Ao se apropriar do dinheiro do Banco ou do Correntista ele está praticando 
crime de apropriação indébita. Ao final de uma semana ele terá praticado 5 crimes de 
apropriação indébita. Para o legislador isso é um crime continuado, sabe-se que são 5 
crimes, mas por ficção jurídica será considerado que o réu praticou apenas um crime 
e a pena desse crime será aumentada. 
*Se do dia 1 de Agosto ao dia 4 de Agosto o cidadão está praticando o crime de 
apropriação indébita, mas ai no dia 3 de Agosto uma Lei que é aprovada aumenta a 
pena do crime de apropriação indébita, está nova Lei Maléfica irá atingir esse 
cidadão. 
 
Direito Penal I 2017.2 – Nestor Távora 
Lila Lucas 
 
*Tempo: no mesmo mês; Espaço: mesma cidade, ou cidades limítrofes (Salvador e 
Lauro de Freitas). – a jurisprudência que estabelece isso. 
 
 Conclusão 3: Segundo o STF, na súmula 711 a lei mais 
grave é aplicada ao crime continuado e ao crime 
permanente, se a sua vigência é anterior da 
permanência ou continuidade. 
d.3) Lei Intermediária 
Conceito: É a Lei que revoga a Lei que vigorava na data do crime, e por sua vez é 
revogada por outra Lei. 
 
 
 
 
 
LEI VIGENTE NA DATA LEI INTERMEDIÁRIA REVOGA A LEI B 
 DO CRIME (ELA REVOGA A LEI A, E 
 É REVOGADA PELA LEI B). 
 
*A nova lei é benéfica, se benéfica ela retroage, se for maléfica ela não retroage. 
*Se a Lei C for maléfica, ela não retroage. Ela só será aplicada para as condutas em 
diante. 
d.4) “Abolitio Criminis” X Princípio da Continuidade Delitiva 
*Abolitio Criminis: Uma nova Lei que elimina o artigo de Lei do Ordenamento 
Jurídico, aquela conduta deixa de ser infração. 
 Conclusão 1: Na Abolitio Criminis, o fato deixa de ser 
crime, pois a nova lei o revoga. 
 Conclusão 2: Na continuidade, o fato permanece como 
crime, mas a conduta migra para outro dispositivo 
penal (continuidade normativa). 
*Ex: Migração da conduta caracterizada do atentado violento ao pudor (que era o: 
Art. 214, CP – hoje é revogado) pro Art. 213, CP (agora), que trata do estupro. – 
estupro hoje é: manter conjunção carnal (penetração vagínica), ou praticar qualquer 
outro ato libidinoso diferente da conjunção carnal. Portanto, o Homem hoje pode ser 
estuprado. 
*Não houve Abolitio Criminis, e sim Princípio de Continuidade Delitiva (Continuação 
da Responsabilidade Penal). 
*Se tivesse sido Abolitio Criminis, todos que estavam presos em 2009 por conduta de 
ato violento ao pudor seria libertado. 
 
4- Lei Excepcional e Lei Temporária 
 
4.1) Conceito: 
 Lei Excepcional: é aquela aprovada pra vigorar em épocas especiais e 
estará revogada quando a situação justificadora passar. 
*Ex: Lei aprovada para vigorar durante a Copa do Mundo. 
*Leis que vigoram em períodos de crise, e revogam automaticamente quando o seu 
dia de vigor acaba, então o Congresso não precisa editar um novo diploma 
revogador. 
LEI A LEI B LEI C 
 
Direito Penal I 2017.2 – Nestor Távora 
Lila Lucas 
 
*O Congresso poderia ter aprovado uma Lei para que durante as Olimpíadas de 2016 
(1 de Julho a 31 de Julho), brigas em qualquer Arena durante as Olimpíadas 
caracterizaria crime de lesão corporal, cuja pena seria de 15 a 22 anos de reclusão. 
Quando acabassem as Olimpíadas, a Lei Excepcional estaria automaticamente 
revogada. 
*Ex: Então, um cidadão foi para as Olimpíadas e comprou uma briga com um 
Argentino, ou seja, cometeu prática de lesão corporal no período de vigência de uma 
lei que traz uma pena mais árida para o crimepraticado. No dia 31 de Julho de 2016 
as Olimpíadas acabaram, e o crime foi cometido no dia 30 de Julho. O cidadão não 
será julgado até dia 31, não há tempo hábil para investigação, sentença, alegações, 
se tudo desse certo ele seria julgado em 2019 de acordo com a justiça brasileira. 
Portanto, o juiz estará pronto para proferir a sentença no dia 1 de Setembro de 2016, 
a Lei Temporária já estará revogada, e a partir do dia 1 de Agosto de 2016 o crime de 
lesão corporal voltou a ter a sua pena normal. 
*O juiz aplicará a Lei Excepcional ou Temporária mesmo após do seu 
desaparecimento no Ordenamento Jurídico. 
 
 Lei Temporária: é aquela elaborada pra vigorar por determinado 
período, estabelecido na própria lei. 
*Não é tradicional no Brasil, mas o Congresso pode aprovar uma Lei com prazo de 
validade (temporária), com o dia de entrada em vigor e o dia em que ela será 
revogada. O Congresso não precisa publicar o ato da revogação. 
 
 4.2) Consequências: Elas são aplicadas aos fatos ocorridos durante a sua vigência, 
mesmo que encerrada a excepcionalmente ou esgotado o prazo de Lei Temporária. 
 Conclusão: Constatamos que eles gozam de 
ULTRATIVIDADE (possibilidade de aplicar uma Lei 
que já saiu do Ordenamento Jurídico ao julgamento 
futuro). 
*Ultratividade: Lei Excecional, Lei Temporária e Lei Benéfica já revogada. 
 
4.3) Enquadramento Temporal 
 (publicação) 
 Vigência da Lei Revogação da Lei 
 
 
retroatividade Período de atividade ULTRATIVIDADE: 
 - LEI EXCEPCIONAL 
 - LEI TEMPORÁRIA 
 - LEI BENÉFICA JÁ REVOGADA 
*O tempo rege o ato 
 
 
5- Tempo do Crime (Art. 4°, Código Penal) 
 
*Impactos na responsabilidade penal do indivíduo. Ainda hoje se discute a 
imputabilidade penal no que diz respeito à faixa etária. 
 
 
Direito Penal I 2017.2 – Nestor Távora 
Lila Lucas 
 
*Atualmente a capacidade penal começa aos 18 anos, então dotamos um critério 
biológico com respaldo condicional pra definir essa capacidade penal. 
 
*A discussão no Congresso é se deve-se diminuir esse início da capacidade penal, 
o que na verdade é mais um efeito simbólico, porque a pessoa que tem a 
condição de adolescente ela é encarcerada como maior de idade. Pelo fato dos 
hormônios estarem à flor da pele se deve imaginar que os crimes sexuais são 
mais freqüentes do que nos estabelecimento penais comuns. 
 
*Hipótese: João com 17 anos e 11 meses de vida está desejando matar Felipe, 
então João dá três tiros em Felipe. Felipe é internado, passa 4 meses na UTI e 
vem a óbito, 4 meses depois que é exatamente o momento em que o tipo penal 
de homicídio reúne todos os elementos. João consumou homicídio 4 meses 
depois de ter deflagrado tiros. Na época em que João atirou, ele era adolescente, 
ou seja, inimputável. Só que o crime foi consumado quando ele já era maior de 
idade (pois os menores são tratados pelo que está presente no ECA, eles 
cumprem pena com medida socioeducativa, e os maiores de idade cumprem 
capacidade penal). Nesse caso, o Ministério Público deve tratar João como 
menor, pelo fato do tempo do crime ser considerado na data da ação, ou será 
considerado maior de idade e o tempo do crime levará consideração à data do 
resultado? 
*O Código Penal brasileiro diz: O tempo do crime é considerado quando eu 
pratico a ação e quando pratico a atividade, independentemente da data em 
que o resultado ocorreu. E com isso, o João será considerado menor de idade 
ele será tratado através do ECA. 
 
5.1) Conceito: O critério adotado para identificarmos o tempo do crime é 
instituído pelo Art. 4° do CP, levando-se em consideração um momento em que a 
conduta foi implementada. 
 
5.2) Teorias que permeiam o Tempo do Crime: 
a) Teoria da Ação: O crime é praticado no momento em que é implementada a 
conduta. 
 Conclusão: é a teoria adotada no Brasil. 
 
*Ex: Ao atirar na vítima enquanto menor serei tratado como tal, mesmo que a morte 
ocorra após a maioridade penal. 
b) Teoria do Resultado: O crime é praticado no momento da consumação. 
*O crime se consuma quando o indivíduo consegue reunir todos os elementos que 
integram o artigo de lei que o disciplina. 
*Têm-se hoje um perfil de tipificação de condutas onde o código descreve com 
precisão aquilo que caracteriza um delito, se eu não preencher o que está 
exatamente descrito na lei como tal, eu não pratiquei crime algum. Então a nossa 
realidade é mais simplória, porque é a realidade sintética de analisar a descritividade 
do tipo penal. 
 
Direito Penal I 2017.2 – Nestor Távora 
Lila Lucas 
 
Ex: Um homicídio, a descrição é: matar alguém. Só se consuma um homicídio quando 
a morte acontece; no furto a subtração de coisa alheia móvel para si ou outrem, o 
crime está consumando: quando eu conseguir o assenhoramento do objeto. 
*Paradoxalmente quando se pratica um crime, você realiza exatamente o que o CP 
descreveu como tal. O nosso CP não diz: não mate, não furte, não estupre. Ele diz 
existe uma conduta, se você quiser praticá-la existe um preço social a pagar (ser 
preso). Seu livre arbítrio permite que você cometa o crime, porém pague o preço da 
sua conduta. 
 Conclusão: O crime estará consumado quando 
forem reunidos todos os elementos da sua descrição 
legal (Art. 14, I, CP). 
 
 
c) Teoria da Ubiquidade (Híbrida): Por ela o tempo do crime leva em 
consideração o momento da ação ou do resultado, tanto faz. 
 
*Ela não é adotada no Brasil para definir Tempo do Crime, a definição do 
Tempo do Crime é acontece pela Teoria da Ação. 
 
 
6 – Lugar do Crime (Art. 6°, CP) 
*Trabalhar com o Lugar do Crime é importante para aferirmos se a Lei Penal 
brasileira vai ser aplicada em um determinado delito, até porque usualmente a Lei 
Penal brasileira é praticada aos crimes ocorridos no Brasil. 
*Quando se considera que o crime ocorreu no Brasil: 
- Se a ação ocorreu no Brasil e o resultado no estrangeiro 
- Se a ação vem do estrangeiro e o resultado aconteceu no Brasil 
- Se a ação e o resultado aconteceram no Brasil 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Exemplo do tópico 1 e 2: Gabriela está na Argentina passando o feriado, porém ela 
foi muito mal na prova de Nestor, e então de Buenos Aires ela envia uma carta-
bomba para Salvador. A ação criminosa vem da Argentina, a carta chega à casa de 
Nestor e a empregada abre e se fere perdendo os braços (resultado). A ação veio do 
estrangeiro e o resultado aconteceu no Brasil. – a recíproca é verdadeira em 
relação ao tópico 1, ou seja, Nestor na Argentina e Gabriela envia do Brasil para lá a 
carta-bomba e ele vem a óbito. 
*Quando se considera que o crime ocorreu no Brasil: 
1 - Se a ação ocorreu no Brasil e o resultado no estrangeiro 
2 - Se a ação vem do estrangeiro e o resultado acontece no 
Brasil 
3 - Se a ação e o resultado aconteceram no Brasil 
4 - Se a ação vem do estrangeiro, o resultado aconteceu de 
fato no estrangeiro, mas ele deveria acontecer no Brasil 
 
 
 
Direito Penal I 2017.2 – Nestor Távora 
Lila Lucas 
 
Exemplo tópico 4: Jorge manda uma carga de cocaína da Colômbia para poder ser 
vendida no Brasil, a carga vem, mas o aeroporto de Guarulhos tava fechado por 
questões meteorológicas, então a carga segue e o avião para na Argentina. Lá na 
Argentina a polícia federal apreende a carga e Jorge (o traficante) diz que a 
mercadoria era pra ser vendida em São Paulo. *Teoricamente o Brasil vai julgar, 
porque esse crime aconteceu em nosso país, pois o resultadodeveria acontecer 
aqui. 
 
*Em relação ao Lugar do Crime se adota a Teoria da Ubiquidade (Híbrida) - por ela o 
tempo do crime leva em consideração o momento da ação ou do resultado, tanto faz 
-, exatamente para viabilizar a aplicação do Código Penal aos crimes ocorridos no 
Brasil. 
Exemplo de extraterritorialidade: Um empresário brasileiro morando em Miami 
contratou um garoto de programa também brasileiro (ambos homoafetivos), foram 
pro motel e lá no motel o garoto matou o empresário. Então, o garoto de programa 
percebeu que logo iriam descobrir que ele foi o culpado, pelo fato de ter muitos 
vestígios, pegou um avião e voltou para o Brasil. Na mesma semana do ocorrido à 
polícia americana descobriu que ele era o autor do crime, entraram em contato co a 
justiça brasileira e pediram para que extraditassem o garoto. Brasil não extradita 
nacional, então o garoto vai ficar aqui. Por questões de soberania, o Brasil não 
cumpriria uma prisão perpétua a pedidos dos EUA. Para que esse assassino não fique 
impune ele teria que ser julgado em território brasileiro e aplica-se a Lei Penal 
brasileira a um crime consumado em território norte-americano. 
*Pode-se ser julgado duas vezes pelo mesmo crime em uma situação: Se a Maria 
praticou um crime no estrangeiro e é um crime que o Brasil se obriga a julgar 
incondicionalmente, então Maria será julgada no estrangeiro e no Brasil, só que ela 
não cumprirá cumulativamente as duas penas. A pena que Maria eventualmente 
cumpriria no estrangeiro servirá para abater a pena que será aplicada no Brasil, mas 
será julgado duas vezes. 
*Bizi idem: é quando o cidadão é responsabilizado duas vezes pelo mesmo fato, 
porém no Direito ele não pode ser responsabilizado duas vezes, só na exceção a 
cima. 
 6.1 – Conceito: De acordo com o Art 6°, CP, “considera-se praticado o crime 
no lugar em que ocorreu a ação ou omissão, no todo ou em parte, bem como onde se 
produziu ou deveria produzir-se o resultado.” 
 6.2 – Teoria Adotada para aferirmos o Lugar do Crime: O Código Penal 
adotou a Teoria da Ubiquidade. 
 
 
7 – Territorialidade da Lei Penal brasileira (Art. 5°, CP) 
 
*No território brasileiro não aplica-se (regulamenta) apenas a Lei Penal 
brasileira, pois temos pessoas em virtude de Tratados e Convenções 
Internacionais que gozam de imunidade, e quando estão no Brasil não serão 
apenadas pela Lei brasileira. Elas poderão ser apenadas pela Lei do seu país 
de origem. 
 
Direito Penal I 2017.2 – Nestor Távora 
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Ex: Trump vem ao Brasil e comete um crime. Ele não poderá ser julgado no 
Brasil e se ele for julgado, será nos EUA com a Lei Penal norte-americana, e 
então a Lei Penal norte-americana regulamentará a conduta ocorrida no 
Brasil. 
 
*Ao ser julgado por um juiz brasileiro, ele aplicará o Código Penal Pátrio. 
*No Brasil, nós adotamos o princípio da Territorialidade Mitigada, porque a 
regra geral é que se aplique no território brasileiro a Lei Penal Pátria, mas 
essa regra não é absoluta. Não é absoluta, porque de maneira excepcional, 
crimes ocorridos no Brasil contam com a aplicação (regulamentação) da Lei 
Penal estrangeira, mas a pessoa será julgado no seu país de origem. 
 
*Exemplo invertido: No Brasil um empresário norte-americano morando no 
Rio contrata um garoto de programa norte-americano, e então o garoto mata 
o empresário. O garoto sai do Brasil e volta pros EUA. Ele então será julgado 
nos EUA de acordo com a Lei Penal norte-americana que regulamenta um 
crime ocorrido dentro do Brasil. 
 
7.1) Conceito: Como regra, a Lei Penal brasileira é aplicada ao crime ocorrido 
em nosso território, pouco importando a nacionalidade do infrator. 
7.2) Exceção: Normas previstas em Tratados e Convenções Internacionais. 
 Conclusão 1: A Lei Penal pode excepcionalmente 
regulamentar um crime ocorrido no Brasil 
(intraterritorialidade). 
 
 Conclusão 2: Adotamos o princípio da 
territorialidade mitigada, afinal, a Lei Estrangeira 
pode regulamentar um crime ocorrido no Brasil. 
 
 7.3) Conceito de Território Nacional: 
a) Fronteiras 
b) Espaço Aéreo (até a camada atmosférica) 
 Advertência: Ele engloba o perímetro que a camada 
atmosférica. 
 
c) Mar Territorial (0 a 12 milhas) 
 Advertência: É a faixa litorânea que vai de 0 a 12 
milhas contadas na maré baixa. *0 a 200 é o pré-sal 
que pode-se explorar. 
 
d) Território Nacional por Equiparação (embarcações e aeronaves) 
 d.1) Embarcações e Aeronaves de natureza pública e de bandeira brasileira – 
são Brasil quando estiverem e qualquer lugar do mundo. 
 
 Ex: o avião presidencial brasileiro está sobrevoando a China quando Temer mata 
Alexandre de Moraes, o crime então ocorreu no Brasil. 
 
Direito Penal I 2017.2 – Nestor Távora 
Lila Lucas 
 
Ex 2: Uma fragata brasileira está atracada no Mar Territorial japonês quando um 
tripulante mata o outro, então o crime ocorreu no Brasil. 
 
 Conclusão 1: Eles são Brasil em qualquer lugar 
do mundo. 
 Conclusão 2: Englobamos nesta hipótese as 
embarcações e aeronaves requisitadas pelo 
governo brasileiro. 
 
 d.2) Embarcações e Aeronaves de natureza privada e de bandeira brasileira – 
são Brasil quando elas estão transitando em nosso território (mar, céu), mas também 
são consideradas Brasil quando elas estão alto-mar. 
Ex 1: Um avião da TAM sobrevoando o Oceano Atlântico quando um passageiro mata 
o outro, então esse crime ocorreu no Brasil. 
Ex 2: Um navio privado pertencente ao pólo petroquímico transitando no Oceano 
Pacífico quando um tripulante mata o outro, então esse crime ocorreu no Brasil. 
 Conclusão: Elas são consideradas território 
brasileiro quando estiverem transitando no nosso 
território ou em alto-mar. 
 
 d.3) Embarcações e Aeronaves de natureza privada e de bandeira estrangeira 
– as consideramos território brasileiro a partir do momento em que elas estão em 
nosso país. 
Ex: Um avião norte-americano particular sobrevoando o território brasileiro e já 
estava taxiando para poder pousar em Guarulhos, quando uma das comissárias 
chamou um cantor brasileiro de “macaco” em pelo vôo. Ele então foi até a polícia 
federal e então eles a grampearam ainda dentro do aeroporto. Então, crime ocorrido 
no Brasil. 
Ex 2: Navio russo com um comandante chinês vindo pro Brasil, já no nosso Mar 
Territorial descobriram nove africanos clandestinos. Comandante mandou que os 
jogassem no mar, e então jogaram. Os africanos nadaram e foram de encontro a um 
barco pesqueiro que os resgatou e acionou a polícia, e então o comandante e os 
tripulantes foram presos por nove tentativas de homicídio. Então, crime ocorrido no 
Brasil. 
 Conclusão: As consideraremos território nacional 
ao ingressarem no nosso país. 
 
 d.4) Embarcações e Aeronaves de natureza pública e bandeira estrangeira – 
elas nunca serão consideradas Brasil 
 
7.3.1) Competência para julgar crimes ocorridos em Embarcações e Aeronaves 
*Se a embarcação ou aeronave são militares, quem vai julgar o delito é a justiça 
militar, mas se não for será a justiça federal. 
 OBS 1: De acordo com o Art. 109, IX, CF a competência é da 
Justiça Federal, ressalvada a competência da Justiça Militar. 
 
 
Direito Penal I 2017.2 – Nestor Távora 
Lila Lucas 
 
 Advertência: A Justiça Federal aprecia as infrações 
ocorridas em navios, caracterizados como 
embarcações de grande porte com aptidão a 
efetivar viagem internacional. 
*A justiça federal vai julgar crime ocorrido em aeronave independentemente da 
envergadura (Boeing, bimotor, etc) dessa aeronave. 
*Já nas embarcações é diferente, elas precisam ser adjetivadas de navio 
(embarcações de grande porte e aptidão a fazer viagem internacional) para ser 
julgado na justiça federal. Então, os ferry boats são julgados pela justiça estadual. 
EX: VIAGENS NACIONAIS 
Avião da TAM sai de Salvador em direção a BH,quando o avião estava sobrevoando 
Vitória do Espírito Santo, uma passageira com 6 meses de gravidez foi até o banheiro 
do avião, expeliu a criança e enterrou a criança recém-nascida pelo vaso sanitário 
com o sistema de sucção, então a criança foi pressionada e foi sugada. Ela em estado 
puerperal (período que vai do desprendimento da placenta até a involução total do 
organismo materno às suas condições anteriores ao processo de gestação), isso 
caracteriza um crime de infanticídio (infanticídio acontece quando a própria mãe 
mata o filho nascente). 
 Para o Direito Penal, o crime ocorreu no Brasil (bandeira privada e 
sobrevoando território nacional). Então aplica-se o Código Penal brasileiro. 
Nesse caso, o crime será competência de BH, pois foi o local após o crime em 
que o avião pousou. 
 
 REGRA UNIFORME: nesses casos de vôo e navegações, os crimes serão 
julgados de acordo com o primeiro lugar que o avião pousar ou o navio 
atracar, pela Justiça Federal. 
 
 
EX: VIAGENS INTERNACIONAIS 
1 - Avião da TAM saindo do Brasil em direção a Itália, sobrevoando o Oceano 
Atlântico o marido bate na mulher, isso caracteriza um crime de lesão corporal. 
 Crime ocorreu no Brasil, pois é um avião de bandeira privada brasileira 
sobrevoando o alto-mar, então aplica-se o Código Penal brasileiro e será 
julgado pela Justiça Federal. 
 
 REGRA UNIFORME: se o navio ou avião estão saindo em direção ao 
estrangeiro, então a competência territorial será definida pelo local de 
saída. Ou seja, se saiu de qualquer lugar do território brasileiro, a 
competência será da justiça federal brasileira. 
2 – Avião sai do Brasil em direção a Roma pela Etiópia Airlines. Sobrevoando o 
Oceano Atlântico o marido bate na mulher. O crime aconteceu na Etiópia no aspecto 
territorial. 
 OBS 2: COMPETÊNCIA TERRITORIAL 
1) Viagens Nacionais: a competência territorial é fixada pelo 
primeiro lugar que o avião pousar ou navio atracar após a 
infração. 
 
Direito Penal I 2017.2 – Nestor Távora 
Lila Lucas 
 
2) Viagens Internacionais: a competência territorial brasileira 
é fixada pelo local de saída, quando o navio ou avião estão 
se distanciando do Brasil. Em outro giro, quando estiverem 
se aproximando, a competência é definida pelo local de 
chegada. 
 
 Advertência: Tais regras só são aplicáveis 
quando o navio ou a aeronave estiverem 
no conceito de território brasileiro. 
 
8 – Extraterritorialidade da Lei Penal (Art. 7°, CP) 
 
8.1) Conceito: é a possibilidade de aplicarmos a Lei Penal pátria a um crime 
ocorrido no estrangeiro. 
 
8.2) Princípios: 
I – Princípio da Nacionalidade Ativa: aplica-se a Lei Nacional do autor do 
crime, independente do local da infração. 
 
II – Princípio da Nacionalidade Passiva: aplica-se a Lei Nacional do autor do 
crime quando o delito for praticado contra Bem Jurídico do seu próprio 
Estado ou contra a pessoa de mesma nacionalidade. 
 
*III – Princípio da Defesa Real ou Princípio da Proteção: prevalece a Lei 
referente à nacionalidade do Bem Jurídico violado independente do local do 
delito ou da nacionalidade do criminoso. 
 
IV – Princípio da Justiça Universal: o Estado tem direito de punir qualquer 
crime, independente da nacionalidade do sujeito ativo ou passivo, assim 
como do local da infração. Para tanto, é necessário que o infrator ingresse no 
seu território. Ex: crimes de mercenários. 
 
V – Princípio da Representação: a Lei Nacional é aplicada aos crimes 
cometidos no estrangeiro em navios e aeronaves privadas, desde que não 
julgados no próprio local do crime. 
*Quando um avião da TAM ingressa no espaço aéreo dos EUA, ele é 
considerado território norte-americano, mas o avião estava taxiando. Então o 
crime é julgado no Brasil, pois o EUA mandou o criminoso “de volta”. 
 
8.3) Extraterritorialidade Incondicionada 
a) Conceito: Aplicaremos a Lei brasileira independente de qualquer 
condição.*pode-se ser julgado duas vezes pelo mesmo motivo apenas em 
extraterritorialidade condicionada*. 
 Advertência: Aplica-se a Lei brasileira 
mesmo quando o agente foi condenado 
ou absolvido no estrangeiro (Art. 7°, § 
1°, CP). 
 
Direito Penal I 2017.2 – Nestor Távora 
Lila Lucas 
 
b) Hipóteses (Art. 7°, I, CP) 
b.1) Crime contra a vida ou a liberdade do Presidente da República – princípio 
da defesa real. 
b.2) Crimes contra o patrimônio ou a fé pública da Administração brasileira– 
princípio da defesa real. 
b.3) Crimes contra a Administração Pública, praticados por quem esteja em 
seu serviço – princípio da defesa real. 
b.4) Genocídio, quando o agente é brasileiro ou domiciliado no Brasil – 
princípio da justiça universal. 
 
 
8.4) Extraterritorialidade Condicionada 
a) Conceito: aplicaremos a Lei Penal brasileira ao crime consumado no 
estrangeiro, pressupondo o atendimento a algumas condições fixadas pelo próprio 
código. 
b) Hipóteses: 
b.1) Crimes que por Tratado ou Convenção Internacional o Brasil está 
obrigado a reprimir – princípio da justiça universal. 
b.2) Crimes praticados pelo brasileiro – princípio da personalidade ativa ou 
nacionalidade ativa. 
b.3) Crimes praticados em embarcações ou aeronaves brasileiras, mercantes 
ou privadas, quando em território estrangeiro e ali não julgados – princípio da 
representação. 
 
c ) Condições (CUMULATIVAS) – Art. 7°, § 2°, CP 
 
c.1) Entrada do infrator no território brasileiro. 
*Quando um brasileiro sofre algum deito no estrangeiro, o delinquente só 
poderia ser julgado em território brasileiro se ele pisasse em solo brasileiro. 
 
c.2) Ser o fato punível no país em que foi praticado. 
*Ana que é brasileiro foi para Zurique e ejetou heroína na veia e postou nas 
redes sociais. Quando ela voltar pro Brasil ela não poderá ser apenada, pois o 
fato não ocorreu em solo brasileiro. 
 
c.3) O crime deve admitir extradição. 
c.4) É necessário que o infrator não tenha cumprido pena ou não tenha sido 
absolvido no estrangeiro. 
c.5) é necessário que a punibilidade do fato não esteja extinta de acordo com 
a Lei mais Benéfica. 
 
 8.5) Extraterritorialidade Hipercondicionada ou Supercondicionada 
a) Conceito: Ela ocorre nos crimes praticados por estrangeiros contra 
brasileiros fora do Brasil (Art. 7°, § 3°, CP). 
*A ideia do “super”, é pelo fato de ter que apresentar mais condições. 
b) Condições: Além das condições fixadas no parágrafo 2° do Art. 7°, 
exigiremos o seguinte: 
 
Direito Penal I 2017.2 – Nestor Távora 
Lila Lucas 
 
 a) Requisição do Ministro da Justiça. 
 § 2°, Art. 7 °, CP + 
 b) É necessário que não tenha ocorrido 
 pedido de extradição ou que o pedido 
 formulado tenha sido negado. 
 
 
9 – Pena Cumprida no Estrangeiro 
 
 Idênticas – só abatem-se os anos 
 Diversas 
*Exemplo se as penas forem idênticas: um juiz no Brasil fixou para Aline 20 anos de 
privação da liberdade, um juiz no estrangeiro fixou 18 anos de privação da liberdade 
para a mesma. Ela cumpriu 18 no estrangeiro, entrando no Brasil ela irá cumprir 2 
anos. 
*Exemplo se as penas forem diversas: a pena que foi cumprida no estrangeiro por 
Fernanda servirá para mitigar a fixada no Brasil, e quem irá definir isso será o juiz da 
execução da pena, ele também define o quanto de abatimento e mitigação ele está 
disposto a implementar. 
 De acordo com o Art. 8° do CP, a pena cumprida no estrangeiro será abatida 
daquela fixada no Brasil pelo MESMO CRIME, quando idênticas. 
 Advertência: Se as penas forem de 
natureza diversa, ela servirá para 
atenuar a sanção imposta no nosso país. 
 
 
10 – Homologação da Sentença Estrangeira no Brasil 
 
*Pode- se homologar uma sentença estrangeira no Brasil, porém não as que 
são para cumprir pena privativa de liberdade, nem restritiva de direitos e nem 
especificamente multas. 
*A competênciadessa homologação do STJ, mas a finalidade da homologação 
é limitada. Pode-se homologar uma sentença estrangeira no Brasil para 
medida de segurança (pessoa inimputável, pois ela é absolvida, mas é 
sancionada) em tratamento ambulatorial no CAPES ou internação no HCT 
(Hospital de Custódia e Tratamento), desde que a medida seja satisfatória 
para “curá-la” ou acompanhá-la diante do distúrbio psiquiátrico ou o que for. 
 
 
a) Conceito: A sentença estrangeira pode ser homologada no Brasil, quando 
a Lei brasileira produza as mesmas consequências para a hipótese. 
 Advertência: A competência para a 
homologação é conferida ao STJ (Art. 105, “i”, 
CF). 
 
 
 
 
Direito Penal I 2017.2 – Nestor Távora 
Lila Lucas 
 
b) Hipóteses (Art. 9°, CP): 
b.1) Pode-se homologar para viabilizar a reparação do dano, restituições e 
demais efeitos civis – indenização. 
*Todo ilícito penal é ilícito civil, ou seja, se é ilícito civil tem-se o direito de 
ser indenizado. 
 
b.2) Pode-se homologar para viabilizar a imposição de medida de segurança. 
c) Requisitos para que a homologação aconteça: 
c.1) Requerimento do interessado, nas hipóteses vinculadas ao efeito civil. 
c.2) Requisição do Ministro da Justiça – em relação à medida de segurança. 
 
11 – Prazo Penal 
a) Prazo Penal: De acordo com o Art. 10, CP, o 1° dia é incluído na 
contagem, ao passo que o último dia deve ser descartado. 
 
*1° dia é considerado e o último é descontado 
*Sempre dias corridos, pois trata-se de liberdade. 
*Não precisa de ordem judicial para libertar o preso, pois a prisão se 
encerra com o esgotamento do prazo. 
*Se o cidadão for preso às 23h: 59min, o seu primeiro dia será 
computado. 
Ex: 24 de Agosto , 5 dias depois 29 de Agosto. 
Procede assim: 24/08 – inclui 
 25/08 – cumprindo pena 
 26/08 – cumprindo pena 
 27/08 – cumprindo pena 
 28/08 – cumprindo pena até 23h: 59min 
 29/09 – dia descontado 
 Conclusão: Logo, o prazo termina no dia 28/08 
antes da meia noite. 
 
b) Prazo Processual: De acordo com o Art. 798, CPP, o 1° dia é descartado da 
contagem e o último será computado. 
 
*Se acabar a prazo em dia não-útil, feriado, ou coisa do tipo, prorroga-se 
para o próximo dia últil. 
*Tem que começar e acabar em dia útil, mas durante o prazo conta-se os 
dias que não forem úteis. 
*1° dia descontado e o último é considerado 
 Ex: 24/08 + 5 dias depois = 29/08 
 Procede assim: 24/08 – dia descontado 
 25/08 – cumprindo 
 26/08 – cumprindo 
 27/08 – cumprindo 
 28/08 – cumprindo 
 29/08 – inclui 
 
 
Direito Penal I 2017.2 – Nestor Távora 
Lila Lucas 
 
 Advertência: Se o prazo processual acabar em dia 
não útil, ele será prorrogado ao 1° dia útil 
subsequente, o que não acontece com o Prazo 
Penal. 
 
12 – Frações não Computáveis da Pena 
 Privação de Liberdade 
 Pena de Multa 
*Perante o Código Penal, o juiz não conta as frações de dia em privação da liberdade 
e de pena de multa. Ex: 11 anos, 10 meses, e 18,8 dias fica: 11 anos, 10 meses e 
18 dias. 
*Nunca aproxima, sempre desconsidera a fração e mantém o dia inteiro. 
*Na pena de multa a fração de centavos não são computadas. 
 De acordo com o Art. 11, CP, as frações de dia não serão computadas na pena 
privativa de liberdade. Em acréscimo, as frações de real (centavos), não serão 
computadas na pena de multa. 
 
13 – Legislação Penal Especial 
 De acordo com o Art. 12. CP, a parte geral do Código vai orientar toda a 
Legislação Especial, desde que inexista disposição em sentido contrário. 
 
 
 
Conceito de Crime 
1- Conceito Formal do Crime: É toda conduta humana descrita na Lei como 
tal. 
2- Conceito Material ou Substancial do Crime: É toda conduta humana que 
ofende ou expõe a perigo Bem Jurídico relevante. 
*Bem jurídico relevante: são os entes corpóreos ou incorpóreos essenciais 
para a nossa convivência e desenvolvimento em sociedade, segundo Rogério 
Greco. 
*Os nossos valores essenciais para a nossa convivência em sociedade são 
rotulados como Bens Jurídicos e quando se trabalha com o crime, se trabalha 
com a ofensa a esse Bem Jurídico, e por isso recomendou o Direito Penal para 
a sua proteção. 
*A ideia do conceito material vai dar um recado contundente ao legislador: 
não use o Direito Penal para tutelar Bens que não são essenciais na nossa 
convivência em sociedade. Não banalize o Direito Penal. 
 
3- Conceito Analítico do Crime: Ele almeja evidenciar os elementos que 
compõe o crime. 
*Elementos que juntos concluem que de fato houve um crime. 
 
 
 
Direito Penal I 2017.2 – Nestor Távora 
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3.1- 1ª posição: crime é um fato típico e antijurídico 
 Fato típico + Antijurídico (Corrente Bipartida) 
*Corrente capitaneada no Brasil por Mirabete, Damásio, Fernando Capez. 
*É uma corrente tipicamente brasileira e que acaba não tendo ressonância na 
corrente mais moderna e no Direito comparado, porque atualmente vem 
prevalecendo a 2ª posição (corrente tripartida). 
 3.2- 2ª posição: Fato típico + Antijurídico + Culpável (Corrente Tripartida). 
 OBS: ENQUADRAMENTO da 2ª posição 
 
Fato Típico Antijurídico ou Ilícito 
- Conduta: culposa/dolosa - Legítima Defesa 
comissiva/omissiva - Estado de Necessidade 
- Resultado - Exercício Regular do Direito 
- Nexo Causal - Estrito Cumprimento do 
- Tipicidade Dever Legal 
 
 
 Culpabilidade 
 - Imputabilidade PRESSUPOSTO PRA PUNIR 
- Potencial consciência de ilicitude 
- Exigibilidade de conduta diversa 
 
 
 
*PUNÍVEL - 4° ASPECTO – Luiz Flávio Gomes (conceito quadripartido) 
*Se crime é fato típico, o primeiro item que integra o fato típico é a conduta, seja 
dolosa ou culposa, comissiva ou omissiva. 
*A conduta provoca ou não um resultado. 
*Culpabilidade seria apenas um pressuposto pra punir, pois já crimes apenas com o 
fato típico + antijurídico ou ilícito. 
 
 
4- Conceito Legal (Legislação) do Crime – Art. 1°, Lei de Introdução ao 
Código Penal 
 
Gênero diante da tipificação de condutas: INFRAÇÃO PENAL – Crime e 
Contravenção: 
A) Crime/Delito: é a infração punida com pena privativa de liberdade (Reclusão 
ou Detenção), assumindo as seguintes variáveis: 
A.1) Privação da Liberdade e Multa 
A.2) Privação da Liberdade ou multa (juiz aplica uma ou outra) 
A.3) Só Privação da Liberdade 
*Todas as punições tem que haver privação da liberdade. 
*Reclusão e detenção, a diferença é a forma de cumprir a pena, a forma de 
tratamento da pessoa que está aprisionada. 
*Reclusão: admite regime inicial fechado. 
JÁ É CRIME COM 
FATO + 
ANTIJURÍDICO 
 
Direito Penal I 2017.2 – Nestor Távora 
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*Detenção: não admite o regime inicial fechado. 
*Prestar trabalho social é uma privação da liberdade (porém não abordam no 
conceito de crime). 
 
B) Contravenção Penal: é a infração penal sancionada com as seguintes 
variáveis: 
B.1) Só prisão simples 
B.2) Só multa 
B.3) Prisão simples e Multa 
B.4) Prisão simples ou Multa 
 
*Prisão simples: não admite o regime fechado em hipótese alguma, porém essa 
realidade é bem diferente no Brasil – é normativo, porém inefetivo. 
*Trabalhar com a contravenção penal é distingui-la do crime na forma de punir. 
 
 
 
Princípios Inerentes ao Direito Penal 
1 – Princípios Inerentes ao Autor do Fato 
1.1 – Princípio da Responsabilidade Pessoal 
A) Conceito: proíbe-se o castigo penal pra um fato praticado pra outra pessoa.*Não se pode apenar pessoas que não contribuíram direta ou indiretamente 
pra infração penal. Só responderá penalmente, só será sancionado quem 
realmente foi autor, co-autor, ou participou. 
 
 OBS: Processo Penal – No Direito Processual Penal segue-se o 
princípio da intranscendência ou da pessoalidade, já que a ação 
penal não pode poderá ultrapassar a figura do réu. 
 
B) Desdobramentos da Responsabilidade Penal 
 
B.1) Obrigatoriedade da individualização da acusação: É proibida a 
denúncia genérica (vaga/evasiva) devendo o acusador descrever a cota de 
participação do indivíduo no fato criminoso. 
 
Exemplo: Nestor aplica a prova e a maior nota de toda a turma foi 1,5. Então, 
alguns alunos resolvem em um ato devidamente arquitetado internamente 
pegar ele no início da aula. Alguém então apaga a luz e o resto da uma surra 
nele. Socorrem ele, lesão corporal grave, dolosa. Averiguações do crime 
então observam que cinco pessoas estavam envolvidas no crime. (O 
Ministério Público pode oferecer denúncia contra os cinco sem individualizar 
o que cada um fez? NÃO). Portanto, a pessoa que apagou a luz e a pessoa 
que bateu não podem ser punidas pela mesma responsabilidade. 
 
 
Direito Penal I 2017.2 – Nestor Távora 
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*Exemplo do argentino que deu um soco frontal e a vítima foi a óbito, ou 
seja, ele responderá por homicídio, diferentemente das pessoas que 
bateram antes. 
 
 OBS 1: A petição inicial é chamada de denúncia ou 
queixa-crime ( Art. 41, CPP). 
*Não se presta queixa na delegacia e sim notícia-crime. 
*Queixa é: petição inicial pra deflagrar processo. 
 
 OBS 2: Quando a petição inicial é genérica, ela será 
considerada inepta, devendo ser rejeitada pelo juiz (Art. 
395, I, CPP). 
 
B.2) Obrigatoriedade da individualização da pena 
 Conclusão: Deve o juiz levar em conta a gravidade do 
fato e as condições do seu autor. 
*Observa-se a existência ou não de antecedentes criminais e o meio em que o autor 
do crime está inserido socialmente. 
 
1.2 - Princípio da Responsabilidade Subjetiva (Dolo e Culpa) 
A) Conceito: A responsabilidade penal está condicionada a existência de 
voluntariedade, ou seja, dolo ou culpa. 
*Se o Direito Penal, é o Direito da intenção, só se pode ser responsabilizado por atos 
praticados voluntariamente. Sem voluntariedade não há conduta, logo não há fato 
típico, e sem fato típico não há crime. 
*Dolo: intenção de praticar conduta. 
*Culpa: é a prática de um resultado que não se desejava, pelo fato de ter sido 
imprudente. 
*Sem dolo e sem culpa não há conduta criminoso, sem conduta criminosa não há 
fato típico, sem fato típico não há responsabilidade penal. 
 
 
 
1.3 – Princípio da Culpabilidade 
A) Conceito: Só podemos impor sanção penal ao agente imputável, com 
potencial convivência ou ilicitude e quando era exigível uma conduta 
diversa. (tabela) 
 
1.4 – Princípio da Isonomia/Igualdade 
A) Conceito: Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza 
(Art. 5°, caput, CF) 
 
 Conclusão 1: Almejamos a igualdade material para 
tratar os desiguais na medida das suas desigualdades. 
 Conclusão 2: Temos diplomas normativos para proteger 
personagens desamparados pelo Estado, como a Lei 
 
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Maria da Penha (Lei 11.340/2006) e o Estatuto da 
Igualdade Racial (Lei 12.288/2010). 
 
 
1.5 – Princípio da Presunção de Inocência/ Princípio da Presunção de Não 
Culpabilidade 
 
*Visão do professor: Presunção de inocência parece uma regra de tratamento. 
Eu quero ser tratado como inocente enquanto a minha sentença não transitar 
em julgado. 
*A CF não fala em Presunção de Inocência, CF fala em Presunção de Não 
Culpabilidade. A Presunção de Inocência quem aponta é o Pacto de São José da 
Costa Rica, também chamado de Convenção Americana de Direito Humanos e 
que já é assimilado pelo Ordenamento brasileiro. 
*Preocupação: As Presunções são sinônimas? Ou são dissociáveis? 
 
Ex: Professor foi aplicar uma prova em outro Estado na disciplina em que ele 
ensinava. Então, ele percebeu que as notas foram quase todas muito próximas, 
portando o mesmo na Presunção de Inocência de que houve fraude no decorrer 
do Exame invalidou a prova. Porém, o comportamento do professor teria 
violado a Presunção de Inocência, pois ele não tinha como provar que houve 
fraude. Ele previa presumia que houve fraude por conta de padronização de 
nota. 
 
*Todo indivíduo será presumivelmente inocente até o momento em que o 
indivíduo participar de um inquérito policial (IP), enfrentar um processo criminal, 
então ele não será mais considerado presumivelmente inocente e sim 
presumivelmente não culpável. O Estado está lhe “mandando um recado”: não 
posso afirmar que você é culpado AINDA, porque não tem sentença transitada 
em julgado contra você. Todavia, eu posso adotar contra a sua pessoa medidas 
cautelares que podem atingir a sua liberdade e seu patrimônio. 
*Não há congruência quando se trata assim: um promotor conversando com o 
indivíduo (suposto autor do crime) em um gabinete e o promotor afirma: você é 
presumivelmente inocente, mas amanhã eu vou pedir a sua prisão preventiva. -> 
então, não há sentido, pois o fato de ele está em inquérito policial não quer 
dizer que ele JÁ é culpado 
*Então por sentido terminológico, se diz normalmente: o indivíduo é não 
culpável (AINDA), depende do contexto. 
 
A) Conceito: Segundo Rogério Sanchez, devemos promover a seguinte 
distinção: 
 
A.1) Presunção de Inocência: é aplicada aos que não são sujeitos de 
persecução penal. 
A.2) Presunção de não culpabilidade: os presumivelmente não culpáveis são 
sujeitos da persecução penal (Inquérito ou Processo Criminal), podendo se 
 
Direito Penal I 2017.2 – Nestor Távora 
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submeter à medidas cautelares de natureza pessoal ou patrimonial. Ex: 
prisão preventiva. 
 
 Advertência: No Brasil prepondera o entendimento de que as 
expressões são sinônimas. 
 
B) Enquadramento Normativo: 
 
B.1) O Art. 5°, LVII, CF fala em presunção de não culpabilidade. 
B.2) O Art. 8°, Item 2, CADH (Pacto de São José da Costa Rica), teremos a 
correspondente presunção de inocência. 
 
 Advertência: Para o STF o CADH tem status de norma Supralegal, ou 
seja, é hierarquicamente superior a Lei Ordinária (Código Penal), mas 
inferior a CF. 
 
C) Instituto da Execução Provisória 
O STF em 2016 apreciou o HC (Habeas Corpus) 126.292 e ADC’s (Ações 
Diretas de Constitucionalidade) 43 e 44 instituindo a execução provisória da 
pena. 
 
*A presunção de inocência acaba quando se é condenado ou quando 
transitada em julgado. 
 
 Conclusão 1: Segundo o STF, quando a condenação é confirmada por 
um Tribunal, admitimos o imediato cumprimento da pena, mesmo 
que a decisão ainda comporte recurso. 
 Conclusão 2: Para o STF a presunção de inocência não é absoluta. 
 
 OBS 1: No Tribunal do júri o entendimento do Ministro 
Barroso é que a sentença condenatória já poderá ser 
provisoriamente executada. 
 
 Conclusão da OBS: o fundamento é de que o Tribunal de Justiça (TJ) 
não pode absolver aquele que foi condenado pelo júri, em razão da 
soberania dos veredictos (Art. 5°, XXXVIII, CF). 
 
 OBS 2: Execução Provisória de Benefícios – Segundo o 
STF nas súmulas 716 e 717, o preso cautelar pode 
usufruir dos benefícios instituídos pela Lei de Execução 
Penal (Lei 7.210/1984). 
*O STF editou duas súmulas e disse: a pessoa que está presa antes do trânsito em 
julgado da sentença, ela já pode usufruir dos instituídos benéficos. 
 
 
 
 
 
Direito Penal I 2017.2 – Nestor Távora 
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2 – Princípios Relacionados com a Missão Fundamental do Direito Penal 
 
2.1 – Princípio da Exclusiva Proteção de Bens Jurídicos 
A) Conceito: O Direito Penal é acionado pra proteção deentes materiais ou 
imateriais essenciais pra a convivência e o desenvolvimento do homem em 
sociedade. 
*O Direito Penal é reservado para a tutela dos valores essenciais para a nossa 
convivência em sociedade, os demais valores sejam materiais e imateriais serão 
preservados por outros ramos do Direito. 
*O Direito Penal tutela os essenciais, pelo fato da sua agressividade- (última ratio). 
 Advertência: O Direito Penal serve não como mera ferramenta de 
obediência, divorciada da proteção de Bens Essenciais. 
 
2.2 – Princípio da Intervenção Mínima 
A) Conceito: O Direito Penal só deve ser aplicado quando estritamente 
necessário. 
 
 Conclusão 1*: Percebe-se que aplicaremos o Direito Penal diante do 
fracasso das outras esferas de controle (Caráter Subsidiário do Direito 
Penal). 
 Conclusão 2*: O Direito Penal só vai intervir em casos de lesão ou 
perigo de lesão ao Bem Jurídico Relevante (Caráter Fragmentário do 
Direito Penal). 
 
B) Recado ao Legislador: 
Exigimos um filtro na edição das leis, evitando a criminalização de condutas. 
 
 
C) Princípio da Insignificância/Bagatela 
C.1) Conceito: É necessário que a conduta represente RELEVANTE lesão ou 
perigo de lesão ao Bem Jurídico (tipicidade material). 
*O juiz, promotor, interpretadores do Direito que irão analisar a relevância no 
inquérito. 
 Conclusão: A insignificância representa um critério hermenêutico pra 
filtrar as condutas que podem ser praticadas contras o Bem Jurídico. 
 
 
C.2) Classificação*: 
I – Princípio da Bagatela própria: O Direito Penal não será aplicado em razão 
da insignificância da lesão ou do perigo de lesão ao Bem Jurídico. 
II – Princípio da Bagatela imprópria: Nele existe o desvalor da conduta e do 
resultado, mas a pena é desnecessária, notadamente pelo histórico do autor 
do crime. 
*Nesse caso não há processo. 
Ex: pessoa sem antecedentes que furta e devolve o objeto. 
*Exemplo do delegado do Espírito Santo. 
 
Direito Penal I 2017.2 – Nestor Távora 
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*O entendimento doutrinário, majoritário hoje é de que o delegado não 
pode aferir o Princípio da Insignificância pra deixar de investigar. O delegado 
deveria investigar condutas insignificantes, concluir a investigação, mandar 
pro MP, porque o MP no Brasil que é o titular da ação, detentor do que nós 
chamamos de opinião delitiva, senso crítico, análise intelectual -> 
entendimento de diminuir o trato intelectual dos delegados (guerra do 
poder) 
*Visão de Nestor: os delegados podem sim aplicar insignificância de conduta 
e não instaurar inquérito policial. 
 
 
3 – Princípios Relacionados com o Fato Praticado pelo Agente (indivíduo) 
 
3.1)Princípio da Exteriorização ou Materialização do Fato 
 A) Conceito: O Estado só pode incriminar condutas humanas voluntárias. 
 
*Não se pode ser responsabilizado penalmente por aquilo que se pensa ou 
realiza, não existe responsabilidade penal por pensamento ou ideologia. *Quando 
se fala em responsabilidade penal, o fato tem que ser exteriorizado, 
materializado. Responsável criminalmente pelo que faz ou exerce e não pelo que 
se pensa. 
*O Brasil se adota Direito Penal do FATO, e não do Autor (voltado à 
criminalização daquilo que sou ou represento), e isso é intolerável e 
inconstitucional. 
 
 Conclusão 1: Só responde criminalmente quem atuou com dolo ou 
culpa. 
 Conclusão 2: Consagramos o Direito Penal do FATO, vendando-se o 
Direito Penal do AUTOR caracterizado pela punição de desejos, 
pensamentos ou estilo de vida. 
 
 3.2) Princípio da Legalidade 
 A) Conceito: De acordo com o inciso II do Art 5°, CF, “ninguém será obrigado a 
fazer ou deixar de fazer alguma coisa se não em virtude de lei”. 
 Em acréscimo o Art. 5° XXXIX, CF e Art. 1° do CP que possui idêntica redação, 
apontam: “não há crime sem lei anterior que o defina ou pena sem prévia cominação 
legal”. 
 
 OBS: ENQUADRAMENTO TERMINOLÓGICO: Onde há 
crime devemos ler infração penal, para incluir a 
contravenção penal. Onde há pena, devemos ler sanção 
penal, para incluir as medidas de segurança. 
B) Fundamentos: 
B.1) Político: vinculação do poder Executivo e do Judiciário a leis formuladas 
de forma abstrata. 
B.2) Democrático: respeito ao princípio da separação de poderes, conferindo 
aos representantes do povo (congressistas) a elaboração das leis. 
 
Direito Penal I 2017.2 – Nestor Távora 
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B.3) Jurídico: A lei prévia e clara produz um importante efeito intimidativo. 
 
C) Desdobramento do Princípio da Legalidade: 
C.1) Não há crime ou pena sem lei 
 
*Esse desdobramento vai caracterizar a própria ideia de Reserva Legal, eu 
preciso que o Congresso discipline a matéria para que exista 
responsabilidade penal e para que exista imposição de sanção, é o que nos 
traz segurança jurídica. 
*A convivência em democracia pressupõe Reserva Legal que é sem dúvida 
uma garantia do cidadão contra os arbítrios do Estado. 
 
 Conclusão: É a evidência do Princípio da Reserva 
Legal, exigindo-se Lei Complementar ou Lei 
Ordinária para criminalizar condutas de acordo 
com o correspondente processo legislativo. 
 
*Eu vou legitimar a Legalidade quando a Lei seja ela Complementar ou Ordinária 
atender ao processo legislativo. 
 
 
 C.2) Não há crime ou pena sem Lei Anterior 
 
*A ideia é: uma nova Lei Penal que criminaliza condutas, ela será aplicada aos fatos 
ocorridos após a sua entrada em vigor, ela jamais poderá retroagir. 
*Uma Lei Penal só retroage para beneficiar o réu, jamais para prejudicá-lo. 
 
 Conclusão 1: Estamos evidenciando o Princípio da 
Anterioridade, já que uma nova Lei Incriminadora 
vai regulamentar os fatos futuros. 
 Conclusão 2: Proibimos a retroatividade maléfica. 
 
 C.3) Não há crime ou pena sem Lei Escrita 
 
*O aspecto consuetudinário é muito arraigado em determinados setores da 
sociedade, mas os costumes não poderão jamais servir para criminalização de 
condutas. 
*Nós tínhamos no Código Penal crimes contra os costumes e isso caracterizava uma 
visão patriarcal extrema. Falar de adultério e de bigamia como infração penal chega a 
ser uma piada, porém a bigamia continua sendo criminalizada, que é um problema de 
Direito Civil e não de Direito Penal. 
*Esse aspecto era pra punir a mulher, não era pra punir o homem. Visão patriarcal: O 
homem adúltero é sinônimo de virilidade, a mulher adúltera é sinal de 
vagabundagem. 
 Conclusão: Os costumes não podem criminalizar 
condutas. 
 
 
Direito Penal I 2017.2 – Nestor Távora 
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 C.4) Não há crime ou pena sem Lei Estrita 
 
*Analogia não pode ser empregada para criminalizar condutas. Se eu tenho uma 
lacuna legal, essa lacuna do Direito Penal tem que ser respeitada. Não se pode 
integrar o sistema criminalizando uma conduta por analogia. 
*Analogia é uma forma de integrar o sistema suprindo lacunas do Direito, porém as 
lacunas do Direito Penal não são supridas por analogia se o que se pretende é 
criminalizar uma conduta. 
*Se eu quero criminalizar que pressione o Congresso Nacional para que aprove a 
correspondente lei, ou pra que incremente a lei que já existe. 
 
 Conclusão: A analogia não pode ser utilizada 
para criminalizar condutas ou para prejudicar a 
Lei. 
 
 C.5) Não há crime ou pena sem Lei Certa 
*A concepção de certeza está intimamente ligada a ideia de precisão. Não podemos 
admitir que a lei penal seja imprecisa. 
 
 Conclusão: É a caracterização do Princípio da 
Taxatividade ou da Determinação dirigido ao 
legislador, exigindo tipos penais claros. Ex: 
imprecisão – “seduzir mulher honesta” (o que é 
mulher honesta?). 
 
 C.6) Não há crime ou pena sem Lei Necessária 
 
*Esse desdobramento está intimamente ligado ao Princípio da Intervenção Mínima. 
O Direito Penal só poderá intervir para criminalizar condutas que sejam essenciais 
para proteção de Bens Jurídicospara a nossa convivência em sociedade. 
*Não se pode banalizar o Direito Penal e tipificar condutas que são desnecessárias, 
exatamente em virtude de que o Direito Penal é a última ratio. 
*Os demais Bens Jurídicos são protegidos pelos outros ramos do Direito. 
*A ideia de Lei Necessária: BEM JURÍDICO RELEVANTE. 
 
 Conclusão: É um desdobramento do Princípio 
da Intervenção Mínima, não se admitindo a 
criação de infração penal quando a tutela ao 
Bem Jurídico pode ser acomodada pelos demais 
ramos do Direito. 
 
 
 
 
 
 
 
 
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D) Aspectos do Princípio da Legalidade: 
 
 
 ASPECTO 
LEGALIDADE 
FORMAL 
LEGALIDADE 
MATERIAL 
 
Exigência 
Obediência ao 
devido processo 
legislativo 
O conteúdo do tipo 
deve respeitar direitos 
e garantias do cidadão 
 
Resultado 
 
LEI VIGENTE 
 
 
LEI VÁLIDA 
 
*Conteúdo: conteúdo da norma 
 
 
E) Tipo Aberto e com a Norma Penal em branco 
*Nós exigimos que a Lei Penal seja certa, clara e precisa, mas nem sempre consegue-
se esse tipo de perfeição. 
*Convivemos com tipos penais abertos e normais penais em branco 
 
E.1) Conceito: O Princípio da Legalidade exige que a norma seja certa, 
precisa, determinada. Entretanto, convivemos com algumas situações 
jurídicas que podem aparentemente mitigar tais exigências. 
 
E.2) Classificação da Lei quanto ao Conteúdo: 
1 – Lei Completa: é aquela que dispensa complemento valorativo (dado pelo 
juiz), ou normativo (apresentado por outro diploma normativo). 
 
*Dispensa qualquer complemento valorativo do juiz, ou complemento 
normativo estabelecido pelo Congresso Nacional. 
*A Lei que se auto-preenche, ela é bastante em si mesma, ela é 
ensimesmada (que se volta pro interior de si mesmo). 
 
2 – Lei Incompleta: é aquela que depende de complemento valorativo (tipo 
aberto), ou normativo (norma penal em branco). 
 
 
E.3) Espécies de Lei Incompleta: 
I – Tipo Aberto 
*O Tipo Aberto vai exigir que o magistrado imprima um complemento 
valorativo no momento em que ele decide. 
*O nosso Código Penal diz assim: Se o homicídio é culposo quando se viola o 
dever de cuidado e viola-se a vida de alguém. Esse violamento ocorre 
quando se é negligente, imprudente e imperito, porém jamais se podem 
descrever todas as formas de cometer um homicídio. 
 
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*Então, os crimes culposos caracterizam o Tipo Aberto, porque a Lei prevê 
aquele crime como crime culposo, mas a forma que vai caracterizar a culpa 
quem irá valorar será o juiz (magistrado). 
 
a) Conceito: Ele depende de complemento valorativo a ser conferido pelo 
julgador no caso concreto. 
Ex: tipo culposo. 
 
 
 II – Norma Penal em Branco 
 *Ela caracteriza uma Lei Incompleta, mas que vai ser complementada por um 
outro diploma normativo que pode pertencer ou não ao mesmo ramo do Direito. 
a) Conceito: É aquela que depende de complemento normativo, ou seja, a 
complementação é implementada por uma outra norma. 
 
b) Espécies - Classificação: 
 
b.1) Norma Penal em Branco Própria (em sentido Estrito ou 
Heterogênea) 
o Conceito: O seu complemento emana de fonte normativa diversa 
da Lei. 
 
Ex: Tráfico de drogas/ Ex: Lei 11.343/2006 (Lei de Tóxicos) e a 
Portaria 344/2008 do Ministério da Saúde (editada pelo poder 
Executivo) – ANVISA. 
*Pra caracterizar tráfico a Lei está tipificada na 11.343, mas o que 
é substância entorpecente não está dito nessa Lei e sim 
positivada na Portaria da ANVISA. 
 b.2) Norma Penal em Branco Imprópria (em sentido Amplo ou 
Homogênea) 
o Conceito: O seu complemento decorre de uma outra lei. 
 
ii) Modalidades: 
ii.1) Norma Penal em Branco Imprópria Homovitelina: 
O complemento emana da mesma instância legislativa, ou seja, 
do mesmo ramo do Direito. 
 
*No tratamento da Lava Jato, dois crimes se destacam praticados 
como de Administração Pública: Corrupção Passiva e Peculato. 
Porém esses crimes são praticados por funcionários públicos 
contra a Administração Pública, só que o crime de Corrupção 
Passiva e Peculato ao serem praticados por funcionário público 
exigem que a Lei defina quem é funcionário público. 
*Essa definição de funcionário público não está presente no 
Artigo de Lei que trata do Peculato e nem no Artigo de Lei que 
trata da Corrupção Passiva. Essa definição de funcionário público 
está no Código Penal em outro dispositivo legal. 
 
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Ex: Peculato (Art. 312, CP) e conceito de funcionário público 
específico pelo (Art. 327, CP). 
 
 
ii.2) Norma Penal em Branco Heterovitelina Imprópria: 
O complemento pertence ao ramo do Direito distinto. 
 
*O Código Penal traz o crime de induzimento a erro ao 
casamento, porém os fatores que levam ao impedimento 
matrimonial estão no Código Civil. 
 
Ex: Art. 236, CP, trata do induzimento a erro ao casamento, ao 
passo que as hipóteses de impedimento ao casamento estão no 
Código Civil. 
 
 3.3) Princípio da Ofensividade ou Lesividade 
 A) Conceito: O fato praticado deve ocasionar lesão ou risco efetivo de lesão 
ao Bem Jurídico tutelado. 
*O Direito Penal vai ser idealizado para a criminalização de condutas que ofendam 
Bem Jurídicos relevantes, porém a conduta tem que de fato lesionar ou colocar em 
risco esse Bem Jurídico. 
*Para os supremos tribunais, o perigo abstrato é suficiente para apenar a pessoa e 
então o Direito Penal seria acionado. 
 Advertência: Os Tribunais Superiores (STF; STJ) vêm reconhecendo a 
constitucionalidade dos crimes de perigo abstrato. 
 
 4) Princípios Relacionados com a PENA: 
 
 4.1) Princípio da Dignidade da Pessoa Humana 
 A)Conceito: Não podemos impor sanção indigna cruel, desumana ou 
degradante. 
 
*Direito Penal serve pra punir, porém a punição não pode ser indigna. 
*Quanto mais cruel for a pena, maior o preço a ser pago pela sociedade, pois esse 
indivíduo que sai do estabelecimento prisional será inserido novamente no meio 
social. 
 4.2) Princípio da individualização da Pena 
 A) Conceito: A individualização é expressamente prevista no Art. 5°, XLVI, CF, 
sendo observado em três momentos distintos: 
 
 A.1) 1° momento: Na definição pelo legislador do crime e da correspondente 
sanção. 
 A.2) 2° momento: Na imposição da pena pelo juiz ao proferir a sentença 
condenatória. 
 A.3) 3° momento: Durante a execução da pena os presos são classificados em 
razão dos antecedentes e da personalidade (Art. 5°, Lei 7.210/1984 – Execução 
Penal). 
 
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 4.3) Princípio da Proporcionalidade 
 A) Conceito: Devemos evitar os excessos, ajustando a pena à relevância do 
Bem Jurídico tutelado, diante das condições pessoais do agente. 
 
 4.4) Princípio da Pessoalidade 
 A) Conceito: A pena não pode passar da pessoa do imputado (Art. 5°, XVL, CF). 
 
 4.5) Princípio da Vedação do “BIS IN IDEM” 
 A) Conceito: Ninguém pode ser responsabilizado duas vezes pelo mesmo fato 
criminoso. 
 
B) Desdobramentos: 
B.1) Processual: Ninguém será processado duas vezes pelo mesmo crime. 
B.2) Material: Ninguém será condenado duas vezes pelo mesmo crime. 
B.3) Execucional: Ninguém será executado duas vezes por condenações 
relacionadas ao mesmo fato. 
 
 Advertência: Vale lembrar a mitigação existente diante da 
Extraterritorialidade Incondicionada. 
 
 
 
Interpretação da Lei Penal 
1) Conceito: Interpretar significa buscar o exato significado do texto, palavra ou 
expressão, delimitando o alcance da Lei. 
 
2) Formas de Interpretação: 
2.1) Interpretação quanto ao sujeito que interpreta - (ORIGEM da 
interpretação): 
 
A) Interpretação Autêntica ou Legislativa: É aquela fornecida pela própria 
Lei. 
*A Norma Penal em Branco se encaixa nessa interpretação.

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